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História do paisagismo no Brasil

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Conteúdo:
PAISAGISMO
Sabrina Assmann 
Lücke
HISTÓRIA DO 
PAISAGISMO
4
INTRODUÇÃO
Na segunda metade do século XIX, iniciou-se a implantação dos jardins 
residenciais. Nesse momento, a elite urbana passou a apreciar o passeio 
em meio à vegetação. Neste mesmo período, iniciam-se as construções de 
mansões soltas nos lotes rodeadas por grandes jardins.
Como padrão de qualidade do espaço livre, as praças mais importantes e 
mais bem localizadas, agora recebiam os primeiros projetos de paisagismo, 
incluindo vegetação variada e organizada. Este novo espaço de contemplação 
perde as funções originais de lugar de mercado e palco para manifestações, 
sendo seu uso direcionado somente para passeio e contemplação. Foi no início 
do séc XX que surgiu, por exemplo, o Parque Farroupilha, em Porto Alegre; 
Parque do Anhangabaú, em São Paulo; e Parque 13 de maio, no Recife.
Nesta texto, você aprenderá sobre a história do paisagismo e conhecerá a 
obra de Roberto Burle Marx, o mais importante paisagista brasileiro.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
Ao final desta aula unidade, você deverá ser capaz de:
• Explicar a origem do paisagismo brasileiro.
• Reconhecer a evolução dos projetos paisagísticos na história.
• Elencar os principais nomes no paisagismo brasileiro.
OS PRIMEIROS SINAIS DO PAISAGISMO EM TERRITÓRIO 
BRASILEIRO
Os primeiros sinais do paisagismo no Brasil surgiram com a dominação 
holandesa, em que, na primeira metade do século XVII, Maurício de Nassau 
introduziu nas ruas de Pernambuco espécies como laranjeiras, tangerineiras 
e limoeiros, a fim de urbanizar as cidades de Olinda e Recife. 
As embarcações que faziam as rotas da Europa e das Índias para as Américas 
trouxeram outras espécies, como o chapéu-de-sol (Terminalia catappa), coco-
da-bahia (Cocus nuciferae), nogueira-de-iguape (Aleurites moluccana) e a 
5
tiririca (Cyperus communis), cujas sementes eram liberadas quando se trocava 
o madeiramento dos navios.
Nas residências do início de período de colonização, houve o cultivo 
predominante de plantas aromáticas, medicinais ou destinadas à alimentação. 
As edificações ocupavam totalmente os lotes, sem recuo do passeio nem 
divisas laterais, sobrando, raras as vezes, algumas áreas nos fundos, típicas 
dos casarios das cidades históricas.
Nas fazendas, um quintal contornava a casa principal. Na frente, era comum 
estar alocado o terreiro, onde se secava o café e aconteciam as festas 
locais. Nos fundos, localizava-se o pomar, que tinha importância apenas 
para fornecer os alimentos consumidos na propriedade. Cultivavam-se 
principalmente mangueiras, tamarindeiras, abacateiros, jaqueiras.
No período colonial não houve um estilo ou uma tendência paisagística 
dominante. A vegetação, principalmente arbórea, era utilizada para amenizar 
o calor tropical. Podemos encontrar, ainda, algumas evidências de jardins 
ligados à cultura religiosa, como nos mosteiros e conventos, onde se 
cultivavam plantas para ornamentação das igrejas.
O levantamento das espécies vegetais no território nacional foi intensificado 
no século XIX, época em que diversos pesquisadores estrangeiros, sobretudo 
os europeus, realizaram seus estudos e mapeamentos. Um dos primeiros 
levantamentos foi realizado por Georg Marcgraf, entre os anos de 1638 
e 1644, durante o período de dominação holandesa. Diversas espécies 
nacionais foram espalhadas pelo mundo, como as bouganvíleas e gloxínias, 
enquanto outras foram introduzidas e tiveram tão grande adaptação 
que se estenderam por toda a extensão territorial, como as amendoeiras 
(Madagascar), eucaliptos (Austrália) e espatódeas (África).
OS PROJETOS E OS TRAÇOS DE UMA ARQUITETURA 
PAISAGÍSTICA E A INSERÇÃO DE ESPÉCIES
No final do período colonial, surgem os primeiros projetos paisagísticos no 
Brasil, chamados de Passeio Público do Rio de Janeiro (projetado pelo mestre 
Valentim), de Belém, de Olinda, de Ouro Preto e de São Paulo.
6
No século XIX, D. João VI iniciou um processo de mudança nas características 
da colônia, procurando se adequar ao progresso do mundo europeu. Este 
processo foi mais intensificado em consequência da transferência da família 
real para o Brasil. A criação do Jardim Botânico no Rio de Janeiro, em 1807, 
foi uma delas. Era um espaço que constituía um jardim para a aclimatação 
de plantas e onde se cultivavam espécies para chá, produção de carvão e 
matéria-prima para produção de pólvora, cultivo em geral de plantas e ainda 
para a produção de especiarias (cravo, canela) utilizadas pelo reino. 
Pela sua grande adaptação e disseminação na paisagem urbana e rural do 
século XIX, a palmeira podia ser considerada como uma espécie naturalizada. 
Com a transformação do Jardim Botânico em Horto Real, outras vegetações 
foram introduzidas. Alguns exemplos que podemos citar são: a caneleira 
do Ceilão (Cinnamomum ceylanieum) e a canforeira (C. Canphora), utilizadas 
como aroma para chás; a gardênia (Gardenia jasminoides), a magnólia 
amarela (Michelia champaca), o jasmim do imperador (Osmanthus fragans), 
a palmeirinha anã do Panamá (Carludovica palmata) – fornecedora de fibra 
para chapéu Panamá – e a palmeira trepadeira Rotang (Calamus rotang) – 
fornecedora de palha para assentos em cadeiras. 
A inserção de novas espécies não parou por aí. Em 1809, com a invasão 
da Guiana Francesa, o Brasil teve a inserção de novas espécies, como o 
abacateiro, a lichieira, a caramboleira, o jambeiro, a jaqueira, o tamarindeiro, a 
noz-moscada, a fruta-pão e a flor de abril. Na sequência, D. João VI contratou 
Paul German, agrônomo francês, para cuidar de seus jardins. Ele introduziu no 
ambiente brasileiro as acalifas, cássias, Brownea, crótons, datura, dombeia, 
furcrea, ixora, resedá, jasmim-manga, bico-de-papagaio, flamboyant e a 
árvore-do-viajante. 
No século XIX, foram introduzidas agapantos, copo-de-leite, dália, dracena, 
hibisco, jasmim, lírio, margarida, craveiro, roseira, entre outras plantas, vindas 
da Europa a pedido das mulheres da elite para ornamentar seus jardins 
residenciais. 
Os imigrantes portugueses vindos da Ilha da Madeira introduziram nos 
jardins plantas exóticas e nativas como alamandas, amarilis, begônias, 
biris, primaveras, brunfelsias, tinhorão, petúnias, onze horas e sálvias. Os 
portugueses oriundos da Ilha Mauritius trouxeram a palmeira 
imperial (Roystonea oleracea), que D. João plantou no Horto Real, exemplar 
que viveu 163 
7
anos e atingiu 40 metros de altura. A palmeira real de cuba (Roystonea 
regia) foi introduzida um século depois, oriunda de Porto Rico.
Para o casamento de D. Pedro I com a arquiduquesa da Áustria, o alemão 
Ludwing Riedel foi contratado com o intuito de arborizar as ruas do Rio de 
Janeiro (1836-1860). Houve uma grande intervenção da população, que 
acreditava que a sombra era causadora de doenças, como maleita, febre 
amarela, sarampo e sarnas.
No ano de 1858, D. Pedro contratou Auguste Marie François Glaziou, 
engenheiro hidráulico e integrante de uma missão artística e científica 
francesa, para ocupar o cargo de diretor geral de matas e jardins. Entre as 
suas obras destacam-se o Campo de Santana (Fig. 1) e a Quinta da Boa Vista 
(Fig. 2), no Rio de Janeiro, cujo estilo era inspirado no jardim paisagístico inglês 
do século XVIII. Havia grandes gramados, lagos sinuosos, caramanchões em 
estilo de templo grego e a preocupação de situar o jardim dentro da paisagem, 
sem cercas ou outras estruturas que limitassem a visão.
Figura 1 - Campo de Santana
8
Figura 2 - Quinta da Boa Vista
O grande marco da obra de Glaziou foi o fato de ele ter sido o primeiro a utilizar 
em suas composições paisagísticas elementos da flora nativa, os quais, até 
então, não eram valorizados pela sua aparência plástica. Um exemplo foi a 
alameda de Sapucaias e o reflorestamento das áreas da Tijuca e Paineiras. O 
francês também utilizou árvores floríferas no paisagismo, como a sibipiruna, 
pau-ferro, cássias, paineira, jacarandá, oiti, ipês, quaresmeiras, entre outras 
plantas.
O exemplo do Rio de Janeirose espalhou para outros estados. Entretanto, 
devido à falta de técnicos, nem sempre foram feitas composições paisagísticas 
em estilo coerente e com bom gosto, muito menos houve a disposição de 
espécies em locais adequados, como, por exemplo, o uso de espécies como 
os flamboyants e as figueiras na arborização de ruas.
No século XIX, houve ainda o trabalho do paisagista inglês John Tyndale, 
no Parque Lage, Rio de Janeiro, realizado em 1840, no qual se destacou a 
utilização das palmeiras Raphis.
A Europa, vista como modelo de civilização e desenvolvimento, serviu 
de modelo para a arquitetura e para os jardins brasileiros, tornando-se 
uma característica mais acentuada com as imigrações. Os imigrantes, 
principalmente italianos, portugueses, franceses e alemães, trouxeram 
9
e implantaram aqui seus modelos de arquitetura residencial e de jardins. 
As espécies mais cultivadas eram rosas, dálias, crisântemos, avencas e 
samambaias.
Houve grande influência dos jardins franceses nas praças brasileiras. A praça 
Paris, por exemplo, no Rio de Janeiro, obra de 1929 do urbanista Alfred 
Agache, serviu de modelo para muitas outras. A simetria se tornou um ponto 
comum, e, em muitos projetos, havia demonstrações da topiaria (poda que 
servia para dar formas e formatos diferentes às vegetações), que teve como 
resultado esculturas de poltronas, jogadores de futebol, camelos, cavalos e 
esferas, por exemplo.
Para saber mais sobre a paisagem inglesa, leia o livro “Fundamentos 
do Paisagismo”, de Tim Waterman. 
FIQUE
ATENTO
O PAISAGISTA BURLE MARX
Roberto Burle Marx, nascido em São Paulo em 4 de agosto de 1909, mudou-
se para o Rio de Janeiro em 1913. Estudou na Alemanha no período de 
1928 a 1929. Ainda era estudante de pintura em Berlim quando visitou o 
Jardim Botânico de Dahlem e descobriu a riqueza da flora tropical, com vários 
exemplos de plantas nativas brasileiras.
Ao retornar ao Brasil, foi convidado para fazer os jardins da casa da família 
Schwartz, projetada por Lúcio Costa e Gregório Warchavchik, em 1932, a 
primeira do Rio de Janeiro em estilo moderno. 
Entre os anos de 1934 e 1937 exerceu a função de diretor de parques no 
Recife. Projetou e executou os primeiros jardins com plantas que ocorriam 
naturalmente em diversas formações fitogeográficas do Brasil, como o uso 
10
de plantas da caatinga na Praça Euclides da Cunha e da flora amazônica nos 
jardins da Casa Forte.
Em 1943, com a associação com Henrique Lahmeyer de Mello Barreto, 
botânico, a tendência de valorização da flora nativa foi acentuada, observando, 
sobretudo, o comportamento das plantas em seu habitat, suas associações 
com outros elementos naturais, com as pedras, seu desenvolvimento de 
acordo com os diferentes tipos de solo e também com outras plantas. Também 
coletou diversas vegetações nas diferentes regiões brasileiras, algumas 
desconhecidas, que foram valorizadas quando aplicadas em seus projetos. As 
plantas desconhecidas foram classificadas, recebendo o seu nome: Heliconia 
burlemarxii, Anturium burle-marxii, Begonia burle-marxii, Mandevilla burle-marxii, 
Vellozia burle-marxii, Philodendron burle-marxii, Pleurostima burle-marxii e 
Burlemaxia spiralis são alguns exemplos.
O complexo arquitetônico da Pampulha e o parque da cidade de Araxá são 
importantes obras paisagísticas realizadas por Burle Marx. Nessas áreas, ele 
procurou utilizar e valorizar espécies da flora nativa regional, garantindo a sua 
durabilidade e manutenção.
A busca por uma arquitetura (e por que não de um paisagismo?) mais moderna 
fez com que Burle Marx buscasse inspiração no Movimento Moderno, mais 
precisamente na pintura abstrata, para compor seus projetos. A utilização de 
estilos e vegetações importados, com uma disposição rígida e simétrica, não 
condizia com seus princípios compositivos, o que garantiu a seus projetos um 
movimento inovador. 
“Detesto a fórmula, adoro princípios”, dizia ele.
Assim, Burle Marx utilizou em seus projetos curvas amplas, traçados sinuosos 
e livres, com a proporção relacionada com a paisagem do entorno, sem perder 
a sua relação com a arquitetura na qual o jardim está inserido. Não havia um 
compromisso com regras preestabelecidas. Preocupou-se, sim, em manter 
uma coesão entre as peças de suas composições, sempre com uma visão 
global, como nas imagens a seguir, da Fazenda Tacarum (Fig. 3 e Fig. 4).
11
Figura 3 - Fazenda Tacarum
Fonte: Arquivo pessoal
Figura 4 - Fazenda Tacarum
Fonte: Arquivo pessoal
Conteúdo:
12
Apesar disso, e como é característico do paisagismo eclético, aproveitaram-
se os conceitos de outros estilos, nos seus pontos mais importantes e 
marcantes. Na residência de Odete Monteiro, Burle Marx utilizou, por 
exemplo, os conceitos dos parques ingleses, onde o jardim fazia parte da 
paisagem local. O uso de volumes justapostos caracterizava a transição entre 
a arquitetura e a paisagem natural, sem, no entanto, haver limitações físicas 
visíveis. No Centro Cívico de Santo André, utilizou a geometrização do traçado 
dos jardins franceses e os parterres (canteiros ornamentados).
Burle Marx projetou inúmeros jardins no Brasil e também no exterior, tendo 
trabalhado nos Estados Unidos, no Chile, na Argentina, na Venezuela, no 
Uruguai, no Equador, no Paraguai, em Porto Rico e na França. Roberto Burle 
Marx faleceu em 4 de junho de 1994, aos 84 anos.
Figura 5 - Roberto Burle Marx 
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Burle_Marx#/media/File:Roberto_Burle_
Marx_1981.jpg
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