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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO
RESUMO DE IMUNOLOGIA
(Prova 2)
Carolina Oshiro Yeh
Cecília Isicke Carneiro Bastos
Viviane Ribeiro Paiva
Segundo semestre de 2012
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
2
Aula 11 – Professora Cléo – Imunodiagnóstico – 14/01/2013
Maioria das técnicas para diagnóstico usa o par antígeno-anticorpo. Pode ser feito para moléculas
solúveis ou para materiais particulados (como amostras de tecido obtidas por biopsia).
Sorologia é o estudo de moléculas contidas no soro (líquido com moléculas). Também existem
exames em que se utiliza plasma (soro + plaquetas) e sangue (com células e elementos figurados). Podem
ser dosados no soro o anticorpo ou o antígeno dependendo da técnica utilizada. Técnica funciona porque
anticorpo tem afinidade específica por antígeno.
Afinidade de anticorpos é a força da interação de um único Fab com o seu respectivo antígeno
(epítopo). A pesquisa da afinidade entre antígeno e anticorpo é um dado sorológico importante para o
diagnostico quando se faz a pesquisa em doenças infecciosas ou doenças auto-imunes.
Avidez é o somatório da força dos sítios disponíveis do anticorpo para interagir com um antígeno.
Todo anticorpo, mesmo em forma de monômero tem pelo menos dois sítios de ligação com o antígeno
devido ao seu formato de Y. A IgM é secretada em forma multimérica (pentâmero), portanto tem maior
avidez, mas isso não significa que tenha maior afinidade.
Reação cruzada é a capacidade de um mesmo anticorpo reagir com diferentes antígenos (que
podem ser de patógenos diferentes) contendo epítopos semelhantes ou iguais. Podem dar origem a falsos
positivos. Os vírus HIV e HTLV, ambos têm antígenos comuns compartilhados por serem da mesma família.
Assim, para o teste de HIV primeiro se realiza um teste de triagem, com alta sensibilidade (que reconhece
todos os positivos, inclusive os falso positivos), depois um teste conclusivo, com alta especificidade (que
pode ter menor sensibilidade, mas irá excluir os falso-positivos).
Antes, para se visualizar as reações era necessário que a interação entre os antígenos e os
anticorpos formasse uma rede, o que acontecia na zona de equivalência. Atualmente já existem técnicas
que não dependem da formação da rede, elas detectam pequenas quantidades de anticorpos ou
antígenos. Esse teste não quantifica, apenas dá um resultado qualitativo de positivo ou negativo.
Em vivo, se o paciente está infectado há pouco tempo espera-se encontrar um excesso de antígeno
com relação aos anticorpos (zona aguda). Com a evolução do quadro ocorre uma maior produção de
anticorpos que leva a zona de equivalência. Por último existe uma zona de convalescência (melhora
clinica), em que há excesso de anticorpo, já que os antígenos foram eliminados. Na aguda e na
convalescência não há grandes redes formadas, podendo dar resultado falso-negativo.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
3
A sorologia é usada para a pesquisa de elementos moleculares (antígeno e anticorpo) no soro.
Embora existam técnicas avançadas que não necessitem da formação da rede de anticorpos e antígenos
para determinar o resultado positivo, ela ainda é necessária para a quantificação. Isso acontece porque é
necessário ir fazendo diluições seriadas da amostra (soro), que vai depender de para qual patógeno se está
fazendo o teste, para ver até onde ainda existe a formação da rede. Essa diluição é necessária porque a
amostra pode estar com excesso de antígeno, em que não haverá formação de rede, e o resultado será um
falso-negativo. A visualização da reação é feita pela coloração, que varia em tons de amarelo e é lida em
um aparelho.
 Titulo é a maior diluição do soro do paciente, onde a reação antígeno-anticorpo é visível.
 Cut off é o valor que determina o limite para se dizer se um exame é positivo ou negativo.
Pode existir o resultado indeterminado devido: a problemas na técnica ou porque o valor encontrado é
igual ao cut off. Nesses casos é necessário refazer um novo teste.
 Sorologia pareada é quando se utiliza duas amostras de soro, uma da fase aguda e outra da
fase de convalescência da doença. Quando há um aumento de no mínimo 4x no valor de título dos
anticorpos na amostra da convalescência em relação à da fase aguda, significa que ocorreu soro-conversão
(proteção).
Teste de Aglutinação (qualitativo)
Mais antiga, pode ser visualizada a olho nu ou ao microscópio óptico. Teste simples onde se tem
uma esfera de látex (antigamente se usava hemácia de carneiro) com antígenos que se quer pesquisar.
Coloca-se o soro do paciente em contato com a esfera, se tiver anticorpo ele se aglutinará (ligará) e
formará uma rede, é o chamado coomb direto. Às vezes, para se amplificar/acelerar essa reação, se utiliza
o coomb indireto, para isso se realiza o mesmo procedimento anterior, e depois de coloca uma anticorpo
anti-anticorpo humano (é um anticorpo de produzido por espécie que reconhece a porção Fc do anticorpo
humano). Se o paciente não tiver anticorpos contra o antígeno no soro não haverá a formação de rede.
Exemplos:
 Tipagem sanguínea: uso do coomb direto. O indivíduo tem anticorpos no soro contra os
outros tipos sanguíneos que não o seu. Haverá aglutinação nas amostras que não forem do tipo sanguíneo
do indivíduo. Será um resultado qualitativo. Para um quantitativo é preciso utilizar a diluição seriada.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
4
 Teste de triagem para sífilis (VDRL): compra-se as esferas de látex recobertas com o lipídeo
cardiolipina que está presente no treponema. Porém esse lipídeo também pode estar presente na
membrana do endotélio vascular e que manifesta-se em reação de auto-imunidade. Para o teste coloca-se
uma gota do soro no indivíduo na esfera de látex com cardiolipina, se houver anticorpo irá flocular. O
resultado é dado após se olhar no microscópio.
 Teste conclusivo para sífilis (FTA-ABS): feito se o resultado do VDLR for positivo. Utiliza uma
esfera de látex também, mas recoberta com um antígeno proteico, que é específico para o que é específico
para o treponema.
Teste de Inibição da Aglutinação
O princípio é o mesmo. É utilizada para teste de gravidez. Compra-se a esfera de látex recoberta
com o hormônio βHCG e um anticorpo anti- βHCG. Coloca-se primeiro a urina com as esferas de látex,
depois se junta o anticorpo comprado. Se na urina houver βHCG haverá um excesso de antígeno, então
não formará rede, indicando um resultado positivo.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
5
Testes de precipitação
Testes de molécula com molécula, não há uma partícula carregando o antígeno, e visualização é
ainda mais difícil. Muito usada em pesquisa, em diagnostico só para criptococose, e já está sendo
substituída.
Imunodifusão Radial Simples (Mancini)
Utiliza uma lamina recoberta com gel de agarose, mais antígeno ou anticorpo diluído, a
concentração deve ser igual a todos os lados do gel. Faz-se vários poços nesse gel e coloca-se nele
anticorpo (se no gel houver antígeno) ou antígeno (se no gel houver anticorpo) do soro do paciente em
diluição seriada. Espera-se a durante a noite para poder ver a precipitação, que vai ocorrer na zona de
equivalência, e é visível pela formação de um halo de precipitação em volta do poço.
Imunodifusão Radial Dupla (Ouchterlony)
Usa o mesmo princípio da imunodifusão simples, mas é possível testar para mais de um antígeno ao
mesmo tempo. É colocado em um poço central o soro do paciente e em volta, em poços equidistantes do
central, antígenos diferentes. O resultado é visto pela formação de linhas de precipitação entre o poço do
soro e aquele que contiver antígeno para o qual o paciente possui anticorpos (quando há mais de uma
linha ou quando elas se cruzam houve reação cruzada).
Imunoeletroforese
É uma precipitação muito mais rápida, que se vê em 20 minutos.Isso se deve ao uso de uma
corrente elétrica, que acelera o encontro do antígeno com o anticorpo.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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ELISA
Teste rápido, de triagem para o HIV (muito parecido com o imunoblot). Para ele utiliza-se uma
placa com 96 poços. A revelação é feita através de cor, geralmente amarelo, que é lida por um aparelho,
quanto mais intensa a cor mais houve reação.
Princípio: se utiliza uma placa, que é chamada de fase sólida, que vem com o antígeno do HIV
imobilizado. Sobre ela coloca-se o soro do paciente, se houver anticorpos contra o antígeno ele se ligará a
esse antígeno. Como não existe vacina para HIV se o paciente tem sorologia positiva (ou seja, anticorpo
que se liga a antígeno) é porque está infectado, exceto crianças até 2 anos com mãe soropositiva, já que
elas terão os anticorpos da mãe.
A revelação é através do efeito colorimétrico, mas varia de acordo com o tipo de ELISA:
 Indireto – utiliza-se outro anticorpo, chamado anticorpo conjugado, produzido por outra
espécie (cavalo, coelho, porco) que é anti-Ig humana, cuja porção Fc é marcada com uma enzima.
Adiciona-se então o substrato dessa enzima que ao ser clivado vai gerar uma cor amarela. A intensidade da
cor é proporcional à quantidade de anticorpos presentes.
 Direto – o mesmo processo, mas não utiliza um segundo anticorpo.
No teste para HIV, se o ELISA deu positivo, primeiro se refaz o ELISA com uma nova amostra. Se
também for positivo faz-se o imunoblot, que é o padrão-ouro, com a segunda amostra.
Imunoblot
É uma imunoeletroforese, em que corre-se os antígenos provenientes do vírus em um gel,
posteriormente se transferia o material do gel para uma membrana de nitrocelulose. Nela adicionava-se o
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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soro do paciente, se ele tivesse anticorpos contra os antígenos do vírus ficariam ligados. Por último se
usava um anticorpo anti-anticorpo humano conjugado com uma enzima que, ao quebra o substrato gera
um cromógeno, assim como no ELISA.
Hoje não é mais necessário fazer o gel. Compra-se uma fita de papel já com todos os antígenos e
nela se coloca o soro do paciente. Se ele tiver infectado seus anticorpos vão se ligar as bandas de
antígenos. A reação é feita com um anticorpo anti-anticorpo humano conjugado com uma enzima, coloca o
substrato, que quando quebrado gera cor.
A vantagem do imunoblot em relação ao ELISA é que ele testa contra diversos antígenos ao mesmo
tempo, enquanto no ELISA é contra um só. Além disso, no ELISA ainda pode ter falso-negativo, já que o
indivíduo pode não ter anticorpo contra aquele antígeno específico, mas no imunoblot isso não acontece.
No ELISA também é possível acontecer reação cruzada, dando um falso-positivo, o que não acontece no
imunoblot, já que se têm vários antígenos sendo testados.
Há mais uma dificuldade no diagnóstico para o HIV, que é a janela até a soro-conversão. É possível
o individuo esteja infectado, mas ainda não produza anticorpos, então o resultado será um falso-negativo.
Observação: existe um teste rápido para o HIV que utiliza uma fita, onde existe uma banda que é
padrão, para ter certeza que o teste funcionou. Se aparece apenas essa marcação na fita o indivíduo é não
reagente. Quando aparece outra banda, houve reação antígeno-anticorpo, o indivíduo é reagente, ou seja,
está infectado. Quando o resultado é positivo parte-se para a rotina dos dois ELISAs com amostras
diferentes mais o imunoblot para confirmar.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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Imunofluorescência
Revelada por fluorescência. Muito utilizada para o estudo de material biopsiado, para identificar a
presença de antígeno. Pode ser utilizado para reconhecer patógenos que causaram essa condição, por
exemplo. Coloca-se um anticorpo nessa amostra de tecido, que possui ligado a porção Fc uma substancia
que quando excitada fluoresce. Para ver isso se usa um fluoróscopo (microscópio que detecta
fluorescência). O resultado é qualitativo.
Citometria de Fluxo
O revelador também é fluorescência, utiliza marcadores de diversas cores. Para identificar
fenótipos diferentes de linfócitos TCD4 utiliza-se uma amostra de sangue em que se separam os leucócitos,
ou se faz a hemólise das hemácias (elas produzem alguma fluorescência, então se evita trabalhar com ela).
Serão necessários dois marcadores (anticorpos com substancia fluorescente de cores diferentes na porção
Fc) um que se ligue ao CD4, que irá ficar na superfície da célula, e outro que se ligue a citocina específica
do fenótipo. É preciso estimular a célula para que ela produza citocinas, mas sem secreta-las, então usa-se
uma substancia chamada breveldina que evita que a célula secrete qualquer coisa. A célula então é fixada
com formol, prendendo os anticorpos contra CD4, e usa-se um detergente para fazer poros nessa célula,
para que o anticorpo contra a citocina possa entrar e se ligar. Levam-se as células para o aparelho, que as
puxa com uma agulha e dentro do aparelho vão ter os lasers que excitam as substâncias fluorescentes,
dando o resultado. A citometria avalia as cores e também o tamanho da célula e o grau de luminosidade.
Em poucas palavras: são células previamente marcadas com anticorpo (contra o antígeno que se
quer pesquisar) que fluorescem e são colocadas em um aparelho que registra essa fluorescência.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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A citometria á a técnica de escolha para diagnóstico de leucemias, linfomas, mielomas, desordens
auto-imunes e imunodeficiência, pois usa a mesma amostra para pesquisar vários antígenos.
Aula 12 – Professora Cléo – Regulação da Resposta Imune – 21/01/2013
O que provoca o SI classicamente são doenças infecciosas, mas na verdade ele é desafiado desde o
nascimento devido à instalação da microbiota presente nas mucosas. O objetivo é manter a homeostase,
porque, se não conseguir, ocorrem às doenças.
A seleção de T e B no timo e medula óssea é essencial para regular e impedir células autorreativas.
A seleção periférica visa impedir a ação de T autorreativas. A seleção periférica de B não é tão essencial,
porque sem T ela não tem muito potencial de ação. A maioria dos pacientes com DAI encontrados na
clínica sofre de deficiência na regulação periférica. Clones autorreativos escaparam.
A tolerância periférica se dá através da anergia. As células T que escapam da tolerância central
circulam (no feto), se encontrarem o peptídeo para o qual são especificas e elas receberão só o primeiro
sinal, se tornando anérgicas.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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Questão 3 da P1 da Cléo: a célula T ao encontrar seu peptídeo específico via MHC, recebe o
primeiro sinal. O segundo sinal é dado por interação, por exemplo, B7 na DC com CD28 na célula T. Isso
gera IL-2 e ativação.
Normalmente, na vida fetal, não há inflamação, então não tem coestímulo (B7 ou CD40). Na
recirculação, na vida fetal, as células T não encontram APCs ativadas com peptídeos self. A ausência de
inflamação, portanto, é condição segura para evitar a ativação de clones autorreativos. Anergizar células T
autorreativa que encontram peptídeos self via MHC é um dos mecanismos de regulação periférica.
Existem ainda as regiões que não recebem visitas de linfócitos, áreas nobres que possuem
peptídeos self, mas que não há sequer contato com clones, então eles não se tornam anergizados. Caso os
linfócitos cheguem a essas regiões poderá ocorrer a ativação de clones autorreativos.
Durante a vida, somos desafiados pelo meio ambiente. Mesmo que haja anticorpos no leite
materno e atravessando a placenta, a criança vai ser exposta e desafiada em seu sistema imune. Os
fenótipos Th1, Th2, Th9, Th17 são inflamatórios. O único exclusivo para alergia é Th9, os outros protegem
contra patógenos. Sem regulação, esses fenótipos podem serletais ou produzir autoimunidade.
E se a resposta autorreativa acontecer: Quem segura Th1 ou Th2? Os mecanismos regulatórios no
curso de uma reação inflamatória.
Memória imunológica
Para forma-la precisamos de citocinas anti-inflamatórias. Quando montamos uma RI, o normal é
eliminar um patógeno. Após a eliminação, sobra a memória, que dura anos, para que o convalescente
tenha uma resposta mais rápida em uma reinfecção. Há uma migração e permanência local de linfócitos
para resguardar o local. Após alguns meses, esses linfócitos locais sofrem apoptose, porque o que os
mantém vivos é a reação inflamatória e suas citocinas. As células de memória central não devem entrar em
contato com citocinas inflamatórias. No caso de isso acontecer, elas passam a ser efetoras, migrando para
o local, e vivendo apenas semanas ou meses.
Pessoas com distúrbios de humor têm como característica uma resposta inflamatória exacerbada.
Quando uma resposta imune se inicia com excesso de citocinas inflamatórias, não é garantida uma boa
resposta, pois haverá menor manutenção dos linfócitos de memória central. Um patógeno pode atuar
apenas como gatilho nessas pessoas, e nela deflagrar uma resposta inflamatória puramente por estresse,
gastando linfócitos de memória central à toa.
Marcadores podem ser usados na citometria, permitindo saber o quanto você tem de memória
central e o quanto você tem de memória efetora. Os marcadores caem na segunda chamada.
1) Essas células tendem a produzir citocinas do fenótipo a que forem induzidas (TH1, TH17...).
2) Expressam em sua superfície moléculas que denunciam seu curto período de vida. Essas células
não interessam na vacinação, pois queremos uma imunização com memória de longa duração.
As células de memória efetora tem que morrer, porque as citocinas que as alimentam são pró-
inflamatórias. As de memória longa dependem de IL-7 e vivem por anos.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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Fatores que influenciam e regulam a resposta imune
1. Relacionados ao antígeno
Hapteno é a menor porção do antígeno, que não causam inflamação, mas geram tolerância, pois há
a apresentação de peptídeo sem inflamação. São moléculas tolerogênicas, não ativam a APC (por não ter
inflamação na APC, não gerando os dois sinais) e causam anergia nas T, cortando a resposta imune.
No corpo humano, temos vias de inoculação de antígenos que tendem a causar uma grande
inflamação. A pele tem uma tendência a produzir boa reação inflamatória. Via IV e mucosa tem um perfil
tolerogênico. A pele não produz nem pró e nem anti-inflamatórios, mas quando estimulada, tem grande
tendência a produzir citocinas inflamatórias.
A utilização de adjuvantes com antígenos não imunogênicos ajuda a ativar DC, pois induz a
inflamação.
2. Relacionados à resposta imune
a) Eliminação do estímulo antigênico
Na resposta primária, há a ativação de B (pelo BCR) e de T (via DC), T e B proliferam, ativando a
produção de anticorpos por B e T faz várias coisas (ajuda B, por exemplo). Quando o antígeno é combatido,
o agente infeccioso é eliminado, diminuindo a resposta inflamatória. A RI sustentava a proliferação de T e
B, como ela cai, a proliferação também cai, isso é homeostase (já que o patógeno já está sendo eliminado,
o número de células que combatem, não precisa crescer). Essa fase de queda é chamada de fase de
contração ou refração.
Na reinfecção secundária, na qual ocorre a reinfecção pelo mesmo patógeno, temos uma resposta
muito mais intensa, em questão de magnitude e qualidade, devido a ação de células de memória. Nessa
resposta também há a fase de contração.
Reconhecer o estímulo antigênico induz inflamação, que ativa B e T, que combatem o patógeno. O
excesso de B e T cai ao final do processo. Também é criada memória. Isso acontece no processo regulado.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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Antibiótico tem efeito imunomodulador, aumentando a afinidade dos anticorpos.
O antibiótico tem ação bactericida do fármaco, mata o patógeno, diminuindo a quantidade dele e,
consequentemente, de antígenos. Com isso diminui a quantidade de antígenos que chega até o gânglio.
Para B sair do gânglio tem que reconhecer novamente o antígeno. Como a quantidade de antígeno é muito
pequena, não haverá disponibilidade para todos os linfócitos. Então, apenas aqueles que tiverem BCR com
alta afinidade pelo antígeno conseguiram se ligar a ele e permanecerão ligados. Dessa forma serão
selecionados os linfócitos que produzam anticorpos mais específicos e com maior afinidade para o
antígeno.
b) Expressão da molécula CTLA-4, de PD-1/PDL-1 ou Tim-3/galectina-9 sobre T ativados leva a
anergia (mecanismo intrínseco)
Para evitar que as T morram por excesso de inflamação, há a expressão de CTLA-4, PD-1 ou Tim-3
em T ativados, isso acontece para evitar que essas células entrem em exaustão. É um mecanismo de
regulação, em que expressando uma dessas moléculas, os linfócitos T entram em estado de anergia
temporário. Essas moléculas se ligam a outras presentes na APC, são elas CD28 (para CTLA-4), PDL-1 (para
PD-1) e galectina-9 (para Tim-3).
Quando a APC está inflamada, além do peptídeo, ela expressa, de forma induzida, B7. O CD28 é
constitutivo na T virgem. B7 se liga a CD28, que ativa uma cascata e o produto final é uma molécula que
induz a expressão de CTLA-4, que se liga a B7, desativando T (T fica anérgica). O CTLA-4, por sua vez, ativa
uma cascata cujo produto final induz a expressão de CD28, reativando T (T sai da anergia). Isso ocorre em
respostas a agentes infecciosos. O CTLA-4 e o CD28 são moléculas concorrentes, pois possuem o mesmo
sítio de ligação e o CTLA-4 é 100x mais afim de B7 do que CD28. Essas duas moléculas (CD28 e CTLA-4) vão
trocando de lugar, regulando a proliferação, para que não haja muita citocina pró-inflamatória além do
necessário.
Quando o CTLA-4 se liga a B7, ao invés de ter um ITAM na cauda citoplasmática, tem um ITIM. A
sequência de aminoácidos é parecida, mas o ITIM causa inibição, ativando a enzima SHP-2 (proteína
tirosina fosfatase). SPH-2 ativa Lck e Fyn, e leva a remoção fosfatos de CD-3 e da cadeia ζ do complexo TCR.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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A expressão excessiva de CTLA-4 acontece em pacientes com inflamações crônicas. O excesso de
inflamação pode matar mais rápido do que o patógeno. Em alguns casos, o silenciamento via expressão de
CTLA-4 é crucial para que o paciente leve sua vida “normalmente” (exemplo: HCV).
Regulação é a expressar essas moléculas (CTLA-4, Tim-3 E PD-1) por tempo determinado, depois
deixar de expressa-las e voltar a ter resposta inflamatória. O linfócito T pode expressar CTLA-4, Tim-3 ou
PD-1, a escolha da molécula ocorre de forma aleatória e seu mecanismo é desconhecido. Elas podem
inclusive ser expressas concomitantemente.
c) Expressão da molécula Faz (CD95) sobre as células T e B ativadas leva a apoptose
(mecanismo intrínseco)
FAS – quem "fas" morre. Molécula de superfície de auto expressão. Quando o Fas, também
chamado de CD95, liga-se ao seu ligante (Faz-L), ativa as caspases e induz a morte por apoptose. A
expressão de Fas se dá pela alta atividade da célula, ou seja, as células que morrem por esse mecanismo
são as que se encontram em alta atividade celular.
d) Células Regulatórias (mecanismo extrínseco)
Células Regulatórias
A função é controlar respostas inflamatórias medidas por Th1, Th2, Th17 e Th9. A maioria utiliza a
produção de citocinas anti-inflamatórias, particularmente IL-10 e TGF-β. Há uma subpopulação de T (tanto
CD4 quanto CD8) que produz níveis elevados de I-L10; além disso, há outros subtipos que produzem IL-10
e TGF-β e, também, a expressão de determinadas moléculas na superfície de células regulatórias, como,
por exemplo, CTLA-4 para regular outras células do SI. Existem três tipos:
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
14
1- CélulasTr-1: são T CD4+, na maioria, ou T CD8+, produzem IL-10, que inibe a secreção de IL-12 e de
citocinas do fenótipo Th1 de maneira Ag-específica e Ag-inespecífica; no caso da TCD8, por produzir IL10, é
chamada T citotóxica do tipo 2.
2- Células T reguladoras naturais (nTreg): são células T CD4+, CD25+ (receptor para IL-2 com cadeia
alfa presente, citocina necessária para manter sua função, viabilidade e vida) e FoxP3+ marcador
intracelular, originárias do timo e inibem respostas imune antígenos específicas contra antígenos próprios.
FoxP3 é uma molécula transativadora, que entra no núcleo e ativa genes cujos produtos inibem a resposta
imune (fundamental para que essa nTreg seja reguladora). Os genes ativados codificam as moléculas: LAG-
3 (se liga a MHCII), CTLA-4 (se liga a B7.1 e B7.2) e mTGF-beta (TGF-β de membrana, se liga a TGF-R). nTreg
mediam inibição por contato, via LAG-3, CTLA-4 e/ou mTGF-β.
Mecanismo LAG-3: o ligante é MHCII, e quando se liga a ele, desativa a APC (inibe a APC, e de forma
indireta, a T). O LAG-3 é primo do CD4, liga na mesma parte do MHC que CD4. Quando há inflamação, até
TCD4 expressa MHCII, mesmo que não seja de expressão constitutiva.
3- Células T reguladoras induzidas (iTreg ou Th3): são células T CD4+, CD25+, FoxP3+, LAG-3+ e CTLA-
4+ geradas na periferia quando em contato com antígenos (pode ser inclusive contra patógenos) em
circunstâncias que favoreçam a produção de TGF-β pelas células dendríticas (células tolerogênicas), tal
como no intestino.
A Treg aumenta o limiar de ativação de T. Assim, não se responde a quantidades de patógenos
insuficientes. Só com altos níveis de IL-2 (ambiente pró-inflamatório), T expressa CD25 e pode competir
com Treg e proliferar. (Treg ao receber IL-2 expressa TGF-β e inibe T, que possui TGF-R.). A ausência de
Treg acarreta excesso de inflamações e deflagra excesso de resposta imune, o que propicia o
desenvolvimento de DAI. O excesso de inflamação propicia a reativação de clones autorreativos.
O ambiente das mucosas favorece o desenvolvimento de tolerância, por ser um lugar de entrada de
antígenos. Os patógenos, colonizando o local, fazem com que haja aumento de IL-2, e daí ativa-se T por se
superar o estímulo de Treg. Para dificultar o início da resposta e para facilitar o encerramento da resposta
imune, Treg é importante. Já que com a eliminação de patógeno, Treg apressa o fim do estímulo de IL-2, já
que o consome (compete com T) e T perde o estimulo para se manter ativa. À medida que o antígeno é
eliminado, DC apresenta menos antígeno, o que reduz o estímulo.
A Treg pode ajudar na produção de anticorpos para patógenos com cápsula (via IL-10).
IgA protege as mucosas, produzida por plasmócitos via TGF-β. As células Treg são majoritariamente
encontradas em mucosa, porta de entrada de patógenos, e são elas que permitem a produção de IgA via
TGF-β no local.
Transtornos de ansiedade crônica
Incapacitante. Causa sofrimento. Sentem mais dor (excesso de mediadores de dor). Dopamina ->
facilitação do fenótipo Th17. A dopamina inibe Treg. A esquizofrenia tem excesso de dopamina. Os
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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neuromediadores em baixas doses são importantes, mas em altas doses interfere nos fenótipos de T,
inibindo regulatórias, por exemplo.
As adrenais produzem glicocorticóides, um imunossupressor endógeno, favorecendo Treg. Mas, ao
longo dos anos, com o eixo de glicocorticóide hiperativo (transtorno de ansiedade, por exemplo), há uma
down regulation e os receptores de Treg param de responder ao glicocorticóide. Essa desregulação neuro-
imuno-endórcina acaba sendo outro fator que favorece a DAI: favorece esse fenótipo diretamente ou por
inibir células que regulam esses fenótipos (Tregs).
Noradrenalina está ligada ao excesso de resposta alérgica, mas não ao desenvolvimento de DAI.
A leptina favorece a diferenciação em Th17, ela é produzida em maior quantidade por indivíduos
obesos.
Quando o sistema imune é ativado, uma célula TCD4 estimulada por IL-12 vai se diferenciar em Th1.
Estimulada por IL-23, é Th17. Entretanto, usando amostras de pessoas randômicas, estimulando na
presença dessas duas IL, vai haver uma célula de dupla identidade. IFN-γ denunciando IL-12 (Th1); e IL-27
denunciando IL-23 (Th17).
Plasticidade: IL-17A, IL-10. Uma célula T que produz IL-17 e também IL-10. Visto em pacientes com
DAI que sem tratamento se resolve e tem a remissão do surto. Significa que a Th17 pode se autorregular e
produzir IL-10 se inibindo, sendo uma célula plástica. Geralmente, presente em pessoas com algum tipo de
DAI. Essa flexibilidade (plasticidade) se dá pela mudança de fenótipos pela necessidade que se apresenta.
Essa parte final não cai em prova. O que cai é: Tim3, PD1, CTLA-4, Tr-1, nTreg, iTreg.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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Aula 13 – Professora Vera – Imunidade contra Bactérias
Extracelulares e Fungos – 22/01/2013
Nosso corpo pode sofrer invasão de microorganismos que, para causar doenças, utilizam de
diferentes mecanismos. Os vírus são intracelulares obrigatórios; as bactérias podem ser intra ou
extracelulares; já os fungos, na maioria das vezes, são extracelulares, mas podem ser intracelulares; e os
parasitos, que, quando protozoários podem ser intra ou extracelulares e, quando helmintos são
extracelulares, devido até mesmo ao tamanho.
Faz sentido que, por conta disso, desenvolvam-se mecanismos que vão ser eficazes contra a forma
de infecção do patógeno. Para todos os tipos de proteção, as respostas efetoras vão envolver Th1,
podendo ou não envolver Th17, que são fenótipos pró-inflamatórios que ativam fagócitos, resposta celular
e, com isso, vamos conseguir combater a infecção. Um padrão diferente desse é montado para infecção
helmíntica, que tem resposta via Th2.
Para que, de fato, tenha-se uma infecção, o patógeno precisa se manter no tecido, fixar-se (através
de adesinas) para que não seja eliminado pelas barreiras da imunidade inata. Uma vez fixado, ele vai
colonizar e, para isso, precisa ser capaz de obter nutrientes e de driblar os mecanismos de defesa. Uma vez
que consiga tudo isso, ele começa a invadir o tecido, podendo ser extra ou intracelular. Para que essa
invasão aconteça, também é necessário, muitas vezes, que esses patógenos tenham enzimas capazes de
digerir a matriz extracelular, a membrana celular e vesículas para possibilitar seu escape; desfazer as
junções celulares; e driblar o SI. Ou seja, para ocorrer infeção, são necessários que os patógenos tenham
diversas características que possibilitem isso.
Então, numa infecção, existem fatores do patógeno, chamados de fatores de virulência, e fatores
que dependem do hospedeiro. A virulência é a capacidade do patógeno de causar a doença quando se
instala no hospedeiro, esses fatores de virulência vão ser justamente as adesinas, as enzimas e todos os
atributos que possibilitam que ele viva no organismo, vencendo os mecanismos que buscam eliminá-lo. A
doença acontece quando o patógeno tem fatores de virulência eficazes, ou quando o indivíduo está com
sua RI diminuída, seja por uma idade mais avançada, por um estado nutricional, por uma condição de
estado de estresse constante, por condições iatrogênicas (antibioticoterapia prolongada, tratamento com
corticoides, terapia anti-neoplásica). A doença vai aparecer enquanto o patógeno consegue prevalecer
sobre o SI.
Imunidade a Bactérias Extracelulares
Bactérias extracelulares são aquelas que vão invadir o organismo e irão ocupar os espaços
intersticiais, podendo chegar ao sangue ou ao sistema linfático; ou, ainda, não vão conseguir invadir o
tecido, colonizando a sua superfície. Para todos os patógenos, exceto vírus e helmintos, o processo para
eliminá-los é através de fagocitose. Neutrófilo, monócito, macrófago e DC são células capazes de realizar
fagocitose a partir do reconhecimento de padrões moleculares através de receptores, que vão sinalizar a
internalização desse patógenonuma vesícula em cuja membrana vai ter a NADPH oxidase (catalisa
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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oxigênio em superóxido e também funciona como uma bomba de próton, que vai ficar jogando H+ para
dentro).
Os íons superóxidos, que são altamente reativos, vão poder agir diretamente no patógeno, mas
também podem se combinar com outras moléculas. Ao se combinar com os prótons, formam peróxido de
hidrogênio (agente oxidante), e, além disso, pode se combinar a íons cloreto, formando hipoclorito (o
melhor desinfetante conhecido). No entanto, muitos microorganismos produzem a enzima catalase, que
degrada o peróxido de hidrogênio, impedindo a formação de hipoclorito. Esse é um mecanismo de evasão,
um fator de virulência importante.
A bactéria extracelular pode causar a infecção por vários meios, uma boa parte é mediada por
toxinas que podem interferir com as funções da célula, podendo ter caráter citotóxico. Algumas são
altamente imunogênicas, levando a inflamação, causando dano celular. As toxinas podem ser endotoxinas,
quando fazem parte da bactéria, ou exotoxinas, quando são liberadas no meio extracelular. Muitas vezes a
doença é causada devido ao processo imunopatológico, devendo-se a ativação do SI contra uma toxina
produzida pelo patógeno. Processo imunopatológico é quando há uma resposta exacerbada, pela bactéria
possuir componentes semelhantes a componentes self (gerando anticorpos que reconhecem
componentes próprios, lesando os tecidos) ou pela RI disparada pelo reconhecimento dos padrões
moleculares.
Exotoxinas
Proteínas solúveis, que, ao serem secretadas, disseminam-se pelo tecido. São imunogênicas: a RI
vai ser principalmente pela produção de anticorpos que se liguem a ela, neutralizando-a. Recebem vários
tipos de classificação de acordo com sua ação: as do tipo II lesam membrana citoplasmática, as do tipo III
interferem com funções celulares (síntese proteica, sinapse). Mas existe um grupo especial (tipo I),
chamado de superantígenos, que são proteínas que ativam o SI de uma fórmula inespecífica, causando
uma RI potente, porque são capazes de se ligar ao MHC e ao BCR pelo lado de fora da célula, sem sofrer
processamento, sendo capazes de ativar diversos clones de linfócito T (tem afinidade por determinados
domínios variáveis da cadeia β do TCR, que muitas vezes é igual ou muito semelhante em vários clones).
Esse tipo de resposta, contra superantígenos, consegue mobilizar até 20% dos clones T e gera uma grande
quantidade de toxinas inflamatórias. Acontece, por exemplo, na síndrome da pela escaldada
(Staphylococcus aureus) e em algumas intoxicações alimentares (Staphylococcus). Uma consequência mais
drástica é o que caracteriza a síndrome do choque tóxico (muito semelhante aos efeitos do choque
séptico), em que ocorre uma grande produção de citocinas inflamatórias, causando efeitos sistêmicos.
Endotoxinas
O componente que é caracterizado como uma endotoxina é o LPS (lipopolissacarídeo), componente
de membrana externa de bactérias Gram negativas. Ele é fracamente imunogênico e sua porção lipídica, o
lipídeo A, é a parte tóxica que interage com o TLR4. Na verdade, é necessário um conjunto de
componentes (CD14, MD2, proteína ligadora de LPS) para disparar a sinalização de forma adequada, com a
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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produção de citocinas inflamatórias (TNF-α, IL-1, IL-6 e IL-12). O efeito tóxico, a resposta inflamatória que
leva ao sintoma, causando prejuízo funcional ou levando a sepse, é causada pelo LPS.
Infecção Piogênica ou Supurativa (Localizada)
Uma infecção por bactéria extracelular pode causar um processo inflamatório no foco da infecção;
se esse processo for direcionado contra componentes da própria bactéria, como é o caso do LPS em Gram
negativas, ou no caso das Gram positivas, contra PAMPs capazes de ativar resposta (como o ácido teicóico,
peptideoglicana). Quando o processo inflamatório se dá pelo simples reconhecimento de uma estrutura da
bactéria, tem-se uma infecção localizada, que ocorre exatamente no ponto em que a bactéria se instalou.
Haverá, então, ativação dos fagócitos e das células residentes; produção de citocinas pró-
inflamatórias e quimiocinas; aumento da permeabilidade dos vasos; recrutamento de muito neutrófilo,
principalmente se envolver Th17, que produz IL-17, estimulando variados tipos celulares a produzirem
quimiocinas, que recrutam os neutrófilos. Nesse foco da infecção, tem-se muito infiltrado leucocitário,
principalmente neutrófilo, e essas células vão reconhecer PAMPs, internalizar e ser ativadas, liberando
todo o seu arsenal no meio extracelular (enzimas, peroxidases), que irá causar uma lesão tecidual. Haverá
muita morte celular, porque o neutrófilo morre após algum tempo ativado, e a morte da bactéria. Quando
esses eventos acontecem no foco da infecção, além dos sinais flogísticos, é possível formar um abcesso,
uma coleção de líquido amarelado (o pus), que nada mais é que resto de tecido, neutrófilos mortos e
bactérias mortas.
Sepse (Infecção Sistêmica)
A infecção não é restrita a um foco. Se a bactéria alcança a corrente sanguínea, ela pode causar
uma inflamação disseminada, com produção exacerbada de citocinas de forma sistêmica, podendo evoluir
para o choque séptico. Sepse é uma resposta inflamatória sistêmica provocada pelo agente infeccioso
(pode ter resposta inflamatória sistêmica estéril, provocada por grande trauma, cirurgia, queimadura; ou
seja, envolvendo DAMPs). O choque séptico vai ser a consequência mais extrema, em que se tem
coagulação intravascular sistêmica; grande perda de líquido do vaso para o espaço intersticial; queda da
volemia; diminuição do débito cardíaco; prejuízo da chegada de suprimento sanguíneo nos órgãos; falência
múltipla; queda acentuada da pressão; óbito. Controlar esse processo é muito difícil.
Mecanismos de resposta da imunidade inata
Ocorre à ativação do complemento através da via das lectinas. Ativando o complemento, são
gerados opsoninas, como C3b, que vão auxiliar no processo de fagocitose; MAC que vai ser eficaz para
bactérias do gênero Neisseria, para as outras não é tão importante; anafilotoxinas que vão promover a
inflamação, ativando o endotélio (aumentando a expressão de moléculas de adesão e aumentando a
permeabilidade), ativando o mastócito (libera histamina que tem ação vasodilatadora), recrutando e
ativando neutrófilo (fagocitose). Com a produção de citocinas pró-inflamatórias, há a liberação de
proteínas da fase aguda, como a proteína C reativa, que aumenta muito durante a resposta inflamatória,
elas agem como opsoninas, aumentando a fagocitose. A fagocitose pode, também, acontecer sem o auxílio
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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de opsoninas, através do reconhecimento de PAMPs do patógeno. Uma vez que os fagócitos são ativados
ocorre a liberação de ROIs e enzimas lisossomais, causando a lise da bactéria.
A inflamação também é alimentada diretamente pelo reconhecimento de PAMPs por receptores de
padrão como TLR, NOD. Uma vez mobilizados, esses receptores ativam a produção de citocinas pró-
inflamatórias e quimiocinas, aumentam a produção de componentes microbicidas; tudo isso favorecendo a
lise bacteriana.
A resposta progride para uma resposta adaptativa a partir da ativação das células DCs residentes.
Essas DCs aumentam a expressão de B7 e MHC, perdem algumas moléculas de adesão que as mantém no
tecido, aumenta a expressão de CCR7, cai no sistema linfático, chega ao linfonodo e vai para a área de
linfócito T. Essa DC que fagocitou, processou e apresenta antígenos encontra o T com TCR específico e o
ativa. Essa bactéria, através dos PAMPs, promove uma potente ativação da DC, induzindo a produção de
IL-12, que propicia o fenótipo Th1 e produção de IgG (anticorpo neutralizador, opsonizantes e ativador do
complemento) em ambientes que não são de mucosa. A mucosa é um ambiente rico em TGF-β,que induz
o fenótipo Th3 e produção de IgA (importante anticorpo neutralizador). De qualquer forma, a resposta
humoral sempre vai começar com IgM, importante porque fixa complemento pela via clássica, gerando
opsonização.
Resposta timo-dependente
Para os antígenos protéicos, essa DC produzindo muita IL-12, IL-6, IL-23, induz diferenciação para
Th1 (IL-12) e Th17 (IL-6 e IL-23). A partir desses fenótipos, é gerada uma inflamação importante tanto
através de INF-γ (potente ativador de neutrófilo), quanto através de IL-17 (potente recrutador de
neutrófilo). Será promovida uma resposta inflamatória que irá alterar a permeabilidade dos vasos para que
o neutrófilo consiga chegar ao local de inflamação e fagocite a bactéria. A bactéria eficientemente
opsonizada, tanto por IgG e IgM quanto por fatores da imunidade inata, estará mais passiva de fagocitose.
No caso de uma infecção na mucosa, vai haver a produção de IgA, que tem uma função de neutralização
importante.
Resposta timo-dependente
Algumas bactérias extracelulares possuem uma estrutura por cima da parede celular, a cápsula,
composta de polissacarídeos. Exemplos de bactérias capsuladas: Neisseria meningitidis, Haemophilus
influenzae, Streptococcus pneumoniae. Esses polissacarídeos da cápsula estão encobrindo PAMPs
importantes para ativar resposta inflamatória, para induzir fagocitose, que então ela será dificultada.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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Alguns dos polissacarídeos também dificultam a ligação de proteínas do sistema complemento e,
consequentemente, sua ação.
A melhor resposta contra esse tipo de bactéria é através da produção de IgM específica, que se
prende à cápsula bacteriana, ativando o complemento e gerando opsonização. O complemento não
consegue se associar diretamente a muitos desses polissacarídeos capsulares, por isso é preciso promover
a ativação através da via clássica para poder opsonizar. As populações que vão responder a polissacarídeos
são linfócitos B1 e linfócitos B da ZM, com destaque para esse último. B da ZM é uma população que gera
uma resposta eficiente para polissacarídeo, porque recebe estímulo de citocinas que fazem com que ele,
ao reconhecer polissacarídeos, produza anticorpos, aumentando a afinidade desses anticorpos e gerando
plasmócitos de vida longa, embora não se tenha certeza se produz linfócito de memória. B1 está disperso
na lamina própria, portanto não terá auxílio de T.
Streptococcus pyogenes
Exemplo de bactéria que pode causar diferentes padrões de doença. A infecção pode ser piogênica
(localizada), toxigênica (é produtor de superantígeno), ou não ser nenhum dos dois. É um importante
agente de faringites (infecção piogênica), causa infecção cutânea por resposta inflamatória a toxina
(escarlatina). Possui cápsula antifagocítica e não imunogênica, então não haverá produção eficaz de
anticorpo. Na parede celular está presente a proteína M, que se projeta, ultrapassando a cápsula e ficando
exposta. A proteína M é antifagocítica, imunogênica, confere imunidade tipo-específica (aproximadamente
80 sorotipos). Embora as duas dificultem a fagocitose (proteína M desloca a opsonina), serão formados
anticorpos neutralizantes, que farão a opsonização.
Infecção de garganta é uma coisa que as pessoas têm de forma recorrente, mas tem-se uma
resposta eficiente contra uma proteína (proteína M), por que isso acontece? Porque muitas infecções são
causadas por sorotipos diferentes. O que define um sorotipo é o antígeno expresso na superfície. A
proteína M pode ter pequenas variações que causam respostas distintas. Os anticorpos são específicos
para cada sorotipo.
Além das infecções piogênicas e toxigênicas, o S. pyogenes também causa as chamadas doenças
pós-estreptocócicas, que acontecem depois que já se combateu e eliminou o agente. Essas doenças são
geradas pelo SI. Existem sorotipos em que a proteína M é do tipo reumatogênica (gera febre reumática) e
outros em que é do tipo nefritogênica (gera glomerulonefrite aguda).
Glomerulonefrite aguda: O indivíduo tem uma infecção por S. pyogenes com apresentação
característica do impetigo, responde (com ou sem antibiótico) e elimina a infecção. Mas, duas ou três
semanas depois, esse indivíduo começa a apresentar comprometimento de função renal. Isso acontece
porque os anticorpos gerados para os antígenos solúveis da parede celular dos S. pyogenes dos sorotipos
nefritogênicos formam imunocomplexo com esses antígenos (componente solúvel), que não são
facilmente removíveis (sempre são gerados imunocomplexos, mas geralemente eles são removidos por
macrófagos e monócitos). Se gerados em grande quantidade e não sendo removidos, pode-se chegar a um
estágio em que esse imunocomplexo vai atingir a parede do vaso e se depositar, preferencialmente em
tecidos com grande pressão osmótica, como é o caso dos glomérulos renais. A porção Fc dos anticorpos
desses imunocomplexos vai ser um sítio de ligação para o complemento, gerando opsonina, recrutando
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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neutrófilo; assim, ele vai reconhecer o Fc e vai degranular nesse tecido. Haverá uma descarga de enzima
em cima da parede do vaso, causando a glomerulonefrite.
Febre reumática: impetigo geralmente não evolui para febre reumática, o que pode evoluir é a dor
de garganta, o que acontece mais com criança e pré-adolescente, principalmente se há demora no início
da antibioticoterapia. Será causada por um sorotipo reumatogênico, também de duas a três semanas após
a infecção. Nesse caso, os anticorpos são de reação cruzada, ou seja, os anticorpos são produzidos contra a
proteína M, mas alguns de seu epítopos são semelhantes aos encontrados em tecido de articulação,
miosina cardíaca, tecido cerebral. Então, esse anticorpo se ligará à antígenos próprios. Assim, haverá
inflamação nesses tecidos, causando a doença.
Imunidade à Fungos
Quando o fungo causa uma infecção, preferencialmente em indivíduo imunocompremetido, a
doença leva a morte. Hoje, com o aumento do número de casos de infecção fúngica, tem-se começado a
estudar melhor a biologia deles e sua interação com o SI. Tirando as infecções superficiais e subcutâneas,
dá-se mais atenção às infecções sistêmicas e oportunistas.
As infecções classificadas como micoses sistêmicas são causadas por fungos considerados
patógenos primários, que são capazes de causar a doença mesmo em indivíduos imunocompetentes. A
doença é branda, muitas vezes de auto resolução e são capazes de infectar. Entre eles estão apenas:
Blastomyces dermatitidis, Coccidioides immitis, Paracoccidioides brasiliensis e Histoplasma capsulatum.
Patógenos oportunistas são aqueles que vão causar a infecção se o SI estiver comprometido,
causando as micoses oportunistas. Esses patógenos podem causar infecções sistêmicas, mas apenas em
indivíduos com imunossupressão. Existem diversas espécies que podem causar infecções oportunistas, as
principais são: Candida albicans, Cryptococcus neoformans e Aspergilus fumigatus. O número de fungos
oportunistas tem crescido e novas espécies, que eram consideradas ambientais, vêm sendo descritas em
infecções humanas.
Para todos eles, primários e oportunistas, a forma de infecção mais comum é pela via respiratória.
São inaladas as formas deles, chamadas de conídios.
Os fungos são capazes de assumir diferentes formas. Alguns fungos primários são considerados
dimórficos: eles têm uma forma quando estão no ambiente, chamada saprofítica, e assumem outra forma
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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quando estão no hospedeiro. Mesmos os fungos que não são patógenos primários podem alterar sua
forma.
Os patógenos primários, quando estão no ambiente, se encontram numa forma filamentosa que
produz os conídios para proliferar. Quando estão no hospedeiro, transformam-se numa célula
leveduriforme, ficando como um ser unicelular que se divide por brotamento. A porta de entrada no
hospedeiroé o trato respiratório superior, através da inalação dos conídios.
Os patógenos oportunistas também tem uma forma filamentosa que produz conídios no ambiente,
mas eles não mudam de forma no interior do hospedeiro. Os conídios serão inalados e vão germinar,
formando novos filamentos, chamados de hifas (o conjunto de hifas se chama micela). Os patógenos
oportunistas não são dimórficos, eles têm a forma de micelas e conídios, mas isso acontece tanto no
ambiente como no hospedeiro.
O conídio é altamente hidrofóbico; resistente à radiação ultravioleta; seu tamanho varia com a
espécie. Eles se dispersam muito facilmente no ar e conseguem permanecer no ambiente até encontrar
um local com nutriente, temperatura e pH adequados para dar origem a micela. Na maioria das vezes a
infecção se dá pela inalação desses conídios, que vão se instalar nos alvéolos, gerando uma resposta imune
no indivíduo imunocompetente ou germinando e colonizando.
A infecção também pode ocorrer a partir de uma inoculação traumática. Exemplo: quando ocorre a
ruptura da barreira epitelial e há entrada de fungos saprófitas do solo, como o Paracoccidioides
brasiliensis, em indivíduos que lidam com terra.
A infecção ainda pode ocorrer através de catéteres, que são uma importante via para a Candida
albicans em ambientes hospitalares. A C. albicans coloniza o catéter, podendo causar uma infecção
generalizada no indivíduo, que já deve estar com um comprometimento imune. Candidíase é a infecção
mais comum por patógeno oportunista, seguida de aspergilose e da criptococose.
Fungos Oportunistas
Hoje existem muitos indivíduos propensos a esse tipo de infecção, por possuírem fatores de risco
(algum estado de imunocomprometimento). Os quadros podem ser locais ou generalizados e causam
grande taxa de mortalidade em indivíduos imunocomprometidos.
Os indivíduos com maios predisposição são os com neutropenia ou os que têm alguma deficiência
celular. Entre esses últimos, encontram-se:
• Transplantados – devido ao uso de drogas imunossupressoras;
• Terapias antineoplásicas – devido ao uso de drogas citotóxicas;
• AIDS – devido à redução de TCD4 (candidíase, aspergilose disseminada, criptococose e
pneumocistose; são as principais causas de mortalidade por infecção fúngica nesses indivíduos);
• Doenças autoimunes – devido ao uso contínuo de corticosteróides;
• Antibioticoterapia prolongada.
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Fungos Primários
As infecções sistêmicas causadas por patógenos primários, que são termo-dimórficos (variam a
forma em função da temperatura), são causadas pelos conídios inalados e, na maioria das vezes,
manifestam-se nas formas pulmonares. Blastomyces dermatitidis e Coccidioides immitis são espécies mais
comuns na América Central e no sul dos EUA, portanto são pouco comuns aqui. Já Paracoccidioides
brasiliensis e Histoplasma capsulatum são mais prevalentes no Brasil, o primeiro é endêmico no RJ e o
segundo teve algumas endemias e epidemias devido a AIDS.
Na maioria das vezes, o indivíduo é infectado, desenvolve sintomas brandos, como o de uma gripe
e resolve a infecção. Essa resolução não necessariamente leva a eliminação do patógeno, como é o caso do
Paracoccidioides brasiliensis; muitas vezes ocorre apenas uma contenção, em que o patógeno permanece
em estado de dormência em um granuloma. Se o indivíduo não consegue montar uma resposta eficiente
com a formação de um granuloma, esses fungos podem se disseminar tanto por via hematogênica, quanto
por via linfática, chegando a outros órgãos e colonizando-os.
Ciclo da histoplasmose exemplificando, mas é o mesmo progresso para outros fungos primários. O
conídio é inalado e chega aos alvéolos. No caso do histoplasma, ele consegue ser fagocitado e resistir aos
mecanismos imunes, permanecendo vivo dentro do macrófago. A partir desse macrófago, ele pode: sair e
ir para outro macrófago; sair e permanecer no interstício; ou sair e alcançar tanto a circulação sanguínea
quanto a linfática, chegando a outros tecidos que serão colonizados, causando a doença disseminada. Esse
quadro pode acontecer com Histoplasma capsulatum e Paracoccidioides brasiliensis.
O Histoplasma capsulatum é uma fungo que gosta muito de ambiente rico em nitrogênio e as fezes
das aves são ricas em componentes nitrogenados, então ele pode ser encontrado em fezes de pombos,
galinhas e morcegos. Cavernas são ambientes propícios para esses fungos. No raio-X de tórax é encontrado
um nódulo (que pode ser também tumor ou vestígio de tuberculose). Assim como na tuberculose, uma vez
que o indivíduo que já teve contato e conteve o patógeno, caso ele tenha algum déficit imunológico, ele
pode ter uma recidiva da infecção.
O Paracoccidioides brasiliensis tem muitas características em comum com histoplasma, como a
capacidade de sobreviver em macrófagos e se disseminar. Eles podem ser encontrados no solo, nas fezes
de aves e em tatus (reservatório). Ele pode causar uma infecção aguda ou subaguda (forma juvenil), que é
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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mais grave, atingindo geralmente crianças e adolescentes, mas são menos de 5% dos casos. Nessa forma, o
indivíduo não contém o fungo, que se dissemina muito rapidamente.
A infecção crônica (forma adulta) por paracoco é a mais comum. Ela pode ser unifocal ou
multifocal, mas sempre contida, podendo levar muito tempo para se tornar aparente. Mais de 90% dos
casos acontece em homens, estando relacionado a uma questão hormonal. Parece que ele tem em sua
superfície um receptor para estrogênio, que quando o hormônio se liga, inibe a transição da forma
saprofítica para a forma leveduriforme, impedindo a infecção.
Resposta Imune
Essa contenção, que faz com que o indivíduo não manifeste a doença, é uma resposta do tipo Th1.
Ou seja, esse é o padrão protetor, a resposta celular, que vai, em alguns casos, conseguir eliminar ou
conter a infecção através da formação do granuloma.
O granuloma se forma quando ativa-se de forma persistente o macrófago, que acaba mudando sua
morfologia, fundindo-se com outras células, formando as células gigantes (células epitelióides e
multinucleadas características do granuloma). Essas células ficam envolvendo o patógeno. Geralmente, há
um cordão linfocitário em volta que alimenta os macrófagos com INF, mantendo-os ativados.
Macrófagos ativados tentam restaurar o tecido através da produção de proteínas de matriz e da
deposição de fibrina, que pode acontecer em vários graus, mas geralmente ocorre certo deposito de
fibrina em volta dessa estrutura. Isso pontualmente afeta o tecido, modifica o parênquima, mas é essa
estrutura que contém o patógeno. Esse microorganismo, não tendo alto grau de virulência, como é o caso
dos fungos, permanece dormente dentro do granuloma.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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No caso de um déficit na resposta Th1 ou se você deixa de alimentar essa estrutura, esse centro
caseoso do núcleo do granuloma pode se difundir e o patógeno ganhar o organismo. Assim, as infecções
podem se disseminar, nos casos de Histoplasma capsulatum e Paracoccidioides brasiliensis, causando
histoplasmose e paracoccidiose, respectivamente. Isso também pode acontecer com Cryptococcus
neoforman, que tem um tropismo pelo sistema nervoso central, disseminando-se preferencialmente nesse
tecido, causando meningite.
Qualquer desequilíbrio que leve a uma resposta Th2, faz com que se tenha uma forma mais grave
da doença. Uma hipergamaglobulinemia (altos títulos de anticorpos) está diretamente correlacionada à
gravidade da doença. Os anticorpos não são protetores. Ao se desenvolver uma resposta Th2, inibe-se a
resposta Th1, então não desenvolve o granuloma.
Aula 14 – Professora Cléo – Imunidade contra Vírus – 28/01/2013
Chamamos os vírus de partícula infecciosa, o termo microorganismo não é usado, geralmente, pois
fora da célula o vírus cristaliza. Enquanto o vírus não atravessaa pele íntegra, que representa uma
barreira, a mucosa é facilmente penetrável pelo vírus. O que impede a entrada do vírus na mucosa é a
barreira imunológica, se ele já tem IgA de mucosa que possa neutralizar o vírus. Essa barreira não existe
naturalmente, ela deve ser provocada.
A maioria dos vírus sobrevive no máximo 1 hora em ambiente ressecado. O vírus é muito simples e
essa simplicidade dificulta a produção de vacinas, principalmente os vírus que incorporam informação das
nossas células. São agentes ou partículas que sofrem mutação com uma frequência muito elevada, devido
a uma instabilidade genética muito grande. Apesar de não possuírem tantos antígenos como bactérias e
protozoários, são os mais propensos a sofrerem mutação.
Na sua estrutura básica temos o vírus mais comum que tem seu material genético, DNA ou RNA
protegido por um ou até dois capsídeos (não chamar de cápsula, pois bactérias é que possuem cápsula).
São formados por capsídeo (de proteína), por material genético e os mais complexos possuem envelope,
acima do capsídeo, formado por fosfolipídios de membrana oriundos do hospedeiro.
A principal porta de entrada é a mucosa (nenhuma é capaz de impedir que o vírus entre). Já a
entrada pela pele ocorre por meio de um vetor ou perfuração por seringa contaminada, pois não há vírus
conhecido que atravesse pele íntegra. Por exemplo, se cair uma gota de sangue contaminado na
conjuntiva de um indivíduo, este deve fazer a quimioprofilaxia adequada. O vírus entra no organismo
geralmente através da mucosa e pode não causar sintomatologia local se tiver tropismo por outras áreas.
A manifestação poderá ser local ou sistêmica e dependerá do agente infeccioso.
Como a maioria dos vírus entra pela mucosa, costumam causar alterações nesses sítios, ou caem na
circulação e atingem outros sistemas. Ainda há vírus que infectam sítio de entrada e outros sítios. Há vírus
não líticos cuja patologia não consiste na replicação intensa, mas sim da resposta imune. Ou seja, ou o ciclo
lítico intenso ou a resposta imune à infecção configuram a clínica. Vírus líticos, de infecções mais agudas,
ou matam ou o organismo se cura. Vírus não líticos são os que tendem a cronificar.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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Se o vírus é causador de uma infecção aguda (sarampo, caxumba, rubéola, etc.) ou uma infecção
hiperaguda (rinovírus, influenza, etc.) essa durará, em geral, cerca de sete dias a não ser que a infecção
ocorra em um indivíduo imunodeprimido, idoso, diabético, grávidas etc. São vírus líticos e toda a
sintomatologia decorre da destruição de células alvo (entrando na célula, se replicando e rompendo a
célula). Por outro lado, se o vírus é pouco lítico os sinais e sintomas são decorrentes da resposta imune.
Ha vírus RNA fita simples, RNA fita dupla e de DNA. Os vírus de RNA possuem a enzima
transcriptase reversa, que fabrica DNA a partir de RNA, como o caso do vírus HIV.
Só pode se inserir ao genoma humano os vírus que são, por excelência, de DNA ou se for RNA com
a ação da transcriptase reversa, após a formação do DNA viral.
Existem os vírus de DNA e os de RNA. Dentre os vírus de DNA, temos todos os da família Herpes:
Herpes simplex do tipo 1 e 2 (muita gente tem o tipo 1, o 2 é mais genital), varicela-zoster, o EBV (Epstein-
Barr vírus) da mononucleose, o citomegalovírus, que fica latente e pode causar cegueira no paciente
imunodeprimido e o também o causador do Sarcoma de Kaposi, tumor maligno em pacientes
imunodeprimidos, que é do tipo 8.
Entre os vírus de RNA, nós temos aqueles que são agudos, que invadem, replicam e destroem a
célula, e aqueles que trazem uma enzima, como o HIV (vírus da imunodeficiência humana), que transforma
o RNA em DNA, infectando o núcleo da célula humana.
Os vírus RNA estão organizados em 4 grupos do sistema de classificação de Baltimore:
 Grupo III (dsRNA): vírus com RNA fita dupla;
 Grupo IV ((+)ssRNA): vírus com RNA fita simples senso positivo;
 Grupo V ((-)ssRNA): vírus com RNA fita simples senso negativo;
 Grupo VI (ssRNA-RT): vírus com RNA fita simples senso positivo que realizam transcrição
reversa.
Resposta Imune
O vírus precisa de uma célula alvo (não entra em qualquer célula) com um receptor e de um ligante
próprio para o receptor. Ex.: Se for um vírus da hepatite, significa que é um hepatócito que tem esse
receptor.
De forma ilustrativa, o ciclo viral mostra que o material genético dele precisa ter acesso ao
citoplasma da célula, dominar a maquinaria celular, replicar e germinar. Essa célula acaba arrebentando.
Se o vírus é muito lítico arrebenta em cerca de meia hora, uma hora. Se o vírus não é lítico pode levar até
mesmo 5 anos, então depende do caráter do vírus.
Se o vírus não é lítico, se é pouco lítico, significa que, ou ele é já é de DNA, invade o núcleo e se
insere em qualquer cromossomo, ou ele é de RNA, (ex. HIV), e se transforma, passa de RNA para DNA, e
assim infecta o núcleo humano. Essas são as piores infecções de serem combatidas. Os retrovírus tendem a
ser ainda menos líticos do que os vírus de DNA.
A TDC8+ precisa identificar as células infectadas, e o faz utilizando o TCR verificando os peptídeos
acoplados ao MHC I. Todo vírus tem uma molécula no seu capsídeo (e mais o envelope, se houver) que vai
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ser identificada. O vírus não entra na célula, ele se acopla à membrana e lança no citoplasma seu material
genético.
Através do RNA viral comandam o metabolismo da célula, fazendo várias copias de si mesmo.
Pacientes imunodeprimidos são os que precisam de determinadas drogas para auxiliar o combate a vírus,
(ex: aciclovir, ganciclovir). São drogas muito caras.
O vírus de DNA pode se fundir ao DNA humano e ficar latente, sem nunca ser totalmente eliminado
do organismo (Herpes vírus). Os vírus de DNA permanecem no organismo pela vida toda. O vírus de DNA
controla o metabolismo da célula, e as partículas virais brotam da célula infectada. Se houver muita
liberação de vírus, a célula acaba morrendo.
É muito mais fácil construir vacinas para os que são líticos. Os piores, como os da família Herpes,
vão para as células específicas e ficam "calados", e eventualmente devido à baixa imunológica eles são
reativados, sendo controlados pelo sistema imune. E aqueles que entram e ficam silenciosos, como o HIV o
qual a maioria das pessoas que o possui não sabem, descobrindo anos depois pela evolução da doença.
Outro exemplo é o vírus da hepatite C, que entra, infecta a célula alvo e não fica em latência verdadeira, e
sim produzindo partículas na maioria das pessoas.
Sempre haverá perda de células, porque as primeiras células infectadas não vão conseguir se
proteger. Aí a resposta imune começa a ser formada quando houver quantidade suficiente de vírus
infectando e lisando células (lembrar o limiar de ativação da resposta imune, graças às células
reguladoras).
O vírus pode ficar restrito a uma microárea de mucosa. Outros não ficam restritos, podem infectar
órgãos e células que forem passíveis de infecção, circulam pelo sangue ou pelos gânglios (mesentéricos).
Apesar de cada individuo ser único, há uma historia natural para cada infecção, ou seja, o caminho
normal da infecção e sucessão de eventos.
Quando o vírus causa infecção crônica e não aguda, significa que ele não é lítico, e quando o vírus é
muito lítico a resposta ideal é por anticorpos para neutralizar esses vírus. Assim a célula mais importante é
B que produz anticorpo, com ajuda do linfócito T. Se o vírus é pouco lítico a importância maior é da célula T
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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porque vai identificar a célula que está cronicamente infectada, através da identificação via TCR do
peptídeo que pertence ao vírus no MHC.
Em resumo, se a resposta é contra um vírus que causa infecção aguda ela é chamada de resposta
imune humoral e para ter anticorpo produzido por B esselinfócito precisa ser ativado por T. Nas infecções
por vírus crônicos é a célula T que tem maior importância.
Resposta imune contra vírus
Tem-se o vírus em vermelho, um capsídio, e os antígenos de superfície. Uma célula alvo, lembrando
que o vírus não é promíscuo, ele tem o seu tropismo, e isso significa que tem receptores em células
específicas que permitem a sua aderência. Logo após a aderência o material genético vai ser lançado
dentro da célula alvo e aí vai se estabelecer a infecção intracitoplasmática.
A célula que foi infectada não tem salvação. Ela está destinada a morrer, quer seja pela replicação
do próprio vírus, quando esse é extremamente lítico e causa uma infecção aguda (sarampo, caxumba,
rubéola, rotavírus) ou o vírus não é lítico, entra na célula, infecta o núcleo e fica calado, mas será
identificado pelo sistema imune. Então, ou essa célula morre pela intensa replicação viral ou depois de
infectada, morre devido ao ataque imunológico.
Apesar disso ela pode permitir que outras células-alvo futuros, que ainda não foram infectadas,
sadias, sejam pelo menos resistentes aos vírus. Uma vez que o vírus consiga aderir à célula alvo, ele entra e
essa célula começa a liberar citocinas. Sendo a mais importante da família dos interferons do tipo 1,
chamadas IFN-α e IFN-β. Ela deflagra sinais inflamatórios para sinalizar a invasão viral, para avisar as
células-alvo vizinhas que entrem em estado antiviral.
Existem três tipos de interferons, IFN-α, IFN-β (tipo 1) e aquele que diz que a resposta é Thelper 1, o
IFN-γ (tipo 2). Na resposta imune natural contra vírus, não se encontra IFN-γ. Os primeiros interferons
serão o alfa e o beta, produzidos pela própria célula que acabou de ser infectada.
Interferons alfa e beta terão efeitos autócrinos e parácrinos:
 Autócrino: Acelerar a própria morte da célula alvo que já estaria destinada a morrer. Então,
essas citocinas ativam as caspases e essa célula morre por apoptose, tendo como vantagem a de diminuir a
quantidade de partículas virais que podem se replicar. Então, é como se ela se suicidasse, diminuindo a
vida da célula e reduzindo a capacidade replicativa do vírus. É uma morte por apoptose, mediada pelas
caspases.
 Parácrino: Essa dupla - IFN-α e IFN-β - vai agir em uma mesma célula alvo (com os mesmos
marcadores) que provavelmente será infectada posteriormente, pelo mesmo vírus, porque tem os
mesmos receptores. Caso não estejam já infectadas essas citocinas irão induzir o estado antiviral, se
tornando mais resistentes à replicação viral. Não impede a entrada do vírus, porque esses marcadores que
o vírus usa para jogar seu material dentro da célula são essenciais para o funcionamento celular.
OBS: A célula plasmocitóide (principal ativadora de TCD8) e mielóide (principal ativadora de TCD4)
são estimuladas por IFN-α e IFN-β (por elas mesmas produzidos) e a plasmocitóide produzirá IL-2.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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Isso ocorrerá através (1) do aumento da expressão das moléculas de MHC I e MHC II (esta última
classe apenas para as moléculas que podem expressá-la). Se a célula infectada só expressa MHC I aumenta
expressão de MHCI se a célula também expressa MHCII aumenta expressão de MHC I e MHCII. A vantagem
é a maior apresentação para linfócitos T. (2) Sob ação dessas citocinas (interferons), a próxima célula-alvo
que tem receptores para essas citocinas, chamados de receptores para os Interferons do tipo I, ativam
uma enzima chamada PKR.
Descrevendo a resposta imune contra vírus: Ativa-se a PKR que é uma enzima, uma proteína
quinase (ela fosforila) que é ativada quando encontra com RNA de dupla fita. RNA humano não faz fita
dupla em nenhum momento, quem faz fita dupla é DNA humano. Portanto, quando há RNA de fita dupla é
porque há infecção por vírus. Se o vírus for de DNA ele passa por uma fase durante o seu ciclo de RNA de
fita dupla, é um fenômeno comum. Se encontrarmos um RNA de fita dupla, é um PAMP, é um vírus. Essas
enzimas (PKR), induzidas pelas citocinas, são ativadas e inibem a síntese proteica.
Novamente: O Interferon 1 e 2 ativa PKR que é uma proteína quinase ativada na presença de RNA
de dupla fita. Ela fosforila o fator de alongamento EIF-2 (um fator que é importante para síntese proteica,
pois auxilia o RNAt) inativando-o. Podemos dizer que os interferons estão preparando a célula (futura
célula-alvo) para que ela fique resistente ao vírus.
Esse processo ocorre:
1) Pelo aumento da expressão de MHC I (e MHC II nas que podem);
2) Ativando a proteína PKR que na presença de fita dupla de RNA inibe síntese proteica. Para a
prova é só colocar isso: Ativa o PKR que na presença de RNA de dupla fita inibe a síntese proteica.
(Observação feita dizendo que não há necessidade de dizer que fosforila e inativa na prova);
3) Sob ação dessas citocinas a célula-alvo induz uma outra enzima: 2’5’oligoadenilato sintetase que
ativa uma RNAse, chamada RNAse L, que cliva RNA mensageiro de fita dupla.
Pode-se dizer assim: PKR vai inibir síntese proteica do RNA de fita dupla e ativar uma RNAse (só
lembrar que “ase” é enzima) que degrada RNA de fita dupla. Só NÃO pode DIZER que DEGRADA RNA de
FITA SIMPLES porque esse é um efeito tóxico, afeta o nosso RNA, ataca o RNA de fita dupla que nós não
temos.
Está aqui o estado antiviral.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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Tudo que foi descrito não impede a entrada do vírus. Em nenhum momento essas citocinas inibem
a expressão desse receptor para o vírus. Até porque os vírus evoluíram para usar receptores que são
moléculas importantes para a biologia da própria célula. Então uma citocina que iniba, faça uma down
regulation, no receptor por causa da infecção viral vai condenar a célula à morte porque geralmente o
vírus usa receptores que são importantíssimos para a própria célula-alvo.
O vírus entra, tenta se replicar e não consegue, pois não consegue realizar síntese proteica. Esse é o
chamado estado anti-viral na célula-alvo, é o estado que não impede a infecção, mas tenta impedir a
replicação. Na clínica se administra nos pacientes essas citocinas, os interferons, em infecções virais
crônicas, com o objetivo de fazer com que essas células que são alvo se tornem mais refratárias à
replicação e isso permite ao paciente viver mais.
Pergunta: A inibição da síntese proteica não pode causar morte celular?
Resposta: Parece paradoxal porque se inibir a síntese proteica estará desfavorecendo o vírus mas
também condenando a célula a ter uma vida menor ainda. Isso é temporário. Primeiro quando se tem
interferon a célula responde hiperativada, aumenta a expressão de MHC de classe I, e de MHC de classe II,
aumenta a síntese de proteínas de estoque e, então, ela se prepara para uma época de escassez, de seca
metabólica onde a célula vai ficar um tempo sem fazer síntese proteica. Esse estado é revertido porque o
interferon dura 15 minutos e depois para de agir. Por isso que tem que estar sempre produzindo, no
momento em que o interferon deixa de agir a célula recupera o status metabólico, o vírus pode entrar e
dominar. De qualquer forma quando é administra essas citocinas para o paciente a carga viral pode
diminuir muito e quando se observa o órgão afetado para de ser destruído. Então de alguma forma essas
citocinas acabam sendo mais benéficas do que maléficas; devem morrer células porque não estão
conseguindo fazer síntese proteica, mas elas iriam morrer devido à replicação viral. Esse estado também
não pode continuar, seria um suicídio das células que estão sadias ainda.
Os IFN-α e IFN-β também auxiliam as células dendríticas. Existem dois tipos de célula dendrítica, a
mielóide e a plasmocitóide, e a mais importante contra vírus é a plasmocitóide (quando não é vírus é a
mielóide). A célula dendrítica plasmocitóide é mais adaptada (não que a mielóide não ajude) a colaborar
com uma resposta imune natural contra vírus, pois expressa grande quantidade de receptores para a dupla
deIFN-1 (IFN-α e IFN-β) e para TLRs que reconhecem DNA, RNA, partículas virais, etc, e será a grande
responsável por ativar as células T. Ainda no local de infecção, antes mesmo dessa célula dendrítica migrar
para o tecido linfóide secundário, sob ação da dupla de IFN-1, passa a produzir mais IFN-1 e IL-12 que
atuarão sobre as células NK.
A célula NK é de extrema importância na ação contra vírus, colaborando de duas formas:
(1) Produz IFN-γ
(2) Exerce a ação lítica por meio de toxinas.
A NK é uma célula da imunidade natural de ação degranuladora (possui grânulos de ação tóxica que
serão lançados sobre as células infectadas). Expressa, também, muitos tipos de receptores em sua
membrana, podendo responder às citocinas do local de infecção, produzindo IFN-γ.
O IFN-γ ativa o poder microbicida dos fagócitos (macrófagos e neutrófilos), que em infecção viral
atuarão principalmente na “limpeza”, removendo restos mortais e dejetos celulares. Na função efetora de
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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combate aos vírus, embora os fagócitos atuem liberando NO e radicais livres para os vírus livres no
interstício, a principal célula é a NK. O IFN-γ ainda favorece o fenótipo TH1, que por sua vez será
responsável por ativar TDC8 em CTL (célula efetora da Imunidade Específica).
Ao chegar à área inflamada, que está cheia de citocinas, essas são reconhecidas pela NK, que então
secreta IFN-γ no local. As células que não respondem ao estímulo por IFN -γ (não aumentam a expressão de
MHC-I), a NK mata, pois reconhece como infectada.
Para fazer o reconhecimento das células infectadas a NK possui 2 receptores: o KIR (receptor que
inibe morte) e o KAR (receptor que ativa morte). Quando a célula, sob o efeito do IFN-γ aumenta a
expressão de MHC-I, o MHC-I se liga ao KIR, e a NK não mata tal célula. Porém, se o KIR não se liga a MHC-I
(a célula não aumentou a expressão), a morte não é inibida. Além disso, KAR reconhece proteínas de
choque térmico, expressas por células em situação de estresse. Portanto, a célula que morre por ação da
NK não expressa MHCI sob estímulo de IFN-γ (não ocorre ligação do KIR) e expressa proteínas de choque
térmico (que se ligam a KAR).
OBS: Para a célula morrer, não basta expressar exclusivamente proteínas de choque térmico para a
NK, pois se não toda célula em situação de estresse seria morta. É preciso de dois fatores: Ausência de
MHC-I e presença de proteínas de choque térmico.
A NK realiza um mecanismo chamado ADCC, independente de KIR e KAR. O envolvimento da NK
nessa citotoxicidade é apenas na imunidade específica. A NK elege seu alvo então por (1) ter anticorpo:
ADCC; (2) não ter anticorpo: KIR e KAR.
As DC emitem pseudópodes na luz, e essa região é cheia de receptor de antígenos, cujo objetivo é
“vacinar” a pessoa. Mas o vírus pode se ligar, induz uma retração do prolongamento citoplasmático e induz
a migração da célula até o santuário. É assim que se infecta pelo HIV, a DC que leva o vírus até o santuário.
Então, apesar dela ser resistente à maior parte dos vírus, vários a usam como transporte para invadir o
corpo humano.
Pergunta: A resistência da dendrítica tem a ver com o MHC?
Resposta: Não, a DC expressa receptores para PAMPs (PRRs), vários TLR são expressos na DC que
reconhecem os PAMPs virais. Isso, na maioria das vezes, é papel da Ig mesmo, mas tem alguns PRRs que
não são da família Toll. Então, quando o vírus se liga a eles é para pegar carona. Muitos vírus só conseguem
causar infecção porque aderem a DC. A DC realmente é que passa o HIV para dentro do corpo. O HIV não
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ultrapassa a mucosa sozinho, é a DC que capta. Esse mecanismo não é feito por todos os vírus, pois a DC
possui um arsenal de receptores TLR, permitindo reconhecer partículas virais. Ela retrai os pseudópodes da
mucosa e vai para santuário mais próximo apresentar os vírus, de preferência com tudo degradado em
forma de peptídeos. Mas há vírus que conseguem se replicar dentro da DC: o HIV, além de pegar carona,
infecta; e o vírus da dengue também.
A resposta imune adquirida ideal contra vírus é Th1.
Explicação rápida sobre Th1: Temos uma DC que saiu do local de infecção, foi até o santuário mais
próximo. Apresenta partículas antigênicas, peptídeos dos vírus para as células T específicas (células T que
tem TCR específico). Ela tem que ter B7 para se ligar ao CD28, assim nós teremos a produção da IL-2, que
age de forma autócrina para induzir a proliferação. Logo depois da proliferação, tem a diferenciação.
Se a resposta ideal para vírus é Th1, no momento da sinapse imunológica é necessário que ocorra o
terceiro sinal com IL-12. A IL-12 é produzida no contexto da resposta imune natural, no contexto da
sinapse imunológica. Então, essa célula T (Th1) vai produzir grandes quantidades de IL-2 e IFN-γ. A IL-2 age
autocrinamente para induzir os rounds de replicação, mas é fundamental também para que uma APC
chamada CD plasmocitóide faça com que TCD8 se transforme em CTL (linfócito T citotóxico). Se não houver
esse excesso de IL-2, a TCD8 não consegue se transformar em CTL, que é uma célula TCD8 citotóxica com
grânulos com muita perforina e granzima.
A perforina forma um canal (homopolimerização) para que as granzimas adentrem, ativem as
caspases e matem a célula por apoptose. Não apenas a célula é destruída como todo o material genético
do vírus também vai ser cortado.
A célula executora da imunidade natural é a NK usando o mesmo mecanismo da CTL, que é a célula
executora da imunidade específica. Na hora que a CTL chega, ela não precisa de 2º sinal, ela só identifica
através do TCR o peptídeo. Se tiver o peptídeo ela libera o seu arsenal (granzimas e perforinas).
Na hora que ela vai atuar, já sendo uma CTL, ela não precisa de um 2º sinal. Agora para que ela se
torne uma CTL a resposta de base tem que ser Th1, porque ela precisa de excesso de IL-2 produzida.
Há a produção de anticorpos também, principalmente quando a infecção é aguda, do tipo IgG1 e
IgG3, nos seres humanos, que ajudam a neutralizar os vírus, a opsonizar partículas virais, ativam
complemento pela via clássica, realizam ADCC pela NK (Citotoxicidade Dependente de Anticorpo).
Então é uma resposta bem organizada. Se o vírus "for agudo", a resposta por anticorpo é
majoritária, se ele "for crônico", a resposta por CTL é a mais importante. Mas as duas coexistem, pois o
vírus vai sempre ter uma fase extracelular que vai induzir a produção de anticorpos. As células dendríticas
tem a capacidade de apresentar o mesmo antígeno que ela fagocitou tanto por MHC I e MHC II
(apresentação cruzada), permitindo assim que ela possa ativar uma TCD8, mesmo que ela não esteja
infectada.
Na 3ª via, macrófagos e DCs também são ativados, mas mais pra limpeza das células que já
morreram, pra fazer um clearance local.
Carolina Yeh, Cecília Isicke e Viviane Paiva Imunologia (Prova 2) Segundo semestre de 2012
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Na resposta imune celular contra o vírus, a principal via utilizada é a CTL, mas há também uma 2ª
via, a do Fas. “Quem ‘Fas’ morre”.
A TCD8 pode usar os dois mecanismos: pode degranular ou usar o mecanismo de Fas.
Quando uma célula está estressada, ela expressa as proteínas do choque térmico que é
reconhecida pelo receptor KAR da NK. E existe outra proteína que é expressa também quando há uma
hiperativação imune que é chamada de Fas (Fas pode ser chamado de CT95).
O nome da molécula que se liga ao Fas é o Fas ligante. Então na verdade, quando o Fas ligante se
liga ao Fas, morre a célula que apresenta o Fas, por isso “Quem ‘Fas’ morre”.
São duas vias que podem ser usadas pela CTL, as duas ativam caspases e a célula morre por
apoptose. Recapitulando, a perforina abre um poro, a granzima entra e ativa as caspases. A cauda
citoplasmática do Fas é que ativa as caspases também. Então o tipo de morte é igual, através da indução
de apoptose. A CTL pode usar um, ou outro, ou os dois. As duas vias, então, são:

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