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Carla Bertelli – 3° Período Endocardite Infecciosa Problema 7 1 – Compreender a fisiopatologia, agentes etiológicos e complicações da Endocardite 2 – Entender como ocorre o acesso a saúde na comunidade rural Definição É uma infecção microbiana das valvas cardíacas e do endocárdio mural, que leva a formação de vegetações composta de fragmentos trombóticos e organismos, frequentemente associados à destruição dos tecidos cardíacos subjacentes. Se caracteriza por colonização ou invasão de um agente microbiano nas valvas cardíacas e no endocárdio mural resultando na formação de vegetações volumosas e friáveis, assim como na destruição dos tecidos cardíacos subjacentes. Causas comuns – prolapso da valva mitral, cardiopatias congênitas, valvas cardíacas artificias e dispositivos implantáveis. Fatores Predisponentes – neutropenia, imunodeficiência, neoplasia maligna, imunopressão terapêutica, diabetes e uso de álcool ou fármacos intravenosos. Endocardite Aguda Infecção destrutiva e turbulenta causada com frequência por um microrganismo altamente virulento que ataca uma valva previamente normal. Essa infecção é capaz de causar morbidade e mortalidade substanciais mesmo com antibioticoterapia e/ou cirurgia apropriadas. Endocardite Subaguda : infecção causada por microrganismos de baixa virulência que atacam um coração previamente doente, principalmente as valvas cicatrizadas e deformadas. A doença normalmente aparece de modo insidioso e — mesmo sem tratamento — segue um curso demorado de semanas a meses; a maioria dos pacientes recupera-se após receber antibioticoterapia adequada. Endocardite Bacteriana Valva mitral apresenta vegetações destrutivas que erodiram as margens livres da cúspide valvar. O desenvolvimento de cepas de microrganismos resistentes em razão do uso indiscriminado de antibióticos e o aumento da população de pacientes imunossuprimidos tem dificultado a classificação da EI em casos agudos e subagudos. Carla Bertelli – 3° Período Fatores de Risco Etiologia A Faixa Etária acometida pela endocardite infecciosa tem se elevado, acometendo mais pacientes atualmente. Maior expectativa de vida -> Doenças valvares degenerativas Menor Incidência de doença reumática em indivíduos mais jovens. O Uso de Drogas Injetáveis corresponde a um dos principais fatores de risco para a endocardite infecciosa em adultos e jovens. A população pediátrica acometida se deve a cardiopatias congênitas A endocardite nosocomial ocorre em pacientes que apresentam cateteres venoso profundo e marca-passos transvenosos. Essa endocardite é causada principalmente em ambiente hospitalar. As infecções estafilocócicas tornaram-se a causa mais comum de EI, seguidas de estreptococos e enterococos. Os microrganismos causadores diferem de acordo com os fatores de risco subjacentes. Cerca de 50-60% dos casos de endocardite que afeta valvas lesadas ou deformadas são causados pelo Streptococcus viridans, um grupo relativamente comum da flora oral normal. O S. aureus, mais virulento (e comum na pele), pode atacar valvas deformadas e também valvas saudáveis e é responsável por 10-20% de todos os casos; ele também é o principal vilão das infecções que acometem os indivíduos que abusam de drogas intravenosas. Em cerca de 10% de todos os casos de endocardite, nenhum microrganismo é isolado do sangue (endocardite com cultura negativa) como consequência de antibioticoterapia prévia, dificuldades no isolamento do agente infeccioso ou porque os microrganismos rofundamente entranhados nas vegetações em crescimento não são liberados para a corrente sanguínea. Os outros agentes bacterianos envolvidos são os enterococos e os microrganismos do grupo denominado HACEK (Haemophilus, Actinobacillus, Cardiobacterium, Eikenella e Kingella), todos comensais da cavidade oral. Em casos raros, bacilos Gram – negativos e fungos estão envolvidos. Carla Bertelli – 3° Período Patologia A porta de acesso à corrente sanguínea pode ser uma infecção evidente, um procedimento dentário ou cirúrgico que cause uma bacteremia transitória, injeção de substância contaminada diretamente no sangue, ou fonte oculta na cavidade oral do intestino. As valas mitral e aórtica são afetadas mais comumente pela infecção, embora o coração direito também possa ser envolvido, especialmente nos usuários de substâncias intravenosos. A disseminação dos microrganismos na corrente sanguínea é o fator principal que resulta no desenvolvimento da EI. O reconhecimento dos substratos anatômicos predisponentes e das condições clínicas que causam bacteremia permite que se faça a profilaxia antibiótica apropriada. Os agentes etiológicos diferem até certo ponto nos principais grupos de risco elevado. Staphylococcus aureus é o agente patogênico principal entre os usuários de substâncias intravenosas. Lesão endotelial, bacteriemia e disfunção hemodinâmica podem promover a formação de um trombo de fibrina-plaquetas sobre o revestimento endotelial. O trombo está sujeito à implantação de bactérias durante a bacteriemia transitória, causando ativação dos monócitos, bem como formação de citocinas e fatores tissulares, resultando na proliferação progressiva das vegetações valvares infectadas. A organização frouxa dessas lesões torna possível que microrganismos e fragmentos das lesões formem êmbolos, que são levados na corrente sanguínea e causam embolia cerebral, pulmonar ou sistêmica. Lesões Vegetativas Consistem em uma coleção de microrganismos e restos celulares entremeados em faixas de fibrina do sangue coagulado. Podem ser únicas ou múltiplas Podem crescer até alcançar vários centímetros e geralmente estão frouxamente aderidos às bordas libres da superfície valvar; Os focos infecciosos liberam continuamente bactérias na corrente sanguínea e são uma fonte de bacteremia persistente. Manifestações Clínicas Em mais de 80% dos casos, o período de incubação até o início dos sintomas é de cerca 2 semanas mais ou menos. Entretanto, quando a infecção é causada por cândida, o período de incubação chega até 5 meses. Os sintomas iniciais de EL podem ser: febre, sinais de infecção sistêmica, alterações das características de um sopro cardíaco preexistente, indícios de disseminação embólica das lesões vegetativas. Forma Aguda A febre geralmente ocorre em picos e causa calafrios. Forma Subaguda A Febre comumente é baixa, tem inicio gradativo e frequentemente está acompanhada de outros sinais sistêmicos de infecção, inclusive crescimento do baço, anorexia, mal estar e latergia. Carla Bertelli – 3° Período Diagnóstico Não pode ser estabelecido por nenhum teste isolado. Se baseia no exame clínico, nos resultados dos exames laboratoriais e do ecocardiograma. Critérios de DUKE – padronizam a avaliação dos pacientes com quadro suspeito de EL, que incorpora os resultados da hemocultura e do exame cardiográfico, as manifestações clínicas e os dados laboratoriais. Diagnóstico A EI é de difícil diagnóstico. O diagnóstico da doença não pode ser estabelecido por nenhum teste isolado, mas se baseia no exame clínico e nos resultados dos exames laboratoriais e do ecocardiograma. Critérios de Duke Modificados Critérios maiores: hemocultura positiva para EI, indícios de acometimento do endocárdio. Critérios menores: predisposição à EI, doença cardíaca predisponente, ou uso de substâncias psicoativas intravenosas; febre com temperatura > 38°C; fenômenos vasculares, inclusive indícios de embolia arterial; fenômenos imunes como glomerulonefrite; indícios microbiológicos, inclusive hemocultura que não atende aos critériosmaiores Os casos são classificados como “definitivos” quando preenchem dois critérios maiores, um critério maior mais dois critérios menores, ou cinco critérios menores. Os casos são definidos como “possíveis” quando atendem a um critério maior e um critério menor, ou três critérios menores. O diagnóstico de EI é descartado quando se estabelece um diagnóstico alternativo, a infecção regride com tratamento antibiótico em 4 dias ou menos, ou não há evidência histológica de infecção. Exames Hemocultura: é o exame complementar mais conclusivo e é essencial à escolha do tratamento. Três amostras de sangue retiradas de três locais diferentes de punção venosa devem ser obtidas no intervalo de 24 h. Entretanto, o uso indiscriminado de antibióticos tem dificultado a identificação do agente etiológico. O ecocardiograma: é a principal técnica usada para detectar vegetações e complicações cardíacas causadas pela EI e é um recurso importante ao diagnóstico e tratamento da doença. A ACC/AHA recomenda ecocardiograma para todos os pacientes sob suspeita de EI. Ecocardiograma transtorácico: é recomendado que seja realizado nos casos de risco inicialmente baixo ou suspeita clínica fraca. Ecocardiograma transesofágico: seja reservado para os casos em que a suspeita é de moderada a alta. Os indivíduos altamente suspeitos de ter EI são portadores de valvas artificiais, tiveram EI no passado, têm cardiopatia congênita complexa ou insuficiência cardíaca ou um sopro cardíaco de início recente. Carla Bertelli – 3° Período Manifestações Clínicas Os sinais e sintomas iniciais da EI podem ser: febre e sinais de infecção sistêmica, alterações das características de um sopro cardíaco preexistente e indícios de disseminação embólica das lesões vegetativas. Endocardite subaguda (sobretudo nos idosos): a febre pode estar ausente, e as únicas manifestações podem ser fadiga inespecífica, perda de peso e uma síndrome semelhante à gripe; a esplenomegalia também é comum nos casos subagudos. Endocardite aguda: com frequência tem início violento que inclui febre de desenvolvimento rápido, calafrios, fraqueza e cansaço. Em mais de 80% dos casos, o período de incubação até o início dos sintomas é de cerca de 2 semanas ou menos. Quando a infecção é causada por Candida, o período de incubação pode chegar até 5 meses. Os sopros estão presentes em 90% dos pacientes com lesões no lado esquerdo do coração; os microêmbolos podem dar origem a petéquias, hemorragias no leito ungueal, hemorragias retinianas (manchas de Roth), lesões eritematosas indolores na palma das mãos ou na sola dos pés (lesões de Janeway) ou nódulos doloridos nas pontas dos dedos (nódulos de Osler) As complicações geralmente surgem nas primeiras semanas após o início do processo infeccioso e podem incluir a glomerulonefrite causada pelo aprisionamento glomerular de complexos antígeno-anticorpo que pode provocar hematúria, albuminúria ou insuficiência renal. A presença de quadro séptico, arritmias (que sugerem a invasão do miocárdio subjacente) e êmbolos sistêmicos indica mau prognóstico . A taxa de cura das infecções por microrganismos de baixa virulência (p. ex., Streptococcus viridans ou Streptococcus bovis) é de 98%, e as taxas de cura das infecções por enterococos e Staphylococcus aureus variam de 60-90%. A taxa de cura da endocardite que afeta as próteses valvares é 10-15% inferior em todos os casos. Tratamento O tratamento da EI enfatiza a identificação e a erradicação do agente microbiano causador, a atenuação dos efeitos cardíacos residuais e o tratamento das consequências patológicas dos êmbolos. O desenvolvimento generalizado de microrganismos resistentes a vários antibióticos, inclusive S. aureus, impõe grande desafio ao tratamento da EI. Antibioticoterapia Após resultado do antibiograma do germe isolado em cultura, a antibioticoterapia deve ser ajustada para a sensibilidade do patógeno. Os antibióticos devem ser administrados via intravenosa, com agentes bactericidas e utilizando combinações sinérgicas. Aguda: Oxacilina + ampicilina ou Penicilina G cristalina/Ceftriaxone + Gentamicina Subaguda: Penicilina G cristalina/Ceftriaxone/ampicilina + Gentamicina. Valva Protética: Oxacilina + Gentamicina, Rifampicina. A duração do tratamento vai variar de acordo com o tipo de valva, com duração de 4 semanas se valva nativa e de 6 a 8 semanas se prótese valvar Carla Bertelli – 3° Período Procedimento Cirúrgico O tratamento cirúrgico é indicado em diversas condições e é cogitado em EI graves, prolongas ou com lesões irreversíveis impactantes. Bacteremia persistente: hemoculturas positivas após sete dias de antibioticoterapia. Insuficiência cardíaca por regurgitação valvar aguda grave. Infecção não controlada localmente, presença de complicações. Vegetações > 20 mm em valva tricúspide Agentes muito destrutivos ou pouco responsivos ao tratamento (como fungos, S. aureus). Profilaxia A profilaxia para EI por meio do uso de antibióticos profiláticos é controvertida. As recomendações atuais concluem que apenas uma porcentagem muito pequena dos casos de EI poderia ser evitada por profilaxia antibiótica antes de procedimentos dentários. A profilaxia é recomendável apenas para pacientes que já tiveram EI ou têm cardiopatia congênita (p. ex., cardiopatia congênita cianótica não reparada, ou cardiopatia reparada por material artificial ou com falhas residuais), valva cardíaca artificial e transplante cardíaco com cardiopatia valvar secundária. A profilaxia não é recomendada com base unicamente no aumento do risco de adquirir EI ao longo da vida. Não alérgicos à penicilina: Amoxicilina ou Ampicilina 2 g via oral ou IV. Alérgicos à penicilina: Clindamicina 600 mg via oral ou IV. Alternativas: Cefalexina 2 g via oral, Cefazolina ou Ceftriaxona 1 g EV. Principais Doenças associadas às lesões das valvas cardíacas Doença Reumática Valvar – se manifesta na forma de estenose fibrótica deformante da valva atrioventricular esquerda (mitral) -> basicamente a única cauda da estenose adquirida da valva atrioventricular esquerda. Doença Valvar Degenerativa – afetam a integridade da matriz extracelular das valvas. Regurgitação aórtica – insuficiência da valva aórtica que causa fluxo reverso do sangue da aorta para ventrículo esquerdo durante a diástole. Estenose Aórtica – estreitamento da valva aórtica, obstruindo o fluxo sanguíneo do ventrículo esquerdo para a aorta ascendente durante a sístole. Regurgitação Mitral – insuficiência da valva aórtica, obstruindo o fluxo sanguíneo do ventrículo esquerdo para a aorta ascendente durante a sístole. Prolapso da Valva Mitral – abaulamento das cúspides da valva mitral para o AE durante a sístole. Carla Bertelli – 3° Período Saúde da População Rural As populações rurais vivenciam, cotidianamente, desafios e obstáculos para acessarem os serviços de saúde, proporcionalmente mais complexos, se comparadas às urbanas. Contemporaneamente, as necessidades de saúde dessas populações seguem para uma proposição de cuidados já dispensados às demais. Ressalta-se a imprescindibilidade de direcionar ações e iniciativas que reconheçam as especificidades desses territórios; objetivando o acesso aos serviços de saúde; a redução de riscos decorrentes dos processos de trabalho e das inovações tecnológicas agrícolas; a melhoria dos indicadores e da qualidade de vida, aproximando essas populações da integralidade do cuidado. As diferentes experiências de vida, de trabalho e do processo saúde doença, no contexto rural, corroboram para uma visão ampliada de saúde, não limitada à ausência de doenças.Há uma compreensão crítica do contexto, que permite reconhecer as desigualdades sociais e mobilizar as lutas por seus ideais e necessidades Nessa perspectiva, a luta dos movimentos sociais do campo têm dado maior visibilidade a esse tema, aprovando, em 2011, a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas (PNSIPCFA), que visa atender às necessidades de saúde, melhorar os indicadores e a qualidade de vida da população rural2. No entanto, destaca-se o fato de não se ter um conceito consistente para definir o rural, que usualmente é delineado pela localização e densidade populacional, tendo como principal parâmetro não ser urbano ou metropolitano, o que torna imprescindível reconceituá-lo, objetivando melhor representar esses territórios, ampliando a confiabilidade de censos e políticas públicas. Entende-se que valorizar a integralidade do cuidado, olhando para o território, ouvindo as expressões populares, compreendendo os valores das pessoas e de suas necessidades de saúde, torna-se relevante nas ações dos profissionais de saúde que atuam nesse contexto. Essa construção contribui para alargar espaços dialógicos com as comunidades, inserindo e fortalecendo as ações de saúde, de promoção e prevenção. Percebe-se a urgência de ampliar o saber no que tange às condições de saúde das famílias rurais, seus anseios, condições de vida e as ações que os profissionais de saúde estão realizando para contemplar a prevenção de doença e a promoção da saúde. Emergem, assim, gradativas denúncias de vulnerabilidade e exposição dessa população aos agrotóxicos e à migração. Temas que expõem contradições em relação ao modo de produção, despertando para a temática de investigar o que a população rural considera importante para ter saúde nesse território. Diante disso, este estudo busca compreender o que é necessário para ter saúde na perspetiva da população rural, e como os profissionais podem contribuir para esse processo. • Dificuldade de Locomoção • Difícil acesso, não dão a mesma Importância
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