Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
@resumosdamed_ 1 ENDOCARDITE INFECCIOSA CONHECER A DEFINIÇÃO, QUADRO CLÍNICO (HISTÓRIA, EXAME FÍSICO E EXAMES), FISIOPATOLOGIA E FATORES DE RISCO ENVOLVIDOS NA ENDOCARDITE INFECCIOSA: DEFINIÇÃO: Endocardite infecciosa é definida como uma infecção, geralmente bacteriana, da superfície endocárdica do coração. A endocardite infecciosa acomete principalmente as válvulas cardíacas, embora em alguns casos os septos entre as câmaras, o endocárdio mural ou os dispositivos eletrônicos implantáveis (p. ex., marca-passos) possam ser comprometidos. Tradicionalmente, a endocardite infecciosa tem sido classificada como “aguda” ou “subaguda”, dependendo da duração dos sintomas antes da apresentação. Normalmente, a endocardite infecciosa aguda era causada pelo Staphylococcus aureus, e a endocardite infecciosa subaguda pelos estreptococos do grupo viridans. Entretanto, estas categorias demonstraram ser pouco confiáveis. Uma classificação que considera os microrganismos causadores e a válvula comprometida é mais relevante do ponto de vista clínico. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: HISTÓRICO: A apresentação inicial da endocardite infecciosa varia significativamente de paciente para paciente. Alguns casos se desenvolvem de forma aguda, com sintomas progredindo rapidamente ao longo de vários dias. Outros casos se desenvolvem de forma insidiosa e se apresentam com sintomas inespecíficos ao longo de semanas ou meses. Em pacientes com suspeita de endocardite infecciosa, o histórico inicial deve incluir revisão completa dos sistemas, histórico de viagem e uma discussão completa acerca dos comportamentos relacionados à saúde, como uso de drogas ilícitas e atividade sexual. A maioria dos pacientes se queixa de febre e sintomas constitucionais inespecíficos, como fadiga, mal-estar ou perda de peso. Aproximadamente 50% deles se queixam de sintomas musculoesqueléticos que variam de artrite franca a mialgias difusas. Em cerca de 5% a 10% dos pacientes a lombalgia é a principal queixa, mesmo na ausência de osteomielite ou abscesso epidural. Em muitos usuários de drogas intravenosas com endocardite infecciosa da valva tricúspide e pacientes com dispositivos implantáveis no lado direito do coração, a endocardite pode se apresentar como dor torácica pleurítica e pneumonia multilobar. A endocardite infecciosa associada a tratamento de saúde tende a ser clinicamente oculta e exige alto índice de suspeição. EXAME FÍSICO: Um exame físico completo deve incluir a procura de sinais periféricos, que são muito úteis quando presentes, mas são menos frequentes agora do que no passado. Embora a febre esteja presente em até 90% dos pacientes, é menos comum nos pacientes idosos e naqueles com insuficiência renal ou insuficiência cardíaca. Uma pressão de pulso alargada deve alertar o clínico para a possibilidade de insuficiência aórtica aguda. A pele e as unhas devem ser cuidadosamente examinadas à procura de fenômenos embólicos não específicos, como petéquias, nódulos de Osler, lesões de Janeway e hemorragias em estilhas. As petéquias são encontradas com @resumosdamed_ 2 mais frequência na conjuntiva, palato e extremidades. Os nódulos de Osler são pequenos nódulos dolorosos encontrados com mais frequência nas superfícies palmares dos dedos das mãos e dos pés; muitas vezes, aparecem e regridem. Classicamente considerados um fenômeno imunológico, os nódulos de Osler podem ter um componente mediado por complexos imunológicos, mas é provável que sejam iniciados por microêmbolos. As lesões de Janeway são máculas hemorrágicas indolores encontradas principalmente nas palmas e plantas; sua origem é embólica e elas observadas com menos frequência do que os outros sinais cutâneos. As hemorragias em estilhas são lesões vermelho-amarronzadas, lineares, que não descoram, nos leitos ungueais, paralelas à direção de crescimento das unhas; são inespecíficas e também podem ser encontradas em uma porcentagem significativa de pacientes hospitalizados sem endocardite infecciosa. EXAMES: O exame do fundo de olho deve ser realizado em busca de manchas de Roth, coriorretinite e endoftalmite, estando as duas últimas presentes em uma proporção substancial de casos de endocardite fúngica. Deve-se realizar o exame cardíaco com extremo cuidado, a fim de detectar qualquer sopro sistólico ou diastólico ou evidência de insuficiência cardíaca, o que é um sinal de mau prognóstico. É digno de nota que os pacientes com endocardite infecciosa associada a tratamento de saúde apresentam menos sopro patológico à ausculta cardíaca na apresentação inicial do que os outros pacientes com endocardite infecciosa. O abdome deve ser examinado à procura de esplenomegalia, um achado mais comum em pacientes com a forma subaguda de endocardite. Por fim, deve-se realizar um exame neurológico completo, tanto para avaliar o paciente com relação a qualquer deficit neurológico focal quanto para servir como referência durante a hospitalização. O exame neurológico pode demonstrar evidência de embolia de grande vaso, paralisia de nervos cranianos, defeitos de campos visuais ou uma encefalopatia toxicometabólica generalizada com estado mental alterado. Até 15% a 20% dos pacientes com endocardite têm um AVC antes da apresentação ou durante o curso da sua doença. Pacientes com endocardite infecciosa relacionada com dispositivo têm, com frequência, sinais e sintomas locais de infecção no local de implantação. PATOGÊNESE: O endotélio normal é resistente à infecção pela maioria das bactérias e à formação de trombos. A lesão endotelial (p. ex., no local de impacto de jatos sanguíneos de alta velocidade ou no lado de baixa pressão de lesão estrutural cardíaca) permite ora a infecção direta por microrganismos virulentos, ora a formação de um trombo não infectado de plaquetas e fibrina – distúrbio denominado endocardite trombótica não bacteriana (NBTE). Esse trombo serve como local de inserção bacteriana durante a bacteremia transiente. As alterações cardíacas que mais comumente resultam em NBTE são insuficiência mitral, estenose aórtica, insuficiência aórtica, comunicações interventriculares e cardiopatias congênitas complexas. A NBTE também pode resultar de estado de hipercoagulabilidade; esse fenômeno dá origem à endocardite marântica (vegetações não infectadas observadas em pacientes com doença maligna ou crônica) e a vegetações assépticas que complicam o lúpus eritematoso sistêmico e a síndrome anticorpos antifosfolipídeos. Os microrganismos que causam endocardite geralmente entram na corrente sanguínea a partir das superfícies mucosas, da pele ou de locais de infecção focal. Exceto pelas bactérias mais virulentas (p. ex., S. aureus), que podem aderir diretamente ao endotélio intacto ou ao tecido subendotelial exposto, os microrganismos presentes no sangue aderem aos Figura 1: Petéquias Figura 2: Nódulo de Osler @resumosdamed_ 3 locais de NBTE. Os microrganismos que costumam causar endocardite expressam adesinas superficiais, denominadas, em conjunto, componentes da superfície microbiana que reconhecem as moléculas de aderência da matriz (MSCRAMMs), que medeiam a aderência aos locais de NBTE ou ao endotélio lesionado. A aderência é facilitada: • pelas proteínas de ligação à fibronectina existentes na superfície de muitas bactérias Gram-positivas; • pelo fator aglutinante (proteína de superfície que se liga à fibrina ou ao fibrinogênio) presente em S. aureus; • pelas proteínas de superfície de ligação ao fibrinogênio (Fss2) e proteína de superfície de ligação ao colágeno (Ace) e Ebp pili (essa última mediando a aderência à plaqueta) no Enterococcus faecalis; e • pelas glicanas ou FimA (membro da família das adesinas da mucosa oral) dos estreptococos. As proteínas de ligação à fibronectina são necessárias para que o S. aureus invada o endotélio intacto;desse modo, tais proteínas de superfície facilitam a infecção de valvas previamente normais. Na ausência de defesa do hospedeiro, os microrganismos, entremeados na crescente vegetação de fibrinas e plaquetas, proliferam formando densas microcolônias. Os microrganismos também induzem a deposição plaquetária e um estado pré-coagulante localizado, extraindo o fator tecidual do endotélio ou, no caso do S. aureus, também dos monócitos. O depósito de fibrina combina- se à agregação plaquetária e à proliferação de microrganismos, dando origem a uma vegetação infectada. Os microrganismos situados na profundidade da vegetação são inativos do ponto de vista metabólico (não proliferam) e relativamente resistentes à destruição por antimicrobianos. Os microrganismos que proliferam na superfície são continuamente liberados na corrente sanguínea. As consequências fisiopatológicas e as manifestações clínicas da endocardite – outras que não os sintomas constitucionais, que provavelmente resultam da produção de citocinas –, decorrem: • de lesão das estruturas intracardíacas; • da embolização de fragmentos de vegetação, levando à infecção ou ao infarto de tecidos distantes; • da infecção hematogênica de locais a distância durante a bacteremia; e • de lesões teciduais causadas pelo depósito de imunocomplexos circulantes ou às respostas imunológicas aantígenos bacterianos depositados. FATORES DE RISCO: Os homens são acometidos com mais frequência que as mulheres (proporção de homens para mulheres de 1,7:1 em 18 grandes séries). Entretanto, em pacientes com menos de 35 anos, mais casos ocorrem em mulheres. Mais de 50% dos pacientes com endocardite infecciosa nos Estados Unidos têm agora mais de 50 anos, o que pode ser consequência da baixa incidência de febre reumática aguda, do baixo desenvolvimento posterior de cardiopatia reumática e de uma elevação simultânea na prevalência de cardiopatia degenerativa valvar na população em envelhecimento. Embora alguns pacientes não apresentem fator de risco claramente definido para endocardite, condições cardíacas que causam fluxo turbulento na superfície endocárdica ou através de uma válvula predispõem os pacientes à endocardite infecciosa. As válvulas mais comumente afetadas em ordem decrescente de prevalência são a válvula mitral única, a válvula aórtica, as válvulas mitral e aórtica em conjunto, a válvula tricúspide, infecção mista dos lados direito e esquerdo e a válvula pulmonar. @resumosdamed_ 4 IDENTIFICAR AS POSSÍVEIS PORTAS DE ENTRADA PARA A INFECÇÃO CARDÍACA E OS PRINCIPAIS AGENTES ENVOLVIDOS, CONSIDERANDO AS DIFERENTES POPULAÇÕES E VIAS DE CONTAMINAÇÃO: Embora muitas espécies de bactérias e fungos causem episódios esporádicos de endocardite, umas poucas espécies bacterianas causam a maioria dos casos. A cavidade oral, a pele e o trato respiratório superior são os respectivos portais primários para os estreptococos viridans, os estafilococos e os microrganismos HACEK (Haemophilus spp, Aggregatibacter spp., Cardiobacterium spp., Eikenella spp. e Kingella spp.). A subespécie gallolyticus do Streptococcus gallolyticus (antigo S. bovis subtipo 1) tem origem no trato gastrintestinal, onde se associa a pólipos e tumores colônicos, e os enterococos entram na corrente sanguínea a partir do trato geniturinário. A EVN associada aos cuidados com a saúde, geralmente causada pelo Staphylococcus aureus, estafilococos coagulase-negtivos (CoNS) e enterococos, possui um início hospitalar (55%) ou na comunidade (45%); esses últimos se desenvolvem em pacientes que tiveram contato extenso com o sistema de cuidados com a saúde nos últimos 90 dias. A endocardite complica 6-25% dos episódios de bacteremia por S. aureus associados ao cateter; as taxas mais altas são detectadas por rastreamento cuidadoso com ecocardiografia transesofágica (ETE). A endocardite de valva protética (EVP) que surge até 2 meses após a cirurgia valvar é geralmente hospitalar, resulta de contaminação intraoperatória da prótese ou de complicação bacterêmica no pós operatório. Essa origem hospitalar se reflete nos principais microrganismos causadores: S. aureus, CoNS, bacilos Gram negativos facultativos, difteroides e fungos. Nos casos que começam > 12 meses após a cirurgia, as portas de entrada e os microrganismos causais são semelhantes aos da EVN adquirida na comunidade. A EVP decorrente de CoNS que surge entre 2 e 12 meses após a cirurgia frequentemente representa uma infecção hospitalar de início tardio. Independentemente do momento do início após a cirurgia, pelo menos 68-85% das cepas de CoNS que causam EVP são geralmente resistentes à meticilina. A endocardite relacionada a um marca-passo permanente ou a um cardiodesfibrilador implantável envolve o dispositivo ou o endotélio nos pontos de contato. Ocasionalmente, há infecção aórtica ou da valva mitral simultânea. Trinta e três por cento dos casos de endocardite por DEIC se apresentam em 3 meses após o implante ou a manipulação do dispositivo, outros 33% se apresentam 4-12 meses, e outros 33% em > 1 ano. A maioria é causada por S. aureus e CoNS, ambos geralmente resistentes à meticilina. A endocardite que ocorre entre usuários de drogas injetáveis, especialmente aquela envolvendo a valva tricúspide, é comumente causada por S. aureus, que, em muitos casos, é resistente à meticilina. As infecções das valvas do lado esquerdo em adictos têm uma etiologia mais variada. Além dos casos comuns de endocardite, esses casos podem ocorrer devido a Pseudomonas aeruginosa e espécies de Candida, e casos esporádicos podem ser causados por organismos incomuns, como Bacillus, @resumosdamed_ 5 Lactobacillus e espécies de Corynebacterium. A endocardite polimicrobiana ocorre em usuários de drogas injetáveis. A infecção por HIV nos usuários de drogas não tem influência significativa nas causas de endocardite. De 5-15% dos pacientes com endocardite têm hemoculturas negativas; em 33-50% dos casos, as culturas são negativas por causa de exposição prévia a antibióticos. Os restantes correspondem a pacientes infectados por microrganismos fastidiosos, tais como os estreptococos nutricionalmente variantes (agora designados Granulicatella e Abiotrophia spp.), microrganismos HACEK, Coxiella burnetti e espécies de Bartonella. A Tropheryma whipplei causa uma forma de endocardite indolente, afebril e com hemoculturas negativas. DISCRIMINAR O PROCESSO DE INVESTIGAC ̧ÃO LABORATORIAL, HEMOCULTURAS E EXAMES DE IMAGEM NO DIAGNÓSTICO DA ENDOCARDITE INFECCIOSA. DISCUTIR CRITÉRIOS DE DUKE MODIFICADOS. OS CRITÉRIOS DE DUKE - HARRISON Só é possível estabelecer o diagnóstico de certeza de endocardite infecciosa quando as vegetações são submetidas a exames histológicos e microbiológicos. Entretanto, foi desenvolvido um esquema diagnóstico altamente sensível e específico – conhecido como critérios de Duke modificados – com base nos achados clínicos, laboratoriais e ecocardiográficos comumente encontrados em pacientes com endocardite. Enquanto desenvolvidos como ferramentas de pesquisa em vez de manejo do paciente, os critérios podem ser uma útil ferramenta clínica. Para que sejam completamente úteis na avaliação dos pacientes, dados apropriados devem ser coletados. Além disso, deve-se exercitar o julgamento clínico de modo a usar os critérios com efetividade. A comprovação de dois critérios maiores; de um critério maior e de três menores; ou de cinco critérios menores possibilita o diagnóstico clínico definitivo de endocardite. O diagnóstico de endocardite será excluído se for estabelecido outro diagnóstico, se os sintomas se resolverem e não recorrerem com ≤ 4 dias de antibioticoterapia, ou se a cirurgia ou a necropsia realizada após ≤ 4 dias de antibioticoterapia não mostrarevidência histológica de endocardite. Os quadros que não podem ser classificados como endocardite definitiva e que não podem ser rejeitados como tal são considerados casos de possível endocardite infecciosa, quando se preenchem um critério maior e um menor, ou três critérios menores. A necessidade de se identificarem manifestações clínicas de endocardite para que se possa classificar o quadro como endocardite infecciosa possível aumenta a especificidade do esquema, sem reduzir significativamente a sua sensibilidade. A menos que existam circunstâncias que justifiquem o contrário, os pacientes com endocardite definitiva ou possível são tratados de acordo. @resumosdamed_ 6 CRITÉRIOS DE DUKE MODIFICADOS PARA O DIAGNÓSTICO CLÍNICO DA ENDOCARDITE INFECCIOSA CRITÉRIOS MAIORES HEMOCULTURA POSITIVA Microrganismo típico de endocardite infecciosa em duas hemoculturas separadas: • Estreptococos viridans, Streptococcus gallolyticus, organismos do grupo HACEK, Staphylococcus aureus, ou • Enterococos adquiridos na comunidade na ausência de um foco primário, Hemoculturas persistentemente positivas, definidas pelo isolamento de um microrganismo condizente com endocardite infecciosa a partir de: • Hemoculturas coletadas > 12 h de intervalo; ou • Todas de 3, ou a maior parte de ≥ 4 hemoculturas separadas, sendo a primeira e a última coletadas com pelo menos 1 h de intervalo Evidência de envolvimento endocárdico ECOCARDIOGRAMA POSITIVO • Massa intracardíaca oscilante sobre a valva, ou sobre as estruturas de suporte, ou no trajeto de jatos regurgitantes ou sobre material implantado, na ausência de uma explicação anatômica alternativa, ou • Abscesso, ou • Uma nova deiscência parcial em uma valva protética, ou uma nova regurgitação valvar (não basta o aumento ou a alteração de um sopro preexistente) CRITÉRIOS MENORES 1. Predisposição: condição cardíaca predisponente ou uso de drogas injetáveis 2. Febre ≥ 38,0°C 3. Fenômenos vasculares: grandes êmbolos arteriais, infartos sépticos pulmonares, aneurisma micótico, hemorragia intracraniana, hemorragias conjuntivais, lesões de Janeway 4. Fenômenos imunológicos: glomerulonefrites, nódulos de Osler, manchas de Roth, fator reumatoide 5. Evidência microbiológica: hemocultura positiva, mas que não satisfaz um dos critérios maiores, como previamente observado, d ou evidências sorológicas de infecção ativa por um organismo condizente com a endocardite infecciosa CRITERIOS DE DUKE - ANVISA CRITÉRIOS MAIORES HEMOCULTURA POSITIVA • Agentes típicos de endocardite (S. viridans, S. bovis, HACEK ou S. aureus ou Enterococcus spp.) em duas amostras diferentes de hemocultura na ausência de um foco infeccioso à distância; • Hemoculturas persistentemente positivas para qualquer agente (amostras colhidas com mais de 12 horas de diferença); • Três ou mais hemoculturas positivas para qualquer agente, sendo que a primeira e a última amostra tenha sido colhidas com intervalo mínimo de 1 hora; • evidência de envolvimento miocárdico. ACHADOS ECOCARDIOGRÁFICOS POSITIVOS: • Massa intracardíaca móvel em valva ou nas estruturas de suporte; • Abscesso; • Nova deiscência de valva protética; • nova regurgitação valvar (alteração de murmúrio ou sopro não é considerado suficiente). @resumosdamed_ 7 CRITÉRIOS MENORES • Doença cardíaca predisponente ou uso de droga intravenosa; • Febre (temperatura acima de 38oC); • Fenômenos vasculares: embolização arterial, infartos pulmonares sépticos, aneurisma micótico, hemorragia intracraniana, lesões de Janeway; • Fenômenos imunológicos: glomerulonefrite, nódulos de Osler, manchas de Roth, fator reumatóide; • ecocardiograma consistente com endocardite, mas não compatível com os achados dos critérios maiores acima; • Hemocultura positiva que não preenche os critérios maiores; • evidência sorológica de infecção ativa por agente causador de endocardite bacteriana. DESCREVER O TRATAMENTO ANTIMICROBIANO NA ENDOCARDITE GUIADO POR FATORES DE RISCO E AGENTES ETIOLÓGICOS. HARRISON TRATAMENTO ANTIMICROBIANO Para curar a endocardite, todas as bactérias na vegetação devem ser erradicadas. Contudo, é difícil erradicá-las, porque as defesas do hospedeiro são deficientes e porque as bactérias, em sua maior parte, não estão se multiplicando e se encontram em um estado de inatividade metabólica, tornando, assim, difícil essa tarefa para os antibióticos. Desse modo, o tratamento deve ser bactericida e prolongado. Os antibióticos são geralmente administrados por via parenteral para alcançar as altas concentrações séricas, que por difusão passiva, produzem concentrações eficazes na intimidade da vegetação. A seleção do tratamento eficaz requer conhecimento da sensibilidade dos microrganismos causais. A decisão de iniciar o tratamento empiricamente depende da confrontação entre a necessidade de se estabelecer um diagnóstico microbiológico e o potencial de progressão da doença ou a necessidade de cirurgia urgente (ver “Hemoculturas”, anteriormente). A infecção simultânea em outros locais (como as meninges), alergias, disfunção de órgãos-alvo, interações com as medicações concomitantemente administradas e riscos de eventos adversos devem ser considerados na seleção da terapia. Embora mantidos por várias semanas a mais, os esquemas recomendados de tratamento da EVP (exceto nas infecções estafilocócicas) são semelhantes aqueles usados para tratar da EVN. A dosagem e a duração recomendadas para o tratamento devem ser seguidas, a menos que sejam necessárias alterações em decorrência de distúrbios de órgãos-alvo ou efeitos adversos. TRATAMENTO COM ANTIBIÓTICOS PARA AS ENDOCARDITES INFECCIOSAS CAUSADAS POR ORGANISMOS COMUNS @resumosdamed_ 8 @resumosdamed_ 9 TRATAMENTO EMP ÍRICO Administrada antes que os resultados das culturas sejam conhecidos ou quando eles forem negativos. Os indícios clínicos e epidemiológicos da possível etiologia devem ser considerados A profilaxia é recomendada apenas quando há manipulação do tecido gengival, da região periapical do dente ou em que haja perfuração da mucosa oral (incluindo cirurgia do trato respiratório). A profilaxia não é recomendável para pacientes submetidos a procedimentos gastrintestinais ou geniturinários. Pacientes com alto risco devem ser tratados antes que sejam submetidos a procedimentos que envolvam trato geniturinário infectado, pele infectada ou tecidos moles infectados. @resumosdamed_ 10 ANVISA TRATAMENTO ANTIMICROBIANO Algumas vezes o tratamento antimicrobiano precisa ser iniciado antes do resultado de culturas. Para isso, existem algumas características que podem guiar a escolha empírica: TRATAMENTO DAS ENDOCARDITES BACTERIANAS APÓS A IDENTIFICAC ̧ÃO DO AGENTE ETIOLÓGICO DESCREVER OS AMINOGLICOSÍDEOS, MECANISMO DE AÇÃO E EFEITOS ADVERSOS PRINCIPAIS (HIPERSENSIBILIDADE, OTO E NEFROTOXICIDADE): CONHECER AMICACINA E GENTAMICINA. A estreptomicina foi o primeiro aminoglicosídeo obtido a partir do fungo Streptomyces griseus em 1944. As principais drogas utilizadas atualmente em @resumosdamed_ 11 nosso meio, além da estreptomicina, são: gentamicina, tobramicina, amicacina, netilmicina, paramomicina e espectinomicina. MECANISMO DE AÇÃO Ligam-se à fração 30S dos ribossomos inibindo a síntese protéica ou produzindo proteínas defeituosas. Para atuar, o aminoglicosídeo deve primeiramente ligar-se à superfície da célula bacteriana e posteriormente deve ser transportado através da parede por um processo dependente de energia oxidativa. EFEITOS ADVERSOS NEFROTOXICIDADE Todos os aminoglicosídeos são potencialmente nefrotóxicos. Manifesta-se clinicamente após 7 a 10dias de tratamento como uma insuficiência renal aguda do tipo não oligúrica, por necrose tubular aguda. Há reversibilidade da função renal com a interrupção do tratamento. Fatores de risco incluem: uso concomitante de outras drogas nefrotóxicas, idade avançada, doença hepática subjacente, uso prévio de aminoglicosídeos e estados hipovolêmicos. OTOTOXICIDADE É relativamente incomum, porém importante por sua irreversibilidade podendo ocorrer mesmo após a interrupção da droga. PARALISIA NEUROMUSCULAR É complicação rara, sendo vista em situações especiais, como na absorção de altas doses intra-peritoneais ou de infusões rápidas do medicamento. Alguns pacientes estão mais susceptíveis a esta complicação, como aqueles que usaram curarizantes, ou pacientes com miastenia gravis, hipocalcemia, hiperfosfatemia, botulismo, nos quais os aminoglicosídeos não devem ser utilizados. O tratamento é feito com administração de gluconato de cálcio. HIPERSENSIBILIDADE Reações de hipersensibilidade são incomuns, exceto para dermatite de contato por causa de neomicina tópica. Altas doses orais de neomicina podem produzir má absorção AMICACINA E GENTAMICINA GENTAMICINA Utilizada no tratamento de infecções por bacilos gram-negativos, com ação contra P. aeruginosa ou S. marcescens. Também usada em esquemas combinados com ß-lactâmicos para infecções mais graves por enterococos. AMICACINA Tem o maior espectro de ação do grupo e é usada em infecções por bacilos gram-negativos resistentes a gentamicina e na terapia empírica de infecções relacionadas à assistência à saúde. É também útil na terapia das micobacterioses, em casos específicos de infecções por M. tuberculosis ou no tratamento de infecções pelo M. fortuitum e M. avium. CONHECER AS INDICAÇÕES E DROGAS DE ESCOLHA NA PROFILAXIA: A profilaxia antibiótica é restrita aos pacientes de maior risco (que possuem maior incidência de EI e/ou maior risco de resultados adversos de EI) São considerados pacientes com risco elevado de endocardite bacteriana: o Portadores de próteses valvares; o Com histórico endocardite bacteriana prévia; @resumosdamed_ 12 o Portadores de cardiopatias congênitas cianogênicas ou com shunt intra-cardíaco; o Pacientes que desenvolveram valvopatias após um transplante cardíaco. Os procedimentos de alto risco são: o Procedimentos odontológicos que envolvam manipulação da gengiva ou região periapical, bem como perfuração da mucosa oral. o Procedimentos em vias respiratórias com incisão ou biópsia da mucosa, tonsilectomia, adenoidectomia. o Procedimentos invasivos em pele infectada ou tecido músculo- esquelético infectado. Caso a profilaxia esteja indicada, ela será feita em dose única, com antibióticos voltados para a cobertura da flora oral/respiratória, do seguinte modo: o Amoxacilina 2g, V.O, 30 a 60 minutos antes do procedimento. Pacientes alérgicos a penicilina pode usar o Cefalexina 2g V.O ou Clindamicina 600 mg V.O ou Azitromicina 500 mg V.O ou Claritromicina 500 mg V.), sempre 30-60 minutos antes do procedimento. Se não houver possibilidade da via oral, os esquemas são: o Ampicilina 2g IM ou IV e, para pacientes alérgicos, Cefazolina 1g IM/IV ou Ceftriaxone 1g IM/IV ou Clindamicina 600 mg IM/IV. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Medicina Interna de Harrison - [Dennis L.] Kasper... [et al.] 19ª edição - Porto Alegre - AMGH, 2017 - Volume 2. 2. Goldman - Cecil Medicina, editado por Lee Goldman, Andrew I. Schafer [et al.] 25ª edição - Rio de Janeiro - Elsevier, 2018 3. https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/at m_racional/modulo3/endocardite4.htm 4. https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/r m_controle/opas_web/modulo1/aminoglicosideos.htm 5. Guideliness Europeu de Endocardite 6. https://aps.bvs.br/aps/como-e-quando-indicar-a-profilaxia-com- antibioticos-em-valvopatas/ https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/atm_racional/modulo3/endocardite4.htm https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/atm_racional/modulo3/endocardite4.htm https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/aminoglicosideos.htm https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/aminoglicosideos.htm
Compartilhar