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pedag3ed-2022-d03-educacao-e-linguagem-livro-texto (1)

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Prévia do material em texto

Formação Geral 1
PEDAGOGIA
Educação e Linguagem2
PEDAGOGIA
Formação Geral 3
PEDAGOGIA
PEDAGOGIA
Programa de Formação de Professores
em Exercício, para a Educação Infantil, para
as Séries Iniciais do Ensino Fundamental
e para a Gestão Educacional
Educação e Linguagem
Educação e Linguagem4
PEDAGOGIA
Unesp – Universidade Estadual Paulista
Pró-Reitoria de Graduação
Rua Quirino de Andrade, 215 - CEP 01049-010 - São Paulo – SP
Tel. (11) 5627.0245
www.unesp.br
IEP3 – Instituto de Educação e Pesquisa em Práticas Pedagógicas 
Rua Dom Luis Lasagna 400 – CEP 04266-030 – São Paulo – SP
Tel. (11) 2066.5801
https://www2.unesp.br/portal#!/iep3
Atualização
Sonia Maria Coelho
Revisão, normalização e preparação
Antonio Netto Junior
Fábio Arlindo Silva
Projeto gráfico, arte e diagramação 
André Neri 
©2022, dos organizadores. Todos os direitos reservados. 
Os textos tem como origem os Cadernos de Formação destinado ao Curso de Graduaçãoem Pedagogia 
(programa de formação de professores em exercício, para a Educação Infantil, para Séries Iniciais do Ensino 
Fundamental e para a Gestão da Unidade Escolar), desde sua primeira edição, em 2010, por concessão
da Fundação UNIVESP à UNESP, CAPES (Sistema Universidade Aberta do Brasil) e Prefeitura Municipal
de São Paulo. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte dessa obra pode ser reproduzida ou transmitida 
por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos ou mecânicos, incluindo fotocópia e gravação)
ou arquivado em qualquer sistema de banco de dados sem permissão escrita do titular do direito autoral. 
ESTA COLETÂNEA DE TEXTOS É DE USO EXCLUSIVO NO CURSO DE PEDAGOGIA,
MODALIDADE A DISTÂNCIA, UNESP 2021
Os textos aqui apresentados são aqueles utilizados durante a última edição deste curso,
de 2016 a 2019. 
Formação Geral 5
PEDAGOGIA
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
Reitor
Pasqual Barretti
Vice-Reitora
Maysa Furlan
Chefe de Gabinete
Cesar Martins
Pró-Reitora de Graduação
Celia Maria Giacheti
Pró-Reitora de Pós-Graduação
Maria Valnice Boldrin
Pró-Reitor de Pesquisa
Edson Cocchieri Botelho
Pró-Reitor de Extensão Universitária
e Cultura
Raul Borges Guimarães
Pró-Reitor de Planejamento Estratégico
e Gestão
Estevão Tomomitsu Kimpara
Secretário Geral
Erivaldo Antonio da Silva
Instituto de Educação e Pesquisa
em Práticas Pedagógicas
Unesp Profª. Adriana Chaves
São Paulo 
Coordenação IEP3-Unesp
Alessandra de Andrade Lopes
Vice-coordenação IEP3-Unesp
Marcus Vinicius Maltempi
Coordenação IEP3-Unesp São Paulo
Marcus Vinicius Maltempi
Coordenação IEP3-Unesp Bauru
Alessandra de Andrade Lopes
Coordenação de Gestão
Andreza Marques de Castro Leão
Coordenação Pedagógica
Maria da Graça Mello Magnoni
Coordenação Editorial
Maria Candida Soares Del-Masso
Tecnologia da Informação
Ana Paula Souza Nascimento
André Luís Rodrigues Ferreira
Fabiana Aparecida Rodrigues
Produção Pedagógica
Andréia Lopes de Carvalho
Fábio Arlindo Silva
Soellyn Elene Bataliotti
Assessoria Técnica Administrativa
Anne Carolina Gonçalves de Aguiar
Carolina da Silva Maeda 
Celia Aparecida Gomes Fernandes Gavaldão
Fabiana Lohani de Sousa Vieira
Roseli Aparecida da Silva Bortoloto
Revisão
Antonio Netto Junior
Comunicação
André Neri
Educação e Linguagem6
PEDAGOGIA
DISCIPLINA D3 – EDUCAÇÃO E LINGUAGEM
Juvenal Zanchetta Junior (in memoriam)
Professor autor e organizador
Livre-docente em Educação. Doutor em Educação. Mestre em Educação. Graduado em Letras. 
Professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Ciências e Letras, Câmpus 
de Assis, SP. Tem experiência nas áreas de Linguística, Comunicação e Educação, com ênfase 
em Prática de Ensino de Língua Portuguesa, nas relações entre Mídia e Educação, e em Políticas 
Educacionais.
Sonia Maria Coelho
Professora autora convidada
Doutora em Educação. Mestra em Educação. Especialista em Orientação Educacional.
Pedagoga. Tem experiência na área de Educação, ênfase em Alfabetização, atuando com
alfabetização, leitura e literatura infantil, educação de jovens e adultos, formação de professores, 
psicologia histórico-cultural e prática pedagógica. Professora aposentada na Universidade
Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Câmpus de Presidente Prudente, SP. 
http://lattes.cnpq.br/2328806433654622
http://lattes.cnpq.br/7703534254109640
Formação Geral 7
PEDAGOGIA
SUMÁRIO
0. Visão Geral da Disciplina - Educação e Linguagem ------------------------------------------------------------------------ 8
1. Síntese: Linguagem, Educação e Formação de Professores ----------------------------------------------------------- 10
2. Linguagem e Língua ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 14
3. As Funções da Linguagem ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 16
4. Registros de Linguagem e Gêneros Textuais ------------------------------------------------------------------------------ 18
Educação e Linguagem8
PEDAGOGIA
VISÃO GERAL DA DISCIPLINA
Educação e Linguagem
Caros estudantes, 
A disciplina Educação e Linguagem tem como pressuposto básico que os processos 
educativos e linguísticos estabelecem o eixo central do ensino na própria concepção do que a 
história secular da escola estabeleceu. É nessa instituição que, obrigatoriamente, serão feitos 
estudos que abordem ensinamentos nos processos educacionais como prática social e que serão 
definidos a partir da Linguagem, principalmente a verbal. 
Nenhuma outra instituição fará esse trabalho. E aqui estamos falando da linguagem verbal 
em sua vertente de prestígio, também denominada padrão que pode ser encontrada nos jornais 
e documentos a serem lidos, com possibilidade de entendimento em qualquer parte do país por 
utilizarem aspectos fundantes da própria linguagem. Ela pode ser escrita ou oral, mas tem uma 
forma de apresentação que respeita formas concebidas como “corretas” e que são aprendidas na 
escola. Isso tem gerado a desvalorização da linguagem oral e dos registros populares como sendo 
de menor valor. 
Linguagem é a prática de interlocução que permite a interação social verificada na Educação 
que pode ser entendida como um processo social e histórico que baliza-se em ações concretas 
também assim compreendidas. O pressuposto da educação é fazer com que o educando participe 
de diversas ações de forma interlocutiva, ou seja, que se expresse nos processos de conhecimento, 
de forma a utilizar uma linguagem que possa ser compreensível ao maior número de pessoas 
possível. 
Este livro texto busca a discussão da relação necessária entre educação e linguagem de 
forma a que possa delinear práticas para a formação de professores. É isso que encontraremos 
no primeiro texto, baseado nas concepções da professora Maria de Fátima Barbosa Abdalla: 
“Linguagem, Educação e formação de professores”. Afinal, o que a escola deve ensinar sobre 
a linguagem? 
No segundo texto, “Linguagem e Língua”, o professor Juvenal Zanchetta Junior estabelece 
a diferença entre Linguagem e Língua, destacando que a manifestação mais complexa desenvolvida 
pela humanidade é a Linguagem Verbal. Aqui serão analisados aspectos em que a Língua se 
apresenta em seu caráter vibrante em constantes modificações. 
No próximo texto, “As funções da linguagem”, o professor Juvenal Zanchetta Junior 
aborda as diferentes funções da linguagem, apresentadas aqui, com caráter didático, que o código 
verbal assume na comunicação humana. 
Formação Geral 9
PEDAGOGIA
Em “Registros de Linguagem e gêneros textuais”, último texto, também do professor 
Juvenal Zanchetta Junior, sua condição de ensino é analisada nas diferentes possibilidades de uso. 
As características próprias da linguagem oral e escrita e os fatores de segregação decorrentes das 
diversas formas de utilização serão colocados em discussão. 
No decorrer das próximas duas semanas, ao final de cada texto, uma agenda indicará 
que atividades devem ser realizadas, prazos de entrega, assim como sugestõesde leituras que 
acrescentarão possibilidades de entendimento sobre o assunto. Destaque-se, também, a temática 
sobre linguagem inclusiva e considerações feitas sobre a mesma, a partir do Parecer do Instituto 
de Estudos da Linguagem da Unicamp sobre o Projeto de Lei nº 10/2021. 
Enfim, nesta disciplina, se ressaltam os desafios da educação escolar na superação de 
preconceitos linguísticos e nas possibilidades de ensino para o uso adequado dos registros formais, 
informais, intermediários (em termos de escrita) e coloquiais (em termos de fala), “transitando” 
entre eles conforme necessário. 
Sonia Maria Coelho
Professora autora convidada 
Doutora em Educação. Mestra em Educação. Especialista em Orientação Educacional. 
Pedagoga. Tem experiência na área de Educação, ênfase em Alfabetização, atuando com 
alfabetização, leitura e literatura infantil, educação de jovens e adultos, formação de professores, 
psicologia histórico-cultural e prática pedagógica. Professora aposentada na Universidade 
Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Câmpus de Presidente Prudente, SP. 
http://lattes.cnpq.br/7703534254109640
Educação e Linguagem10
PEDAGOGIA
SÍNTESE: LINGUAGEM, EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO 
DE PROFESSORES 
Maria de Fátima Barbosa Abdalla 
Doutora em Educação. Mestra em Educação. Graduada em Letras, Música 
e Pedagogia. Professora e pesquisadora na Universidade Católica de 
Santos, Programa de Pós-Graduação em Educação, Santos-SP. 
O texto de Abdalla, ao refletir sobre a formação de professores de língua portuguesa e rever, 
em relação ao português, algumas das práticas mais comuns de seu ensino, propõe-se a pensar 
criticamente a relação Educação e Linguagem. 
Na base dessa relação, salientam-se aspectos comuns que envolvem uma e outra. Educação 
(prática social e histórica concreta – prática educacional – forma de discurso pedagógico, que se 
exprime mediante ações concretas que comportam um sentido) e Linguagem (prática interlocutiva, 
forma de interação social) se interpenetram como expressão de experiências vividas nas relações 
sociais, que constituem sujeitos, geram a formação de professores. Uma relação que se sustenta 
pelas interações nas quais professores e alunos são vistos como sujeitos sociais e históricos, 
humanos, produtores de linguagem e de humanidade. 
Nessa medida, a formação de professores, na reflexão sobre a educação, suscita 
questionamentos acerca, sobretudo, da natureza da relação que os professores têm com a 
linguagem ao trabalhá-la em sala, o que gera desacertos de conteúdos e metodologias de ensino, 
dificultando construir com os alunos uma prática social produtora de linguagem e a levá-los a serem 
sujeitos ativos, criadores e recriadores de sentido. 
Como forma de interação, a linguagem possibilita questões de educação (prática social) em 
que professores e alunos refletem a cultura e contextos sociais e se constituem como sujeitos e 
constroem sua própria cultura. 
São implicações éticas advindas da relação linguagem e educação: 1. estigmatização das 
variedades linguísticas (o professor considera as de menor prestígio como erradas); 2. associação 
das variedades linguísticas à variedade culta presa à tradição gramatical, objeto do processo de 
ensino voltado para a gramática tradicional. Na verdade, seria necessário ao professor mostrar as 
diferenças e respeitá-las e introduzir situações que permitam o acesso ao dialeto padrão e ao seu 
domínio. E para construir uma prática social transformadora, que desperte uma consciência crítico 
reflexiva, uma prática produtora de linguagem e de humanidade, ele deve intervir neste processo 
de dominação, combatê-lo, desvelando-o e negando-lhe a legitimidade, deve assumir um papel de 
professor-produtor (produz e motiva o aluno à construção do conhecimento). 
http://lattes.cnpq.br/7099315868609771
Formação Geral 11
PEDAGOGIA
Um caminho para o professor-produtor seria o seu envolvimento, enquanto educador, 
na leitura e na produção de escrita na e para a coletividade, atribuir importância às práticas de 
leitura e escrita partilhada e coletiva (o conteúdo possibilita integrar aluno e professor, desmitificar 
estereótipos, propiciar processo de reflexão). 
Ao combinar as duas práticas, de leitura e de produção de textos, retomam-se questões de 
oralidade e de escrita, como: 1. a das variedades linguísticas usadas pelos alunos (desprestigiadas) 
na escola, cuja meta é levar o aluno ao domínio da norma padrão; ou 2. a dos problemas da 
oralidade na escrita, em que o professor enfatiza os erros e não os explica, dificultando, para os 
alunos, a compreensão dos desvios na passagem de uma para a outra modalidade (na fase em que 
eles estão se apropriando dos recursos linguísticos). 
Para lidar com as implicações da oralidade na escrita, convém lembrar que é o texto (unidade 
básica de ensino) que dará sentido às interações de sala de aula. A partir do texto trabalha-se 
com a língua oral e a escrita em sua dimensão discursiva (pragmática, as condições da situação 
contextual) e semântica (valorizando o modo como se apresenta e organiza a realidade, para se 
falar dela). Ao cruzar ambas as dimensões, vale se lembrar do conhecimento que o aluno traz 
consigo, sem fazer deste conhecimento um estereótipo (para a compreensão efetiva da leitura e 
para as condições de produção). 
Outro ponto a se considerar, no trabalho com a linguagem oral e escrita, nas dimensões 
discursiva e semântica, diz respeito aos aspectos cognitivos que fazem parte do processo de leitura/
produção de textos (escritos ou falados, dependem, além das dimensões que possam ter e das 
interações do autor, na multiplicidade de funções, do esforço do leitor/ouvinte em criar um sentido 
– este, por sua vez, depende do conhecimento prévio daquele leitor/ouvinte – na compreensão e 
produção). 
Interagir com o aluno/leitor para recuperar seu conhecimento prévio (sem menosprezá-lo) 
qualifica o trabalho do professor, tornando-o produtor de ações pedagógicas capazes de motivar 
os alunos a uma aprendizagem consciente, crítica, reflexiva. Ao levar em conta o conhecimento do 
aluno, o professor revaloriza o seu conhecimento linguístico (sobre o uso da língua); ativa o seu 
conhecimento textual; resgata o seu conhecimento de mundo. 
O texto falado ou escrito constitui-se, assim, pela interação dos interlocutores. Isso 
desencadeia uma reflexão sobre a experiência e uma experiência sobre a reflexão (quando o autor 
produz experiência, o leitor a reconstrói, produzindo conhecimento, e não consumindo informações. 
O professor faz seu papel de mediador). Na troca de experiências (autor/leitor, professor/aluno, 
autor/professor/aluno), o processo de leitura concretiza a “pedagogia da reinvenção” (produzida na 
busca e na troca, no diálogo, na contextualização do mundo). 
Para se ampliar a capacidade de produzir e interpretar textos, a prática de análise linguística 
(que leva à reflexão) não pode se prender à tradição gramatical, à língua padrão, isto é, não se 
pode ter um ensino de metalinguagem deslocado da realidade do aluno, de suas necessidades e 
expectativas. 
Educação e Linguagem12
PEDAGOGIA
É preciso implementar uma atividade epilinguística (a reflexão, no desenvolvimento da 
linguagem, sobre o material linguístico em que operamos, está voltada para o uso da linguagem). A 
partir dessa reflexão transformamos este material para o reconstruir. No próprio interior da construção 
do texto tomamos consciência do seu propósito, antecipamos a imagem dos interlocutores a 
que nos dirigimos, relacionamos e comparamos recursos mais expressivos e argumentos mais 
convincentes. 
A prática de análise inclui, também, além das atividades epilinguísticas, as metalinguísticas 
– análise voltada para a descrição, por meio da categorização e sistematização dos elementos 
linguísticos. Atividade exterior e posterior ao uso efetivo da linguagem (atividade linguística) e aos 
processos de reflexão sobre este uso (atividade epilinguística). 
Oproblema é que o Ensino de Língua Portuguesa enfatiza essa fala da e sobre a linguagem 
como se fosse um conteúdo em si, não como meio para melhorar a qualidade da produção. A 
gramática é ensinada de forma descontextualizada, o conteúdo é memorizado para fins avaliativos. 
No Ensino Fundamental, as atividades devem girar em torno do ensino da língua, recorrendo-
se à metalinguagem somente quando a descrição da língua for um meio para alcançar o seu 
domínio (variedade padrão). Trabalhar com noções gramaticais e sua nomenclatura, substituindo 
atividades de interpretação e produção, ocorre só em níveis mais altos de escolaridade e mesmo 
assim quando contextualizadas. 
Ao se reconsiderarem todas essas questões, somos levados a repensar a formação de 
professores. Formação que se sustenta na relação educação e linguagem, e que não se dá sem 
o outro, incluindo aí os próprios alunos. Formação que precisa ser contínua, rompendo com 
obviedades comuns, com práticas habituais, que distanciam cada vez mais os alunos do prazer 
da leitura e do uso da palavra. Formação que faz uma reflexão pensante sobre quais saberes são 
necessários à prática educativa, crítica e transformadora. 
Nessa direção, é o professor “que tem que compreender o funcionamento do real e articular 
sua visão crítica dessa realidade com suas pretensões educativas, as quais define e reformula em 
relação com contextos específicos”. É ele que tem que abrir espaços para que questões de linguagem 
se misturem com as de educação, vivificando as experiências em sala de aula, reinventando-as. 
É na troca de experiências, na interação do dia a dia, que as diferenças práticas (de leitura, 
de produção e de análise linguística como reflexão sobre a língua) permitem formar continuamente 
professor e aluno, tecendo seus textos de vida – verdadeiros espaços de criação de linguagem e 
de humanidade, fazendo da palavra algo que realmente signifique. 
Formação Geral 13
PEDAGOGIA
Como citar e referenciar este texto: 
ABDALLA, Maria de Fátima Barbosa. Síntese: Linguagem, Educação e Formação de Professores. 
In: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA [UNESP]; UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO 
DE SÃO PAULO [UNIVESP] (org.). Caderno de formação: formação de professores: introdução 
à educação. São Paulo: Cultura Acadêmica: Universidade Estadual Paulista, Pró-Reitoria de 
Graduação, 2010. v. 2. 110 p. ISBN 978-85-7983-045-7. Disponível em: https://acervodigital.unesp.
br/bitstream/123456789/23/4/D05_Sintese_Linguagem_Educacao%20_Formacao_Professores_.pdf. 
Acesso em: 9 fev. 2022. (Texto complementar, Educação e Sociedade, Caderno de formação n. 2, 
bloco 1, módulo 2).
https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/23/4/D05_Sintese_Linguagem_Educacao%20_Formacao_P
https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/23/4/D05_Sintese_Linguagem_Educacao%20_Formacao_P
Educação e Linguagem14
PEDAGOGIA
LINGUAGEM E LÍNGUA 
Juvenal Zanchetta Junior 
Livre-docente em Educação. Doutor em Educação. Mestre em Educação. 
Graduado em Letras. Professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp), 
Faculdade de Ciências e Letras, Câmpus de Assis, SP.
Uma significação básica para o termo linguagem é a de um conjunto de signos devidamente 
estruturados para o propósito da comunicação. Assim, linguagem não se limita ao aspecto verbal, 
compreendendo também outros campos, como o da imagem, do som, do tato etc. Dentro de 
cada um desses campos, há ainda um sem-número de linguagens específicas. Quando se fala 
em linguagens relacionadas à imagem, por exemplo, pode-se pensar na linguagem da televisão; 
quanto à televisão, pode-se pensar na linguagem da telenovela, dos documentários, dos programas 
de auditório, dos seriados, da propaganda e assim por diante. 
Um conjunto de signos passa a ser chamado de linguagem quando os usuários desses 
signos compartilham significações para os mesmos fenômenos. Na linguagem dos programas 
esportivos da televisão, por exemplo, são comuns as seguintes características, entre outras: 1. o 
jogo ser mostrado como se o campo estivesse caindo (pois a câmera precisa ficar a uma distância 
relativamente grande dos jogadores, para que o espectador possa ter ideia do jogo como um todo); 
2. o locutor narrar a história do jogo, passo por passo, mesmo sabendo-se que o espectador está 
vendo as imagens do jogo ao mesmo tempo em que o locutor; 3. o locutor costuma narrar de forma 
mais vibrante as jogadas que potencialmente podem resultar em gol. 
Aqueles procedimentos, entre outros, têm sua significação compartilhada entre o canal que 
apresenta e o espectador que assiste à partida: os torcedores sabem, por exemplo, que os jogadores 
não vão cair porque o gramado é mostrado em declive. Essas considerações parecem óbvias, mas 
não tanto. Imagine a apresentação de um gol, numa transmissão televisiva. As câmeras tendem a 
mostrar a reação daquele marcador (do gol), seguida da recepção calorosa dos companheiros de 
equipe; a prostração dos adversários; a alegria ou a tristeza da torcida. Mas e se, logo depois do 
gol, em lugar daquela sequência de imagens, a televisão exibisse imediatamente as reações das 
mães dos jogadores do time que acaba de tomar o gol ou do presidente do clube que está perdendo. 
Provavelmente, haveria estranhamento entre os espectadores, exceto se os apresentadores 
prevenissem a audiência de que isso seria feito. Mesmo assim, é pouco provável que a exibição de 
mães e presidentes desgostosos com o gol tomado se torne uma prática recorrente – ou venha a 
fazer parte da linguagem do futebol pela televisão. 
São os costumes, as práticas comuns observadas numa determinada sociedade (em 
outras palavras, a cultura) os fatores determinantes para se compor as diversas linguagens nessa 
comunidade. A manifestação de linguagem mais complexa desenvolvida pela humanidade é a 
linguagem verbal. Esta, por seu turno, também se apresenta de diversas maneiras: a linguagem 
http://lattes.cnpq.br/2328806433654622
Formação Geral 15
PEDAGOGIA
formal (utilizada pelo jornalismo, pela medicina etc.), a linguagem popular, a linguagem familiar, 
entre outros registros (que veremos mais adiante). É importante frisar que a Língua conta com 
regras determinadas para seu uso, nas diversas modalidades em que ela se apresenta. Mas a 
Língua está longe de ser um código fixo, rígido, que se pode prender num bom livro de gramática. A 
Língua é um fenômeno vibrante, que se modifica constantemente, graças à capacidade cognitiva, 
à criatividade e à interação entre seus falantes: 
Língua é um fenômeno cultural, histórico, social e cognitivo que varia ao longo do 
tempo e de acordo com os falantes: ela se manifesta no uso e é sensível ao uso. [...] 
A Língua é uma atividade constitutiva com a qual podemos construir sentidos; é uma 
forma cognitiva com a qual podemos expressar nossos sentimentos, ideias, ações e 
representar o mundo; é uma forma de ação pela qual podemos interagir com nossos 
semelhantes (MARCUSCHI, 1996, p. 71-72). 
Note-se, portanto, que, a Língua é uma forma de linguagem cujas características são tão 
ou mais dinâmicas do que a linguagem da televisão ou dos sinais de trânsito, por exemplo. A 
história secular da escola, com trabalho reduzido à questão formal da Língua escrita, disseminou 
preconceitos diversos em relação à linguagem verbal, como a desvalorização da linguagem oral e 
dos registros populares, entre outros. 
Como citar e referenciar este texto: 
ZANCHETTA JUNIOR, Juvenal. Linguagem e língua: verbete de introdução ao tema. In: 
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA [UNESP]; UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO 
DE SÃO PAULO [UNIVESP] (org.). Caderno de formação: formação de professores: introdução 
à educação. São Paulo: Cultura Acadêmica: Universidade Estadual Paulista, Pró-Reitoria de 
Graduação, 2010. v. 2. p. 121-22. ISBN 978-85-7983-045-7. (Educação e linguagem, Caderno 
de formação n. 2, bloco 1, módulo 1). Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/bitstream/
unesp/337930/1/caderno-formacao-pedagogia_2.pdf. Acesso em: 9fev. 2022. 
Referências
MARCUSCHI, L. A. Exercícios de compreensão ou copiação nos manuais de ensino de língua? Em 
Aberto, Brasília, n. 69, p. 71-72, jan./mar. 1996. 
https://acervodigital.unesp.br/bitstream/unesp/337930/1/caderno-formacao-pedagogia_2.pdf
https://acervodigital.unesp.br/bitstream/unesp/337930/1/caderno-formacao-pedagogia_2.pdf
Educação e Linguagem16
PEDAGOGIA
AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
Juvenal Zanchetta Junior 
Livre-docente em Educação. Doutor em Educação. Mestre em Educação. 
Graduado em Letras. Professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp), 
Faculdade de Ciências e Letras, Câmpus de Assis, SP.
A linguagem ou as linguagens, em seus diversos códigos, apresenta os signos de maneira 
variada. Mas, embora muito rica e diversa, a linguagem tem como um dos seus componentes 
básicos justamente a organização dos signos para se atingir determinados objetivos, por meio da 
comunicação. Trataremos mais de perto da linguagem verbal, posto ser o código de maior prestígio 
social e aquele que atravessa a maior parte das relações humanas, mesmo nos dias de hoje, em 
que a imagem parece predominar. Assistir, por exemplo, a um capítulo de novela ou a um telejornal, 
sem ouvir a fala das pessoas (volume zero), implica considerável risco de se compreender bem 
pouco daquilo que está sendo proposto. 
De forma esquemática, as funções que a linguagem – e neste caso estaremos falando mais 
de perto do código verbal – pode assumir na comunicação humana são as seguintes: 
• Função informativa ou referencial: o interesse está em tornar a mensagem clara para o 
leitor, de modo a transmitir informações com o máximo de precisão possível. A linguagem 
dos livros técnicos, dos manuais de produtos eletrônicos, das bulas de remédios (embora 
sejam até certo ponto ilegíveis para muita gente), das receitas de bolo; 
• Função fática: trata-se do uso da linguagem para manter contato com outra pessoa 
ou outras pessoas. O interesse concentra-se basicamente em prender a atenção do 
outro. A função fática pode ser observada nas conversas entre casais que ensaiam 
um relacionamento, por exemplo, ou então na gravação de secretárias eletrônicas de 
empresas: enquanto você aguarda para ser atendido, ouve, do outro lado da linha, fala 
do tipo “Aguarde um instante. Sua ligação é muito importante para nós.” Boa parte da 
comunicação realizada por meio digital, em suportes como o MSN, o Orkut e o telefone 
celular, tende apenas a travar e preservar contatos entre as pessoas; 
• Função emotiva: trata-se do uso da linguagem para transmitir sentimentos, como a 
alegria e a tristeza, a dor e a compaixão. Canções românticas que reportam a dor pela 
perda da mulher amada são um bom exemplo da função emotiva da linguagem; 
• Função persuasiva ou conativa: a linguagem é utilizada para convencer o outro sobre 
alguma coisa. Grande parte da propaganda utiliza a linguagem com esse objetivo, ainda 
que por vezes de forma disfarçada. O slogan “Beba Coca Cola” pode parecer suave, 
em meio a imagens de jovens alegres, saudáveis e dinâmicos, mas a frase sugere uma 
ordem: você deve optar por aquele refrigerante e não por outro; 
• Função metalinguística: neste caso, a linguagem é utilizada para tratar dela mesma. O 
http://lattes.cnpq.br/2328806433654622
Formação Geral 17
PEDAGOGIA
exemplo mais contundente de uso da função metalinguística é o dicionário: as palavras 
(os verbetes) procuram explicar os sentidos e os usos de outras palavras, daquela ou de 
outra língua; 
• Função poética: a linguagem é utilizada com vistas a testar novas possibilidades 
de uso do código, buscando novas significações para as próprias palavras ou novas 
maneiras de se perceber o próprio mundo (por meio das palavras). O verbo tecer está 
convencionalmente ligado à área de produção têxtil. A imagem de um galo, por seu 
turno, remete à figura de uma ave, em geral representada num espaço campestre. Essas 
palavras, em termos denotativos (função referencial), podem se combinar numa frase 
como “O galo canta enquanto a mulher, sentada na varanda, tece a roupa da criança”. 
Entretanto, é possível explorar bem mais esses dois termos. No verso de João Cabral de 
Melo Neto, por exemplo, elas criam uma metáfora requintada: “Um galo sozinho não tece 
a manhã” (extraído do poema Tecendo a Manhã). 
Essas funções aparecem distintas apenas para efeito didático. Na comunicação humana, as 
funções estão imbricadas umas nas outras, muitas vezes de forma indissociável. As lágrimas e as 
palavras de lamento de um jovem apaixonado, diante da mulher amada que está prestes a abandoná-
lo, evidenciam o uso da função emotiva, da função persuasiva e da função fática: as lágrimas do 
rapaz mostram sua tristeza, mas também acabam por tentar convencer a garota do contrário. A 
mesma situação serve ainda para dar algum fôlego a mais para a conversa (função fática). O cartaz, 
geralmente encontrado em hospitais, em que se representa uma mulher fazendo, com o dedo 
indicador levado à altura da boca, o gesto alusivo à ideia de silêncio, sugere o uso predominante da 
função referencial: informa-se que naquele determinado local o silêncio é necessário. Mas o fato de 
se utilizar a imagem de uma mulher com vestes típicas de uma enfermeira, para produzir um cartaz 
endereçado a hospitais, sugere também as funções fática (as roupas brancas estão de acordo com 
a etiqueta de um hospital) e emotiva (a imagem carrega carga positiva, pois a figura da enfermeira 
lembra atenção, cuidado, tolerância etc., para com os pacientes). 
Como citar e referenciar este texto: 
ZANCHETTA JUNIOR, Juvenal. As funções da linguagem: verbete de introdução ao tema. In: 
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA [UNESP]; UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE 
SÃO PAULO [UNIVESP] (Org.). Caderno de formação: formação de professores: introdução 
à educação. São Paulo: Cultura Acadêmica: Universidade Estadual Paulista, Pró-Reitoria de 
Graduação, 2010. v. 2. p. 119-20. ISBN 978-85-7983-045-7. (Educação e linguagem, Caderno 
de formação n. 2, bloco 1, módulo 1). Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/bitstream/
unesp/337930/1/caderno-formacao-pedagogia_2.pdf. Acesso em: 9 fev. 2022. 
Referências
JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 1969. 
https://acervodigital.unesp.br/bitstream/unesp/337930/1/caderno-formacao-pedagogia_2.pdf
https://acervodigital.unesp.br/bitstream/unesp/337930/1/caderno-formacao-pedagogia_2.pdf
Educação e Linguagem18
PEDAGOGIA
REGISTROS DE LINGUAGEM E GÊNEROS TEXTUAIS 
Juvenal Zanchetta Junior 
Livre-docente em Educação. Doutor em Educação. Mestre em Educação. 
Graduado em Letras. Professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp), 
Faculdade de Ciências e Letras, Câmpus de Assis, SP. 
Embora a Língua Portuguesa, no Brasil, tenha vários dialetos, a história sempre privilegiou 
a linguagem escrita culta. A escola pública, por exemplo, fez esse trabalho desde o seu 
desenvolvimento, no século 19, ignorando a linguagem oral (onde se verificam marcadamente as 
diferenças dialetais) e insistindo na padronização do código, tendo como base um registro escrito 
considerado culto, proveniente do centro-sul do país (onde estão os estados mais ricos da nação). 
Apenas mais recentemente, as orientações escolares estão mais atentas à questão da 
linguagem oral e do respeito à diversidade linguística observada no país. Ao se valorizar a linguagem 
e o conhecimento dos alunos, pretende-se preservar os dialetos e revalorizar a Língua Portuguesa 
como um todo, e não apenas um só registro. A Língua, no entanto, não se divide apenas em dialetos 
ou então entre linguagem oral e linguagem escrita. Entre o oral e o escrito, há uma gradação de 
prestígio social, que pode ser descrita do seguinte modo, segundo Vanoye (1979): 
Linguagem formal: trata-se da linguagem de maior prestígio, cuja base é a escrita, 
relacionada às diversas áreas da ciência, como a física, a química, o direito, a economia 
e assim por diante. Uma bula de remédio tradicional, por exemplo, é plenamentecompreensível apenas para médicos ou especialistas. A linguagem dos processos 
jurídicos é compreensível, em boa parte, apenas aos iniciados naquela área. 
Linguagem intermediária: trata-se de um registro menos formal, que torna acessíveis 
conteúdos a públicos mais amplos. É o caso da linguagem jornalística. Um comentarista 
da área de economia precisa “traduzir” conceitos e conteúdos de sua área para o 
espectador que não domina essa área. As notícias, por sua vez, são apresentadas de 
maneira mais acessível, para facilitar a compreensão dos leitores. 
Linguagem coloquial: trata-se da linguagem predominantemente falada, que se 
observa no cotidiano das pessoas, nos momentos de integração social. Em repartições, 
bancos, hospitais, entre outras instituições, é preciso guardar certos elementos 
formais, mas a comunicação é menos formal. O apresentador de um telejornal, por 
exemplo, em diversos momentos, comunica-se com o público por meio desse registro. 
Linguagem popular: é a linguagem utilizada na fala distensa do dia-a-dia, entre 
pessoas conhecidas; é a linguagem usada nas feiras livres, carregada de frases feitas, 
clichês, gírias. A comunicação não depende apenas da palavra, como nos registros 
formal e intermediário, mas complementa-se com os gestos, com a performance 
individual. 
Linguagem familiar: trata-se do registro utilizado entre pessoas que se conhecem 
mais profundamente. Embora faça uso da palavra, a linguagem familiar se dá também 
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PEDAGOGIA
com fatores não verbais, como os gestos, as atitudes, mas compartilhados por menos 
pessoas do que no caso da linguagem popular. A filha que pede ao pai para passear 
à noite com colegas pode receber a resposta com um sinal feito com a cabeça. Esse 
sinal pode não só indicar autorização ou não, mas também dizer o que o pai pensa 
a respeito do pedido da filha, como a filha deve portar-se, se ele dará dinheiro a ela 
para o passeio e assim por diante. 
Não há gradação de importância entre os registros. Cada um deles apresenta características 
próprias e situações específicas de uso. O problema central está no preconceito: a linguagem 
popular tende a ser menosprezada ou ser considerada menor por aqueles que dominam os registros 
mais formais. Um dos grandes desafios da escola é fazer com que os indivíduos dominem o registro 
intermediário (em termos de escrita) e o registro coloquial (em termos de fala), que contam com 
maior prestígio social, possibilitando ao aluno transitar por outros registros, de acordo com suas 
necessidades. 
Mas estudos linguísticos contemporâneos consideram frágil a divisão da Língua em registros. 
Há críticas diversas, mas basta observar um exemplo para se verificar isso. Tome-se o caso dos 
apresentadores de stand up comedy, na televisão, no teatro e na internet. Em suas piadas, eles 
utilizam diversos registros simultaneamente, enfatizam o registro popular, e, ainda assim, contam 
com enorme prestígio (ou audiência). Nas próximas linhas, trataremos do uso da Língua por 
outro ângulo, utilizando referência teórica presente nas orientações curriculares nacionais para as 
primeiras séries do Ensino Fundamental (BRASIL, 2012a; 2012b). 
A perspectiva adotada por tais orientações está próxima daquela comumente conhecida 
como Interacionismo Sociodiscursivo (ISd), que tem em Bakhtin (1992), Bronckart (1999), 
Schneuwly e Dolz (2004) seus principais representantes. Para tais autores, a Língua é um fenômeno 
profundamente social e tem papel decisivo no desenvolvimento psíquico e na própria atividade 
humana. A linguagem verbal e mesmo as outras formas de comunicação entre os homens, por esse 
prisma, são sempre construídas historicamente e dependem da relação entre as pessoas para se 
formarem e evoluírem. 
A Língua, portanto, não é um código pronto e externo ao homem, do qual ele se utiliza quando 
precisa, mas sim uma construção histórica dos homens, em permanente evolução. A comunicação 
verbal não ocorreria por meio da combinação de palavras, mas por meio de textos (ainda que um 
texto possa ser construído com uma só palavra, como na expressão utilizada por alguém, diante de 
um incêndio repentino: Fogo!). Os textos, por sua vez, também não estão prontos, em algum lugar 
da mente ou de um ponto exterior ao homem. Os textos são enunciados históricos, produzidos 
por um sujeito que tem uma história específica, está num contexto determinado, tem intenções 
determinadas e se volta a um receptor (ouvinte ou leitor, por exemplo) também determinado.
 Mas o homem não cria novos textos o tempo todo. Ele utiliza estruturas já desenvolvidas 
pela sociedade na qual ele está inserido e as adapta às suas intenções. Essas estruturas são 
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PEDAGOGIA
chamadas gêneros textuais. Segundo Marcuschi (2008, p. 155, grifos do autor), em definição sobre 
gênero textual próxima de Bakhtin, do ISd e das orientações oficiais: 
Gênero textual refere os textos materializados em situações comunicativas 
recorrentes. Os gêneros textuais são os textos que encontramos em nossa vida 
diária e que apresentam padrões sociocomunicativos característicos definidos por 
composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados 
na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas. [...] Alguns 
exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta 
pessoal, romance, bilhete, reportagem, aula expositiva, reunião de condomínio, 
notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, 
cardápio de restaurante, instruções de uso, inquérito policial, resenha, edital de 
concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo 
por computador, aulas virtuais e assim por diante. Como tal, os gêneros são formas 
textuais escritas ou orais bastante estáveis, histórica e socialmente situadas. 
Os gêneros não são apenas estruturas das quais nos utilizamos quando preciso. Eles 
também compreendem expectativas para a leitura. Quando lemos uma bula de remédio sabemos 
que, em algum espaço destacado, estão presentes informações como: a) os efeitos esperados 
do medicamento; b) os efeitos colaterais possíveis; c) as doses recomendadas. Se uma dessas 
informações não estiver presente, alguma coisa está errada! 
Os gêneros textuais, por outro lado, também não se colocam de forma solta. Eles fazem 
parte de domínios discursivos determinados e cada um deles tem suas características sociais, 
também desenvolvidas a partir da experiência humana. No domínio religioso, gêneros textuais 
como o sermão e a oração tem em comum a evocação de um ser divino e o tom prescritivo, por 
exemplo. 
No domínio discursivo familiar, há um sem-número de gêneros possíveis, que utilizam 
registros os mais variados, desde um mero gesto de carinho com os olhos até a participação do 
casal em uma audiência formal, para discussão de termos de um processo de divórcio! 
As noções de texto e de gênero serão tratadas com mais detalhe na disciplina voltada ao 
ensino de língua materna. Neste momento, tais noções são importantes para se observar não só 
o papel social da Língua, mas, principalmente, a responsabilidade da escola em tratar, com os 
estudantes, do maior número possível de gêneros, para que o estudante conheça e saiba dialogar 
com textos dos mais diversos domínios discursivos. 
Formação Geral 21
PEDAGOGIA
Como citar e referenciar este texto: 
ZANCHETTA JUNIOR, Juvenal. Registros de linguagem: verbete de introdução ao tema. In: 
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA [UNESP]; UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE 
SÃO PAULO [UNIVESP] (Org.). Caderno de formação: formação de professores: introdução 
à educação. São Paulo: Cultura Acadêmica: Universidade Estadual Paulista, Pró-Reitoria de 
Graduação, 2010. v. 2. p. 123-24. ISBN 978-85-7983-045-7. (Educação e linguagem, Caderno 
de formação n. 2, bloco 1, módulo 1). Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/bitstream/
unesp/337930/1/caderno-formacao-pedagogia_2.pdf.Acesso em: 9 fev. 2022. 
Referências
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: o trabalho 
com diferentes gêneros textuais em sala de aula: diversidade e progressão escolar andando juntas. 
Brasília: MEC/SEB, 2012a. (Ano 3, unidade 5). 
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: o 
trabalho com gêneros textuais em sala de aula. Brasília: MEC/SEB, 2012b. (Ano 2, unidade 5). 
BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo 
sociodiscursivo. São Paulo: EDUC, 1999. 
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: 
Parábola, 2008. 
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquin. Gêneros e progressão em expressão oral e escrita 
– elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (francófona). In: DOLZ, Joaquin; 
SCHNEUWLY, Bernard. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado das Letras, 2004. 
VANOYE, Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita. São Paulo: 
Martins Fontes, 1979. 
https://acervodigital.unesp.br/bitstream/unesp/337930/1/caderno-formacao-pedagogia_2.pdf
https://acervodigital.unesp.br/bitstream/unesp/337930/1/caderno-formacao-pedagogia_2.pdf