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1 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 Neurologia DOENÇAS NEUROMUSCULARES Introdução: A unidade motora representa o conjunto formado por neurônio motor inferior, incluindo o corpo celular do neurônio no corno anterior/ventral da medula espinhal, raiz, plexo, nervo e junção neuromuscular, e as fibras musculares inervadas por ele. O principal neurotransmissor envolvido é a acetilcolina, que realiza a sinapse entre o neurônio motor inferior e a célula muscular. A acetilcolinesterase é a enzima que degrada a acetilcolina na junção neuromuscular, controlando a intensidade da ligação entre a acetilcolina e o seu receptor na membrana da célula muscular. A paralisia flácida aguda é a síndrome de rápida evolução caracterizada por achados de síndrome do neurônio motor inferior: fraqueza muscular, flacidez/hipotonia e reflexos profundos hipoativos ou ausentes. A evolução do déficit neurológico é aguda, com progressão de até 4 semanas. A principal causa de paralisia flácida aguda é a Síndrome de Guillain-Barré. No Brasil, a paralisia flácida aguda representa síndrome de notificação compulsória em pacientes < 15 anos de idade, devido ao risco de poliomielite (paralisia infantil). As doenças neuromusculares podem ser causadas por comprometimento de qualquer estrutura da unidade motora. Quando o comprometimento está na medula espinhal, o déficit neurológico manifesta-se nos dermátomos localizados abaixo do nível de comprometimento, com exame neurológico normal dos dermátomos localizados acima do nível de comprometimento. Além disso, a lesão da medula espinhal também cursa com manifestações esfincterianas, como incontinência fecal e urinária. Em casos de comprometimento exclusivamente do neurônio motor, as manifestações clínicas são apenas motoras e assimétricas. Quando o comprometimento está na raiz nervosa ou no nervo periférico, há manifestações clínicas motoras, com predomínio distal, sensitivas, com padrão “em bota e luva”, e autonômicas. Os principais achados motores são fraqueza muscular e arreflexia ou hiporreflexia e os principais achados sensitivos são dor neuropática, parestesias e perda de sensibilidade. Quando há comprometimento da junção neuromuscular, a fraqueza muscular apresenta predomínio proximal. Quando o comprometimento é pré-sináptico, pode haver sinais e sintomas autonômicos e aumento da força muscular ao esforço físico. Quando o comprometimento é pós-sináptico (miastenia gravis), há fadiga e piora da força muscular ao esforço físico. Não há manifestações clínicas sensitivas. Quando há comprometimento do músculo, as manifestações clínicas são exclusivamente motoras, com predomínio proximal. Classificação: As doenças neuromusculares compreendem as seguintes doenças: - Ganglionopatias e neuronopatias. - Radiculopatias. - Plexopatias. - Neuropatias: → Mononeuropatia. → Mononeuropatia múltipla. → Polineuropatia. - Doenças da junção neuromuscular. - Miopatias. Caso Clínico: Anamnese: Mulher, 75 anos, 55 kg, vem à consulta relatando paresia simétrica em ambos os membros inferiores, de início há 2 dias, associada a parestesias, que iniciaram em extremidades distais dos membros inferiores (dedos dos pés), com progressão ascendente (joelhos). Apresenta parestesias em extremidades distais dos membros superiores (dedos das mãos), que iniciaram há algumas horas. Deambula apenas com ajuda de familiares. Nega doenças crônicas. Em uso apenas de sinvastatina 20 mg à noite, que iniciou há 2 meses. Nega uso de outras medicações. Nega infecções recentes. Realizou vacina contra a Covid-19 2 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 há 2 semanas (AstraZeneca). Apresenta lombalgia, também de início há 2 dias, com irradiação para membros inferiores e piora progressiva. Relata alívio parcial da dor com uso de tramadol. Nega traumas recentes. Nega viagens recentes. Nega alcoolismo, tabagismo ou uso de drogas ilícitas. De história familiar, relata que o irmão tem o diagnóstico de Doença de Parkinson. Hipóteses Diagnósticas: - Síndrome de Guillain-Barré: polineuropatia distal simétrica com progressão ascendente. - Síndrome da cauda equina/síndrome de compressão medular: sintomas motores, sensitivos e autonômicos. - Miopatia secundária ao uso de sinvastatina: mialgia, principalmente, de membros inferiores proximais. Em casos de viagens recentes, deve-se pensar em arboviroses (dengue, chikungunya, zika, etc). A bactéria Campylobacter jejuni associa-se a pior prognóstico da Síndrome de Guillain-Barré e caracteriza-se por quadro clínico de diarreia que antecede as manifestações clínicas neurológicas. Exame Físico: A paciente apresenta ampla variabilidade dos sinais vitais (frequência cardíaca e pressão arterial), devido à disfunção do sistema nervoso autônomo, com risco de desenvolver arritmias cardíacas graves. Exame Neurológico: - Força: → MMSS: grau V. → MMII: grau IV em músculos distais e grau V em músculos proximais. - Reflexos: → Todos ausentes, exceto tricipital. Diagnóstico Sindrômico: Polineuropatia distal simétrica de padrão ascendente e início agudo. Diagnóstico Etiológico: Síndrome de Guillain-Barré. Exames Complementares: - Exames laboratoriais: HGT, marcadores inflamatórios (PCR e VHS), sorologias (HIV, sífilis, hepatite B e hepatite C). As infecções virais e a soroconversão podem desencadear Síndrome de Guillain-Barré. - Eletroneuromiografia: geralmente normal nas fases iniciais da Síndrome de Guillain- Barré. - Neuroimagem: normal; objetivo de excluir diagnósticos diferenciais. - Exame do líquor: objetivo de excluir diagnósticos diferenciais; na Síndrome de Guillain-Barré, há aumento da concentração de proteínas no líquor, devido ao aumento da produção de anticorpos/imunoglobulinas, mas a celularidade do líquor é normal, excluindo o diagnóstico de infecção do SNC. Tratamento: - Imunoglobulina 22 g/dia EV por 5 dias. - Plasmaférese. Ambos os tratamentos apresentam a mesma eficácia. Entretanto, a imunoglobulina apresenta maior praticidade, representando a primeira escolha de tratamento. A imunoglobulina apresenta risco de causar hemólise, trombose, cefaleia, meningite asséptica, etc. Síndrome de Guillain-Barré: Definição: A Síndrome de Guillain-Barré é definida como a doença desmielinizante que caracteriza-se por reação inflamatória imunomediada que causa lesão à bainha de mielina, resultando em polirradiculoneuropatia inflamatória distal simétrica de padrão ascendente e evolução aguda ou subaguda (até 4 semanas). A Síndrome de Guillain-Barré é secundária à reação inflamatória imunomediada contra o sistema nervoso periférico. Entretanto, a natureza dos antígenos que desencadeiam tal resposta inflamatória é desconhecida. Sabe-se que o alvo da lesão inflamatória imunomediada é a bainha de mielina que envolve os axônios dos neurônios que formam as raízes e os nervos periféricos. 3 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 Epidemiologia: A Síndrome de Guillain-Barré representa a principal causa de paralisia flácida aguda, com incidência de 0,4-4,0 casos a cada 100.000 habitantes por ano. A doença acomete mais homens do que mulheres, sendo mais comum entre 55 e 75 anos de idade. Etiologia: A maioria dos casos de Síndrome de Guillain-Barré apresenta causa determinada. Aproximadamente 60-65% dos casos iniciam-se em 1-3 semanas após quadro de diarreia, classicamente causada por Campylobacter jejuni, ou de infecção viral, principalmente infecções do trato respiratório superior (resfriado, gripe, Covid-19). Outras causas de Síndrome de Guillain- Barré são cirurgias, vacinas, doenças exantemáticas agudas, infecções virais (CMV, EBV, HIV), infecções bacterianas e linfoma de Hodgkin. No Brasil, a infecção causada por zikavírus também tem sido associada ao desenvolvimento da Síndrome de Guillain-Barré. Apresentação Clínica: O paciente com Síndromede Guillain-Barré apresenta manifestações neurológicas sensitivas, motoras e autonômicas. Nas fases iniciais da doença, os sintomas geralmente são sensitivos e incluem dor radicular em coluna lombar e membros inferiores e parestesias em extremidades (mãos e pés), associadas à sensação de dormência e hipoestesia. Após as manifestações neurológicas sensitivas, há o desenvolvimento de manifestações neurológicas motoras, que caracterizam-se por perda de força (paresia ou paralisia) simétrica, inicialmente distal, com evolução ascendente em direção aos membros superiores, ao tronco e à musculatura intercostal. Os reflexos, inicialmente hipoativos, tornam-se ausentes à medida que a fraqueza muscular progride. Às vezes, a paresia/paralisia que inicia nas extremidades distais dos membros inferiores pode evoluir para paresia/paralisia facial bilateral simétrica. Aproximadamente 50% dos pacientes apresentam fraqueza máxima em 1 semana, 80% em 3 semanas e 90% em 4 semanas. Além disso, aproximadamente 75% dos pacientes com Síndrome de Guillain-Barré também apresentam acometimento de algum nervo craniano, principalmente o VII par craniano (nervo facial). As manifestações neurológicas autonômicas, principalmente hipertensão arterial, hipotensão arterial e/ou taquicardia, ocorrem em aproximadamente 50% dos pacientes. Alguns pacientes podem apresentar formas menos prevalentes da Síndrome de Guillain- Barré, que são: - Forma disautonômica: caracteriza-se por disfunção simpática ou parassimpática associada à arreflexia ou à hiporreflexia. - Forma faringocervicobraquial: caracteriza- se por fraqueza da musculatura faringocervicobraquial, com perda de força progressiva dos músculos do pescoço, dos ombros, dos membros superiores, da orofaringe e do diafragma. - Forma oftalmoplégica: também denominada Síndrome de Miller-Fisher, caracteriza-se por déficit simétrico da musculatura ocular extrínseca, ptose palpebral, ataxia cerebelar e tremor cerebelar. - Forma paraparética ou pseudomedular: caracteriza-se por fraqueza muscular progressiva dos membros inferiores, com arreflexia ou hiporreflexia em membros inferiores, mantendo os membros superiores normais. Diagnóstico: O diagnóstico da Síndrome de Guillain-Barré é essencialmente clínico. Os exames complementares podem ser realizados para excluir diagnósticos diferenciais. Os principais exames complementares que podem ser realizados em pacientes com Síndrome de Guillain-Barré são: - Análise do líquor: aumento da concentração de proteínas (proteinorraquia) e baixa contagem de leucócitos (< 10 células/mm3), achado denominado dissociação proteico- citológica; a presença de anticorpos anti- GM1 associa-se a pior prognóstico. - Eletroneuromiografia: normal nas fases iniciais da doença; achados indicativos de 4 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 desmielinização de raízes e nervos periféricos, como diminuição da velocidade de condução do estímulo elétrico. Diagnóstico Diferencial: As principais características que afastam o diagnóstico de Síndrome de Guillain-Barré, aumentando a probabilidade de diagnósticos diferenciais, são: - Sinais e sintomas assimétricos. - Disfunção esfincteriana precoce. - Contagem de leucócitos > 50 células/mm3. - Disfunção pulmonar grave com pouca ou nenhuma fraqueza muscular inicial. - Febre no início do quadro. - Evolução da doença > 4 semanas. - Metabolismo anormal da porfiria. - Difteria recente. - Exposição a metais pesados, como chumbo. - Apresentação sensitiva pura. Os principais diagnósticos diferenciais da Síndrome de Guillain-Barré são: - Deficiência de tiamina e/ou de vitamina B12. - Doenças autoimunes: doenças do colágeno, vasculites. - Doença do neurônio motor: esclerose lateral amiotrófica (ELA). - Distúrbios hidroeletrolíticos: hipercalemia, hipocalemia. - Infecções: CMV, HIV, Doença de Lyme, arboviroses (dengue, chikungunya, zica), botulismo, difteria, poliomielite. - Intoxicação por amiodarona, cloroquina, metais pesados (chumbo, bário, arsênico), organofosforados. - Miastenia gravis. - Mielite transversa. - Polineuropatias e miopatias do paciente grave. - Porfiria aguda intermitente. - Reações adversas a medicamentos. - Síndromes paraneoplásicas. Prognóstico: A Síndrome de Guillain-Barré, em geral, é autolimitada, apresentando bom prognóstico, com recuperação e resolução completa dos sintomas em 90% dos casos e mortalidade < 10%. Os principais indicadores de mau prognóstico da doença são: - Pacientes idosos e com múltiplas comorbidades prévias. - Infecção por Campylobacter jejuni. - Disautonomias graves. - Insuficiência respiratória e necessidade de intubação orotraqueal na primeira semana de evolução. - Rápida velocidade de progressão para quadro grave. Tratamento: O tratamento da Síndrome de Guillain-Barré baseia-se em: - Tratamento de suporte às complicações apresentadas, como disautonomia (hipertensão arterial, hipotensão arterial, taquicardia) e insuficiência respiratória, com internação em UTI, ventilação mecânica e monitorização cardíaca e hemodinâmica. - Reabilitação motora. - Manejo da dor. - Imunoglobulina 0,4 g/kg/dia EV por 5 dias. - Plasmaférese (2-6 sessões). A imunoglobulina endovenosa e a plasmaférese representam as únicas alternativas eficazes para o tratamento da Síndrome de Guillain-Barré. Ambos os tratamentos aceleram o processo de recuperação clínica do paciente, diminuindo as complicações associadas à fase aguda da doença e as sequelas neurológicas a longo prazo. A associação de ambos os tratamentos não apresenta benefício adicional. A imunoglobulina endovenosa e a plasmaférese diminuem a produção de anticorpos e neutralizam os anticorpos que atacam a bainha de mielina das raízes e dos nervos periféricos. Ambos os tratamentos diminuem em até 50% o tempo de recuperação do paciente. A imunoglobulina endovenosa é mais fácil de ser administrada 5 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 e apresenta menos efeitos adversos do que a plasmaférese. Outras causas de paralisia flácida: Além da Síndrome de Guillain-Barré, outras causas de paralisia flácida, de evolução aguda, subaguda ou crônica, são: - Miastenia gravis: doença autoimune caracterizada por produção de autoanticorpos que atacam os receptores de acetilcolina na junção neuromuscular; fraqueza muscular flutuante, geralmente mais leve ao acordar e pior no fim do dia, fraqueza dos músculos extraoculares e palpebrais, causando diplopia e ptose palpebral; os reflexos profundos são normais. - Poliomielite aguda: infecção viral que cursa com sintomas gripais, associados ou não a gastroenterite, febre, paralisia motora abrupta e assimétrica de membros inferiores, flacidez/hipotonia muscular com hiporreflexia ou arreflexia, mas sensibilidade preservada; possibilidade de haver paralisia da musculatura respiratória, causando insuficiência respiratória e morte. - Esclerose lateral amiotrófica (ELA): doença neurodegenerativa caracterizada por acometimento do neurônio motor superior, cursando com fraqueza muscular, espasticidade, hiperreflexia e Sinal de Babinski, e do neurônio motor inferior, cursando com atrofia muscular, flacidez, fasciculações, hiporreflexia e disfunção da mastigação, da deglutição e da fala. Neuropatias Periféricas: - As neuropatias periféricas acometem aproximadamente 2-4% da população mundial e aproximadamente 8% dos idosos. - Apresentam múltiplas causas, que variam desde adquiridas até hereditárias. - As neuropatias periféricas classificam-se, quanto ao padrão de apresentação clínica, em: → Mononeuropatia: território nervoso único. → Mononeuropatia múltipla: vários territórios nervosos diferentes com acometimento assimétrico. → Polineuropatia: vários territórios nervosos diferentes com acometimento difuso e simétrico. - As neuropatias periféricas também classificam-se,quanto ao tempo de evolução, em: → Agudas: até 4 semanas. → Subagudas: 4-8 semanas. → Crônicas: > 8 semanas. - As principais causas de neuropatia periférica aguda são Síndrome de Guillain- Barré, intoxicações, porfiria aguda intermitente, vasculites, etc. As principais causas de neuropatia periférica subaguda são síndromes paraneoplásicas, intoxicações, alterações metabólicas (diabetes mellitus, hipotireoidismo) e nutricionais (deficiência de vitamina B1 e deficiência de vitamina B12), etc. As principais causas de neuropatia periférica crônica são polineuropatia inflamatória desmielinizante crônica, doenças genéticas, intoxicações, alterações metabólicas (diabetes mellitus, hipotireoidismo), etc. - As neuropatias periféricas também classificam-se, quanto à característica patológica, em: → Axonal. → Desmielinizante. - Apresentam sintomas motores, como atrofia e fraqueza muscular, geralmente de início distal e progressão ascendente/proximal. Outros sinais e sintomas motores associados são câimbras, fasciculações e hiporreflexia. - Apresentam sintomas sensitivos positivos, como alodinia, hiperalgesia, disestesias e parestesias, e negativos, como hipoestesia e hipoalgesia. 6 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 - As principais causas de neuropatia periférica são: → Infecciosas: arboviroses, CMV, EBV, HIV, HSV, herpes-zóster, hepatite B, hepatite C, sífilis. → Inflamatórias: Síndrome de Guillain-Barré, polineuropatia inflamatória desmielinizante crônica, síndromes paraneoplásicas, doenças autoimunes, vasculites. → Compressivas: síndrome do túnel do carpo. → Traumáticas. → Metabólicas e Nutricionais: diabetes mellitus, hipotireoidismo, hipovitaminose B1, hipovitaminose B12, insuficiência hepática e insuficiência renal. → Genéticas/Hereditárias. → Tóxicas: álcool, exposições ocupacionais, medicamentos. - A mononeuropatia mais prevalente é a síndrome do túnel do carpo, que caracteriza- se por compressão do nervo mediano, resultando em dor em mão e punho que piora à noite associada a parestesias. Ao exame físico, pode-se realizar os testes de Phalen e de Tinel. O teste de Tinel apresenta maior sensibilidade para o diagnóstico da doença. A eletroneuromiografia, a ecografia e a RM do punho são exames complementares úteis. O tratamento baseia-se em cirurgia de descompressão do nervo mediano. Em pacientes com contraindicação à cirurgia, pode-se usar carbamazepina ou oxcarbazepina. Os grupos que apresentam maior risco de desenvolver síndrome do túnel do carpo são mulheres, gestantes, trabalhadores manuais, obesos, pacientes com hipotireoidismo e pacientes com deficiência de vitamina B12. Quando a causa da síndrome do túnel do carpo é metabólica, a doença geralmente é bilateral. - As mononeuropatias múltiplas geralmente são causadas por doenças autoimunes, como LES e vasculites. - As polineuropatias distais simétricas geralmente apresentam causas metabólicas e/ou nutricionais, como diabetes mellitus, hipotireoidismo e deficiência de vitamina B12. - O diagnóstico das neuropatias periféricas é essencialmente clínico. Os exames complementares são úteis para determinar a causa da neuropatia periférica. - A história médica pregressa (comorbidades, medicações, vacinas) e a história familiar são importantes na avaliação diagnóstica. - Os exames complementares que devem ser solicitados dependem da história clínica do paciente. Em geral, realiza-se exames laboratoriais, eletroneuromiografia, análise do líquor e, eventualmente, biópsia de nervo periférico. - Os principais exames laboratoriais que devem ser realizados são: hemograma, ácido fólico, vitamina B12, função tireoidiana, função hepática, função renal e sorologias. - A eletroneuromiografia é importante para excluir diagnósticos diferenciais e diferenciar a lesão axonal da lesão desmielinizante. - O tratamento da neuropatia periférica baseia-se em tratar a causa subjacente e tratar os sintomas sensitivos positivos, especialmente a dor neuropática. - As principais alternativas para o tratamento da dor neuropática são: → Anticonvulsivantes: carbamazepina, oxcarbazepina, gabapentina e pregabalina. → Antidepressivos tricíclicos: amitriptilina e nortriptilina. → Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN): duloxetina. → Anestésicos tópicos: lidocaína.
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