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1 o Histórico dos AINES o Fisiopatologia da inflamação o Diferenças e funções da COX-1 e COX-2 o Mecanismo de ação dos AINES o Classificação e características dos diferentes tipos de AINES o Principais efeitos adversos dos AINES o Compreender o histórico do desenvolvimento dos AINES; o Revisar a fisiopatologia da inflamação; o Diferenciar as enzimas COX-1 e COX-2, quanto à seu papel fisiológico e alvo terapêutico; o Compreender os mecanismos de ação dos AINES; o Avaliar os potenciais efeitos terapêuticos e colaterais destes fármacos. Aqui tem um caso clínico, como vamos fazer um paralelo entre ele e o caso da tutoria, é um caso que chama atenção pois envolve um efeito colateral bem característicos AINES. Uma mulher de 53 anos, de outra forma saudável, foi admitida no pronto-socorro após dois episódios de hematêmese e uma única fezes melênicas. Ela negou dor ou desconforto abdominal e não relatou história pessoal ou familiar de úlcera gástrica. O paciente relatou ter recebido naproxeno 500 mg duas vezes ao dia durante os 2 dias anteriores para uma entorse de tornozelo. Ao exame, a paciente apresentava-se hipotensa em decúbito dorsal, com pressão arterial de 90/30mmHg, e taquicárdica, com frequência cardíaca de 130 batimentos por minuto. O exame abdominal foi benigno, sem sensibilidade. A hemoglobina era de 10,2g/dL e o hematócrito de 33,4%; todos os outros valores laboratoriais avaliados estavam dentro dos limites normais. A endoscopia revelou úlcera gástrica hemorrágica de 1×1 cm no antro com vaso visível (Figura 1), que foi cauterizado no momento da endoscopia. As biópsias do antro e do corpo foram negativas para Helicobacter pylori. O cauterização foi bem-sucedido e o paciente foi tratado com um inibidor da bomba de prótons (IBP) intravenoso e permaneceu hospitalizado para observação e avaliação de ressangramento. Durante a internação, a paciente fez a transição para um IBP oral. Após 2 dias sem evidência de ressangramento e com os sinais vitais da paciente voltando ao normal, ela recebeu alta para casa com um IBP oral. Seu naproxeno não foi continuado. Naproxeno é um AINES e que foi acusado de forma indireta de ser o causador da lesão gástrica nessa paciente. É um efeito associado a inibição das prostaglandias via inibição da COX. É um efeito colateral, não ter como ser AINES agindo através da COX-1 sem reduzir a produção de COX-1 estomacal. o 1500 a.C. Papiro de Ebers: efeito anti-pirético e anti-inflamatório da folha do salgueiro; o 400 a.C. Hipócrates: Uso de folhas de Salix alba para dores e cicatrizar feridas; o 1763 Reverendo Edmund Stone: Casca do salgueiro para febre; o 1828 Johann Buchner: Descobriu o princípio ativo, a salicilina; o 1853 Charles Gerhardt: Sintetizou o ácido salicílico; o 1897 Félix Hoffmann: Adicionou o grupamento acetil; o 1899 Bayer lançou no mercado a Aspirina; o 1919 Marca passa domínio público; o 1994 Consumo de 50 mil toneladas; farmacologia 2 Em 1853, ao sintetizar ácido salicílico, se descobriu que ela é extremamente agressiva para o epitélio gástrico, causa lesões gástricas intensas. Mas começou a ser usado como analgésico, anti-inflamatório nesse época... passados 40 anos, Félix Hoffmann adicionou um grupamento acetil – dando origem ao ácido acetil salicílico (AAS); o ASS manteve suas propriedades farmacológicas e conseguiu reduzir os efeitos adversos gástricos. A Bayer lançou com o nome de aspirina, medicamento que até hoje é o mais comum do mundo. A Bayer estava à beira de falir e o AAS salvou a Bayer. Em 94, cerca de 50 mil toneladas de AAS tinham sido consumidas. Até 1971, não sabíamos como a aspirina e os demais representantes da classe funcionavam como analgésicos e anti-inflamatórios, era usado mas não sabia seu mecanismo de ação. Até que John Vene, um pesquisador inglês, descobriu que conforme nos aumentássemos a concentração de indometacina, ou aspirina, ou salicilato de sódio em um meio contendo ácido aracdônico e COX, nós diminuíamos a produção de prostaglandinas. COX é uma enzima chamada de cicloxigenase. Essa enzima coverte ácido aracdonico em prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos – sustâncias que participam de processos inflamatórios, fundamentais para seu desenvolvimento. Então, John Vane descobriu que a indometacina, aspirina e salicilato de sódio diminuíam a síntese de prostaglandina na presença de COX. o Essa descoberta rendeu o nobel a John Vane, Sune K. Bergstrom e Bengt I. Samuelsson. A enzima COX converte ácido aracdônico, uma substância que é produto de lesão da membrana celular, converte em prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos – 3 substâncias que estimulam processos inflamatórios. Esses 3 cientistas desconfiaram que os AINES pudessem inibir a inflamação via redução da produção de prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos. Eles pegaram um sistema fechado, adicionou substrato, ácido aracdônico, a enzima COX e os AINES. Observou que quando montava esse sistema, eu tinha uma menor produção de prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos. A COX perdia o poder de transformação do ácido aracdônico nesses mediadores, quando intubava com os AINES. Então, foi descoberto que o efeito anti-pirético, analgésico e anti-inflamatório era por conta da diminuição da produção de prostaglandina, ou seja, inibição da COX. Podemos definir inflamação como: “uma sucessão de mudanças que ocorre num tecido vivo quando este for danificado, desde que a lesão não seja de tal grau, capaz de destruir sua estrutura e vitalidade.” Pontos cardinais da inflamação: calor, rubor, tumor e dor. O quanto o nosso organismo consegue controlar esses sinais dificilmente nós avançaremos para perda de função, quando não temos condição de modular, a tendência é que esse tecido evolua para perda de função. – isso que queremos evitar quando utilizamos AINES. Em uma pesquisa de 2008, cerca de 40% da população de Salvador, convivem com dor crônica. É um número muito grande e dor é o principal fator que fazem dom que indivíduos procurem serviço médico. Existem substâncias que são produzidas mediante uma inflamação tecidual e são pró-inflamatórias, como as citocinas IL-beta, TNFalfa, IL-6 e as prostaglandinas. 3 No outro lado da balança, tem substâncias que vão favorecer a regulação da inflamação, como IL-10, IL-13. Quando não conseguimos contrabalencear esses processos pró-inflamatórios, precisamos intervir como através dos AINES, pelas prostaglandinas. Se eu tiro ela dessa balança, eu favoreço o lado anti-inflamatório. Processo inflamatório a partir de uma lesão tecidual. 1- Lesão tecidual libera histamina, ↑ fluxo sanguíneo; 2- A histamina provoca extravasamento dos capilares, liberando fagócitos e mediadores inflamatórios no meio; 3- Fagócitos englobam bactérias, células mortas e resíduos celulares; fagócitos também liberam mediadores, como estamina. 4- Plaquetas se movem para fora dos capilares a fim de iniciar o processo de controle e reparo da lesão; Agora vamos falar a nível molecular. A lesão tecidual estimula a produção de citocinas pró-inflamatórias, a migração celular (macrófagos, eosinófilos...) vão produzir e liberar essas citocinas. Essas citocinas, entre outras funções, estimulam a liberação de fosfolipídeo de membrana e eles são convertidos por uma enzima chamada de fosfolipase A2 em ácido araquidônico, que será convertido pelas COX em prostaciclina, prostaglandina e tromboxanos. o Prostaciclinas: vasodilatam, inibem agregação plaquetária o Prostaglandinas na inflamação: Dor, febre, vasodilatação Inibição da secreção de ac. gástrico, aumento da secreção de muco gástrico. o Tromboxanos: Agregação plaquetária e Vasoconstricção. Ou seja, se fizemos uma classede medicamentos que é capaz de inibir a COX, nós inibimos a produção de prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos. As prostaglandinas também possuem outras funções, fisiológicas. A prostaglandina inibe a secreção de ácido gástrico e aumenta a secreção de muco gástrico. Se eu inibo a COX e diminui a produção de prostaglandina, a nível gástrico vou ter um aumento da secreção de ácido gástrico e diminuição do muco, duas condições que vão favorecer o aparecimento de lesões gástricas. – os eventos colaterais vem a partir disso. o Aliviar os sintomas e preservar função o Retardar ou deter lesão tecidual Os AINES clássicos combinam propriedades anti- inflamatórias, antipiréticas e analgésicas combinadas. Ex: dipirona é bom antipiréticos e analgésico, mas não é bom anti-inflamatório. Dicoflanato é bom nos 3. Paracetamol é bom antipiréticos e analgésico, é fraco anti-inflamatório. Então, nem todos os AINES combinam as 3 propriedades. Alguns livros colocam paracetamol e dipirona como não sendo AINES. Existem dois tipos de COX: 1 e 2. 4 São duas isoformas diferentes que fazem a mesma coisa: convertem ácido araquidônico em prostaciclinas, prostaglandinas e tromboxanos. Os AINES são antagonistas da COX, se ligam a COX no mesmo sítio de ligação que o ácido araquidônico iria se ligar. Quando o acído araquidônico chegar, o lugar estará ocupado pelo fármaco. o AINES - Antagonistas da COX; o Ligação reversível (Exceção do ácido acetil salicílico [ser 530] e seletivos COX-2). Os AINES se ligam a COX de forma reversível, são interações fracas (pontes de hidrogênio, interações iônicas); com exceção do AAS e dos inibidores seletivos de COX-2; eles se ligam de forma irreversível a COX. Ação de um agonista x ação de antagonista o Agonista – estimula uma resposta o Antagonista – inativa uma resposta Durante muito tempo, os pesquisadores imaginavam que a COX-1 tinha função exclusivamente constitutiva e a COX-2 função induzida. Imaginavam que a COX-1 só produzia tromboxanos, ciclinas e glandinas em tecidos saudáveis, para função fisiológica. Ex: quando tenho uma lesão tecidual, ativa plaquetas. Para manter o epitélio gástrico intacto, produzo ciclinas pela COX- 1. Para manter o fluxo renal normal, a TFG normal, minhas células renais precisam produzir prostaglandinas a partir da COX-1. Eles imaginaram que durante uma lesão e processos inflamatórios, nossas células estimulavam a COX-2; pensavam que a COX-2 só estaria presente nos processos inflamatórios. Essa ideia balizou a ideia de se criar anti-inflamatório específicos para COX-2. Isso não se comprovou, temos hoje no mercado AINES que não são seletivos e AINES seletivos para COX-2. Ao longo dos anos, descobrimos que a COX-2 também desempenha papel fisiológico. Rins: o PGs são importantes para a manutenção do fluxo sangüíneo dos rins (falência cardíaca congestiva, cirrose hepática ou insuficiência renal). A COX-1 produz prostaglandinas importantes para manter a taxa de perfusão renal, principalmente quando o paciente tem alguma complicação, que eu preciso aumentar o fluxo sanguíneo renal. Plaquetas: o Nas plaquetas apenas a isoforma COX-1 é detectada. Tratamento de doenças tromboembólicas. A COX-1 estimula a formação de tromboxano, que é pró- coagulante; ativado plaquetário. Apenas a COX-1 é presente nas plaquetas. Essa função nas plaquetas é que faz com que o AAS possa ser usado como anti-agregante plaquetário; preventivo para eventos tromboembólicos. Uma dose diária de 50 a 100mmg diminui a chance de infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico. Gestação e Parto: o O que mais? Ciclogenase na gestação e no parto. É importante para a indução das contrações uterinas... Chat: Pessoal fala anticoagulante, tá errado? Resposta: Sim. Eu vou explicar um pouquinho porquê. o ... É importante para a contração uterina durante o parto; importante para a manutenção de uma 5 gravidez saudável; importante para a implantação e manutenção do óvulo. Anticoagulante Gabriella, eu não gosto de usar esse termo porque, não que esteja errado, acho que eu falei, talvez seja questão de ser um pouco mais criterioso. Porque no fim das contas, um antiagregante plaquetário, interfere no processo de coagulação, né? É porque, a etapa que o AAS age no processo coagulatório, é uma etapa muito inicial, é uma etapa de ativação da plaqueta. De ativação para que essa plaqueta começasse a agregar, e aí o processo coagulatório começar. Então se você quiser ser um pouco mais criteriosa, você separa essas fases. Então eu acho, que você vai encontrar mais nos livros aí de farmacologia, particularmente, né? Sendo mais rigoroso, com esses termos, o termo antiagregante plaquetário, do que anticoagulante. Anticoagulante, a gente separa para Heparina, Varfarina, a gente reserva para essas classes, tá ligado? Bom, então mostrei aqui para vocês funções fisiológicas da COX-1, em plaquetas, gestação e parto. Agora eu vou falar para vocês, especificadamente da COX-2. Rim: o Expressa constitutivamente na mácula densa; o O aumento da renina renal que ocorre depois da restrição de sódio na dieta necessita da indução de COX-2. Sistema Gastrointestinal: o O uso de seletivos COX-2 em animais com mucosa colônica inflamada resultou em bloqueio da síntese de PGs e aumento importante na severidade do dano na mucosa; o O tratamento contínuo resultou em perfuração da mucosa e morte de 100% dos animais – papel protetor da COX-2; o Animais KO para COX-2 tem resolução de úlcera gástrica diminuída. Útero e Ovário: o Facilita a ovulação: importante na ruptura do folículo e implementação do embrião; o Sua inibição previne a ovulação; o Animais fêmeas KO não ovulam, múltiplas deficiências no sistema reprodutor; o COX-2 expressa na parto tratamento de parto prematuro com inibidores seletivos para COX-2. Vasos Sanguíneos: o A produção de PGls (vasodilatadora e antitrombótica) endotelial em humanos saudáveis parece depender da COX-2. Então, como eu já adiantei, os pesquisadores imaginavam que a COX-2, só era expressa no processo inflamatório. Nós descobrimos ao longo dos anos, que isso não é 100% verdade, tá? De fato, no processo inflamatório estabelecido, eu tenho uma maior excreção de COX-2. Antes da inflamação, eu tenho uma baixa excreção de COX-2, mas tenho. Então aquela verdade pensada por pesquisadores, não era exatamente absoluta. Uma outra descoberta, acerca do COX-2, foi a seguinte: ela é uma enzima muito mais seletiva, para o ácido araquidônico do que a COX-1. Eu preciso de uma concentração 10 vezes menor de ácido araquidônico, para produzir uma mesma quantidade de prostaciclina e tromboxano, do que eu precisaria para a COX- 1. “Não entendi, professor.” Eu tenho aqui as duas enzimas, COX-1, COX-2. Se eu colocar um micrograma de ácido araquidônico, num sistema com COX-2, eu consigo converter em um micrograma de prostaglandina. Agora se eu colocar para eu fazer, para eu formar, um micrograma de prostaglandina, via ação da COX-1, eu preciso de 10 microgramas de ácido araquidônico, ficou claro? Então a ação enzimática da COX-2, ela é mais efetiva. Eu produzo mais produto com menos substrato. Isso, mostra, isso ressalta, uma maior atividade da Cox-2, no processo inflamatório. Então os pesquisadores não estavam 100% equivocados. Estavam um pouquinho. Justamente por essa ideia inicial deles, eles falaram: Vamos produzir moléculas químicas que sejam seletivas para a COX- 2, que inibam apenas a COX-2, e assim eles fizeram. Observem esses gráficos aqui, esses dois gráficos, onde ele avalia, a inibição da indometacina sobre a COX-1, e a inibição dessa molécula aqui, que eles chamaram de SC-58125 sobre a COX-2. 6 (Foi pedido no chat para repetiro slide) Eu falei que os pesquisadores eles ao terem a ideia de que a COX-2 era mais ativa, no tecido inflamado, era mais expressa no quadro inflamatório, eles produziram moléculas químicas que fossem específicas, para serem antagonistas ao COX-2 e não se ligassem ao COX-1. Para que pudesse evitar os possíveis efeitos colaterais da inibição da COX-1, e para eles era extremamente responsável por cuidar de processos fisiológicos e não de processos patológicos. Bom e aí, ele pesquisaram essa molécula aqui, SC-58125 e testaram, tanto a indometacina que é um inibidor, não seletivo, quando SC-58125, que eles imaginavam que fossem um inibidor, seletivo de COX-2. Então acompanha aqui: eles colocaram COX-1, e indometacina no sistema, substrato, e avaliaram a atividade da enzima. Observe, a indometacina eu vou fazer de azul, e o antagonista seletivo eu vou fazer de vermelho. Observe que conforme os pesquisadores forma aumentando a concentração de indometacina, a atividade da enzima caiu. Ou seja, a indometacina é o inibidor da Cox-1. Quando eles colocaram COX-1, substrato e o SC, aconteceu o que com a atividade da enzima? Se manteve constante. Ou seja, o SC não inibe a atividade da COX-1. Bom, então eles quiseram testar agora qual era o comportamento da molécula nova SC sobre a COX-2. Primeiro testaram a indometacina para comprovar, né? A indometacina aumentou a concentração, aconteceu o que e com o efeito da COX-2? Caiu. Então a indometacina é um AINE, seletivo ou não seletivo? Não seletivo, pois inibe tanto a COX-1 quando a COX-2. Agora vamos pensar sobre o inibidor seletivo de COX-2, o SC- 58125. COX-2, SC e ácido araquidônico. Eu fui aumentando a concentração do SC e aconteceu o que com a atividade da enzima COX-2? Caiu. Então os pesquisadores comprovaram que essa nova molécula aqui, que não tinha nem nome na época, era o inibidor seletivo de COX-2. Poxa, perfeito! Conseguimos desenvolver uma molécula que não inibia a COX-1, e inibia a COX-2. Aqui tá a forma estrutura desse percursor ai, SC-58125: Publicado aqui em 1994, tá vendo? Um dos primeiros seletivos publicados na literatura. Agora a gente quer saber o que faz um fármaco ser não seletivo ou seletivo para a COX-1. Nessa imagem não dá para a gente vê... eu falei que a gente vai discutir agora é o que faz, o fármaco, ser seletivo para a COX-2, e não ser não seletivo. O que essa molécula tem para tornar ela seletiva para a COX-2? Primeiro, eu quero informar uma coisa para vocês, essa imagem não tá muito representativa, mas eu vou informar para vocês: Aqui eu tenho, a COX-1, em verde e a COX-2 em amarelo. Anota isso aí! A COX-2 ela tem uma entrada no sítio ativo, mais larga, do que no COX-1. A COX-2, tem uma entrada do sítio ativo mais larga do que a entrada da COX-1. Qual a outra informação? A COX-2 ela possui um bolsão no seu sítio catalítico. Bolsão adicional em comparação com a COX-1. Tão vendo aqui? (Indicado de rosa) 7 Duas coisas que eu falei: A primeira, o COX-2, ela tem uma entrada de acesso ao sítio catalítico, maior do que a COX-1. A COX-2 tem uma entrada no sítio catalítico maior do que a COX-1. E a COX-2, tem um bolsão adicional no sítio que a COX-1 não tem. Então, com base nessas informações, como vocês acham que deve ser um anti-inflamatório seletivo para a COX-2? É a coisa mais básica possível. Eu tenho uma entrada grande na COX-2, e uma entrada pequena na COX-1. Além disso, eu tenho um espaço no sítio na COX-2, que eu não tenho na COX-1. Vou fazer o que? Vou fazer uma molécula maior, para que essa molécula tenha um tamanho que permita com que ela entre na COX-2, mas que ela não consiga acessar o sítio catalítico da COX-1. E foi o que eles fizeram. Olhe aqui: na imagem A aqui em cima, eu tenho um AINE não seletivo, nesse azulzinho aqui (circulado na imagem acima de azul), aqui é o ácido acetilsalicílico inclusive, que consegue bloquear tanto a ação da COX-2, quando bloquear da COX-1. Então ele é não seletivo, bloqueia 1 e 2. Agora esse daqui de baixo, que é um COXIBE, como a gente chama também, o apelido, dos inibidores seletivos da COX- 2, são os COXIBES, olha o tamanho deles (circulado de verde na imagem acima). Então eles conseguem acessar o sítio catalítico na COX-2, mas não conseguem acessar na COX-1, por isso que eles são seletivos. Chat: Com mais ligações para se aderir no bolsão. Resposta: Sim, Carol. Também foi aproveitado o fato dos bolsões catalíticos, né? Então eu permito que os COXIBEO, ele interaja mais com o alvo, do que um inibidor não seletivo inibiria. Chat: No caso, mesmo se ele entrar no COX-1, ele não chega no bolsão? Resposta: Primeiro, ele não vai entrar. Mas assim, imaginemos que a largura do bolsão seja a mesma. O código que ele passa para o aminoácido do bolsão é diferente do código que ele vai conseguir passar para a COX que não tem o bolsão. São outros aminoácidos, tá vendo? Aqui eu tenho duas valina, uma arginina, na COX-2. Na COX-1, eu tenho isoleucina, isoleucina e histidina. Então a informação elétrica não casa. Certo? Chat: Ele não se adere mais por conta da entrada que na 1 é muito pequena. Resposta: Exato Carol, exato. Chat: Se tiver um acidente... (continuação da pergunta anterior) Resposta: Layana... Nesse tipo de situação, não tem, não existe um acidente, porque não tem espaço, a proteína, a enzima COX-1, ela vai sempre ter esse bolsão, esse tamanho de bolsão. Então os selestivos realmente, eles não tem possibilidade nenhuma de inibir a COX-1. Então, esses fármacos foram pensados, produzidos, liberados, comercializados, mas, ao longo dos anos..., ah, foram comercializados e como “salvação”, né? “Agora nós temos um analgésico que pode ser usado sem medo, não causa lesão renal, não causa lesão gástrica, é a revolução no tratamento de dor e inflamação.” Porém, a história não é bem assim. Por que? Porque passamos a descobrir que a COX-2, também tem suas funções fisiológicas. Tem função fisiológica no rim. Tem função fisiologia também na produção de muco. Tem função fisiologia na produção reprodutora. Tem função fisiológica vascular, certo? Vasos Sanguíneos: Eu quero chamar a atenção para a função vascular, tá? Vai ser fundamental para gente entender algumas coisas daqui para frente. O que a COX faz a nível vascular? A COX-2, ela estimula o endotélio a produzir prostaciclina. O que a prostaciclina faz? Vasodilata e tem ação antitrombótica. Ação vasodilatadora e ação vaso trombótica. Quando eu tenho prostaglandina, eu mantenho a vasodilatação e mantenho uma atividade antitrombótica, certo? Quando eu inibo a COX, quando eu inibo a prostaciclina do endotélio, eu provoco vasoconstrição e diminuo o efeito antitrombótico da prostaciclina, porque eu deixei de produzir ela no endotélio. Bom? Capturaram isso aí? Pediram para repetir. Tá, vamos lá. Eu tô falando da função da COX, no endotélio. Vaso sanguíneo. No endotélio, a COX produz ou estimula a ações endoteliais a produzirem prostaciclina. Qual a função da prostaciclina, no endotélio. Vaso dilatação e tem um efeito antitrombótico, ok? Vasodilata e evita a formação de trombos. Eu utilizo um inibidor da COX-2, um inibidor seletivo, o que vai acontecer com a função da prostaciclina? Vai aumentar o diminuir? Vai diminuir. Então eu vou ter uma função vasodilatadora menor, uma tendência a contração, se diminuo vasodilatação, vasocontração. E uma diminuição do efeito antitrombótico, certo? Eu tenho uma chance maior de formar trombos, ok? Beleza, guarda isso aí. Chat: Essa facilidade de ovular é aumentando contração? Resposta: Não. É na ruptura do folículo. Chat: Porque isso da contração é na COX-3, né? Resposta: Não, não é. A COX-2 ela estimula a contração, mas o mesmo do parto. Por isso o tratamentos para partos prematuros, para evitar, né? Partos prematuros,é você usar um inibidor seletivo de COX-2. Bom, já que você falou da COX-3, chegamos nela. “Ô professor, você só falou da COX-1 e da COX-2 até agora, agora você vem dizer que tem COX-3?” Tô, tô falando que tem COX-3. COX-3: 8 o Provável forma da ciclooxigenase encontrada no sistema nervoso central (devido a ação do paracetamol/acetaminofeno). o Modula dor e febre no SNC. A cox-3, até poucos anos atrás, ela não era descoberta, não se sabia da existência da COX-3. Inclusive, o mecanismo de ação do paracetamol e da dipirona, era um mistério, até pouco tempo atrás. Nós não conseguíamos explicar 100% qual era a ação do paracetamol e da dipirona, exclusivamente por via da COX-1 e da COX-2. Até que a descoberta da COX-3, resolveu esse problema, esse nosso B.O. Porque não fazia sentido paracetamol e a dipirona, não terem efeitos anti-inflamatórios. Se eles inibem COX-1 e Cox- 2, por que eles não teriam efeito anti-inflamatório como os outros tem? Alguma coisa não casava aí. Quando nós descobrimos a COX-3, fez sentido. Porque a COX-3, é uma isoforma da COX, mas que está presente no sistema nervoso central. É uma enzima que produz prostaglandina responsáveis por modular a dor e a febre, no sistema nervoso central. Então agora fez todo sentido. Dipirona e paracetamol, são bons antipiréticos e bom analgésicos porque eles reduzem a produção de prostaglandina, no sistema nervoso central, certo? Claro, isso de forma mais prioritária, é outro ponto que vou destacar para vocês logo mais. Nem todo AINE, nem todo não seletivo, como é o caso aí, tirando os COCXÍDEOS, se ligam de forma igual a COX-1 ou COX-2. Eles podem ter preferência para se ligar: 30% COX-1, 70% COX-2, ou vice versa, mas eles tem preferencias por ambos, então são não seletivos. Aqui, chegamos finalmente no representante das classes. Chegamos aqui na Aspirina que é a classe dos salicilatos, no Ibuprofeno, Piroxicam, Diclofenaco, Mefenamato, Nabumetona, Acetaminofeno ou Paracetamol, e Indometacina. Então nós temos essa gama de AINEs não seletivos contra a COX-2. Os Salicilatos: A gente vai falar dos principais, tá? Não vamos falar de todas não, e vamos começar com o salicilato. Salicilato que tem o ácido salicílico, o ácido acetilsalicílico, e o diflunisal. Três representantes. O ácido salicílico hoje em dia, ele é muito mais utilizado na dermato, como uma aplicação tópica, do que como analgésico. Tem muitas utilizações com o ácido salicílico, para o controle de oleosidade, tirar manchas, manter a saúde da pele. Mas o diflunisal e o ácido acetilsalicílico continuam com o seu protagonismo, como um AINE realmente, um anti-inflamatório esteroidal. Então eles são fármacos que tem poder analgésico, antipirético e anti-inflamatório. São AINEs clássicos. Ainda sobre o uso farmacológico, além de analgésico, antipirético, anti-inflamatórios, eles podem ser usados, eles são usados, como antiagregante plaquetário, eles afetam a agregação plaquetária. E aí tem um ponto que eu quero chamar a atenção, imprescindível que vocês saibam disso. Dentro de todos os AINEs que nós temos, todos, eu digo todos, todos mesmo, esses daqui, todos (Ibuprofeno, Piroxicam, Diclofenaco, Mefenamato, Nabumetona, Acetaminofeno e Indometacina), fora os outros da classe, o ácido acetilsalicílico, é o único utilizado como antiagregante plaquetário, e eu quero saber o porquê. Por que o AAS é o 9 único AINE utilizado como um antiagregante plaquetário na pratica clínica? Chat: Porque inibe a coagulação. Chat: Inibe transformação de fibrinogênio em fibrina. Perfeito! Ele inibe, Hellen. Ele inibe Layana. Mas os outros também inibem. Se vocês forem fazer uma consulta pré- operatória, e o paciente tiver usando diclofenaco, o recomendado não é que a operação acoteça, que essa cirurgia aconteça. É tirar o anti-inflamatório do paciente, esperar aí 7 a 10 dias, 15 dias, para remarcar aí a cirurgia, senão você não faz a cirurgia. Eu quero saber o porquê na clínica só o AAS é utilizado. E eu dei essa informação para vocês, pedi para vocês anotarem. O que foi que vocês anotaram aí sobre o AAS? Chat: Porque bloqueia a COX de forma irreversível. Chat: Se liga de forma irreversível. Isso Carol. Isso Suzanne. Exatamente. Porque o AAS, é o único AINE que se liga a COX de forma irreversível. E daí professor? E daí que eu tô falando de plaqueta, ou das plaquetas. As plaquetas possuem núcleo? Não, não possuem núcleo. Então se eu utilizo um fármaco que bloqueia a COX de forma irreversível, essas plaquetas vão ter capacidade de sintetizar uma nova COX, para suprir essa COX que foi bloqueada? Não. Então o processo de toda vida útil dessa plaqueta, ela vai ficar o que? Com a ativação plaquetária prejudicada. Com a sua ativação prejudicada, ficou claro isso? Então por isso que a gente espera, que se o paciente tiver usando de fato um AAS, a gente espera de 7 a 10 dias. Para de usar agora, espera esses dias para as plaquetas renovarem, a gente produzir novas plaquetas livres do AAS, ok? “Professor, mas eu não entendi, os outros AINEs, eles também afetam o desenvolvimento plaquetário?” Também afetam, mas afetam em menor escala, porque eles se ligam de forma reversível, né? Propriedades Farmacológicas e Uso Terapêutico: o Analgesia; o Antipirese; o Efeito Anti-Inflamatório: - Dispepsia, - Erosão, - Anemia-sangramento gastrointestinal, - Ulceração. o Agregação Plaquetária: - Contribui para aumento de tempo de sangramento. o Efeito renal: - Homeostasia: diminui a excreção de sódio; ganho de peso; edema periférico; aumento da pressão sanguínea. - Diminui a secreção de potássio: hipercalemia. - Hemodinâmica renal: insuficiência renal aguda. Além dessas propriedades farmacológicas e desse efeito terapêutico, os salicilatos, também provocam os efeitos gastrointestinais, também por conta da diminuição da produção de prostaglandina a nível estomacal. Então o paciente vai ter dispepsia, erosão, anemia por conta dos sangramentos gastrointestinal, ulceração, certo? Tem efeito sobre o sistema renal: afeta a homeostasia, o paciente diminui a excreção de sódio, então ele aumenta a reabsorção de sódio, aumenta a ingestão de agua, ele ganha peso, edema, aumento de pressão, diminui a secreção de potássio, então pode desenvolver hipercalemia, e na pior das hipóteses, insuficiência renal aguda. Sobre a farmacocinética e o metabolismo. São todos absorvidos por via oral, o AAS, rapidamente absorvido por via oral, um pouco no estomago e o restante no intestino. Tem uma solubilidade satisfatória, não atua quando se aplicado por via oral. Se liga fortemente as proteínas plasmáticas. É metabolizado no fígado, e eliminado por via urinária, com eliminação dependente do pH. Farmacocinética e Metabolismo: o Absorção: Via Oral - pKa x pH ácido Acetilsalcílico é rapidamente absorvido por via oral, um pouco no estômago e a maior parte nas porções iniciais do intestino delgado. - Solubilidade. - lipossolubilidade. o Ligação a proteínas plasmáticas. o Biotransformação hepática. o Excreção urinária: dependente do pH. Bom, potenciais interações medicamentosas: a interação a nível farmacocinético, os principais, por exemplo, a nível de eliminação. Sei que a gente não viu eliminação ainda, mas uma das formas pela qual os fármacos chegam nos rins, acessam o néfron para serem eliminador, é através da secreção tubular ativa. Existe os transportadores, que pegam o fármaco e jogam ele para dentro do néfron. Acontece que alguns, competem pelos mesmos transportadores. Então se você usar um salicilato e uma probenecida, o transportador vai ficar ocupado com os dois, né? Ele vai ter dois fármacos para transportar ao invés de um só. Então você reduz a eliminação do salicilato se utilizar um conjuntocom o probenicida. 10 De forma muito parecida acontece com o metrotexato e lítio. Nós diminuímos a eliminação desses fármacos por interação com o salicilato. Que é um mecanismo diferente um pouquinho, é um mecanismo de acidificação urinaria. Como eu acidifico a urina, eu acabo estimulando a absorção, a reabsorção de metrotexato e lítio. A nível de distribuição, os salicilatos eles competem pelas mesmas proteínas plasmáticas que são a Varfatna, Fenitoína e outros AINEs. Então eu acabo distribuindo mais, o fármaco, em uma velocidade maior, pelo fato de eu ter ele desligado das proteínas plasmáticas, porque ele tá competindo com esses outros fármacos. E aí vem metabolismo hepático. A toluamida, é metabolizada pela mesma enzima que metaboliza os salicilatos. Então tem uma diminuição da metabolização e diminuição da excreção de salicilatos. Potenciais Interações Medicamentosas: o Redução da Secreção Tubular: Probenicida. o Drogas com Eliminação Renal: Metrotexato; Lítio. o Deslocamento da Ligação com Proteínas Plasmáticas: Varfarina; Fenitoína; Outros AINEs. o Metabolismo Hepático: Tolbutamida. Derivado Para-Aminofenóis: Acetaminofeno: Bom, chegamos nos derivados para aminofénois, ou, o acetaminofeno que é o paracetamol. Essa estrutura química aqui: Efeitos terapêuticos: efeito antipirético, ok, efeito analgésico, ok, via inibição de COX, e consequentemente diminuição e produção de prostaglandinas. Então, não tem segredos quando a isso. O segredo é, por que o acetaminofeno tem baixa resposta anti-inflamatória? A gente já falou um pouquinho sobre um dos motivos, que é o motivo da COX-3, que é o principal alvo da acetaminofeno está localizado majoritariamente no encéfalo. Efeitos Terapêuticos: Antipirética Analgésica Anti-Inflamatória (?) Eu sei que vocês já estão cansados, mas eu vou pedir um pouco de atenção a mais nesse ponto aqui, tá? Por favor. Estamos vendo aqui, vamos discutir, um possível mecanismo pelo qual o acetaminofeno pede forças anti-inflamatória, ok? É isso que a gente vai ver agora. Então acompanhe aqui. Eu tenho aqui um esquema mostrando a ação de duas enzimas fundamentais, num tecido inflamado: Peroxidase e a Cicloxigenase, certo? Então no tecido inflamado, essas duas enzimas estão trabalhando o tempo todo, tá? Existe um composto do ciclo da peroxidase que é chamado de composto I. “Ô professor, o senhor é muito preguiçoso. Qual o nome do composto?” É composto I mesmo. Então esse composto que faz parte do ciclo da peroxidase, ele funciona como um ativador da COX. O que foi que eu mostrei aqui? Eu mostrei duas enzimas: peroxidase e ciclogenase. São duas enzimas que estão trabalhando a todo vapor em tecido inflamado. Certo? Peroxidase produz radicais livres nos tecidos inflamados. E a COX produz prostaglandinas, ciclinas, tromboxanos. Então são enzimas que tem facilitações importantes no tecido inflamado. Durante a ação da peroxidase, ela forma um composto chamado composto I. Acontece que esse composto I, formado pela peroxidase, ele participa da ativação da COX- 2, ok? Prováveis caraterísticas particulares em seu mecanismo de ação: Composto I - forma ativa essencial, formada na presença de peróxidos ou radicais livres. Composto II - forma inativa, reduzida. Fe(IV)Tyr• - a transferência de e-do Tyr para o Fe(IV) inicia a atividade da COX. Acetaminofeno – parece participar na redução do composto I em II, inibindo a atividade da COX. Então, até aí tudo bem. Acontece que o paracetamol, o acetaminofeno, ele parece ter um efeito, uma ação Porque o acetaminofeno tem baixa atividade anti-inflamatória? 11 farmacológica, de redução do composto I, em composto II. Ele pega o composto I, que iria ativar a COX, e converte ele em composto II, inativa esse composto I. Qual a consequência disso para a COX? Uma redução da atividade. Então esses seriam mecanismos particulares do acetaminofeno, além dele ser um inibidor da COX, ele retira do sistema de ativação da COX, um composto que era fundamental para ativação da mesma, certo? Chat: Mas isso não reduziria o processo inflamatório? Resposta: Sim, sim Carol. A gente vai ver agora o porque isso acontece. Chat: É a peroxidase que o produz? Resposta: Isso, a peroxidase que produz o composto I. Todos esses metabólicos aqui (da imagem acima) são produzidos pela peroxidase, em processos de oxidação, redução... O acetaminofeno ele estimula, ele facilita, ele inativa, ele converte o composto I, no II. Qual é o segredo, por que a COX e o paracetamol, então não tem esse fantástico efeito anti-inflamatório? Acompanhe comigo aqui. O que esse experimento demonstrou? O que esse experimento fez? O que esse experimento entregou? A COX não importa se é I ou II, pegou a COX, adicionou paracetamol, e observou a atividade do paracetamol sobre a COX em um ambiente sem peroxidase. Depois ele pegou a mesma quantidade de paracetamol, a mesma quantidade de enzima de COX, e adicionou, fez um ambiente com peroxidase. Ele observou o que? Ele observou que no ambiente que tinha paracetamol, peroxidase e a COX, eu precisava de uma concentração muito menor de paracetamol para inibir a enzima COX. Ou seja, o efeito inibitório do paracetamol é potencializado, aumenta, se o ambiente tiver pouca concentração de peróxidos. Se eu tiver em um ambiente que tem muito peróxido, eu tenho baixo efeito do acetaminofeno. Pergunto para vocês, o ambiente inflamatório, é um ambiente que tem muito peróxido? Sim. E o ambiente com muito peróxido, que o acetaminofeno não consegue desempenhar um papel de anti-inflamatório. Ficou claro? Qual é o link desse slide aqui, ou dessa informação que eu passei para vocês, da formação anterior? Deixa eu só escrever aqui no chat, para vocês entenderem o que eu tô querendo dizer... Se eu tenho um ambiente com muito peróxido, eu tenho baixa atividade do paracetamol. Chat: Muito peróxido Baixa atividade paracetamol. Pouco peróxido Alta atividade paracetamol. Foi o que eu falei para vocês, em um ambiente inflamatório, eu tenho muitos peróxidos, então tenho baixa atividade de paracetamol. Onde que essa informação casa com esse mecanismo daqui (mecanismo anterior)? Casa no seguinte, se eu tenho um ambiente com muito peróxido, eu vou ter um ambiente com muita funcionamento da peroxidase. Porque o papel da peroxidase é... Chat: Haverá muito comporto I. ... Perfeito Helen. Papel da peroxidase é diminuir a quantidade de peróxido no tecido. Então ela vai desenfrear esse ciclo aqui, muitas vezes. Então ela vai produzir muito composto I. Tá claro até aí? Chat: Muita ativação de COX-2. Perfeito. Então se ela produz muito composto I, vai ativar muita COX, e esse mecanismo aqui secundário não vai ser suficiente para converter esse tanto de composto I, em composto II. Chat: A quantidade supera a ação de paracetamol, é isso? Resposta: Exato, a quantidade de composto I formado, supera a capacidade de acetaminofeno de inativar esse composto I. Deem uma olhada aqui em algumas características, tá? Olha só pessoal, o paracetamol, ele tem uma afinidade muito baixa pela COX-1, muito baixa pela COX-2, e uma afinidade, não é excelente, mas é maior pela COX-3. “Ah professor, mas esse número é menor. 460 é menor do que 1000.” Só que aqui tem valores de IC50, não sei se vocês recordam, mas IC50 é: concentração, necessária, para inibir 50% da atividade enzimática. Então quando menor o IC50, significa que maior a capacidade do meu fármaco de inibir a atividade da enzima. Tudo bem? Eu preciso de 460 μM (micro molar) de acetaminofeno, paracetamol, para inibir 50% do efeito da COX-3, ou da atividade da COX-3. Enquanto que eu preciso de 1000 μM (micro molar) do acetaminofeno para inibir 50% da COX-2. Chat: Então ele inibe nessecaso mais a COX-3? 12 Resposta: Isso. Testem aqui (tabela acima), pensem na aspirina aqui embaixo. Vocês acham que ela tem um afinidade maior em qual enzima, na COX-1, COX-2, ou COX-3? A Lohana acha que é a 3, a Layana também. Por que? Porque eu preciso de 3,1 μM (micro molar) de aspirina para inibir 50% da atividade da COX-3. E eu preciso por exemplo de 10 μM (micro molar) de aspirina para inibir 50% da ação da COX-1. Então menor valor significa uma menor preferência, menor afinidade. Chat: Só repete: quanto maior a concentração de IC50... Resposta: Quando maior o valor de IC50, menor a afinidade daquela molécula pela enzima. Riscos: Bom, a gente vai ver bastante sobre isso aqui, na aula de metabolismo, mas já posso te falar aqui também que o paracetamol ele gera, nas suas reações de metabolismo, ele gera um metabólico tóxico, hepatotóxico, que se não for neutralizado pelo nosso sistema de glutationa redutase ele é extremamente reativo com as nossas proteínas hepáticas, ou proteínas dos hepatócitos, melhor dizendo. Lendo esse hepatócito a morte, e consequentemente uma falência hepática aguda. A gente vai discutir mais profundamente na aula de metabolismo. o Glicuronidação e sulfatação. o Oxidação por CYP450: N-acetyl-pbenzo-quinone imine (NAPQI). o Hepatotoxicidade aguda! o Necrose hepática aguda. - CYP2D6 é polimórfica. o Interação com etanol, carbamazepina, fenitóina e barbitúricos: aumento da toxicidade. o Lesão no TGI. o Broncoconstrição. Chat: Por que ali todos tinham afinidade pelo 3? É algo na estrutura? Resposta: Sim, eu vi aqui Lohana interessante, né? Todos os AINEs que eu mostrei aqui eles tem preferência pela COX-3, do que pela COX-1 ou pela COX-2. Provavelmente. Foi uma coincidência porque quando esses fármacos foram desenvolvidos ou descobertos, a gente nem sabia que existia COX-3. Não vamos dizer que a gente desenhou eles para ser mais específicos para a COX-3. Não. Foi coincidência. Mas a coincidência deve refletir uma afinidade estrutural pela 3 do que pela 1 e pela 2. Mas ao acaso, não foi intencional. Diclofenaco: Chegamos no diclofenaco, diclofenaco como eu falei, ele é um AINE clássico, né? Ele tem uma boa ação analgésica, boa ação antipirética, boa ação anti-inflamatória. É muito bem absorvido por via oral. Completamente absorvido de um comprimido que tem um gastro revestimento, seja resistente ao pH estomacal. Então, se o comprimido for revestido de forma gastrorresistente, a gente absorve 100% do diclofenaco no intestino. Você administrar diclofenaco, após a alimentação, você retarda a absorção, mas a concentração final é muito parecida. Então você só vai fazer com que o diclofenaco fique mais tempo no estômago, porque você consumiu junto da alimentação, mas quando esse bolo alimentar chegar no intestino, diclofenaco vai ser absorvido normalmente. Só vai demorar mais para o efeito, né? “Tô com uma dor intensa.” Não tome diclofenaco e se alimente, que vai demorar mais para essa dor passar. Ligação a proteínas plasmáticas, altíssimas, 99%. Biotransformação hepática também, e excreção urinária: esse aqui é legal, não acrescentar muito nesse momento, que a gente não viu a aula de metabolismo ainda, mas cerca de 60% de diclofenaco, é eliminado na urina, sobre a forma de conjugado glicurônico. Farmacocinética e Metabolismo: o Absorção: Via Oral. - O diclofenaco é completamente absorvido dos comprimidos gastrorresistentes após sua passagem pelo estômago. - Absorção após alimentação é retardada, mas concentração final é semelhante, por demorar mais no estômago. 13 o Ligação a Proteínas Plasmáticas: 99,7% o Biotransformação Hepática. o Excreção Urinária: - Cerca de 60% da dose administrada é excretada na urina como conjugado glicurônico da molécula intacta e como metabólitos, a maioria dos quais são também convertidos a conjugados glicurônicos. - Conjugado glicuronico da molécula intacta. Então antes de passar por reações metabólicas de quebra da molécula, a gente adiciona o ácido glicuronico na reação de fase 2. Uma reação química, metabólica que adiciona compostos hidrossolúveis ao fármaco para facilitar a excreção. Coxibes: A medida foi tomada após um estudo realizado com pacientes que sofrem de câncer de cólon que tomaram o remédio por três anos. Os resultados mostraram que esses pacientes apresentavam duas vezes mais riscos de ter problemas cardiovasculares, como ataques cardíacos e derrame, do que os que tomaram placebo. Aí a gente termina os AINES que são não seletivos. Então nós vimos até então fisiopatologia da informação bem rapidamente só para detalhar a importância das prostaglandinas, das prostaciclinas, dos tromboxanos. Vimos o mecanismo de ação, eles atuam inibindo a cox que é a enzima que converte ácido araquidônico nos mediadores pró inflamatórios, portanto com menos ação da cox, eu vou ter menor produção de prostanoides somando os três a gente chama de prostanoides, ou seja, vou reduzir dor, inflamação, edema, calor, tumor, rubor né. Isso tudo. E falei um pouco das particularidades de cada uma das classes, falamos também do papel das cox que é fundamental para entender as classes, para entender o mecanismo, para entender os efeitos colaterais. Falei que a cox auxilia na manutenção de gestação. Falei que a cox regula o fluxo sanguíneo a nível renal. Falei que a cox regula a produção de muco no estômago. Falei que a cox provoca vasodilatação a nível endotelial e diminui a agregação plaquetária. Então vimos bastante coisa até chegarmos nos a gentes individuais. Os salicilatos que aí inclui o AAS (ácido acetilsalicílico) que tem o papel fundamental como anti- inflamatório, analgésico, antipirético, mas também como antiplaquetário. Falei do paracetamol que tem uma função analgésica e antipirética e uma ação fraca anti-inflamatória. Falei do diclofenaco que reúne aí as três propriedades. Agora a gente vai parar para na próxima aula falarmos dos coxibes ou inibidores seletivos da cox-2. (Continuação da aula 11, que foi dada no início da aula 12.) Chat: Porque esse apelido coxibes? Resposta: Ele recebe esse nome porque foram os primeiros representantes da classe, foram batizados com o sufixo coxibes, então rofecoxib, famoso vioox e o celecoxib, foram lançados praticamente no mesmo ano deram início a essa geração de fármacos seletivos da cox-2. Acontece que 5 anos após o lançamento do rofecoxibe, ele foi retirado do mercado, o vioox, vocês devem ter ouvido falar já, creio eu. E o que aconteceu com o vioox, durante um estudo clinico, que foi lançado em 99, foi aprovado, oficializado e a galera começou a usar. Então os pesquisadores começaram a fazer alguns ensaios clínicos, pra ver em quais situações seria melhor usar coxibe ou o aine convencional. E o estudo mostrou o problema do vioox, foi o estudo que estava avaliando o efeito analgésico do coxibe, em paciente com câncer de cólon. Então vocês sabem que pacientes com câncer, tendem a sofrer dores intensas, usam muito opioides. Eles estavam querendo saber se os coxibes tinham o mesmo ponto de analgésico que os opioides, que assim eles teriam os mesmos efeitos colaterais que os opioides teriam, então seria uma boa estratégia usar os coxibes para essas dores. Só que eles observaram durante 3 anos que os pacientes que usaram rofecoxib, como analgésico durante 3 anos, tiveram o risco duas vezes maior de apresentarem problemas cardiovasculares, como ataque cardíaco e acidente vascular encefálico. Isso ascendeu um alerta para as Organizações Internacionais (FDE, ANVISSA e tudo mais), que passaram a investigar e pediram para MEC dá explicações sobre esse risco aumentado. E ficou comprovado que o coxibe, é o responsável por aumentar esse risco em duas vezes de o pacienteter infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico. A gente vai discutir o por que isso acontece em pacientes que usam inibidor seletivo da COX-2. Celecoxibe: 14 Farmacocinética e Metabolismo: o Absorção: Via Oral. - A administração com alimentos (refeição rica em gorduras) retarda a absorção do celecoxibe resultando em um Tmáx de cerca de 4 horas e aumenta a biodisponibilidade em cerca de 20%. o Biotransformação Hepática: - O metabolismo de celecoxibe é mediado principalmente pela via citocromo P450 2C9 o Excreção Hepática: O celecoxibe é eliminado predominantemente por metabolismo hepático, com menos de 1% da dose excretada inalterada na urina. O celecoxibe é bem administrado por via oral, com alimentos ricos em gordura, nesse caso a gente retarda a absorção e aumenta a biodisponibilidade. O celecoxibe, que é o exemplo que eu estou dando aqui, com alimentos você retarda a absorção, demora mais para o efeito começar e aumenta a biodisponibilidade em até 20%. O metabolismo é mediado via enzima P 450 2C9, principalmente via hepática. E a excreção é predominantemente via biliar, via fezes e menos de 1% é excretado na urina. E isso mostra que ele tem um caráter muito lipofílico, representado na excreção e no aumento da biodisponibilidade quando administrados com alimentação rica em gordura. Dois sinais aí da lipossolubilidade do celecoxibe. Bom, sobre o mecanismo de ação eu não preciso mais falar pra vocês ne, eu já falei, creio eu, a gente já falou anteriormente, atua inibindo a COX, qual COX? COX-2. Bloqueia a COX-2, e vai diminuir a produção de prostaglandina, tromboxanos, diminuindo o quadro de dores, inflamação, edema, rubor e tudo mais. COX 1: o Úlceras peptídicas. o Sangramento GI. o Problemas renais. COX 2: o Hipertensão. o Infarto do miocárdio. o Problemas renais E a gente cai nos principais efeitos adversos dos AINEs. Eu dividir aqui em fármacos não seletivos e fármacos inibidores seletivos de COX-2. Os não seletivos têm efeitos adversos como úlceras peptídicas, sangramento gastrointestinal e problemas renais. Já os seletivos para COX-2 são hipertensão, infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico e problemas renais. Nós vamos ver agora os mecanismos pelos quais esses efeitos aparecem. Bom, tem mais uma imagem de endoscopia aqui, mostrando uma lesão gástrica importante, sangramento e do lado direito eu tenho uma imagem mostrando o mecanismo de ação. Os NSAID (em inglês), AINE (em português) e AINES (no plural). Os AINES bloqueiam o COX-1, que convertem ácido araquidônico em prostaglandinas. A redução da síntese de prostaglandina leva a redução da produção de muco, redução da secreção de bicarbonato, redução do fluxo sanguíneo na região estomacal. Então é um conjunto de efeitos, eu vou tentar escutar um por um daqui a pouco, que culmina com a lesão gástrica. Acompanha comigo, se eu reduzo a produção de muco, eu reduzo a produção epitelial, então contribuo para eventos gástricos intestinais. Se eu reduzo a secreção de bicarbonato, eu aumento a acidez, eu tenho menor ferramentas para neutralizar o H+ do estômago, outro evento que precipita lesões gástricas. 15 Se não bastasse, a baixa de prostaglandina, representa uma baixa dilatação, baixa vasodilatação. Eu também forneço um suprimento de oxigênio mais baixo para o tecido. Ou seja, uma cascata de eventos que leva a lesão epitelial. Todo mundo entendeu esses fatores? Beleza. Vamos ver o mecanismo renal, mecanismo de lesão renal provocada pelo uso de AINES. Bom, primeiro eu tenho aqui o seguinte, o quadro é o seguinte. Situações em que os pacientes têm um aumento da produção de substâncias vasoconstritoras. Como por exemplo, paciente com uma doença renal, doença cardiovascular, que leva uma redução do fluxo renal, induzindo nosso sistema de compensação, a produzir angiotensina II, catecolaminas e vasopressina, para tentar aumentar o fluxo sanguíneo renal. Bom, do outro lado eu tenho um quadro em que os pacientes têm cirrose, necrose, insuficiência cardíaca ou está usando diuréticos, eles têm uma redução do volume de sangue devido esses fatores e também levam a produção de vasoconstrictores (angiotensina II, catecolaminas e vasopressina). Beleza? Esse é o quadro então. Quando o paciente não tá usando AINES, ele sobe pra essa linha aqui de sem tratamento (da imagem), ele consegue produzir prostaglandina a nível da musculatura renal, e essas prostaglandinas vasodilatam, essas prostaglandinas antagonizam os efeitos intra-renais dessas substancias vasoconstritoras aqui (angiotensina II, catecolaminas e vasopressina). Agora isso vai acontecer, esse antagonismo vai acontecer quando o paciente tem a COX ativa. Agora quando o paciente está usando AINES, eles inibem a produção de prostaglandina a nível renal, da vasculatura renal, deixando sem oposição a ação dos vasoconstritores. Então angiotensina II, catecolaminas e vasopressina vão provocar a vasoconstrição a nível renal, ou seja, vai diminuir a taxa de filtração glomerular e se isso não for convertido o paciente vai começar a desenvolver insuficiência renal. Bom, eu vou explicar mais uma vez isso que eu falei nessa imagem aqui. Acompanhe aqui. Eu vou tentar explicar nessa imagem, se não ficar claro eu repito tá Carol? Chat: Prof, quando o senhor explica essa parte aí renais, o senhor tá querendo dizer que quando você tem uma lesão renal e quando faz uso de AINES, você tem uma potencialização dos efeitos vasoconstritores, é isso? Resposta: Também, se você tem uma lesão renal e usar AINES a chance de você piorar essa lesão é muito grande. Chat:: Entendi, e quem tem essa lesão renal já tem uma tendência a inibição de prostaglandina, é isso? Resposta: Não, mas você tem uma tendência a produzir vasopressores, a produzir angiotensina II, catecolaminas e vasopressina. Chat: ah sim, porque eu estava associando aos AINES apenas, mas agora que o senhor explicou eu entendi que tem duas situações diferentes. Resposta: Mas sua pergunta é muito bacana, porque o seguinte. A professor quer dizer então que o efeito prejudicial renal dos AINES, só vai acontecer se tiver uma doença renal previa como essas daqui? Não. Eu atendi, acompanhei um paciente num estágio final no Hospital das Clínicas, que ele estava com insuficiência renal crônica, internado, por uso de diclofenaco. Ele usava diclofenaco pra tudo, todos os dias. Fazendo a anamnese farmacêutica contava que morava, eu não lembro o nome da cidade, era uma cidade no interior bem simplesinha, ele disse que passava um homem vendendo remédio numa bicicleta, anunciando diclofenaco. E ele só comprava diclofenaco, dor de barriga, diclofenaco, dor de cabeça diclofenaco. Por anos, ele usou diclofenaco praticamente todos os dias e qual a consequência? Lesão renal. E ele não tinha doença previa, mas o fato de você reduzir a vasodilatação renal, os capilares renais, você diminui a função e aí por diminuir a função, a taxa glomerular por muito tempo, ele começou a desenvolver isquemia, necrose, nefrite e insuficiência. Entendeu? Acompanhe comigo, o quadro A do lado esquerdo e quadro B do lado direito. Do lado esquerdo eu tenho um exemplo da ação vasoconstritora da angiotensina II, mas o paciente não está usando um inibidor, um AINE, nenhum seletivo de COX- 16 2, então por outro lado ele compensa produzindo prostaglandina e prostaciclinas, vasodilatando. Então a taxa glomerular se mantém normal. Agora, quando esse paciente está usando um AINE, não seletivo ou seletivo de COX-2, esse efeito vasodilatador renal não é significativo, e vai começar a ter diminuição da taxa glomerular e vai evoluir para esses quadros que eu coloquei aqui do lado (isquemia, necrose, nefrite, insuficiência).Agora a gente vai entender porque os efeitos cardiovasculares, como infarto, acidente vascular encefálico, eles são característicos dos seletivos de COX-2. E aqui eu vou pedir que vocês prestem um pouquinho mais de atenção, porque os efeitos cardiovasculares são seletivos para fármacos de COX-2. Vamos lá, primeiro eu vou colocar mais uma vez a situação normal, a situação fisiológica (do lado esquerdo). Na situação fisiológica eu tenho vaso, plaquetas, hemácias, uma parede vascular, num calibre normal dilatado endotelial e as plaquetas normais, sem coagulação espontânea, enfim. Como a gente está agora né, creio eu, desejo eu, nessa homeostasia coagulatória. Bom, o que acontece para esse processo de homeostasia se manter? Nas plaquetas temos COX-1, exclusivamente cox-1, vocês anotaram isso aí na aula passada. Então as plaquetas têm exclusivamente cox-1. O que as cox-1 das plaquetas fazem? Elas convertem ácido araquidônico em tramboxano- 2. E o tromboxano- 2 é um ativador da agregação plaquetária. É um ativador da agregação plaquetário. Esse é o papel da cox-1 das plaquetas. E no endotélio, eu tenho o cox-2. O que o cox-2 faz? A cox-2 produz no endotélio prostaciclinas. Pego ácido araquidônico e produz prostaciclinas. Qual o papel da prostaciclinas no endotélio? É diminuir ou inibir a ativação plaquetária. Isso e manter a vasodilatação. Então vou colocar que TXA2 nas plaquetas tem o papel de ativação da agregação. Prostaciclina no endotélio tem o papel de inibir a ativação plaquetária e vasodilatar. Tá claro pra vocês?! Papel fisiológico, só estou relembrando pra vocês o que a gente viu na aula passada Agora vamos para o cenário 2. O cenário do lado direito. No cenário 2, o paciente tá usando o inibidor seletivo de Cox-2. Ou seja, olha o que vai acontecer, na imagem embaixo. Ele vai inibir apenas a cox-2 no endotélio, concordam?! Ele não inibir a cox-1 na plaqueta. Ele inibir só a cox-2 que está no endotélio. Ou seja, ao inibir apenas a Cox-2, o paciente vai perder prostaciclina endotelial. Então ele vai começar a perder a inibição para que as plaquetas se ativem e vai diminuir a vaso dilatação provocada pela prostaciclinas. Se não bastasse isso, por não inibir a cox-1, as plaquetas não estão nem aí pra isso. Elas vão continuar produzindo tromboxano. Então, a homeostasia entre tromboxano (pró coagulatório), prostaciclinas (anti coagulatório e vasodilatador) está desregulada. Eu diminuo a produção de prostaciclina, que seria anticoagulatorio ou anticoagulante e vasodilatador e mantenho níveis normais de tromboxano que são pró coagulantes. Então por isso, esses pacientes tem uma alta ativação plaquetária e uma vasoconstrição. Tudo que é necessário para o aumento do risco cardiovascular. Ah professor, mas é se o paciente estiver usando um não seletivo? O que vocês me diriam? E se o paciente utilizar um anti-inflamatório não seletivo? Ele vai ter risco cardiovascular? Aumentado? Porque? Ele vai inibir os dois. Então vai equilibrar. Ele vai inibir cox-2? Vai. Vai inibir prostaciclina? Vai. Mas ela também vai inibir tromboxano. Então equilibra. Só o seletivo provoca esse aumento do risco cardiovascular. Então saibam que, com certeza, serão questões de prova esses mecanismos de efeitos adversos associados. o Eficácia. o Custo-eficiência. o Segurança. o Outros fatores: - Medicamentos associados. - Adesão ao tratamento. 17 Diante das infinitas, infinitas é exagero. Mas diante das enumeras opções terapêuticas do AINES, como escolher? Eu acho que a gente tem que pensar em alguns fatores. Temos que pensar na eficácia, temos que pensar no custo- efetividade, custo eficiência, na segurança, e fatores adicionais, por exemplo: o paciente tá com o quadro característico de inflamação, em uma articulação, todos os sinais de inflamação naquele local. Vocês acham quem é mais indicado um Diclofenac ou uma Dipirona? Qual vai ser mais eficaz? Para um quadro típico de inflamação? Diclofenac ou dipirona? Diclofenac. Porque a dipirona tem um fraco potencial inflamatório. Ela é analgésico externic. Então, primeiro, analisar a eficácia. Qual é a eficácia do fármaco que eu quero administrar pra essa situação e fazer escolha dado a eficácia, depois custo-eficiência. Nós temos aqui, ainda falando sobre antiflamatório, Diclofenac e o Naproxeno, dois anti-inflamatórios bons. Diclofenac muito mais barato que o Naproxeno. Então, do que adianta eu prescrever Naproxeno que vai ser tão eficaz como Diclofenac e o paciente não vai comprar? Porque vai ser o mais caro. Segundo ponto, segurança. Eu vou entrar com o Celecoxibe. Imagina o seguinte: uma paciente, em idade fértil, vou colocar aí entre 30 a 40 anos, que faz uso de anticoncepcional regular e vocês estão em dúvida em prescrever, em quadro inflamatório, o cetoprofeno e o celecoxibe. Qual seria a escolha de vocês e porquê? Ceto x cele. Um ACO x um AINE não seletivo. Paciente entre 30 e 40 anos e uso de anticoncepcional. E aí? O que vocês acham? Alguém colocou no chat, que quem usa anticoncepcional, já tem risco aumentado de trombose. Ou seja... deixa eu ver se o coleguinha termina o pensamento dele aí. Colocaram no bate papo que é mais indicado um seletivo pra Cox-2, outra colocou que o custo de Cetoprofeno é mais baixo. Perfeito. Outro acho que devemos indicar o Celecoxibe. O Celecoxibe não tem pulso seletivo pra Cox-2 e aumenta o risco cardiovascular? Sim, então a proposta é administrar um fármaco que eleva o risco cardiovascular em uma paciente que já tem o risco aumentado de eventos trombóticos? Não. O pensamento tem que ser ao contrário. Se eu estou tratando uma paciente desse exemplo que já tem o risco aumentado para desenvolver eventos trombóticos. Primeiro porque a mulher nessa fase de idade tem uma tendência maior de ter eventos trombóticos, segundo porque usa anticonceptivos orais, o que aumenta ainda mais e vocês ainda estão propondo administrar celecoxibe, que aumenta ainda mais o risco. Sem sombra de dúvidas, a nível de segurança, o Cetoprofeno é muito mais seguro pra essa paciente do que o Celecoxibe. Lembre-se, é o oposto. O seletivo de Cox-2 é que aumenta o risco de agregação plaquetária. Seletivo de Cox-2. Além disso, pessoal, devemos considerar outros fatores, como interações medicamentosas. Se esse paciente é um paciente poli farmácias, ou seja, usa mais de um medicamento, e eu sei que um desses medicamentos interagem com a, sei lá, Indometacina, ela não vai ser a minha escolha. Eu vou escolher Ibuprofeno, que não tem essa interação. Ou ainda, adesão ao tratamento. Existe anti-inflamatórios que a gente pode tomar uma vez ao dia. Uma vez ao dia o efeito anti-inflamatório mantém por 24 horas, outros 8 em 8, 6 em 6. Então, se esse paciente tem que usar por alguns dias, o acordo terá que favorecer a adesão ao tratamento, avaliando eficácia, segurança, custo-efetividade. Tendo sempre que aumentar a adesão do paciente ao tratamento. Deixa eu falar um pouco desse quadro aqui. Esse quadro tá mostrando, oh que interessante. Esse quadro tá mostrando vários AINES e um seletivo de Cox-2, só o Celecoxibe, todos os outros que vocês veem, são classificados como não seletivos. Mas observem, que mesmo os classificados como não seletivos, eles tendem, alguns deles, tendem a ser mais seletivos pra 1 ou pra 2. Diclofenac, Piroxicam, Fenoprofeno, ibuprofeno, Tolmetina, Naproxeno até Indometacina, até Cetoprofeno, sendo um pouco menos rígido, eles não têm uma certa preferência, é um pouquinho mais pra um, um pouquinho menos pra outro. Mas inibe ambos. Agora quando falo do cetorolaco, ácido acetilsalicílico e flurbiprofeno, eles são muito mais inibidores da cox-1 do que do Cox-2. Quando eu falo Meloxicam e Etodolaco, eles são 18 muito mais Cox-2do que cox- 1. Então por mais que Meloxicam e o Etodolaco possam ser comprados sem prescrição médica, porque estão na lista de AINE, eles provocam os mesmos efeitos prejudiciais que os coxibes provocam. Deve ser registrado. Chat: então o que tem no livro de Rang/Dale, quando ele coloca TXA2? Resposta: TXA2 é tromboxano A2. Deixa eu voltar pra essa imagem (IMAGEM DE CIMA). Isso tem que ficar bem claro pra todo mundo. Quando eu utilizo o inibidor seletivo de Cox-2, eu inibo a produção de prostaciclinas. Acontece que as prostaciclinas, elas têm função opostas ao tramboxano. Ela possui função de inibição da agregação plaquetária em função de vasodilatador. Então se eu inibo essa produção, eu potencializo o efeito do tramboxano, que era antagonizado por uma molécula que eu inibir a produção. Então, não é que o inibidor de Cox-2 estimule ou aumente a produção de tromboxano. Não é isso. Mas ela tira da balança o agente que é anti agregante plaquetário e que é vasodilatador. Olha aqui tem um quadrinho mostrando vantagens e desvantagens dos AINES. Vantagens e desvantagens de alguns salicilatos. Vantagens e desvantagens de alguns ácidos acéticos. Vantagens e desvantagens de alguns ácidos propiónicos, de oxicans, de fenamatos e inibidores seletivos da COX-2. Então observem, grande parte dos fármacos sempre vai ter vantagens e desvantagens. Cabe a vocês ver se a vantagem vai superar a desvantagem e fazer a melhor escolha. Olha só que interessante o diflunisal apesar de ser da mesma classe do ácido acetilsalicílico, ele não tem efeito antipirético. Então o ASS, ele é antipirético, antitérmico, um pouquinho anti-inflamatório também. Aí chega um representante comercial e fala `` A porque o diflunisal a gente está lançando aqui uma nova tal, da mesma classe do AAS, ele tem isso, ele é azul, ele é verde, dá brinde``. Ai você pô é bacana, vou prescrever o diflusinal porque olha a vantagem. Ele tem menor irritação no TGI do que o ASS. Então vou prescrever ele. Aí chega o paciente que está com febre, está com num sei o que, aí você prescreve o diflunisal. Poxa o diflunisal, o representante foi lá fez propaganda, eu vi que tem menos irritação no TGI, vou prescrever diflunisal. Diflunisal apesar de ser da mesma classe não tem efeito antipirético. Então vocês vão observar nessa tabelinha que sempre vai ter vantagens e desvantagens. O sulindato é outro para quem perguntou de um fármaco que tem meia-vida longa. O sulindato da mesma família da indometacina tem meia-vida longa então você pode aplicar uma ou duas vezes por dia. Os fármacos da classe do ibuprofeno são os fármacos que apresentam menos citotoxidade, maior aceitação pela maioria dos pacientes. O naproxeno (acho que isso vale a pena registrar também com um pouco mais de destaque) é considerado por alguns como o AINE mais seguro que nós temos com menos efeitos renais, menos afeitos gástricos. Os coxibes tem um potencial para aumentar infarto do miocárdio e AVC. E como vantagem menos irritação gastrointestinal do que o ASS. CASO 28- Uma jovem de 16 anos de idade vai ao consultório médico devido a cólicas menstruais. Sua menarca foi aos 13 anos. Sua menstruação dura quarto a cinco dias, e ela tem ciclos de 28 dias. Durante os primeiros dois a três dias de sua menstruação, ela afirma que tem cólicas muito fortes. As cólicas têm ocorrido desde a menarca e parecem ter piorado no último ano. Elas são tão fortes, às vezes, que ela perde suas atividades de rotina. Ela toma paracetamol e pílulas para `´cólica menstrual´´, as quais não necessitam de prescrição, sem alivio adequado. Jovem não tem nenhuma história clinica significativa, não toma medicamentos regularmente e não é sexualmente ativa. O exame é normal. Você avalia o problema como dismenorreia primaria e prescreve diclofenaco para ser usado quando necessário. 19 Quais são os efeitos terapêuticos dos fármacos anti- inflamatórios não esteroides (AINEs)? Qual é o mecanismo de ação anti-inflamatória? Duas perguntas aqui para reflexão, não precisa responder agora. QUESTÕES DE COMPREENSÃO 28.1 Um homem de 54 anos de idade pergunta sobre a maneira de reduzir o risco de infarto do miocárdio. Qual dos seguintes medicamentos é o mais eficaz na redução do risco de infarto do miocárdio? A. Paracetamol B. Ácido acetilsalicílico C. Celocoxibe D. Ibuprofeno Dentre os AINES que nós vimos quais deles se ligam de forma irreversível as plaquetas? R- Alternativa B (O ASS) E eu falei que esta propriedade de e ligar de forma irreversível as plaquetas transformou o ASS em um fármaco útil contra a agregação plaquetária. Isso porque as plaquetas não têm núcleo então quando o ASS se liga de forma irreversível a cox das plaquetas durante toda a vida útil dessas plaquetas ela vai estar com a função de agregação prejudicada. Falei que de 50 a 100 mg por dia uma dose diária, os pacientes têm redução do risco cardiovascular. 28.2 Qual das seguintes alternativas é a vantagem de inibidores específicos da ciclo-oxigenase-2 (COX-2)? A. Diminuição dos efeitos colaterais GIs B. Diminuição da atividade vasoconstritora C. Aumento da atividade anti-inflamatória D. Aumento da inibição da agregação plaquetária Obviamente não é nem a letra D nem a B. Essas duas são as que a gente elimina de cara pelo contrário né. Um seletivo aumenta a atividade vasoconstritora e aumenta a agregação plaquetária. Então não é nem A nem B (Ele fala que não é nem A nem B, acho que ele se confundiu porque a resposta certa é A, ele diz que a resposta certa é A logo depois). Sobre a letra C, talvez, eu não tenha falado sobre a efetividade comparada entre essas duas classes, mas não existe estudos que mostrem que um AINE não seletivo é menos potente que um AINE seletivo para COX-2. Então não tem uma vantagem obvia e clara de que os seletivos sejam mais potentes, tem uma atividade inflamatória maior do que os não seletivos. Então a atividade anti-inflamatória das duas classes são muito parecidas. R- Alternativa A. Por eles serem seletivos para COX-2, não afetam a produção de prostaciclinas a nível epitelial no estômago. Então eu diminuo as lesões características da inibição da COX-1 no estômago porque eu não estou inibindo a 1 só a 2. Mas se não tem uma vantagem bem clara, digo a nível de efeito, se não tem uma vantagem clara tipo se o seletivo de cox-2 não é mais efetivo do que o cox-1, por que ele existe? Eu contei a história para vocês, eles foram produzidos na esperança de que fosse um AINE que não tivesse os efeitos colaterais que os não seletivos tinham. Eles não foram produzidos para terem super anti-inflamatórios. A questão é que deu errado, no meio do caminho a gente viu que o pensamento inicial não era o pensamento fisiológico. 28.3 Uma mulher de 26 anos de idade toma uma grande quantidade de paracetamol em uma tentativa de suicídio. No setor de emergência, determinou-se que ela tomou o suficiente para ser potencialmente prejudicial. Qual dos seguintes tratamentos é melhor para essa paciente? A. Gliconato de cálcio B. IgG contra paracetamol C. N-acetilcisteína D. Penicilamina Essa pergunta está um pouco fora de contexto porque a gente não viu metabolismo. Vamos ver se você a ouviu falar sobre o antídoto para intoxicação por paracetamol. A N-acetilcisteína é uma molécula que quando administrada, ela fornece glutationa. A glutationa é uma molécula química que nós utilizamos muito para neutralizar os xenobióticos. Neutralizar fármacos, venenos, álcool. A glutationa é responsável por neutralizar o metabólico tóxico do paracetamol. Então se eu administro muito paracetamol no paciente. Se o paciente tentou suicídio com paracetamol. Ele precisa de glutationa para neutralizar esse metabolito tóxico e eu forneço essa glutationa de forma exógena através da N- acetilcisteina.Chat: O carvão ativado também? Ou já se usa logo a N- acetil? Resposta: Pode utilizar os dois. Você utiliza o carvão ativado para diminuir a absorção do paracetamol e utiliza o N-acetil para neutralizar o metabolito. O que já foi absorvido, o que já foi metabolizado tende a ser neutralizado pela glutationa. Então as duas formas. Chat: Prof, esse carvão ativado tem que ser via sonda? Resposta: Pelo que eu sei, posso estar errado. Pode ter outras formas de administração, mas o carvão ativado por via oral. Um paciente consciente ele consegue deglutir tranquilamente. Pode acontecer dele está inconsciente (cortaram e ele não concluiu a frase). Aluno fala: Porque geralmente quando tem intoxicação passa a sonda e passa direto pela sonda. Prof pergunta para o aluno que falou: mesmo com o paciente consciente, conseguindo deglutir? 20 Aluno responde: Sim. Mesmo com o paciente consciente. A sonda nasogástrica. Prof fala: eu não sabia desse procedimento. Eu achava que se ele estivesse consciente, conseguindo deglutir tranquilamente aí administrava por via oral. Aluno fala: Eu não sei se pode ser feito assim porque, por exemplo, quando a gente pega uma paciente que fez uso de chumbinho aí a ação tem que ser mais rápida aí a gente passa a sonda rápido e administra na sonda. Prof: AH, legal. Bom saber. Obrigado.
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