Buscar

FARMACOLOGIA DO TRATO GASTROINTESTINAL (TGI) - Prof. Juliana - P2 - Leonardo Muzzy

Prévia do material em texto

MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
1 
 
Farmacologia II 
Farmacologia do TGI 
 
Farmacologia gastrintestinal → Fármacos que atuam 
sobre esse sistema na finalidade de facilitar suas 
funções ou até mesmo inibir algumas delas. 
A gente tem que lembrar que o sistema 
gastrointestinal, além dele ter essa grande função 
sobre a digestão de alguns alimentos, ele tem sua 
rede neuronal integrativa, que é o sistema entérico, e 
ainda sofre inervações do sistema autônomo tanto 
simpático quando parassimpático e a partir do 
sistema nervoso entérico ele produz e secreta 
diversos neurotransmissores (histamina, serotonina, 
óxido nítrico, e outros) que também são substâncias 
que interfere de uma forma bem importante nas 
funções do sistema. 
Caso Clínico 
J.G.R, 22 anos, sexo masculino, estudante do 3º de 
medicina procura atendimento médico na UBS de 
sua cidade natal. Reclama de dispepsia e pirose, 
principalmente após a ingestão de algum alimento. 
Relata que sente esses sintomas há 5 anos, desde 
quando foi morar sozinho para fazer cursinho pré-
vestibular e sua alimentação piorou. Anteriormente o 
sintoma se apresentava de forma esporádica, mas 
nos últimos 6 meses, a frequência e a intensidade 
dos episódios aumentaram. Atualmente apresenta 
episódios todos os dias da semana com piora após 
refeições volumosas e após deitarse, além de ser 
acompanhada de regurgitação; que melhora sempre 
quando utiliza Bicarbonato, sonrisal ou estomazil, 
porém em menos de 3 horas já começa a sentir piora 
novamente. Refere que associado a esses sintomas, 
apresenta tosse seca e rouquidão. Nega náuseas, 
vômitos, diarreia, odinofagia, disfagia, hematêmese, 
perda ponderal e halitose. 
Fisiologia do TGI 
Então a gente tem que entender que, além dessa 
função da digestão, ou paralela a essa função de 
digestão/absorção de nutrientes, o trato 
gastrointestinal é um dos principais sistemas 
endócrinos que constitui seu sistema nervoso 
entérico e além do seu sistema nervoso entérico/ 
de ter essa inervação, que é uma rede neuronal 
própria dele (por isso que a gente fala que o intestino 
é nosso segundo cérebro), ele ainda sofre 
inervações do sistema nervoso simpático e 
parassimpático. E, por conta desse sistema nervoso 
entérico, dessa rede integrativa própria neuronal, ele 
secreta ali diversos neurotransmissores que são 
fundamentais para a realização de todas as suas 
funções (serotonina, purina, odiado nítrico, 
histamina, acetilcolina, e por aí vai). 
Sabe-se que uma das principais funções do sistema 
gastrointestinal é a digestão. Para que a digestão 
aconteça deve existir então a secreção de ácido 
clorídrico como todo mundo já sabe. Esse ácido 
clorídrico é secretado a partir de células parietais. 
Então a gente tem as células superficiais, células 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
2 
 
principais, e as células parietais que são as 
responsáveis por secretar esse ácido clorídrico. Elas 
produzem esse ácido clorídrico, e para sua secreção 
precisam da ativação de alguns hormônios, ou seja, 
só há secreção de ácido clorídrico para a luz do 
estômago se houver realmente ativação de alguns 
hormônios. E quais são esses hormônios? Gastrina, 
Histamina e Acetilcolina. A partir da ativação 
desses hormônios em seus receptores é que essas 
células parietais vão conseguir secretar esse ácido 
clorídrico que é fundamental para a digestão. 
A célula G lá no nosso estômago, no antro do 
estômago (naquela parte mais baixa) vão ser as 
responsáveis por produzir gastrina. Quando nos 
alimentamos há a ação de peptídeos e aminoácidos 
que fazem com que essa célula G secrete essa 
gastrina, uma vez que essa gastrina é liberada, ela 
chega na corrente sanguínea e lá elas conseguem 
chegar até as células, tanto as células parietais, 
quando as células enterocromafins (ECS). Lá nas 
células parietais o que elas fazem? Elas agem 
diretamente sobre essas células, lá existe um 
receptor de gastrina que é o CCK-B e uma vez que 
essa gastrina se liga a seu receptor, ela é capaz de 
ativar a secreção de íons H+. Mas existem receptores 
de gastrina também nas células enterocromafins, e 
lá quando a gastrina se liga ela libera histamina e 
essa histamina, uma vez liberada, também vai se 
ligar aos receptores histaminergicos do tipo H2 lá nas 
células parietais, ou seja, mais um estímulo para a 
secreção de ácido clorídrico. Além disso, a gente 
falou que nosso sistema gastrointestinal é inervado 
por fibras simpáticas e parassimpáticas, e existe, lá 
no nervo vago, uma fibra que inerva o sistema 
gastrointestinal que libera acetilcolina que também é 
capaz de se ligar a seus receptores colinergicos 
muscarinicos lá nas células parietais que também 
induzem essa secreção de ácido clorídrico. Então a 
gastrina vai estimular a secreção de ácido clorídrico; 
ela aumenta a secreção de pepsinogenio que é 
responsável pela degradação de proteínas, estimula 
o fluxo sanguíneo e a motilidade do trato 
gastrintestinal e a gastrina é sempre inibida quando 
esse pH cai muito → acontece um feedback negativo 
que faz com que essa célula G pare de secretar 
gastrina. Quando isso acontece? Quando a gente 
atinge um pH menor que 2,5 na luz estomacal. 
A histamina age sobre as células parietais, sobre os 
receptores do tipo H2, aumenta a ação da gastrina e 
acetilcolina. Essa histamina ela é liberada a partir da 
ação da gastrina - é uma ação secundária. 
A acetilcolina também age sobre seus receptores 
M3 promovendo a secreção desse ácido a partir de 
uma bomba de prótons na superfície canalicular. 
Então quais são os fatores envolvidos nessa 
secreção? Realmente ativação de 3 hormônios: 
histamina, acetilcolina e gastrina para que haja 
realmente a secreção/liberação desse ácido que está 
aqui e foi produzido pelas células parietais. 
Mas só isso é suficiente? Somente ativação dessas 
substâncias e seus receptores é capaz de produzir a 
liberação desse ácido clorídrico? Sim e não. Quando 
eles ativam, o que eles fazem? Quando as 
substâncias EP3, H2, M3 são ativadas em seus 
receptores elas ativam uma enzima que é a 
hidrogênio/potássio ATPase, que é a bomba de 
prótons, a liberar hidrogênio na luz estomacal e 
recaptar potássio para dentro da célula parietal. 
Então essa bomba traz esse hidrogênio para a luz 
estomacal e em contra partida tira potássio. Sendo 
assim, uma vez que esses receptores são ativados, 
ocorre a ativação dessa enzima que faz essa troca 
entre hidrogênio e potássio para que haja a entrada 
de hidrogênio na luz e esse potássio é recaptado 
para a célula parietal. 
Além da ação dessas substâncias sobre seus 
receptores para ativação e liberação de ácido 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
3 
 
clorídrico, a gente tem ao mesmo tempo a ativação e 
a função de algumas substâncias que são 
consideradas muco-protetoras ou gastro-protetoras 
que são as prostaglandinas - principalmente a 
prostaglandina E2 - que ao atuarem, ao serem 
ativadas nas células parietais e nas células epiteliais 
gástricas, promovem também (ao mesmo tempo que 
há ativação da bomba de prótons por essas 3 
substâncias) o aumento da liberação de HCO3- e 
produção de muco. E essa prostaglandina também 
faz a inibição da bomba de prótons para que haja um 
equilíbrio e se mantenha um pH gástrico dentro do 
que é considerado normal. 
Distúrbios Ácidos-pépticos 
 
Quando que esses distúrbios ácido-pépticos 
acontecem? Quando não há um equilíbrio entre os 
fatores agressores e os fatores defensores, ou seja, 
eu tenho mais ativação de gastrina, mais ação da 
gastrina, da histamina, da acetilcolina do que ação 
das prostaglandinas na produção de bicarbonato, 
muco, etc. Quando a gente tem um desequilíbrio 
dessas ações temos os distúrbios ácidos pepticos 
que são refluxo gastroesofágico, úlcera peptica 
(sendo elas gástricas ou duodenais) e a lesão da 
mucosa relacionada com estresse - a gente sabe 
também queo estresse consegue desequilibrar 
esses fatores. 
As úlceras pépticas são essas lesões erosivas que 
acontecem na mucosa gástrica. Os principais locais 
a cometidos são nessa curva do estômago e na área 
proximal do duodeno, bem próxima do estômago, 
quando a gente tem um aumento da liberação do 
ácido clorídrico e ele consegue lesionar, forma uma 
erosão sobre essa mucosa, essa lesão, quando o 
piloro não funciona bem o ácido pode descer e, por 
isso, forma uma úlcera duodenal - 90% delas 
acontecem nesse área proximal do duodeno; e 
quando também o esfíncter esofágico não funciona 
bem, há o regurgitamento desse ácido podendo 
provocar uma lesão esofágica. O estômago tem a 
produção de substâncias que conseguem equilibrar 
esse ácido que são o muco, bicarbonato, essas 
substâncias gastro-protetores. Já o esôfago não tem 
essa produção, então geralmente essas lesões de 
esôfago elas podem ser comuns com o refluxo gastro 
esofágico (DRGE), porque não tem nada para 
equilibrar a ação desse ácido que está chegando até 
o esôfago. O duodeno também tem as suas ações 
protetores, mas o pH do meio é bem mais alcalino, 
então esse ácido, por menor que seja, já é capaz de 
alterar a mucosa desse duodeno e provocar uma 
erosão também. 
Quais são as principais causas de úlceras pepticas? 
A principal causa é a Helicobacter pylori (H. pylori) 
uma bactéria que consome para si todo 
bicarbonato produzido pelo estômago, pois para 
a sua replicação ela necessita da ação de uma 
enzima que é a anidrase carbônica, e essa anidrase 
utiliza o bicarbonato para a produção dos fatores de 
crescimento para essa bactéria. Então como essa 
bactéria consome essa substância que equilibraria a 
acidez estomacal, pode provocar lesão, ponque eu 
aumento a concentração de ácido clorídrico e isso 
lesiona aqui a mucosa gástrica. 
A utilização de AINES, que o principal efeito colateral 
da utilização crônica de AINES é a formação de 
úlceras, principalmente aqueles não seletivos, a 
utilização de aspirina por conta da inativação de 
prostaglandinas constitutivas que são grandes 
responsáveis pela produção de muco, inibição de 
íons hidrogênio e secreção de bicarbonato. 
O estresse que é também uma situação em que eu 
tenho desequilíbrio hormonal que pode favorecer ao 
aumento, a hipersecreção de ácido clorídrico. A 
bebida alcoólica em excesso, o tabagismo e até o 
tumor, pois existem tumores que são secretores de 
gastrina que terão como sintoma o aparecimento de 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
4 
 
úlceras. 
 
Uma outra doença que é causada por um distúrbio 
ácido péptico é o refluxo gastroesofágico. Esse 
refluxo ocorre quando a se tem um aumento desse 
conteúdo gástrico, ou seja, o recebimento de um 
conteúdo gástrico mais aumentado que faz com que 
haja uma secreção maior ainda de ácido clorídrico. 
Porque a secreção é dependente da presença de 
bolo alimentar, por isso que no jejum a gente quase 
não tem secreção de gastrina, porque se eu tô em 
jejum eu não tenho presença de alimento no 
estômago, o meu pH está mais baixo. Quando esse 
pH aumenta por conta da presença do alimento, é 
que essa gastrina vai ser secretada. E aí o aumento 
desse conteúdo gástrico faz com que haja um 
aumento o pH do estômago, o que faz com que haja 
uma hipersecrecao de gastrina, o que aumenta a 
produção/secreção de ácido clorídrico. Uma vez 
aumentada, o que pode acontecer? Tanto o 
relaxamento do esfíncter esofágico, o que faz com 
que haja o regurgitamento desse ácido clorídrico aqui 
para a área do esôfago, o que pode gerar aquelas 
úlceras esofágicas, mas também um aumento do 
tônus do piloro - quando esse piloro está bem forte o 
que ele faz? A pressão exercida pelo aumento do 
conteúdo gástrico é grande, e faz com que haja o 
retorno/ o refluxo, por isso o nome refluxo 
gastroesofágico, o refluxo desse conteúdo gástrico, 
o que muitas vezes pressiona o esfíncter esofágico e 
faz esse conteúdo voltar. E por isso que os sintomas 
do refluxo gastroesofágico são: pirose (que é a azia), 
eructação (arroto), por conta desse refluxo do 
conteúdo gástrico que leva as regurgitações - 
realmente o retorno desse bolo alimentar, esse bolo 
alimentar ele vem cheio de ácido clorídrico porque 
quanto maior o conteúdo gástrico, maior a secreção 
de ácido clorídrico, o que pode lesionar as cordas 
vocais devido à lesão do nervo laríngeo recorrente, 
causando alteração da voz, além de poder gerar o 
estímulo da tosse e até mesmo a dificuldade de 
engolir, o paciente reclama de sentir um bolo, uma 
bola aqui na garganta por isso esses são os 
principais sintomas do refluxo. 
Em suma, o primeiro estímulo para secreção do 
ácido clorídrico é a secreção de gastrina, e essa 
gastrina é liberada a partir de uma alteração do pH, 
se o pH estiver baixo demais a gastrina não é 
secretada, uma vez que esse pH vai sendo 
aumentado, essa gastrina vai sendo liberada para 
agir sobre a digestão. Então quanto maior o conteúdo 
gástrico maior a liberação de gastrina, maior a 
produção de ácido clorídrico. 
 
O provável diagnóstico é doença do refluxo 
gastroesofágico, pois há piora após refeições 
volumosas acompanhada de regurgitação, ele 
reclama de dispepsia (má digestão) e pirose (azia), 
geralmente após ingestão de algum alimento, outro 
sintoma. A gente vai falar dos medicamentos pra 
gente entender isso. Além dele apresentar tosse 
seca e rouquidão, que são os sintomas secundários 
desse refluxo do ácido clorídrico. 
 
Temos duas formas de tratar esses distúrbios ácido-
pépticos: Utilizando fármacos que reduzem a acidez 
intragástrica ou fármacos que promovam a defesa da 
mucosa, que são os gastroprotetores. Utilizando um 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
5 
 
desses medicamentos que a gente consegue 
controlar essa acidez gástrica. 
Fármacos que reduzem a acidez 
intragástrica 
 
E quais são os fármacos que conseguem reduzir a 
acidez intragástrica? Antiácidos, os antagonistas 
H2 e os inibidores da bomba de prótons. Então 
essas 3 principais classes que são utilizadas na 
finalidade de reduzir a acidez. 
 
Os antiácidos são drogas extremamente utilizadas, 
de venda livre, não só em farmácias mas em 
supermercados, em grandes redes, são isentos de 
prescrição. Eles foram utilizados como a única 
terapia para tratamento dos distúrbios ácidos-
pépticos por muitos anos até quando houve 
realmente o advento dos anti-histamínico H2 e 
inibidores da bomba de prótons e ele parou de ser 
utilizado como alternativa de tratamento. Mas quem 
são esses antiácidos? Todos eles são bases fracas, 
capazes de neutralizar a ação de ácido clorídrico, 
ou seja, eles agem a partir de relações químicas. Eu 
utilizo uma base fraca que ao se ligar a esse ácido 
ele é capaz de neutraliza-ló, e aí eu tenho um 
aumento do pH de novo do estômago e aí não tem 
chances de acontecer tanto refluxo ou melhoro os 
sintomas do refluxo, quanto até mesmo reduzir as 
chances de provocar lesões erosivas nesse paciente. 
A capacidade de neutralização de um antiácido 
depende da sua velocidade de dissolução, 
hidrossolubilidade, da taxa de reação com ácido e 
taxas de esvaziamento gástrico. A maioria dos 
antiácidos utiliza algum composto que faz com que a 
velocidade de dissolução seja acelerada. Todo 
mundo já percebeu que a maioria dos antiácidos são 
da forma farmacêutica de pó efervescente. A 
efervescência ela serve para duas coisas, primeiro 
para mascarar o sabor ruim (características 
organolépticas do medicamento); mas também ela 
tem a característica de acelerar o processo de 
dissolução. A dissolução do medicamento, do 
antiácido, acontece antes mesmo de ser 
administrado, então quando ele chega no estômago 
ele já chega para ser reabsorvido, para realmente 
agir naquele ácido clorídrico que já foi liberado. 
 
Antiácidos → Bicarbonato de sódio, carbonato de 
cálcio e o hidróxido de Magnésio e Alumínio. 
O bicarbonatode sódio e o carbonato de sódio eles 
agem praticamente da mesma forma, o que eles 
fazem? O bicarbonato (NaHCO3) se liga ao ácido 
clorídrico (HCl) e essa reação de neutralização gera 
CO2 mais cloreto de sódio (NaCl). Qual o grande 
problema disso? Quem toma bicarbonato acontece o 
que? Primeira coisa que acontece é você ter a 
eructação (arroto) isso acontece porque ele gera 
CO2. Então todo antiácido que tem como produto 
final da reação a produção de CO2 ele vai gerar 
distensão abdominal e eructação. Como a gente 
utiliza uma base fraca, o bicarbonato, ele pode gerar 
em grandes doses, alcalose metabólica e retenção 
de líquido por produção de cloreto de sódio. Então a 
gente tem que tomar cuidado com a utilização de 
bicarbonato em pacientes hipertensos, mas isso de 
forma crônica, em doses realmente altas, em doses 
pequenas ele não vai provocar isso. 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
6 
 
O carbonato de cálcio ele age praticamente da 
mesma forma, só que essa reação é mais lenta com 
o ácido clorídrico, aí ele provoca um efeito mais 
tardio. 
O que a maioria faz? Coloca dentro de um 
“digestivo”, do medicamente antiácido, a combinação 
dos dois: Porque eu tenho bicarbonato de sódio que 
faz um efeito mais rápido e eu tenho o carbonato de 
cálcio que faz com que haja um prolongamento 
desse efeito antiácido. Por isso que a maioria, 
sonrisal, estomazil, faz a junção de bicarbonato mais 
carbonato. 
O carbonato de cálcio, além dele ser utilizado como 
antiácido ele tem outras indicações, como na 
deficiência de cálcio, nos distúrbios da tireoide que 
levam também a deficiência de vitamina D, então 
eles podem ser utilizados em um outro contexto pela 
produção de cloreto de cálcio (CaCl2) a diferença 
entre eles vai ser realmente a produção de cloreto de 
sódio no caso do bicarbonato e cloreto de cálcio no 
caso do carbonato. 
Já os hidróxidos de magnésio e de alumínio são 
bases e ao serem ligados ao ácido clorídrico formam 
água mais cloreto de magnésio ou cloreto de 
alumínio. Estão vendo que não há produção de 
CO2? Se não há produção de CO2, não há produção 
de gás e aí não tem esse efeito do bicarbonato e 
carbonato de cálcio que é a distensão abdominal e 
as eructações. Mas eles podem causar diarreia 
osmótica (quando se é utilizado o hidróxido de 
magnésio) ou uma constipação (pelo hidróxido de 
alumínio). O que você faz com os hidróxidos? 
Associa os dois, porque aí eu não tenho nem diarreia 
nem constipação, eu faço uma ação equilibrada, por 
isso que na maioria das vezes eles também estão 
associados → hidróxido de magnésio + hidróxido de 
alumínio. 
 
Estomazil (bicarbonato de sódio, carbonato de sódio 
mais ácido cítrico): O ácido cítrico é o responsável 
por provocar a dissolução rápida dele) o estomazil 
pastilha (ele tem carbonato de cálcio mais hidróxido 
de alumínio mais hidróxido de magnésio, ou seja, ele 
ainda mistura dois); ENO (a mesma forma do 
estomazil) e o Mylanta Plus (hidróxido de alumínio + 
hidróxido de magnésio + simeticona) que é um 
medicamento muito utilizado também para azia, má 
digestão. Como eles devem ser administrados? 
Sempre 1h depois de uma refeição, porque toda vez 
que há a presença de conteúdo gástrico eu tenho a 
liberação de gastrina e eu tenho a liberação de ácido 
clorídrico, não adianta nada eu tomar um antiácido 
se meu estômago estiver vazio; não adianta usar 
como forma de prevenção “eu vou tomar para 
previnir, para que eu não tenha azia, antes de comer” 
isso não existe com os antiácidos, porque para que 
haja reação de neutralização ela necessita do ácido, 
então, geralmente, 1 hora após a refeição. 
E essa neutralização ocorre por um período de até 2 
horas, porque depois que houve o esvaziamento 
gástrico, aquele bolo alimentar vai para o intestino e 
aquele antiácido não faz mais efeito, por isso eles 
tem essa ação imediata, porém temporária, ele age 
rapidamente, mas por um curto tempo/uma duração 
muito curta. Esses medicamentos, como eles fazem 
essas reações de neutralização deixam o pH do 
estômago mais alto podendo interferir em fármacos 
que necessitam de um pH mais baixo para serem 
absorvidos. Então, eles não devem ser 
administrados dentro de 2 horas após a ingestão de 
alguns medicamentos que necessitam dessa acidez 
estomacal, como as tetraciclinas, fluoroquinolonas, 
itraconazol e o ferro. 
O paciente que está utilizando ferro, algum 
polivitamínico que tenha ferro, sulfato ferroso, ele 
não deve utilizar, porque o ferro só é absorvido em 
meio ácido, por isso que até existem algumas 
indicações que eu aumento a absorção de ferro se 
utilizar algumas substâncias cítricas como suco de 
laranja aumentando a absorção. O ferro precisa 
realmente de um ambiente mais ácido para ele ser 
absorvido. 
Mecanismo de ação dos Antagonistas H2 
Antagonistas H2 → Redução da secreção ácida 
basal, aquela que já é induzida pela histamina de 
forma constitutiva. 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
7 
 
 
Vimos os anti-histamínicos que agem sobre H1, que 
são receptores muito presentes sobre os vasos e 
brônquios, agora vamos falar sobre os antagonistas 
de H2, que estão presentes lá nas células parientais 
do estômago. Eles vão inibir as ações da histamina 
sobre os receptores H2, porém sua principal ação 
clínica é a inibição da secreção de ácido gástrico, ou 
seja, quando eu inibo o receptor de histamina eu 
impeço que a histamina ative a secreção do ácido 
gástrico pelas células parietais. Eles geralmente 
estão relacionadas a secreção ácida basal, que é a 
noturna, a histamina tem uma ação constitutiva, pois 
os receptores de histamina tem uma ação 
constitutiva que geralmente há uma ativação, uma 
liberação de ácido gástrico noturna e aí a utilização 
de anti-histamínico está muito relacionada a redução 
da secreção desse ácido de forma basal, por isso 
que geralmente os anti histaminicos são utilizados, 
quando em monoterapia, preferencialmente à noite. 
Além disso, também reduzem a secreção estimulada 
por alimentos, mas a gastrina e a acetilcolina têm 
uma ação muito maior do que a própria histamina → 
A histamina tem uma ação secundária à secreção de 
gastrina. 
No Brasil temos dois representantes dos 
antagonistas H2: Cimetidina → que foi o primeiro a 
ser descoberto e a Ranitidina. 
A Ranitidina é muito mais potente, podemos ver isso 
até pelas doses: Enquanto a cimetidina a gente usa 
em uma dose de 400-800 mg, a Ranitidina a gente 
usa 150 mg. Doses habituais: Cimetidina (ou vai ser 
800 mg ao deitar ou 2 de 400 mg); Ranitidina (ou 300 
mg ao deitar ou 2 de 150). Por que isso? Porque 
realmente a ação na redução da secreção gástrica 
está muito mais relacionada a acidez induzida pela 
histamina do que a induzida pelo alimento. 
 
Indicações: Para os dois principais distúrbios ácido 
pépticos que são: doença do refluxo gastroesofágico 
(DRGE) e na úlcera péptica. No caso da úlcera 
péptica, toda vez que a gente já tem úlcera/lesão 
erosiva o mais indicado são os inibidores da bomba 
de prótons. Mas, os antagonistas de H2 também 
podem ser utilizados no tratamento das duas 
doenças. 
 
A Cimetidina tem uma ação endócrina importante 
fazendo a inibição da di-hidrotestosterona aos seus 
receptores e pode aumentar a secreção de prolactina 
podendo gerar no homem ginecomastia, 
impotência sexual e nas mulheres galactorreia 
(secreção de leite pelas mamas) - isso se dá com uso 
crônico de Cimetidina, não é uso intermitente, é um 
uso crônico para o tratamento de uma doença 
instalada. Além disso, esses antagonistas 
atravessam a placenta agindo como se fosse 
aqueles fármacos não seletivos anti-histamínicos H1, 
não se sabe ainda ao certo se eles são 
teratogênicos, mas como eles atravessam a placenta 
eles não devem ser utilizados em mulheres 
grávidas, somente quando for necessário e eles 
também são secretados no leite materno. 
No caso da grávida oude mulher com potencial de 
engravidar nada de Cimetidina, dá antiácido para ela, 
porque ela vai ter muita azia do início ao fim da 
gestação e ela vai tomar antiácido até dizer chega, já 
que nem os antagonistas H2 nem os inibidores da 
bomba de prótons tem estudos que conferem a eles 
segurança na gestação, então são medicamentos 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
8 
 
que devem ser utilizados em casos muito restritos; 
Claro, se essa grávida tiver uma úlcera, tiver uma 
lesão, existem situações que vai ser necessária 
realmente a utilização, mas com todo cuidado, não 
vai ser uma droga que vai ser utilizada “ah, a mulher 
está com uma pirose, uma dispepsia, e vai utilizar 
esses medicamentos”. 
Eles podem ser administrados tanto por via oral 
quando por via injetável, a gente tem a Cimetidina 
injetável, mas a infusão in bolus de Cimetidina pode 
causar bradicardia e hipotensão por conta dos 
receptores histaminérgicos cardíacos H2 e por isso 
que eles devem ser administrados de uma forma 
lenta durante 30 minutos. 
A Cimetidina é um fármaco que interfere demais com 
as enzimas do citocromo P450, e aí isso faz com que 
esse mecanismo prolongue a meia-vida de todos 
os medicamos utilizados com ele. Já a Ranitidina ela 
é mais potente, ou seja, ela tem mais afinidade e aí 
ela não utiliza tanto essas enzimas, ela tem uma 
afinidade de 4 a 10 vezes menor com as enzimas do 
citocromo P450. Então, se a gente fosse ver qual que 
seria melhor, a Ranitidina. 
 
Porém, todavia, entretanto, desde o início do ano 
passado houve o recolhimento de todos os 
medicamentos que tinham como base a Ranitidina, a 
ANVISA mandou recolher tudo. Em janeiro ela fez 
uma publicação de uma resolução retirando toda a 
medicação do comércio porque foi descoberta uma 
substância chamada NDMA que tem um poder 
carcinogênico muito importante. E no início, 
acreditava ser por uma outra substância que era 
realmente um veículo utilizado com a Ranitidina, 
“uma farinha”, e depois de um tempo então a 
ANVISA proibiu, mandou tirar todas as medicações 
do Brasil que continham a Ranitidina e aí fizeram 
vários testes. E em 31 de agosto de 2020, a 
Ranitidina realmente foi proibida de forma efetiva, até 
hoje não se tem notícias de ranitidina no Brasil. Por 
quê? Porque viram que essa substância aqui NMDA 
era metabólito da própria Ranitidina, e ainda não se 
conseguiu identificar possibilidades para estabilizar 
essa molécula. E para a criança era uma ótima 
opção, porque o omeprazol é uma luta, e a Ranitidina 
a gente tinha ela em forma de solução, que era o 
Label, só que foi retirada do comércio de forma 
efetiva. 
O que se está estudando hoje são formas de inibir 
uma dessas moléculas que são produzidas a partir 
da metabolização da Ranitidina, porque isso tem um 
poder carcinogênico muito alto, ela primeiro foi 
proibida nos EUA e aí quando se tirou essa 
medicação de uso a ANVISA se alertou e começou a 
fazer os testes e comprovou isso também. 
Mas a Cimetidina existe ainda, ela já era mais difícil 
de ser encontrada por conta de ser bem menos 
específica, trazendo diversos efeitos adversos, 
interações medicamentosas, então já era mais difícil 
de ser encontrada, mas ela ainda existe. 
 
E a terceira classe de fármacos que podem reduzir a 
acidez intragástrica são os inibidores da bomba de 
prótons. Hoje, os inibidores da bomba de prótons 
são os medicamentos de primeira linha para tratar 
qualquer distúrbio ácido péptico, eles agem de uma 
maneira muito mais efetiva no controle da secreção 
gástrica porque atuam na bomba de prótons. Por 
mais que eu tenha o estímulo da acetilcolina, da 
gastrina, da histamina, eu não vou ter a troca de 
íons H+ por potássio. 
Porque os antagonistas H2 o que eles faziam? 
Inibiam a ação da histamina, e ação da histamina 
estava diretamente relacionada a ação da gastrina, 
mas ela não cercava de todas as formas essa 
indução da secreção gástrica, por isso que ela tinha 
uma ação mais limitada. Os inibidores da bomba de 
prótons não, eles conseguem realmente inibir a 
secreção porque eles agem lá no final da etapa de 
secreção do ácido clorídrico. Os inibidores dessa 
bomba de prótons também são bases fracas, que 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
9 
 
são administradas na forma de pró farmacos, sob 
forma farmacêutica gastroresistente. Mas eles tem 
que agir lá nas células parietais, como assim eles são 
gastroresistentes? Então, eles são gastroresistentes 
e eles são tanto veiculados na forma de pellets 
(microgranulos gastroresistentes → em cada grânulo 
existe um filme que é passado para ele ser 
gastroresistente) quando na forma de cápsula dura. 
Como funciona isso? Quando eu administro esse 
fármaco ele vai chegar na mucosa gástrica e vai ser 
gastroresistente e aí não vai ser reabsorvido, vai 
chegar lá no intestino (duodeno) e vai ser 
reabsorvido caindo na corrente sanguínea. Lá na 
corrente sanguínea vai conseguir ser distribuído para 
as células parietais e nessas células que eles 
realmente vão ser absorvidos para poder agir, ou 
seja, essa resistência gástrica é para ele não seja 
absorvido ali na mucosa, pra ele conseguir chegar 
intacto e conseguir produzir sua ação lá nas células 
parietais. 
Por isso que a gente tem que ter o maior cuidado na 
administração de omeprazol quando a gente não 
segue as formulações tradicionais (aquelas que 
foram produzidas pela indústria). Então macerar 
cápsula, abrir, amassar os grânulos, isso a gente vê 
demais em hospital, o paciente que está com sonda, 
aí você vê lá todo mundo macerando aqueles 
microgrânulos, diluindo com água e colocando lá na 
sonda, aí entope a sonda toda, da aquela confusão 
toda. 
Hoje, sabendo dessas questões, existe as 
formulações extemporâneas, o que é isso? Quando 
elas são manipuladas precisam ser imediatamente 
administradas, porque elas não tem nenhum controle 
de estabilidade e são fórmulas realmente imediatas 
para a utilização, de uma forma não tradicional, 
podem ser utilizadas para pacientes com dificuldade 
de deglutição, por exemplo, crianças, pacientes em 
uso de sonda nasoentérica). No caso de paciente 
que não tem dificuldade de deglutição, tá com sonda 
nasoentérica e está hospitalizado o ideal é que se 
utilize o omeprazol injetável ao invés de utilizar ele 
por sonda; essa é uma cultura ainda, vocês vão ver 
isso muito ainda, paciente quando está com sonda 
parece que todo mundo esquece que existem outras 
vias, tem que ser tudo por sonda. Você tem um 
comprimido e quer passar por sonda não vê outras 
possibilidades e nem tudo pode se passar por sonda 
ou na sonda ele é mais complicado. 
E aí como que é feita essa formulação? Eu posso 
abrir a cápsula do omeprazol, misturar em alguma 
substância cítrica como por exemplo o suco de 
laranja, iogurte para criança ou no paciente que está 
acamado e com sonda nasogástrica, a gente pode 
diluir também em uma solução de bicarbonato, sem 
macerar, esperar a diluição, diluiu, faz a aspiração e 
administra na sonda – essa seria uma possibilidade. 
Alguns representantes de inibidores da bomba de 
prótons disponíveis no Brasil: Esomeprazol, 
lansoprazol, pantoprazol, omeprazol→ “Um é mais 
potente que o outro?” Não existe ainda esse 
entendimento se existe um mais potente que o 
outro, tem estudos que comprovam, aí tem estudos 
que vem e falam que não te nada a ver, que é mais 
uma jogada de marketing da indústria farmacêutica 
para vender medicamentos. Então o que se sabe é 
que todos eles conseguem tratar os distúrbios ácido 
pépticos. 
Mecanismo de Ação dos IBP 
 
Fazem uma inibição irreversível da bomba de 
prótons, ou seja, quando eles se ligam nessa enzima, 
essa enzima nunca mais será ativa, eu vou precisar 
da síntese de novas enzimas. Por isso que ele tem 
uma ação super potente. E por que eles agem de 
uma forma mais efetiva do que os antagonistas H2? 
Porque eles vão agir sobrea etapa final na via da 
secreção ácida. Então, tive a secreção de histamina, 
gastrina, acetilcolina, todas elas ativaram a célula 
parietal que deveria ativar a bomba para que haja 
secreção de H+ e influxo de potássio. Se essa enzima 
não está ativada, por mais que eu tenha um estímulo 
hormonal, não vai funcionar, não vai haver realmente 
secreção de H+ na luz gástrica para formação de 
ácido clorídrico. Então, apesar de apresentarem 
meia-vida curta, a duração da inibição da 
secreção de ácido alcança 24 horas, em virtude da 
inativação irreversível da bomba de prótons. 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
10 
 
Como uma única dose não é capaz de inibir todas as 
enzimas, pode-se dizer que os inibidores da bomba 
de prótons atingem um platô de efeito 3 a 4 dias 
após a primeira dose, que aí ele faz uma inibição 
mesmo, uma supressão dessa enzima, ela para de 
existir e aí a gente consegue um efeito bem 
importante. A mesma coisa acontece quando a gente 
para de administrar o medicamento, para que haja o 
retorno dessa secreção de ácido clorídrico demora 
de 3 a 4 dias para ter essa “população” dessas 
enzimas. 
 
Os IBP são medicamentos ideais, tem um tempo de 
meia vida-curto, mas uma duração de ação 
prolongada e o grande problema é a 
biodisponibilidade que é muito reduzida na 
presença de alimentos e por isso que é necessário 
realmente o jejum de 30 min a 1 hora antes que é 
também a hora que a bomba de prótons tá inibida. 
Então antes mesmo que ela seja ativada ela já fica 
inibida, porque só vai ser ativada com a presença de 
alimentos, quando a gastrina é secretada. Com isso, 
eu faço a inibição dela antes mesmo da gastrina ser 
secretada. 
Os IBP sofrem rápido metabolismo hepático e 
sistêmico de primeira passagem. O único cuidado 
que a gente tem que ter aqui é com pacientes 
hepatopatas. A depuração renal é insignificante, ou 
seja, pacientes doentes renais não necessitam de 
um ajuste de dose para os inibidores da bomba de 
prótons. 
Representantes no Brasil → Esomeprazol, 
lansoprazol, pantoprazol, omeprazol,de 
dexlansoprazol, rabeprazol. 
Existe também um fármaco que está em estudo para 
ser comercializado que atua na inibição da bomba de 
prótons de uma forma diferente, ele inibe o potássio. 
Se eu não tiver o potássio para entrar, eu não vou ter 
secreção de H+, então é uma outra forma de tratar. 
Mas é um medicamento que ainda está em estudo. 
 
Os usos clínicos desses medicamentos: Doença do 
refluxo gastroesofágico → Tratamento de primeira 
linha tendo uma eficácia de 85%, eles podem ser 
utilizados duas vezes ao dia no início do tratamento, 
ou até mesmo uma vez ao dia com o tratamento 
prolongado. 
Nas úlceras vai depender do tipo de úlcera, se for 
uma úlcera que está associada ao H. pylori tem de 
existir a terapia tríplice, eu preciso tratar primeiro 
aquilo que está provocando o aumento da acidez 
intragástrica, então tem que tratar o microorganismo 
e tratar também essa hiperacidez. Então por isso que 
se utiliza Claritromicina 500mg 2 vezes ao dia + o 
inibidor da bomba de prótons 2 vezes ao dia e + 
Amoxicilina ou Metronidazol 2 vezes ao dia. E aí faz 
isso por 14 dias e depois faz um tratamento de 
manutenção de 6 meses com inibidor da bomba de 
prótons 1 vez ao dia, só para equilibrar essa 
hiperacidez. 
E quando essa úlcera for associada a uso de AINES, 
primeira coisa e suspender o AINES. Quando isso 
não for possível, aí se faz o aumento da dose do 
inibidor da bomba de prótons para tentar equilibrar. 
Qual é mais potente? Quando eles surgiram, primeiro 
surgiu o omeprazol e depois surgiram os demais, 
falavam-se muito dessa questão da potência “ah, um 
é mais potente que o outro e tal”, e aí surgiram vários 
estudos falando disso, mas depois vieram outros 
estudos que jogaram por terra todos esses 
anteriores, dizendo que isso era mais uma jogada de 
marketing da indústria farmacêutica e tal, que todos 
eles conseguem ter uma eficácia equilibrada e nem 
semelhante entre eles. Se você pegar para ler os 
artigos eles são muito contraditórios. Com certeza eu 
acredito nesse marketing da indústria. Para vocês 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
11 
 
terem noção, os inibidores da bomba de prótons são 
os medicamentos de venda livre mais consumidos do 
mundo - daqueles que não precisam de receita, os 
inibidores da bomba de prótons são os mais 
consumidos. 
 
Em relação a questões nutricionais, o uso crônico de 
inibidores da bomba de prótons faz com que haja 
redução da absorção de vitamina B12 e de ferro, 
pois são substâncias que necessitam de um meio 
ácido para serem absorvidas, ou seja, se eu diminuo 
a acidez gástrica de uma forma muito potente 
comparada aos outros medicamentos eu diminuo a 
absorção; a longo prazo isso pode me levar a anemia 
megaloblástica e anemia ferropriva. Então o paciente 
precisa ser monitorado quanto a isso. 
Outra coisa que os inibidores da bomba de prótons 
fazem também a partir do uso crônico é a redução do 
cálcio e inibição da função dos osteoclastos e aí está 
associado a um risco de fraturas em pacientes já com 
fatores de risco e esses pacientes que fazem uso 
crônico desses medicamentos e possuem esses 
fatores de risco precisam ter essa densidade óssea 
monitorada. 
Assim como os antagonistas H2, os inibidores da 
bomba de prótons eles não são teratogênicos, mas 
não se estudou ainda a segurança efetiva na 
gravidez: Então por isso se deve utilizar com extrema 
necessidade e com indicação do obstetra. 
O uso prolongado desses medicamentos pode levar 
ao desenvolvimento de infecções respiratórias e 
entéricas, por conta de que se eu diminuo a acidez 
eu posso propiciar o desenvolvimento ascendente de 
algumas infecções bactérias, como por exemplo, 
Clostridium difficile, Salmonela, Shigella, E. coli que 
são microorganismos que ficam mais susceptíveis, 
pois gostam de ambientes alcalinos. 
O paciente pode apresentar distúrbios gástricos em 
consequência da utilização desses medicamentos. O 
que acontece é que eu inibo a bomba de prótons, e 
essa bomba faz com que o ambiente gástrico tenha 
um pH aumentando, toda vez que eu tenho um pH 
aumentado eu aumento a secreção de gastrina. 
Então essa hipocloridria crônica faz com que eu 
tenha uma secreção crônica de gastrina. Essa 
gastrina fica lá ativando seu receptor, ativando seu 
receptor e nada a conhece, como o feedback dela é 
o pH e esse pH não abaixa ela vai só aumentando e 
isso pode estimular a hiperplasia das células 
enterocromafins e das células parietais e isso aqui 
ser um fator de risco para o desenvolvimento de 
carcinoma, que ainda está a ser questionado. Essa 
hipocloridria crônica ela também pode favorecer uma 
disbiose e uma metaplasia intestinal também. 
Para tudo existe risco-benefício, o benefício precisa 
ser maior. Então por isso que se fala muito desse uso 
crônico hoje, a gente vê aí receitas na UBS sendo só 
transcritas. Pacientes usando inibidores da bomba 
de prótons não sabe nem mais porque, há 5-6-10 
anos. 
 
Vão realmente interferir os fármacos que 
necessitam do meio ácido para absorção. Eles 
podem inibir também algumas enzimas do 
Citocromo P450, inibir o metabolismo de algumas 
substâncias, mas a principal interação 
medicamentosa é com o Clopidogrel, porque esses 
inibidores da bomba de prótons eles reduzem a 
ativação por inibir enzimas do CP450, eles inibem a 
enzima que fazia a ativação do pró fármaco em 
fármaco, ou seja, eu estou utilizando o fármaco, mas 
se ele não é metabolizado para ser ativo ele não faz 
efeito, e aí eu posso ter incidência aumentada de 
eventos cardiovasculares graves, já que o 
Clopidogrel não está produzindo seu efeito. Então é 
uma associação que deve ser evitada ao máximo do 
máximo. 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
12 
 
1. Por que a utilização de Sonrisal, bicarbonato e 
estomazil promovia uma melhora dos sintomas de 
forma imediata,porém temporária no paciente do 
nosso caso clínico? Porque ele fazia uma reação de 
neutralização enquanto existia o conteúdo gástrico. 
No momento que aquele conteúdo gástrico foi 
esvaziado, a gente não tem mais a ação deles; por 
isso a ação é imediata, porém temporária, por causa 
das reações de neutralização. 
2. Sobre o uso da Cimestidina: 
a) Justifique a melhora dos sintomas através do 
mecanismo de ação: Ele começou utilizando 
Cimetidina e teve melhora dos sintomas, antes 
mesmo de ir ao médico. O que justifica? A inibição 
dos receptores H2. 
b) Comente sobre a posologia (400mg ao deitar-se): 
Ao deitar porque os antagonistas de H2 vão atuar 
principalmente inibindo a secreção gástrica basal 
induzida pela histamina constitutiva, pela ação 
constitutiva do receptor; por isso que ao deitar seria 
o ideal, quando é uma posologia única no dia. 
c) Explique os efeitos adversos: 
Ele apresentou endurecimento das mamas, mamas 
mais protuberantes por conta da iniciação dos 
receptores de testosterona. 
3. Sobre o Omeprazol: 
a) Explique sua utilização a partir do mecanismo de 
ação: São os inibidores da bomba de prótons. 
b) Sobre a posologia em jejum: Por conta da 
biodisponibilidade, que é diminuída. 
c) Qual a relação com os distúrbios gástricos com a 
utilização crônica de IBP? A hipocloridria crônica 
associada a uma secreção crônica de gastrina. 
 
Fármacos protetores da Mucosa 
Fármacos que promovem a defesa da mucosa 
(diminuir os agressores ou aumentar os protetores). 
 
Sabe-se também que existe substâncias que são 
secretados simultaneamente para tentar proteger 
essa mucosa (secreção de bicarbonato, produção de 
muco). Tem a prostaglandina que faz essa proteção. 
Existem 2 formas de promover a defesa: 
✓ Aumentando a secreção de bicarbonato e 
muco; 
✓ Criando uma barreira física, com a formação 
de um filme na mucosa, impedindo as 
erosões de mucosa. 
 
Temos 02 tipos: 
❖ SUCRALFATO: São polímeros. 
❖ ANÁLOGOS DAS PROSTAGLANDINAS: 
Representante → MISOPROSTOL. 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
13 
 
 
Sucralfato: É um sal que em água se transforma em 
um gel, promovendo mais uma barreira física do 
que química. Não interfere tanto nas propriedades 
químicas, pensando em pH por exemplo, mas 
quando esse sal (hidróxido de alumínio sulfatado) é 
diluído em água, forma um gel (barreira física), 
protegendo as erosões de mais estímulos para 
lesões, ou seja, não é uma medicação feita para 
prevenir uma úlcera. Ela é indicada para quando já 
tem a úlcera instalada, objetivando assim, proteger 
aquela área da mucosa para que ela cicatrize de 
uma forma mais rápida. 
É uma medicação utilizada em associação a algum 
fármaco que faz a redução da acidez gástrica. O 
mecanismo de ação é incerto, mas acredita-se que, 
além da proteção física, ele vai aumentar a secreção 
de prostaglandina, principalmente a PGI2, 
aumentando a secreção de muco e bicarbonato, 
fazendo assim a neutralização com o ácido, mas 
esse mecanismo ainda não é bem conhecido. 
Administração a cada 6 horas, sempre 1 hora antes 
das refeições. Por que 01 hora antes do alimento? 
Porque a gastrina é liberada quando o pH está mais 
alto com a presença do alimento. Antes mesmo que 
haja estímulo agressor que é a liberação do próprio 
ácido, a mucosa já vai estar protegida com esse 
filme. Por isso é administrado sempre 1 hora antes 
das refeições. Lembrando que é um medicamento 
utilizado no tratamento de lesões, como adjuvante a 
um fármaco que faz diminuição da secreção 
gástrica ácida. 
Fármacos que foram desenvolvidos para fazer 
proteção da mucosa são os análogos da 
prostaglandina, uma vez que a prostaglandina tem 
um efeito constitutivo muito importante na mucosa 
gastrointestinal. O Misoprostol (análogo sintético da 
prostaglandina) foi desenvolvido para prevenção e 
tratamento de úlceras gástricas, já que ele funciona 
como uma prostaglandina aumentando a secreção 
de bicarbonato e de muco, que são os mecanismos 
protetores da mucosa. Ele foi descoberto na década 
de 80 e era comercializado no Brasil com venda livre. 
Porém, depois de um tempo se conheceu os seus 
efeitos adversos, visto que além dele atuar na 
mucosa gástrica, também pode atuar em 
musculatura lisa e gerar contração, sendo 
considerado um medicamento abortivo 
(CONTRAINDICADO NA GESTAÇÃO). A partir 
disso, a venda desse medicamento deixou de ser de 
venda livre e passou a ser de venda controlada. Hoje, 
o uso desse medicamento é EXCLUSIVO de uso 
hospitalar no Brasil, visto que a sua utilização foi 
crescendo cada vez mais em utilizá-la como uma 
droga abortiva. 
 
Esse medicamento ainda existe por conta do seu 
destaque como alternativa do preparo do parto, 
porque ele estimula a contração uterina e o 
alargamento do colo. Quando que a mulher faz uso 
de Misoprostol? Quando a continuidade da gravidez 
realmente apresenta risco iminente (tanto para mãe 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
14 
 
quanto para o feto). O misoprostol que a gente tem 
para uso hospitalar é uma CÁPSULA GELATINOSA 
INTRAVAGINAL, a qual faz uma ação mais local que 
sistêmica. 
Hoje a gente vê partos que são induzidos não por 
conta da gravidade da mulher, mas para induzir um 
parto “natural” (se é que pode ser chamado assim → 
parto vaginal melhor dizendo). O seu uso que antes 
era para tratar úlceras/ distúrbios pépticos, hoje não 
conseguimos comprar mais de forma legal. São 
limitados ao uso hospitalar. 
Obs: O uso dele para induzir o parto ESTÁ 
DESCRITO EM BULA, não se pode dizer que é um 
uso off label, visto que a indicação dele hoje não é 
mais para úlcera e sim para indução do parto, tanto 
que a venda dele ficou mais restrita. Hoje ele tem o 
uso que antes era off label. A sua ÚNICA utilização 
hoje é para indução do parto. 
Fármacos que modulam a motilidade 
gastrointestinal 
 
Fármacos que modulam a motilidade 
gastrointestinal. 
 
Relembrando que quando falamos de fármacos que 
modulam essa atividade, são fármacos que atuam 
diretamente sobre o sistema nervoso entérico que é 
como se fosse o cérebro deslocado no intestino para 
regular as funções de digestão e absorção. 
O sistema nervoso entérico é subdividido em dois 
plexos: Plexo mientérico e o plexo submucoso. Os 
principais neurotransmissores que são produzidos 
no sistema nervoso entérico são: 
✓ Serotonina: 90% da nossa serotonina é 
produzida pelas células enterocromafins do 
TGI. Tanto no plexo mientérico, quanto no 
submucoso temos receptores 
serotoninérgicos (5HT3 e 5HT4). 
✓ Acetilcolina: Faz contração do músculo liso 
atuando sobre M3; lembrando que no plexo 
submucoso a gente ainda tem o receptor M1. 
✓ Dopamina: Faz relaxamento musculatura lisa 
a partir da sua ligação a D2. 
 
Fármacos que atuam sobre a motilidade. Tem-se 
duas frentes: 
❖ Os que estimulam → São os procinéticos e 
os laxativos. 
❖ Os que inibem a motilidade → Antieméticos 
e antidiarreicos. 
Dentro dos Procinéticos temos duas principais 
classes: Os inibidores da acetilcolinesterase e os 
inibidores dopaminérgicos. 
INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
15 
 
(AchE): Uma vez que se aumenta a acetilcolina ao 
inibir a acetilcolinesterase, eu aumento a chance da 
Ach se ligar aos receptores muscarínicos e, 
consequentemente, aumento a contração da 
musculatura lisa ao permitir a ligação aos receptores 
M3. O fármaco utilizado como procinéticos dessa 
classe dos inibidores da AchE é a Neostigmina. 
A Neostigmina tem uso muito específico e hospitalar 
em situações de obstrução aguda do abdômen, por 
exemplo na pseudo-obstrução colônica aguda ou 
síndrome de Ogilvie. É utilizado na tentativa do 
esvaziamento do cólon que está comprometido. 
 
É possível ver nessa imagem as massas formadas e 
todas realmente obstruídas. A Neostigmina vai ser 
utilizada quando essa obstrução ocorre por conta de 
um mau funcionamentoda musculatura e, não 
porque tem algo mecânico obstruindo, quando há 
uma obstrução mecânica do intestino, o peristaltismo 
existe, ele fica fazendo uma força realmente na 
tentativa de desobstruir o cólon. No caso dessa 
doença da imagem ou em outras situações em que a 
Neostigmina pode ser utilizada, é importante lembrar 
que o fato dessa massa fecal está toda acumulada 
significa que não está tendo peristalse, por isso 
que se usa uma droga para aumentar atividade 
colinérgica. 
Efeitos adversos: São os próprios efeitos colinérgicos 
como salivação excessiva, náuseas, vômito, diarreia 
(aumento da motilidade) e bradicardia (o aumento da 
acetilcolina pode fazer com que ela se ligue a outros 
receptores que não era para ela se ligar, mesmo nos 
seus receptores inibitórios). 
 
ANTAGONISTAS DE RECEPTORES D2: 
Antagonizam a dopamina em receptores D2: 
✓ METOCLOPRAMIDA; 
✓ BROMOPRIDA; 
✓ DOMPERIDONA. 
Mecanismo de ação: Uma vez que a ação 
dopaminérgica é inibida, tem-se a ativação da ação 
da acetilcolina e é por conta disso que existe os 
sintomas extrapiramidais, uma vez que existe uma 
ação inversa: Ao inibir a dopamina, aumento a 
atividade da acetilcolina, ativa a musculatura lisa e, 
consequentemente, aumenta peristalse e aumenta 
os movimentos peristálticos. 
Eles não exercem efeitos sobre a motilidade do 
intestino delgado ou do cólon e fazem realmente o 
aumento da amplitude peristáltica do esôfago, do 
esfíncter esofagiano inferior o que acelera o 
esvaziamento gástrico. Logo, eles têm uma ação 
mais gástrica do que intestinal. Por isso que eles são 
muito utilizados em situações de sensação de 
estase gástrica, quando tem má digestão, 
diferentemente da situação anterior da Neostigmina. 
 Eles bloqueiam os receptores D2 na zona de gatilho 
lá na área postrema, no bulbo e, por isso eles 
produzem uma ação antináusea e antiemética. 
Dos três fármacos dessa classe de antagonistas dos 
receptores D2 (metoclopramida, bromoprida e 
domperidona), a Metoclopramida (Plasil) é o mais 
lipossolúvel, uma vez que ele consegue atravessar a 
barreira hematoencefálica de uma forma importante, 
atuando na via nigroestriatal, que é uma via mais 
alta e, por isso ele produz os sintomas 
extrapiramidais mais eficiente que os demais, ou 
seja, a síndrome extrapiramidal está muito associada 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
16 
 
ao Plasil. Não são todas as pessoas que 
desenvolvem essa síndrome, mas é frequente. 
A Bromoprida tem uma dificuldade maior de acessar 
essas vias mais altas do sistema nervoso, por isso a 
tendência de produzir uma síndrome extrapiramidal 
é um pouco menor. 
Já a Domperidona tem uma tendência de produzir 
síndrome extrapiramidal menor ainda. 
Então, ao pensar em síndrome extrapiramidal 
associada ao uso de procinéticos, a gente pensa 
mais na metoclopramida do que nos outros dois 
(bromoprida e domperidona). 
 
A principal utilização clínica é para o esvaziamento 
gástrico tardio, seja por um distúrbio alimentar, 
alguma intolerância alimentar ou algum distúrbio 
relacionado a processos pós cirúrgicos (por conta do 
uso de bloqueadores neuromusculares) e no caso 
das gastroparesias como uma gastroparesia 
diabética. Podem ser utilizados na doença do refluxo 
esofágico, uma vez que eles aumentam a taxa de 
esvaziamento gástrico, mas eles NÃO atuam por 
exemplo sobre lesões erosivas, então por isso eles 
podem ser associados, mas não como um único 
tratamento. 
Podem ser utilizados na prevenção de vômitos, visto 
que eles atuam na área postrema (ação antiemética) 
e, em dispepsia não ulcerosa por aumentar a 
velocidade do esvaziamento gástrico melhorando a 
dispepsia que não esteja relacionada a uma lesão 
erosiva. Além disso, podem ser utilizados para a 
estimulação da lactação pós-parto → principalmente 
a domperidona (Motilium) quando o "leite não desce". 
A domperidona é o fármaco de escolha, porque dos 
três ele é o que tem menor tendência a produzir 
efeitos centrais, uma vez que ela faz o antagonismo 
de dopamina na via túbero Infundibular ela inibe o 
receptor inibitório, fazendo uma ação excitatória, 
aumentando a secreção de prolactina. 
 
Efeitos adversos → Todos estão relacionados aos 
efeitos centrais e quanto mais lipofílico for, maior a 
chance de ele produzir efeitos adversos mais 
extensos. Lembrando que todos eles produzem, 
pois atuam a nível de sistema nervoso, mas quanto 
mais lipofílico e quanto mais áreas forem atingidas 
mais efeito adversos. 
O principal dos efeitos adversos é a síndrome 
extrapiramidal, quando ele faz antagonismo da 
dopamina na via nigroestriatal, já que ao inibir 
dopamina, eu aumento a liberação de acetilcolina no 
estriado e promove os efeitos extrapiramidais que é 
reconhecido como parkinsonismo e discinesia 
tardia. Associado a esses efeitos extrapiramidais, 
aos efeitos dessa síndrome extrapiramidal, têm-se 
ações adrenérgicas, visto que a dopamina pode ser 
utilizada como precursora da noradrenalina, já que 
de fato ela é precursora de noradrenalina, gerando 
agitação e inquietação que são os efeitos mais 
comuns por exemplo do “Plasil”. 
Então, os efeitos adversos desses procinéticos 
antagonistas a D2 estão muito relacionados aos 
efeitos centrais, a capacidade desses fármacos 
atingirem outras regiões do cérebro. A síndrome 
extrapiramidal acontece quando tem o antagonismo 
D2 na via nigroestriatal, que é a via responsável pelo 
controle dos movimentos, onde tem aquela relação 
de dopamina e acetilcolina. Como inibe dopamina, 
estimula a secreção de Ach nigroestriada, 
aumentando os efeitos extrapiramidais, que é o 
parkinsonismo (movimentos desordenados) 
discinesia tardias (são aqueles movimentos mais 
lentos). Quando o paciente apresenta essa síndrome 
extrapiramidal muitas vezes ele apresenta alguns 
sintomas de excitação do sistema nervoso, que é 
representado pela inquietação, agitação, confusão 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
17 
 
metal, os quais se dão por uma ação adrenérgica 
aumentada, pois se sabe que a dopamina é um 
precursor de noradrenalina, se a possibilidade de 
ligação dessa dopamina nos seus receptores é 
diminuída, a dopamina pode aumentar a quantidade 
de noradrenalina e essa, por sua vez, se liga a 
receptores adrenérgicos. 
Esses sintomas ocorrem após a utilização desses 
fármacos principalmente quando ele é administrado 
por via intravenosa em que o efeito terapêutico é 
mais rápido e os efeitos adversos também ficam mais 
evidentes. Não são todas pessoas adquirem essa 
síndrome, existem pessoas que ficam mais sensíveis 
à essas ações e apresentam, uma vez que se tem 
essa síndrome, não se deve mais utilizar esses 
medicamentos, se não vai ter novamente. Então, 
pensando até na segurança do paciente essas 
questões são sempre levantadas na admissão do 
paciente, como são medicamentos utilizados de 
forma rotineira principalmente pacientes que saem 
da cirurgia e por conta de várias utilizações, sempre 
se pergunta alergia de algum medicamento ou sobre 
reações ao utilizar esses tipos de medicamento. 
Logo, uma vez que tem essas síndromes deve-se 
evitar a utilização desses medicamentos. 
Outros efeitos adversos e que muitas vezes são 
utilizados como efeitos terapêuticos é a 
hiperprolactinemia. Ao fazer o antagonismo de 
receptores inibitórios, há uma ação excitatória 
(inibindo D2 na via tuberoinfundibular → inibe a 
inibição → liberação da prolactina), utilizando em 
mulheres pós-parto isso vai ser um efeito terapêutico, 
visto que auxilia na liberação do leite, mas se não for 
nessas condições isso pode gerar um efeito adverso 
que é a galactorreia, ginecomastia, os quais podem 
surgir com a utilização desses medicamentos. 
A sonolência é causada quando a dopamina não é 
direcionada aos receptores adrenérgicos causando 
um efeito inibitório paradoxal, mas o mais comum é 
que a dopamina cause efeitos excitatórios comoagitação. 
 
Existem diversas classes: Osmóticos, estimulantes, 
formadores de massa, surfactantes, ativadores de 
canais de cloreto, antagonistas opioides e agonistas 
serotoninérgicos. 
 
LAXATIVO OSMÓTICO: Ele carrega água → 
aumenta a liquefação das fezes → facilita o 
peristaltismo. Eles são compostos solúveis, porém 
não absorvíveis que realmente fazem o aumento da 
água fecal, o que facilita a evacuação. 
02 tipos: 
✓ AÇÚCARES OU SAIS NÃO ABSORVÍVEIS: 
São compostos que aumentam a quantidade de água 
das fezes e auxiliam no tratamento da constipação 
aguda. Representantes: LACTULOSE, HIDRÓXIDO 
DE MAGNÉSIO (era chamado de leite de magnésio), 
SORBITOL. Em doses terapêuticas são utilizados no 
tratamento de constipação aguda (além desses 
medicamentos tem o óleo mineral, o qual tem ação 
osmótica, mas também tem ações estimulantes). Se 
eu aumentar a dose desses açúcares ou sais não 
absortivos eles viram purgativos estando 
diretamente relacionado a cólicas intestinais e 
aumento de flatulência; então isso vira um efeito 
adverso. 
 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
18 
 
✓ Polietilenoglicol balanceado (PEG) 
É uma solução isotônica de vários polímeros (junta 
sorbitol, citrato de sódio e quando diluídos em 
água forma uma solução que absorve mais água 
e, consequentemente, aumenta a liquefação das 
fezes). 
Geralmente são utilizados para o preparo de 
exames endoscópicos, como colonoscopia para 
realmente diminuir a presença de bolo fecal, da 
massa fecal, facilitando o exame. 
Diferentemente dos açúcares ou sais não 
absorvíveis que tem efeito purgativo, o PEG 4000 
não apresenta esse efeito adverso. 
 
Os LAXATIVOS ESTIMULANTES estimulam a partir 
da motilidade do tecido, ou seja, eles estimulam a 
evacuação por uma estimulação direta do sistema 
nervoso entérico e induzem a secreção de eletrólitos 
e líquidos no cólon. O uso prolongado desses 
estimulantes está relacionado a uma atonia e 
dilatação do cólon. Podem também estar associado 
a carcinogênese (estudo ainda não comprovado). 
02 tipos: 
✓ NATURAIS: são os derivados da 
antraquinona. Representantes: SENE e 
CASCARA-SAGRADA ALOE VERA, os quais 
estimulam por uma ação aumentada do 
sistema nervoso entérico. 
✓ SINTÉTICOS: Derivados do difenilmetano. 
Representante: BISACODIL (Lacto-purga). 
São utilizados para fazer a limpeza do cólon 
antes da colonoscopia, como um preparo do 
exame gastrointestinal e podem ser utilizados 
em constipação aguda. 
 
FORMADORES DE MASSA: São fibras, são 
coloides que formam um gel emoliente que fazem o 
aumento da massa, eles aumentam a massa. Se 
aumentar a massa, promove a peristalse. Fibras 
vegetais (psílio, metilcelulose) e as fibras sintéticas 
(policarbofila). São fibras que fazem com que essa 
massa fecal aumente, aumentando a peristalse. O 
grande problema disso é a não ingestão de água pelo 
paciente, como forma uma massa, ela tende a ficar 
aderida. Por isso tem que estimular, deixá-la mais 
emoliente. 
SURFACTANTES (emolientes): São eles que fazem 
com que o material fecal fique mais pastoso, porque 
promove a penetração de água e lipídios no bolo 
fecal. Como eles ajudam a penetração de lipídios, o 
uso prolongado desses medicamentos pode diminuir 
a absorção de vitaminas lipossolúveis, pois vão tudo 
embora junto com bolo fecal. Representantes: 
DOCUSATO, GLICERINA, ÓLEO MINERAL. O óleo 
mineral é uma ótima alternativa terapêutica, 
principalmente para bebês que apresentam 
dificuldade no movimento peristáltico por uma 
imaturidade do trato gastrointestinal (é ruim de tomar, 
mas seu efeito é muito bom). 
 
ATIVADORES DE CANAIS DE CLORETO: São 
fármacos mais específicos. Representante: 
LUBIPROSTONE (Amitiza). O amitiza foi autorizado 
para ser comercializado no Brasil tem pouco tempo, 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
19 
 
foi em 2019. Utilização na síndrome do intestino 
irritável (que é uma síndrome autoimune) e também 
na constipação predominante (na utilização de 
opioides, em pacientes com câncer terminal, pois 
pacientes em utilização de opióides de forma 
contínua tem como um dos principais efeitos 
adversos dos opioides, além da depressão 
respiratória, é a diminuição do trânsito intestinal). 
Eles são derivados do ácido propanoico que estimula 
a liberação de cloro no intestino delgado. O aumento 
desse líquido rico em cloreto, faz com que haja o 
aumento da motilidade intestinal. 
 
Sabe-se que a serotonina é o principal 
neurotransmissor produzidos no intestino, o qual 
apresenta uma função excitatória da musculatura 
lisa. Os AGONISTAS 5HT4 são fármacos utilizados 
em tratamentos específicos de determinadas 
doenças, como constipação crônica pela utilização 
de opioides e também a síndrome do intestino 
irritável, quando o principal efeito da síndrome é a 
constipação, essa síndrome pode estar relacionada 
tanto aos efeitos diarreicos quanto constipadores, 
logo vai depender da clínica do paciente. 
Se for uma síndrome do intestino irritável 
predominantemente constipativa, utiliza-se 
medicação mais laxativa, caso contrário, utiliza-se 
um antidiarreico. Como no plexo mioentérico tem 
receptores 5HT3 E 5HT4, ao estimulá-los aumenta o 
reflexo peristáltico. 
 
Fármacos que diminuem a motilidade: 
Antidiarreicos e antieméticos. 
 
✓ AGONISTAS OPIOIDES: Um dos principais 
efeitos adversos dos opioides é diminuir o 
peristaltismo, logo utiliza-se um agonista que 
exerça essa ação terapêutica. Esse agonista 
apresenta uma ação periférica, atuando em 
receptores opioides presentes no plexo 
submucoso e mioentérico. Ele não tem ação 
central → Não causam sonolência, 
depressão respiratória, analgesia. 
Representante: LOPERAMIDA (Imosec). 
O grande problema dos antidiarreicos é entender, 
conhecer e afastar qualquer outra causa de 
diarreia infecciosa. Se o indivíduo tiver diarreia e 
fazer o uso de um antidiarreico ele impede que o 
agente infeccioso seja eliminado (Ex: rotavírus, 
bactéria). Logo: Loperamida (Imosec) tem que 
ser utilizado quando realmente descarta a 
causa infecciosa 
✓ RESINAS: COLESTIRAMINA → Faz o 
sequestramento de sais biliares, uma vez que 
a diarreia tem que ser relacionada a má 
absorção de sais biliares para realmente 
tratar a causa da diarreia, como por exemplo 
a doença de Crohn. 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
20 
 
✓ ANÁLOGOS A SOMATOSTATINA: Sabe-se 
que a somatostatina é um regulador 
endócrino, uma vez que regula diversas 
funções: Secreção gástrica, motilidade da 
musculatura lisa, da vesícula biliar, reduz o 
fluxo sanguíneo tanto portal quanto 
esplênico. Então, pode-se utilizar os análogos 
desse hormônio quando esse hormônio for o 
agente causador da diarreia, ou seja, são 
causas bem específicas e seu uso é 
hospitalar e não de venda livre. Indicações: 
Inibição do efeito de tumores endócrinos, 
onde se tem o aumento de secreção de 
gastrina, de substâncias que possam 
aumentar essa motilidade; na diarreia da 
AIDS que também está associada a uma 
desregulação da somatostatina e na 
síndrome do esvaziamento rápido. 
Logo, de venda livre para qualquer tipo de diarreia 
que não seja infecciosa é o Imosec. 
 
ANTIEMÉTICOS: Previnem ou inibem o reflexo do 
vômito. 
Existem três fontes do sistema nervoso central que 
coordenam o ato do vômito: 
❖ Área postrema ou zona de gatilho 
quimiorreceptora → Rica em receptores 
dopaminérgicos, opioides, receptores de 
serotonina e de neurocinina (NK I). 
❖ Sistema vestibular → Rico em receptores 
muscarínicos e histamínicos; o sistema 
vestibular induz o vômito relacionado ao 
movimento, por isso ele é importante na 
cinetose. 
❖ Nervos aferentes vagais e espinhais do trato 
gastrintestinal → São ricos em receptores, 
principalmente serotoninérgicos; é quando 
acontece uma irritação local por um agente 
físico (quimioterapia, radioterapia, 
gastroenterite), uma vez que vai estimular o 
reflexodo vômito por aumento da atividade 
da serotonina. 
Representantes: Antagonistas serotoninérgicos, 
antagonistas de dopamina, anti-histamínicos, 
anticolinérgicos. 
 
ANTAGONISTAS DE 5 HT3: São antieméticos mais 
potentes que existem no mercado, visto que atuam 
em receptores 5HT3 no centro do vômito, mas 
também atuam a nível periférico no plexo 
mioentérico. Representante: ONDANSETRONA 
(Vonau). Utilizados em tratamento de vômito 
relacionado a estimulação vagal, quando existe 
aquele estímulo irritante (uso de medicamento, 
radioterapia, inflamação do TGI, uma gastroenterite, 
pós-cirúrgico, quimioterapia → uso como adjuvante 
quimioterápico prevenindo ou tratando o vômito: 
Utilizados 1 hora antes da quimioterapia e durante 
também pode ser utilizado). Não exerce efeitos sobre 
a motilidade esofágica, mas eles podem retardar o 
trânsito intestinal. Isso é muito importante, pois o uso 
crônico da Ondansetrona leva a constipação. É o 
principal efeito adverso da ondansetrona. 
 MUZZY, Leonardo A. – P2 
 
21 
 
 
Classe pouco conhecida: APREPITANTO (não 
disponível no Brasil, mas já é aprovado) → Fazem 
antagonismo dos receptores de neurocinina na área 
postrema responsável por conduzir esse reflexo. 
Podem ser associados em paciente que são 
refratários a ondansetrona, por exemplo, pacientes 
que fazem quimioterapia, que utilizam esquemas 
quimioterápicos muito emetogênicos. Logo, essa 
medicação pode ser associada a ondansetrona e até 
mesmo a dexametasona (corticoides podem ter 
efeitos antieméticos também, não se sabe ao certo 
como isso acontece, são apenas observações 
clínicas). Quando se faz esse tríplice associação 
reduz ainda mais o vômito. 
ANTAGONISTAS D2: Representantes → Tanto 
METOCLOPRAMIDA quanto a BROMOPRIDA 
apresentam efeitos semelhantes por atuarem na 
área postrema, mas a Bromoprida é considerada um 
fármaco mais seguro, por conta de causar menos 
efeitos extrapiramidais. 
Sabe-se que na área quimiorreceptora tem produção 
de histamina e tem receptores histaminérgicos. A 
inibição da ação da histamina ali, inibe a êmese. Os 
que são utilizados são aqueles que conseguem 
atravessar a barreira hematoencefálica, são os de 
primeira geração: Prometazina, dimenidrinato 
(Dramin) e a meclizina (mais seletiva, não tem tanta 
ação colinérgica, serotoninérgica, ela tem uma ação 
mais histaminérgica, mas mesmo assim produz 
efeitos adversos). O Meclin (meclizina) é uma das 
drogas mais utilizadas em enjoos na gestação. 
ANTICOLINÉRGICOS: Representante → 
ESCOPOLAMINA, que é o princípio ativo do 
Buscopan, e faz o antagonismo de M3 no músculo 
liso e de M1 no sistema vestibular. Por isso que são 
fármacos utilizados no tratamento do enjoo 
relacionado ao vômito, cinetose (tanto Buscopan, 
quanto os anti-histamínicos, porque eles atuam 
sobre o sistema vestibular). Grande problema: 
Efeitos adversos que já conhecemos (xerostomia, 
taquicardia).

Continue navegando