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MUZZY, Leonardo A. – P2 1 Farmacologia II Farmacologia do TGI Farmacologia gastrintestinal → Fármacos que atuam sobre esse sistema na finalidade de facilitar suas funções ou até mesmo inibir algumas delas. A gente tem que lembrar que o sistema gastrointestinal, além dele ter essa grande função sobre a digestão de alguns alimentos, ele tem sua rede neuronal integrativa, que é o sistema entérico, e ainda sofre inervações do sistema autônomo tanto simpático quando parassimpático e a partir do sistema nervoso entérico ele produz e secreta diversos neurotransmissores (histamina, serotonina, óxido nítrico, e outros) que também são substâncias que interfere de uma forma bem importante nas funções do sistema. Caso Clínico J.G.R, 22 anos, sexo masculino, estudante do 3º de medicina procura atendimento médico na UBS de sua cidade natal. Reclama de dispepsia e pirose, principalmente após a ingestão de algum alimento. Relata que sente esses sintomas há 5 anos, desde quando foi morar sozinho para fazer cursinho pré- vestibular e sua alimentação piorou. Anteriormente o sintoma se apresentava de forma esporádica, mas nos últimos 6 meses, a frequência e a intensidade dos episódios aumentaram. Atualmente apresenta episódios todos os dias da semana com piora após refeições volumosas e após deitarse, além de ser acompanhada de regurgitação; que melhora sempre quando utiliza Bicarbonato, sonrisal ou estomazil, porém em menos de 3 horas já começa a sentir piora novamente. Refere que associado a esses sintomas, apresenta tosse seca e rouquidão. Nega náuseas, vômitos, diarreia, odinofagia, disfagia, hematêmese, perda ponderal e halitose. Fisiologia do TGI Então a gente tem que entender que, além dessa função da digestão, ou paralela a essa função de digestão/absorção de nutrientes, o trato gastrointestinal é um dos principais sistemas endócrinos que constitui seu sistema nervoso entérico e além do seu sistema nervoso entérico/ de ter essa inervação, que é uma rede neuronal própria dele (por isso que a gente fala que o intestino é nosso segundo cérebro), ele ainda sofre inervações do sistema nervoso simpático e parassimpático. E, por conta desse sistema nervoso entérico, dessa rede integrativa própria neuronal, ele secreta ali diversos neurotransmissores que são fundamentais para a realização de todas as suas funções (serotonina, purina, odiado nítrico, histamina, acetilcolina, e por aí vai). Sabe-se que uma das principais funções do sistema gastrointestinal é a digestão. Para que a digestão aconteça deve existir então a secreção de ácido clorídrico como todo mundo já sabe. Esse ácido clorídrico é secretado a partir de células parietais. Então a gente tem as células superficiais, células MUZZY, Leonardo A. – P2 2 principais, e as células parietais que são as responsáveis por secretar esse ácido clorídrico. Elas produzem esse ácido clorídrico, e para sua secreção precisam da ativação de alguns hormônios, ou seja, só há secreção de ácido clorídrico para a luz do estômago se houver realmente ativação de alguns hormônios. E quais são esses hormônios? Gastrina, Histamina e Acetilcolina. A partir da ativação desses hormônios em seus receptores é que essas células parietais vão conseguir secretar esse ácido clorídrico que é fundamental para a digestão. A célula G lá no nosso estômago, no antro do estômago (naquela parte mais baixa) vão ser as responsáveis por produzir gastrina. Quando nos alimentamos há a ação de peptídeos e aminoácidos que fazem com que essa célula G secrete essa gastrina, uma vez que essa gastrina é liberada, ela chega na corrente sanguínea e lá elas conseguem chegar até as células, tanto as células parietais, quando as células enterocromafins (ECS). Lá nas células parietais o que elas fazem? Elas agem diretamente sobre essas células, lá existe um receptor de gastrina que é o CCK-B e uma vez que essa gastrina se liga a seu receptor, ela é capaz de ativar a secreção de íons H+. Mas existem receptores de gastrina também nas células enterocromafins, e lá quando a gastrina se liga ela libera histamina e essa histamina, uma vez liberada, também vai se ligar aos receptores histaminergicos do tipo H2 lá nas células parietais, ou seja, mais um estímulo para a secreção de ácido clorídrico. Além disso, a gente falou que nosso sistema gastrointestinal é inervado por fibras simpáticas e parassimpáticas, e existe, lá no nervo vago, uma fibra que inerva o sistema gastrointestinal que libera acetilcolina que também é capaz de se ligar a seus receptores colinergicos muscarinicos lá nas células parietais que também induzem essa secreção de ácido clorídrico. Então a gastrina vai estimular a secreção de ácido clorídrico; ela aumenta a secreção de pepsinogenio que é responsável pela degradação de proteínas, estimula o fluxo sanguíneo e a motilidade do trato gastrintestinal e a gastrina é sempre inibida quando esse pH cai muito → acontece um feedback negativo que faz com que essa célula G pare de secretar gastrina. Quando isso acontece? Quando a gente atinge um pH menor que 2,5 na luz estomacal. A histamina age sobre as células parietais, sobre os receptores do tipo H2, aumenta a ação da gastrina e acetilcolina. Essa histamina ela é liberada a partir da ação da gastrina - é uma ação secundária. A acetilcolina também age sobre seus receptores M3 promovendo a secreção desse ácido a partir de uma bomba de prótons na superfície canalicular. Então quais são os fatores envolvidos nessa secreção? Realmente ativação de 3 hormônios: histamina, acetilcolina e gastrina para que haja realmente a secreção/liberação desse ácido que está aqui e foi produzido pelas células parietais. Mas só isso é suficiente? Somente ativação dessas substâncias e seus receptores é capaz de produzir a liberação desse ácido clorídrico? Sim e não. Quando eles ativam, o que eles fazem? Quando as substâncias EP3, H2, M3 são ativadas em seus receptores elas ativam uma enzima que é a hidrogênio/potássio ATPase, que é a bomba de prótons, a liberar hidrogênio na luz estomacal e recaptar potássio para dentro da célula parietal. Então essa bomba traz esse hidrogênio para a luz estomacal e em contra partida tira potássio. Sendo assim, uma vez que esses receptores são ativados, ocorre a ativação dessa enzima que faz essa troca entre hidrogênio e potássio para que haja a entrada de hidrogênio na luz e esse potássio é recaptado para a célula parietal. Além da ação dessas substâncias sobre seus receptores para ativação e liberação de ácido MUZZY, Leonardo A. – P2 3 clorídrico, a gente tem ao mesmo tempo a ativação e a função de algumas substâncias que são consideradas muco-protetoras ou gastro-protetoras que são as prostaglandinas - principalmente a prostaglandina E2 - que ao atuarem, ao serem ativadas nas células parietais e nas células epiteliais gástricas, promovem também (ao mesmo tempo que há ativação da bomba de prótons por essas 3 substâncias) o aumento da liberação de HCO3- e produção de muco. E essa prostaglandina também faz a inibição da bomba de prótons para que haja um equilíbrio e se mantenha um pH gástrico dentro do que é considerado normal. Distúrbios Ácidos-pépticos Quando que esses distúrbios ácido-pépticos acontecem? Quando não há um equilíbrio entre os fatores agressores e os fatores defensores, ou seja, eu tenho mais ativação de gastrina, mais ação da gastrina, da histamina, da acetilcolina do que ação das prostaglandinas na produção de bicarbonato, muco, etc. Quando a gente tem um desequilíbrio dessas ações temos os distúrbios ácidos pepticos que são refluxo gastroesofágico, úlcera peptica (sendo elas gástricas ou duodenais) e a lesão da mucosa relacionada com estresse - a gente sabe também queo estresse consegue desequilibrar esses fatores. As úlceras pépticas são essas lesões erosivas que acontecem na mucosa gástrica. Os principais locais a cometidos são nessa curva do estômago e na área proximal do duodeno, bem próxima do estômago, quando a gente tem um aumento da liberação do ácido clorídrico e ele consegue lesionar, forma uma erosão sobre essa mucosa, essa lesão, quando o piloro não funciona bem o ácido pode descer e, por isso, forma uma úlcera duodenal - 90% delas acontecem nesse área proximal do duodeno; e quando também o esfíncter esofágico não funciona bem, há o regurgitamento desse ácido podendo provocar uma lesão esofágica. O estômago tem a produção de substâncias que conseguem equilibrar esse ácido que são o muco, bicarbonato, essas substâncias gastro-protetores. Já o esôfago não tem essa produção, então geralmente essas lesões de esôfago elas podem ser comuns com o refluxo gastro esofágico (DRGE), porque não tem nada para equilibrar a ação desse ácido que está chegando até o esôfago. O duodeno também tem as suas ações protetores, mas o pH do meio é bem mais alcalino, então esse ácido, por menor que seja, já é capaz de alterar a mucosa desse duodeno e provocar uma erosão também. Quais são as principais causas de úlceras pepticas? A principal causa é a Helicobacter pylori (H. pylori) uma bactéria que consome para si todo bicarbonato produzido pelo estômago, pois para a sua replicação ela necessita da ação de uma enzima que é a anidrase carbônica, e essa anidrase utiliza o bicarbonato para a produção dos fatores de crescimento para essa bactéria. Então como essa bactéria consome essa substância que equilibraria a acidez estomacal, pode provocar lesão, ponque eu aumento a concentração de ácido clorídrico e isso lesiona aqui a mucosa gástrica. A utilização de AINES, que o principal efeito colateral da utilização crônica de AINES é a formação de úlceras, principalmente aqueles não seletivos, a utilização de aspirina por conta da inativação de prostaglandinas constitutivas que são grandes responsáveis pela produção de muco, inibição de íons hidrogênio e secreção de bicarbonato. O estresse que é também uma situação em que eu tenho desequilíbrio hormonal que pode favorecer ao aumento, a hipersecreção de ácido clorídrico. A bebida alcoólica em excesso, o tabagismo e até o tumor, pois existem tumores que são secretores de gastrina que terão como sintoma o aparecimento de MUZZY, Leonardo A. – P2 4 úlceras. Uma outra doença que é causada por um distúrbio ácido péptico é o refluxo gastroesofágico. Esse refluxo ocorre quando a se tem um aumento desse conteúdo gástrico, ou seja, o recebimento de um conteúdo gástrico mais aumentado que faz com que haja uma secreção maior ainda de ácido clorídrico. Porque a secreção é dependente da presença de bolo alimentar, por isso que no jejum a gente quase não tem secreção de gastrina, porque se eu tô em jejum eu não tenho presença de alimento no estômago, o meu pH está mais baixo. Quando esse pH aumenta por conta da presença do alimento, é que essa gastrina vai ser secretada. E aí o aumento desse conteúdo gástrico faz com que haja um aumento o pH do estômago, o que faz com que haja uma hipersecrecao de gastrina, o que aumenta a produção/secreção de ácido clorídrico. Uma vez aumentada, o que pode acontecer? Tanto o relaxamento do esfíncter esofágico, o que faz com que haja o regurgitamento desse ácido clorídrico aqui para a área do esôfago, o que pode gerar aquelas úlceras esofágicas, mas também um aumento do tônus do piloro - quando esse piloro está bem forte o que ele faz? A pressão exercida pelo aumento do conteúdo gástrico é grande, e faz com que haja o retorno/ o refluxo, por isso o nome refluxo gastroesofágico, o refluxo desse conteúdo gástrico, o que muitas vezes pressiona o esfíncter esofágico e faz esse conteúdo voltar. E por isso que os sintomas do refluxo gastroesofágico são: pirose (que é a azia), eructação (arroto), por conta desse refluxo do conteúdo gástrico que leva as regurgitações - realmente o retorno desse bolo alimentar, esse bolo alimentar ele vem cheio de ácido clorídrico porque quanto maior o conteúdo gástrico, maior a secreção de ácido clorídrico, o que pode lesionar as cordas vocais devido à lesão do nervo laríngeo recorrente, causando alteração da voz, além de poder gerar o estímulo da tosse e até mesmo a dificuldade de engolir, o paciente reclama de sentir um bolo, uma bola aqui na garganta por isso esses são os principais sintomas do refluxo. Em suma, o primeiro estímulo para secreção do ácido clorídrico é a secreção de gastrina, e essa gastrina é liberada a partir de uma alteração do pH, se o pH estiver baixo demais a gastrina não é secretada, uma vez que esse pH vai sendo aumentado, essa gastrina vai sendo liberada para agir sobre a digestão. Então quanto maior o conteúdo gástrico maior a liberação de gastrina, maior a produção de ácido clorídrico. O provável diagnóstico é doença do refluxo gastroesofágico, pois há piora após refeições volumosas acompanhada de regurgitação, ele reclama de dispepsia (má digestão) e pirose (azia), geralmente após ingestão de algum alimento, outro sintoma. A gente vai falar dos medicamentos pra gente entender isso. Além dele apresentar tosse seca e rouquidão, que são os sintomas secundários desse refluxo do ácido clorídrico. Temos duas formas de tratar esses distúrbios ácido- pépticos: Utilizando fármacos que reduzem a acidez intragástrica ou fármacos que promovam a defesa da mucosa, que são os gastroprotetores. Utilizando um MUZZY, Leonardo A. – P2 5 desses medicamentos que a gente consegue controlar essa acidez gástrica. Fármacos que reduzem a acidez intragástrica E quais são os fármacos que conseguem reduzir a acidez intragástrica? Antiácidos, os antagonistas H2 e os inibidores da bomba de prótons. Então essas 3 principais classes que são utilizadas na finalidade de reduzir a acidez. Os antiácidos são drogas extremamente utilizadas, de venda livre, não só em farmácias mas em supermercados, em grandes redes, são isentos de prescrição. Eles foram utilizados como a única terapia para tratamento dos distúrbios ácidos- pépticos por muitos anos até quando houve realmente o advento dos anti-histamínico H2 e inibidores da bomba de prótons e ele parou de ser utilizado como alternativa de tratamento. Mas quem são esses antiácidos? Todos eles são bases fracas, capazes de neutralizar a ação de ácido clorídrico, ou seja, eles agem a partir de relações químicas. Eu utilizo uma base fraca que ao se ligar a esse ácido ele é capaz de neutraliza-ló, e aí eu tenho um aumento do pH de novo do estômago e aí não tem chances de acontecer tanto refluxo ou melhoro os sintomas do refluxo, quanto até mesmo reduzir as chances de provocar lesões erosivas nesse paciente. A capacidade de neutralização de um antiácido depende da sua velocidade de dissolução, hidrossolubilidade, da taxa de reação com ácido e taxas de esvaziamento gástrico. A maioria dos antiácidos utiliza algum composto que faz com que a velocidade de dissolução seja acelerada. Todo mundo já percebeu que a maioria dos antiácidos são da forma farmacêutica de pó efervescente. A efervescência ela serve para duas coisas, primeiro para mascarar o sabor ruim (características organolépticas do medicamento); mas também ela tem a característica de acelerar o processo de dissolução. A dissolução do medicamento, do antiácido, acontece antes mesmo de ser administrado, então quando ele chega no estômago ele já chega para ser reabsorvido, para realmente agir naquele ácido clorídrico que já foi liberado. Antiácidos → Bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio e o hidróxido de Magnésio e Alumínio. O bicarbonatode sódio e o carbonato de sódio eles agem praticamente da mesma forma, o que eles fazem? O bicarbonato (NaHCO3) se liga ao ácido clorídrico (HCl) e essa reação de neutralização gera CO2 mais cloreto de sódio (NaCl). Qual o grande problema disso? Quem toma bicarbonato acontece o que? Primeira coisa que acontece é você ter a eructação (arroto) isso acontece porque ele gera CO2. Então todo antiácido que tem como produto final da reação a produção de CO2 ele vai gerar distensão abdominal e eructação. Como a gente utiliza uma base fraca, o bicarbonato, ele pode gerar em grandes doses, alcalose metabólica e retenção de líquido por produção de cloreto de sódio. Então a gente tem que tomar cuidado com a utilização de bicarbonato em pacientes hipertensos, mas isso de forma crônica, em doses realmente altas, em doses pequenas ele não vai provocar isso. MUZZY, Leonardo A. – P2 6 O carbonato de cálcio ele age praticamente da mesma forma, só que essa reação é mais lenta com o ácido clorídrico, aí ele provoca um efeito mais tardio. O que a maioria faz? Coloca dentro de um “digestivo”, do medicamente antiácido, a combinação dos dois: Porque eu tenho bicarbonato de sódio que faz um efeito mais rápido e eu tenho o carbonato de cálcio que faz com que haja um prolongamento desse efeito antiácido. Por isso que a maioria, sonrisal, estomazil, faz a junção de bicarbonato mais carbonato. O carbonato de cálcio, além dele ser utilizado como antiácido ele tem outras indicações, como na deficiência de cálcio, nos distúrbios da tireoide que levam também a deficiência de vitamina D, então eles podem ser utilizados em um outro contexto pela produção de cloreto de cálcio (CaCl2) a diferença entre eles vai ser realmente a produção de cloreto de sódio no caso do bicarbonato e cloreto de cálcio no caso do carbonato. Já os hidróxidos de magnésio e de alumínio são bases e ao serem ligados ao ácido clorídrico formam água mais cloreto de magnésio ou cloreto de alumínio. Estão vendo que não há produção de CO2? Se não há produção de CO2, não há produção de gás e aí não tem esse efeito do bicarbonato e carbonato de cálcio que é a distensão abdominal e as eructações. Mas eles podem causar diarreia osmótica (quando se é utilizado o hidróxido de magnésio) ou uma constipação (pelo hidróxido de alumínio). O que você faz com os hidróxidos? Associa os dois, porque aí eu não tenho nem diarreia nem constipação, eu faço uma ação equilibrada, por isso que na maioria das vezes eles também estão associados → hidróxido de magnésio + hidróxido de alumínio. Estomazil (bicarbonato de sódio, carbonato de sódio mais ácido cítrico): O ácido cítrico é o responsável por provocar a dissolução rápida dele) o estomazil pastilha (ele tem carbonato de cálcio mais hidróxido de alumínio mais hidróxido de magnésio, ou seja, ele ainda mistura dois); ENO (a mesma forma do estomazil) e o Mylanta Plus (hidróxido de alumínio + hidróxido de magnésio + simeticona) que é um medicamento muito utilizado também para azia, má digestão. Como eles devem ser administrados? Sempre 1h depois de uma refeição, porque toda vez que há a presença de conteúdo gástrico eu tenho a liberação de gastrina e eu tenho a liberação de ácido clorídrico, não adianta nada eu tomar um antiácido se meu estômago estiver vazio; não adianta usar como forma de prevenção “eu vou tomar para previnir, para que eu não tenha azia, antes de comer” isso não existe com os antiácidos, porque para que haja reação de neutralização ela necessita do ácido, então, geralmente, 1 hora após a refeição. E essa neutralização ocorre por um período de até 2 horas, porque depois que houve o esvaziamento gástrico, aquele bolo alimentar vai para o intestino e aquele antiácido não faz mais efeito, por isso eles tem essa ação imediata, porém temporária, ele age rapidamente, mas por um curto tempo/uma duração muito curta. Esses medicamentos, como eles fazem essas reações de neutralização deixam o pH do estômago mais alto podendo interferir em fármacos que necessitam de um pH mais baixo para serem absorvidos. Então, eles não devem ser administrados dentro de 2 horas após a ingestão de alguns medicamentos que necessitam dessa acidez estomacal, como as tetraciclinas, fluoroquinolonas, itraconazol e o ferro. O paciente que está utilizando ferro, algum polivitamínico que tenha ferro, sulfato ferroso, ele não deve utilizar, porque o ferro só é absorvido em meio ácido, por isso que até existem algumas indicações que eu aumento a absorção de ferro se utilizar algumas substâncias cítricas como suco de laranja aumentando a absorção. O ferro precisa realmente de um ambiente mais ácido para ele ser absorvido. Mecanismo de ação dos Antagonistas H2 Antagonistas H2 → Redução da secreção ácida basal, aquela que já é induzida pela histamina de forma constitutiva. MUZZY, Leonardo A. – P2 7 Vimos os anti-histamínicos que agem sobre H1, que são receptores muito presentes sobre os vasos e brônquios, agora vamos falar sobre os antagonistas de H2, que estão presentes lá nas células parientais do estômago. Eles vão inibir as ações da histamina sobre os receptores H2, porém sua principal ação clínica é a inibição da secreção de ácido gástrico, ou seja, quando eu inibo o receptor de histamina eu impeço que a histamina ative a secreção do ácido gástrico pelas células parietais. Eles geralmente estão relacionadas a secreção ácida basal, que é a noturna, a histamina tem uma ação constitutiva, pois os receptores de histamina tem uma ação constitutiva que geralmente há uma ativação, uma liberação de ácido gástrico noturna e aí a utilização de anti-histamínico está muito relacionada a redução da secreção desse ácido de forma basal, por isso que geralmente os anti histaminicos são utilizados, quando em monoterapia, preferencialmente à noite. Além disso, também reduzem a secreção estimulada por alimentos, mas a gastrina e a acetilcolina têm uma ação muito maior do que a própria histamina → A histamina tem uma ação secundária à secreção de gastrina. No Brasil temos dois representantes dos antagonistas H2: Cimetidina → que foi o primeiro a ser descoberto e a Ranitidina. A Ranitidina é muito mais potente, podemos ver isso até pelas doses: Enquanto a cimetidina a gente usa em uma dose de 400-800 mg, a Ranitidina a gente usa 150 mg. Doses habituais: Cimetidina (ou vai ser 800 mg ao deitar ou 2 de 400 mg); Ranitidina (ou 300 mg ao deitar ou 2 de 150). Por que isso? Porque realmente a ação na redução da secreção gástrica está muito mais relacionada a acidez induzida pela histamina do que a induzida pelo alimento. Indicações: Para os dois principais distúrbios ácido pépticos que são: doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e na úlcera péptica. No caso da úlcera péptica, toda vez que a gente já tem úlcera/lesão erosiva o mais indicado são os inibidores da bomba de prótons. Mas, os antagonistas de H2 também podem ser utilizados no tratamento das duas doenças. A Cimetidina tem uma ação endócrina importante fazendo a inibição da di-hidrotestosterona aos seus receptores e pode aumentar a secreção de prolactina podendo gerar no homem ginecomastia, impotência sexual e nas mulheres galactorreia (secreção de leite pelas mamas) - isso se dá com uso crônico de Cimetidina, não é uso intermitente, é um uso crônico para o tratamento de uma doença instalada. Além disso, esses antagonistas atravessam a placenta agindo como se fosse aqueles fármacos não seletivos anti-histamínicos H1, não se sabe ainda ao certo se eles são teratogênicos, mas como eles atravessam a placenta eles não devem ser utilizados em mulheres grávidas, somente quando for necessário e eles também são secretados no leite materno. No caso da grávida oude mulher com potencial de engravidar nada de Cimetidina, dá antiácido para ela, porque ela vai ter muita azia do início ao fim da gestação e ela vai tomar antiácido até dizer chega, já que nem os antagonistas H2 nem os inibidores da bomba de prótons tem estudos que conferem a eles segurança na gestação, então são medicamentos MUZZY, Leonardo A. – P2 8 que devem ser utilizados em casos muito restritos; Claro, se essa grávida tiver uma úlcera, tiver uma lesão, existem situações que vai ser necessária realmente a utilização, mas com todo cuidado, não vai ser uma droga que vai ser utilizada “ah, a mulher está com uma pirose, uma dispepsia, e vai utilizar esses medicamentos”. Eles podem ser administrados tanto por via oral quando por via injetável, a gente tem a Cimetidina injetável, mas a infusão in bolus de Cimetidina pode causar bradicardia e hipotensão por conta dos receptores histaminérgicos cardíacos H2 e por isso que eles devem ser administrados de uma forma lenta durante 30 minutos. A Cimetidina é um fármaco que interfere demais com as enzimas do citocromo P450, e aí isso faz com que esse mecanismo prolongue a meia-vida de todos os medicamos utilizados com ele. Já a Ranitidina ela é mais potente, ou seja, ela tem mais afinidade e aí ela não utiliza tanto essas enzimas, ela tem uma afinidade de 4 a 10 vezes menor com as enzimas do citocromo P450. Então, se a gente fosse ver qual que seria melhor, a Ranitidina. Porém, todavia, entretanto, desde o início do ano passado houve o recolhimento de todos os medicamentos que tinham como base a Ranitidina, a ANVISA mandou recolher tudo. Em janeiro ela fez uma publicação de uma resolução retirando toda a medicação do comércio porque foi descoberta uma substância chamada NDMA que tem um poder carcinogênico muito importante. E no início, acreditava ser por uma outra substância que era realmente um veículo utilizado com a Ranitidina, “uma farinha”, e depois de um tempo então a ANVISA proibiu, mandou tirar todas as medicações do Brasil que continham a Ranitidina e aí fizeram vários testes. E em 31 de agosto de 2020, a Ranitidina realmente foi proibida de forma efetiva, até hoje não se tem notícias de ranitidina no Brasil. Por quê? Porque viram que essa substância aqui NMDA era metabólito da própria Ranitidina, e ainda não se conseguiu identificar possibilidades para estabilizar essa molécula. E para a criança era uma ótima opção, porque o omeprazol é uma luta, e a Ranitidina a gente tinha ela em forma de solução, que era o Label, só que foi retirada do comércio de forma efetiva. O que se está estudando hoje são formas de inibir uma dessas moléculas que são produzidas a partir da metabolização da Ranitidina, porque isso tem um poder carcinogênico muito alto, ela primeiro foi proibida nos EUA e aí quando se tirou essa medicação de uso a ANVISA se alertou e começou a fazer os testes e comprovou isso também. Mas a Cimetidina existe ainda, ela já era mais difícil de ser encontrada por conta de ser bem menos específica, trazendo diversos efeitos adversos, interações medicamentosas, então já era mais difícil de ser encontrada, mas ela ainda existe. E a terceira classe de fármacos que podem reduzir a acidez intragástrica são os inibidores da bomba de prótons. Hoje, os inibidores da bomba de prótons são os medicamentos de primeira linha para tratar qualquer distúrbio ácido péptico, eles agem de uma maneira muito mais efetiva no controle da secreção gástrica porque atuam na bomba de prótons. Por mais que eu tenha o estímulo da acetilcolina, da gastrina, da histamina, eu não vou ter a troca de íons H+ por potássio. Porque os antagonistas H2 o que eles faziam? Inibiam a ação da histamina, e ação da histamina estava diretamente relacionada a ação da gastrina, mas ela não cercava de todas as formas essa indução da secreção gástrica, por isso que ela tinha uma ação mais limitada. Os inibidores da bomba de prótons não, eles conseguem realmente inibir a secreção porque eles agem lá no final da etapa de secreção do ácido clorídrico. Os inibidores dessa bomba de prótons também são bases fracas, que MUZZY, Leonardo A. – P2 9 são administradas na forma de pró farmacos, sob forma farmacêutica gastroresistente. Mas eles tem que agir lá nas células parietais, como assim eles são gastroresistentes? Então, eles são gastroresistentes e eles são tanto veiculados na forma de pellets (microgranulos gastroresistentes → em cada grânulo existe um filme que é passado para ele ser gastroresistente) quando na forma de cápsula dura. Como funciona isso? Quando eu administro esse fármaco ele vai chegar na mucosa gástrica e vai ser gastroresistente e aí não vai ser reabsorvido, vai chegar lá no intestino (duodeno) e vai ser reabsorvido caindo na corrente sanguínea. Lá na corrente sanguínea vai conseguir ser distribuído para as células parietais e nessas células que eles realmente vão ser absorvidos para poder agir, ou seja, essa resistência gástrica é para ele não seja absorvido ali na mucosa, pra ele conseguir chegar intacto e conseguir produzir sua ação lá nas células parietais. Por isso que a gente tem que ter o maior cuidado na administração de omeprazol quando a gente não segue as formulações tradicionais (aquelas que foram produzidas pela indústria). Então macerar cápsula, abrir, amassar os grânulos, isso a gente vê demais em hospital, o paciente que está com sonda, aí você vê lá todo mundo macerando aqueles microgrânulos, diluindo com água e colocando lá na sonda, aí entope a sonda toda, da aquela confusão toda. Hoje, sabendo dessas questões, existe as formulações extemporâneas, o que é isso? Quando elas são manipuladas precisam ser imediatamente administradas, porque elas não tem nenhum controle de estabilidade e são fórmulas realmente imediatas para a utilização, de uma forma não tradicional, podem ser utilizadas para pacientes com dificuldade de deglutição, por exemplo, crianças, pacientes em uso de sonda nasoentérica). No caso de paciente que não tem dificuldade de deglutição, tá com sonda nasoentérica e está hospitalizado o ideal é que se utilize o omeprazol injetável ao invés de utilizar ele por sonda; essa é uma cultura ainda, vocês vão ver isso muito ainda, paciente quando está com sonda parece que todo mundo esquece que existem outras vias, tem que ser tudo por sonda. Você tem um comprimido e quer passar por sonda não vê outras possibilidades e nem tudo pode se passar por sonda ou na sonda ele é mais complicado. E aí como que é feita essa formulação? Eu posso abrir a cápsula do omeprazol, misturar em alguma substância cítrica como por exemplo o suco de laranja, iogurte para criança ou no paciente que está acamado e com sonda nasogástrica, a gente pode diluir também em uma solução de bicarbonato, sem macerar, esperar a diluição, diluiu, faz a aspiração e administra na sonda – essa seria uma possibilidade. Alguns representantes de inibidores da bomba de prótons disponíveis no Brasil: Esomeprazol, lansoprazol, pantoprazol, omeprazol→ “Um é mais potente que o outro?” Não existe ainda esse entendimento se existe um mais potente que o outro, tem estudos que comprovam, aí tem estudos que vem e falam que não te nada a ver, que é mais uma jogada de marketing da indústria farmacêutica para vender medicamentos. Então o que se sabe é que todos eles conseguem tratar os distúrbios ácido pépticos. Mecanismo de Ação dos IBP Fazem uma inibição irreversível da bomba de prótons, ou seja, quando eles se ligam nessa enzima, essa enzima nunca mais será ativa, eu vou precisar da síntese de novas enzimas. Por isso que ele tem uma ação super potente. E por que eles agem de uma forma mais efetiva do que os antagonistas H2? Porque eles vão agir sobrea etapa final na via da secreção ácida. Então, tive a secreção de histamina, gastrina, acetilcolina, todas elas ativaram a célula parietal que deveria ativar a bomba para que haja secreção de H+ e influxo de potássio. Se essa enzima não está ativada, por mais que eu tenha um estímulo hormonal, não vai funcionar, não vai haver realmente secreção de H+ na luz gástrica para formação de ácido clorídrico. Então, apesar de apresentarem meia-vida curta, a duração da inibição da secreção de ácido alcança 24 horas, em virtude da inativação irreversível da bomba de prótons. MUZZY, Leonardo A. – P2 10 Como uma única dose não é capaz de inibir todas as enzimas, pode-se dizer que os inibidores da bomba de prótons atingem um platô de efeito 3 a 4 dias após a primeira dose, que aí ele faz uma inibição mesmo, uma supressão dessa enzima, ela para de existir e aí a gente consegue um efeito bem importante. A mesma coisa acontece quando a gente para de administrar o medicamento, para que haja o retorno dessa secreção de ácido clorídrico demora de 3 a 4 dias para ter essa “população” dessas enzimas. Os IBP são medicamentos ideais, tem um tempo de meia vida-curto, mas uma duração de ação prolongada e o grande problema é a biodisponibilidade que é muito reduzida na presença de alimentos e por isso que é necessário realmente o jejum de 30 min a 1 hora antes que é também a hora que a bomba de prótons tá inibida. Então antes mesmo que ela seja ativada ela já fica inibida, porque só vai ser ativada com a presença de alimentos, quando a gastrina é secretada. Com isso, eu faço a inibição dela antes mesmo da gastrina ser secretada. Os IBP sofrem rápido metabolismo hepático e sistêmico de primeira passagem. O único cuidado que a gente tem que ter aqui é com pacientes hepatopatas. A depuração renal é insignificante, ou seja, pacientes doentes renais não necessitam de um ajuste de dose para os inibidores da bomba de prótons. Representantes no Brasil → Esomeprazol, lansoprazol, pantoprazol, omeprazol,de dexlansoprazol, rabeprazol. Existe também um fármaco que está em estudo para ser comercializado que atua na inibição da bomba de prótons de uma forma diferente, ele inibe o potássio. Se eu não tiver o potássio para entrar, eu não vou ter secreção de H+, então é uma outra forma de tratar. Mas é um medicamento que ainda está em estudo. Os usos clínicos desses medicamentos: Doença do refluxo gastroesofágico → Tratamento de primeira linha tendo uma eficácia de 85%, eles podem ser utilizados duas vezes ao dia no início do tratamento, ou até mesmo uma vez ao dia com o tratamento prolongado. Nas úlceras vai depender do tipo de úlcera, se for uma úlcera que está associada ao H. pylori tem de existir a terapia tríplice, eu preciso tratar primeiro aquilo que está provocando o aumento da acidez intragástrica, então tem que tratar o microorganismo e tratar também essa hiperacidez. Então por isso que se utiliza Claritromicina 500mg 2 vezes ao dia + o inibidor da bomba de prótons 2 vezes ao dia e + Amoxicilina ou Metronidazol 2 vezes ao dia. E aí faz isso por 14 dias e depois faz um tratamento de manutenção de 6 meses com inibidor da bomba de prótons 1 vez ao dia, só para equilibrar essa hiperacidez. E quando essa úlcera for associada a uso de AINES, primeira coisa e suspender o AINES. Quando isso não for possível, aí se faz o aumento da dose do inibidor da bomba de prótons para tentar equilibrar. Qual é mais potente? Quando eles surgiram, primeiro surgiu o omeprazol e depois surgiram os demais, falavam-se muito dessa questão da potência “ah, um é mais potente que o outro e tal”, e aí surgiram vários estudos falando disso, mas depois vieram outros estudos que jogaram por terra todos esses anteriores, dizendo que isso era mais uma jogada de marketing da indústria farmacêutica e tal, que todos eles conseguem ter uma eficácia equilibrada e nem semelhante entre eles. Se você pegar para ler os artigos eles são muito contraditórios. Com certeza eu acredito nesse marketing da indústria. Para vocês MUZZY, Leonardo A. – P2 11 terem noção, os inibidores da bomba de prótons são os medicamentos de venda livre mais consumidos do mundo - daqueles que não precisam de receita, os inibidores da bomba de prótons são os mais consumidos. Em relação a questões nutricionais, o uso crônico de inibidores da bomba de prótons faz com que haja redução da absorção de vitamina B12 e de ferro, pois são substâncias que necessitam de um meio ácido para serem absorvidas, ou seja, se eu diminuo a acidez gástrica de uma forma muito potente comparada aos outros medicamentos eu diminuo a absorção; a longo prazo isso pode me levar a anemia megaloblástica e anemia ferropriva. Então o paciente precisa ser monitorado quanto a isso. Outra coisa que os inibidores da bomba de prótons fazem também a partir do uso crônico é a redução do cálcio e inibição da função dos osteoclastos e aí está associado a um risco de fraturas em pacientes já com fatores de risco e esses pacientes que fazem uso crônico desses medicamentos e possuem esses fatores de risco precisam ter essa densidade óssea monitorada. Assim como os antagonistas H2, os inibidores da bomba de prótons eles não são teratogênicos, mas não se estudou ainda a segurança efetiva na gravidez: Então por isso se deve utilizar com extrema necessidade e com indicação do obstetra. O uso prolongado desses medicamentos pode levar ao desenvolvimento de infecções respiratórias e entéricas, por conta de que se eu diminuo a acidez eu posso propiciar o desenvolvimento ascendente de algumas infecções bactérias, como por exemplo, Clostridium difficile, Salmonela, Shigella, E. coli que são microorganismos que ficam mais susceptíveis, pois gostam de ambientes alcalinos. O paciente pode apresentar distúrbios gástricos em consequência da utilização desses medicamentos. O que acontece é que eu inibo a bomba de prótons, e essa bomba faz com que o ambiente gástrico tenha um pH aumentando, toda vez que eu tenho um pH aumentado eu aumento a secreção de gastrina. Então essa hipocloridria crônica faz com que eu tenha uma secreção crônica de gastrina. Essa gastrina fica lá ativando seu receptor, ativando seu receptor e nada a conhece, como o feedback dela é o pH e esse pH não abaixa ela vai só aumentando e isso pode estimular a hiperplasia das células enterocromafins e das células parietais e isso aqui ser um fator de risco para o desenvolvimento de carcinoma, que ainda está a ser questionado. Essa hipocloridria crônica ela também pode favorecer uma disbiose e uma metaplasia intestinal também. Para tudo existe risco-benefício, o benefício precisa ser maior. Então por isso que se fala muito desse uso crônico hoje, a gente vê aí receitas na UBS sendo só transcritas. Pacientes usando inibidores da bomba de prótons não sabe nem mais porque, há 5-6-10 anos. Vão realmente interferir os fármacos que necessitam do meio ácido para absorção. Eles podem inibir também algumas enzimas do Citocromo P450, inibir o metabolismo de algumas substâncias, mas a principal interação medicamentosa é com o Clopidogrel, porque esses inibidores da bomba de prótons eles reduzem a ativação por inibir enzimas do CP450, eles inibem a enzima que fazia a ativação do pró fármaco em fármaco, ou seja, eu estou utilizando o fármaco, mas se ele não é metabolizado para ser ativo ele não faz efeito, e aí eu posso ter incidência aumentada de eventos cardiovasculares graves, já que o Clopidogrel não está produzindo seu efeito. Então é uma associação que deve ser evitada ao máximo do máximo. MUZZY, Leonardo A. – P2 12 1. Por que a utilização de Sonrisal, bicarbonato e estomazil promovia uma melhora dos sintomas de forma imediata,porém temporária no paciente do nosso caso clínico? Porque ele fazia uma reação de neutralização enquanto existia o conteúdo gástrico. No momento que aquele conteúdo gástrico foi esvaziado, a gente não tem mais a ação deles; por isso a ação é imediata, porém temporária, por causa das reações de neutralização. 2. Sobre o uso da Cimestidina: a) Justifique a melhora dos sintomas através do mecanismo de ação: Ele começou utilizando Cimetidina e teve melhora dos sintomas, antes mesmo de ir ao médico. O que justifica? A inibição dos receptores H2. b) Comente sobre a posologia (400mg ao deitar-se): Ao deitar porque os antagonistas de H2 vão atuar principalmente inibindo a secreção gástrica basal induzida pela histamina constitutiva, pela ação constitutiva do receptor; por isso que ao deitar seria o ideal, quando é uma posologia única no dia. c) Explique os efeitos adversos: Ele apresentou endurecimento das mamas, mamas mais protuberantes por conta da iniciação dos receptores de testosterona. 3. Sobre o Omeprazol: a) Explique sua utilização a partir do mecanismo de ação: São os inibidores da bomba de prótons. b) Sobre a posologia em jejum: Por conta da biodisponibilidade, que é diminuída. c) Qual a relação com os distúrbios gástricos com a utilização crônica de IBP? A hipocloridria crônica associada a uma secreção crônica de gastrina. Fármacos protetores da Mucosa Fármacos que promovem a defesa da mucosa (diminuir os agressores ou aumentar os protetores). Sabe-se também que existe substâncias que são secretados simultaneamente para tentar proteger essa mucosa (secreção de bicarbonato, produção de muco). Tem a prostaglandina que faz essa proteção. Existem 2 formas de promover a defesa: ✓ Aumentando a secreção de bicarbonato e muco; ✓ Criando uma barreira física, com a formação de um filme na mucosa, impedindo as erosões de mucosa. Temos 02 tipos: ❖ SUCRALFATO: São polímeros. ❖ ANÁLOGOS DAS PROSTAGLANDINAS: Representante → MISOPROSTOL. MUZZY, Leonardo A. – P2 13 Sucralfato: É um sal que em água se transforma em um gel, promovendo mais uma barreira física do que química. Não interfere tanto nas propriedades químicas, pensando em pH por exemplo, mas quando esse sal (hidróxido de alumínio sulfatado) é diluído em água, forma um gel (barreira física), protegendo as erosões de mais estímulos para lesões, ou seja, não é uma medicação feita para prevenir uma úlcera. Ela é indicada para quando já tem a úlcera instalada, objetivando assim, proteger aquela área da mucosa para que ela cicatrize de uma forma mais rápida. É uma medicação utilizada em associação a algum fármaco que faz a redução da acidez gástrica. O mecanismo de ação é incerto, mas acredita-se que, além da proteção física, ele vai aumentar a secreção de prostaglandina, principalmente a PGI2, aumentando a secreção de muco e bicarbonato, fazendo assim a neutralização com o ácido, mas esse mecanismo ainda não é bem conhecido. Administração a cada 6 horas, sempre 1 hora antes das refeições. Por que 01 hora antes do alimento? Porque a gastrina é liberada quando o pH está mais alto com a presença do alimento. Antes mesmo que haja estímulo agressor que é a liberação do próprio ácido, a mucosa já vai estar protegida com esse filme. Por isso é administrado sempre 1 hora antes das refeições. Lembrando que é um medicamento utilizado no tratamento de lesões, como adjuvante a um fármaco que faz diminuição da secreção gástrica ácida. Fármacos que foram desenvolvidos para fazer proteção da mucosa são os análogos da prostaglandina, uma vez que a prostaglandina tem um efeito constitutivo muito importante na mucosa gastrointestinal. O Misoprostol (análogo sintético da prostaglandina) foi desenvolvido para prevenção e tratamento de úlceras gástricas, já que ele funciona como uma prostaglandina aumentando a secreção de bicarbonato e de muco, que são os mecanismos protetores da mucosa. Ele foi descoberto na década de 80 e era comercializado no Brasil com venda livre. Porém, depois de um tempo se conheceu os seus efeitos adversos, visto que além dele atuar na mucosa gástrica, também pode atuar em musculatura lisa e gerar contração, sendo considerado um medicamento abortivo (CONTRAINDICADO NA GESTAÇÃO). A partir disso, a venda desse medicamento deixou de ser de venda livre e passou a ser de venda controlada. Hoje, o uso desse medicamento é EXCLUSIVO de uso hospitalar no Brasil, visto que a sua utilização foi crescendo cada vez mais em utilizá-la como uma droga abortiva. Esse medicamento ainda existe por conta do seu destaque como alternativa do preparo do parto, porque ele estimula a contração uterina e o alargamento do colo. Quando que a mulher faz uso de Misoprostol? Quando a continuidade da gravidez realmente apresenta risco iminente (tanto para mãe MUZZY, Leonardo A. – P2 14 quanto para o feto). O misoprostol que a gente tem para uso hospitalar é uma CÁPSULA GELATINOSA INTRAVAGINAL, a qual faz uma ação mais local que sistêmica. Hoje a gente vê partos que são induzidos não por conta da gravidade da mulher, mas para induzir um parto “natural” (se é que pode ser chamado assim → parto vaginal melhor dizendo). O seu uso que antes era para tratar úlceras/ distúrbios pépticos, hoje não conseguimos comprar mais de forma legal. São limitados ao uso hospitalar. Obs: O uso dele para induzir o parto ESTÁ DESCRITO EM BULA, não se pode dizer que é um uso off label, visto que a indicação dele hoje não é mais para úlcera e sim para indução do parto, tanto que a venda dele ficou mais restrita. Hoje ele tem o uso que antes era off label. A sua ÚNICA utilização hoje é para indução do parto. Fármacos que modulam a motilidade gastrointestinal Fármacos que modulam a motilidade gastrointestinal. Relembrando que quando falamos de fármacos que modulam essa atividade, são fármacos que atuam diretamente sobre o sistema nervoso entérico que é como se fosse o cérebro deslocado no intestino para regular as funções de digestão e absorção. O sistema nervoso entérico é subdividido em dois plexos: Plexo mientérico e o plexo submucoso. Os principais neurotransmissores que são produzidos no sistema nervoso entérico são: ✓ Serotonina: 90% da nossa serotonina é produzida pelas células enterocromafins do TGI. Tanto no plexo mientérico, quanto no submucoso temos receptores serotoninérgicos (5HT3 e 5HT4). ✓ Acetilcolina: Faz contração do músculo liso atuando sobre M3; lembrando que no plexo submucoso a gente ainda tem o receptor M1. ✓ Dopamina: Faz relaxamento musculatura lisa a partir da sua ligação a D2. Fármacos que atuam sobre a motilidade. Tem-se duas frentes: ❖ Os que estimulam → São os procinéticos e os laxativos. ❖ Os que inibem a motilidade → Antieméticos e antidiarreicos. Dentro dos Procinéticos temos duas principais classes: Os inibidores da acetilcolinesterase e os inibidores dopaminérgicos. INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE MUZZY, Leonardo A. – P2 15 (AchE): Uma vez que se aumenta a acetilcolina ao inibir a acetilcolinesterase, eu aumento a chance da Ach se ligar aos receptores muscarínicos e, consequentemente, aumento a contração da musculatura lisa ao permitir a ligação aos receptores M3. O fármaco utilizado como procinéticos dessa classe dos inibidores da AchE é a Neostigmina. A Neostigmina tem uso muito específico e hospitalar em situações de obstrução aguda do abdômen, por exemplo na pseudo-obstrução colônica aguda ou síndrome de Ogilvie. É utilizado na tentativa do esvaziamento do cólon que está comprometido. É possível ver nessa imagem as massas formadas e todas realmente obstruídas. A Neostigmina vai ser utilizada quando essa obstrução ocorre por conta de um mau funcionamentoda musculatura e, não porque tem algo mecânico obstruindo, quando há uma obstrução mecânica do intestino, o peristaltismo existe, ele fica fazendo uma força realmente na tentativa de desobstruir o cólon. No caso dessa doença da imagem ou em outras situações em que a Neostigmina pode ser utilizada, é importante lembrar que o fato dessa massa fecal está toda acumulada significa que não está tendo peristalse, por isso que se usa uma droga para aumentar atividade colinérgica. Efeitos adversos: São os próprios efeitos colinérgicos como salivação excessiva, náuseas, vômito, diarreia (aumento da motilidade) e bradicardia (o aumento da acetilcolina pode fazer com que ela se ligue a outros receptores que não era para ela se ligar, mesmo nos seus receptores inibitórios). ANTAGONISTAS DE RECEPTORES D2: Antagonizam a dopamina em receptores D2: ✓ METOCLOPRAMIDA; ✓ BROMOPRIDA; ✓ DOMPERIDONA. Mecanismo de ação: Uma vez que a ação dopaminérgica é inibida, tem-se a ativação da ação da acetilcolina e é por conta disso que existe os sintomas extrapiramidais, uma vez que existe uma ação inversa: Ao inibir a dopamina, aumento a atividade da acetilcolina, ativa a musculatura lisa e, consequentemente, aumenta peristalse e aumenta os movimentos peristálticos. Eles não exercem efeitos sobre a motilidade do intestino delgado ou do cólon e fazem realmente o aumento da amplitude peristáltica do esôfago, do esfíncter esofagiano inferior o que acelera o esvaziamento gástrico. Logo, eles têm uma ação mais gástrica do que intestinal. Por isso que eles são muito utilizados em situações de sensação de estase gástrica, quando tem má digestão, diferentemente da situação anterior da Neostigmina. Eles bloqueiam os receptores D2 na zona de gatilho lá na área postrema, no bulbo e, por isso eles produzem uma ação antináusea e antiemética. Dos três fármacos dessa classe de antagonistas dos receptores D2 (metoclopramida, bromoprida e domperidona), a Metoclopramida (Plasil) é o mais lipossolúvel, uma vez que ele consegue atravessar a barreira hematoencefálica de uma forma importante, atuando na via nigroestriatal, que é uma via mais alta e, por isso ele produz os sintomas extrapiramidais mais eficiente que os demais, ou seja, a síndrome extrapiramidal está muito associada MUZZY, Leonardo A. – P2 16 ao Plasil. Não são todas as pessoas que desenvolvem essa síndrome, mas é frequente. A Bromoprida tem uma dificuldade maior de acessar essas vias mais altas do sistema nervoso, por isso a tendência de produzir uma síndrome extrapiramidal é um pouco menor. Já a Domperidona tem uma tendência de produzir síndrome extrapiramidal menor ainda. Então, ao pensar em síndrome extrapiramidal associada ao uso de procinéticos, a gente pensa mais na metoclopramida do que nos outros dois (bromoprida e domperidona). A principal utilização clínica é para o esvaziamento gástrico tardio, seja por um distúrbio alimentar, alguma intolerância alimentar ou algum distúrbio relacionado a processos pós cirúrgicos (por conta do uso de bloqueadores neuromusculares) e no caso das gastroparesias como uma gastroparesia diabética. Podem ser utilizados na doença do refluxo esofágico, uma vez que eles aumentam a taxa de esvaziamento gástrico, mas eles NÃO atuam por exemplo sobre lesões erosivas, então por isso eles podem ser associados, mas não como um único tratamento. Podem ser utilizados na prevenção de vômitos, visto que eles atuam na área postrema (ação antiemética) e, em dispepsia não ulcerosa por aumentar a velocidade do esvaziamento gástrico melhorando a dispepsia que não esteja relacionada a uma lesão erosiva. Além disso, podem ser utilizados para a estimulação da lactação pós-parto → principalmente a domperidona (Motilium) quando o "leite não desce". A domperidona é o fármaco de escolha, porque dos três ele é o que tem menor tendência a produzir efeitos centrais, uma vez que ela faz o antagonismo de dopamina na via túbero Infundibular ela inibe o receptor inibitório, fazendo uma ação excitatória, aumentando a secreção de prolactina. Efeitos adversos → Todos estão relacionados aos efeitos centrais e quanto mais lipofílico for, maior a chance de ele produzir efeitos adversos mais extensos. Lembrando que todos eles produzem, pois atuam a nível de sistema nervoso, mas quanto mais lipofílico e quanto mais áreas forem atingidas mais efeito adversos. O principal dos efeitos adversos é a síndrome extrapiramidal, quando ele faz antagonismo da dopamina na via nigroestriatal, já que ao inibir dopamina, eu aumento a liberação de acetilcolina no estriado e promove os efeitos extrapiramidais que é reconhecido como parkinsonismo e discinesia tardia. Associado a esses efeitos extrapiramidais, aos efeitos dessa síndrome extrapiramidal, têm-se ações adrenérgicas, visto que a dopamina pode ser utilizada como precursora da noradrenalina, já que de fato ela é precursora de noradrenalina, gerando agitação e inquietação que são os efeitos mais comuns por exemplo do “Plasil”. Então, os efeitos adversos desses procinéticos antagonistas a D2 estão muito relacionados aos efeitos centrais, a capacidade desses fármacos atingirem outras regiões do cérebro. A síndrome extrapiramidal acontece quando tem o antagonismo D2 na via nigroestriatal, que é a via responsável pelo controle dos movimentos, onde tem aquela relação de dopamina e acetilcolina. Como inibe dopamina, estimula a secreção de Ach nigroestriada, aumentando os efeitos extrapiramidais, que é o parkinsonismo (movimentos desordenados) discinesia tardias (são aqueles movimentos mais lentos). Quando o paciente apresenta essa síndrome extrapiramidal muitas vezes ele apresenta alguns sintomas de excitação do sistema nervoso, que é representado pela inquietação, agitação, confusão MUZZY, Leonardo A. – P2 17 metal, os quais se dão por uma ação adrenérgica aumentada, pois se sabe que a dopamina é um precursor de noradrenalina, se a possibilidade de ligação dessa dopamina nos seus receptores é diminuída, a dopamina pode aumentar a quantidade de noradrenalina e essa, por sua vez, se liga a receptores adrenérgicos. Esses sintomas ocorrem após a utilização desses fármacos principalmente quando ele é administrado por via intravenosa em que o efeito terapêutico é mais rápido e os efeitos adversos também ficam mais evidentes. Não são todas pessoas adquirem essa síndrome, existem pessoas que ficam mais sensíveis à essas ações e apresentam, uma vez que se tem essa síndrome, não se deve mais utilizar esses medicamentos, se não vai ter novamente. Então, pensando até na segurança do paciente essas questões são sempre levantadas na admissão do paciente, como são medicamentos utilizados de forma rotineira principalmente pacientes que saem da cirurgia e por conta de várias utilizações, sempre se pergunta alergia de algum medicamento ou sobre reações ao utilizar esses tipos de medicamento. Logo, uma vez que tem essas síndromes deve-se evitar a utilização desses medicamentos. Outros efeitos adversos e que muitas vezes são utilizados como efeitos terapêuticos é a hiperprolactinemia. Ao fazer o antagonismo de receptores inibitórios, há uma ação excitatória (inibindo D2 na via tuberoinfundibular → inibe a inibição → liberação da prolactina), utilizando em mulheres pós-parto isso vai ser um efeito terapêutico, visto que auxilia na liberação do leite, mas se não for nessas condições isso pode gerar um efeito adverso que é a galactorreia, ginecomastia, os quais podem surgir com a utilização desses medicamentos. A sonolência é causada quando a dopamina não é direcionada aos receptores adrenérgicos causando um efeito inibitório paradoxal, mas o mais comum é que a dopamina cause efeitos excitatórios comoagitação. Existem diversas classes: Osmóticos, estimulantes, formadores de massa, surfactantes, ativadores de canais de cloreto, antagonistas opioides e agonistas serotoninérgicos. LAXATIVO OSMÓTICO: Ele carrega água → aumenta a liquefação das fezes → facilita o peristaltismo. Eles são compostos solúveis, porém não absorvíveis que realmente fazem o aumento da água fecal, o que facilita a evacuação. 02 tipos: ✓ AÇÚCARES OU SAIS NÃO ABSORVÍVEIS: São compostos que aumentam a quantidade de água das fezes e auxiliam no tratamento da constipação aguda. Representantes: LACTULOSE, HIDRÓXIDO DE MAGNÉSIO (era chamado de leite de magnésio), SORBITOL. Em doses terapêuticas são utilizados no tratamento de constipação aguda (além desses medicamentos tem o óleo mineral, o qual tem ação osmótica, mas também tem ações estimulantes). Se eu aumentar a dose desses açúcares ou sais não absortivos eles viram purgativos estando diretamente relacionado a cólicas intestinais e aumento de flatulência; então isso vira um efeito adverso. MUZZY, Leonardo A. – P2 18 ✓ Polietilenoglicol balanceado (PEG) É uma solução isotônica de vários polímeros (junta sorbitol, citrato de sódio e quando diluídos em água forma uma solução que absorve mais água e, consequentemente, aumenta a liquefação das fezes). Geralmente são utilizados para o preparo de exames endoscópicos, como colonoscopia para realmente diminuir a presença de bolo fecal, da massa fecal, facilitando o exame. Diferentemente dos açúcares ou sais não absorvíveis que tem efeito purgativo, o PEG 4000 não apresenta esse efeito adverso. Os LAXATIVOS ESTIMULANTES estimulam a partir da motilidade do tecido, ou seja, eles estimulam a evacuação por uma estimulação direta do sistema nervoso entérico e induzem a secreção de eletrólitos e líquidos no cólon. O uso prolongado desses estimulantes está relacionado a uma atonia e dilatação do cólon. Podem também estar associado a carcinogênese (estudo ainda não comprovado). 02 tipos: ✓ NATURAIS: são os derivados da antraquinona. Representantes: SENE e CASCARA-SAGRADA ALOE VERA, os quais estimulam por uma ação aumentada do sistema nervoso entérico. ✓ SINTÉTICOS: Derivados do difenilmetano. Representante: BISACODIL (Lacto-purga). São utilizados para fazer a limpeza do cólon antes da colonoscopia, como um preparo do exame gastrointestinal e podem ser utilizados em constipação aguda. FORMADORES DE MASSA: São fibras, são coloides que formam um gel emoliente que fazem o aumento da massa, eles aumentam a massa. Se aumentar a massa, promove a peristalse. Fibras vegetais (psílio, metilcelulose) e as fibras sintéticas (policarbofila). São fibras que fazem com que essa massa fecal aumente, aumentando a peristalse. O grande problema disso é a não ingestão de água pelo paciente, como forma uma massa, ela tende a ficar aderida. Por isso tem que estimular, deixá-la mais emoliente. SURFACTANTES (emolientes): São eles que fazem com que o material fecal fique mais pastoso, porque promove a penetração de água e lipídios no bolo fecal. Como eles ajudam a penetração de lipídios, o uso prolongado desses medicamentos pode diminuir a absorção de vitaminas lipossolúveis, pois vão tudo embora junto com bolo fecal. Representantes: DOCUSATO, GLICERINA, ÓLEO MINERAL. O óleo mineral é uma ótima alternativa terapêutica, principalmente para bebês que apresentam dificuldade no movimento peristáltico por uma imaturidade do trato gastrointestinal (é ruim de tomar, mas seu efeito é muito bom). ATIVADORES DE CANAIS DE CLORETO: São fármacos mais específicos. Representante: LUBIPROSTONE (Amitiza). O amitiza foi autorizado para ser comercializado no Brasil tem pouco tempo, MUZZY, Leonardo A. – P2 19 foi em 2019. Utilização na síndrome do intestino irritável (que é uma síndrome autoimune) e também na constipação predominante (na utilização de opioides, em pacientes com câncer terminal, pois pacientes em utilização de opióides de forma contínua tem como um dos principais efeitos adversos dos opioides, além da depressão respiratória, é a diminuição do trânsito intestinal). Eles são derivados do ácido propanoico que estimula a liberação de cloro no intestino delgado. O aumento desse líquido rico em cloreto, faz com que haja o aumento da motilidade intestinal. Sabe-se que a serotonina é o principal neurotransmissor produzidos no intestino, o qual apresenta uma função excitatória da musculatura lisa. Os AGONISTAS 5HT4 são fármacos utilizados em tratamentos específicos de determinadas doenças, como constipação crônica pela utilização de opioides e também a síndrome do intestino irritável, quando o principal efeito da síndrome é a constipação, essa síndrome pode estar relacionada tanto aos efeitos diarreicos quanto constipadores, logo vai depender da clínica do paciente. Se for uma síndrome do intestino irritável predominantemente constipativa, utiliza-se medicação mais laxativa, caso contrário, utiliza-se um antidiarreico. Como no plexo mioentérico tem receptores 5HT3 E 5HT4, ao estimulá-los aumenta o reflexo peristáltico. Fármacos que diminuem a motilidade: Antidiarreicos e antieméticos. ✓ AGONISTAS OPIOIDES: Um dos principais efeitos adversos dos opioides é diminuir o peristaltismo, logo utiliza-se um agonista que exerça essa ação terapêutica. Esse agonista apresenta uma ação periférica, atuando em receptores opioides presentes no plexo submucoso e mioentérico. Ele não tem ação central → Não causam sonolência, depressão respiratória, analgesia. Representante: LOPERAMIDA (Imosec). O grande problema dos antidiarreicos é entender, conhecer e afastar qualquer outra causa de diarreia infecciosa. Se o indivíduo tiver diarreia e fazer o uso de um antidiarreico ele impede que o agente infeccioso seja eliminado (Ex: rotavírus, bactéria). Logo: Loperamida (Imosec) tem que ser utilizado quando realmente descarta a causa infecciosa ✓ RESINAS: COLESTIRAMINA → Faz o sequestramento de sais biliares, uma vez que a diarreia tem que ser relacionada a má absorção de sais biliares para realmente tratar a causa da diarreia, como por exemplo a doença de Crohn. MUZZY, Leonardo A. – P2 20 ✓ ANÁLOGOS A SOMATOSTATINA: Sabe-se que a somatostatina é um regulador endócrino, uma vez que regula diversas funções: Secreção gástrica, motilidade da musculatura lisa, da vesícula biliar, reduz o fluxo sanguíneo tanto portal quanto esplênico. Então, pode-se utilizar os análogos desse hormônio quando esse hormônio for o agente causador da diarreia, ou seja, são causas bem específicas e seu uso é hospitalar e não de venda livre. Indicações: Inibição do efeito de tumores endócrinos, onde se tem o aumento de secreção de gastrina, de substâncias que possam aumentar essa motilidade; na diarreia da AIDS que também está associada a uma desregulação da somatostatina e na síndrome do esvaziamento rápido. Logo, de venda livre para qualquer tipo de diarreia que não seja infecciosa é o Imosec. ANTIEMÉTICOS: Previnem ou inibem o reflexo do vômito. Existem três fontes do sistema nervoso central que coordenam o ato do vômito: ❖ Área postrema ou zona de gatilho quimiorreceptora → Rica em receptores dopaminérgicos, opioides, receptores de serotonina e de neurocinina (NK I). ❖ Sistema vestibular → Rico em receptores muscarínicos e histamínicos; o sistema vestibular induz o vômito relacionado ao movimento, por isso ele é importante na cinetose. ❖ Nervos aferentes vagais e espinhais do trato gastrintestinal → São ricos em receptores, principalmente serotoninérgicos; é quando acontece uma irritação local por um agente físico (quimioterapia, radioterapia, gastroenterite), uma vez que vai estimular o reflexodo vômito por aumento da atividade da serotonina. Representantes: Antagonistas serotoninérgicos, antagonistas de dopamina, anti-histamínicos, anticolinérgicos. ANTAGONISTAS DE 5 HT3: São antieméticos mais potentes que existem no mercado, visto que atuam em receptores 5HT3 no centro do vômito, mas também atuam a nível periférico no plexo mioentérico. Representante: ONDANSETRONA (Vonau). Utilizados em tratamento de vômito relacionado a estimulação vagal, quando existe aquele estímulo irritante (uso de medicamento, radioterapia, inflamação do TGI, uma gastroenterite, pós-cirúrgico, quimioterapia → uso como adjuvante quimioterápico prevenindo ou tratando o vômito: Utilizados 1 hora antes da quimioterapia e durante também pode ser utilizado). Não exerce efeitos sobre a motilidade esofágica, mas eles podem retardar o trânsito intestinal. Isso é muito importante, pois o uso crônico da Ondansetrona leva a constipação. É o principal efeito adverso da ondansetrona. MUZZY, Leonardo A. – P2 21 Classe pouco conhecida: APREPITANTO (não disponível no Brasil, mas já é aprovado) → Fazem antagonismo dos receptores de neurocinina na área postrema responsável por conduzir esse reflexo. Podem ser associados em paciente que são refratários a ondansetrona, por exemplo, pacientes que fazem quimioterapia, que utilizam esquemas quimioterápicos muito emetogênicos. Logo, essa medicação pode ser associada a ondansetrona e até mesmo a dexametasona (corticoides podem ter efeitos antieméticos também, não se sabe ao certo como isso acontece, são apenas observações clínicas). Quando se faz esse tríplice associação reduz ainda mais o vômito. ANTAGONISTAS D2: Representantes → Tanto METOCLOPRAMIDA quanto a BROMOPRIDA apresentam efeitos semelhantes por atuarem na área postrema, mas a Bromoprida é considerada um fármaco mais seguro, por conta de causar menos efeitos extrapiramidais. Sabe-se que na área quimiorreceptora tem produção de histamina e tem receptores histaminérgicos. A inibição da ação da histamina ali, inibe a êmese. Os que são utilizados são aqueles que conseguem atravessar a barreira hematoencefálica, são os de primeira geração: Prometazina, dimenidrinato (Dramin) e a meclizina (mais seletiva, não tem tanta ação colinérgica, serotoninérgica, ela tem uma ação mais histaminérgica, mas mesmo assim produz efeitos adversos). O Meclin (meclizina) é uma das drogas mais utilizadas em enjoos na gestação. ANTICOLINÉRGICOS: Representante → ESCOPOLAMINA, que é o princípio ativo do Buscopan, e faz o antagonismo de M3 no músculo liso e de M1 no sistema vestibular. Por isso que são fármacos utilizados no tratamento do enjoo relacionado ao vômito, cinetose (tanto Buscopan, quanto os anti-histamínicos, porque eles atuam sobre o sistema vestibular). Grande problema: Efeitos adversos que já conhecemos (xerostomia, taquicardia).
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