Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O tecido muscular é um tecido composto, que consiste em células musculares e tecidos conjuntivos circundantes. Em todas as suas formas, o tecido muscular corresponde à quase metade da massa corporal. O tecido muscular possui quatro propriedades funcionais que o distinguem dos demais tecidos: 1. Contratilidade. O tecido muscular contrai vigorosamente. As células musculares contêm miofilamentos, que são tipos específicos de microfilamentos responsáveis pelo encurtamento das células musculares. Existem dois tipos de miofilamentos: um contendo a proteína actina e o outro contendo a proteína miosina. Essas duas proteínas geram força contrátil em cada célula do corpo. Essa propriedade contrátil é mais desenvolvida nas células musculares. 2. Excitabilidade. Os sinais nervosos ou outros estímulos excitam as células musculares, fazendo que impulsos elétricos percorram a membrana plasmática das células. Esses impulsos iniciam a contração nas células musculares. 3. Extensibilidade. O tecido muscular pode ser esticado. A contração de um músculo esquelético vai esticar um músculo oposto. A parede muscular de um órgão oco é esticada pelas substâncias contidas dentro desse órgão — o bolo alimentar no trato digestório ou a urina na bexiga urinária, por exemplo. 4. Elasticidade. Depois de esticar, o tecido muscular recua passivamente e retorna ao tamanho de quando estava em repouso. A função mais óbvia do tecido muscular é produzir movimento. O tecido muscular também atua na abertura e fechamento de passagens no corpo, na manutenção da postura, na estabilização das articulações e na geração de calor. Produzir movimento. O músculo esquelético conecta-se ao esqueleto e movimenta o corpo ao mover os ossos. O músculo, quando existe nas paredes dos órgãos ocos, produz movimento ao comprimir os fluidos e outras substâncias através desses órgãos. Abrir e fechar passagens do corpo. Os músculos esfincterianos circundam muitas aberturas no corpo e funcionam como válvulas: relaxando para deixar passar uma substância, contraindo para fechar a passagem. Essa função é especialmente visível nos tratos digestório e urinário. O tecido muscular em volta da boca e dos olhos abre e fecha esses orifícios corporais. As fibras musculares na íris do olho contraem e relaxam para mudar o diâmetro da pupila. Manter a postura e estabilizar as articulações. Quando estamos acordados, os músculos esqueléticos contraem-se continuamente para manter a postura, habilitando o corpo a permanecer em pé ou sentado. O tônus muscular, que é a contração muscular constante e em baixo nível, ajuda a estabilizar e fortalecer muitas articulações sinoviais. Gerar calor. A contração muscular produz calor. Isso exerce um papel vital na manutenção da temperatura corporal normal em 37ºC. Essa função é clara quando nos exercitamos: o excesso de calor gerado durante o exercício estimula a sudorese para nos resfriar. Existem três tipos de tecido muscular: estriado esquelético, estriado cardíaco e liso. Cada tipo pode ser descrito por duas características diferentes: (1) a presença ou ausência de estrias claras e escuras nas células musculares e (2) se o controle da contração é voluntário ou involuntário. Tecido muscular estriado esquelético O tecido muscular esquelético está situado nos músculos esqueléticos, que são órgãos individuais que se conectam ao esqueleto e o movimentam. Esse tecido corresponde a 40% do peso corporal. As células musculares do tecido muscular esquelético representam o músculo estriado, que possui estrias escuras e claras que cortam transversalmente essas células. Essas estrias são nítidas quando o tecido muscular é visualizado histologicamente. As alongadas T E C I D O Muscular esquelético Propriedades do tecido muscular Funções do tecido muscular Tipos de tecido muscular e cilíndricas células musculares esqueléticas constituem as fibras musculares. O músculo esquelético é inervado pela divisão voluntária do sistema nervoso e está sujeito ao controle consciente; você consegue controlar esse tecido muscular de acordo com a sua vontade. Tecido muscular estriado cardíaco O tecido muscular cardíaco ocorre apenas nas paredes do coração. As células musculares do músculo cardíaco também são músculo estriado, mas sua contração é involuntária. Na verdade, o músculo cardíaco consegue contrair sem nenhum estímulo nervoso. A divisão involuntária do sistema nervoso regula a contração do tecido muscular cardíaco; não temos nenhum controle direto e consciente sobre a velocidade das batidas do nosso coração. Tecido muscular liso A maior parte do tecido muscular liso no corpo encontra-se nas paredes dos órgãos internos ocos (exceto o coração), como o estômago, a bexiga urinária, os vasos sanguíneos e as vias respiratórias, por exemplo. As células musculares do músculo liso não possuem estrias. Assim como as do músculo esquelético, essas células são alongadas e conhecidas como fibras musculares. Do mesmo modo que no músculo cardíaco, a divisão involuntária do sistema nervoso inerva o músculo liso. O tecido muscular cardíaco e o tecido muscular liso são chamados coletivamente de músculo visceral, um termo que reflete o fato de ambos ocorrerem nos órgãos e serem inervados pela divisão involuntária do sistema nervoso. Estrutura e níveis organizacionais do músculo estriado esquelético Cada músculo é um órgão composto de vários tipos de tecidos: além do tecido muscular esquelético, um músculo também contém tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e nervos. Tecido conjuntivo e fascículos Várias bainhas de tecido conjuntivo mantêm as fibras de um músculo esquelético unidas. Essas bainhas, do exterior para o interior, são: 1. Epimísio. Uma camada externa de tecido conjuntivo denso não modelado circunda todo o músculo esquelético. Essa camada é o epimísio, um nome que significa “em cima do músculo”. Algumas vezes, o epimísio mistura-se com a fáscia profunda situada entre os músculos vizinhos. 2. Perimísio. Dentro de cada músculo esquelético, as fibras musculares são separadas em grupos. Cada grupo, que se assemelha a um feixe de varas amarradas, chama-se fascículo (“feixe”). Em volta de cada fascículo há uma camada de tecido conjuntivo fibroso, chamada perimísio. 3. Endomísio. Dentro de um fascículo, cada fibra muscular é circundada por uma bainha fina de tecido conjuntivo frouxo consistindo principalmente em fibras reticulares. Essa camada é o endomísio (“dentro do músculo”). Esses tecidos conjuntivos fibrosos unem as fibras musculares e as mantêm em alinhamento paralelo para que possam trabalhar juntas e produzir força. Essas bainhas são contínuas entre si: o endomísio funde-se com o perimísio, que por sua vez é contínuo ao epimísio. Todas as três bainhas convergem e formam o tendão, a estrutura de tecido conjuntivo que une os músculos esqueléticos aos ossos. Quando as fibras musculares se contraem, elas empurram o endomísio circundante. Por causa da continuidade entre as bainhas, esse empurrão é exercido também no perimísio, no epimísio e no tendão, uma sequência que transmite a força de contração para o osso que está sendo movimentado. As bainhas também conferem a um músculo grande parte de sua elasticidade natural e carregam os vasos sanguíneos e nervos que suprem as fibras musculares. Músculo esquelético Nervos e vasos sanguíneos Em geral, cada músculo esquelético é suprido por um nervo, uma artéria e uma ou mais veias — todos eles entrando ou saindo do músculo aproximadamente na metade do seu comprimento. Os nervos e vasos ramificam-se repetidamente no tecido conjuntivo intramuscular, com os ramos menores suprindo cada fibra muscular. Esse rico suprimento sanguíneopara os músculos reflete a alta demanda de nutrientes e oxigênio decorrente da contração das fibras musculares. Os capilares no endomísio formam uma rede. Esses capilares longos tornam-se ondulados quando as fibras musculares se contraem e retificados quando o músculo se alonga. Conexões musculares Uma conexão muscular é o local em que um músculo se conecta a um osso. Cada músculo esquelético estende-se de um osso a outro, atravessando pelo menos uma articulação móvel. Quando o músculo se contrai, ele faz que um dos ossos se movimente, enquanto o outro osso normalmente continua fixo. A conexão de um músculo ao osso menos móvel chama- se origem (inserção proximal) do músculo, enquanto a conexão ao osso mais móvel se chama inserção (inserção distal) do músculo. Assim, quando o músculo se contrai, sua inserção é empurrada na direção da origem desse músculo. Nos músculos dos membros, a origem é, por convenção, a conexão mais proximal do músculo e a inserção é a conexão mais distal. No entanto, é importante perceber que as funções da origem e da inserção podem mudar, dependendo da posição do corpo e do movimento produzido quando o músculo se contrai. Por exemplo, as conexões convencionais do músculo braquial no braço são a origem na diáfise do úmero e inserção na parte proximal da ulna. Esses termos são precisos quando se referem à posição usual do membro e à função desse músculo, que é flexionar o antebraço, como acontece quando você levanta um objeto, por exemplo. Porém, considere a posição do membro superior e seu movimento quando você fica pendurado, se exercitando em uma barra. Nessa situação, é o úmero que se movimenta, não a ulna. Assim, a origem convencional do braquial é a inserção, que se movimenta, sendo a inserção estável. Os músculos conectam-se às suas origens e inserções por meio de tecido conjuntivo fibroso e forte que se estende até o periósteo fibroso do osso. Nas conexões diretas, ou carnosas, os cordões de fixação do tecido conjuntivo são tão curtos que os próprios fascículos musculares parecem se conectar diretamente ao osso. Nas conexões indiretas, o tecido conjuntivo estende-se bem além do final das fibras musculares, formando um tendão semelhante a uma lâmina plana chamada aponeurose. As conexões indiretas são mais comuns do que as conexões diretas e a maioria dos músculos possui tendões. As proeminências ósseas quase sempre estão presentes quando os tendões encontram os ossos. Essas proeminências incluem os tubérculos, os trocanteres e as cristas. Embora a maioria dos tendões e aponeuroses se conecte aos ossos, alguns se conectam à pele, à cartilagem, às lâminas da fáscia ou a uma linha de tecido fibroso chamada rafe (“costura”). Muitos músculos abrangem duas articulações ou mais. Esses músculos chamam-se biarticulares (“duas articulações”) ou multiarticulares. Por exemplo: imagine um músculo que se origina no úmero, percorre o antebraço sem se conectar ao rádio ou à ulna e se insere nos ossos carpais. A contração desse músculo provocaria movimentos nas duas articulações: do cotovelo e do punho. Anatomia microscópica e funcional do tecido muscular esquelético Fibra muscular esquelética As fibras musculares esqueléticas são constituídas por células cilíndricas longas. Como as fibras se desenvolvem dessa maneira, elas contêm muitos núcleos, que estão situados na periferia de cada fibra, logo abaixo do sarcolema. Miofibrilas e sarcômeros No microscópio de luz, as estrias claras e escuras nas fibras musculares esqueléticas são claramente visíveis. As estrias resultam da estrutura interna de organelas longas em forma de bastão, chamadas miofibrilas, que são cilindros não ramificados que estão presentes em grandes quantidades, correspondendo a mais de 80% do sarcoplasma. São organelas contráteis especializadas e exclusivas do tecido muscular. As miofibrilas contêm miofilamentos, proteínas contráteis. As miofibrilas, em uma fibra, são separadas umas das outras por outros componentes do sarcoplasma. Entre esses componentes estão as mitocôndrias e os glicossomos, ambos fornecedores de energia para a contração muscular. É difícil distinguir cada miofibrila em uma fotomicrografia, pois as estrias das miofibrilas adjacentes se alinham quase perfeitamente. Uma miofibrila é composta de segmentos repetidos, chamados sarcômeros. O sarcômero é a unidade básica de contração no músculo esquelético. As fronteiras nas duas extremidades de cada sarcômero chamam-se bandas (linhas) Z. Existem muitos miofilamentos conectados a cada banda Z, estendendo-se para o centro do sarcômero, chamados filamentos finos (de actina), que consistem, principalmente, em proteína actina, embora também contenham outras proteínas. No centro do sarcômero e por cima das extremidades internas dos filamentos finos, existe um feixe cilíndrico de filamentos espessos (de miosina), que consistem praticamente em moléculas de miosina. Eles também contêm enzimas ATPase que quebram o ATP (moléculas armazenadoras de energia) para liberar a energia necessária para a contração muscular. Ambas as extremidades de um filamento espesso são ornamentadas com botões chamados cabeças da miosina. A estrutura do sarcômero explica o padrão das estrias nas fibras musculares esqueléticas. As faixas escuras são criadas pelo comprimento total dos filamentos espessos nos sarcômeros, junto com as extremidades internas dos filamentos finos que sobrepõem os filamentos espessos. A região de cada sarcômero chama-se banda A. A parte central de uma banda A, que nenhum filamento fino alcança, é a banda (zona) H. A linha M no centro da banda H contém bastonetes minúsculos que unem os filamentos espessos. As duas regiões em ambos os lados da banda A, que contêm apenas filamentos finos, são chamadas banda I. São essas bandas dos sarcômeros que criam as partes claras do padrão claro-escuro das estrias observadas ao longo do comprimento de qualquer fibra muscular esquelética. Cada banda I faz parte de dois sarcômeros adjacentes e possui uma banda Z passando pelo seu centro. Lembre-se de que as estrias das miofibrilas adjacentes se alinham perfeitamente, permitindo-nos ver as várias faixas em uma fibra muscular. Essas notações referem- se a como essas regiões refratam a luz polarizada: as bandas A são anisotrópicas e as bandas I são isotrópicas. Titina e outras proteínas da miofibrila A titina é uma molécula espiralada nos sarcômeros que resiste ao estiramento excessivo. As moléculas de titina em um sarcômero são encontradas nos filamentos elásticos e estendem-se desde a banda Z até o filamento espesso e seguem por dentro do filamento espesso, conectando-se à linha M. Quando foi identificada pela primeira vez, a titina gerou muita empolgação, já que é a maior proteína já descoberta. Além disso, tem duas funções básicas: (1) mantém os filamentos espessos em seus lugares no sarcômero, mantendo assim a organização da banda A, e (2) desdobra-se quando o músculo é alongado e depois retoma a sua forma quando a força de estiramento é liberada, contribuindo assim para a elasticidade muscular. A titina não resiste ao estiramento na faixa de extensão comum, mas se torna mais rígida quanto mais for desdobrada; portanto, ela resiste bastante ao estiramento excessivo que tenta separar o sarcômero. Retículo sarcoplasmático e sistema de túbulos transversos Cada fibra muscular esquelética contém dois conjuntos de túbulos que participam da regulação da contração muscular: o retículo sarcoplasmático e o sistema de túbulos transversos. O retículo sarcoplasmático (RS) é um retículo endoplasmático liso elaborado, cujos túbulos interconectados circundam cada miofibrila. A maioria dos túbulos do RS segue longitudinalmente ao longo da miofibrila.Outros túbulos do RS, chamados cisternas terminais, formam grandes e perpendiculares canais cruzados sobre a junção entre cada banda A em uma miofibrila e suas bandas I adjacentes (junções A- I). O retículo sarcoplasmático e as cisternas terminais armazenam grandes quantidades de íons cálcio (Ca 2+ ), que são liberados quando o músculo é estimulado a se contrair. O sistema de túbulos transversos (túbulos T) são invaginações profundas do sarcolema localizadas entre cada par de cisternas terminais. O complexo dos túbulos T, ladeado por duas cisternas terminais na junção A-I, chama-se tríade. A contração no músculo esquelético é controlada por impulsos gerados pelos nervos que percorrem o sarcolema da fibra muscular. Como os túbulos T são continuações do sarcolema, eles conduzem cada impulso até as regiões mais profundas da fibra muscular, garantindo assim que as miofibrilas profundas contraiam simultaneamente com as superficiais. Os impulsos que chegam aos túbulos T estimulam a liberação de cálcio pela cisterna terminal. O cálcio se difunde pelo citosol até os filamentos finos e dispara a contração muscular. Após a contração, o cálcio é bombeado de volta para o retículo sarcoplasmático, onde é armazenado. Mecanismo da contração Existem dois tipos de contração muscular envolvidos na produção do movimento: contração concêntrica e contração excêntrica. A contração concêntrica é o tipo mais familiar, no qual o músculo se encurta e funciona. A contração excêntrica ocorre quando um músculo gera força à medida que se alonga. Contração excêntrica. Quando se contrai excentricamente, um músculo gera força enquanto se alonga. Esse tipo de contração é essencial para o movimento controlado e para a resistência à gravidade. O mecanismo da contração excêntrica é menos compreendido do que o mecanismo da contração concêntrica. Ambos os tipos ocorrem durante as flexões. Durante a parte de subida do exercício, as contrações concêntricas nos músculos peitorais do tórax elevam o tronco do chão. Durante a parte de descida do movimento, esses mesmos músculos contraem-se excentricamente e, ao fazê-lo, resistem à gravidade e controlam o movimento de descida do tronco. A contração excêntrica ocorre em muitos movimentos que resistem à gravidade: descer escadas, correr ladeira abaixo, apoiar os pés no solo após um salto são alguns exemplos. Sempre que os músculos agem como um freio, eles estão se contraindo excentricamente. Contração concêntrica. Quando se contrai concentricamente, um músculo gera força enquanto encurta. A contração concêntrica do músculo esquelético é explicada pelo mecanismo de filamentos deslizantes. A contração ocorre à medida que as cabeças da miosina dos filamentos espessos se conectam aos filamentos finos em ambas as extremidades do sarcômero e empurram os filamentos finos para o centro do sarcômero ao girarem para dentro. Depois que uma cabeça da miosina gira em sua “dobradiça”, ela relaxa, volta à sua posição original, liga-se ao filamento fino mais ao longo do seu comprimento e gira novamente. Esse ciclo similar ao movimento de uma catraca repete-se muitas vezes durante uma única contração. É importante ressaltar que os próprios filamentos espessos e finos não encurtam: o filamento fino simplesmente desliza sobre o filamento espesso. O mecanismo de filamentos deslizantes é iniciado pela liberação de íons cálcio pelo retículo sarcoplasmático e pela ligação desses íons aos filamentos finos. A energia para esse processo provém do ATP. A contração afeta o padrão das estrias do músculo esquelético. Em um sarcômero totalmente relaxado, os filamentos finos sobrepõem-se parcialmente aos filamentos espessos. Repare no comprimento da banda A, da banda I e na posição das bandas Z no sarcômero relaxado. Quando o músculo é estimulado a contrair, a ação dos filamentos espessos empurra vigorosamente as duas bandas Z para mais perto uma da outra, fazendo que cada sarcômero encurte. À medida que as bandas Z se aproximam uma da outra, as bandas I encurtam e as bandas H desaparecem completamente. Repare que a diminuição no comprimento da bandas I e a perda da banda H se devem à maior quantidade de sobreposição dos filamentos finos e espessos. O comprimento do filamento fino não mudou. As bandas A mantêm o mesmo comprimento, já que o comprimento dos filamentos espessos também não muda. Quando um músculo se alonga, em vez de se contrair, a quantidade de sobreposição entre os filamentos finos e espessos diminui: as bandas I e as bandas H alongam-se enquanto as bandas Z se distanciam. Mais uma vez, não há mudança na largura das bandas A. Extensão muscular Sabemos que o tecido muscular é extensível e que as fibras musculares são estiradas (estendidas) de volta para o seu comprimento original após se contraírem. A que se deve esse estiramento? Basicamente, um músculo esquelético — e as fibras nele contidas — é alongado por um movimento oposto ao movimento produzido normalmente pelo músculo. Por exemplo, um músculo que normalmente abduz o braço no ombro é alongado pela adução do braço nessa articulação. Comprimento da fibra muscular e força de contração O comprimento ideal das fibras musculares esqueléticas em repouso é o comprimento que vai gerar a maior força de tração quando o músculo estiver contraído. Esse comprimento ideal ocorre quando uma fibra é ligeiramente alongada, de modo que seus filamentos finos e espessos se sobreponham apenas até um ponto moderado. Nessas condições, as cabeças da miosina podem se mover e puxar todo o comprimento dos filamentos finos. Em outras condições, a contração é abaixo do ideal: se uma fibra muscular estiver tão alongada que os filamentos espessos e finos não se sobreponham em nenhum ponto, as cabeças da miosina não têm nenhum lugar para se conectarem e nenhuma força de tração pode ser gerada. Por outro lado, se os sarcômeros estiverem tão comprimidos a ponto de os filamentos espessos tocarem as bandas Z, muito pouco encurtamento adicional pode ocorrer. O que vale para uma fibra muscular também vale para um músculo inteiro. Os músculos esqueléticos inteiros têm um intervalo de comprimento operacional ideal, que vai de aproximadamente 80% do seu comprimento normal em repouso até cerca de 120% desse comprimento. Os locais de conexão muscular tendem a manter os músculos dentro do intervalo ideal; ou seja, normalmente as articulações não permitem que qualquer osso se movimente com tamanha amplitude que os músculos a ele conectados consigam encurtar ou alongar além do intervalo ideal. Inervação do músculo esquelético A liberação de íons cálcio pelo retículo sarcoplasmático e a subsequente contração do músculo esquelético são iniciadas através de estimulação nervosa. As células nervosas que inervam as fibras musculares se chamam neurônios motores. Um neurônio possui dois tipos de processos celulares que se estendem do corpo celular: os dendritos, que são regiões receptoras no neurônio, e um axônio, que é um processo celular longo e único que inicia e transmite impulsos nervosos. Placa motora. Cada fibra muscular em um músculo esquelético é suprida por uma terminação nervosa que estimula a fibra para que ela se contraia. O ponto em que a terminação nervosa e a fibra se encontram se chama placa motora ou junção neuromuscular. A parte neural da placa é um conjunto de expansões na extremidade do axônio que armazena moléculas químicas mensageiras, os neurotransmissores. Essas expansões chamam-se terminais axônicos ou botões terminais. Os terminais são separados do sarcolema da fibra muscular por um espaço chamado fenda sináptica e contêm vesículas que liberam o neurotransmissor quando um impulso nervoso alcança os terminais. O neurotransmissor na placa motora — aacetilcolina — difunde-se através da fenda sináptica e se liga às moléculas receptoras no sarcolema, onde induz um impulso que inicia a contração muscular. A placa motora possui várias características exclusivas. Cada terminal está assentado em uma depressão similar a uma calha, no sarcolema, que por sua vez possui suas próprias invaginações. As invaginações do sarcolema são cobertas com uma lâmina basal. Essa lâmina contém a enzima acetilcolinesterase, que decompõe a acetilcolina imediatamente após o neurotransmissor sinalizar para uma única contração. Isso assegura que cada impulso nervoso para a fibra muscular produza apenas uma contração rápida da fibra, evitando quaisquer outras contrações indesejáveis que resultariam se a acetilcolina permanecesse na fenda sináptica. Unidade motora. O axônio de um neurônio motor ramifica-se e inerva uma série de fibras no músculo esquelético. Um neurônio motor e todas as fibras musculares que ele inerva se chamam unidade motora. Quando um neurônio motor dispara, todas as fibras musculares esqueléticas na unidade motora contraem- se de uma só vez. Embora a quantidade média de fibras musculares em uma unidade motora seja igual a 150, as quantidades podem chegar a até várias centenas ou podem ser tão poucas quanto quatro fibras musculares. Os músculos que exigem controle muito preciso (como os músculos que movimentam os dedos das mãos ou os olhos) possuem poucas fibras musculares por unidade motora, enquanto os músculos volumosos que suportam peso, cujos movimentos são menos precisos (como os músculos do quadril), possuem muitas fibras por unidade motora. As fibras musculares de uma única unidade motora simples não são agrupadas, mas estão espalhadas por todo o músculo. Em consequência, a estimulação de uma única unidade motora provoca uma contração fraca do músculo inteiro. Os diferentes músculos contêm unidades motoras de tamanhos variados e em grande quantidade cada um. A adição de unidades motoras para obter um movimento chama-se recrutamento. Ou seja, quando pouca força é exigida para determinado movimento, poucas unidades motoras são estimuladas; já em caso de muita força, outras unidades motoras são recrutadas. Tipos de fibras musculares esqueléticas Os vários tipos de fibras musculares esqueléticas são categorizados de acordo com duas características: (1) como produzem energia (ATP) e (2) com que velocidade se contraem. Algumas fibras musculares produzem predominantemente ATP de modo aeróbico (utilizando oxigênio) e, portanto, são chamadas fibras oxidativas. Outras produzem o ATP de modo anaeróbico (sem oxigênio) via glicólise, sendo chamadas fibras glicolíticas. A velocidade da contração, rápida versus lenta, depende da rapidez com que uma fibra decompõe o ATP para obter a energia necessária para essa contração. Com base nessas características, as fibras musculares são divididas em três classes gerais: fibras lentas oxidativas (LO), fibras rápidas glicolíticas (RG) e fibras rápidas oxidativas (RO). A maioria dos músculos no corpo contém os três tipos de fibra, mas as proporções variam de um músculo para outro. Fibras lentas oxidativas (LO). As fibras lentas oxidativas obtêm sua energia a partir de reações metabólicas aeróbicas; assim, elas possuem uma quantidade relativamente grande de mitocôndrias e um rico suprimento de capilares. Essas fibras relativamente finas são vermelhas por causa do seu conteúdo abundante de mioglobina, um pigmento para ligação ao oxigênio, em seu sarcoplasma. As fibras lentas oxidativas contraem-se lentamente, são extremamente resistentes à fadiga, contanto que haja uma quantidade suficiente de oxigênio presente, e produzem contrações prolongadas. Existem muitas dessas fibras nos músculos posturais da região lombar, músculos que se contraem continuamente para manter a coluna vertebral ereta e, assim, manter a postura. Como são finas, as fibras lentas oxidativas não geram muita potência. Fibras rápidas glicolíticas (RG). As fibras rápidas glicolíticas são pálidas porque contêm pouca mioglobina. Elas têm aproximadamente o dobro do diâmetro das fibras lentas oxidativas, contêm mais miofilamentos e, portanto, geram muito mais potência. Uma vez que essas fibras dependem das vias anaeróbicas para produzir ATP, elas contêm poucas mitocôndrias ou capilares, mas têm muitos glicossomos contendo glicogênio como fonte de combustível. As fibras rápidas glicolíticas contraem-se rapidamente, mas também se “cansam” rapidamente e são comuns nos músculos dos membros superiores que erguem objetos pesados por breves períodos de tempo. Fibras rápidas oxidativas (RO). As fibras musculares rápidas oxidativas são intermediárias em muitas de suas características, em comparação com os outros dois tipos de fibra. Assim como as fibras rápidas glicolíticas, elas contraem-se rapidamente; como as fibras lentas oxidativas, elas dependem do oxigênio e possuem um alto teor de mioglobina, uma grande quantidade de mitocôndrias e um rico suprimento capilar. Como as fibras rápidas oxidativas dependem muito do metabolismo aeróbico, elas são resistentes à fadiga, porém menos do que as fibras lentas oxidativas. A velocidade de contração das fibras rápidas oxidativas está entre a dos dois outros tipos de fibras. O diâmetro da fibra também é intermediário; assim, essas fibras são mais poderosas do que as fibras lentas oxidativas, mas não tão poderosas quanto às fibras rápidas glicolíticas. Elas são abundantes nos músculos dos membros inferiores, que precisam mover o corpo por longos períodos de tempo durante a locomoção. Uma vez que cada músculo contém uma mistura dos três tipos de fibra, este pode realizar tarefas diferentes em momentos diferentes. Um músculo na panturrilha, por exemplo, utiliza suas fibras glicolíticas para impelir o corpo em uma corrida curta, suas fibras rápidas oxidativas na corrida de longa distância e suas fibras lentas oxidativas na manutenção da postura ereta. O tecido muscular esquelético ao longo da vida Com raras exceções, todos os tecidos musculares desenvolvem-se a partir das células mesodérmicas embrionárias chamadas mioblastos, que se fundem e formam fibras musculares esqueléticas. Essa fusão das células embrionárias é o motivo para as fibras musculares esqueléticas serem multinucleadas. As fibras musculares começam a produzir miofilamentos espessos e finos e adquirem capacidade para se contrair. Geralmente, os músculos esqueléticos iniciam contração na 7ª semana, quando o embrião tem apenas 2 cm de comprimento. Os nervos crescem nas massas musculares a partir da medula espinal, trazendo os músculos esqueléticos para o controle do sistema nervoso. As fibras musculares esqueléticas nunca sofrem mitose após terem se formado. Durante a infância e a adolescência, essas células ficam mais longas e espessas para acompanhar o crescimento do corpo. Além disso, durante o final do período fetal (e a partir de então) as fibras musculares esqueléticas são circundadas por células satélite dispersas, que são células imaturas semelhantes à mioblastos não diferenciados. Durante a juventude, as células satélite fundem-se com as fibras musculares existentes para ajudá-las a crescer. Após uma lesão muscular, as células satélite proliferam no tecido muscular danificado e começam a produzir proteínas para reparar a lesão. Algumas células satélite fundem-se com as fibras musculares circundantes; outras permanecem como satélites. No entanto, a capacidade de regeneração do tecido muscular esquelético não é completa e o tecido gravemente danificado é substituído principalmente por tecido cicatricial.
Compartilhar