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2011 OrganizaçãO dO trabalhO pedagógicO na educaçãO infantil Prof.ª Celi Terezinha Wolff Copyright © UNIASSELVI 2011 Elaboração: Prof.ª Celi Terezinha Wolff Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: 372.21 W885c Wolff, Celi Terezinha. Organização do trabalho pedagógico na educação infantil / Celi Terezinha Wolff. 2ª Ed. Indaial, UNIASSELVI, 2011. 180 p. : il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-380-8 1. Educação pré-escolar. 2. Prática pedagógica – Currículo. 3. Educação infantil. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Ensino a Distância. II. Título. III apresentaçãO Caro acadêmico! A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tomou corpo na educação brasileira a partir da Lei nº 9.394/96, considerando que, até então, o poder público não tinha a obrigatoriedade de oferecer às crianças este tipo de educação. Dessa forma, esta etapa era opcional, resumindo-se a quem acreditava na importância deste atendimento. Até a década de oitenta, quem ia para a Educação Infantil tinha por objetivo buscar um lugar para ficar, enquanto os pais, principalmente a mãe, trabalhavam fora de casa, sem a preocupação de atender o que hoje é prescrito na LDB/96 no Art. 29: “A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Este Caderno de Estudos, que trata da Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil, estará, ao longo da sua caminhada, fundamentado no que se anunciou anteriormente, principalmente lembrando dos quatro aspectos: físico, psicológico, intelectual e social, mencionados para a finalidade maior desta etapa da Educação Básica, que é do desenvolvimento integral, complementando a ação da família e da comunidade. A cada nova unidade, precisaremos lembrar das finalidades, para que o trabalho pedagógico na Educação Infantil rompa com equívocos, tanto dos educadores, pais, comunidade, como do poder público que ainda defende e realiza um atendimento do cuidar, somente, esquecendo do educar, ou melhor, da grande necessidade que a criança tem de se desenvolver integralmente. Acredito que atendendo esta prerrogativa e respeitando os direitos fundamentais da criança, estaremos dando à infância brasileira o que ela necessita e merece: uma educação infantil de qualidade, promotora de cidadania, a partir da mais tenra idade. Prof.ª Celi Terezinha Wolff IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V IMPORTANT E CRITÉRIOS PARA ATENDIMENTO EM CRECHES, QUE RESPEITEM OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS CRIANÇAS: Nossas crianças têm direito à brincadeira. Nossas crianças têm direito à atenção individual Nossas crianças têm direito a um ambiente aconchegante, seguro e estimulante. Nossas crianças têm direito à higiene e saúde Nossas crianças têm direito ao contato com a natureza Nossas crianças têm direito a uma alimentação sadia. VI Nossas crianças têm direito a desenvolver sua capacidade de expressão. Nossas crianças têm direito à proteção, a expressar seus sentimentos. Nossas crianças têm direito a um especial período de adaptação à creche. Nossas crianças têm direito ao afeto e à amizade FONTE: Critérios para um atendimento em creches, que respeitem os direitos fundamentais das crianças: Maria Malta Campos e Fúlvia Rosemberg. Brasília: MEC/SEF/COEDI, 1995, p. 40 IMAGENS: acervo da autora Nossas crianças têm direito à atenção durante o desenvolvimento de sua identidade cultural, racial religiosa. Nossas crianças têm direito à curiosidade, imaginação e movimento em espaços amplos. VII VIII IX UNIDADE 1 – DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL ................ 1 TÓPICO 1 – O NASCIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL ....................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 PANORAMA HISTÓRICO EDUCACIONAL ............................................................................... 3 2.1 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO SÉCULO XVII ........................................................................... 4 2.1.1 João Amós Comênio (1592-1657) .......................................................................................... 4 2.2 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO SÉCULO XVIII ........................................................................ 6 2.2.1 Jean-Jacques Rousseau (1712-1772) ...................................................................................... 6 2.2.2 Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) .............................................................................. 8 2.3 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO SÉCULO XIX ........................................................................... 9 2.3.1 Friedrich Fröebel (1782-1852) ................................................................................................ 9 2.4 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO SÉCULO XX ............................................................................. 10 2.4.1 John Dewey (1859-1952) ......................................................................................................... 11 2.4.2 Maria Montessori (1870-1952) ............................................................................................... 12 2.4.3 Ovide Decroly (1871-1932) .................................................................................................... 13 2.4.4 Édouard Claparède (1873-1940) .......................................................................................... 15 2.4.5 Celestin Freinet (1896-1966) .................................................................................................. 15 2.4.6 Henri Wallon (1879-1962) ..................................................................................................... 17 2.4.7 Jean Piaget (1896-1980) ..........................................................................................................18 2.4.8 Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) ............................................................................. 22 2.4.9 Emília Ferreiro (1936) ............................................................................................................. 25 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 27 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 28 TÓPICO 2 – A EDUCAÇÃO INFANTIL BRASILEIRA ................................................................... 31 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 31 2 A EDUCAÇÃO INFANTIL FRENTE ÀS NECESSIDADES DA CRIANÇA ........................... 32 3 O NASCIMENTO DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL ................................... 32 4 CRECHES, JARDINS DE INFÂNCIA E PRÉ-ESCOLAS BRASILEIRAS ................................. 34 5 EDUCAÇÃO INFANTIL E LEGISLAÇÃO ..................................................................................... 37 5.1 LEI Nº 40.024/61 .............................................................................................................................. 37 5.2 LEI Nº 5.692/71 ................................................................................................................................ 38 5.3 PARECER N° 1.600/75 ..................................................................................................................... 39 5.4 LEI Nº 9.394/96 ................................................................................................................................. 39 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 41 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 42 TÓPICO 3 – ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................................ 43 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 43 2 EVOLUÇÃO DO ATENDIMENTO À POPULAÇÃO DE 0 a 6 ANOS DE IDADE ............. 43 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 47 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 48 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 49 sumáriO X TÓPICO 4 – AS POLÍTICAS NACIONAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL ................................... 51 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 51 2 DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL ............................... 51 3 OBJETIVOS ........................................................................................................................................... 53 4 METAS .................................................................................................................................................... 54 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 56 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 59 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 60 UNIDADE 2 – CONCEPÇÕES DE CRIANÇA, INFÂNCIA E DE EDUCAÇÃO INFANTIL, OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL .............................................................. 61 TÓPICO 1 – CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA E CRIANÇA ............................................................. 63 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 63 2 O ENTENDIMENTO DE INFÂNCIA E CRIANÇA ...................................................................... 63 3 O SER CRIANÇA .................................................................................................................................. 68 4 A TRAJETÓRIA DO CONCEITO DE CRIANÇA .......................................................................... 69 5 A CONCEPÇÃO DE CRIANÇA HOJE ............................................................................................. 70 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 73 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 78 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 79 TÓPICO 2 – CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................................... 81 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 81 2 QUE EDUCAÇÃO INFANTIL? .......................................................................................................... 81 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 85 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 86 TÓPICO 3 – OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL .................................................................. 87 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 87 2 OBJETIVOS GERAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................................ 87 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 90 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 91 TÓPICO 4 – FINALIDADES DA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................................ 93 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 93 2 FINALIDADES DA EDUCAÇÃO INFANTIL NA ATUALIDADE ........................................ 93 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 95 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................101 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................102 UNIDADE 3 – PROPOSTAS PEDAGÓGICAS, CURRÍCULO E AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ......................................................103 TÓPICO 1 – PROPOSTAS PEDAGÓGICAS E CURRÍCULO ......................................................105 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105 2 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS .............................................................................105 3 O CURRÍCULO E A ABORDAGEM PEDAGÓGICA NAEDUCAÇÃO INFANTIL ...........116 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................119 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................120 XI TÓPICO 2 – A ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............121 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................121 2 OS CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E SUA ORGANIZAÇÃO ..........................121 3 CONTEÚDOS CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS ...............................122 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................124 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................125 TÓPICO 3 – A PRÁTICA PEDAGÓGICA E A CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO ...............................................................127 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................127 2 FALANDO DE PPP ............................................................................................................................127 3 ROTEIRO PARA O PPP .....................................................................................................................129 3.1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................129 3.2 DIAGNÓSTICO .............................................................................................................................129 3.3 FUNDAMENTOS A CONSIDERAR NO PPP ...........................................................................129 3.4 HISTÓRICO ....................................................................................................................................130 3.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NA INSTITUIÇÃO .........................................................130 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................132 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................133 TÓPICO 4 – O PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL .............................................135 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................135 2 DIMENSÃO - PLANEJAMENTO INSTITUCIONAL .................................................................136 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................138 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................141 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................142 TÓPICO 5 – A AVALIAÇÃO NA/DA EDUCAÇÃO INFANTIL ..................................................145 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................145 2 A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL, REFLEXÃO EM DIFERENTES DIMENSÕES .....................................................................................................146 3 DOCUMENTAÇÃO PEDAGÓGICA: UMA PRÁTICA PARA A REFLEXÃO PEDAGÓGICA E PARA A DEMOCRACIA .......................................................148 4 DA AVALIAÇÃO DOS MATERIAIS DE ACOMPANHAMENTO DAS APRENDIZAGENS ..................................................................................................................149 5 A DOCUMENTAÇÃO PEDAGÓGICA COMO PRÁTICA REFLEXIVA E DEMOCRÁTICA......................................................................................................151 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................152 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................170 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................171 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................175 XII 1 UNIDADE 1 DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade você será capaz de: • conhecer a história da Educação Infantil no mundo e no Brasil; • identificar as contribuições e os entraves dados pelas políticas à Educação Infantil; • conhecer a evolução do atendimento à criança brasileira. Esta unidade está dividida em quatro tópicos, e em cada um deles você encontrará atividades que o ajudarão a internalizar os conhecimentos estudados. TÓPICO 1 – O NASCIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL TÓPICO 2 – A EDUCAÇÃO INFANTIL BRASILEIRA TÓPICO 3 – ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL TÓPICO 4 – AS POLÍTICAS NACIONAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 O NASCIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 1 INTRODUÇÃO Caro acadêmico, na reflexão aqui realizada, buscamos questões pertinentes à Educação Infantil a partir de seus primeiros passos no mundo, objetivando mostrar, de forma muito breve, sua trajetória ao longo da história, focando a importância da contribuição de vários teóricos e notando que muitas teorias estão norteando as práticas pedagógicas realizadas nas instituições educacionais da pequena infância. A educação inicial, assim como todos os outros níveis de ensino, suscita, hoje, especial atenção, principalmente porque, a cada momento, o mundo está exigindo mais de cada indivíduo, pelo seu progresso desenfreado e pela sua problemática constante. Em outros tempos era possível dar tempo ao tempo, para que muitas questões fossem resolvidas a longo prazo. Porém, atualmente, isso não é mais possível. Por tal motivo, necessitamos conhecer a história da Educação Infantil, para utilizá-la, reescrevê-la, enfim, melhorá-la. 2 PANORAMA HISTÓRICO EDUCACIONAL Sabemos que desde muito pequena a criança necessita de alguém que dela cuide e a ensine, porque, a partir dos cuidados e ensinamentos que recebe, ela passa a aprender e desenvolver o seu potencial individual com a convivência social. Segundo Carreiro (1975, p. 24), “[...] a preocupação com a escolaridade da criança pequena, mesmo sendo precária, já é bem antiga”. O autor refere-se às obras de Platão, principalmente a “República” (Politeia), iniciada em 390 a.C. e terminada em 374 a.C., tendo como ideia política central a cultura, à qual o Estado deve estar aliado e interessado. Daí o papel preponderante da educação, como importante e fundamental função pública. Desde o nascimento as crianças são separadas de seus pais, para que sejam devidamente preparadas fisicamente e educadas intelectualmente. Nascida a criança, fica ela entregue aos cuidados dos magistrados, que têm a obrigação de instruí-la, educá-la, estudá-la, para dar-lhe uma função social específica, adequada à sua capacidade. Nesse processo educacional, cabe ao educador a tarefa de escolher os espíritos mais lúcidos, mais notáveis, mais brilhantes, para que prossigam em seus estudos e adquiram capacidade de filósofos e de governantes. Os que não demonstrarem tal aproveitamento vão ficando a meio dos estudos, pois tudo se resume a cursos e provas, em que todos – perfeitamenteiguais em oportunidades – poderão, independentemente de sua origem, galgar os diferentes degraus da escala social. UNIDADE 1 | DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL 4 2.1 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO SÉCULO XVII Considerando a preocupação com a educação das crianças, de épocas anteriores a Cristo e dando um salto na história, apresentamos o que relata Almeida (2008) a respeito de vários teóricos que desenvolveram seus ideais sobre educação, incluindo aí a educação para a infância, influenciados por ideias de universalização dos conteúdos da instrução, seu caráter moderno e científico, “[...] a didática revolucionária, a articulação da instrução com o trabalho, a importância do trabalho agrícola, sempre marginalizado na reflexão dos filósofos e pedagogos”. (MANACORDA, 1989, p. 218). Nos primórdios as crianças se educavam acompanhando seu grupo, sua família, nos diversos afazeres cotidianos, como pode ser observado em alguns grupos ou tribos ainda hoje. No entanto, a preocupação em educar as crianças em instituições específicas, como forma de melhor prepará-las para viver em sociedade, é bem antiga e apresenta a preocupação defendida por Manacorda, a qual seria respondida pela didática, a partir da infância. Procuraremos rastrear as ideias de alguns teóricos, considerados precursores da educação, enfatizando suas contribuições para o delineamento da educação da criança pequena. 2.1.1 João Amós Comênio (1592-1657) FIGURA 1 – COMÊNIO (Desenho de Miguel Ângelo Medeiros de Carvalho) FONTE: <www.fraternidaderosacruz.org/ddc_expo_comenio.htm>. Acesso em: 18 jan. 2011. Educador tcheco, considerava a infância uma fase importante para o desenvolvimento do homem. Preconizou a criação de escolas maternais por toda parte, oferecendo assim educação infantil formal também aos pequeninos. Recomendava o lúdico e experiências diretas, com o objetivo de oferecer às crianças oportunidades, desde os primeiros anos, de adquirir noções elementares de toda a ciência que estudariam mais tarde, com currículo planejado especialmente para esta faixa etária, defendendo que “[...] primeiramente, as coisas sejam apresentadas aos sentidos externos, aos quais impressionam imediatamente” (COMÊNIO, 1985, p. 412). TÓPICO 1 | O NASCIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 5 É considerado um grande educador e pedagogista do século XVII e um dos maiores da história. Foi em 1657 que Comênio apresentou à sociedade europeia a sua “Didática Magna”, obra considerada como um dos mais brilhantes tratados educacionais que se tenha escrito até a atualidade. Nela, Comênio enfatiza a importância da economia do tempo em seu capítulo XIX, “Bases para a rapidez do ensino, com economia de tempo e de fadiga” (COMÊNIO, 2008). Organizou a sua didática em quatro períodos considerando os anos de desenvolvimento, quais sejam: a infância, puerícia, adolescência e juventude, sendo que, de acordo com Philippe Ariès, em ‘‘História Social da Infância e da Família’’ (1981), esse sentimento surgiu no século XVII, quando a sociedade passou a ter consciência da particularidade infantil, particularidade essa em que cada um desses períodos durava seis anos. Ao lermos o plano da escola materna, podemos constatar que ele foi elaborado atribuindo aos pais uma tarefa educativa de muita seriedade, pois cabia-lhes a responsabilidade pela educação da criança antes dos sete anos. Para Comênio (1985, p. 415): [...] todos os ramos principais que uma árvore virá a ter, ela fá-los despontar do seu tronco, logo nos primeiros anos, de tal maneira que, depois apenas é necessário que eles cresçam e se desenvolvam. Do mesmo modo, todas as coisas, que queremos instruir um homem para utilidade de toda a vida, deverão ser-lhes plantadas logo nesta primeira escola. Ao atribuir aos pais a tarefa pela educação da criança pequena, o que na época representava um grande avanço, pelo fato dos pais, até então, não terem essa responsabilidade, Comênio chamou a atenção para a importância do plano da escola materna e suas repercussões na vida do ser humano. Como podemos perceber, não foram poucas as preocupações de Comênio em relação ao que a criança até 6 anos deveria aprender. Apresentou aspectos importantes que até hoje são essenciais no desenvolvimento de propostas educativas para a criança. O Plano da Escola Materna salientava que cedo as crianças deveriam ter oportunidade de adquirir as noções elementares do que deveriam aprofundar mais tarde. A educação deveria começar pelos sentidos, pois as experiências sensoriais obtidas por meio dos objetos seriam internalizadas e, mais tarde, interpretadas pela razão. Compreensão, retenção e práticas consistiam a base de seu método didático e por eles se chegaria às três qualidades: erudição, virtude e religião, correspondendo às três faculdades necessárias – intelecto, vontade e memória. Este Plano ocupou um capítulo do livro “Didática Magna” e apresentou uma lista do que a criança deveria conhecer: Metafísica: noções de Deus, do ser humano, da vida; Física: elementos da natureza, constituindo-se em rudimentos das ciências naturais; Ótica e Astronomia: estudo dos astros, da luz, das cores; Geografia: estudo dos acidentes geográficos; Cronologia: dia, mês, ano; História: resumia-se à narração de fatos; Aritmética: noções de quantidade e número; Geometria: tamanho, forma, comprimento, largura; Estática: peso dos objetos, UNIDADE 1 | DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL 6 classificando-os em leves e pesados; Artes mecânicas: disciplina prática que consistia em deslocar objetos, carregando-os de um lado para outro; Dialética: introduzia a criança na arte de fazer e responder perguntas; Gramática: falar corretamente a língua materna; Poesia: memorização de versinhos; música: canções infantis, além de trechos de hinos sacros; Economia e política: conhecimento da casa, suas dependências, nome de seus ocupantes, utensílios domésticos e mobiliário, além de alguns cargos que os indivíduos ocupam na comunidade, como vigário, médico, professor, prefeito, entre outros. Por fim, a Ética, que ensinava as virtudes necessárias, como a paciência e a cortesia. Em relação aos pais, Comênio mencionou que a maioria deles não sabia com certeza o que esperar para os filhos. Contratavam preceptores, cercavam-nos de favores, adulavam-nos com presentes, às vezes os substituíam, com frequência inutilmente, sem um mínimo de resultado. Mas, uma vez que o método de ensino tenha atingido infalível certeza, obter-se-á sempre com a ajuda de Deus o resultado esperado. 2.2 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO SÉCULO XVIII A busca por uma sistematização definitiva do saber levou o homem desse século a realizar novas tentativas de ação para transmitir às crianças a “moderna instrução”. Carregada, segundo Manacorda (1989, p. 227), “[...] de um conteúdo “real”’ e “mecânico”, isto é, científico-técnico, em vista de atividades trabalhistas ligadas às mudanças que vinham acontecendo nos modos de produção.” A revolução burguesa introduziu a necessidade de elaboração de novos métodos educacionais, adequados à nova ordem social e “sob a forma oblíqua do deísmo, primeiro, e depois sob a forma mais crua do ceticismo, a burguesia se esforçou por expulsar a Igreja dos seus últimos redutos” (PONCE ,1989, p. 129). É nesse contexto que destacamos as contribuições de alguns teóricos: 2.2.1 Jean-Jacques Rousseau (1712-1772) FIGURA 2 – ROUSSEAU FONTE: <www.arqnet.pt/portal/.../julho0501.html>. Acesso em: 18 jan. 2011. TÓPICO 1 | O NASCIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 7 Conceituado filósofo francês do século XVIII, teve uma influência enorme na pedagogia, defendendo a ideia de não direcionamento da educação, deixando assim a criança mais livre. Até a sua época, a criança era considerada um adulto em miniatura. Foi ele quem “descobriu” a infância, fazendo com que se passasse a pensar na criançacomo um ser com ideias próprias, diferentes das dos adultos. Rousseau percebeu também que a “[...] educação do homem começa com o seu nascimento: antes de falar, antes de compreender, ele já se instrui” (ROUSSEAU, 1990, p. 37). Rousseau ajudou no delineamento da educação da criança pequena de sua época e foi considerado uma das personalidades mais destacadas da história da pedagogia, apesar de não ter sido propriamente um educador. Todavia, suas ideias muito influenciaram a educação da modernidade. Foi ele quem centralizou a questão da infância na educação, evidenciando a necessidade de não mais considerar a criança como um homem pequeno, mas que ela vive em um mundo próprio, cabendo ao adulto compreendê-la. Ao ressaltar esse aspecto, direciona a discussão para o reconhecimento da necessidade de se enxergar a infância como um período distinto, que apresenta características peculiares, as quais precisam ser estudadas e respeitadas. Rousseau chamou nossa atenção para esse aspecto ao afirmar: “Procuram sempre o homem no menino, sem cuidar no que ele é antes de ser homem. Cumpre, pois, estudar o menino”. “Não se conhece a infância; com as falsas ideias que se tem dela, quanto mais longe vão mais se extraviam”. A infância tem maneiras de ver, de pensar, de sentir, que lhes são próprias” (LUZURIAGA,1989, p. 166). Suas concepções sobre educação podem ser localizadas em grande parte no seu livro “Emílio”, publicado em 1762. Nessa obra, Rousseau estruturou a educação em cinco partes, de acordo com as diferentes fases a serem vividas por Emílio (aluno imaginário), desde o seu nascimento até a idade de 25 anos. Os dois primeiros livros de ‘Emílio’ foram dedicados à infância. No “Livro primeiro: Do Nascimento aos dois anos”, ele ressaltou a importância da valorização da infância, seu desenvolvimento e suas especificidades. O “Livro segundo”: Dos 2 anos aos 12 anos é apresentado como sendo a idade da natureza, onde ele aborda questões como o começo da fala da criança, liberdade ligada a sofrimento, a educação na infância, o homem livre, as atitudes do educador, as virtudes e a imitação, ação e pensamento e muitos outros temas. Enfim, Rousseau demonstrou, nessa obra, toda sua preocupação com a infância e considerava-a marcada pela vulnerabilidade, pois naquela época esse período apresentava grandes riscos à sobrevivência das crianças. Para ele, esse fato não poderia servir como pretexto na limitação da educação que se impunha a elas, a educação deveria estar vinculada à própria vida da criança e deveria, em cada fase do desenvolvimento, propiciar-lhe condições de vivê-la o mais intensamente possível. Ainda no século XVIII, no auge da Revolução Francesa, destacamos a figura de Pestalozzi. UNIDADE 1 | DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL 8 2.2.2 Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) FIGURA 3 – PESTALOZZI FONTE: <educarparacrescer.abril.com.br/.../pestalozzi-307416.shtml>. Acesso em: 18 jan. 2011. Educador suíço, com a ideia de que o aprendizado iniciava desde o nascimento, retoma a importância da Educação Infantil. A ação passa a ser o fundamento de seu método. Ação significa, para ele, observação, investigação, coleta de material e experimentação (DROUET, 1990). É considerado o “educador da humanidade”. Influenciado por Rousseau, preocupou-se com a formação do homem natural, e contrariamente ao seu antecessor, buscou unir esse homem à sua realidade histórica. O sistema pedagógico de Pestalozzi tinha como pressuposto básico propiciar à infância a aquisição dos primeiros elementos do saber, de forma natural e intuitiva. Foi considerado um dos precursores da educação nova, que ressaltou a importância de se psicologizar a educação e defini-la em função das necessidades de crescimento e desenvolvimento da criança. Há que se destacar, também, que seu projeto educativo tinha a “intuição” como fundamento básico para se atingir o conhecimento. Assim sendo, a educação se fundamenta na arte de conduzir as crianças de intuições superficiais e fragmentárias a intuições sempre mais claras e distintas. Apesar de tê-lo situado no século XVIII, é importante destacar que suas contribuições foram de grande valia para a estruturação do pensamento educacional do século XIX. TÓPICO 1 | O NASCIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 9 IMPORTANT E Estimado acadêmico, nesta sequência cronológica, um marco histórico influenciou a educação infantil. Com a Revolução Industrial (séc. XVIII), necessitou-se da mão de obra feminina. As creches, jardins, pré-escolas, superlotaram. A maior preocupação das mães era que seus filhos ficassem em lugares seguros, onde seriam alimentados e bem cuidados. Este é um fato que ocorre até hoje, onde a maioria das famílias tem esta concepção das instituições de educação infantil. 2.3 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO SÉCULO XIX 2.3.1 Friedrich Fröebel (1782-1852) FIGURA 4 – FROEBEL FONTE: <www.pedagogiaemfoco.pro.br/per05.htm>. Acesso em: 18 jan. 2011. No século XIX destacamos a figura de Fröebel, educador protestante alemão que desenvolveu suas teorias arraigadas em pressupostos idealistas e inspiradas no amor à criança e à natureza. Foi notadamente reconhecido pela criação dos “Kindergartens” (jardins de infância), nos quais destacava ser importante cultivar as almas infantis e, para isso, o fundamental era a atividade infantil. Considerado como o clássico da primeira infância, Fröebel fez suas primeiras incursões no campo educativo dando aula em uma escola que fundamentava seu trabalho nas ideias de Pestalozzi. Posteriormente, organizou suas ideias educacionais em vários livros. Essas ideias tiveram uma aplicação prática na primeira infância, mas considerava-se que elas se estendiam a todos os níveis educacionais, pois, para ele, o conhecimento se dá no: UNIDADE 1 | DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL 10 Exteriorizar o interior, interiorizar o exterior, unificar ambos, esta é a fórmula geral do homem. Por isso, os objetos exteriores excitam o homem para que os conheça, em sua essência e em suas relações; para ele o homem está dotado de sentidos, isto é, de instrumentos com os quais possa interiorizar as coisas que o rodeiam. Mas nenhuma coisa pode ser mais conhecida quando são comparadas com os seus opostos e se encontram as suas semelhanças, o ponto de união/intersecção. Tanto mais perfeito será o conhecimento de um objeto, quanto melhor se realiza a comparação com o seu oposto e a unificação dos dois. (SOUZA apud ALMEIDA, 2008). Concomitantemente às suas produções teóricas, Fröebel concretizou o seu projeto educativo com a criação do chamado Kindergarten (Jardim de Infância), em 1837, em Blankenburg, na Alemanha. Desde então, todos os estabelecimentos criados para crianças pequenas passaram a receber essa denominação. Fröebel é, ao mesmo tempo, o máximo teórico do jogo e o seu mais ilustre realizador prático. Ao compreender o aspecto educativo do brinquedo ou das atividades lúdicas, enfatizou seu papel ativo no processo de desenvolvimento na infância, isto é, destacou a autoatividade como o caminho mais viável para determinação de um processo educacional. Para Nicolau (1989, p. 72), o alemão Fröebel defendia a ideia de [...] educar em liberdade a mente do homem com sentido de obter a plenitude do seu desenvolvimento”. Comparando a criança com uma frágil semente, ela precisava de cuidados especiais, e os “jardineiros” encarregavam-se de levá-la a uma saudável frutificação, havendo sempre o contato professor e aluno. Criou um material pedagógico muito rico, constituído por sólidos geométricos, gravuras coloridas, trabalhos manuais que consistiam em exercícios sensório-motores (pintura, desenho, colagem, tecelagem, recorte, bordados, etc.). A autoexpressão, o jogo, a educação física e a dramatização são também componentesdo método fröebeliano. O trabalho pedagógico era centrado na criança. 2.4 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO SÉCULO XX Segundo Almeida (2008), foi no final do século XIX e no decorrer do Século XX que aconteceram, na Europa e nos Estados Unidos da América, mudanças significativas no campo educacional. As escolas laicas marcaram a ruptura do domínio da Igreja sobre a educação, reafirmando a hegemonia da burguesia liberal. Um grande movimento de renovação pedagógica, denominado “movimento das escolas novas”, também aconteceu nesse período. Pode-se dizer que esse movimento foi resultante de toda uma mudança que já estava ocorrendo no processo produtivo, consequentemente, gerando mudanças sociais. Essas, por sua vez, exigiam a criação de um novo sistema de instrução. TÓPICO 1 | O NASCIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 11 2.4.1 John Dewey (1859-1952) FIGURA 5 – DEWEY FONTE: <www.revistaescola.abril.com.br/.../john- dewey- 428136.shtml>. Acesso em: 18 jan. 2011. John Dewey é a grande figura americana do educador da Escola Nova, ou escolanovismo, caracterizada como um movimento que propunha uma renovação da prática pedagógica, em consequência da mudança da mentalidade social a respeito da educação. Com tal movimento, deslocou-se a figura central do processo educativo do professor para o aluno, dando maior ênfase ao ato de aprender do que para o ato de ensinar. Denominado como o máximo teórico da escola ativa e progressista, foi considerado um dos mais importantes teóricos da educação americana e, por que não dizer, da educação contemporânea. Em sua abordagem sobre educação, considerava que o método científico deveria subsidiar o trabalho em sala de aula, de tal maneira que o conhecimento fosse trabalhado de forma experimental, socialmente, desde a infância, com o intuito de torná-la um bem comum. Partia do princípio de que o caminho mais viável para o aprender é o fazer. Isso significou superar aquela visão de que cabia ao professor a responsabilidade integral pelo conhecimento a ser adquirido pelo aluno. Para Dewey, ao definir os objetivos, o professor poderá dimensionar um plano de ação e, consequentemente, os recursos disponíveis, condições, meios e obstáculos para sua exequibilidade. Um dos pontos culminantes das contribuições de Dewey pode ser hoje encontrado em um grande número de escolas infantis, trata-se do “método de projetos”. Sua gênese pode ser encontrada numa escola experimental, da Universidade de Chicago, assumida por Dewey em 1896, onde o que se desejava com a mudança de procedimentos didáticos era elaborar uma nova teoria experimental, através da qual melhor se definisse o papel dos impulsos de ação. Partia-se do princípio de que: UNIDADE 1 | DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL 12 [...] O que se deve desejar nos educandos – escreve Dewey – é o inteligente desempenho de atividades com intenções definidas ou integradas por propósitos pessoais”. Com isso é que se forma e se eleva, grau a grau, a experiência humana em conjuntos de maior sentido e significação e, assim, mais eficientes na direção das atividades. Bom ensino só se dará quando os alunos, sob conveniente direção, possam mover-se por intenções que liguem suas impulsões e desejos a propósitos definidos, ideais e valores. (LOURENÇO FILHO apud ALMEIDA, 2008). Na realidade, o que vimos foi o desencadeamento de novos modelos didáticos e, desde esse período, o “sistema de projetos” foi aperfeiçoado por vários discípulos de Dewey, dentre os quais destacamos William Heard Kilpatrik. As ideias de Dewey sobre atividade, interesse, reconstrução da experiência, reflexão, solução de problemas e, principalmente, de interação social e cooperação permeiam a Educação Infantil até hoje. Seu maior objetivo era preparar as crianças para a vida que, cada vez mais, refletisse as rápidas transformações de um mundo em constantes mudanças. Para Dewey, a educação não tem significado fora de um contexto social democrático, em que as crianças tenham oportunidades de atividades conjuntas e em que elas sejam donas de suas capacidades. (DEWEY, 1978). 2.4.2 Maria Montessori (1870-1952) Nicolau (1989) apresenta algumas ideias sobre a médica psiquiatra italiana, dizendo que a mesma “mudou de rumo a educação tradicional”, que objetivava a transmissão de conteúdos para a formação intelectual. Deu um sentido dinâmico e vivo à educação. Destacou-se pela criação de Casas de Crianças, instituições de educação e vida e não apenas lugares de instrução. Criou também um método que busca a educação da vontade, da atenção e do autocontrole. FIGURA 6 – MONTESSORI FONTE: <www.pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Montessori>. Acesso em: 18 jan. 2011. TÓPICO 1 | O NASCIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 13 Ainda nesse século, em um universo basicamente masculino, destacamos a figura feminina de Montessori. O que mais nos chamou a atenção foi o fato de que foram os homens que começaram a se preocupar com a educação infantil, uma tarefa atribuída, quase que exclusivamente, à mulher. Vale destacar que dos treze teóricos arrolados, somente duas são mulheres. Montessori é considerada uma das mais importantes representantes da mudança radical que se dá na escola com relação à concepção de ensino e aprendizagem. Na perspectiva de fundamentar, teoricamente, suas ideias, Montessori aprofundou seus estudos em filosofia e psicologia, matriculando-se, novamente, na Universidade de Roma. Seu envolvimento com a educação da criança pequena data de 1907, quando fundou em Roma a primeira “Casa dei Bambini”, para abrigar, aproximadamente, cinquenta crianças normais carentes, filhos de desempregados. Nessa casa-escola, Montessori realizou várias experiências que deram sustentação a seu método, fundamentado numa concepção biológica de crescimento e desenvolvimento. Por ser médica, preocupou-se com o biológico, contudo, não deixou de lado, em seu método, o aspecto psicológico, bem como o social. Montessori, ao se referir a seu próprio método, enfatiza: Se abolíssemos não só o nome, mas também o conceito comum de método para substituí-lo por uma outra indicação, se falássemos de “uma ajuda a fim de que a personalidade humana pudesse conquistar sua independência, de um meio para libertá-la das opressões, dos preconceitos antigos sobre a educação”, então, tudo se tornaria claro. É a personalidade humana e não um método de educação que vamos considerar, é a defesa da criança, o reconhecimento científico de sua natureza, a proclamação social de seus direitos que devem substituir os falhos modos de conceber a educação”. (MONTESSORI apud ALMEIDA, 2008). 2.4.3 Ovide Decroly (1871-1932) FIGURA 7 – DECROLY FONTE: <www.educarparacrescer.abril.com.br/.../ovide-decroly-307894.shtml>. Acesso em: 18 jan. 2011. UNIDADE 1 | DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL 14 Médico psiquiatra belga, Decroly é um dos principais representantes do escolanovismo europeu. A frase “A escola pela vida e para a vida” sintetiza as concepções pedagógicas de Decroly. É o criador dos “centros de interesse”, através dos quais as crianças vão relacionando os antigos conhecimentos com os novos e expressando-os através da linguagem, do desenho, da modelagem, da dramatização, sempre conduzidos pelo interesse. (DROUET, 1990). Inicialmente, desenvolveu suas atividades educativas junto a crianças anormais (1901). Sua proposta de trabalho estava alicerçada nas atividades individual e coletiva da criança, sustentadas em princípios da psicologia. Inicialmente, suas experiências foram concretizadas em sua própria residência, onde pôde observar, diretamente, o desenvolvimento infantil. Num momento posterior (1907), resolveu desenvolver sua proposta educativa junto às crianças normais, criando uma escola em Bruxelas, L’ermitage, “casa de campo solitária”. O trabalho desenvolvido por ele nessa escola serviupara que as autoridades belgas oficializassem-no nas escolas públicas. Sua preocupação, ao expor sua proposta, era a de substituir o ensino formalista, baseado no estudo dos tradicionais livros de textos, por uma educação voltada para os interesses e necessidades das crianças. O “Sistema Decroly” está baseado em fins e em princípios para uma nova escola, que supere a escola tradicional. Considerando a finalidade de seu sistema, podemos afirmar que ele organizou o mesmo com vistas a superar as deficiências do sistema educativo que vigorava na época, criando novas possibilidades educativas. Ao propor o seu programa, Decroly apud Drouet (1990) definiu suas características e quais domínios de conhecimento deveria atingir. Preocupamo- nos em resgatá-los, porque eles nos dão a dimensão e a referência do movimento do ato de ensinar e do ato de aprender. Em consequência, concluiu que o que mais interessa ser conhecido pela criança é, em primeiro lugar, ela mesma, para depois conhecer o meio em que vive. Foi em função dessas conclusões e das características e domínios, anteriormente citados, que apresentou seu programa de ideias associadas, concebido da seguinte maneira: 1. A criança e suas necessidades; 2. A criança e seu meio. Ao apresentar esse programa, Decroly apud Drouet (1990) preocupou- se com a forma como ele deveria ser abordado. Partia do princípio de que a melhor alternativa para abordá-lo seria fazer uso da “globalização”. Essa globalização, a seu ver, só seria possível se houvesse uma mudança na dinâmica do trabalho escolar e, para isso, propôs que o ensino fosse desenvolvido a partir dos “centros de interesse”. Partir do interesse da criança significa respeitar o seu desenvolvimento e suas necessidades, é desenvolver uma proposta educativa que TÓPICO 1 | O NASCIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 15 considere o seu universo real e respeite seus desejos. A dinâmica desse trabalho vai exigir, segundo Decroly, novas estratégias que levem as crianças a realizarem plenamente suas atividades. Para isso, deveriam fazer uso da “observação, associação e da expressão”. A sistematização desses estudos leva-nos a constatar, mais uma vez, a atualidade do pensamento de Decroly, estimulando-nos a buscar, cada vez mais, um aprofundamento sobre suas contribuições para que possamos difundir a riqueza de seu pensamento. 2.4.4 Édouard Claparède (1873-1940) É o expoente máximo do movimento da Escola Nova na Europa. Foi o fundador do Instituto Jean-Jaques Rousseau, de Genebra, Suíça, escola das ciências da educação cujos objetivos principais são a pesquisa e a experimentação na área da psicologia infantil; os resultados dessa pesquisa são usados para orientar uma equipe de educadores. Por ele foram traçados os princípios da “escola ativa”, dentre os quais o mais importante é a lei da necessidade e do interesse, lei fundamental da atividade dos organismos vivos. O professor deve ser o estimulador desse interesse, o evocador das necessidades intelectuais e morais. Coloca o jogo como uma das principais necessidades da criança. Por isso, devem-se encontrar meios de apresentar as tarefas através dos mesmos. 2.4.5 Celestin Freinet (1896-1966) FIGURA 8 – FREINET FONTE: <www.educarparacrescer.abril.com.br/.../celestin-freinet-307897.shtml>. Acesso em: 18 jan. 2011. UNIDADE 1 | DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL 16 Francês e um dos grandes educadores deste século. Ao contrário dos anteriores, quase todos filósofos, psicólogos ou médicos, era professor primário e, como tal, sentia intuitivamente que a educação não poderia continuar como era no início do século. Com a experiência de aulas-passeios, introduziu a deia dos textos livres infantis, o que fazia com que as crianças pensassem e expressassem suas ideias e construíssem, ao mesmo tempo, através da vivência, a sua personalidade. Criou também um recurso a que chamou de correspondência interescolar motivada, onde se trocavam experiências de várias escolas situadas em regiões diferentes. A disciplina, para Freinet, é necessária e depende de um meio organizado e não da imposição. O aprender fazendo é um dos pontos principais da metodologia de Freinet. Nas aulas, há liberdade de escolha das atividades, que podem acontecer ao mesmo tempo: enquanto um desenha, outro examina um pequeno animal ou apenas relata um fato. O relato pode ser através de desenho, oral, ou escrito. Criou um método natural para o domínio da língua escrita; chamou este método de “natural”, porque era a partir de tentativa experimental que a criança aprendia (FREINET, 1989). Ele se inicia pelo desenho sob a forma de grafismo, que é um desenho sem forma e que, aos poucos, vai se organizando em desenho propriamente dito. As crianças pequenas recorrem muito a essa forma de expressão e contam uma história longa representada apenas por rabiscos. Quando a criança já consegue desenhar, colocar formas geométricas, figuras humanas ou árvores justapostas em grupos. Sob os desenhos, ela faz rabiscos que, para elas, significam a história dos desenhos. Aos poucos, a escrita se liberta do desenho, primeiramente com a assinatura do nome e, depois, complementando o desenho. Aos 5 anos, a criança é capaz de separar o desenho da escrita e interessar- se mais por esta. Aos 6 anos, copia bem um grande número de palavras e começa a relacionar os grafismos com os significados. Depois, a criança começa a escrever conscientemente. É, portanto, um processo gradativo (DROUET,1990). À primeira vista, poderíamos afirmar que Freinet nada tem a ver com a educação infantil, que sua preocupação maior estava voltada para a renovação do ensino primário público. Entretanto, à medida em que lemos suas obras, vamos constatando que suas preocupações podem ser direcionadas à educação das crianças pequenas. Freinet foi considerado um educador revolucionário, o cultivo na educação do aspecto social foi um dos grandes feitos desse educador francês. Suas técnicas (texto impresso, a correspondência escolar, texto livre, a livre expressão, a aula-passeio, o livro da vida) faziam sentido num contexto de atividades significativas, que possibilitassem às crianças sentirem-se sujeitos do processo pessoal de aquisição de conhecimentos. TÓPICO 1 | O NASCIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 17 Freinet entendia que o dinamismo e a ação é que estimulavam as crianças a buscar esse conhecimento, multiplicando seus esforços em busca de uma satisfação interior. Poderíamos, aqui, evidenciar vários outros pontos da pedagogia de Freinet, mas, como falamos inicialmente, nosso propósito é o de suscitar a importância desses estudos e aprofundamentos na formação e exercício profissional do professor e despertar sua curiosidade e compromisso em busca de um aprofundamento maior. 2.4.6 Henri Wallon (1879-1962) FIGURA 9 – WALLON FONTE: <www. educarparacrescer.abril.com.br/.../henri-wallon-307886.shtml?...>. Acesso em: 18 jan. 2011. Passou sua existência de oitenta e três anos em Paris, médico de origem grega. Seus estudos, apesar de pouco divulgados, oferecem uma enorme contribuição, por estarem voltados para a evolução psicológica da criança. O seu legado ultrapassou os limites desse momento da vida, ao fornecer elementos para a compreensão da dinâmica do processo de conhecimento. Wallon vai à gênese desse processo, teorizando sobre a passagem do orgânico ao psíquico e apontando caminhos para análise dialética de teorias reducionistas que privilegiam ora o orgânico, ora o social, no curso do desenvolvimento humano. A passagem do orgânico ao psíquico, que equivale à síntese entre o individual e o social, é, para Wallon, um dos problemas cruciais da Psicologia. Ele tenta explicá-lo por meio de quatro elementos estreitamente interligados: a emoção, a motricidade, a imitação e o socius (relação). UNIDADE 1 | DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ATENDIMENTOÀ EDUCAÇÃO INFANTIL 18 A emoção permite à criança nascer para a vida psíquica, por ter como função inicial a comunhão com o outro, a união entre os indivíduos, em virtude das suas reações orgânicas, da sua fragilidade. No princípio ela é indistinta, mas engendrará as oposições e os desdobramentos que gradualmente vão dando origem às estruturas da consciência. A primeira expressão da emoção é o movimento, que é, ao mesmo tempo, o seu substrato. A motricidade é, então, para Wallon, o tecido comum e original de onde procedem as realizações da vida psíquica. Essa primeira fase das trocas do indivíduo com os outros, e com o mundo em geral, corresponde a um tipo de inteligência a que Wallon chamou inteligência das situações, de onde emerge a inteligência discursiva, cuja manifestação inicial é a representação. A imitação é o elemento responsável pela superação de um tipo de inteligência pelo outro. Em toda a extensão da obra de Wallon encontra-se a preocupação de concentrar suas análises em processos, por considerar que é o confronto do indivíduo com a sociedade que leva à construção da inteligência. 2.4.7 Jean Piaget (1896-1980) FIGURA 10 – PIAGET FONTE: <www6.ufrgs.br/.../piaget/fotos-de-jean-piaget/>. Acesso em: 18 jan. 2011. Ex-aluno de Claparède, foi seu substituto como diretor do laboratório de Psicologia Experimental da Universidade de Genebra e, em 1932, assumiu a direção do Instituto Jean-Jaques Rousseau. Piaget dedicou-se ao estudo das origens do conhecimento humano, um ramo da filosofia denominado Epistemologia Genética. TÓPICO 1 | O NASCIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 19 Em 1927 fez estudos sobre o desenvolvimento dos processos cognitivos da criança. Para chegar à gênese do conhecimento, Piaget investigou o desenvolvimento da inteligência e acabou criando uma teoria do desenvolvimento intelectual. Na mesma linha de Claparède, Piaget considera as atividades como fundamentais para a interpretação da vida mental. A atividade desempenha um papel importante no processo de adaptação, pois a vida é um processo adaptativo incessante. Para Piaget, o desenvolvimento é um processo progressivo e contínuo, o qual consiste na passagem de um estágio de menor equilíbrio para outro de equilíbrio maior, ou seja, “majorante”. O indivíduo está em constante interação com o meio que o cerca. O resultado da interação entre as atividades do indivíduo e as ações do meio ambiente é o que ele chamou de equilibração. A cada instante pode-se dizer que a ação do indivíduo é desequilibrada pelas transformações que aparecem no mundo exterior e cada nova conduta vai tentar restabelecer o equilíbrio, sempre num nível mais elevado do que no estágio anterior. As ações do indivíduo sobre o meio são sempre guiadas por necessidades e interesses. Esse intercâmbio se processa pela incorporação de objetos e experiências novas nos esquemas de comportamento já existentes. A essa incorporação, Piaget denominou assimilação. Há modificações nas estruturas mentais, após a assimilação. Essas modificações chamam-se acomodação e significam a reação do sujeito à ação ambiental. É o processo incessante de assimilação e acomodação que leva à elaboração das estruturas mentais. Tais assimilações e acomodações se dão sempre visando um estágio de equilíbrio mais aperfeiçoado, até que surja um novo desequilíbrio, seguido de uma nova assimilação e acomodação (equilibração). É, portanto, o indivíduo que, através de sua atividade (física e mental), constrói suas estruturas mentais e amplia seu conhecimento. Piaget descreve o desenvolvimento humano em termos de etapas ou estágios que se sucedem em ordem constante, embora cada indivíduo tenha o seu tempo próprio de desenvolvimento. Os estágios são os seguintes: a) sensório-motor (0 a 2 anos). A partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio, através de: • exploração manual e visual do ambiente; • experiência obtida com ações, a imitação; • inteligência prática (através de ações); • ações como agarrar, sugar, atirar, bater e chutar; • coordenação das ações proporcionam o surgimento do pensamento; UNIDADE 1 | DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL 20 • centralização no próprio corpo; • noção de permanência do objeto. FIGURA 11 – ESTÁGIO SENSÓRIO-MOTOR FONTE: <pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_cognitiva>. Acesso em: 5 fev. 2011. b) pré-operatório (2 aos 7 anos). Também é chamado de estágio da Inteligência Simbólica. Caracteriza-se, principalmente, pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior (sensório-motor). Nesse período, as características observáveis mais importantes são: • ação por simulação, “como se”; • percepção global sem discriminar detalhes. A criança se deixa levar pela aparência sem relacionar fatos; • centralização (apenas um aspecto de determinada situação é considerado); • confusão entre aparência e realidade; • ausência da noção de reversibilidade; • raciocínio transdutivo (aplicação de uma mesma explicação a situações parecidas); • animismo (vida a seres inanimados); • não aceitação da ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é a fase dos “porquês”). • pensamento egocêntrico, intuitivo e mágico. TÓPICO 1 | O NASCIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 21 FIGURA 12 – ESTÁGIO PRÉ-OPERATÓRIO FONTE: < http://www.glimboo.com/imagens_criancas.php>. Acesso em: 5 fev. 2011. c) operações concretas (7 aos 11 anos). A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, já sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstração. Desenvolve a capacidade de representar uma ação no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada (reversibilidade). FIGURA 13 – ESTÁGIO DE OPERAÇÕES CONCRETAS FONTE: Acervo da autora d) operações formais (12 anos em diante). O adolescente começa a raciocinar lógica e sistematicamente. Esse estágio é definido pela habilidade de engajar- se no raciocínio proposicional. O pensamento hipotético-dedutivo é o mais importante aspecto apresentado nessa fase de desenvolvimento, pois o ser humano passa a criar hipóteses para tentar explicar e sanar problemas, o foco desvia-se do “é” para o “poderia ser”. O adolescente já tem noção do certo e do errado. As bases do pensamento científico aparecem nessa etapa do desenvolvimento. UNIDADE 1 | DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL 22 FIGURA 14 – ESTÁGIO DE OPERAÇÕES FORMAIS FONTE: <https://bit.ly/2Wujyz5>. Acesso em: 5 fev. 2011. 2.4.8 Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) FIGURA 15 – VYGOTSKY FONTE: <www.educarparacrescer.abril.com.br/.../lev-vygotsky-307440.shtml>. Acesso em: 18 jan. 2011. Nasceu em Orsha, Bielo-Rússia, e faleceu, prematuramente, aos 38 anos, vítima de tuberculose, interrompendo, assim, sua brilhante carreira, da qual se pode resgatar hoje importantes contribuições. Concluiu seus estudos em Direito e Filosofia na Universidade de Moscou em 1917. Posteriormente, estudou Medicina. Lecionou Literatura e Psicologia em Gomel, de 1917 a 1924, quando se mudou novamente para Moscou, trabalhando, de início, no Instituto de Psicologia e, mais tarde, no Instituto de Defectologia, por ele fundado. Dirigiu ainda um Departamento de Educação para deficientes físicos e retardados mentais. De 1925 a 1934, Vygotsky lecionou Psicologia em Moscou e Leningrado. Nessa ocasião, TÓPICO 1 | O NASCIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 23 iniciou estudo sobre a crise da Psicologia, buscando uma alternativa dentro do materialismo dialético para o conflito entre as concepções idealista e mecanicista. Tal estudo levou Vygotsky e seu grupo – entre eles A.R. Luria e A.N. Leontiev – a propostas teóricas inovadoras sobre temas como: relação pensamentoe linguagem, natureza do processo de desenvolvimento da criança e o papel da instrução no desenvolvimento. Assim Vygotsky envolveu-se com a infância, através de alguns estudos que lhe permitissem compreender o comportamento humano. Justificou que “[...] a necessidade do estudo da criança reside no fato de ela estar no centro da pré-história do desenvolvimento cultural devido ao surgimento do uso de instrumentos da fala” (REGO, 1995, p. 25). Para isso, dedicou-se ao estudo da “Pedologia” – ciência da criança, voltada para o estudo do desenvolvimento humano, articulando os aspectos psicológicos, antropológicos e biológicos. O caminho trilhado por Vygotsky baseou-se sempre nas contribuições de Marx, buscando compreender o homem em processos constantes de interação social. Vale destacar que o interesse por questões educacionais, diferentemente de Piaget, sempre esteve presente em sua obra, sendo considerado por muitos como responsável pela elaboração de uma teoria de educação, enquanto atividade sócio-historicamente determinada. Suas preocupações foram direcionadas para o entendimento das origens sociais e das bases culturais do desenvolvimento individual, tendo como pressuposto fundamental que “[...] tais processos psicológicos superiores se desenvolvem nas crianças por meio da imersão cultural nas práticas das sociedades, pela aquisição dos símbolos e instrumentos tecnológicos da sociedade e pela educação em todas as suas formas” (MOLL, 1996 , p. 3). Os postulados básicos da teoria de Vygotsky dão destaque à mudança em quatro níveis históricos – filogênico (desenvolvimento das espécies), histórico (história dos seres humanos), ontogênico (história individual das crianças) e microgenético (desenvolvimento de processos psicológicos particulares) – para que uma teoria do desenvolvimento humano seja elaborada consistentemente. Esses níveis foram considerados por ele e seus colaboradores na proposição de suas teorias, na escola sócio-histórica. Aplicá-los ao problema do desenvolvimento cognitivo e da escolarização formal permite-nos compreendê-los de forma mais aprofundada. Segundo Vygotsky, no processo de desenvolvimento, a criança começa usando as mesmas formas de comportamento que outras pessoas inicialmente usaram em relação a ela. Isto ocorre porque, desde os primeiros dias de vida, as atividades da criança adquirem um significado próprio num sistema de comportamento social, refratadas através de seu ambiente humano, que a auxilia a atender seus objetivos. Isto vai envolver comunicação, ou seja, fala. (OLIVEIRA, 2011). UNIDADE 1 | DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL 24 Há que se destacar, também, para o entendimento de sua teoria, no que se refere à relação entre desenvolvimento e aprendizagem, a contribuição deixada a respeito da ZDP – “zona de desenvolvimento proximal”, considerando o que a criança ou pessoa faz com ajuda de uma pessoa mais experiente, é a distância entre o NDR e o NDP. Esta zona merece grande atenção e empenho dos professores, com sua função de mediador, fazendo a ponte entre o que a criança não sabe, mas pela “mediação” de um sujeito mais experiente pode vir a saber. Necessitamos considerar os dois níveis de desenvolvimento: NDR – “Nível de desenvolvimento real” (o que a criança/pessoa sabe fazer sozinha) e o NDP – “Nível de desenvolvimento potencial” (o que a criança/pessoa tem de potencial para aprender). Para Vygotsky, aprendizagem e desenvolvimento são processos interativos. No entanto, cabe ao processo de aprendizagem, realizado em um contexto social específico, possibilitar o processo de desenvolvimento: “o aprendizado pressupõe uma natureza social específica e um processo através do qual as crianças penetram na vida intelectual daqueles que as cercam” (VYGOTSKY, 1989, p. 99). Outro aspecto relevante para a Educação infantil, desenvolvido por Vygotsky, é o estudo a respeito do papel do brinquedo no desenvolvimento, chamando a atenção de que o brinquedo nem sempre traz um aspecto de prazer para a criança. Às vezes é mais interessante chupar chupeta, também no jogo quando a criança perde, ou não se agrada de certos jogos. (VYGOTSKY, 1989, p. 104). Se o brinquedo nem sempre é prazeroso para a criança, podemos considerá-lo dispensável, na Educação Infantil? Não, ele é muito importante para o desenvolvimento da criança, como coloca Oliveira. A brincadeira fornece, pois, ampla estrutura básica para mudanças da necessidade e da consciência, criando um novo tipo de atitude em relação ao real. Nela aparecem a ação na esfera imaginativa numa situação de faz de conta, a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos da vida real e das motivações volitivas, constituindo-se, assim, no mais alto nível de desenvolvimento pré- escolar. (OLIVEIRA, 2011). As contribuições de Vygotsky foram de grande significação para o desenvolvimento humano, porém nem sempre compreendidas. Ele foi ignorado no Ocidente e teve a publicação de suas obras suspensas na União Soviética de 1936 a 1956. Hoje, no entanto, a partir de divulgação feita, seu trabalho vem sendo profundamente estudado e valorizado. (LA TAILLE, 1992). TÓPICO 1 | O NASCIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL 25 2.4.9 Emília Ferreiro (1936) FIGURA 16 – EMÍLIA FERREIRO FONTE: <www.educarparacrescer.abril.com.br/.../emilia-ferreiro- 306969.shtml>. Acesso em: 18 jan. 2011. Aluna e colaboradora de Piaget, pesquisadora argentina, sua obra pode ser considerada como continuação dos estudos de seu mestre, na construção da linguagem escrita, tema praticamente por ele não pesquisado. Voltada à realidade latino-americana e seus problemas, Ferreiro tem conferido contribuições extremamente relevantes à questão da alfabetização e à compreensão do processo de aprendizado da leitura e da escrita. Sua teoria científica vem sendo utilizada por outros especialistas, assim como as de Piaget, para formular novas propostas pedagógicas. A partir dos estudos da teoria de Piaget, originou-se o Construtivismo, que, segundo as maiores autoridades no assunto, não se define como “uma pedagogia ou método de ensino, por ser um campo de estudo ainda recente, cujas práticas, salvo no campo da alfabetização, ainda requerem tempo para amadurecimento e sistematização” (SOUZA, 1995, p. 8). O Construtivismo, fundamentalmente, propõe que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estímulo à dúvida e o desenvolvimento do raciocínio. No que se refere à construção da linguagem escrita na pré-escola, assim se pronuncia Ferreiro (1990, p. 102): É necessário imaginação pedagógica para dar às crianças oportunidades ricas e variadas de interagir com a linguagem escrita. É necessário formação psicológica para compreender as respostas e as perguntas das crianças. É necessário entender que aprendizagem da linguagem escrita é muito mais que aprendizagem de um código de transcrição: é a construção de um sistema de representação. UNIDADE 1 | DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL 26 IMPORTANT E Nossa ideia de fazer uma abordagem histórica sobre os principais teóricos que trouxeram contribuições para a Educação Infantil poderia, em muito, ser ampliada, mas as limitações de tempo e de espaço impediram-nos de arrolar outros teóricos, também importantes. Cabe, portanto, a você alicerçar-se em pressupostos teóricos que lhe permitam adquirir referenciais que o(a) subsidiem na construção do seu fazer pedagógico. As experiências vividas levam-nos a inferir que, tanto os professores da rede pública quanto os da rede particular, enfrentam dificuldades semelhantes no seu fazer diário e convivem com as mesmas inseguranças quanto ao uso dos referenciais teóricos. Por tal motivo, estamos trazendo esta ampliação dos precursores da Educação Infantil, que está sendo tratadatambém no Caderno de Pedagogia da Educação Infantil, promovendo o desenvolvimento de estudos ampliados, que permitam a você realizar discussões e análise crítica das diversas concepções teóricas, discutindo posições epistemológicas, realizando contraposições entre seus pensadores, compreendendo quais as suas reais intenções no campo do conhecimento. Ao oportunizarmos uma formação de qualidade a você, futuro(a) ou já professor(a), estamos subsidiando a construção de sua prática, tendo consciência das opções teórico-práticas que faz, participando ativamente de um processo histórico social e, assim, libertando-se das amarras impostas pela insegurança originária do desconhecimento de seu objeto de trabalho – A INFÂNCIA. Nossa intenção foi a de destacar o legado histórico que permeia as práticas pedagógicas, com a convicção, cada vez maior, de que precisamos constantemente, tanto na formação inicial como na continuada, buscar fundamentação teórica para o nosso trabalho na Educação Infantil (WOLFF, 1995; ALMEIDA, 2002). 27 Neste tópico você estudou: • O nascimento da Educação Infantil. • O panorama histórico-educacional – sua trajetória, focando a importância das contribuições de vários teóricos: • a Educação Infantil, 390 a.C.: Platão; • a Educação Infantil no século XVII: Comênio; • a Educação Infantil no século XVIII: Rousseau, Pestalozzi; • a Educação Infantil no século XIX: Fröebel; • a Educação Infantil no século XX: Dewey, Montessori, Decroly, Claparède, Freinet, Wallon, Piaget, Vygotsky, Ferreiro. • O legado histórico que permeia as práticas pedagógicas, com a convicção, cada vez maior, de que precisamos constantemente, tanto na formação inicial como na continuada, buscar fundamentação teórica para o nosso trabalho na Educação Infantil. RESUMO DO TÓPICO 1 28 Caro acadêmico, através da leitura desta unidade, e principalmente da releitura dos teóricos, você será capaz de levantar contribuições significativas para a Educação Infantil, ao longo da história, e que estão muito presentes nas instituições de Educação Infantil atualmente. Um desafiante estudo! 1 Escreva as contribuições que você considera mais relevantes em cada teórico e que ainda se encontram na Educação Infantil hoje. AUTOATIVIDADE TEÓRICO CONTRIBUIÇÃO 1. Platão 2. Comênio 3. Rousseau 4. Pestalozzi 5. Fröebel 6. Dewey 7. Montessori 8. Decroly 9. Claparède 10. Freinet 11. Wallon 12. Piaget 13. Vygotsky 14. Ferreiro 29 2 No diagrama faça um desenho representando cada estágio do desenvolvimento humano, descritos por Piaget. 30 31 TÓPICO 2 A EDUCAÇÃO INFANTIL BRASILEIRA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Caroacadêmico, os teóricos citados no Tópico 1 têm interferido fortemente na Educação Infantil brasileira, considerando que a partir da última Lei de Diretrizes e Bases – LDB – nº 9.394/96, em seu Artigo 21, nos traz que a Educação Infantil compõe um nível da Educação Básica. Por isso, nos últimos tempos é que estão sendo feitos estudos relativos ao assunto, principalmente para a fundamentação da forma em que se dá o conhecimento nas crianças desta faixa etária, por serem justamente elas que estão num processo de internalização intenso, para melhor poderem se inteirar e viver no mundo. Vale lembrar que é muito recente a efetiva preocupação com a função pedagógica da Educação Infantil, aí a necessidade de buscar uma formação adequada para os profissionais que atuarão nesta etapa da Educação Básica em autores, estudiosos, enfim, os que se preocuparam e se preocupam com a forma do conhecimento, voltados para a pequena infância. Dentro dessa visão, o Tópico 2 busca apresentar um rápido panorama histórico acerca da Educação Infantil brasileira, na qual se pode perceber que qualquer avanço levou muito tempo para acontecer. Porém, nas duas últimas décadas, o aumento da procura e do atendimento das crianças em instituições de Educação Infantil é imenso. IMPORTANT E Prezado acadêmico, olhando as estatísticas no Brasil, comprovar-se-á que foi a etapa da Educação Básica que mais cresceu em quantidade nos últimos tempos, ficando, entretanto, um tanto comprometida sua qualidade. DIDONET (1993, p. 16) coloca que, em 1979, o número de crianças matriculadas na educação pré-escolar no Brasil era de 1.198.104; em 1989, já se tinha 3.530.000, portanto um aumento de 164,35%, um salto 7 vezes superior aos alunos matriculados no Ensino Fundamental, que foi de 22,4% e no Ensino Médio, que foi de 22%, no mesmo período de 10 anos. Em 1999, segundo dados do MEC/INEP, tivemos uma matrícula de 5.067.082 crianças: 831.804 nas creches e 4.235.278 na pré-escola, um aumento de 43%, em 10 anos. Em 2009, segundo dados do Censo Escolar (INEP), tivemos uma matrícula de 6.762.631 crianças: 1.896.363 nas creches e 4.866.268 na pré-escola, um aumento de 33%, nos últimos 10 anos. UNIDADE 1 | DETERMINANTES HISTÓRICOS E SOCIAIS DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL 32 2 A EDUCAÇÃO INFANTIL FRENTE ÀS NECESSIDADES DA CRIANÇA A Educação Brasileira apresentou poucos avanços nos séculos anteriores ao século XX, no que se refere a políticas, legislação e atendimento. Falando em Educação Infantil a situação era precária, quase nada se fez para atender as necessidades da pequena infância. O retrato da situação pode ser constatado no relato de Carlos Artur Moncorvo Filho (1929 apud KRAMER, 1992) que organizou o histórico da proteção à infância no Brasil em três períodos. Durante o 1° período, do descobrimento até 1874, pouco se fazia no Brasil pela “infância desditosa”, tanto do ponto de vista da proteção jurídica quanto das alternativas de atendimento existentes. O 2° período, de 1874 até 1889, caracterizar-se-ia, sobretudo, pela existência de projetos elaborados por grupos particulares, em especial médicos, que tratavam do atendimento a crianças. Tais projetos não eram concretizados. No 3° período, se intensificaram os progressos no campo da higiene infantil, médica e escolar. Durante as duas primeiras décadas do século XX, várias instituições foram fundadas e diversas leis promulgadas, visando ao atendimento da criança. NOTA Caro acadêmico, para ampliar o conhecimento desta temática, consultar KRAMER, Sônia. A política do pré-escolar no Brasil: a arte do disfarce. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1992. 3 O NASCIMENTO DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL Nas três últimas décadas do século XIX, a ideia de proteger a infância começava a despertar, mas o atendimento se restringia a iniciativas isoladas que tinham, portanto, um caráter localizado. Assim mesmo aquelas instituições, dirigidas às classes desfavorecidas, como, por exemplo, o Asilo de Meninos Desvalidos, fundado no Rio de Janeiro em 1875 (Instituto João Alfredo), os três institutos de Menores Artífices, fundados em Minas em 1876, ou os colégios e associações de amparo à infância (como o 1° Jardim de Infância do Brasil, Menezes Vieira, criado em 1875 e fechado logo em seguida, por falta de apoio do Poder Público), eram insuficientes e quase inexpressivas frente à precária situação de saúde e educação da população brasileira. TÓPICO 2 | A EDUCAÇÃO INFANTIL BRASILEIRA 33 Se até os primeiros anos da República fora praticamente nulo o movimento em função da puericultura e da escolarização, no princípio do século XX a situação começava a se alterar. Caracterizava o 3° período de proteção à infância do Brasil, texto organizado por Carlos Artur Moncorvo Filho, que dizia que a intenção existente em determinados grupos era de diminuir a apatia que dominava as esferas governamentais quanto ao problema da criança. Dentre esses grupos, encontrava- se Moncorvo Filho, o fundador do Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Brasil, com sede no Rio de Janeiro. Criado em 1899, o instituto tinha como objetivos: atender aos menores de oito anos; elaborar leis que regulassem a vida e a saúde dos recém-nascidos; regulamentar
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