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Marianna Lopes – 6° semestre FTC D O E N Ç A I N T E R S T I C I A L DEFINIÇÃO As doenças intersticiais pulmonares, no indivíduo imunocompetente, são um grupo heterogêneo de doenças do trato respiratório inferior, que se agrupam por possuírem um quadro clínico, radiológico e funcional semelhantes (mas fisiopatologia é diferente) • Em indivíduos imunodeprimidos, há outras muitas causas *Anatomia de alvéolos (espaço cheio de ar com células do epitélio respiratório), capilares pulmonares (artéria com sangue venoso e veia com sangue arterial, além de vasos linfáticos) e do espaço intersticial pulmonar Fisiologia O processo de transporte dos gases necessita ultrapassar o tecido demarcador e, por isso, quando o tecido estiver muito espessado, cheio de líquido ou inflamado (perda da elasticidade normal – redução de tamanho e aumento de força para respirar, causando menor CV e dispneia respectivamente), desenvolve-se dificuldade de oxigenar o sangue • Oxigênio, por difusão, vem do ambiente de maior pressão (alvéolo) para a hemácia • Gás carbônico, por difusão também, vem do ambiente de maior pressão (hemácia) para o alvéolo Fisiopatologia • Agressão tissular • Ativação e aumento da permeabilidade do endotélio • Trombose e trombólise capilar • Lesão epitelial e ativação • Ativação, proliferação e influxo leucocitário • Lesão tissular, remodelamento e fibrose *Vê-se inicialmente uma lesão no alvéolo, a depender da etiologia da doença, e o epitélio começa a produzir muitos fatores inflamatórios (ex. PDGF, TGF-β, TNF-α), que atraem célula inflamatórias (inclusive fibroblastos na cicatriz, sendo que alguns são miofibroblastos e possuem a capacidade de encolher – aspecto de repuxamento da cicatriz) e, ao fim do processo, o pulmão perde a complacência e reduz seu tamanho, mas percebe-se que a intensidade da inflamação dita uma doença leve ou uma destruição maior do pulmão ETIOLOGIAS DPI com etiologias conhecidas A injúria alveolar se dá por exposições ambientais e ocupacionais, fármacos, doenças do tecido conjuntivo, doenças infecciosas e neoplasias Com a baixa complacência (redução da CV e do volume residual), o pulmão passa a ter uma baixa oxigenação e, para compensar isso, desencadeia uma força maior nos músculos da respiração para “esticar” o pulmão • Baixa oxigenação e maior força muscular são causas da dispneia nesse caso Marianna Lopes – 6° semestre FTC Exemplos • Inalação de sílica (silicose inicia a deposição de cristais no epitélio alveolar) • Vazamento de gás em polo petroquímico e trabalho em pedreiras • Contato com pena de galinha (pneumonite por hipersensibilidade) • Fármacos (antiarrítmico amiodarona causa fibrose) • Quimioterápicos e radioterapia (lesão actínica) • LER (vasculite inflama capilares pulmonares) DPI com etiologias desconhecidas • Doenças granulomatosas (ex. sarcoidose – agride vasos linfáticos pulmonares) • Pneumonias intersticiais idiopáticas (ex. fibrose pulmonar idiopática) • Entidades específicas, definidas por achados anatomopatológicos (ex. proteinose alveolar, histiocitose pulmonar de células de Langerhas e linfangioleiomiomatose) SINAIS E SINTOMAS • Dispneia e tosse seca o Comum a muitas doenças, como IC descompensada, derrame pleural, asma, DPOC • Dor torácica (doenças específicas) o Comum em doenças específicas (ex. doenças colagenosas – dor articular na costela) • Creptos (sinal de estertoração crepitante do tipo velcro é muito típico) o Alvéolo inflamado tende a colabar e, na próxima inspiração, quando ele é aberto abruptamente, remete ao som de rolha sendo aberta e os milhares de alvéolos juntos formam um som do tipo velcro (estertoração crepitante inspiratória fina ou estretor crepitante) • Cianose e baqueteamento digital (sinais de gravidade) • Sinais e sintomas das doenças de base DIAGNÓSTICO Teste de difusão do monóxido de carbono (DLCO) Exame complementar mais sensível para diagnóstico das doenças intersticiais, sendo o 1º a se alterar • O paciente inspira e prende um ar combinado de hélio e CO durante 10s, mas, nessa pausa inspiratória, a concentração no alvéolo fica estável para o hélio, que não é absorvido pela hemácia, enquanto o monóxido de carbono, que tem a taxa de transporte/difusão maior do que o oxigênio e o CO², tem concentração reduzida com sua difusão no sangue o Quanto mais rápida for a queda da concentração de CO, mais se ratifica que a unidade respiratória está funcionando bem (indica boa difusão) o Nas doenças intersticiais pulmonares, o tecido se espessa com a microtrombose dos capilares e o gás não consegue ou passa lentamente para o sangue (indica difusão reduzida) Outros exames • Anamnese e exame físico • Função pulmonar (espirometria, oximetria e gasometria) o Espirometria: Pode estar normal, mas como o pulmão é reduzido, o exame pode apontar restrição (o gráfico não atinge a altura normal – CVF reduzida, mas relação VEF1/CVF é normal) • Imagem (radiograma e TC de tórax) • Biópsia pulmonar (cirúrgica ou criobiópsia): A biópsia por vídeo pode mostrar um pulmão pouco insuflado e então se retira um pedaço do tecido pulmonar para análise microscópica • Broncoscopia: Aparelho que também permite biópsia (a pinça de biópsia traz um pedaço amassado do pulmão – não avalia arquitetura) Marianna Lopes – 6° semestre FTC • Criobiópsia: Para avaliar a organização celular espacial, congela-se uma região do pulmão com gás (biópsia conelada) *Vê-se RX com espessamento septal intersticial de padrão reticular (espaço intersticial espesso passa a aparecer no RX com linhas brancas) com padrão simétrico e predominância nas bases pulmonares, sendo que na periferia há uma cor branca mais intensa (mais inflamação por estar mais perto da pleura) e a silhueta cardíaca se torna irregular devido à pleura visceral (1ª acometida) *Vê-se o achado inespecífico e raro antes da pandemia do COVID com manchas esbranquiçadas localizadas mais no centro, onde se percebe a silhueta cardíaca e alguns vasos (opacificação branca que não apaga totalmente as estruturas do pulmão), que são causadas pelo acúmulo de líquido (da inflamação) no alvéolo ou no interstício do pulmão *Vê-se, na TC, a fibrose pulmonar idiopática com algumas imagens brancas, principalmente à esquerda, que indicam o processo intersticial na periferia do pulmão, mas também nota-se um “risco” preto, que seria formado por ar dentro do bronquíolo, aumentado porque, em ambos os lados se vê fibrose (cicatriz com miofibroblastos tracionando a parede em ambos os lados – bronquiolectasia de tração) *Vê-se a destruição pulmonar com espessamento septal, linhas tortuosas, bronquiolectasia de tração e um tecido “esburacado”, lembrando favos de mel (faveolamento ou honeycombing) TRATAMENTO • Evitar exposição/agressão • Corticoide • Anticorpos monoclonais (Nintendamibe e pirfenidona -- antifibróticos) • Imunossupressores • Oxigenoterapia domiciliar prolongada (se preciso) • Reabilitação pulmonar • Transplante pulmonar e paliação (doença avançada) A sobrevida da fibrose em 5 anos é de 30% (mortalidade de 70%), pois a queda da CV é muito rápida, indicando perda da função pulmonar • A morte é causada por exarcebações agudas na maioria dos casos, mas também pode ser por insuficiência respiratória crônica, câncer de pulmão, pneumonias e outras Marianna Lopes – 6° semestre FTC