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Ensaio filosófico: A existência
de Deus e mal no Mundo (pt-
pt)
Filosofia
3 pag.
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A existência de Deus e mal no mundo
Neste ensaio filosófico vou discutir o problema da existência do Deus Teísta e a
existência do mal no mundo. Na discussão do problema vou apresentar as várias teses
concorrentes e defender a tese formulada por William Rowe – “Problema probabilístico
do mal”. Por fim chegarei à conclusão de que a existência de Deus e mal no mundo não
são compatíveis. É importante abordar e discutir este problema porque o mal é um
problema de todos. Todos nós o enfrentamos logo temos de tentar explicar a sua
existência. Se não nos preocupássemos com a existência de Deus e do mal não seriamos
capazes de responder a questões tais como: “porque é que o mal existe?”, “se Deus
existe porque é que também existe mal no mundo?”, “é necessário existir mal no
mundo?” … Estas questões são importantes pois o mal moral e natural afeta todos os
seres humanos, logo é necessário percebemos porque é que ele existe e porque é que
Deus não impediu a existência desse mal.
Foram elaboradas várias teses que respondem a este problema entre as quais a
de William Rowe, o problema probatório do mal admite que a existência de Deus e a
existência do mal não são logicamente compatíveis. Ou seja, temos duas opções, ou
Deus queria ter criado um mundo sem o mal, mas não pôde e sendo assim não é
omnipotente, ou então Deus poderia ter criado um mundo sem mal, mas não quis e
sendo assim não é infinitamente bom. Para sustentar estas afirmações Rowe introduz os
conceitos de mal moral e de mal injustificado. Dentro do mal moral enquadram-se os
atos praticados por seres humanos enquanto o mal natural inclui a dor que resulta de
desastres naturais, doenças ou defeitos genéticos. Rowe distingue também o mal
justificado do mal não justificado. Este primeiro, se não existir leva a que se perca um
bem maior, dando assim uma justificação moral à existência desse mal, por exemplo se
o sofrimento não existisse não seriamos capazes de nos afastar de situações que nos
seriam prejudiciais, sendo assim a experiência de sofrimentos seria-nos útil. Por outro
lado, o mal não justificado, sem sentido e gratuito não leva a perca de nenhum bem
maior caso não exista, ou seja, não tem qualquer propósito benéfico. Podemos utilizar
como exemplo um animal que fica gravemente queimado durante um incêndio
provocado por um raio sofrendo 5 dias até morrer. Não podemos atribuir a culpa deste
mal a um mau uso do livre arbítrio pois o livre-arbítrio é uma característica humana,
logo um animal não o possui. Sendo Deus omnipotente seria fácil ter impedido o
sofrimento do animal como também seria difícil perceber qual seria o bem maior que
iria justificar o seu sofrimento.
Uma das objeções a esta tese é que quando Deus nos deu o livre-arbítrio deu-
nos com isso a capacidade de escolher entre fazer o bem e fazer o mal, logo nós somos
responsáveis pelas nossas ações e não Deus. Deus ter atribuído livre arbítrio aos
Homens justifica-se por ser melhor estes o terem e por vezes errarem do que não o ter e
serem “marionetas” que agem de um modo inteiramente determinado. Neste caso, a
liberdade é tratada como um bem de terceira ordem, ou seja, os males de segunda
ordem são justificados pela importância da liberdade.
Sendo Deus omnipotente ele poderia optar entre dotar os seres humanos de
livre arbítrio ou não o fazer, tal como ele próprio poderia conceber e livremente
escolher o mal. Alguns teólogos responderam que Deus poderia escolher o mal, mas
nunca o faz devido a ser sumamente bom. Sendo assim parece possível Deus conceber
seres sumamente bons que poderiam livremente escolher o mal, mas nunca o fazem.
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Se Deus não cria seres que podem livremente optar sempre por fazer o bem não
podemos afirmar que este é omnipotente e sumamente bom. Caso se defenda que a
existência do mal (escolhas incorretas) se justificam por serem necessárias para a
liberdade quer dizer que as escolhas e consequências das ações do Homens apenas são
livres se não forem determinadas pelos seus caracteres, tornando assim a liberdade
completamente aleatória e indeterminada. Só assim Deus pode ilibar-se da
responsabilidade das ações dos Homens pois as escolhas são determinadas por eles tal
como eles são. Porém levantam-se questões pois se a liberdade é aleatoriedade como é
que pode ao mesmo tempo ser característica da vontade? E seriam escolhas livres se
fossem aleatórias e não determinadas pelo agente? Para esta solução se tornar possível
teríamos de confundir dois sentidos distintos de “liberdade”: um destes justifica que a
liberdade seja um bem de terceira ordem e o sentido de pura aleatoriedade que ilibaria
Deus da decisão de criar os Homens de maneira a que agissem sempre corretamente. 
Para além disso um Deus omnipotente que crie homens com livre arbítrio, ou
seja, com vontade e escolhas próprias, significa que Deus não os pode controlar. Se não
os pode controlar não é omnipotente. Podemos evitar este problema dizendo que Deus
deu-nos a dádiva da liberdade e como tal apesar de poder controlar as nossas vontades
ele abstém-se de o fazer. Mas sendo assim, tendo Deus a capacidade de controlar as
nossas vontades Deus poderia dar aos Homens a liberdade de ter vontades boas e
intervir apenas quando estes tivessem vontades más. Se ele não o faz e sendo ele
sumamente bom, a única solução possível é que Deus fez os Homens tão livres que
deixou poder controlar as suas vontades. Isto leva-nos ao paradoxo da omnipotência. Se
admitirmos que Deus não pode criar coisas ou regras que o limitem estamos a admitir à
partida que Deus não é omnipotente. Porém se admitirmos que Deus pode criar essas
coisas ou regras estamos a admitir que ele deixa de ser omnipotente uma vez que essas
tenham sido criadas.
Leibniz também desenvolveu uma teodiceia na tentativa de defender Deus em
face do mal, com objeções à tese de Rowe dizendo que Deus, sendo omnipotente,
omnisciente e sumamente bom criou o melhor de todos os mundos possíveis, assim o
mundo que Deus criou tem de ser o melhor possível, mesmo que não pareça. Sendo
assim mesmo o melhor de todos os mundos tem partes indesejáveis, porém necessárias
para a atingir a perfeição do todo, excluindo a existência de males injustificados.
J.L. Mackie responde a este argumento afirmando que o livre-arbítrio e o mal
são logicamente separáveis logo é certo que existem mundos possíveis onde haja
possibilidade de conter bem moral sem mal moral. Sendo Deus omnipotente as suas
únicas limitações são logicas, logo não é possível afirmar que Deus seja
simultaneamente omnipotente e que só possa criar um mundo que tenha bem moral se
este também tiver mal moral. Com isto Mackie conclui que não existe um Deus
omnipotente e sumamente bom pois é fácil de perceber que o mundo em que vivemos
está longe de ser o melhor dos mundos possíveis.
Se por outro lado tivermos em atenção o mal natural vamos de encontro a outra
objeção à tese de Rowe, esta objeção afirma que o mal natural é compatível com a
existência de Deus pois este é necessário para que as pessoas sejam capazes de se
superarem realizando atos corajosos e heroicos, contudo não seria necessária a
existência de tanto mal natural para que as pessoas sejam capazes de se superem.
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https://www.docsity.com/?utm_source=docsity&utm_medium=document&utm_campaign=watermarkA objeção de Alvin Plantinga tenta mostrar que não existe nenhuma contradição
lógica entre a existência de Deus e a existência do mal através do livre arbítrio. Ao
conceder livre arbítrio aos Homens seria logicamente impossível que eliminar a
possibilidade de estes não escolherem o mal. Tal como seria logicamente impossível
Deus criar um círculo quadrado ou um solteiro casado. O facto de serem coisas
logicamente impossíveis não diminui a omnipotência de Deus. Contudo, Plantinga não
explica o mal natural nem o sofrimento extremo causado pelo mal moral.
Existem ainda argumentos gerais apresentados por diversos filósofos que
tentam explicar o motivo de Deus em permitir o mal (moral e natural). Um deles fala
sobre a dor como sistema de alerta do corpo, porém sabemos que pode existir perigo
sem existir dor e que a dor intensa pode provocar um sofrimento desnecessário que não
está a ajudar a proteger a pessoa. O argumento de que o mal existe como castigo tem
como objeção o facto de todas as pessoas serem atingidas por ele. Podemos dizer
também que o mal é necessário para a apreciar o bem, mas existe mais mal no mundo
do que seria necessário para isso. Temos ainda o argumento da analogia artística que
afirma as falhas acabam por contribuir para a beleza e harmonia geral no mundo, porém
é difícil compreender como é que o sofrimento extremo contribui para tal e se Deus
permite o sofrimento por motivos estéticos parece mais um sádico do que sumamente
bom.
Após analisar o problema probatório do mal onde se tenta demonstrar a
inconsistência da existência de Deus com a existência do mal e a defesa do livre arbítrio
por Plantinga que afirma o contrário, ou seja, que a existência do mal se deve ao livre
arbítrio posso concluir que a existência de tanto mal moral e natural não é compatível
com a existência do Deus teísta. A violência do mundo natural, as doenças, as grandes
catástrofes etc. indicam que Deus não está preocupado com a vida, deixando assim
dúvidas em relação aos fundamentos das religiões teístas.
Webgrafia: 
o PowerPoints disponibilizados pela professora
o Textos disponibilizados pela professora (William I. Rowe – Problema do mal; J. 
L. Mackie – Mal e Omnipotência; Alvin Plantinga – Deus, a Liberdade e o Mal)
o https://estadodaarte.estadao.com.br/leibniz-e-o-problema-do-mal/ 
o https://pt.wikipedia.org/wiki/Paradoxo_da_omnipot%C3%AAncia 
o https://pt.wikipedia.org/wiki/A_defesa_do_livre_arb 
%C3%ADtrio_de_Alvin_Plantinga#Deprava%C3%A7%C3%A3o_transmundial
o https://pt.wikipedia.org/wiki/A_defesa_do_livre_arb 
%C3%ADtrio_de_Alvin_Plantinga#O_lapso_de_Leibniz
Guilherme Gusmão 
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https://estadodaarte.estadao.com.br/leibniz-e-o-problema-do-mal/
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_defesa_do_livre_arb%C3%ADtrio_de_Alvin_Plantinga#O_lapso_de_Leibniz
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_defesa_do_livre_arb%C3%ADtrio_de_Alvin_Plantinga#O_lapso_de_Leibniz
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_defesa_do_livre_arb%C3%ADtrio_de_Alvin_Plantinga#Deprava%C3%A7%C3%A3o_transmundial
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_defesa_do_livre_arb%C3%ADtrio_de_Alvin_Plantinga#Deprava%C3%A7%C3%A3o_transmundial
https://pt.wikipedia.org/wiki/Paradoxo_da_omnipot%C3%AAncia
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