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NEUROLOGIA – LARISSA MENEZES DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO: SD PARKINSONIANA • São as doenças dos núcleos da base ou doenças extrapiramidais • Podem se dar porque tem movimento demais (liberação – movimentos involuntários) ou de menos (inibição – Sd. Parkinsoniana) • Síndrome hipocinética e hipertônica • Tremor de repouso, assimétrico, melhora com movimento • Bradicinesia: lentidão para realizar os movimentos • Rigidez plástica: aumento do tônus muscular (o membro fica no lugar em que se coloca ele passivamente) ✓ Sinal da roda denteada ou sinal do cano de chumbo: resistência grande durante todo o movimento • Instabilidade postural • Bradicinesia + pelo menos 1: tremor de repouso, rigidez e instabilidade postural! • Marcha parkinsoniana: ✓ Marcha em pequenos passos ✓ Corpo inclinado para frente (buscando o centro de gravidade) ✓ Tremor de extremidades (“contando moedas”) ETIOLOGIA • Após descobrir a síndrome, investiga qual etiologia • Sempre rever a lista de medicamentos em idosos para procurar causas iatrogênicas • Investigar também causas secundarias! DOENÇA DE PARKINSON • Morte de neurônios dopaminérgicos da substância nigra é o principal acometimento, NEUROLOGIA – LARISSA MENEZES mas pode acometer outras áreas e tem manifestações não motoras • Doença degenerativa da substância negra mesencefalica • Idosos SISTEMA EXTRA PIRAMIDAL o Córtex pré motor → Libera o movimento o Substância negra → Produz dopamina que inibe a acetilcolina o Estriado → Produz acetilcolina que inibe o córtex pré motor o Dopamina diminuída → Estriado ativado/Acetilcolina aumentada → Diminuição da atividade motora/Córtex motor inibido → Tremor fino, paciente lentificado e duro FISIOPATOLOGIA o Evento inicial: degeneração progressiva da substância negra mesencefálica. A substância negra participa do sistema extrapiramidal, composto também pelos núcleos da base e pelo córtex prémotor frontal. Este sistema é responsável pelo automatismo e modulação dos movimentos. Os neurônios da substância negra são dopaminérgicos e inibem os neurônios colinérgicos do corpo estriado, através do feixe nigroestriatal. Na doença de Parkinson, o corpo estriado (putâmen e núcleo caudado) e o globo pálido interno encontram- se ativados. Este último, ativa núcleos talâmicos que, por sua vez, mandam fibras inibitórias para o córtex pré-motor CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS o Tétrade: ▪ Tremor de repouso do tipo “contar dinheiro” ou do tipo pronaçao-supinação ▪ Bradicinesia ▪ Rigidez em “roda denteada” ▪ Instabilidade postural o Após os 55 anos o Inicio insidioso unilateral ou assimétrico, geralmente acompanhada de tremo, bradicinesia e rigidez em MMSS o Tremor em repouso é muito comum, se não tiver considerar outros DDX. Pode ser tremor postural ou cinético o Alterações na postura podem ser precoces, mas a instabilidade postural (tendencia a queda) é tardia o Boa resposta a levodopa (se não responder também pensar em DDX) o Pode haver congelamento (acinesia) e facies de múmia (perda de expressão facial) o Sinal de Myerson: não esgotamento do reflexo de piscar após sucessivos toques na glabela o Força muscular e reflexos tendinosos e cutâneos-plantar estão normais o A dificuldade de parar a marcha para frente, para trás ou virar para o lado é frequente, sendo chamada propulsão, retropulsão e lateropulsão, respectivamente o Manifestações clínicas não motoras/não dopaminérgicas: ▪ Anosmia ▪ Distúrbios do humor e do sono ▪ Psicose ▪ Disautonomias ▪ Alteração cognitiva DIAGNÓSTICO o Clínica + Exclusão o DDX: ▪ Drogas: neurolépticos (especialmente o haloperidol), metoclopramida, cinarizina e flunarizina ▪ Doença de Wilson ▪ Paralisia supranuclear progressiva ▪ Síndrome de Shy-Drager ▪ Hidrocefalia comunicante normobárica ▪ Demência vascular multi-infarto TRATAMENTO o Fisioterapia o Terapia ocupacional o Não existe tratamento que impeça a progressão, mas apenas daqueles que promovem qualidade de vida o Agonistas dopaminérgicos o Levodopa: ▪ Não modifica a doença ▪ É o melhor medicamento ▪ Perde o efeito com o tempo, necessitando de altas doses, fazendo discinesia (oposto do Parkinson) o Anticolinérgicos: ▪ Truixfenidil, Benztropina e Biperideno NEUROLOGIA – LARISSA MENEZES ▪ Para tremor em pacientes mais jovens, cujo tremor seja o sintoma predominante ▪ Não deve ser utilizado em pacientes acima de 65 anos, pois levam a confusão mental, retenção urinária, borramento visual e constipação intestinal o Inibidores da COMT: ▪ COMT: enzima que degrada a dopamina ▪ Tolcapone, Entacapone, Opicapone ▪ Indicado na flutuação motora e com uso da Levodopa o Inibidores da MAO-B: ▪ Selegilina, Rasagilina, Safinamida ▪ Neuroproteção (em estudo ainda) ▪ Deve ser limitado a pacientes com doença de Parkinson inicial o Amantidina: ▪ Antiviral que aumenta a dopamina ▪ Bloqueia a recaptaçao de serotonina na fenda sináptica ▪ Indicado no tratamento das discinesias ▪ Promove piora cognitiva e confusão mental o Agonistas dopaminérgicos: ▪ Pramipexol, Ropinerol ▪ Terapia inicial (pacientes mais jovens) o Com a evolução da doença, o paciente tende a apresentar complicações motoras (discinesias e flutuações), sintomas neuropsiquiátricos e sintomas que não respondem (freezing – congelamento súbito – , instabilidade postural, disfunção autonômica, demência) PAKINSON-PLUS/ PARKINSONISMO ATÍPICO • Doenças neurodegenrativas que se expressam por parkinsonismo + outros sinais e sintomas que as distinguem da doença de Parkinson • Geralmente é simétrico e responde mal à levodopa • Tratamento com reabilitação • São sinais de alerta de que a patologia do paciente não seja doença de Parkinson, mas outra patologia neurodegenerativa • Disfunção precoce da fala • Instabilidade postural precoce • Rigidez axial > Apendicular • Disfunção autonômica • Disfagia • Resposta pobre a levodopa • Sinais piramidais, sinais cerebelares, disautonomia em fases precoces, quedas muito frequentes iniciais, apraxia, demência não muito tardia, estridor laríngeo, mioclonia reflexas ATROFIA DE MULTIPLOS SISTEMAS o Pakinsonismo associado a sintomas disautonômicos precoces (hipotensão ortostática, disfunção erétil, incontinência urinaria) e ataxia cerebelar o RM: Sinal da cruz na ponte PARALISIA SUPRANUCLEAR PROGRESSIVA o Parkinsonismo com alteração da marcha, com tendencia a quedas desde o inicio dos sintomas e paralisia dos movimentos oculares verticais, especialmente no olhar para baixo o RM: Atrofia no mesencéfalo (sinal do beija- flor) DEGENERAÇÃO CORTICOBASAL o Parkinsonismo assimétrico, com distonia de um MMSS ou cervical, apraxia unilateral e presença de membro alienígena (levitação de um membro quando o paciente está concentrado em alguma atividade) NEUROLOGIA – LARISSA MENEZES o Comprometimento cognitivo e alterações comportamentais DEMÊNCIA COM CORPÚSCULOS DE LEWY o Parkinsonismo com alteração cognitiva precoce e alucinações visuais bem elaboradas o Antipsicóticos (quetiapina) podem piorar o quadro PARKINSONISMO MEDICAMENTOSO o Causado pelo uso de fármacos que bloqueiam o Tratamento: retirada ou substituição do fármaco, se possível PAKINSONISMO VASCULAR o Parkinsonismo predomina em MMII, com alteração de equilíbrio e marcha o Fatores de risco cardiovasculares frequentes o Neuroimagem: múltiplos infartos nas regiões dos núcleos da base ou doença difusa da substância branca (leucoaraiose) o Tratamento: controle dos fatores de risco e mais de 50% dos pacientes apresentam alguma resposta à levodopaNEUROLOGIA – LARISSA MENEZES DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO: MOVIMENTOS INVOLUNTÁRIOS TREMOR • Movimento oscilatório, rítmico, que ocorre sempre em torno do mesmo eixo • É o transtorno de movimento mais prevalente na população CLASSIFICAÇÃO o De acordo com o grau de movimentação do membro o Tremor de repouso: ▪ Síndrome parkinsoniana ▪ Núcleos da base afetados o Tremor de ação: ▪ Ocorre durante uma ação propriamente dita ou durante uma postura o De intenção: aparece ou piora ao se aproximar do alvo. Pensar sem síndrome cerebelar o Geral: ao fazer qualquer movimento. Tremor fisiológico é normal, todos tem. Na maioria das pessoas não é visível, mas existe uma ação rítmica da contração. Mas ele pode ser aumentado por estresse, ansiedade, fadiga, emoções, causas endócrinas e drogas (beta agonistas, corticoides, VPA, tricíclicos, lítio, anfetaminas, cefeina, neurolépticos). Pode haver tremor essencial e outras causas o Tremor essencial: ▪ Geralmente ocorre em MMSS de forma bilateral e simétrica ▪ Pelo menos 3 anos de duração ▪ Inicia de forma lenta/insidiosa, com pico de inicio após a adolescência ou após os 50 anos ▪ Historia familiar em 17 a 100% ▪ Melhora com ingestão de bebida alcoolica ▪ Não tem outros sinais neurológicos, como distonia, ataxia ou parkinsonismo, APENAS o tremor ▪ Parece algo inocente, mas pode ter grande impacto na vida do individuo ▪ Tremor cinético (presente durante o movimento) e postural de alta frequencia e baixa amplitude ▪ Acomete MMSS e/ou cervical, pode também acometer voz e MMII ▪ Tratamento sintomático: propranolol, primidona DISTONIA • É um tipo de movimento involuntário que, em geral, deve ser investigado pelo especialista • Corresponde a um movimento com contração sustentada (movimentos mais lentos que até podem ser rápidos, mas tem pico sustentado) • Padronizado: envolvimento repetitivo é do mesmo grupo de músculos, ou seja, há predominância direcional. Há tendencia de o movimento deslocar o segmento corporal para a mesma direção • Produzem torção • Faz o indivíduo assumir determinada postura NEUROLOGIA – LARISSA MENEZES • Existem distonias focais, em que uma parte específica do corpo é afetada pela distonia • O tratamento pode ser aplicação de toxina botulínica no local acometido: pálpebras, cervical, mãos CORÉIA • Contrações imprevisíveis (não sabe que movimento o membro vai fazer, com movimentos mais ondulatórios) • O termo coreia vem do grego “dança” • Síndroma coreia: a topografia que leva a síndrome é nos núcleos da base • Pode ser generalizada ou hemicoreia ETIOLOGIA o Genética: ▪ Doença de Huntington: principal causa no adulto (exceto a medicamentosa) ▪ Fenocopias de DH ▪ Coreia hereditária benigna ▪ Outras o Não-genetica: ▪ Induzida por drogas ▪ Vascular ▪ Infecciosa ▪ Imunológica ▪ Metabólica/endócrina ▪ Outras COREIA DE SYDENHAM o É a principal cauda de coreia em crianças o Idade de inicio: 9 +- 3 anos o Mais comum em meninas (0,86) o Generalizada ou hemicoreia o Hipotonia o Alterações de comportamento o Pode ocorrer após algumas semanas da infecção por estreptococo beta-hemolitico do grupo A o É um dos critérios maiores de diagnostico de febre reumática o Buscar evidencia de infecção estreptocócica previa por meio de culturas de orofaringe e detecção de anticorpos antiestreptolisina O (ASLO) o Cardite em 80%: afeta muito a morbimortalidade e é a principal preocupação o Tratamento: valproato de sódio, evitar neurolépticos o Profilaxia: penicilina benzatina mensal por 10 anos ou até 21 anos em caso de cardite; por 5 anos ou até 21 anos em casos não associados a cardite COREIA NO LES o Raro o Geralmente precede o diagnostico de LES o Coreia de inicio agudo em mulheres jovens deve pesquisar LES o Tratamento: imunossupressão, anticoagulantes COREIA METABÓLICA-ENDÓCRINA o Tireotoxicose o Insuficiência hepática o Insuficiência adrenal o Hiper/hipoglicemia o Hiper/hipocalcemia o Hipernatremia o Hipomagnesemia DOENÇA DE HUNTINGTON o Doença rara 4 a 10/100000 o Autossômica dominante e degenerativa o Inicio 30-50 anos o Tríade clínica: ▪ Coreia generalizada ▪ Alterações psiquiátricas ▪ Demência NEUROLOGIA – LARISSA MENEZES o Evolução progressiva e não tem cura o Diagnostico atualmente é molecular (faz um teste genético para doença) o Tratamento: antipsicóticos para controle sintomático; reabilitação o Não há terapia que controle a progressão da doença no momento NEUROLOGIA – LARISSA MENEZES DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO: OUTRAS DÇS DEGENERATIVAS DOENÇA DE WILSON • Na córnea, há um halo dourado ao redor. É o anel de Kaiser-Fleischer, por deposição de cobre. Se não visível a olho nu, usa-se uma lâmpada de fenda para visualizar. No exame de imagem, vai haver alteração nos núcleos da base. • Ocorre mutação em gene que codifica proteína carreadora de cobre; como ela está afetada, o Cu não é empacotado para liberação por meio da bile. Deposita-se no hepatócito e depois em outros tecidos. • O Cu ingerido pela dieta normalmente sai nas fezes após excreção biliar. Na doença de Wilson, esse mecanismo está prejudicado, de modo que o Cu vai para o sangue e depois se deposita em outros locais (córnea, SNC, rins, coração). Pode ser solicitada a dosagem da ceruloplasmina sérica (que vai reduzir, pois é a ele que o cobre sérico se liga), cobre sérico total (também vai reduzir), cobre sérico livre (aumentado) e excreção urinária de cobre (aumentada). • Pode dar alterações neurológicas (transtornos de movimento, por exemplo) e psiquiátricas. • Sempre pensar nela em caso de quadro neurológico precoce. Quando chega ao quadro neurológico, é porque já está avançado, então já vai haver outras alterações.A doença de Wilson é tratável. Se o DDx for precoce, pode- se lidar com a doença simplesmente agindo sobre a absorção intestinal de cobre. Assim, entra como DDxD em hepatopatias, especialmente em crianças e adolescentes. • Se não houver o DDx, a evolução é o óbito! MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS o Sistêmicas: ▪ Hepáticas ▪ Oftalmológicas ▪ Hematológicas (anemia hemolítica) ▪ Renais ▪ Esqueléticas ▪ Cardíacas ▪ Dermatológicas o Neurológicas: ▪ Distonia ▪ Riso sardônico NEUROLOGIA – LARISSA MENEZES ▪ Parkinsonismo ▪ Ataxia ▪ Tremor postural em “bater as asas” ▪ Disartria o Psiquiátricas: ▪ Depressão ▪ Psicoce ▪ Alteração de comportamento DIAGNÓSTICO o Quadro clinico o Presença de ceruloplasmina ou cobre sérico baixos o Cobre urinário elevado o Evidencia de anel de Kayser-Fleischer o RM: hiper-sinal em T2 e FLAIR em núcleos da base e tronco (sinal do panda) TRATAMENTO o D-Penicilamina (quelante de cobre) ▪ Se efeitos colaterais intoleráveis, deve usar sais de zinco
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