Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INTRODUÇÃO A PSICOPEDAGOGIA Equipe de Elaboração Grupo ZAYN Educacional Coordenação Geral Ana Lúcia Moreira de Jesus Gerência Administrativa Marco Antônio Gonçalves Professor-autor M.ª Thaís de Sousa e Souza Coordenação de Design Instrucional do Material Didático Eliana Antônia de Marques Diagramação e Projeto Gráfico Cláudio Henrique Gonçalves Revisão Ana Lúcia Moreira de Jesus Mateus Esteves de Oliveira GRUPO ZAYN EDUCACIONAL Rua Joaquim Pinto Lara, N° 87 2ºAndar – Centro Piracema –MG CEP: 35.536-000 TEL: (31) 3272-6646 ouvidoria@institutozayn.com.br pedagogico1@institutozayn.com.br Boas-vindas Olá! É com grande satisfação que o Grupo ZAYN Educacional agradece por escolhê-lo para realizar e/ou dar continuidade aos seus estudos. Nós do ZAYN estamos empenhados em oferecer todas as condições para que você alcance seus objetivos, rumo a uma formação sólida e completa, ao longo do processo de aprendizagem por meio de uma fecunda relação entre instituição e aluno. Prezamos por um elenco de valores que colocam o aluno no centro de nossas atividades profissionais. Temos a convicção de que o educando é o principal agente de sua formação e que, devido a isso, merece um material didático atual e completo, que seja capaz de contribuir singularmente em sua formação profissional e cidadã. Some-se a isso também, o devido respeito e agilidade de nossa parte para atender à sua necessidade. Cuidamos para que nosso aluno tenha condições de investir no processo de formação continuada de modo independente e eficaz, pautado pela assiduidade e compromisso discente. Com isso, disponibilizamos uma plataforma moderna capaz de oferecer a você total assistência e agilidade da condução das tarefas acadêmicas e, em consonância, a interação com nossa equipe de trabalho. De acordo com a modalidade de cursos on-line, você terá autonomia para formular seu próprio horário de estudo, respeitando os prazos de entrega e observando as informações institucionais presentes no seu espaço de aprendizagem virtual. Por fim, ao concluir um de nossos cursos de pós-graduação, segunda licenciatura, complementação pedagógica e capacitação profissional, esperamos que amplie seus horizontes de oportunidades e que tenha aprimorado seu conhecimento crítico a cerca de temas relevantes ao exercício no trabalho e na sociedade que atua. Ademais, agradecemos por seu ingresso ao ZAYN e desejamos que você possa colher bons frutos de todo o esforço empregado na atualização profissional, além de pleno sucesso na sua formação ao longo da vida. "Independentemente da área de atuação, o profissional precisa conhecer e compreender como se dá o processo de construção do conhecimento, assim como conhecer as dificuldades de aprendizagem e possíveis formas de intervenção. Precisa saber até onde pode ajudar e o momento certo para fazer o encaminhamento. Seu trabalho nunca é individual; deve buscar constante aprimoramento”. Cristiane Carminati Maricato Organização do conteúdo: Prof.ªM.ª Thaís de Sousa e Souza INTRODUÇÃO A PSICOPEDAGOGIA GRUPO ZAYN EDUCACIONAL EMENTA: Nesta disciplina você estudará sobre os fundamentos da psicopedagogia; sobre as diferentes abordagens; o atendimento psicopedagógico; o método e a técnica na clínica psicopedagógica e institucional e introdução a prática, intervenção e prevenção de problemas de dificuldades de aprendizagem no âmbito clínico e institucional. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO - Introdução: a Psicopedagogia; 1. Definindo a Ação Psicopedagógica; 2. Os Fundamentos da Psicopedagogia Clínica e Institucional; 3. Intervenção e Prevenção de Problemas de Dificuldades de Aprendizagem no Âmbito Clínico e Institucional; - Leitura Complementar; - Referências. CARACTERIZAÇÃO DA DISCIPLINA Disciplina: INTRODUÇÃO A PSICOPEDAGOGIA EMENTA Nesta disciplina você estudará sobreos fundamentos da psicopedagogia institucional; sobre as diferentes abordagens da psicopedagogia clínica e institucional; o atendimento psicopedagógico; o método e a técnica na clínica psicopedagógica e institucional e introdução a prática, intervenção e prevenção de problemas de dificuldades de aprendizagem no âmbito clínico e institucional. OBJETIVOS Estabelecer a correlação entre as particularidades das redes de relacionamento da aprendizagem. Fornecer elementos que subsidiem atitudes ética, critica e reflexiva sobre as tarefas do profissional em Psicopedagogia nos diferentes âmbitos onde ocorre a aprendizagem clínica ou institucional. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO - Introdução: a Psicopedagogia 1. Definindo a Ação Psicopedagógica 2. Os Fundamentos da Psicopedagogia Clínica e Institucional 3. Intervenção e Prevenção de Problemas de Dificuldades de Aprendizagem no Âmbito Clínico e Institucional - Leitura Complementar - Referências SUMÁRIO Introdução: a Psicopedagogia 07 1. Definindo a Ação Psicopedagógica 08 2. Os Fundamentos da Psicopedagogia 12 3. Intervenção e Prevenção de Problemas de Dificuldades de Aprendizagem no Âmbito Clínico e Institucional 14 Leitura Complementar 25 Referências 25 7 FUNDAMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA Introdução: a Psicopedagogia Ouvimos muito falar sobre a Psicopedagogia, mas sempre fazemos relação com o atendimento clínico. A verdade é que os cursos de Psicopedagogia formam profissionais aptos para trabalhar tanto na área clínica como na institucional; no caso desta última, trata-se de instituições escolar, hospitalar e empresarial. Existe alguma diferença na atuação do profissional clínico e institucional, ou é apenas uma questão de ambientes diferentes? Sim existe. O Psicopedagogo clínico trabalha em consultório atendendo crianças, jovens ou adultos, com dificuldades de aprendizagem, tendo a parceria de outros profissionais (Pediatra, Neuropediatra, Fonoaudiólogo, Psicólogo, Psicomotricista, dentre outros) para o caso de haver necessidade de encaminhamento. Neste caso, o profissional atua em uma linha terapêutica, onde diagnostica, desenvolve técnicas remediativas, orienta pais e professores de forma que seu trabalho seja integrado e não individual. Já o Psicopedagogo institucional dá assistência aos professores e a outros profissionais da instituição escolar para melhoria das condições do processo de ensino-aprendizagem, assim como para prevenção dos problemas de aprendizagem. Utilizando de técnicas e métodos próprios, possibilita a intervenção Psicopedagógica visando à solução de problemas de aprendizagem em espaços institucionais. Juntamente com toda a equipe escolar procura construir um espaço adequado às condições de aprendizagem e consequentemente evitando comprometimentos. Dentre suas atribuições, destacam-se: Participação na dinâmica das relações da comunidade educativa a fim de favorecer o processo de integração e troca. Orientações metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos. Realização do processo de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo. 8 Contribuição com as relações, visando à melhoria da qualidade das relações inter e intrapessoais dos indivíduos de toda a comunidade escolar. Desenvolvimento de projetos socioeducativos, a fim de resgatar valores e autoconhecimento. Desenvolvimento de ações preventivas, detectando possíveis perturbações no processo de ensino- aprendizagem. Existe alguma semelhança na atuação do profissional clínico e institucional?Sim existe. Independentemente da área de atuação, o profissional precisa conhecer e compreender como se dá o processo de construção do conhecimento, assim como conhecer as dificuldades de aprendizagem e possíveis formas de intervenção. Precisa saber até onde pode ajudar e o momento certo para fazer o encaminhamento. Seu trabalho nunca é individual; deve buscar constante aprimoramento. 1. Definindo a Ação Psicopedagógica Considerando a escola responsável por grande parte da formação do ser humano, o trabalho do Psicopedagogo na instituição escolar tem um caráter preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para solução dos problemas. Com esta finalidade e em decorrência do grande número de crianças com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios que englobam a família e a escola, a intervenção psicopedagógica ganha, atualmente, espaço nas instituições de ensino. O papel do psicopedagogo escolar é muito importante e pode e deve ser pensado a partir da instituição, a qual cumpre uma importante função social que é socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo, ou seja, através da aprendizagem, o sujeito é inserido, de forma mais organizada no mundo cultural e simbólico que incorpora a sociedade. Para tanto, prioridades devem ser estabelecidas, dentre elas: diagnóstico e busca da identidade da escola, definições de papéis na dinâmica relacional em busca de funções e identidades, diante do aprender, análise do conteúdo e reconstrução conceitual, além do papel da escola no diálogo com a família. 9 Na abordagem preventiva, o psicopedagogo pesquisa as condições para que se produza a aprendizagem do conteúdo escolar, identificando os obstáculos e os elementos facilitadores, sendo isso uma atitude de investigação e intervenção. Trabalhando de forma preventiva, o psicopedagogo preocupa-se especialmente com a escola, que é pouco explorada e há muito que fazer, pois grande parte da aprendizagem ocorre dentro da instituição, na relação com o professor, com o conteúdo e com o grupo social escolar como um todo. Na visão de Fagali e Vale (FAGALI; VALE, 2002, p. 10) “... trabalhar as questões pertinentes às relações vinculares professor-aluno e redefinir os procedimentos pedagógicos, integrando o afetivo e o cognitivo, através da aprendizagem dos conceitos, nas diferentes áreas do conhecimento”. O trabalho psicopedagógico terá como objetivo principal trabalhar os elementos que envolvem a aprendizagem de maneira que os vínculos estabelecidos sejam sempre bons. A relação dialética entre sujeito e objeto deverá ser construída positivamente para que o processo ensino-aprendizagem seja de maneira saudável e prazerosa. O desenvolvimento de atividades que ampliem a aprendizagem faz-se importante, através dos jogos e da tecnologia que está ao alcance de todos. Com isso, há a busca da integração dos interesses, raciocínio e informações que fazem com que o aluno atue operativamente nos diferentes níveis de escolaridade. Por isso, a educação deve ser encarada como um processo de construção do conhecimento que ocorre como uma complementação, cujos lados constituem de professor e aluno e o conhecimento construído previamente. O psicopedagogo pode atuar em diversas áreas, de forma preventiva e terapêutica, para compreender os processos de desenvolvimento e das aprendizagens humanas, recorrendo a várias estratégias objetivando se ocupar dos problemas que podem surgir. Numa linha preventiva, o psicopedagogo pode desempenhar uma prática docente, envolvendo a preparação de profissionais da educação, ou atuar dentro da própria escola. Na sua função preventiva, cabe ao psicopedagogo detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem; participar da dinâmica das relações da comunidade educativa a fim de favorecer o processo de integração e troca; promover orientações metodológicas de acordo com as características dos 10 indivíduos e grupos; realizar processo de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo. Numa linha terapêutica, o psicopedagogo trata das dificuldades de aprendizagem, diagnosticando, desenvolvendo técnicas remediativas, orientando pais e professores, estabelecendo contato com outros profissionais das áreas psicológicas, psicomotora. Fonoaudiológica e educacional, pois tais dificuldades são multifatoriais em sua origem e, muitas vezes, no seu tratamento. Esse profissional deve ser um mediador em todo esse processo, indo além da simples junção dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia. Neste contexto, o psicopedagogo institucional, como um profissional qualificado, está apto a trabalhar na área da educação, dando assistência aos professores e a outros profissionais da instituição escolar para melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para prevenção dos problemas de aprendizagem. Por meio de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita uma intervenção psicopedagógica visando à solução de problemas de aprendizagem em espaços institucionais. Juntamente com toda a equipe escolar, está mobilizado na construção de um espaço adequado às condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos. Elege a metodologia e/ou a forma de intervenção com o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal processo. Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição escolar relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e profissional implicam a configuração de uma identidade própria e singular que seja capaz de reunir qualidades, habilidades e competências de atuação na instituição escolar. A Psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Acreditamos que, se existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades, o número de crianças com problemas seria bem menor. Ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de aprendizagem, buscando conhecê-lo em seus potenciais construtivos e em suas dificuldades, encaminhando-o, por meio de um relatório, quando necessário, para outros profissionais - psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista, etc. que realizam 11 diagnóstico especializado e exames complementares com o intuito de favorecer o desenvolvimento da potencialização humana no processo de aquisição do saber. Além do já mencionado, o psicopedagogo está preparado para auxiliar os educadores realizando atendimentos pedagógicos individualizados, contribuindo para a compreensão de problemas na sala de aula, permitindo ao professor ver alternativas de ação e ver como as demais técnicas podem intervir, bem como participando do diagnóstico dos distúrbios de aprendizagem e do atendimento a um pequeno grupo de alunos. O conhecimento e o aprendizado não são adquiridos somente na escola, mas também são construídos pela criança em contato com o social, dentro da família e no mundo que a cerca. A família é o primeiro vínculo da criança e é responsável por grande parte da sua educação e da sua aprendizagem. O que a família pensa, seus anseios, seus objetivos e expectativas com relação ao desenvolvimento de seu filho também são de grande importância para o psicopedagogo chegar a um diagnóstico. Considerando o exposto, cabe ao psicopedagogo intervir junto à família das crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem, por meio, por exemplo, de uma entrevista e de uma anaminese com essa família para tomar conhecimento de informações sobre a sua vida orgânica, cognitiva, emocional e social. Solé (SOLÉ et al, 2000, p. 29) afirma que essa intervenção tem um maior alcance quando realizada no ambiente em que o aluno desenvolve suas atividades e por meio das pessoas que, cotidianamente, se relacionam com ele, uma vez que os processos de aprendizagemse relacionam diretamente com a socialização e integração dos alunos no contexto sócio - educacional em que estes estão inseridos. O psicopedagogo tende a prevenir os problemas de aprendizagem, ao invés de remediá-los por meio da busca de diversos serviços escolares dos quais os alunos participam e na medida do possível, do ambiente familiar e social em que eles vivem, auxiliando o aluno a desenvolver o máximo de suas potencialidades. Nessa perspectiva, “o psicopedagogo não é um mero “resolvedor” de problemas, mas um profissional que dentro de seus limites e de sua especificidade, pode ajudar a escola a remover obstáculos que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento e a formar cidadãos por meio da construção de práticas educativas que favoreçam processos de humanização e reapropriação da capacidade de pensamento crítico” (TANAMACHI; MEIRA, 2003, p. 43). 12 Dessa forma, acredita-se que o trabalho da Psicopedagogia quando encontra consonância e parcerias na escola, pode promover efeitos muito positivos para a minimização das dificuldades que emergem no contexto escolar, apesar de representar um constante desafio, pois requer o envolvimento de toda a equipe, e um desejo permanente de mudanças, para que as transformações, de fato, ocorram. 2. Os Fundamentos da Psicopedagogia Os primeiros centros Psicopedagógicos foram fundados na Europa em 1946 por Boutonier e George Mauco, com direção médica e pedagógica unindo conhecimento na área da Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, onde tentavam readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola ou no lar, e atender crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes (BOSSA, 2000). Esta corrente europeia influenciou a Argentina. Buenos Aires foi a primeira cidade a oferecer o curso de psicopedagogia. A Psicopedagogia chegou ao Brasil, na década de 70, com a colaboração de Jorge Visca. Nessa década já havia algum movimento científico/acadêmico em Porto Alegre. Os primeiros cursos formais de Psicopedagogia eram denominados de Reeducação Psicopedagógica, Psicopedagogia Terapêutica, Dificuldades Escolares, entre outros. Esses cursos ocorreram primeiramente em Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. O percurso da Psicopedagogia brasileira foi:a Associação Estadual de Psicopedagogos de São Paulo (1980) e, posteriormente, a Associação Brasileira de Psicopedagogia (1985). A psicopedagogia em seu desejo de conhecer mais sobre o outro para poder ajudá-lo a vencer suas dificuldades, superar seus problemas de aprendizagem e compreender os elementos que interferem nesse processo, em busca da autoria de pensamento, tem como o seu maior desafio: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. 13 A busca do autoconhecimento, a busca da autonomia, permeada pela dimensão social, no que se refere aos valores e atitudes, a dimensão pessoal, no que se refere aos afetos, sentimentos e preferências dos indivíduos, todos esses fatos aliados ao desenvolvimento global explicam a importância crescente da Psicopedagogia que, na sua concepção atual, já nasce com uma perspectiva globalizadora condizente com os rumos da aprendizagem nesse século. Ela ocupa um espaço privilegiado justamente porque não está em um único lugar. Portanto, o olhar, a escuta e as intervenções psicopedagógicas estão voltadas aos movimentos subjetivos entre ensinante e aprendente frente ao conhecimento, no decorrer da construção do sujeito no ato de aprender, tendo como finalidade a autoria do pensamento, que é a descoberta da originalidade, da diferença, da marca, e a partir daí, abrir espaços para a criatividade. Aprender significa mudar, crescer, tendo o passado como referência para descobrir o futuro e assim construir uma nova história, diferente daquela vivida até então: “Necessitamos um modo diferente de analisar a relação entre o futuro e o passado para entender o que acontece em todo processo de aprendizagem. Aprender é construir espaços de autoria e, simultaneamente, é um modo de ressituar-se diante do passado”. (Fernández, 2001, p. 69) O trabalho psicopedagógico pode ter um caráter preventivo, no sentido de reconstruir processos, definir papéis, valorizando novos conhecimentos, novas formas de aprender, novas formas de avaliar o conhecimento, pessoas, papéis, processos, produtos e objetivos. 2.1 – A Psicopedagogia Clínica e Institucional Dependendo da natureza da Instituição, a Psicopedagogia pode contribuir trabalhando vários contextos: — Psicopedagogia Familiar – resgatando a família no papel educacional, diferenciando as múltiplas formas de aprender, respeitando as diferenças dos filhos. — Psicopedagogia Empresarial – resgatando a visão do todo, a função humanística, as múltiplas inteligências, desenvolvendo sentimentos, trabalhando a criatividade e resgatando o diálogo. — Psicopedagogia Hospitalar– possibilitando o lúdico e as oficinas. — Psicopedagogia Escolar. 14 Diagnóstico da Escola; Busca da identidade da escola; Definições de papéis na dinâmica relacional em busca de funções e identidades, diante do aprender; Instrumentalização de professores, coordenadores, orientadores e diretores sobre a prática e reflexões diante de novas formas de aprender; Reprogramação curricular, implantação de programas e sistemas avaliativos; Oficinas para vivências de novas formas de aprender; Análise de conteúdos e reconstrução conceitual; Releitura, ressignificando sistemas de recuperação e reintegração do aluno no processo; O papel da escola no diálogo com a família. 3. Intervenção e Prevenção de Problemas de Dificuldades de Aprendizagem no Âmbito Clínico e Institucional 3.1 – Aspectos Básicos: diagnóstico e intervenção na clínica psicopedagógica No diagnóstico psicopedagógico é realizada uma investigação na qual se procura compreender a forma que o paciente aprende e os desvios que ocorrem nesse processo. Segundo Weiss (2004, p.27): Todo diagnóstico é, em si, uma investigação, é uma pesquisa do que não vai bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada. Será, portanto, o esclarecimento de uma queixa, do próprio sujeito, da família e na maioria das vezes, da escola. No caso, trata-se do não-aprender, do aprender com dificuldade ou lentamente, do não-revelar o que aprendeu, do fugir de situações de possível aprendizagem. O diagnóstico é uma das peças chaves para uma intervenção eficiente. Não basta ao psicopedagogo conhecer técnicas e provas, pois cada caso é singular e exige do profissional, além da competência teórica, um olhar sensível e particular. Cada paciente que chega à clínica traz junto sua história, suas individualidades e suas relações de coletividade, para o psicopedagogo é sempre um novo e complexo começo, que evoca seguidamente um novo olhar. 15 “O sucesso de um diagnóstico não reside no grande número de instrumentos utilizados, mas na competência e sensibilidade do terapeuta em explorar a multiplicidade de aspectos revelados em cada situação” (WEISS, 2000, p.30). Weiss (2000, p.31), comenta que: A maioria dos casos que recebo para avaliação psicopedagógica é de estudantes com quadro de fracasso escolar, apresentando os mais diversos sintomas. É importante que de algum modo se possa fazer um diagnóstico da escola para definição dos parâmetros do desvio. Não se pode apenas diagnosticar o sujeito isolado no tempo e no espaço da realidade socioeconômica que se vive no Brasil de hoje. Para Weiss (2004), o diagnóstico psicopedagógico tem como objetivo básico identificar os desvios e os obstáculos básicos no Modelo de Aprendizagem do sujeito que o impedem de crescer na aprendizagem dentro do esperado pelo meio social, possibilitando assim ao psicopedagogo fazer as intervenções e os encaminhamentos necessários. Podemosdefini-lo como um processo de investigação referente ao que não vai bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada. Fernández (1991) comenta que o diagnóstico para o psicopedagogo tem a mesma função que a rede para o equilibrista. O diagnóstico funciona como base para a intervenção. Em consonância com Fernández, a psicopedagoga Weiss se expressa a respeito do Modelo de Aprendizagem: Entendo como Modelo de Aprendizagem o conjunto dinâmico que estrutura os conhecimentos que o sujeito já possui, os estilos usados nessa aprendizagem, o ritmo e áreas de expressão da conduta, a mobilidade e o funcionamento cognitivos, os hábitos adquiridos, as motivações presentes, as ansiedades, defesas e conflitos em relação ao aprender, as relações vinculares com o conhecimento em geral e com os objetos de conhecimento escolar, em particular, e o significado da aprendizagem escolar para o sujeito, sua família e a escola (WEISS, 2004, p. 32). A relação do paciente com o terapeuta é, também, de fundamental importância para o processo do diagnóstico. Essa relação implica na validade e qualidade do diagnóstico, por isso, é importante terem empatia, ou seja, se identificarem um com outro, apresentando confiança; respeito e engajamento. Weiss (2004), afirma que o processo diagnóstico tem base no inter- relacionamento dinâmico e de condutas interdependentes entre o terapeuta que no caso é o diagnosticador e o paciente que é o diagnosticado, a comunicação que é estabelecida entre os dois faz com que o diagnosticador atue sobre o paciente 16 sempre que apresentar qualquer conduta. Tudo na comunicação entre estes dois sujeitos deverá ser analisada durante o diagnóstico: a palavra, o modo de falar, a atitude, os gestos, a linguagem corporal, etc. É necessário que o terapeuta consiga compreender os pedidos de ajuda, dependência, proteção, reações onipotentes e fantasiosas expressas através de mecanismos transferenciais durante o diagnóstico. Compreender bem o que acontece, discriminando o seu papel, pode auxiliar o paciente a prosseguir no processo diagnóstico sem que ocorra uma fixação em pontos inadequados. (WEISS, 2004, p.35). A autora se refere a mecanismos transferenciais, pois nesse mecanismo é o paciente que traz seus sentimentos, atitudes e condutas inconscientes para com o terapeuta. O diagnóstico psicopedagógico é composto de vários momentos que temporal e espacialmente tomam dimensões diferentes conforme a necessidade de cada caso. Assim, há momentos de anamnese só com os pais, de compreensão das relações familiares em sessão com toda a família presente, de avaliação da produção pedagógica e de vínculos com objetos de aprendizagem escolar, busca da construção e funcionamento das estruturas cognitivas (diagnóstico operatório), desempenho em testes de inteligência e visomotores, análise de aspectos emocionais por meio de testes expressivos, sessões de brincar e criar. Tudo isso pode ser estruturado numa sequência diagnóstica estabelecida a partir dos primeiros contatos com o caso (WEISS, 2004, p.35). No diagnóstico é importante que todas as regras de relacionamento, horários e honorários sejam bem definidos desde o primeiro contato. Essas regras devem ser claras e definidas em conjunto com o paciente e sua família. Por isso, é necessário o estabelecimento de um contrato com os pais e a construção de um enquadramento com estes e com o sujeito. Weiss (2004) determina alguns aspectos importantes do contrato e do enquadramento: previsão de número aproximado de sessões e forma de encerramento do trabalho, definição de dias, horários e duração das sessões; definição dos locais; honorários contratados e forma de pagamento. Estes aspectos são essenciais para o estabelecimento do profissional psicopedagogo. O processo do diagnóstico psicopedagógico clínico abrange várias etapas, que são: motivo da consulta, história vital, hora do jogo, provas projetivas, entre outras. Paín (1985) afirma que no motivo da consulta é importante observar porque e por quem o paciente chegou até o terapeuta, se foi pela escola, pela professora, por 17 um médico ou pela família. Isso é importante, pois dessa forma o psicopedagogo consegue entender que tipo de vínculo o paciente irá estabelecer, revelando dessa forma o grau de independência com que o paciente assume seu problema. Segundo Paín (1985), este primeiro momento com a família, é uma ocasião para estabelecer hipóteses sobre alguns aspectos importantes para o diagnóstico dos problemas de aprendizagem, como significação do sintoma na família ou, com maior precisão, a articulação funcional do problema de aprendizagem; significação do sintoma para a família, isto é, as reações comportamentais de seus membros ao assumir a presença do problema; fantasias de enfermidade e cura e expectativas acerca de sua intervenção no processo diagnóstico e de tratamento; modalidades de comunicação do casal e função do terceiro, entre outros. Este espaço de escuta oferecido para a família permite que a mesma elenque livremente, os motivos pelos quais busca a ajuda psicopedagógica e, também, quais os fatores que acredita causarem a não aprendizagem do paciente. Deve-se sugerir que os mesmos comentem sobre o motivo que os trouxe à clínica e que falem livremente sem que façamos perguntas particularizadas. (FERNÁNDEZ, 1991). A entrevista do motivo da consulta permite conhecer as expectativas que os pais têm em relação à intervenção do psicopedagogo. Muitos pais, mesmo solicitando ou assumindo as consequências da consulta, apresentam resistências à ação do terapeuta. “A versão problemática que obtemos por intermédio dos pais, pode darnos algumas chaves para aproximarmo-nos do significado que o não aprender tem na família” (PAÍN, 1985, p. 37). O momento da história vital no diagnóstico é realizado como uma segunda entrevista com a mãe, sendo que essa é realizada após o psicopedagogo conhecer um pouco seu paciente. Apesar de que nesta entrevista necessitamos uma série de dados bem estabelecidos, deverá ser tão livre como for possível, dando-se à mãe como instrução o tema geral, deixando que as especificações surjam da espontaneidade do diálogo (PAÍN, 1985, p. 43). Conforme Paín (1985), no caso de um paciente que consulta por problemas de aprendizagem, serão as seguintes as áreas de indagação predominantes: antecedentes natais na fase pré-natal que abrange as condições de gestação e expectativas do casal e da família, onde as doenças durante a gestação, dados 18 genéticos e hereditários, serão solicitados somente se o caso justificar; fase peri- natal que envolve as circunstâncias do parto, sofrimento fetal, cianose ou lesão, entre outros danos que costumam ser causas de destruição de células nervosas que não se produzem e também de posteriores transtornos e fase neonatal que inclui a adaptação do recém-nascido, choro, alimentação, capacidade de adaptação da família do bebê através do respeito ao ritmo individual do bebê entendendo suas demandas. Ainda nessa lista de indagações predominantes temos, segundo Paín (1985), aspectos significativos que devem ser investigados, como doenças e traumatismos ligados, diretamente, à atividade nervosa superior; tempo de reclusão a que a criança foi obrigada; processos abertamente psicossomáticos; disponibilidade física, fatigabilidade e limitações corporais, além de analisar o desenvolvimento motor; desenvolvimento da linguagem e desenvolvimento de hábitos da criança. Importante saber se as aprendizagens foram feitas pela criança no momento esperado, precoces ou retardadas pela família; também é necessário saber se a criança passou por situações dolorosas, mudanças, situações de perda, participação da criança nesses casos e condições em que se deram e conhecer as experiências escolares, transformações ocorridas na criança, expectativas para a família,entre outros. Com a obtenção desses dados o terapeuta começará a encaixar as peças e começará a delinear suas hipóteses. A Hora do Jogo é onde o psicopedagogo observará a estimulação do desenvolvimento motor, social, cognitivo e afetivo do paciente. De acordo com Paín (1985), assim como são analisados os esquemas práticos de conhecimentos por meio da atividade assimilativo-acomodativa no bebê, a ludicidade fornece informações sobre os esquemas que organizam e integram o conhecimento num nível representativo. Por isto considera-se de grande interesse para o diagnóstico do problema de aprendizagem na infância, a observação do jogo do paciente, e se faz isto através de uma sessão que se denomina “hora do jogo”. Para realizar essa atividade, o psicopedagogo conta com uma caixa que contém diversos materiais, sucatas e elementos não figurativos de vários tipos. Nessa etapa do diagnóstico o psicopedagogo consegue analisar de que forma a criança se relaciona com os objetos e em que condições ela é capaz de brincar. 19 Outro momento importante do diagnóstico são as provas projetivas, que têm como objetivo conseguir identificar fatores emocionais que influenciam no desenvolvimento da aprendizagem do paciente. Segundo Paín (1985, p. 61) O exame das provas projetivas permitirá em geral avaliar a capacidade do pensamento para construir, no relato ou no desenho, uma organização suficientemente coerente e harmoniosa como para veicular e elaborar a emoção; também permitirá avaliar a deteriorização que se produz no próprio pensamento, quando o quantum emotivo resulta excessivo. O pensamento incoerente não é a negação do pensado, ele fala ali mesmo onde se diz mal ou não se diz nada e isto oferece a oportunidade de determinar a norma no incongruente e saber como o sujeito ignora. Existem três tipos de diagnósticos mais comuns dentro das provas projetivas: desenho da figura humana, relatos e desiderativo. Segundo Paín (1985), o desenho da figura humana permite avaliar os recursos simbólicos do sujeito para referir a diferenças como criança/adulto; feminino/masculino; fada/bruxa, etc., o que revela o nível de sua adequação semiótica, cuja relação com a aprendizagem se teve oportunidade de enfatizar na ocasião em que se analisou a hora do jogo. Nas provas de relatos, Paín (1985) comenta que elas têm como instrução criar uma história ou antecipar seu final. São oferecidos ao sujeito estímulos gráficos ou verbais que sugerem certas relações ou transformações viáveis. O sujeito percorre um dos caminhos insinuados trazendo elementos mais ou menos originais. As lâminas e contos não são neutros, pelo contrário, apontam temas classicamente conflitivos, provocando defesas mais ou menos apropriadas. Em relação ao diagnóstico desiderativo, Paín (1985), afirma que as dificuldades, as falhas e os rodeios que os sujeitos com problemas de aprendizagem apresentam na prova denominada de desiderativo indicam sua dificuldade para recuperar intelectualmente objetos perdidos e reprimidos. O diagnóstico não segue uma linearidade, cabe ao psicopedagogo durante o processo observar o andamento das sessões e, assim, vai construindo o percurso. Após as sessões diagnósticas, o psicopedagogo tem condições de avaliar o processo de ensino e aprendizagem do paciente. Segundo Paín (1985), de acordo com a hipótese diagnóstica, uma vez que foi recolhida toda a informação e reunidos os diferentes aspectos que interessam a 20 cada área investigada, tem-se a necessidade de avaliar o peso de cada fator na ocorrência do transtorno de aprendizagem. Em relação à devolução diagnóstica, a mesma autora comenta que talvez o momento mais importante desta aprendizagem seja a entrevista dedicada à devolução do diagnóstico, pois se realiza primeiramente com o paciente e depois com os pais, nesse caso quando se trata de uma criança. Segundo a autora, a tarefa psicopedagógica começa justamente aqui. Após a conclusão do diagnóstico, o psicopedagogo necessita determinar qual tratamento é mais adequado para o problema em que o paciente apresenta. “Diremos que, em geral, o tratamento psicopedagógico é o mais indicado no caso de tratar-se de um transtorno na aprendizagem”(PAÍN, 1985, p.74). O tratamento psicopedagógico possui o enquadramento, os objetivos e as técnicas. “A tarefa diagnóstica tem um enquadramento próprio que possibilita solucionar rapidamente os efeitos mais nocivos do sintoma para depois dedicar-se a afiançar os recursos cognitivos” (PAÍN, 1985, p. 77). Paín (1985) comenta que os objetivos básicos do tratamento diagnóstico são a desaparição do sintoma e a possibilidade do sujeito de aprender normalmente ou, ao menos, no nível mais alto que suas condições orgânicas, constitucionais e pessoais lhe permitam. Ainda, conforme a autora pode-se resumir os objetivos do tratamento em três fundamentais: em primeiro lugar, conseguir uma aprendizagem que seja uma realização para o sujeito; em segundo lugar, conseguir uma aprendizagem independente por parte do sujeito e por último, propiciar uma correta autovalorização. De acordo com Paín (1985), para poder cumprir os objetivos expostos e garantir a conservação do enquadre, o psicopedagogo necessita adotar técnicas gerais que são as seguintes: organização prévia da tarefa, graduação, autoavaliação, historicidade, informação e indicação. 3.2 – Aspectos Básicos: diagnóstico e intervenção na instituição psicopedagógica A psicopedagogia surgiu a partir da necessidade de se compreender os chamados problemas de aprendizagem, seu objetivo é propor métodos de 21 intervenção com o objetivo de reintegrar o aluno ao processo de construção do conhecimento, bem como promover uma reflexão sobre os procedimentos metodológicos e também um olhar para os princípios éticos que se dão no ambiente escolar e na sala de aula. A Psicopedagogia considera a influência do meio, ou seja, família, escola e sociedade no desenvolvimento do indivíduo. Este campo procura pela percepção do que o sujeito aprende como aprende e por que aprende ou não aprende. Deste modo, o que importa na ação psicopedagógica no aspecto educacional e intervenção nos processos de ensino e de aprendizagem. Entende-se que na intervenção o procedimento adotado interfere no processo de aprender do aluno, com o objetivo de compreendê-lo, de explicitá-lo ou corrigi-lo. Introduzir novos elementos para o sujeito pensar, poderá levar à quebra de um padrão anterior de relacionamento com o mundo das pessoas e das ideias. Exemplifica-se como intervenções psicopedagógicas uma fala, um assinalamento, uma interpretação que o psicopedagogo realiza na escola em crianças com dificuldades de aprendizagem ou transtornos de déficit de atenção, com a finalidade de desvelar um padrão de relacionamento, uma relação com o mundo e, portanto, com o conhecimento. A atuação da Psicopedagogia institucional favorece os mecanismos presentes do aprender e de ensinar, nos aspectos das relações de vínculos dos alunos com a escola, com o professor e com todos da comunidade escolar; além de redefinir os procedimentos pedagógicos, integrar todas as dimensões implícitas no saber, articulando todos os processos educacionais. Intervir psicopedagogicamente como nos aponta Souza (2000), envolve diversas atividades realizadas dentro e fora da escola. Esta mesma autora destaca o papel de mediação do ensino de conteúdos que a escola tem ao interpor entre a criança e o mundo social e desta forma fazer com que esta criança aprenda. É a interferência que um profissional realiza sobre o processo de desenvolvimento e/ou aprendizagem do sujeito, o qual pode estar apresentando problemas de aprendizagem (SOUZA, 2000, p. 115). No texto “Intervenção psicopedagógica: como e o que planejar?”, Souza (2000) destaca algumas modalidades de intervenção:22 1) Recuperação dos conteúdos escolares que estão deficitários (examinar novamente os conteúdos escolares e os hábitos de aprendizagem); 2) Orientação de estudos – (organização, disciplina, etc.); 3) Brincadeiras, jogos de regras, dramatizações - (objetivo de promover afeto, personalidade); 4) Encaminhamento pela escola ao profissional que irá atender clinicamente; 5) Busca de instrumentos que possam auxiliar o processo de aprendizagem e desenvolvimento, no que se refere à inteligência e afetividade. Porém, BOSSA (1994), destaca outros recursos para a intervenção: referindose a Provas de Inteligência (Wisc); Testes Projetivos; Avaliação perceptomotora (Teste Bender); Teste de Apercepção Infantil (CAT.); Teste de Apercepção Temática(TAT.); também, refere-se a Provas de nível de pensamento (Piaget); Avaliação do nível pedagógico (nível de escolaridade); Desenho da família;Desenho da figura Humana; H.T.P - Casa, Arvore e Pessoa (House, Tree, Person); Testes psicomotores: Lateralidade; Estruturas rítmicas; etc. Muitas alternativas para uso do psicopedagogo estão sendo colocadas no mercado. Os recursos apresentados por autores de materiais publicados pela Editora Vetor, que além de fornecer material, também promove cursos para orientar a utilização dos mesmos, vem beneficiando a avaliação e intervenção psicopedagógica, sendo elas: 1) Lendo e Escrevendo (1 e 2) : Este material pode ser aplicado para detectar se o estudante possui os requisitos básicos para o processo de Alfabetização.Pode ser usado em alunos da educação infantil e séries iniciais. Autora: Geraldini P. Wintter e Melany S. Copit. 23 2)Teste de Prontidão Horizontes: Pode ser usado para detectar Maturidade/Prontidão para Alfabetização na pré-escola e séries iniciais do Ensino Fundamental. Autora: Neda Lian Branco Martins. 3) Metropolitano de Prontidão - fator R: Pode ser usado para detectar prontidão alfabetização na pré-escola e séries iniciais do Ensino Fundamental. Autor: G.H. Heldreth, Ph.D. Griffiths. Adaptação e Padronização: Ana Maria Poppovic. 4) Becasse R-l (F e M): Este teste pode auxiliar no diagnóstico da maturidade escola. Ele traz atividades envolvendo: Estruturação de estórias;Títulos; conteúdos; Redação Omissão ou recusa; Dinâmica da Aplicação; Escolha da Lâmina. Autora: Bettina Katzenstein Schoenfeldt. 5) Papel de Carta: Este material pode ser utilizado para auxiliar na Avaliação das Dificuldades de Aprendizagem. Apresenta como conteúdo atividades envolvendo comunicação e vinculação. Autora: Leila Sara José Chamat 6) Prontidão para Alfabetização: Trata-se de um Programa para o Desenvolvimento de Funções Específicas destinadas a alfabetização. Apresenta conteúdo teórico e prático. Autoras: Ana Maria Poppovic e Genny Golubi de Moraes Além dos recursos apresentados pela editora Vetor, as provas piagetianas e os níveis de alfabetização são igualmente importantes podendo ser confeccionados pelo próprio profissional 7) As Provas Piagetianas: Podem ser usadas para detectar o estágio do raciocínio lógico matemático da criança. O Conteúdo pode ser montado com o número de provas que se achar necessário. Ernesto Rosa Neto apresenta uma sequência compostas por tarefas que envolvem a Classificação, Seriação, Classe- Inclusão; Conservação de Quantidades Contínuas e Quantidades Descontínuas. 24 8) Os Níveis de Escrita: Os Níveis de Escrita estudados por Emília Ferreiro são recursos utilizados para identificar o nível de escrita em que a criança se encontra no processo de alfabetização, podendo ser: Icônico (a criança representa seu mundo através de desenhos); não icônico (a criança consegue usar letras para escrever e desenhar representando sua forma de escrita, porém o uso das letras não está sistematizado, muitas vezes coloca as letras e faz o desenho, usando ambos para escrever uma mesma palavra); realismo nominal (faz o uso das letras conforme o tamanho do objeto e não de acordo com a palavra, para ela o objeto grande deve ter muitas letras e o objeto pequeno poucas letras); nível pré-silábico (a criança já sabe que precisa de letras para escrever, embora não faça distinção entre letra e número, também já sabe que precisamos usar muitas letras diferentes para escrever). Deste modo, a criança usa as letras do próprio nome variando a posição e a ordem em que elas aparecem no seu nome, para escrever novas palavras; nível pré- silábico em conflito (nesta fase a criança pode enfrentar um conflito já que conta as letras para escrever, mas no momento de escrever acha que são necessárias muitas letras para escrever, acreditando que com poucas letras não é possível a escrita, ainda, ao pedir a ela que faça a relação de letras com sílabas, ela risca as letras que parecem sobrar. Isso pode acontecer com palavras monossílabas; ao vencer este conflito a criança entrará no nível pré- silábico); nível pré-silábico (a criança passa a atribuir valor sonoro a cada uma das letras que compõe a escrita e descobre que a escrita representa a fala). Deste modo, formula a sílaba - sem valor sonoro -, cada letra representa um valor som; nível pré-silábico "elaborado" (a criança percebe o valor silábico, portanto, usa uma letra para significar uma sílaba, assim usa uma letra para escrever a palavra monossílaba, mas como acredita que uma letras só não dá para ler, coloca outras só para que possa ler); nível silábico "alfabético" (começa a usar algumas sílabas, embora algumas outras usa só uma letra e se contenta com isso vai descobrindo a sílaba e começa a usá-la); nível alfabético (a criança já usa praticamente todas as sílabas simples, embora com alguns erros, sendo necessário trabalhar a ortografia). 25 9) Informática: Os recursos da informática, também, não podem ser ignorados pela Psicopedagogia. É verdade que o computador não possui flexibilidade para compreender outras linguagens, decifrar códigos desconhecidos ou criticar o que lhe é apresentado. Ele é mais um recurso que pode ser explorado de inúmeras maneiras. Considerando que a Psicopedagogia trabalha com a aprendizagem humana, os recursos da informática poderão possibilitar a criação, a comunicação, à interação, enfim novas descobertas promovendo a aprendizagem humana. Foram mencionados aqui, alguns instrumentos que podem ser usados para o diagnóstico e intervenção psicopedagógica, enfatizando que se o psicopedagogo não utilizar recursos exclusivos de outras áreas, não estará ferindo a ética profissional, ainda estará zelando pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas, conforme menciona o Código de Ética da Psicopedagogia, (Capítulo II, Das Responsabilidades dos Psicopedagogos, Artigo 6º, letra b), também, estará garantindo o bem estar das pessoas em atendimento profissional, consequentemente, mantendo a ética profissional. 26 Leitura Complementar A NECESSIDADE DE UM PSICOPEDAGOGO NA ESCOLA Alice Conceição Rosa Cruvinel Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar a necessidade do psicopedagogo na escola. Esse profissional trabalha em prol da melhoria do processo ensino/aprendizagem e possibilita que o esforço empreendido pelos profissionais da educação surja efeito junto às crianças com dificuldades de aprendizagem e de comportamento. Para realizar a referida análise foi feito uma pesquisa de campo e estudos bibliográficos. A pesquisa de campo foi desenvolvida em uma escola da rede pública estadual utilizando como metodologia questionários e entrevista. Os questionários foram respondidos por profissionais da área da educação e a entrevista realizada com uma psicóloga que atua na área psicopedagógica porém atendendo fora da escola. A escola analisada não possui um profissional psicopedagogo, procuramos então entender quaisas atitudes tomadas pela equipe escolar para sanar os problemas de aprendizagem e como o psicopedagogo poderia ser útil. Por meio da análise dos dados colhidos foi possível perceber a importância e a necessidade da atuação de um psicopedagogo na escola, pois o mesmo auxiliaria de forma mais efetiva a toda comunidade escolar e, principalmente, aos professores apontando formas, ações e estratégias de como trabalhar com alunos com problemas de aprendizagem ou de comportamento. Palavras-chave: Psicopedagogo; Escola; Aprendizagem. Disponível em: http://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/cadernos/article/viewFile/393/332 Referências BOSSA, Nádia Ap. A Psicopedagogia no Brasil: Contribuições a Partir da Prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. Ementa e Bibliografia da Disciplina: Psicopedagogia Clínica e Institucional. Disponível em: <http://www.fimes.edu.br/paginas/curso/ementa.php?disciplina=616&curso=21> Acesso em: 22/07/2017. Especialização em Educação - Psicopedagogia Clínica e Institucional. Disponível em: <http://www.fsa.br/especializacao-em-educacao-psicopedagogia-clinica-e- institucional> Acesso em: 22/07/2017. FAGALI, E; VALE, Z. Psicopedagogia Institucional Aplicada: a aprendizagem escolar dinâmica e construção na sala de aula. 7.ed. São Paulo: Vozes, 2002. http://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/cadernos/article/viewFile/393/332 http://www.fsa.br/especializacao-em-educacao-psicopedagogia-clinica-e-institucional 27 FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada: Abordagem psicopedagógica da criança e sua família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. FERNÁNDEZ, Alicia. O saber em jogo: a psicopedagogia propiciando autorias de pensamentos. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. Fundamentos da Psicopedagogia. Disponível em: <http://mariamasarelapsicopedagoga.blogspot.com.br/2011/04/fundamentos-da- psicopedagogia.html> Acesso em: 22/07/2017. O Papel do Psicopedagogo na Instituição Escolar. Disponível em: <https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/o-papel-do-psicopedagogo-na- instituicao-escolar> Acesso em: 22/07/2017. PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985. Psicopedagogia Clínica e as Dificuldades de Aprendizagem: diagnóstico e intervenção. Disponível em: <http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/139/1/Clarissa%20Guedes%20de%20Arag %C3%A3o.pdf> Acesso em: 22/07/2017. Psicopedagogia Clínica X Institucional: do que se trata? Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/pedagogia/psicopedagogia- clinica-x-institucional-do-que-se-trata/30071> Acesso em: 22/07/2017. Psicopedagogia Institucional: passos para a atuação do assessor psicopedagógico. Disponível em: <https://www.inesul.edu.br/revista/arquivos/arq- idvol_13_1307132500.pdf> Acesso em: 22/07/2017. SOLÉ, Isabel et al. O assessoramento psicopedagógico. Uma perspectiva profissional e construtivista. Porto Alegre: Artmed, 2000. SOUZA, M. T. C.C. Intervenção psicopedagógica: como e o que planejar? In: SISTO, F.F. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Vozes, 2000,p.113- 125. TANAMACHI, E. R., & MEIRA, M. E. M. (2003). A atuação do psicólogo como expressão do pensamento crítico em Psicologia e Educação. Em M. E. M. Meira & M. A. M. Antunes (Orgs.), Psicologia Escolar: práticas críticas (pp. 11-62). São Paulo: Casa do Psicólogo. WEISS, Maria L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. WEISS, Maria Lucia Lemme. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP & A, 2004. https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/o-papel-do-psicopedagogo-na-instituicao-escolar
Compartilhar