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NOÇÕES DE DIREITO CIVIL E CONSTITUIÇÃO Professor Esp. Ricardo Menini Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração Douglas Crivelli Revisão Textual Leandro Vieira Web Designer Thiago Azenha FATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 FATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 FATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 FATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.fatecie.edu.br FICHA CATALOGRÁFICA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Noções de Direito Civil e Constituição Ricardo Menini Paranavaí - PR.: Fatecie, 2019. 68 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira da Silva. As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock e Freepik. PALAVRA DA DIREÇÃO Prezado Acadêmico(a), É com muita satisfação que inauguramos um novo mundo de oportunidades e expansão de nossa instituição que estrapolam os limites físicos e permite por meio da tecnolgias digitais que o processo ensino educação ocorra de formas ainda mais dinâmicas e em consonância com o estilo de vida da sociedade contemporânea. Empregamos agora no Ensino a Distância toda a dedicação e recursos para oferecer a você a mesma qualidade e excelência que virou a marca de nosso grupo educanional ao longo de nossa história. Queremos lembrar a você querido aluno, que a Faculdade Fatecie nasceu do sonho de um grupo de professores em contribuir com a sociedade por meio da educação. Motivados pelo desafio de empreender, tornaram o sonho realidade com a autorização da faculdade fatecie no ano de 2007. Desde o princípio a fatecie parte da crença no sonho coletivo de construção de uma sociedade mais democrática e com oportunidades para todos, onde a educação prepara para a cidadania de qualidade. Toda dedicação que a comunidade acadêmica teve ao longo de nossa história foi reconhecido ao conquistarmos por duas vezes consecutivas o título de Faculdade Número 1 do Paraná. Um feito inédito para paranavaí e toda região noroeste. No ranking, divulgado pelo mec em 2014 e 2015, a Fatecie foi destaque como a faculdade melhor avaliada em todo o estado. Posição veiculada em nível nacional pela Revista Exame e Folha de São paulo, apontando a Fatecie como a 1ª colocada no Paraná. Essas e outras conquistas que obtivemos ao longo dos nossos 10 anos de história tem como base a proposta global da faculdade fatecie, que consiste em criar um ambiente voltado para uma abordagem multidisciplinar, crítica e reflexiva, onde se desenvolvem as atividades ensino, pesquisa e extensão. Para isso, a Fatecie conta com um corpo docente composto, em sua maioria, por professores com mestrado e doutorado e com ampla experiência profissional nas mais diversas áreas do mercado e da educação. Seja bem-vindo! Direção Faculdade Fatecie A U T O R Prof. Esp. Ricardo Menini Graduado em Marketing pela FATECIE, é especialista em Administração com ênfase em Marketing e Gestão de Pessoas (ESAP/FATECIE). Foi professor da Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná (FATECIE), ministrando as disciplinas de Marketing Direto, Telemarketing, Marketing Pessoal, Endomarketing, Promoção de Vendas e Merchandising para o curso de Marketing, Gestão de Projetos para o curso de Processos Gerenciais e Administração Mercadológica I e II para o curso de Administração de Empresas da Faculdade de Agronegócio de Paraíso do Norte (FAPAN). Advogado, graduado em Direito pela Universidade Paranaense (UNIPAR) é também especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pelo Damásio Educacional de São Paulo. Participante do 11º Encontro de Iniciação Científica e 11º Fórum de Pesquisa da UNIPAR e autor do artigo “O Principio da proporcionalidade aplicado à prisão cautelar”. Autor de vários artigos acadêmicos, entre eles, “A Teoria da perda de uma chance aplicada ao Direito do Trabalho” e “Conciliação do Direito do Trabalho: um instituto para solução pacífica das lides laborais ou um prêmio aos atos ilícitos do empregador?”. Lattes: http://lattes.cnpq.br/6578886286472575 APRESENTAÇÃO O direito nasceu no momento do nascimento da humanidade! Não há como negar que as relações humanas sempre foram reguladas pelo direito, seja nos dias de hoje ou em tempos remotos. No momento em que o homem começou a viver em sociedade, surgiram regras de conduta, regras estas que mesmo sendo rústicas, ordenavam a convivência e disciplinavam a vida em sociedade. A humanidade é um processo em evolução e o Direito deve acompanhar esta evolução estando sempre atualizado para poder oferece solução justa para fatos jurídicos que surgem das relações entre pessoas. O objetivo desta nossa disciplina é estudar o direito como ciência jurídica, seus aspectos relacionados com sua conceituação e suas problemáticas, passando pelas suas divisões, até chegar a nossa Constituição e a sua relação com a segurança pública. Na primeira unidade estaremos direcionando nossos estudos para o direito brasileiro e o surgimento do ordenamento civil, até chegarmos ao nosso atual Código Civil. Vamos estudar também como surgem as normas jurídicas e como estas se encaixam dentro das fontes do direito. A nossa segunda unidade vai oferecer entendimento sobre o direito como ciência, pois as inúmeras normas jurídicas existentes objetivam regular uma variedade de relações pessoais, por isso é que existem as divisões e subdivisões do direito. Estudaremos de forma simples e objetiva a Teoria Geral do Direito. Já a terceira unidade proporciona o entendimento sobre o surgimento da personalidade jurídica e suas teorias explicativas. A capacidade do sujeito de direito também é discutida na terceira unidade, bem como a pessoa física e pessoa jurídica, domicílio e os bens jurídicos e suas classificações. A quarta unidade finaliza nossa disciplina oferecendo um breve entendimento sobre a história Constitucional Brasileira, a nossa atual Carta Magna e suas classificações, bem com a relação da Constituição de 1988 com a segurança pública, seus dispositivos que apontam os órgãos responsáveis pela segurança pública e suas atribuições. PÁGINA 6 Finalizando esta apresentação, espero que possamos juntos trilhar pelos caminhos do Direito Brasileiro e ao término do conteúdo desta disciplina, as noções de direito civil e Constituição estejam bem definidas, para que o conhecimento seja ampliado de forma a ser aplicado com sucesso no mundo real, na atividade de cada um. Vamos em frente... SUMÁRIO CAPÍTULO 1 08 | Direito Civil e Fontes do Direito CAPÍTULO 2 22 | Direito Objetivo; Direito Subjetivo; Direito Público e Direito Privado. CAPÍTULO 3 33 | Personalidade Jurídica, Pessoa Natural, Capacidade, Direitos da Personalidade; Pessoa Jurídica, Capacidade; Domicílio; Bens e suas classificações CAPÍTULO 4 52 | Constituição Federal; Dispositivos Constitucionais relacionados à Segurança Pública PÁGINA 8 CAPÍTULO 1 DIREITO CIVILE FONTES DO DIREITO Professor: Ricardo Menini Objetivos de Aprendizagem • Conceituar de forma breve Direito Civil e sua importância no convívio so- cial, levando em consideração a evolução dos fatos jurídicos; • Estudar o surgimento e conceitos de cada fonte do direito e sua aplica- ção dentro do ordenamento. Plano de Estudo • Direito Civil; • Código Civil; • Fontes do Direito. PÁGINA 9 INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta nossa primeira unidade de estudos, vamos abordar temas envolvendo Direito Civil, Código Civil e as principais Fontes do Direito. Destaca-se que um estudointrodutório sobre o Direito Brasileiro, nos transporta para a dimensão de um controle social, ou seja, algo que tenha o objetivo de alinhar o convívio em sociedade, evitando o surgimento de conflitos ou a solu- ção destes de forma justa, onde quase sempre são provenientes das relações pessoais. Iniciamos destacando o direito civil como sendo um dos principais ramos do direito brasileiro e o surgimento do ordenamento civil escrito no país com o có- digo de 1916, que foi substituído sequencialmente pelo Código Civil de 2.002 com 2.046 artigos, sendo um compêndio essencial na vida do cidadão brasilei- ro e que serve de base legal para nossas relações jurídicas. Desenvolvendo os estudos nesta unidade, chegamos ao tema “fontes do direi- to”, que visa oferecer “uma certa noção” do surgimento das normas que inte- gram o nosso ordenamento jurídico. Vamos estudar que estas normas surgem para a sociedade objetivando organizar as relações e, para tanto, tem por ve- zes caráter obrigatório e por outras inquisitivo ou de apoio a um fato jurídico que surge no seio da sociedade. Um estudo mesmo que básico de cada uma destas fontes, possibilita um me- lhor entendimento sobre as atualizações legais, as mudanças no comporta- mento social, sobre as manifestações dos tribunais e o que ensinam os Doutri- nadores.. Por isso, vamos em frente... Ótimos estudos! PÁGINA 10 REFLITA 1 BREVES COMENTÁRIOS SOBRE DIREITO CIVIL A humanidade é um processo em evolução e o Direito Brasileiro acompanha esta evolução através de suas divisões objetivando o controle social. O Profes- sor Paulo Nader esclarece que “As instituições jurídicas são inventos humanos, que sofrem variações no tempo e no espaço”. Com isso, entende-se que a necessidade de justiça, ordem e segurança que o cidadão tem, deve ser atendida pelos ramos do direito. O Direito Civil é o ramo do direito que no seu conjunto de normas organizadas pelo Código Civil, regula direitos e obrigações do cidadão enquanto membro de uma sociedade, quer seja pessoa física ou jurídica. De forma breve é possível conceituar Direito Civil como sendo um dos mais importantes ramos do direito privado por se tratar da primeira regulamentação das relações privadas. A partir do século XIX o Direito Civil passou a ser defi- nido de forma estrita. Tendo como função designar as instituições disciplinadas no Código Civil, regendo as situações obrigacionais, familiares, patrimoniais aplicados aos indivíduos membros de uma sociedade. O Direito Civil serve para disciplinar o modo de ser e de agir das pessoas, in- dependente da sua condição social, de sua raça, credo ou mesmo exercendo funções ou atividades diferentes. Historicamente destaca-se que a primeira manifestação de codificação no Bra- sil surgiu com a Constituição Imperial de 1824, cujo art. 179 estabelecia a cria- ção de códigos civil e penal dentro do prazo de um ano. Entretanto, somente em 1855 surgiu um código civil entre nós, elaborado por Teixeira de Freitas. Em 1862 Teixeira de Freitas apresentou seu “esboço” do código civil. Continha 5.000 artigos, e incluía artigos de direito comercial. Foi adotado na Argentina, mas aqui foi rejeitado Somente em 1899 Clóvis Beviláqua elaborou o esboço do Código Civil, o qual foi apresentado em seis meses, mas foi aprovado apenas em 1916 onde a Lei 3.071/1916 instituiu o Código Civil de 1916. PÁGINA 11 REFLITA Era um código individualista e patrimonialista, assim como os demais códigos do Século XIX. Em 1940, o individualismo que se encontrava no diploma civil de 1916, não podia mais ser aceito numa época em que o enfoque social estava em desta- que. Foi neste ano que se iniciaram as tentativas de reformar o Código Civil de 1916. Foram tentativas frustradas de reformar o Código de 16, pois foram surgindo leis especiais que derrogavam muitas normas do Código Civil e amenizavam os apelos sociais. Alguns anos se passaram e o Projeto de Lei nº 634/B, foi levado à votação no ano de 2001, para dar origem ao Código Civil de 2002. A Lei 10.406 de 10 de Janeiro de 2.002 instituiu o atual Código Civil Brasileiro com 2.046 artigos e que objetiva determinar como as pessoas devem se re- lacionar no meio social, como por exemplo, os direitos da personalidade que são muito amplos e abarcam desde a concepção até a morte, passando pelo casamento, a família e outros aspectos legais, provenientes de uma sociedade civilizada. Vale ressaltar que o Direito Civil é o único ramo do Direito que abran- ge toda a vida do cidadão, desde o seu nascimento até a sua morte, destacan- do que de acordo com o Fenômeno da Constitucionalização do Direito Civil, sempre deve haver a interpretação de acordo com a nossa Lei Maior, a nossa Constituição. O Código Civil se divide em duas partes: Geral e Especial, que por sua vez são dividas em livros. Os livros são divididos em títulos, objetivando o entendimento de cada tema. Como já mencionado neste material, o Código Civil tem abrangência geral na vida do cidadão, lembrando quando por necessidade e obedecendo o princípio da especialidade é necessário buscar entendimento em leis específicas, como é o caso do Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Idoso, etc. A importância do código civil está no fato de servir como um ponto de equilíbrio para a preservação da justiça e convivência social igualitária e menos conflituo- sa entre as pessoas. Fonte: https://www.significados.com.br/codigo-civil/ PÁGINA 12 2 FONTES DO DIREITO Quando o estudo é direcionado para as “fontes do direito”, existe uma forte dis- cussão doutrinária sobre o que seriam estas “fontes”? A corrente maioritária aponta que a “fonte do direito” seria a origem histórica, a elaboração e a dedução das normas ou regras obrigatórias que a sociedade deve seguir. As fontes do direito tem papel relevante no ordenamento jurídico, sendo elas escritas ou não, materiais ou formais, são de extrema importância no nosso sis- tema jurídico. O motivo das fontes do direito em nosso ordenamento tem funda- mento na própria necessidade de se regular as mais diversas situações fáticas que ocorrem na vida em sociedade. Washington de Barros Monteiro, em seu livro CURSO DE DIREITO CIVIL - PARTE GERAL, nos mostra que existem várias classificações destas fontes. A mais simples e talvez mais importante divide-as em fontes diretas ou imediatas e fontes indiretas ou mediatas. Fontes diretas ou imediatas são aquelas que, por si só, pela sua própria força, são suficientes para gerar a regra jurídica. São a lei e o costume. Fontes indiretas ou mediatas são as que não tem tal virtude, porém encami- nham informações, que mais cedo ou mais tarde, colaboram para a elabora- ção da norma. São a doutrina e a jurisprudência. Alguns doutrinadores apontam que o principal critério para a classificação das fontes do direito seria a segurança jurídica, com isso quem ganha o destaque maior são as LEIS, por serem estas, fontes estatais, escrita por Legisladores e que por consequência apresenta maior segurança. Por outro lado o art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), Lei 12.376/2010 que não é parte integrante do Código Civil e sim um diploma que disciplina a aplicação das Leis em geral, aponta que: “Art.4.º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.” Assim, o intérprete da Lei é obrigado a integrar o sistema jurídico e diante de uma lacuna (ausência de norma para o caso concreto), é obrigado pelo ordena- mento a encontrar uma solução adequada. PÁGINA 13 SAIBA MAIS O artigo acima mencionado estabelece uma hierarquia entre as fontes, pois só autoriza o intérprete da norma a valer-se de outras fontes quando houver omis- são na Lei. Diante disso, é possível entender que a Lei é uma fonte principal, sendo fontes secundárias , os costumes, a doutrina e a jurisprudência, (analo- gia, princípios gerais do direito e etc...). No Direito Civil se insere aindaa Lei de Introdução às Normas do Direito Brasi- leiro (LINDB). Trata-se de um conjunto de normas sobre normas. Conforme Fábio Vieira Figueiredo (2014), a LINDB disciplina as normas jurídi- cas, determinando o seu modo de aplicação e entendimento, no tempo e espa- ço. Quando se fala da LINDB tratamos, pois, de uma lei com objetivo distinto das leis em geral, disciplinando elaboração, vigência, aplicação no tempo e espaço, fontes, etc. Antonio Luiz Machado Neto assevera que, com o aparecimento da Doutrina, que representa um grande papel no ordenamento jurídico, complementou-se o quadro das fontes do direito. O Legislador e vários Doutrinadores também in- cluem como fonte do direito a analogia, princípios gerais do direito, a equidade, os tratados internacionais, os atos e negócios jurídicos, mas das quatro vias (Lei, Costume, Doutrina e Jurisprudência) é que as demais fontes encontram sua confirmação, de forma a ser legislativa, costumeira, doutrinária e jurispru- dencial, por isso vamos entender estas quatro fontes do direito: 2.1 LEI Lei é uma norma geral, escrita e coercitiva, que obedece a um processo pecu- liar de elaboração. É proveniente de entidade competente, ou seja, do Pode Legislativo. Qualquer regra jurídica elaborada em desacordo com o processo Constitucional, ou procedente de outro órgão que não seja o legislativo, é pas- siva de nulidade. O conceito de Del VECCHIO, nos mostra que Lei “é o pensamento jurídico de- liberado e consciente, formulado por órgãos especiais, que representam a von- tade predominante numa sociedade.” Assim, a Lei constitui a vontade do povo, sendo elaborada por legisladores eleitos pelo mesmo, como ocorre aqui no Brasil. PÁGINA 14 Vale constar que são 05 as fases de elaboração das leis: iniciativa, discussão/ votação, sanção/veto, promulgação e publicação. As Leis são criadas para estabelecer regras que devem ser seguidas, contro- lando comportamentos e ações do cidadão dentro do convívio social. Mesmo após sua criação uma lei pode sofrer alterações para poder acompanhar a evo- lução de fatos sociais. Exemplo: Lei Seca – Lei 11.705/2008, que objetiva reduzir os acidentes de trânsito, provocados por motoristas embriagados, foi alterada pela Lei 12.760/2012, onde altera o artigo 306 do CTB expondo que: Art. 306 – Conduzir veículo automotor com capacidade psico- motora alterada em razão da influência de álcool o de substân- cia psicoativa que determine dependência: Penas – detenção, de seis meses a três anos, multa e suspen- são ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Dentro da lógica jurídica, podemos elencar alguns tipos de Leis existentes. A forma mais comum e mais simples recorre a Constituição Federal, que em seu artigo 59 enumera e aponta os tipos utilizados dentro do processo legislativo, atualmente temos: I. emenda à Constituição; II. leis complementares; III. leis ordinárias; IV. leis delegadas; V. medidas provisórias; VI. decretos legislativos; VII. resoluções. De todas as espécies normativas previstas no artigo 59, a lei ordinária e a lei complementar são as mais utilizadas, pois são os meios mais comuns de ino- var o ordenamento jurídico, ou seja, criar, modificar ou extinguir direitos e obri- gações. PÁGINA 15 2.2 COSTUME O Direito Consuetudinário é aquele que surge a partir dos costumes da socie- dade, com isso se consolidam como normas jurídicas. Tais normas não passam por um processo legislativo e nem são expressas na forma escrita. A positivação objetiva dar conhecimento a todos sobre o que determina uma norma, contudo quando a própria norma surge de um comportamento que já é adotado pela sociedade, tal positivação torna-se desnecessária. Conforme mencionado anteriormente a principal fonte direta ou imediata do Di- reito é a Lei. Quando um cidadão precisa encontrar uma norma jurídica para nortear sua conduta, ou um Juiz fundamentar sua sentença, as buscas se ini- ciam pelas Leis, mas em alguns casos, as próprias Leis determinam que seja utilizada outra fonte direta/imediata: o costume. Exemplo: As pessoas ao saírem de casa escolhem a roupa que vão usar. Mas ninguém nem imagina sair de casa sem usar roupas. De modo que andar nas ruas, em espaço público vestido, é um comportamento costumeiro e deste comportamento é possível extrair a seguinte norma: é proibido ficar nu em pú- blico, ou, é obrigatório estar vestido em público. Essa norma que é costumeira pode ser considerada uma norma jurídica, pois tem relação com normas legis- lativas. Muitos doutrinadores afirmam que o costume é mais estável do que as Leis, já que estes tendem a se manter, e até tornam-se mais fortes ao longo do tempo. Por outro lado as Leis criadas meramente por um processo burocrático podem ser alteradas. Para que se possa afirmar que uma determinada prática seja um costume, é necessário identificar dois elementos: Corpus, é o elemento material, e Animus, o elemento psicológico. Assim, o Corpus é a prática que deve ser repetida com constância dentro da sociedade em questão. O Animus seria a própria convicção que essa prática seja necessária ou obrigatória. O elemento psicológico deve sempre estar presente para que o cidadão não se desvirtue da prática reiterada, ou seja, o Corpus sem o Animus, não se conver- te necessariamente em costume. Muitos juristas afirmam que o costume nada mais é do que a expressão genuí- na da consciência de uma sociedade e não um produto do legislador, o legis- lador cria as Leis, traduzindo em normas escritas o espírito costumeiro de um povo. Então podemos afirmar que a Lei é o reflexo do costume? PÁGINA 16 REFLITA Vale ressaltar que nem todo costume está diretamente relacionado com o Di- reito Consuetudinário, pois o costume tem uma abrangência muito ampla, con- templando todas as prática habituais da cultura de um povo. O Direito Consue- tudinário é formado apenas por aqueles costumes que tem relevância e legiti- midade jurídica. Costume é o comportamento que se repete no tempo. O costume se consoli- da quando as pessoas adquirem um hábito comportamental que se alonga no tempo, praticando espontaneamente tais condutas. Torna-se o costume fonte do direito, quando é possível se extrair de tais comportamentos, uma norma que seja considerada válida pelo ordenamento jurídico. Fonte: https://introducaoaodireito.info/wp/41-fontes-formais-imediatas-do-direito-costume/ 2.3 DOUTRINA A Doutrina Jurídica descreve o direito, não o cria. Assim, pode-se entender como Doutrina, todos os ensinamentos e descrições explicativas do direito que elaboradas pelos jurisconsultos forjam vocabulários e conceitos para a exata compreensão da ciência jurídica. Definição de Maria Helena Diniz: A Doutrina decorre da atividade científico-jurídica, isto é, dos estudos científicos realizados pelos juristas, na análise e sistematização das normas jurídicas, na elaboração das definições dos conceitos jurídicos, na interpretação das leis, facilitando e orientando a tarefa de aplicar o direito, e na apreciação da justiça ou conveniência dos dispositivos legais, adequando-os aos fins que o direito deve perseguir, emitindo juízos de valor sobre o conteúdo da ordem jurídi- ca, apontando as necessidades e oportunidades das refor- mas jurídicas. A Doutrina molda e sistematiza os institutos jurídicos buscando novas con- figurações legislativas, pois é sabido que atualmente o intérprete da Lei, não consegue esgotar, tanto no mundo das normas, quanto na realidade social, as mais diversas situações de fatos jurídicos que possam surgir na vida em socie- dade. Autores, Jurisconsultos, intelectuais jurídico-científicos, doutrinadores, discutem se realmente a Doutrina seria uma das fontes do direito, já que para muitos es- PÁGINA 17 tudiosos as fontes deveriam produzir modelos jurídicos e estruturas normativas de caráter obrigatório e não somente apenas descrever a autêntica fonte do direito que são as Leis, ou explicar o ordenamento por construçõesteóricas, ou ainda, inspirar o legislador na produção das normas. Alguns autores entendem que a obra doutrinária não pode ser obrigatoriamen- te adotada pelos órgãos de aplicação da Lei, por ser produzida por quem não possui poder normativo conferido pelo Estado. Por outro lado o fundamento para aceitação da Doutrina como fonte do direito surge da própria definição que unanimemente se dá para a doutrina: é o con- junto de investigações científicas e dos ensinamentos dos juristas (pensadores do direito). Ora, o pensamento jurídico dogmático nada mais é do que o con- junto de suas doutrinas, onde o estudioso e pesquisador (estudantes universi- tários, profissionais do direito como o advogado, juiz, promotor, procurador etc.) estarão aprendendo a procurar respostas aos problemas encontrados. Orlando Gomes, nos mostra três fundamentos para que a Doutrina exista de forma secundária no ordenamento jurídico, vejamos: (1º) Pelo ensino ministrado nas Faculdades de Direito; (2º) sobre o legislador; (3º) sobre o juiz. Pelo ensino, formam- -se os magistrados e advogados, que se preparam para o exercício das profissões pelo conhecimento dos concei- tos e teorias indispensáveis à compreensão dos sistemas de direito positivo. Inegável, por outro lado, a influência da obra dos jurisconsultos sobre os legisladores, que, não raro, vão buscar no ensinamento dos doutores os elemen- tos para legiferar. E, por fim, notável a sua projeção na ju- risprudência, não só porque proporciona fundamentos aos julgados, como porque, através da crítica doutrinária, se modifica frequentemente a orientação dos tribunais. A grande importância da Doutrina no mundo jurídico é que esta se mantém sempre atualizada, seguindo a evolução dos acontecimentos, está sempre em mutação, o que a difere da Lei que está sempre estática e perpetuada no tem- po. 2.4 JURISPRUDÊNCIA Silvio Venosa esclarece que entende-se por “Jurisprudência o conjunto de de- cisões proferidas pelos Tribunais, ou ainda uma série de decisões similares de uma mesma matéria. A jurisprudência nunca é constituída de um único julgado, mas de uma pluralidade de decisões”. PÁGINA 18 A dinâmica da Jurisprudência é construída diuturnamente nos Tribunais, e de certa forma cria vida ao ordenamento jurídico, tornando-se muito importante para o preenchimento de lacunas de casos concretos. Vale lembrar que processualmente a Jurisprudência é muito utilizada para fun- damentar direitos e decisões na redação de uma peça processual, podemos utilizar como exemplo a petição inicial, que é a primeira peça processual que o advogado utiliza para pleitear direitos, objetivando uma decisão favorável ao seu cliente. Exemplo de Jurisprudência utilizada para complementar e fundamentar um di- reito em uma peça processual: FONTE: Peça Processual – Petição Inicial, CPM – Caberizi, Pereira e Menini Advogados. PÁGINA 19 Com isso, podemos observar que a Jurisprudência se concretizou como fonte do direito no meio jurídico e que através de seu papel de atualizar entendimen- tos legais, se destaca como um importante instrumento para suscitar opiniões e decisões e através de sua fonte informativa oferece um norte aos operadores do direito. CONSIDERAÇÕES FINAIS Finalizando o conteúdo desta primeira unidade, foi possível entender , mesmo que de forma resumida, a importância do Direito Civil nas relações da vida em sociedade. Estudamos o início do código civil no Brasil e seu atual diploma de 2.002. Foi possível também entender como surgem as normas através do es- tudo das fontes do direito e observar que o sistema jurídico não é perfeito e possui muitas lacunas. Com isso, entendemos que apesar de ser um assunto muito amplo, os temas estudados, Direito Civil, Código Civil e Fontes do Direito devem ser considera- dos de grande importância não só por operadores do direito, mas também por profissionais de áreas extrajudiciais, para que realizem a construção do enten- dimento do que realmente seja todo este sistema e sua aplicação na vida coti- diana do cidadão brasileiro. PÁGINA 20 MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Compêndio de Introdução à Ciência do Direito Autora: Maria Helena Diniz Editora: Saraiva Sinopse: Justifica-se o título da obra como uma intro- dução à ciência jurídica e não propriamente sobre o direito, por oferecer uma ampla visão sobre o fenôme- no jurídico, propiciando uma base sólida para a com- preensão dos conceitos comuns às demais disciplinas do curso. Para tanto, a autora se vale de conhecimen- tos científicos e filosóficos, o que confere à obra teor epistemológico. Através da definição dos conceitos bá- sicos de direito (como norma jurídica, direito objetivo e subjetivo, fonte jurídica, interpretação, relação jurídica) parte para a análise da evolução das escolas jurídico-científicas ao longo do tempo. A obra conta com quadros sinóticos que proporcionam uma visão global sobre o assunto e as referências bibliográficas servem como um guia para quem desejar se apro- fundar. A autora busca apresentar as diferentes teorias acerca de um mesmo tema, eis que o jurista não está alheio às manifestações de valorações trazidas pela realidade jurídica. Por fim, a presente obra é uma base informativa impres- cindível para uma viagem nos domínios da ciência do direito e para um posicio- namento crítico ante às questões jurídicas.” PÁGINA 21 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Mini Constituição Federal. 2ª Edição. São Paulo: Editora Foco Jurídico, 2018; DEL VECCHIO, George. Lições de filosofia do direito. Coimbra: Arménio Ama- do. 1972, p. 148; DINIZ, Maria Helena .Compêndio de Introdução à Ciência do Direito: 26ª ed., São Paulo: Saraiva; GOMES, Orlando. Introdução ao direito civil. 7ª. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1997 MACHADO Neto, A.L. Compendêndio de Introdução ao estudo do Direito, São Paulo: Saraiva, 1998; MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil – Parte Geral, São Paulo: Saraiva, 2003; NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito/Paulo Nader. 36ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2.014; VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Parte Geral, vol 1. 4ª ed., São Paulo: Editora Atlas S.A., 2004. https://introducaoaodireito.info/wp/41-fontes-formais-imediatas-do-direito-costu- me/. Acesso em 08 nov. 2018; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503.htm. Acesso em 09 nov. 2018; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12760.htm. Aces- so em 09 nov. 2018. PÁGINA 22 CAPÍTULO 2 DIREITO OBJETIVO;DIREITO SUBJETIVO;DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO Professor: Ricardo Menini Objetivos de Aprendizagem • Compreender o Direito como ciência, suas classificações e formalida- des; • Estudar como se divide o Direito dentro do plano objetivo e subjetivo, apontando sua classificação através da Teoria Geral do Direito em direi- to público e privado; Plano de Estudo • Direito; • Direito objetivo; • Direito subjetivo; • Direito público; • Direito Privado. PÁGINA 23 INTRODUÇÃO DA UNIDADE Em nossa segunda unidade, vamos direcionar nossos estudos para o direito como ciência, visando entender como existem várias divisões dentro do direito e como se ramificam essas divisões. É claro que existem muitas discussões doutrinárias sobre o que vamos estudar nesta unidade, discussões estas que não são novas, mas são importantes para a evolução do direito como ciência humana, mirando para o acompanhamento das mutações relacionais entre pessoas e destas com o Estado. Vamos em frente... Ótimos estudos! PÁGINA 24 REFLITA 1 BREVES COMENTÁRIOS SOBRE DIREITO POSITIVO E DIREITO NATU- RAL Por questões de divergências entre os juristas, não existe ainda um consenso sobre um conceito concreto para o Direito, mas existe uma definição maioritária de que Direito seja o conjunto de normas gerais e positivas que regulam a vida social. O Direito por mais frio que seja, aquele direito positivo, apoiado na letra da Lei, pode atrair para sua esfera alguns preceitos da moral. É o direitonatural, tam- bém conhecido como jusnaturalismo. O direito positivo é o próprio ordenamento jurídico em vigor dentro de socieda- de, impondo regras, limites, direitos e deveres do cidadão, ou seja, disciplinan- do toda a conduta de um povo, através de condutas normativas, abrangendo as Leis, Costumes, Doutrina e Jurisprudência. Já o direito natural, ou jusnaturalismo se apresenta como sendo uma ideia abs- trata do direito, seria em suma o ordenamento ideal, transportando as ações humanas para uma justiça superior e suprema. Carlos Roberto Gonçalves, nos mostra que para o direito positivo, por exemplo, não é exigível o pagamento de dívida prescrita e de dívida de jogo (arts. 814 e 882 do Código Civil). Mas para o direito natural, esse pagamento é obrigatório. Assim o direito natural, estaria se firmando como a expressão de princípios su- periores ligados a natureza racional, moral e social do homem. Diferenças entre o direito natural e o positivo: O direito positivo é posto pelo Estado; o natural, pressuposto, é superior ao Estado. O direito positivo é válido por determinado tempo (tem vigência temporal) e base territorial. O natural pos- sui validade universal e imutável (é válido em todos os tempos). Fonte: https://direitounimonte.wordpress.com/2013/02/15/diferencas-entre-direito-natural-e-o-di- reito-positivo/ PÁGINA 25 2 DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO Washington de Barros Monteiro, conceitua diferenciando direito objetivo e sub- jetivo da seguinte forma: Direito objetivo é a regra de direito, a regra imposta ao pro- ceder humano, a norma de comportamento a que o indiví- duo deve se submeter, o preceito que deve inspirar a sua atuação. O direito objetivo designa o direito enquanto re- gra. Já o direito subjetivo é poder. São as prerrogativas de que uma pessoa é titular, no sentido de obter certo efeito jurídi- co em virtude da regra de direito. É a faculdade que para o particular deriva da norma. O direito subjetivo oferece a uma pessoa o poder de exigir de outra o cumpri- mento de um dever e, em caso deste não cumprimento, a execução de uma penalidade contra o responsável, com base em uma norma jurídica que regule o caso. Assim podemos entender que direito objetivo é o conjunto de normas vigentes em um país e o direito subjetivo é o direito atribuído a uma pessoa, que é titular e pode, por isso, exigir seu cumprimento. Podemos citar como exemplo o artigo 569 do Código Civil: Art. 569. O locatário é obrigado: II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar; (dever jurídico); Elementos do direito subjetivo: a. Sujeito de direito – pode ser uma pessoa, ou grupo de pessoas, associa- ções, sindicatos, etc...; b. Conteúdo do direito – é a faculdade (escolha) que o sujeito de direito tem de constranger quem viola o dever jurídico, observando o ordena- mento (direito objetivo), gerando uma obrigação; c. Objeto do direito – interesse (direito protegido pela norma) do sujeito de direito; d. Proteção do direito – o sujeito de direito tem a possibilidade de fazer va- ler o seu direito através de uma ação processual. PÁGINA 26 REFLITA É possível concluir que o direito objetivo (ordenamento jurídico) garante ao indi- víduo o direito subjetivo de invocar o ordenamento jurídico a seu favor. 3 DIREITO PUBLICO E DIREITO PRIVADO Após entendermos que direito se define como sendo um conjunto de regras que disciplina as relações sociais, vamos ver a frente como se divide o próprio direito. A diferença entre direito público e direito privado, é mais uma diferença didática do que uma diferença jurídica, temos que pensar na origem dos termos e no núcleo central de cada um deles. Podemos abordar de forma breve esta diferença, invocando tempos passados lá no direito romano. Há mais ou menos 500 anos , na Roma antiga das mais de 800 Leis em vigor, apenas 25 tratavam das relações entre os particulares, ou seja, de pessoa para pessoa. Naqueles tempos as relações entre particulares eram regulamentadas pelos costumes, que também norteava as decisões judiciais entre os particulares. A maior parte das Leis que vigorava na Roma antiga tratava das relações dos particulares (pessoas) com o Estado, ou seja, como deveriam ser os romanos com relação aos tributos, como era estabelecido o serviço militar, o que era cri- me, etc. Assim percebemos que esta distinção entre direito público e privado nós her- damos lá do direito romano, sendo que o direito público nada mais é do que a relação das pessoas com o Estado e o direito privado, a relação das pessoas com as pessoas, ou seja, relação entre particulares. Esta é a diferença didática para entendermos a diferença entre direito público e direito privado. O Estado tem muitas prerrogativas de imposição ao cidadão, para que este deva obedecer tais prerrogativas em nome da ordem e o bem comum, isto po- demos chamar de direito público, imperatividade do poder estatal. Como exem- plo podemos citar, prender criminosos, cobrar impostos, aplicar multas, etc... Tudo isto regulamentado pela Constituição e pelas Leis. PÁGINA 27 Exemplos: DIREITO PRIVADO DIREITO PÚBLICO Direito Civil Direito Constitucional Direito Comercial Direito Administrativo Direito do Trabalho * Direito Tributário Direito do Consumidor * Direito Penal Fonte: https://www.passeidireto.com/arquivo/4063010/a-divisao-do-direito-em-publico-e-privado 3.1 Alguns ramos do direito privado: 3.1.1 Direito Civil: É o principal ramo do direito privado, composto por normas e princípios que regem as relações entre particulares que possuem condições iguais. O direito civil estabelece direitos e impõe obrigações no campo dos in- teresses individuais. O direito civil disciplina os negócios jurídicos em geral, os direitos de família e sucessões, o estado das pessoas, obrigações e contratos, propriedade e outros direitos reais. 3.1.2 Direito Comercial: É o conjunto de normas que tem a finalidade de regular as relações entre duas ou mais partes, visando fins comerciais e de intercâmbio econômico, estabelecendo parâmetros que devem ser respeitados pelos envolvidos em atividades comerciais. 3.1.3 Direito do Trabalho: O segmento Laboral é bastante discutido na doutri- na com relação a sua natureza jurídica, ou seja, como o direito do trabalho se classifica no universo do direito brasileiro. Existe a corrente que defende a Teo- ria de Direito Público, onde no direito laboral a livre manifestação da vontade das partes, são sufocadas pelo Estado que intervém na relação jurídica empre- gado/empregador por meio de leis imperativas, visando diretos irrenunciáveis, exemplo intervalo para descanso e alimentação. Uma outra corrente doutriná- ria, defende Teoria do Direito Privado que estabelece que a raiz do Direito de Trabalho está fixada no Direito Civil, já que os contratantes (empregador e em- pregado) são livres para estipular as regras de seu pacto de emprego, fican- do evidente que a maioria das normas da CLT são de natureza privada. Uma terceira corrente defende Teoria do Direito Social, ou seja, para esta corrente o interesse coletivo da sociedade prevalece sobre o privado, onde o ordenamen- to trabalhista tem a finalidade de proteger o empregado socialmente mais fraco, predominando, portanto o interesse social. 3.1.4 Direito do Consumidor: Assim como o direito dom trabalho, o direito do consumidor, também apresenta discussões quanto ao seu encaixe dentro da ciência jurídica. Alguns autores afirmam que o direito do consumidor é ramo do direito privado por travar relações entre particulares (consumidor e forne- PÁGINA 28 cedor), inexistindo interesse público nestas relações. De outro lado, por haver reiteradas intervenções estatais nas relações de consumo, outros autores de- nominam o direito consumerista como sendo ramo do direito público, pois suas normas nascem de dispositivos constitucionais, como é o caso do artigo 5º, in- ciso XXXII, da Constituição de 1988, vejamos: XXXII - o Estadopromoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; Enfim, apesar de muitos argumentos em um sentido ou outro, prevalece ainda o entendimento no sentido de situar Direito do Consumidor no campo do Direito Privado. 3.2 Alguns ramos do direito público: 3.2.1 Direito Constitucional: Direito Constitucional provém da lei maior do Estado da nossa Carta Magna, todas as demais normas estão subordinadas ao seu comando e aos seus princípios. A Constituição Federal de 1988, de- nominada constituição cidadã, instituiu o regime democrático de direito, com o objetivo de assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, liberdade, segurança, igualdade, entre outros direitos assegurados conforme o expresso no preâmbulo constitucional. 3.2.2 Direito Administrativo: O direito administrativo trata das relações en- tre a Administração Pública e os cidadãos, denominados respectivamente de administrador e administrados. Seus assuntos são relacionados com o interesse público, tais como responsabilidade civil, poder de polícia, processos administrativos, fiscalização, conservação de bens públicos etc. 3.2.3 Direito Tributário: O direito tributário é o conjunto de normas e princípios que regem as atividades financeiras e as relações entre o Estado (arrecadador de tributos) e o particular (contribuinte). 3.2.4 Direito Penal: O direito penal tem por finalidade tutelar os bens jurídicos mais importantes para a sociedade, ou seja, direito à vida, à liberdade, à honra, à propriedade, etc. É com base nos bens jurídicos que os crimes são elenca- dos no Código Penal: crimes contra a vida, contra a honra, contra o patrimônio, etc. A tutela dos bens jurídicos é função do Estado, portanto interesse público. PÁGINA 29 REFLITA Com base na história do direito romano, é possível trazer a diferença didática entre direito público e direito privado como sendo: Direito Público = Verticalidade e o Direito Privado = Horizontalidade O conceito de De Plácido e Silva sobre direito público traz como sendo o con- junto de leis, criadas para regularem os interesses de ordem coletiva, ou, em outros termos, principalmente, organizar e disciplinar a organização das institui- ções políticas de um país, as relações dos poderes públicos entre si, e destes com os particulares como membros de uma coletividade, e na defesa do inte- resse público, vejamos: “A norma de Direito Público, pois, tende sempre a regular um interesse, direto ou indireto, do próprio Estado, em que tem vigência, seja para impor um princípio de caráter políti- co e soberano, seja para administrar os negócios públicos, seja para defender a sociedade, que se indica o próprio ali- cerce do poder público”. Assim, podemos entender que o Estado de maneira unilateral, determina o comportamento dos particulares, ou seja, o Estado pode impor normas jurídi- cas, regulamentos, para que o cidadão cumpra independente de sua concor- dância. Já nas relações envolvendo o direito privado, o que impera é a igualdade en- tre os particulares. Neste caso não pode um cidadão impor de forma unilateral certos comportamentos a seu próximo, visto que no mundo jurídico são iguais. Por exemplo, uma grande empresa multinacional, por mais rica e poderosa que seja, não pode obrigar as pessoas a comprar seus produtos, ou ainda, um em- pregador sendo economicamente muito mais forte que o empregado, não pode exigir que ele faça parte do seu quadro de funcionários para sempre. Vale lembrar que no direito privado um cidadão só pode impor comportamen- tos a outro se houver uma base contratual, de forma bilateral. Neste caso, um consumidor e um prestador de serviços , celebrando um contrato, podem exi- gir comportamentos recíprocos, através da execução de tal contrato, ou ainda o empregador pode exercer o seu poder disciplinar em relação ao emprega- do, com base no contrato de trabalho. Esta autoridade é derivada de um poder construído, ou seja, um contrato. PÁGINA 30 Contudo, nos dias de hoje como já dito anteriormente, o direito evolui para acompanhar o progresso da humanidade, e hoje as relações são um tanto mais complexas do que antigamente. O Estado hoje pode certamente assumir relações que eram até então típicas do direito privado, ou seja, quando o Estado contrata ou faz intervenções, ele se coloca na condição de um sujeito particular. Como exemplo a intervenção no domínio econômico para regulamentar o mercado, ou quando o Estado compra produtos ou serviços, com base na Lei 8.666/93 (Lei de Licitações), que mes- mo emanada do direito administrativo, são relações de direito privado, assumi- das pelo Estado. Doutrinadores afirmam que mesmo existindo uma base de direito público que é a Lei de Licitações, quando o Estado contrata, ele se coloca na condição de um sujeito privado. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo envolvendo os temas desta unidade II, possibilitou uma breve expla- nação do direito como ciência jurídica, abordando assuntos da Teoria Geral do Direito, conceituando e discorrendo sobre os ramos do direito, possibilitando entender a dinamicidade do direito, no sentido de que preceitos teóricos como as dicotomias (direito objetivo X direito subjetivo; direito público X direito pri- vado) são relativizados em prol da eficiência e da boa aplicabilidade da norma jurídica. Importante destacar a ideia de que o direito nunca será uma ciência estática, sempre será mutável, assim como vem sendo desde as primeiras percepções normativas do homem ao longo da história, mantendo a essência de seus con- ceitos com foco na sociedade atual, merecendo ser estudado e discutido pelas gerações. PÁGINA 31 MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Introdução ao Estudo do Direito Autora: Sílvio de Salvo Venosa Editora: Atlas Sinopse: Esta obra procura preparar o leitor para seu conteúdo. Toda jornada começa com um primei- ro passo. Antes de ser tecnicamente uma “Introdução ao Estudo do Direito”, denominação da disciplina nos cursos de graduação, este livro aponta os primeiros fundamentos da ciência jurídica e se destina primor- dialmente a todos aqueles que iniciam seus estudos nesse campo ou dele querem tomar conhecimento, como também desejam reavivar conceitos fundamen- tais. Toda obra com acentuado cunho filosófico como esta deve servir de ponto de partida para a discussão, meditação e mergulhos mais profundos em todos os assuntos percorridos, todos apaixonantes não só para os futuros operadores do Direito, como também para o aprimoramento e melhor compreensão da vida em sociedade. Por isso mesmo, ao transitar pelos filósofos, sociólogos, historiadores e juristas em geral, citados em ampla biblio- grafia, este trabalho busca descortinar vastos horizontes e preparar espíritos para os múltiplos caminhos que podem ser trilhados no Direito. O autor utiliza, tanto quanto o assunto permita, a mesma linguagem simples de suas obras de Direito Civil, sem prejuízo da profundidade dos temas e da exposição de suas ideias próprias, auferidas em muitos anos de vivência no universo jurídico des- te País. Como se acentua, tudo que se ler neste livro será sempre um ponto de partida. PÁGINA 32 REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Ofi- cial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em 15 nov. 2018; DE PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário Jurídico, verbete Direito Público. Rio de Ja- neiro: Forense, 2001; GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil esquematizado, volume I / Carlos Roberto Gonçalves. São Paulo: Saraiva, 2011; MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil, v 1 parte geral/ Washington de Barros Monteiro/ Ana Cristina de Barros Monteiro França Pinto – 45, ed. São Paulo: Saraiva , 2016; https://direitounimonte.wordpress.com/2013/02/15/diferencas-entre-direito-natu- ral-e-o-direito-positivo/. Acesso em 18 nov. 2018 PÁGINA 33 CAPÍTULO 3 PERSONALIDADE JURÍDICA, PESSOA NATURAL, CAPACIDADE, DIREITOSDA PERSONALIDADE; PESSOA JURÍDICA, CAPACIDADE; DOMICÍLIO; BENS E SUAS CLASSIFICAÇÕES Professor: Ricardo Menini Objetivos de Aprendizagem • Compreender como é adquirida a personalidade jurídica (pessoa natural/ pessoa jurídica), bem como estudar capacidade e direitos da personali- dade jurídica; • Entender a importância do domicílio para o direito de acordo com o arti- go 70 e seguintes do Código Civil e o que são bens e como se classifi- cam de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro. Plano de Estudo • Personalidade jurídica; • Teorias explicativas do nascituro; • Capacidade; • Direitos da personalidade; • Pessoa jurídica; • Domicílio; • Bens. PÁGINA 34 INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta nossa terceira unidade, trataremos de forma simplificada a essência da pessoa natural, a aquisição da personalidade jurídica e as teorias explicativas, como se projetam os direitos da personalidade, a capacidade de acordo com o Código Civil, bem como compreender que a pessoa jurídica, através do ato constitutivo, possui aptidão para ser titular de direitos e obrigações na ordem jurídica. Nossos estudos nesta unidade busca focar também que, se uma pessoa quer seja ela física ou jurídica tem direitos e obrigações na órbita legal, esta pessoa consequentemente necessita de um local para se estabelecer com seu núcleo familiar e praticar seus negócios jurídicos, com isso é possível tratar da distin- ção entre moradia e domicílio. Os bens jurídicos e suas classificações também fazem parte dos estudos des- ta unidade, pois sendo objetos de uma relação de direito, necessário se faz entender que estes bens sendo materiais ou imateriais e servindo de utilidade física ou ideal para o cidadão, são de suma importância para o Direito Civil Bra- sileiro. Avante... Excelentes Estudos!!! PÁGINA 35 SAIBA MAIS 1 PERSONALIDADE JURÍDICA Os assuntos relativos à personalidade jurídica surgem como sendo de grande importância dentro da Teoria Geral do Direito. É um instituto bastante abran- gente e aplicável também às pessoas jurídicas, assunto que será abordado mais adiante. Pablo Stolze conceitua a personalidade jurídica como sendo a aptidão genéri- ca para se titularizar direitos e contrair obrigações na órbita jurídica, ou seja, é a qualidade para ser sujeito de direito. Teixeira de Freitas criou um termo para o sujeito de direito, como sendo pessoa física ou natural ou ente de existência visível. O grande questionamento doutrinário é: em que momento a pessoa física ou natural adquire personalidade jurídica? Aparentemente, a resposta encontra-se na primeira parte do artigo 2º do Códi- go Civil. O surgimento da personalidade jurídica ocorre a partir do nascimento com vida (funcionamento do aparelho cardiorrespiratório), vejamos a primeira parte do artigo 2º do Código Civil: Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nasci- mento com vida; O sistema brasileiro, à luz do princípio da dignidade da pessoa humana, não exige para efeito civil na aferição do nascimento com vida a forma humana e o tempo mínimo de sobrevida. Já o direito espanhol, (artigo 30 do Código da Espanha), para efeito de reconhecimento da personalidade jurídica, exige forma humana e tempo mínimo de sobrevivência do recém-nascido. Eis que entra a segunda parte do artigo 2º do Código Civil: Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nasci- mento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concep- ção, os direitos do nascituro. Temos no artigo 2º uma grande contradição onde, a lei põe a salvo desde a concepção direitos do nascituro, ou seja, se ele tem direitos é porque ele é um sujeito de direitos e sendo um sujeito de direitos ele tem personalidade, pois não é possível reconhecer direito a quem não possa ser titular desses direitos. PÁGINA 36 Nascituro = o nascituro é o ente, com existência intra-uterina, concebido, mas ainda não nascido. ALGUNS DIREITOS DO NASCITURO a. o nascituro é titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida, o direito à proteção pré-natal etc.); b. pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do imposto de transmissão inter vivos; c. pode ser beneficiado por legado e herança; d. o Código Penal tipifica o crime de aborto; e. como decorrência da proteção conferida pelos direitos da personalidade, o nascituro tem direito à realização do exame de DNA, para efeito de aferição de paternidade. Fonte: Manual de Direito Civil – Pablo Stolze Gagliano/Rodolfo Pamplona Filho 1.1 Teorias explicativas do nascituro: As duas teorias fundamentais explicativas do nascituro são as seguintes: Teoria Natalista e Teoria concepcionista. 1.1.1 Teoria Natalista A Teoria Natalista, é matematicamente predominante no Brasil e muitos auto- res defendem esta teoria, como é o caso de (Vicente Rao, Silvio Rodrigues, Eduardo Espínola). Esta teoria enfatizando a primeira parte do artigo 2º do código civil, sustenta que a personalidade só é adquirida a partir do nascimento com vida, de manei- ra que o nascituro não é considerado pessoa, gozando de mera expectativa de direito. Então esta teoria nega a personalidade jurídica ao nascituro. Contudo, existe a segunda Teoria que já ganhou muita força no Brasil, é a Teo- ria Concepcionista. 1.1.2 Teoria concepcionista Para esta Teoria, a personalidade jurídica, inclusive para efeitos patrimoniais, seria adquirida desde a concepção: o nascituro portanto é sujeito de direito. Assim o nascimento com vida apenas confirma a personalidade jurídica que já foi adquirida no momento da concepção. Vários autores defendem esta Teoria: (Teixeira de Freitas, Clóvis Bevilaqua, Professora Silmara Chinelato e outros). PÁGINA 37 Existe ainda uma teoria intermediária, denominada Teoria da Personalidade Formal ou Condicional: para os adeptos desta teoria, o nascituro seria conside- rado pessoa apenas em relação a direitos personalíssimos, embora, para efei- tos patrimoniais, somente seria considerado pessoa ao nascer com vida. E quanto ao Código Civil? Qual é a Teoria adotada pelo código brasileiro? Seguindo o ensinamento de Clóvis Bevilaqua na obra clássica Código Civil dos Estados Unidos do Brasil, editora Rio 1975, página 178, aparentemente o codi- ficador pretendeu adotar a teoria natalista, “por ser mais prática”. Todavia, sofre inequívoca influencia concepcionista, ao tratar o nascituro como pessoa, reco- nhecendo-lhe diversos direitos. 2 CAPACIDADE O artigo 1º do Código Civil, afirma que toda pessoa é capaz de direitos e deve- res na ordem civil, contudo, a própria lei restringe a forma de como o cidadão exerce seus direitos. Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. A capacidade se desdobra em capacidade de direito e capacidade de fato. A capacidade de direito é uma capacidade genérica que toda pessoa tem por ser pessoa, é a capacidade de adquirir direitos. Pablo Stolze citando Orlando Gomes em seu livro de Introdução ao Direito Ci- vil, sustenta que a capacidade de direito nos dias de hoje confunde-se com a personalidade jurídica, pois toda pessoa é capaz de direito, mas nem todo mundo tem capacidade de fato. A capacidade de fato é a capacidade pessoal de exercício dos atos da vida ci- vil. A falta de capacidade de fato gera a incapacidade civil. Capacidade de fato, é a aptidão para exercer por si os atos da vida civil, dependendo, portanto, do discernimento, ou seja, é a aptidão que tem a pes- soa de distinguir o lícito do ilícito, o conveniente do prejudicial. Podemos então destacar seguinte a fórmula – Capacidade de direito + capaci- dade de fato (exercício) = capacidade civil plena. A capacidade civil plena acon- tece quando a pessoa atinge a maioridade civil – 18 anos completos. Segundo Marcos Bernardes de Mello, o cidadão capaz civilmente, teria a capa- cidade jurídica, de acordo com a aptidão que o ordenamento jurídico atribui às pessoas, em geral, e a certos entes, em particular, estes formados por grupos PÁGINA 38 REFLITA de pessoas ou universalidades patrimoniais,para serem titulares de uma situa- ção jurídica. Assim, entende-se que nem toda pessoa possui aptidão para exercer pessoal- mente seus direitos, praticando atos jurídicos, em razão de limitações orgâni- cas ou psicológicas. Contudo, não se pode confundir capacidade com legitimidade. Lembre-se! Capacidade é a regra; incapacidade é a exceção 2.1 Incapacidade absoluta Estão nesta situação as pessoas que não tenham capacidade de fato ou de exercício, ou seja, que estejam impossibilitadas de manifestar real e juridica- mente sua vontade. O Código Civil, informa em seu artigo 3º que são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos, que aos olhos da lei são menores impúberes. A pessoa absolutamente incapaz necessita de um representante, para que este realize atos da vida civil por ela. 2.2 Incapacidade Relativa Entre a absoluta incapacidade e a plena capacidade civil, figuram pessoas si- tuadas em uma zona intermediária, por não gozarem de total capacidade de discernimento e auto determinação. São os relativamente incapazes. A pessoa relativamente incapaz, não tem idade, discernimento ou condições físicas de exercer plenamente sua vontade, com isso necessariamente precisa de um Assistente para lhe auxiliar nos atos da vida civil. PÁGINA 39 REFLITA Quem são os relativamente incapazes? Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I. os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II. os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III. aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV. os pródigos. Os relativamente incapazes não podem praticar alguns atos da vida civil. Po- rém alguns atos são permitidos para os relativamente incapazes. Ex: o pródigo não pode administrar uma empresa, mas pode se casar; A incapacidade cessa quando desaparecem as causas que a determinaram. No entanto, existe a cessação da incapacidade do menor antes da idade legal. É o caso da emancipação (artigo 5º, parágrafo único do Código Civil). Isto por- que, não obstante a fixação da idade de 18 anos como a que se presume tenha o indivíduo alcançado um desenvolvimento intelectual, negocial e econômico, é certo que alguns menores se enquadrarão nesta situação antes da maioridade. Por fim, é possível entender que toda pessoa tem capacidade de direito (aquisi- ção de direitos), mas não necessariamente capacidade de fato (discernimento). Quem tem as duas capacidades somadas, tem a capacidade civil plena. Aque- les que não possuem a capacidade de fato são chamados incapazes, podendo ser absolutos ou relativos. O suprimento da incapacidade absoluta se dá por meio de representação (geni- tores ou representantes legais), já a incapacidade relativa por assistência (geni- tores, tutores ou curadores). PÁGINA 40 3 DIREITOS DA PERSONALIDADE O Professor Pablo Stolze menciona em seu Livro Manual de Direito Civil que uma das principais inovações do Código Civil de 2.002 é a existência de um ca- pítulo próprio destinado aos direitos da personalidade. Assim, é possível entender que houve uma grande mudança conceitual da codificação brasileira, que deixou de ter um perfil essencialmente patrimonial (características do código de 1916), para se preocupar com o indivíduo, como prescreve a nossa Constituição Federal de 1988. Entende-se como direitos da personalidade, aqueles que tem por objetivo os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e suas projeções sociais. Objetivando concentrar toda a matéria em uma única unidade e visando facilitar a compreensão, vamos de forma direta e objetiva discorrer sobre alguns direi- tos da personalidade e seus respectivos conceitos: a) Direito à vida: é o direito mais importante do cidadão brasileiro, onde este concentra todos os demais direitos; Na síntese de Carlos Alberto Bittar, direito à vida é: “O direito que se reveste em sua plenitude, de todas as carac- terísticas gerais dos direitos da personalidade, devendo-se en- fatizar o aspecto da indisponibilidade, uma vez que se carac- teriza, nesse campo, um direito à vida. Constitui-se direito de caráter negativo, impondo-se pelo respeito que a todos os com- ponentes da coletividade se exige. Com isso, tem-se presente a ineficácia de qualquer declaração de vontade do titular que importe em cerceamento a esse direito, eis que não se pode ceifar a vida humana por si só, ou por outrem, mesmo sob con- sentimento, porque se entende, universalmente, que o homem não vive apenas para si, mas para cumprir missão própria da sociedade. Cabe-lhe, assim, perseguir o seu aperfeiçoamento pessoal, mas também contribuir para o progresso geral da co- letividade, objetivos esses alcançáveis ante o pressuposto da vida”. PÁGINA 41 b) Direito à integridade física: é a proteção corpórea e intelectual que o cidadão deve ter protegido pela Lei, esta proteção se dá contra lesões causadas ao fun- cionamento do corpo humano. c) Direito à Liberdade: é a faculdade de agir segundo a sua consciência, obser- vando sempre os limites da Lei e da liberdade alheia; Os direitos da personalidade são previstos no artigo 5º, inciso X da Constitui- ção de 1.988, onde estão previstos a inviolabilidade, da intimidade, da vida pri- vada, da honra e da imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização por danos morais ou materiais decorrentes da violação. Vale ressaltar que o Código Civil (art. 11 e seguintes), foca o cenário normativo relacionado ao direito da personalidade, sendo que é de grande importância, não somente analisar tais direitos, mas também relacioná-los ao direito do cor- po, objetivando adequá-los aos fatos jurídicos que surgem no cotidiano. 4 PESSOA JURÍDICA Podemos conceituar basicamente as pessoas jurídicas como sendo entidades, onde a legislação oferece a capacidade para as mesmas atuarem na vida ju- rídica como sujeitos de direitos e obrigações, de forma diversa dos indivíduos que as compõe. O surgimento da pessoa jurídica está previsto no artigo 45 do Código Civil: Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respec- tivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a cons- tituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Assim, pode-se dizer que a pessoa natural surge no momento do nascimento com vida e desparece com a morte, a pessoa jurídica também tem o seu ciclo de existência ou seja, nasce a partir do registro e morre pela forma convencio- nal (por iniciativa dos sócios), administrativa (onde há a cassação do registro de funcionamento), judicial (o juiz por sentença e observando as hipótese pre- vistas em lei, determina a extinção), ou ainda pela desconsideração da pessoa jurídica. PÁGINA 42 SAIBA MAIS Desconsideração da personalidade jurídica – para impedir que os sócios obte- nham vantagens provenientes do uso da “fachada” da pessoa jurídica em pro- veito próprio ou de terceiros, a desconsideração responsabiliza pessoalmente e patrimonialmente cada sócio pelos seus atos dentro da sociedade. De acordo com o artigo 40 do Código Civil Brasileiro, as pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo e de direito privado. As pessoas jurídicas de direito público interno, conforme o artigo 41 do Código Civil são a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, os municípios, as autarquias (como o INSS, etc), inclusive as associações públicas e as de- mais entidades de caráter público, criadas por lei. Sua existência legal (perso- nalidade) decorre da lei. Já as pessoas jurídicas de direito externo, de acordo com o artigo 42 do Código Civil, são os Estados estrangeiros e todasas pes- soas jurídicas regidas pelo direito internacional público. O artigo 44 nos mostra que as pessoas jurídicas de direito privado são as as- sociações, as sociedades, as fundações particulares, as entidades paraestatais (sociedades de economia mista), empresas privadas e empresas públicas, as empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELE), os partidos políti- cos e as ONGs. Importante destacar que se a pessoa jurídica assume suas responsabilidades perante seus atos, ela também goza de proteção aos seus direitos, conforme o artigo 52 do Código Civil Brasileiro: Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a prote- ção dos direitos da personalidade. O Doutrinador Fábio Ulhoa Coelho, destaca que existe uma tendência da dou- trina brasileira de tratar a natureza da pessoa jurídica como a dos homens, onde existe até discussões se esta semelhança se dá por analogia ou por atri- buição. A pessoa jurídica ao registrar seu contrato constitutivo, passa a ter capacidade para ser titular de seus direitos, que são direitos compatíveis com sua condição de pessoa fictícia. Já para exercer seus direitos, as pessoas jurídicas são re- presentadas por pessoas físicas. PÁGINA 43 Assim, podemos dizer que a pessoa jurídica é independente da pessoa física, pois estará respondendo por seus atos de acordo com sua personalidade, res- saltando que apenas se houver a desconsideração de sua personalidade jurídi- ca é que a pessoa física responde pela jurídica. 5 DOMICÍLIO Segundo Pablo Stolze, domicílio civil da pessoa natural é o lugar onde esta es- tabelece residência com ânimo definitivo, sendo em regra o centro principal de seus negócios jurídicos ou de sua atividade profissional. O artigo 70 do Código Civil define o domicílio como sendo: Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabe- lece a sua residência com ânimo definitivo. Para fácil entendimento é necessário distinguir residência de domicílio, sendo que residência é o lugar onde a pessoa natural se estabelece habitualmente, é a sede estável da pessoa. O lugar que o cidadão mora, se estabelece habitual- mente, o local onde costumeiramente é encontrado, é a sua residência. O domicílio é mais amplo e abrange a residência, ou seja, não basta o simples ato de residir, é necessário ato de permanecer, transformando aquele local no centro de suas atividades. Para compor um domicílio são necessários dois elementos: Objetivo - se dá pelo ato de fixação em determinado local; Subjetivo – é o ânimo definitivo de permanência. Então, quando o cidadão se fixa em um determinado local, com o ânimo de ali permanecer e transforma este local em seu centro de negócios, está constituí- do ali o seu domicílio civil. Vale ressaltar que não há nenhum impedimento para que a pessoa tenha vá- rias residências, tendo apenas um local como seu centro principal de negócios. Já se a pessoa natural possuir várias residências, vivendo alternadamente em cada uma delas, sem que se possa considerar uma somente como sendo seu principal centro de negócios, será considerada qualquer uma delas como sen- do seu domicílio, conforme nos mostra artigo 71 do Código Civil: PÁGINA 44 Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residên- cias, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. A mudança de domicílio se dá com a transferência da residência, somada a in- tenção de que seja alterada. Esta intenção se materializa quando o cidadão de- clara às municipalidades do lugar que deixa e para onde vai, assim está escrito no artigo 74 do Código Civil e seu parágrafo único: Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que de- clarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da pró- pria mudança, com as circunstâncias que a acompanha- rem. 5.1 Domicílio da Pessoa Jurídica: Em regra, de acordo com o artigo 75 do Código Civil, a pessoa jurídica de di- reito público, tem domicílio previsto em lei. Já o domicílio da pessoa jurídica de direito privado, é a sua sede, indicada em seu estatuto, contrato social ou ato constitutivo equivalente. Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I - da União, o Distrito Federal; II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funciona- rem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos cons- titutivos. § 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. § 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. PÁGINA 45 Por fim, necessário se faz ressaltar a grande importância do domicílio para o direito brasileiro, através das palavras de Washington de Barros Monteiro: O direito é um complexo de relações que se estabelece entre os homens. É indispensável, porém, que estes estejam presen- tes em determinado lugar, de antemão conhecido, para que se exerçam normalmente as relações jurídicas. É uma necessida- de social, uma necessidade de ordem geral, fixar a pessoa a determinado lugar. Se não houvesse essa fixação, se não exis- tisse um ponto de referência onde a pessoa pudesse responder pelos seus deveres jurídicos, precário e instável se tornaria o direito. 6 BENS O conceito amplo e geral de bem é toda utilidade ou recurso a favor do ser hu- mano. Este conceito não interessa diretamente para o Direito. A importância de bem para a órbita legal é o bem jurídico, que se pode concei- tuar como sendo tudo aquilo que satisfaça a necessidade humana e nesse sen- tido seja tutelado pelo direito. Quando observamos a parte geral do Código Civil é possível entender que o mesmo trata das pessoas como sujeitos de direito, dos fatos jurídicos que criam, modificam e extinguem direitos e dos objetos das relações jurídicas que são os bens jurídicos. A doutrina apresenta várias classificações para os bens jurídicos. Neste ma- terial vamos tratar das principais classes de bens apresentadas no Manual de Direito Civil de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho e que estão no Código Civil. 6.1 Bens Imóveis e Móveis Os bens imóveis estão regulados nos artigos 79 a 81 do Código Civil. Segundo sua definição clássica, bens imóveis são aqueles insuscetíveis de deslocamen- to sem prejuízo de sua substância, ou seja, não podem ser transportados de um lugar para o outro sem alteração de sua substancia, como por exemplo um lote urbano. Já os bens móveis constam do artigo 82 ao 84, são passíveis de deslocamento sem quebra ou fratura, como é o caso de um computador. Exis- tem também os bens semoventes, que tem seus próprios movimentos, o exem- plo é o cachorro. PÁGINA 46 REFLITA A distinção legal entre bens móveis e imóveis, tem grande importância práti- ca, já que a alienação de bens imóveis necessita de formalidades não exigidas para os bens móveis. Bens imóveis – não podem ser transportados de um lugar para outro sem alte- ração de sua substância. Ex.: terreno; Bens móveis – podem ser transportados, sem quebra ou fratura. Ex.: livro; Bens semoventes – bens com movimento próprio, são enquadrados na noção de bens móveis. Ex.: cavalo. A doutrina classifica os bens imóveis da seguinte forma: Imóveis por sua natureza – é o solo e tudo o que lhe incorporar se forma natu- ral ou artificial; Imóveis por acessão física, industrial ou artificial – é tudo que o homem incor- porar ao solo, de modo que não possa ser retirado sem destruição ou dano (edifícios); Vale lembrar que de acordo com o artigo 81, incisosI e II do Código Civil, nun- ca perdem a natureza de imóveis, os materiais provisoriamente separados de um prédio ou edificação, para nele mesmo se empregarem (ex.: retirada de te- lhas para a reforma da viga que sustenta as mesmas e que serão colocadas de volta após a reforma). Imóveis por acessão intelectual – são os bens que o proprietário intencional- mente incrementa ao imóvel, para exploração industrial, embelezamento ou co- modidade (ex.: ar condicionado, escada de emergência, maquinários). Os bens móveis classificam-se em: Móveis por sua própria natureza – podem ser transportados de um local para outro sem alterar sua substancia, mediante o emprego da força alheia (ex.: li- vros, bolsas, etc.); Móveis por antecipação – são bens que embora incorporados ao solo, são des- tinados por antecipação a serem destacados e convertidos em móveis (ex.: ár- vores destinadas ao corte); PÁGINA 47 REFLITA Móveis por determinação legal – são os bens considerados de natureza mobi- liária por determinação legal (ex.: energia que tenha valor econômico). 6.2 Bens Fungíveis e infungíveis Os bens fungíveis e infungíveis estão descritos no artigo 85 do Código Civil Brasileiro. Bens fungíveis são aqueles que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. É classificação típica dos bens móveis. Ex.: café, soja, etc... Vale lembrar que o dinheiro é um bem fungível por excelência. Bens infungíveis são aqueles de natureza insubstituível. Ex.: obra de arte. O atributo fungibilidade, em geral, decorre da natureza do bem. Mas nem sem- pre é assim. A vontade das partes, por exemplo, poderá tornar um bem essen- cialmente fungível em bem infungível. É o caso do empréstimo de uma cesta de frutas para ornamentar uma mesa de um evento. A mesma deverá ser de- volvida ao final do evento, não podendo ser substituída por outra. A fungibilidade também pode decorrer de um valor histórico de um determinado bem. Por exemplo, um vaso da Dinastia Ming, é hoje, um bem infungível en- quanto registro de uma época remota, mas a seu tempo era apenas um utensí- lio domestico perfeitamente substituível. Bens fungíveis – podem ser substituídos por outros da mesma espécie, em quantidade e qualidade. Ex.: dinheiro; Bens infungíveis – Não podem ser substituídos. Ex.: obra de arte. Vale lembrar que é de grande importância esta distinção, um exemplo é nos contratos de mutuo e comodato, onde o elemento diferenciador é justamente a natureza fungível ou infungível do bem emprestado. PÁGINA 48 6.3 Bens consumíveis e inconsumíveis Os bens consumíveis estão descritos no artigo 86 do Código Civil. São os bens móveis em que seu uso importa a destruição imediata. É o caso do alimento Já os bens inconsumíveis, são aqueles que suportam o uso continuado, sem prejuízo de seu perecimento progressivo e natural (ex.: automóvel). 6.4 Bens públicos e particulares Os bens poderão ser públicos ou particulares, quanto ao titular do domínio. Conforme Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, os bens particula- res se definem por exclusão, ou seja, são aqueles não pertencentes ao domí- nio público, mas sim a iniciativa privada. Assim, os bens públicos são aqueles pertencente à União, aos Estados e aos Municípios, conforme descrito no artigo 98 do Código Civil, por isso, sendo de domínio público são subdividido em, bens de uso comum do povo, bens de uso especial, bens dominicais ou dominiais. a) Bens de uso comum do povo - são os bens que se destinam à utilização geral pela coletividade, não existe ordem especial de fruição destes bens (ex.: praias ruas e praças), são inalienáveis, artigo 99, inciso I do Código Civil; b) Bens de uso especial – são bens públicos cuja fruição, na forma da lei, é atribuída a determinada pessoa, bem como aqueles utilizados pelo Poder Pú- blico para a realização de seus serviços públicos. É o caso dos prédios onde funcionam as escolas públicas, são também inalienáveis, artigo 99, inciso II do Código Civil; c) Bens dominicais – são aqueles que, apesar de constituírem o patrimônio pú- blico, não possuem uma destinação pública determinada ou um fim adminis- trativo específico (ex.: prédios públicos desativados, terrenos da marinha). São alienáveis observadas as exigências da Lei, artigo 99, inciso III do Código Civil. Por fim, vale lembrar que o Código Civil em seu artigo 102 e seguindo diretriz consagrada em nosso ordenamento jurídico, proíbe a usucapião de bens públi- cos. PÁGINA 49 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos dos temas desta unidade objetivou demonstrar que o Código Civil disciplina as relações jurídicas entre pessoas no seio da sociedade, que se- jam pessoas naturais ou pessoas jurídicas. Foi possível observar que a Parte Geral do Código Civil, trata das pessoas como sujeitos de direito, apontando as controvérsia sobre o surgimento da personalidade jurídica, a capacidade/in- capacidade do sujeito de direito, do local de estabelecimento destas pessoas no sentido de moradia e domicílio e dos bens jurídicos como sendo objeto das relações jurídicas. Com o estudo destes diversos temas foi possível compreender o significado e a abrangência da personalidade jurídica e entender que viver em sociedade é um tanto quanto complexo, pois as relações jurídicas são capazes de criar vários cenários ao longo da vida do cidadão, mas o Direito está presente para regula- mentar toda e qualquer relação jurídica e seus efeitos. PÁGINA 50 MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Manual de Direito Civil Autor: Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Fi- lho Editora: Saraiva Educação Sinopse: O Manual de Direito Civil é uma obra com- pleta, que contempla em apenas um volume todo o conteúdo de Direito Civil exigido ao longo da gradua- ção em Direito. Os dois autores são autoridades em Direito Civil: Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplo- na Filho. O conteúdo dessa obra foi elaborado com a preocupação de proporcionar uma melhor compreen- são da matéria, com exemplos didáticos, palavras cha- ve em destaque, jurisprudência atualizada, quadros e esquemas gráficos para auxiliar a fixação e revisão do seu estudo. Tenha neste manual um companheiro e um aliado, que o auxiliará a galgar o que almeja, seja na graduação, na vida profissional ou em concursos públicos. A 2ª edição está atualizada de acordo com a Lei n. 13.465 de 11 de julho de 2017, que trouxe importantes modificações a respeito do direito real de laje e do condomí- nio de lotes e também está de acordo com a recente disposição sobre a exclu- são sucessória do herdeiro indigno, de dezembro de 2017. PÁGINA 51 REFERÊNCIAS BEVILÁQUA, Clóvis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. Ed. histórica. Rio de Janeiro: Ed. Rio, 1977; BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade. 8ª ed. São Paulo: Sarai- va, 2015; COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial, Direito de empresa. Vol II. 15ª. Edição. São Paulo: Saraiva, 2011; DE MELLO, Marcos Bernardes. Achegas para uma Teoria das Capacidades em Direito. Revista de Direito Privado, p.17; GAGLIANO, Pablo Stolze. Manual de Direito Civil; volume único Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho. 2ª ed. São Paulo: Ed. Saraiva Educação, 2018; MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil, v. 1: parte geral. 39. ed. rev. e atual. por Ana Cristina de Barros Monteiro França Pinto. São Paulo: Saraiva, 2003. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm. PÁGINA 52 CAPÍTULO 4 CONSTITUIÇÃO FEDERAL;DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS RELACIONADOS À SEGURANÇA PÚBLICA Professor: Ricardo Menini Objetivos de Aprendizagem • Compreender o que é a Constituição da República Federativa do Brasil, com breve relato de sua história, classificação e como se relaciona com a segurança; • Estudar o artigo 144 da Constituição Federal que trata da segurança pú- blica no Brasil, os organismos de segurança, como se dividem e quais são suas atribuições. Plano de Estudo • Classificação da Constituição Federal de 1988; • CAPÍTULO
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