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ESTADO E PROTEÇÃO SOCIAL Professora Me. Letícia Carla Baptista Rosa Professora Me. Mariane Helena Lopes Professora Me. Monica Cameron Lavor Francischini GRADUAÇÃO Unicesumar Acesse o seu livro também disponível na versão digital. Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Pós-graduação Bruno do Val Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Coordenador de Conteúdo Maria Cristina Araújo de Brito Cunha Designer Educacional Bárbara Neves Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Kleber Ribeiro da Silva Qualidade Textual Cintia Prezoto Ferreira Ilustração Marcelo Yukio Goto Universidade Cesumar - UniCesumar. U58 Núcleo de Educação a Distância. Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722. Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). Estado e Proteção Social / Letícia Carla Baptista Rosa, Mariane Helena Lopes, Monica Cameron Lavor Francischini. - Indaial, SC : Arqué, 2023. 216 p. : il. “Graduação - EaD”. 1. Estado 2. Proteção 3. Social. 4. Letícia Carla Baptista Rosa. 5. Mariane Helena Lopes. 6. Monica Cameron Lavor Francischini. I. Título. CDD - 341 Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO R A S Professora Me. Monica Cameron Lavor Francischini Mestrado em Ciências Jurídicas com ênfase nos Direitos da Personalidade pelo Centro Universitário Cesumar (Unicesumar/2015). Especialização em Educação a Distância e as Tecnologias Educacionais pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (Cesumar/2014). Atualmente é docente dos cursos Centro de Ensino Superior de Maringá (Cesumar). <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4231336J8> Professora Me. Letícia Carla Baptista Rosa Doutorado (em curso) em Função Social do Direito pela Faculdade Autônoma de Direito de São Paulo (FADISP). Mestrado em Ciências Jurídicas pelo Centro Universitário Cesumar (Unicesumar/2013). Especialização em Direito e Processo Penal pela Universidade Estadual de Londrina (UEL/2009). Graduação em Direito pelo Centro Universitário Cesumar (Unicesumar/2006). Atualmente é coordenadora dos cursos de pós-graduação em Direito Civil, Processo Civil e Direito do Trabalho, de Direito Público e de Direito Empresarial do Centro Universitário Cesumar (Unicesumar). Pesquisadora externa da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Docente dos cursos de graduação em Direito da Faculdade Metropolitana de Maringá (UNIFAMMA). Docente nos cursos em Gestão Financeira e Marketing (EAD) do Centro Universitário Cesumar (Unicesumar). Docente do curso de pós-graduação em Direito Civil, Processo Civil e Direito do Trabalho do Centro Universitário Cesumar (Unicesumar), além de outras atividades. Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4423935Z7> Professora Me. Mariane Helena Lopes Mestrado em Ciências Jurídicas, com ênfase em Direitos da Personalidade, pelo Centro Universitário Cesumar (Unicesumar/2012). Especialização em Direito Aplicado pela Escola da Magistratura do Paraná (EMAP/2009). Graduação em Direito (Unicesumar/2008). Desde o ano de 2010, atua como docente nos cursos de Administração, Direito, Gestão de Recursos Humanos, Jornalismo, Pilotagem de Aviões e Publicidade e Propaganda, na modalidade presencial (Unicesumar). No ensino a distância (EAD), atua nos cursos de Administração, Gestão de Recursos Humanos e Processos Gerenciais, Serviço Social, Gestão Hospitalar, Economia, Gestão de Cooperativas (Unicesumar). Na pós-graduação, atua nos cursos... Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir: <http://lattes.cnpq.br/1815582404405502>. SEJA BEM-VINDO(A)! A obra “Estado e Proteção Social” foi especialmente organizada para os acadêmicos do curso de graduação em Serviço Social no intuito de lhes dar uma iniciação às matérias de Direito, que são relacionadas à área de atuação do assistente social. Buscou-se delimitar alguns conhecimentos básicos do Direito para que os graduandos possam agraciar, de forma didática, a base da Constituição Federal e a legislação espe- cial. Trataremos de temas, como o direito de família e a seguridade social, por meio de uma análise bem abrangente acerca dos principais conceitos jurídicos, uma compreen- são que é imprescindível aos profissionais e estudiosos da área. Na primeira Unidade, buscou-se trazer as noções gerais de direito com intuito de deli- near as origens e o conceito de Direito, Direito e Estado, Direito Natural e Positivo, Hie- rarquia das Leis, Ordenamento Jurídico e os ramos do direito, subdividindo-o em Direito Público e Direito Privado, e as Fontes do Direito. Foi elaborada uma unidade com vários conteúdos conceituais que visaram introduzir o acadêmico na esfera jurídica. Já na segunda Unidade, diante da necessidade de conhecimentos básicos acerca das relações familiares, foram preparados e selecionados temas que são presentes no Direi- to de Família e que trazem algumas noções gerais do mesmo. Essa unidade tratara do desenvolvimento do conceito de família, dos váriosformatos familiares da pós-moder- nidade, dos princípios que decorrem do Direito de Família, dos aspectos jurídicos da for- mação e dissolução da família, como, por exemplo, o casamento e seus efeitos, regimes de bens, divórcio e a união estável. Também será abordada a maneira como o Direito trata das relações de parentesco, dos direitos e deveres inerentes ao poder familiar e como são classificadas as espécies de alimentos para a doutrina. Na terceira Unidade, diante dos inúmeros conflitos existentes na família que irão tra- zer efeitos para o profissional do serviço social, pretendeu-se especificar algumas di- ferenças entre grupos de minorias e vulneráveis, no intuito de identificar as proteções aos vulneráveis no âmbito familiar, por exemplo, à criança e ao adolescente, à mulher e ao idoso. No âmbito de proteção à criança, foram apresentados temas de grande im- portância para serem discutidos, tais como a parentalidade responsável, a doutrina da proteção integral, o princípio do melhor interesse da criança e o direito fundamental à convivência familiar. Destarte, com relação à proteção da mulher, visou-se apresentar, de uma forma genérica, o instrumento legislativo que tutela a mulher. A Lei Maria da Penha conceitua as formas de violência, mas primeiramente tratarmos de uma questão polêmica que é a igualdade entre o homem e a mulher, fruto de muitos debates na área jurídica. Em seguida, com relação à proteção jurídica do idoso, sera traçado uma discussão sobre os conceitos e dispositivos com especificações protetivas e também um debate acerca da condição jurídica do idoso no Brasil atual. APRESENTAÇÃO ESTADO E PROTEÇÃO SOCIAL A Unidade IV foi dedicada totalmente aos conceitos básicos acerca da Seguridade Social. Nela foi traçada uma evolução histórica sobre os principais princípios que regem a seguridade, as formas de custeio, os direitos sociais e a assistência social, sendo incluídas as classificações dos benefícios a serem custeados pelo Estado, bem como o amparo social ao idoso e ao portador de deficiência. Por fim, a Unidade V trara conceitos relacionados à Previdência Social e especifica o Sistema Previdenciário brasileiro por meio da identificação dos sujeitos da relação jurídica, dos períodos de carência, do valor dos benefícios e das prestações previ- denciárias. Portanto, verifica-se que a obra é de grande valia para estudantes que visam ter conhecimentos jurídicos básicos com o escopo de dirimir ou solucionar os mais di- versos problemas e casos relacionados à área do Serviço Social e Direito. As autoras. APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL 15 Introdução 16 Conceito de Direito 18 Direito Objetivo e Direito Subjetivo 18 Distinção Entre Direito e Moral 20 Ramos do Direito 22 Fontes do Direito 24 Aplicação das Normas de Direito 26 Eficácia 27 Princípios Gerais do Direito 29 Direito Constitucional 30 Princípios Constitucionais 32 Divisão dos Poderes 35 Direitos e Garantias Individuais 44 Nacionalidade 46 Direitos Políticos 48 Considerações Finais 55 Referências 56 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE II RELAÇÕES FAMILIARES: NOÇÕES GERAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA 59 Introdução 60 Desenvolvimento Histórico do Conceito de Família 64 Formatos Familiares 68 Princípios do Direito de Família 71 Aspectos Jurídicos da Formação e Dissolução da Família: Casamento, Efeitos do Casamento, Divórcio e União Estável 75 Relações de Parentesco 76 Direitos e Deveres Inerentes ao Poder Familiar 83 Alimentos 85 Tutela e Curatela 88 Considerações Finais 95 Referências 97 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE III QUESTÕES ATUAIS RELACIONADAS À FAMÍLIA 101 Introdução 102 Direitos da Criança e do Adolescente: Estatuto da Criança e do Adolescente 120 Direitos Humanos das Mulheres: Lei Maria da Penha 130 Direitos do Idoso: Estatuto do Idoso 139 Considerações Finais 146 Referências 151 Gabarito UNIDADE IV SEGURIDADE SOCIAL 157 Introdução 158 A Seguridade Social na Constituição Federal de 1988 162 Principais Princípios que Regem a Seguridade Social 170 Forma de Custeio da Seguridade Social 172 Os Direitos Sociais e a Assistência Social 178 Considerações Finais 184 Referências 186 Gabarito SUMÁRIO 12 UNIDADE V BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA E LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA 191 Introdução 192 Benefício de Prestação Continuada 197 Planos de Benefícios da Previdência Social 199 Normas Previdenciárias 206 Considerações Finais 213 Referências 215 Gabarito 216 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professora Me. Mariane Helena Lopes INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Objetivos de Aprendizagem ■ Conhecer o Direito. ■ Diferenciar Direito Objetivo e Direito Subjetivo. ■ Diferenciar Direito e Moral. ■ Analisar os ramos do Direito ■ Conhecer as fontes do Direito. ■ Compreender como ocorre a aplicação das normas. ■ Entender a eficácia da lei. ■ Elencar alguns princípios gerais do Direito. ■ Compreender a evolução do Direito Constitucional. ■ Elencar alguns princípios do Direito Constitucional. ■ Conhecer os poderes existentes em nosso país. ■ Conhecer os direitos previstos na Constituição Federal. ■ Entender a nacionalidade. ■ Demonstrar os direitos políticos previstos. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Conceito de Direito ■ Direito Objetivo e Direito Subjetivo ■ Distinção entre Direito e Moral ■ Ramos do Direito ■ Fontes do Direito ■ Aplicação das normas de Direito ■ Eficácia ■ Princípios gerais do Direito ■ Direito Constitucional ■ Princípios Constitucionais ■ Divisão dos Poderes ■ Direitos e garantias individuais ■ Nacionalidade ■ Direitos políticos INTRODUÇÃO Nesta primeira Unidade, iremos estudar o conceito de Direito, qual a sua impor- tância para a nossa sociedade e como ele regulamenta a vida humana em sociedade. Veremos, também, a divisão do Direito em ramos que facilitarão o nosso estudo e permitirão uma compreensão melhor da matéria. Para facilitar nosso estudo, temos que considerar que o Direito se divide em ramos, permitindo, assim, que o estudo dessa ciência seja mais fácil. Precisamos nos atentar que o Direito é de suma importância para a organização da sociedade. Contudo, deve-se tomar cuidado para não confundir o Direito com a Moral. Ambos se confundem e, em muitas situações, não conseguimos separá-los. De acordo com o que estudaremos nesta unidade, ficará claro que as características os diferenciam, tornando, assim, o Direito uma ciência que devo obrigatoriamente cumprir, enquanto a Moral dependerá da minha criação, da minha formação enquanto indivíduo. Analisaremos as fontes do Direito, sendo as principais as leis, jurisprudên- cia, costume jurídico e doutrina jurídica, existindo outras fontes, mas de menor importância para esta disciplina. Após essa parte introdutória, passaremos a estudar o Direito Constitucional, a principal e mais importante área do Direito. É a partir da Constituição Federal que todas as demais fontes no nosso ordenamento jurídico devem ser criadas. Caso alguma fonte seja criada em contradição com a Constituição Federal, esta não pode ser aplicada em nossa sociedade, devendo ser considerada inconstitucional. Até porque é a Constituição que regulamenta toda a estrutura do nosso Estado. Por fim, veremos alguns direitos e deveres individuais e coletivos previstos na Constituição Federal, que devem ser aplicados a toda a sociedade, sem qual- quer distinção, visto que a Carta Magna é uma norma a ser aplicada para toda a sociedade. Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IUN I D A D E16 CONCEITO DE DIREITO Para Luis Alberto Warat (1977), uma boa definição de Direito depende dos seguin- tes requisitos: a) não deve ser circular; b) não deve ser elaborada em linguagem ambígua, obscura ou figurada; c) não deve ser demasiado ampla nem restrita; d) não deve ser negativa quando puder ser positiva. Contudo, para conseguirmos definir o que vem a ser o Direito, é fundamental analisarmos o pensamento de Aristóteles sobre o assunto. Aristóteles mencionava que o homem é um animal político, destinado a viver em sociedade. Por essa razão, havia a necessidade de regras para que pudesse viver em harmonia, evitando a desordem em sociedade (MARTINS, 2013). Isto é, para Aristóteles, as regras foram necessárias, permitindo que a socie- dade vivesse harmonicamente em sua organização. Miguel Reale define o Direito como “a vinculação bilateral atributiva da conduta para a realização ordenada dos valores de convivência” (REALE, 1972, p. 617). Assim, pode-se dizer que o Direito é um conjunto de instituições, regras e princípios que buscam regula- mentar a vida humana em sociedade. Conceito de Direito Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 Quando se fala em regulamentar a vida humana em sociedade, deve-se fa- zer uma reflexão: o Direito está em todo lugar? Posso falar que ele existe apenas onde existe a sociedade? Vamos desmembrar a definição anterior para compreendermos melhor o Direito. Inicialmente, podemos defini-lo como conjunto. De fato, o Direito representa um conjunto por ser composto de várias partes organizadas, formando, assim, um sistema. Como iremos estudar mais adiante, observaremos que o Direito é dividido em vários ramos, cada um sobre um determinado assunto. Nesta dis- ciplina, estudaremos os seguintes ramos: Direito Constitucional, Direito Civil, Direito Administrativo, Direito Internacional e Direito Penal. Ele possui princípios próprios como qualquer ciência, mesmo que não exata. Dentre eles, pode-se citar o da dignidade humana, boa-fé, publicidade, razoabi- lidade, proporcionalidade, dentre outros que estudaremos adiante. No Direito, encontramos as instituições, que são entidades que perduram no tempo, por exemplo: os sindicatos, os órgãos do Poder Judiciário, do Poder Executivo etc. Por fim, ele é um meio para a realização ou obtenção de um fim, que é a Justiça. Por mais que esta, muitas vezes, pareça utópica, é para essa fina- lidade que o Direito existe na sociedade. Para que o Direito seja cumprido em sociedade, o Estado (aqui, quando se fala em Estado deve-se compreender como país), com o uso do seu poder impe- rativo, prevê a sanção (punição). A sanção no Direito existe para que a norma criada seja cumprida, quando a submissão a ela não ocorre espontaneamente. O Direito, como coloca Sérgio Pinto Martins (2013), tem em uma das mãos a balança e na outra a espada. A balança serve para sopesar o Direito e a espada visa fazer cumprir as suas determinações. A espada sem a balança é a despro- porção. A balança sem a espada é um direito ineficaz. As duas devem caminhar juntas. A proporção do emprego da espada e da balança tem que ser igual para não se criar desigualdades. INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO O Direito Objetivo, nas palavras de Sérgio Pinto Martins (2013, p. 5), “é o com- plexo de normas que são impostas às pessoas, tendo caráter de universalidade, para regular suas relações”. O Direito Objetivo é, portanto, aquele criado pelo Estado e aplicado a toda a coletividade; independente da vontade do indivíduo, ele existe. Podemos citar como exemplo o Direito Constitucional, que é apli- cado igualmente a todos. O Direito Subjetivo, por outro lado, é a faculdade, a escolha de a pessoa pos- tular seu direito, objetivando a realização de seus interesses, uma vez que não foram cumpridos. Diferentemente do Direito Objetivo, no caso do Direito Subjetivo, ele depen- derá da vontade do indivíduo para existir, ou seja, é necessária a manifestação de vontade para a aplicação de um direito. O exemplo deste seria o Direito do Consumidor. Quando se compra um produto e ele apresenta algum defeito, dependerá da manifestação da vontade daquele que o comprou para que o pro- duto seja trocado ou o negócio seja desfeito. DISTINÇÃO ENTRE DIREITO E MORAL Para continuarmos nosso estudo sobre o Direito, preci- samos estabelecer a distinção entre o que é Direito e o que é Moral. A Moral pos- sui um conceito que varia com o tempo, em razão de questões políticas, sociais e Distinção Entre Direito e Moral Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 econômicas que vão sendo alteradas de acordo com a história e com a socie- dade que é estudada. A Moral é unilateral, pois não há punição, uma vez que a norma foi descumprida. No Direito, porém, há uma bilateralidade, uma vez que há uma imposição do comportamento do indivíduo na sociedade, e quando este é descumprido, há uma sanção (punição) por parte do Estado. Para melhor compreender, veja a tabela a seguir com a distinção feita por Miguel Reale (1972, p. 626). Quadro 1 - Diferenças entre Moral e Direito ASPECTO MORAL DIREITO Quanto à valoração do ato a) unilateral; b) visa à intenção, partin- do da exteriorização do ato. a) bilateral; b) visa à exteriorização do ato, partindo da intenção. Quanto à forma a) é autônoma, prove- niente da vontade das partes; b) não há coação. a) pode vir de fora da vontade das partes (heterônomo); b) é coercível. Quanto ao objeto a) visa ao bem individu- al ou aos valores da pessoa. a) visa ao bem-estar social ou aos valores de convivência. Fonte: Reale (1972, p. 626). Assim, observamos que, entre o Direito e a Moral, apesar de parecerem a mesma coisa em muitos momentos, a diferença fica clara quando se fala na punição e na criação da norma de cada um deles. INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 RAMOS DO DIREITO Existe uma vasta classificação da ciência do Direito. A primeira que vamos tra- balhar é a classificação em Direito natural e Direito positivo. O Direito natural nasce a partir do momento em que surge o homem, apa- recendo, portanto, naturalmente para regular a vida humana em sociedade, de acordo com as regras da natureza (MARTINS, 2013, p. 8). Pode-se dizer que seria uma norma criada pela natureza e não pelo homem, logo não pode ser criada pelo Estado. Seriam princípios gerais e universais para regular os direitos e deveres do homem. O Direito natural é aquele que fixa regras de validade universal, não consubstanciadas em regras impostas ao indivíduo pelo Estado. Em verdade, ele se impõe a todos os povos pela força dos princí- pios supremos dos quais resulta, como, por exemplo, o direito de reproduzir, o direito de viver etc. (FÜHRER; MILARÉ, 2009, p. 34). Ramos do Direito Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 Por outro lado, o Direito positivo compreende o conjunto de regras esta- belecidas por meio do poder político em vigor num determinado país e numa determinada época (FÜHRER; MILARÉ, 2009). “O Direito positivo é apenas a norma legal, emanada pelo Estado e não de outras fontes do Direito. Ele esta- belece o que é útil, sendo conhecido por meio de uma declaração de vontade alheia, que é a promulgação” (FÜHRER; MILARÉ, 2009, p. 23). O Direito público é aquele que regula as relações em que o Estado é parte; Direito privado é o que disciplina as relações entre particulares, nas quais predo-mina, de modo imediato, o interesse de ordem privada (REIS; H.; REIS, C. 2006). Ainda, pode-se definir o Direito público como o ramo que: [...] regula as relações em que predominam os interesses gerais da so- ciedade, considerada como um todo. Nas relações de Direito Público, o Estado participa como sujeito ativo (titular do poder jurídico) ou como sujeito passivo (destinatário do dever jurídico), mas sempre como ór- gão da sociedade e, portanto, sem perder a posição de supremacia ou poder de império (REIS; REIS, C. 2006, p. 8). Dessa forma, percebe-se que o Direito público terá, como um dos sujeitos, a figura do Estado, com o intuito de zelar pelos interesses da sociedade. O Direito privado é aquele que: [...] regula as relações em que predominam os interesses particulares ou a esfera privada. Nas relações jurídicas de Direito Privado o Estado pode participar como sujeito ativo ou passivo, em regime de coorde- nação com os particulares, isto é, dispensando sua supremacia ou po- der de império (REIS; REIS, C. 2006, p. 8). Assim, conclui-se que o Direito público envolve a organização de um Estado, em que são estabelecidas as normas de ordem pública; enquanto o Direito pri- vado diz respeito ao interesse dos particulares, decorrentes da manifestação de vontade dos interessados. INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 FONTES DO DIREITO Ao se falar em fontes, deve-se ter em mente as diversas formas pelas quais nasce o Direito. Como visto, o Direito é uma criação do Estado, de acordo com as necessi- dades da sociedade. Por essa razão, a própria sociedade determinará de onde provêm ou emanam as regras que a disciplinará. As fontes primárias do Direito são: lei, costumes, doutrina e jurisprudência. Passaremos a estudar cada uma delas. LEI A lei é a fonte do direito de maior importância em nosso país e em nosso orde- namento jurídico. Assim, deve-se buscar nela a forma correta de proceder em nos- sas relações sociais. O Art. 5º, II da Constituição Federal estabelece que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Tal fonte é uma regra de conduta editada pelo Poder Legislativo, no qual estão presentes os representantes do povo, ou seja, são os vereadores (nível municipal), os deputados estaduais (nível estadual) e os deputados federais (nível federal). A característica da lei é a generalidade. Ela se aplica de uma maneira geral a todos, não fazendo qualquer tipo de distinção. Fontes do Direito Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 COSTUME O costume é o comportamento praticado reiteradamente pela sociedade, que acaba se tornando uma lei, sendo, então, incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro, ou seja, antes mesmo de se tornar uma lei já é considerado uma fonte do direito. Como dito anteriormente, a principal fonte do direito é a lei. Todavia, em alguns casos ainda não há regulamentação, sendo necessário buscar a solução para estes casos nas regras que a sociedade vem praticando de forma reiterada. Deve-se salientar que o costume não poderá ser aplicado se for contrário a uma determinação expressa em lei. O costume acaba variando de acordo com o ramo do Direito. Entretanto, no caso do Direito Penal, por exemplo, o costume é proibido, pois não há crime sem lei que o defina. DOUTRINA A doutrina consiste na opinião dos juristas, que são os estudiosos do Direito sobre determinado assunto. Seria o conjunto sistemático de teorias sobre o Direito elaborado pelos juristas. Pode-se dizer que é um produto da reflexão e do estudo que os grandes juristas desenvolvem sobre o Direito (COTRIM, 2009, p. 8). JURISPRUDÊNCIA Ao lado da doutrina, a jurisprudência realiza a interpretação do Direito. Enquanto a doutrina é a interpretação do Direito feita pelos juristas, a jurisprudência é a interpretação do Direito feita pelos Tribunais do nosso país. A principal fonte é a lei, porém ela deve ser interpretada e isto é feito tanto pelos juristas quanto pelos Tribunais, no momento em que eles julgam os casos concretos. Dessa forma, a jurisprudência acaba sendo utilizada como uma referência para a pessoa ingressar com uma ação, ajudando, assim, a fundamentar seu pedido. INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 APLICAÇÃO DAS NORMAS DE DIREITO Ao aplicar uma lei, o juiz busca atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Passaremos a estudar a interpretação e a integração das normas, compreen- dendo, assim, como se aplica uma lei ao caso concreto. INTERPRETAÇÃO Para se aplicar a norma, precisamos interpretá-la, compreendendo o que levou o legislador a criá-la. Quanto às fontes que interpretam a norma, elas podem ser: autêntica, doutrinária ou jurisprudencial; com relação aos meios: gramati- cal, lógica, histórica e sistemática; e, por fim, quanto aos resultados: declarativa, extensiva, restritiva, finalística. Vamos analisar as várias formas de interpretação da norma jurídica, segundo Martins (2013): a) Gramatical, literal ou filológica: é a verificação do sentido gramatical da norma criada. Analisa-se o alcance das pala- vras no texto da lei. b) Lógica: estabelece-se uma conexão entre vários textos legais a serem interpretados e aplicados ao caso concreto. c) Teleológica ou finalística: a interpretação da norma é dada de acordo com o fim esperado pelo legislador. d) Sistemática: é feita a interpretação de acordo com o sistema que a norma está inserida, não interpretando isoladamente a lei. e) Extensiva ou ampliativa: dá-se um sentido mais amplo à norma do que ela normalmente teria. f) Restritiva ou limitativa: dá-se um sentido mais restrito, limi- tando-se à interpretação da norma jurídica. Aplicação das Normas de Direito Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 g) Histórica: deve-se analisar a evolução histórica dos fatos, o pensamento do legislador não só à época da edição da lei, mas também de acordo com sua exposição de motivos. h) Autêntica: é realizada pelo próprio órgão que criou a lei, no momento em que ela declara o sentido, alcance e conteúdo por meio de norma. i) Sociológica: constata-se a realidade e a necessidade social na elaboração da lei e em sua aplicação (MARTINS, 2013, p. 21-22). No Direito, não há uma única interpretação fora do que foi mencionado anterior- mente, por isso devem ser seguidos os métodos de interpretação supracitados. INTEGRAÇÃO A integração é quando o intérprete da lei fica autorizado a suprir as lacunas exis- tentes na norma jurídica por meio da utilização de técnicas jurídicas, que são: analogia, equidade e princípios gerais do direito. A analogia é um meio de preenchimento das lacunas deixadas pelo legis- lador no momento de criação de uma lei. É quando o juiz, ao analisar o caso concreto, aplica uma lei semelhante ao caso. A equidade é a justiça, o bom senso. Sendo assim o juiz irá aplicar ao caso concreto a solução que considerar como adequada de acordo com o seu enten- dimento, com o que ele considerar como correto. Ela tem como significado completar a lacuna da lei, porém é vedado julgar contra a lei. Tanto a analogia quanto a equidade serão utilizadas exclusivamente pelo juiz para fundamentar sua decisão quando a lei apresentar alguma lacuna. Os princípios gerais do direito, porém, serão analisados separadamente no decor- rer desta unidade, devido à sua complexidade. INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 EFICÁCIA A eficácia pode serconceituada como “a produção de efeitos jurídicos concretos ao regular as relações” (MARTINS, 2013, p. 25). Compreende a aplicabilidade da norma e se ela é obedecida ou não pelas pessoas. A eficácia jurídica possibilidade norma ser aplicada ao caso concreto, gerando efeitos jurídicos. Essa eficácia pode ser dividida no tempo e no espaço, fatores que iremos estudar a seguir (MARTINS, 2013, p. 25). EFICÁCIA NO TEMPO Significa a entrada da lei em vigor, ou seja, quando a lei passará a existir na socie- dade. Geralmente, a lei entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União (DOU). Caso a lei não apresente nenhum prazo, esta começará a vigo- rar 45 dias depois de oficialmente publicada (MARTINS, 2013, p. 26). Com a publicação da lei no Diário Oficial da União, objetiva-se torná-la pública para toda a sociedade, não podendo ser alegado o desconhecimento da mesma. Se a lei não trouxer um prazo específico de duração da norma, ela só dei- xará de existir até que outra lei a modifique ou a revogue. A lei posterior pode revogar a anterior nas seguintes situações: a) Expressamente o declare: revogam-se as disposições em contrá- rio, ou quando revoga especificamente outra lei ou Artigo de lei; b) For incompatível como, por exemplo, quando prescrever con- duta totalmente contrária à especificada na lei anterior; c) Regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior (MARTINS, 2013, p. 26). Caso a lei nova estabeleça disposições gerais ou especiais iguais às já existentes, ela não revoga nem modifica a lei anterior. Uma vez que a lei passou a ter vigor, terá efeito imediato e geral, respeitando sempre o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Princípios Gerais do Direito Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 O ato jurídico perfeito é aquele já consumado, segundo a lei vigente, ao tempo em que ela se efetuou. O direito adquirido é o que integra o patrimônio jurídico da pessoa, por já ter implementado todas as condições para adquirir o direito, podendo exercê-lo a qualquer momento. E, por fim, a coisa julgada é a decisão judicial que já não cabe mais recurso, não podendo ser modificada (MARTINS, 2013, p. 27). EFICÁCIA NO ESPAÇO A eficácia no espaço diz respeito ao território em que será aplicada a norma. Ela se aplica ao Brasil, tanto para os natos como para os estrangeiros que aqui resi- dam (MARTINS, 2013, p. 27). A eficácia no espaço também resolverá os casos em que acontecer alguma atitude contrária à lei, analisando se naquele território será aplicada a lei brasi- leira ou uma lei estrangeira. Para ilustrar, imagine a seguinte situação: o indivíduo A entrou na embai- xada brasileira na Holanda e acabou matando o sujeito B. Nesse caso, ainda que a embaixada esteja localizada na Holanda, será aplicada a lei brasileira, pois o órgão oficial é brasileiro, sendo considerada uma extensão do nosso território. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO O princípio é a base de tudo. Por essa razão, podemos dizer que ele é o alicerce do Direito, que servirá para informar e orientar as normas jurídicas. FUNÇÕES GERAIS DO PRINCÍPIO As funções dos princípios são: informadora, normativa e interpretativa. A primeira função tem como finalidade a inspiração e orientação ao legislador, INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 servindo para basear a criação de uma norma e como sustentáculo para o orde- namento jurídico (MARTINS, 2013). A segunda função — normativa — atuará nos casos concretos quando não houver uma disposição específica para disciplinar determinada situação. E, por fim, a terceira e última função servirá de critério orientador para os intérpre- tes e aplicadores da lei. Auxiliará na interpretação da norma e também tem sua exata compreensão. Em nosso ordenamento jurídico, os princípios só serão utilizados quando não houver uma norma legal, convencional ou contratual. Será o último elo a que o intérprete irá recorrer para solucionar o caso concreto. ALGUNS PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO A seguir, vemos os princípios gerais do Direito: 1º) Princípio do respeito à dignidade da pessoa humana: é um dos objetivos do nosso país. O Art. 5º, X da Constituição Federal assegura a inviola- bilidade à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decor- rente de sua violação. 2º) Princípio da função social: regula a vida humana em sociedade, estabe- lecendo as regras de conduta que devem ser respeitadas por todos. 3º) Princípio da razoabilidade: as pessoas devem agir com razoabilidade, o que também acontece com as normas jurídicas. 4º) Princípio da proporcionalidade: não se pode impor condutas, a não ser que seja em estrito cumprimento do interesse público. Não se pode agir com excessos, nem de forma insuficiente. Direito Constitucional Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 DIREITO CONSTITUCIONAL Antes de se começar a estudar o Direito Constitucional, é preciso fazer a aná- lise do Art. 1º da Constituição Federal, o qual dispõe que a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos estados, municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamento: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. A Constituição é a lei máxima e fundamental do Estado. Ela ocupa o ponto mais alto da hierarquia das normas, recebendo, por esse motivo, nomes como: Lei Suprema, Lei Maior, Carta Magna, Lei das Leis ou Lei Fundamental (COTRIM, 2009, p. 19). O Direito Constitucional é o ramo do Direito Público responsável por estu- dar as regras estruturadoras do Estado e garantidoras dos direitos e liberdades individuais (JACQUES, 1954 apud MARTINS, 2013). A Constituição pode ser conceituada como um conjunto de princípios e regras relativos à estrutura e ao funcionamento do Estado. Ela é uma norma escrita ou costumeira, que regula a forma de Estado e governo, sua organização INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 (MARTINS, 2013, p. 60). Por isso, na Constituição Federal brasileira são encon- tradas várias regras de Direito Civil, Tributário, Administrativo, Internacional, Penal, do Trabalho, da Seguridade Social, entre outras, ou seja, ela traz um pouco de cada ramo do direito. Possui, ainda, um conteúdo específico, previamente identificável, do que seja, ou não, próprio de uma Constituição. Seu conteúdo é elástico, variando de acordo com a vontade política do povo. Cotrim (2009) define a Constituição da seguinte maneira: É a declaração da vontade política de um povo, manifestada por meio de seus representantes cujos mandatos resultam de eleição popular. É uma declaração solene expressa mediante um conjunto de normas ju- rídicas superiores a todas as outras que estabelece os direitos e deveres fundamentais das pessoas, das entidades e dos poderes públicos (CO- TRIM, 2009, p. 19). Conclui-se que a Constituição é um documento político, dirigida a todas as pes- soas, tendo, geralmente, uma linguagem comum e não técnica para que todos possam compreender. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS Passaremos a estudar alguns dos princípios constitucionais previstos na Constituição Federal. 1º) Princípio da supremacia da Constituição: a norma constitucional é supe- rior, devendo ser obedecida por todas as demais normas. 2º) Princípio da unidade da Constituição: ela deve ser interpretada na sua unidade, ou seja, no seu conjunto. A interpretação deve ser feita deforma a evitar contradições. Princípios Constitucionais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 3º) Princípio da máxima efetividade da Constituição: as normas constitu- cionais devem ter o máximo de eficácia na sua aplicação. 4º) Princípio da interpretação conforme a Constituição: caso a norma tenha mais de uma interpretação, deve-se dar preferência àquela que estiver de acordo com a Constituição. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS O preâmbulo da Constituição Federal dispõe que: Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Na- cional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, pro- mulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da Repú- blica Federativa do Brasil (BRASIL, 1988, on-line). Quando se fala em preâmbulo, deve-se entender como uma indicação das inten- ções da Constituição brasileira. Os fundamentos da República Federativa do Brasil são: a) soberania; b) cida- dania; c) dignidade da pessoa humana; d) valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; e) pluralismo político, sendo vedada a existência de um partido único. Por sua vez, os objetivos fundamentais são: a) construir uma sociedade livre, justa e solidária; b) garantir o desenvolvimento nacional; c) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; d) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 DIVISÃO DOS PODERES A base da organização do governo está no Art. 2º da Constituição Federal, que prevê: “são poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário” (BRASIL, 1988, on-line). “Os Poderes são os órgãos que realizam as diversas funções atribuídas ao Estado, quais sejam, as funções: legislativas, administrativas e jurisdicionais” (FÜHRER; MILARÉ, 2009, p. 73). A fórmula ideal para o funcionamento do Estado é de que suas operações fundamentais sejam repartidas entre vários órgãos autônomos, cada um atuando na sua esfera de atribuição. Divisão dos Poderes Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 PODER EXECUTIVO É o órgão incumbido de executar as leis e administrar o país. Ele é exer- cido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. O mandato do Presidente da República é de quatro anos, com início no dia 1º de janeiro do ano seguinte de sua eleição. A reeleição é permitida em um único período. O presidente pode cometer crimes como: a) de responsabilidade definidos em lei especial; e b) comuns, previstos na legislação ordinária. A acusação contra o Presidente da República, para ser admitida, precisa de dois terços de aprova- ção na Câmara dos Deputados e, após isso, será submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns; ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade (BRASIL, 1988, Art. 86). Para ser eleito, o candidato a presidente e vice-presidente da República deverão ter a idade mínima de 35 anos. O governador e o vice-governador de Estado e Distrito Federal deverão ter, no mínimo, 30 anos. O prefeito e o vice- -prefeito deverão ter no mínimo 21 anos. PODER JUDICIÁRIO O Poder Judiciário tem a função de legislar e administrar, bem como a função de dizer o direito, aplicando ao caso concreto, mediante um pro- cesso regularmente instaurado, por iniciativa do interessado. É o Poder Judiciário que dirá como as normas serão aplicadas e, assim, demonstrará a forma correta de interpretação das leis existentes em nosso ordenamento jurídico. INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 PODER LEGISLATIVO Em nível federal, o Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe de duas casas, o Senado e a Câmara dos Deputados, ambos eleitos pelos habitantes dos respec- tivos estados. Cada estado e o Distrito Federal, de acordo com os Arts. 44 e 45 da Constituição Federal, elegerá três senadores, com dois suplentes cada, com mandato de oito anos, sendo renovada a representação a cada quatro anos de forma alternada. O número total de deputados, bem como a representação por estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por Lei Complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma unidade da federação tenha menos de oito e mais de setenta deputados (PALAIA, 2011, p. 40). O mandato dos deputados tem duração de quatro anos, e para se elegerem devem ter idade mínima de 21 anos. No caso dos senadores, estes são eleitos pelo sistema majoritário, sendo três para cada estado e para o Distrito Federal. Os mandatos têm duração de oito anos, e para se elegerem devem ter idade mínima de 35 anos (MARTINS, 2013). Direitos e Garantias Individuais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS Eles foram estabelecidos para coibir os abusos praticados pelas autoridades. Os direitos não se confundem com as garantias. Os direitos são aspectos, manifesta- ções da personalidade humana em sua existência subjetiva ou em suas situações de relação com a sociedade ou, ainda, os indivíduos que a compõem. As garan- tias, porém, são os instrumentos para o exercício do direito consagrados na Constituição (MARTINS, 2013). Os direitos e deveres são individuais e coletivos. São garantias expressas na Constituição, pois não excluem outros decorrentes do regime e dos prin- cípios por ele adotados ou dos tratados internacionais em que o Brasil é parte (BRASIL, 1988 §2º). INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 A Constituição Federal, em seu Art. 5º, assegura que: 1. Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos da Constituição. Poderá haver tratamento diferenciado se assim a Constituição estabelecer; 2. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo a não ser em virtude de lei. É o princípio da legalidade; 3. Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desu- mano ou degradante; 4. É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano- nimato; 5. É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; 6. É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias; 7. É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência reli- giosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; 8. É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência reli- giosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 9. É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; 10. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima-gem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 11. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de fla- grante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Direitos e Garantias Individuais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 12. É inviolável o sigilo da correspondência às comunicações tele- gráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instru- ção processual penal. A norma que trata do assunto é a Lei nº 9.296/96; 13. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; 14. É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; 15. É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, per- manecer ou dele sair com seus bens; 16. Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autori- dade competente; 17. É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; 18. A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperati- vas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento. As sociedades cooperativas são reguladas na Lei nº 5.764/71; 19. As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigin- do-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; 20. Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permane- cer associado; 21. As entidades associativas, quando expressamente autoriza- das, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E38 22. É garantido o direito de propriedade; 23. A propriedade atenderá a sua função social; 24. A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos na Constituição; 25. No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprie- tário indenização ulterior, se houver dano; 26. A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvi- mento; 27. Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publica- ção ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 28. São assegurados, nos termos da lei: (a) a proteção às participa- ções individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; (b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér- pretes e às respectivas representações sindicais e associativas; 29. A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empre- sas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país; 30. É garantido o direito de herança; 31. A sucessão de bens de estrangeiros situados no país será regu- lada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja favorável a lei pessoal do “de cujus”; Direitos e Garantias Individuais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 32. O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumi- dor. O Código de Defesa do Consumidor é a Lei nº 8.078/90; 33. Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo de lei, sob pena de responsabi- lidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 34. São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: (a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder; (b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; 35. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 36. A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico per- feito e a coisa julgada. Direito adquirido é o que faz parte do patrimônio jurídico da pessoa, que implementou todas as con- dições para fim, podendo exercê-lo a qualquer momento. Na expectativa de direito, a pessoa não reuniu todas as condições para adquirir o direito no curso do tempo. Ato jurídico per- feito é o que se formou sob o império da lei velha e não pode ser modificado. A lei não pode ser retroativa. Devem ser res- peitadas as situações estabelecidas na vigência de lei anterior, em razão da estabilidade e segurança jurídicas. Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba mais recurso. Há coisa julgada “quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso”. Deno- mina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordiná- rio ou extraordinário; 37. Não haverá juízo ou tribunal de exceção; 38. É reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: (a) a plenitude de defesa; (b) o sigilo das votações; (c) a soberania dos veredictos; (d) a competên- cia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E40 39. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 40. A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 41. A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; 42. A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescri- tível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; 43. A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecen- tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executo- res e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 44. Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; 45. Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles asseguradas, até o limite do valor do patrimônio trans- ferido; 46. A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: (a) privação ou restrição da liberdade; (b) perda de bens; (c) multa; (d) prestação social alternativa; (e) suspen- são ou interdição de direitos; 47. Não haverá penas: (a) de morte, salvo em caso de guerradecla- rada; (b) de caráter perpétuo; (c) de trabalhos forçados; (d) de banimento; (e) cruéis; 48. A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; 49. É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 50. Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; Direitos e Garantias Individuais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 51. Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 52. Não será concedida extradição de estrangeiro por crime polí- tico ou de opinião; 53. Ninguém será processado nem sentenciado senão pela auto- ridade competente; 54. Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 55. Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 56. São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 57. Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; 58. O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; 59. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; 60. A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; 61. Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 62. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E42 63. O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 64. O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; 65. A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; 66. Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; 67. Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimen- tícia e a do depositário infiel; 68. Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liber- dade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; 69. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercí- cio de atribuições do Poder Público; 70. O mandado de segurança coletivo deve ser impetrado por: (a) partido político com representação no Congresso Nacio- nal; (b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; 71. Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direi- tos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; Direitos e Garantias Individuais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 72. Conceder-se-á habeas data: (a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; (b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou admi- nistrativo; 73. Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de enti- dade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; 74. O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; 75. O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; 76. São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: (a) o registro civil de nascimento; (b) a certidão de óbito; 77. São gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania; 78. A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a cele- ridade de sua tramitação (adaptado de BRASIL, 1988, on-line). São direitos sociais previstos na Constituição Federal: a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados. Estes irão garantir aos indivíduos condições materiais tidas como imprescin- díveis para o pleno gozo dos seus direitos. Contudo, eles exigem uma intervenção na ordem social para assegurar uma justiça distributiva, ou seja, dessa forma, o Estado teria que atuar diretamente com a finalidade de diminuir as desigual- dades sociais. INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E44 NACIONALIDADE A nacionalidade pode ser definida por dois critérios: ius sanguini e ius soli. O pri- meiro é aquele em que a pessoa tem a mesma nacionalidade de seus pais, como o nome diz, decorre do sangue; enquanto a segunda é aquela em que a pessoa tem que nascer no território para adquirir a nacionalidade do Estado. De acordo com o Art. 12 da Constituição Federal, são considerados brasi- leiros natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país (ius soli); b) os nascidos no estrangeiro, depois de atingida a maioridade, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registra- dos em repartição brasileira competente ou qualquer deles esteja a serviço do Brasil (ius sanguini); c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com- petente ou venham a residir no Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade pela nacionalidade brasileira (BRASIL, 1988, on-line). Já os brasileiros naturalizados, serão considerados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa ape- nas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira (BRASIL, 1988, on-line). Nacionalidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 A lei brasileira não poderá fazer qualquer distinção entre brasileiros natos e natu- ralizados, salvo as previstas na Constituição Federal (MARTINS, 2013). De acordocom a Constituição Federal, os cargos exclusivos de brasileiros nato são: a) Presidente e Vice-presidente da República; b) Presidente da Câmara dos Deputados; c) Presidente do Senado Federal; d) Ministro do Supremo Tribunal Federal; e) carreira diplomática; f) oficial das Forças Armadas; g) Ministro de Estado da Defesa (BRASIL, 1988, on-line). Por fim, existem hipóteses em que será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: a) tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; b) adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos de: 1) reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; 2) imposição de naturalização, pela forma estrangeira, ao bra- sileiro residente em país estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direi- tos civis (MARTINS, 2013, p. 57). Dessa forma, podemos observar que tanto a aquisição quanto a perda da naciona- lidade são previstas em lei com o objetivo de proporcionar a todos direitos iguais. INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E46 DIREITOS POLÍTICOS De acordo com o Art. 14 da Constituição Federal, a soberania popular é exer- cida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos e, nos termos da lei, pelo: a) plebiscito; b) referendo; e c) iniciativa popular. O sufrágio é o direito subjetivo de uma pessoa eleger alguém ou de ser eleito para algum cargo político. Por ser um direito subjetivo, como visto ante- riormente, significa que ele é uma faculdade do indivíduo. O voto é apenas o direito de eleger uma pessoa, cada indivíduo tem o seu, não podendo vendê-lo nem transmitir a terceiros. O plebiscito é a consulta anterior formulada ao povo para aprovar ou rejei- tar o que lhe houver sido submetido, sendo feito por meio do voto. O referendo, porém, é a consulta posterior formulada ao povo para ratificar ou rejeitar ato legislativo ou administrativo já determinado. Direitos Políticos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 Pela Carta Magna, o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maio- res de 18 anos e facultativo (opcional) para os analfabetos, os maiores de 70 anos e os maiores de 16 e menores de 18 anos. Ainda, não poderão fazer o alistamento eleitoral os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. Para ser eleito, é preciso que os candidatos atendam às seguintes exigências: ter idade mínima de: a) 35 anos para presidente, vice-presidente da República e senador; b) 30 anos para governador e vice-governador de Estado e do Distrito Federal; c) 21 anos para deputado federal, deputado estadual ou distrital, pre- feito e vice-prefeito; e d) 18 anos para vereador. Contudo, não há uma idade limite para se candidatar. Portanto, nessa primeira Unidade, vimos assuntos mais gerais ligados ao Direito, com o intuito de esclarecer como funciona essa ciência e ratificar a importância da mesma para a organização da sociedade. Em recente caso de plebiscito que tivemos em nosso país, foi feita uma proposta de divisão do Estado do Pará e, para tanto, houve uma consulta à população paraense. Com a realização do plebiscito, a população rejeitou a proposta que acabou não seguindo adiante. Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://brasilescola.uol.com. br/brasil/divisao-estado-para.htm>. Fonte: a autora. INTRODUÇÃO AO DIREITO E DIREITO CONSTITUCIONAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E48 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na primeira Unidade, estudamos quais as funções e como se divide o Direito. Diferenciamos, ainda, o Direito da Moral. Neste estudo, pudemos constatar que o Direito surge por uma imposição do Estado, que o cria a partir da necessi- dade da própria sociedade, devendo prosperar conforme a evolução da mesma. A moral, porém, surge a partir da cultura, da religião e da criação de cada pes- soa, não existindo uma punição e nem mesmo sendo imposta pelo Estado. Além disso, verificamos que o Direito possui uma classificação em ramos, com o objetivo de facilitar nosso estudo e ficar mais claro como o Direito se estruturou. No que diz respeito às fontes, como o Direito traz regras que regulamen- tam a vida humana em sociedade, não poderíamos deixar de mencionar que a principal delas é a Constituição Federal de 1988, responsável por regulamentar todo o nosso Estado Democrático de Direito. Além disso, toda lei que é criada em nosso país deve, obrigatoriamente, seguir o que é previsto na Constituição. Caso contrário, a lei criada será declarada como inconstitucional, ou seja, não produzirá efeitos perante a sociedade. Para inspirar a criação de uma norma, não podemos deixar de falar dos prin- cípios de Direito, os quais têm como função a inspiração, o direcionamento, o que permitirá que a norma seja criada. Contudo, deve-se ressaltar que estes não são considerados fontes do Direito, mas sim apenas uma referência para o mesmo. Vimos, ainda, que a Constituição brasileira traz uma série de Artigos, pre- vendo um pouco de cada ramo do Direito. Ela aborda quais são os fundamentos e os objetivos do nosso Estado e, por fim, os direitos e garantias fundamentais previstos no Art. 5º da Carta Magna. Aqui, objetivamos não esgotar os assuntos, mas apenas ilustrar a importân- cia deles, buscando despertar a curiosidade e o estudo pelos temas apresentados. 49 1. O Direito pode ser definido como o conjunto de princípios, regras e instituições destinados a regulamentar a vida humana em sociedade. Para que o Direito seja cumprido em sociedade, o Estado, com o uso do seu poder imperativo, prevê a sanção (punição). Com o intuito de facilitar a compreensão do Direito, este é di- vidido em algumas áreas. Vimos que uma dessas divisões é em Direito objetivo e Direito subjetivo. Com relação a essa divisão, analise as afirmativas a seguir: I. O Direito objetivo é aquele criado pelo Estado e aplicado a toda a sociedade. II. O Direito subjetivo é a faculdade, a escolha de a pessoa postular seu direito, objetivando a realização de seus interesses. III. O Direito objetivo dependerá da vontade do indivíduo para existir. IV. O Direito subjetivo é um complexo de normas que são impostas às pessoas. Assinale a alternativa correto a) Estão corretas somente as afirmativas I e II. b) Estão corretas somente as afirmativas I e IV. c) Estão corretas somente as afirmativas III e IV. d) Estão corretas somente as afirmativas II e III. e) Todas as afirmativas estão corretas. 2. O Direito é uma ciência bilateral, pois precisa de duas pessoas para existir, além de impor um comportamento do indivíduo na sociedade e, quando for descum- prido, haverá uma sanção por parte do Estado. Já que o Direito é uma ciência, existe uma vasta classificação dele. Com relação a essa classificação, analise as afirmativas a seguir. I. O Direito Natural nasce a partir do momento em que surge o homem, apare- cendo naturalmente para regular a vida humana em sociedade. II. O Direito Positivo é um conjunto de regras estabelecidas por meio do poder político em vigor em um determinado país e em uma determinada época. III. O Direito Público envolve a organização de um Estado, onde são estabeleci- das as normas de ordem pública. IV. O Direito Privado diz respeito ao interesse dos particulares, decorrente da manifestação de vontade dos interessados. Assinale a alternativa correto a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. 50 3. Ao aplicar uma lei, o juiz busca atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exi- gênciasdo bem comum. Para se aplicar uma norma, muitas vezes, o juiz precisa analisar o caso e interpretar a norma com o intuito de compreender o que o le- gislador quis dizer com sua criação. Sobre as formas de interpretação, analise as afirmativas que segue: I. Histórica: constata-se a realidade e a necessidade social na elaboração da lei e em sua aplicação. II. Restritiva: é aquela realizada pelo próprio órgão que criou a lei, no momento em que ela declara o sentido, alcance e conteúdo por meio de norma. III. Lógica: estabelece-se uma conexão entre vários textos legais a serem inter- pretados e aplicados ao caso concreto. IV. Gramatical: é a verificação do sentido gramatical da norma criada. Assinale a alternativa correto a) Estão corretas somente as afirmativas I, II e IV. b) Estão corretas somente as afirmativas I e II. c) Estão corretas somente as afirmativas II, III e IV. d) Estão corretas somente as afirmativas III e IV. e) Todas as afirmativas estão corretas. 4. Como o próprio nome diz, o princípio é a base de tudo. Pode-se dizer que ele é o alicerce do Direito. A atuação do princípio no Direito se inicia antes de a regra ser feita, ou em uma fase pré-jurídica, ou seja, em verdade os princípios acabam in- fluenciando a elaboração da regra. Em nossa disciplina, estudamos alguns prin- cípios gerais de Direito. Sobre esses princípios, assinale a alternativa correta: a) O princípio do respeito à dignidade da pessoa humana é um dos objetivos que o governo em exercício deve ter e pode ser modificado a cada eleição. b) O princípio da proporcionalidade é aquele em que não se pode impor condu- tas, a não ser que seja em estrito cumprimento do interesse público. c) O princípio da razoabilidade é aquele em que as pessoas devem agir com proporcionalidade, o que também acontece com as normas jurídicas. d) O princípio da função social é aquele que disciplina a vida humana em so- ciedade, estabelecendo regras de conduta que devem ser respeitadas por todos. e) O princípio normativo é aquele em que o Poder Legislativo atuará nos casos concretos quando não houver uma disposição específica para disciplinar de- terminada atuação. 51 5. A Constituição Federal, em seu art. 2º, prevê que “são poderes da União, indepen- dentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. A fórmula ideal para o funcionamento do Estado é que suas operações fundamentais se- jam repartidas entre vários órgãos autônomos, cada um atuando em sua esfera de atribuição. No Brasil, existem três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Sobre esses poderes, assinale a alternativa correta. a) O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. b) O Poder Judiciário dirá se a norma está correta ou não. c) O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que é composto so- mente pelo Senado Federal, sendo eleito pelos habitantes dos respectivos estados. d) Os deputados são escolhidos pelo sistema majoritário. e) O vereador é um representante do povo na Câmara dos Deputados. 52 Os direitos fundamentais são básicos para a nossa sociedade. Eles que irão proporcionar que todos os cidadãos sejam tratados de forma igual, independentemente da posição que ocu- pem. É sobre isso que se trata o excerto a seguir. DIREITOS FUNDAMENTAIS Direitos fundamentais são entendidos como os direitos mais básicos de todos os cidadãos. Embora haja confusão terminoló- gica quanto ao termo, sendo muito usado como sinônimo de “direitos humanos” ou “direitos do Homem”, é importante isolá-lo como uma categoria própria. Na doutrina jurídica brasileira, os direitos fundamentais são descritos pela Constituição de 1988 e se aplicam somente aos indivíduos e casos por ela regidos, diferindo de “direitos huma- nos” por estes se aplicarem a todo o mundo, independente de soberania nacional. No seu Título segundo, a Constituição classi- fica os direitos e garantias fundamentais dos brasileiros entre direitos e deveres indi- viduais e coletivos (igualdade perante a lei, inviolabilidade do direito à vida etc.), direitos sociais (saúde, educação, trabalho, lazer...) e direitos políticos. Não existe uma origem concreta nem uma definição objetiva para direitos fundamen- tais, embora as três principais correntes jusfilosóficas tenham dado suas inter- pretações. A dos jusnaturalistas é a mais conhecida, classificando tais direitos como anteriores a qualquer legislação; para eles, tais direitos nascem de característi- cas inatas da humanidade, sendo comuns a todos os homens, independente do espaço ou tempo. Mais sucintos, os jus- positivistas defendem tais direitos como frutos da legislação humana, enquanto os realistas jurídicos, mais influentes na Amé- rica do Norte, acreditam que os direitos fundamentais são aqueles conquistados pelas sociedades ao longo do história, não tendo uma origem fixa nem dependendo somente da vontade jurídica. Hoje, tanto no Brasil quanto em boa parte do Ocidente, o consenso é de que estes direitos resultaram de um gradual processo histórico e sociológico. Como explanou o jurista Norberto Bobbio, os “direitos do homem” nasceram após árduas lutas entre os detentores de velhos privilé- gios e os defensores de novas liberdades. Assim, o “fundamental” para uma socie- dade em determinado tempo não é igual para outros povos em épocas diferentes, caracterizando sua natureza histórica. Além disso, reconhece-se que os direitos funda- mentais são relativos (nenhum se sobrepõe ao outro), concorrentes (podem conflitar- -se), imprescritíveis (não se perdem pela falta de uso), inalienáveis (não podem ser transferidos), irrenunciáveis (ninguém pode abdicar deles), eficazes (geram relações entre indivíduos ou entre estes e o Estado) e indivisíveis, ou seja, devem ser tomados em sua completude (ninguém pode “des- respeitar um pouco” certo direito; ele é ou respeitado ou quebrado inteiramente). Por sua evolução histórica, classificam-se os direitos fundamentais em três gerações. Os de primeira geração são os direitos mais fun- damentais conquistados pela humanidade, como a posse de propriedade e as liberda- des de movimento, crença ou expressão. 53 São chamados de direitos individuais ou negativos, pois concernem primariamente a cada cidadão e não podem ser negados por qualquer autoridade. Já os direitos de segunda geração focam no bem estar coletivo, a exemplo da saúde, educação, segurança pública e alimentação (liberdade da fome). São chamados de direitos posi- tivos porque se pressupõe um dever do Estado, por assistência ou políticas públi- cas, em promovê-los. Mais recente, a terceira geração brotou com a revolução tecnocientífica (década de 70 em diante), sendo também referida como direitos meta ou supraindividuais. Embora indivíduos estejam envolvidos, esses direi- tos focam no ecossistema de relações por eles construído. São os direitos à paz, ao desenvolvimento e a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, por exem- plo. Adicionalmente, o Direito Processual Civil distingue-os entre direitos difusos (válidos para todos, sem pertencer a nin- guém específico), direitos coletivos stricto sensu (válidos para um grupo, sem per- tencer a nenhum membro só) e direitos individuais homogêneos (pertencentes a cada indivíduo, mas cuja defesa pode ser feita coletivamente). Vale notar que, com a ascensão de novas tecnologias e movi- mentos sociais, os direitos fundamentais podem entrar em uma quarta geração, a exemplo dos direitos ao acesso à internet e à saúde sexual e reprodutiva. Fonte: Cysne (2016, on-line)1. MATERIAL COMPLEMENTAR Instituições de Direito Público e Privado Sérgio Pinto Martins Editora: Atlas Sinopse: a obra citada é excelente para nos auxiliar a entender melhor o Direito. É uma obra simples, com linguagem fácil, voltada para aqueles que não têm formação jurídica, mas têm interesse em conhecer melhor a estrutura e o funcionamento
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