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Aspectos Socioculturais na Educação a Distância

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Núcleo de Educação a Distância
GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO
Diagramação: Gildenor Silva Fonseca
PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.
O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para 
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por 
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.
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Prezado(a) Pós-Graduando(a),
Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!
Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança 
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se 
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as 
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma 
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a 
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. 
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas 
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são 
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver 
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua-
ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo 
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de 
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) 
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. 
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos 
conhecimentos.
Um abraço,
Grupo Prominas - Educação e Tecnologia
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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!
É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha 
é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é 
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização. 
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como 
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua 
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo 
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de 
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.
Estude bastante e um grande abraço!
Professora: Flávia Cristina Soares
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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao 
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela 
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes 
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao 
seu sucesso profisisional.
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Esta unidade possui como principal objetivo apresentar as dis-
cussões sociológicas e antropológicas que permeiam a cultura, enfati-
zando o etnocentrismo, o relativismo cultural, a identidade e a socieda-
de de consumo. No primeiro capítulo, veremos discussões a respeito 
de aspectos culturais contemporâneos, com um breve recorte de ten-
dências históricas. No segundo capítulo, será possível observar como 
se dão as relações sociais na pós-modernidade. No terceiro capítulo, 
veremos sobre representações sociais através dos movimentos sociais. 
Os três capítulos se relacionam na medida em que os argumentos so-
bre as relações sociais na pós-modernidade, a divisão social do traba-
lho, as classes sociais e a desigualdade social serão explicitadas com 
o objetivo de demonstrar como se consolidam as relações no mundo 
moderno. Para tanto, foi realizada uma pesquisa a partir dos principais 
teóricos da sociologia e antropologia, visto que é de suma importância 
compreender como se deu o processo de transição entre as sociedades 
tradicionais e as modernas. Assim sendo, pode-se concluir que, apesar 
dos mais diferentes estudos abordados nesta unidade, é necessário sa-
ber identificar os acontecimentos primordiais que caracterizam a pós-
-modernidade.
Cultura. Relações sociais. Nova ordem social. Movimentos sociais.
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 CAPÍTULO 01
DAS INVESTIGAÇÕES SOBRE CULTURA AOS ASPECTOS CULTURAIS 
CONTEMPORÂNEOS
Apresentação do Módulo ______________________________________ 11
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O que é Cultura? _______________________________________________
O conceito de Identidade ______________________________________
A modernidade tardia e a Identidade Nacional __________________
Relativismo Cultural ___________________________________________
Hall e a Identidade em constante mudança _____________________
A Sociedade de Consumo ______________________________________
Recapitulando _________________________________________________
 CAPÍTULO 02
RELAÇÕES SOCIAIS NA PÓS-MODERNIDADE
Relações Sociais na Pós-modernidade: as formas de distinção 
social __________________________________________________________
Etnocentrismo _________________________________________________
Identidade na Modernidade Líquida ____________________________
Cultura do Consumo ___________________________________________
A Sociedade Pós-industrial _____________________________________
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 CAPÍTULO 03
MOVIMENTOS SOCIAIS E A NOVA ORDEM SOCIAL
Os Direitos Universais e a Organização da Sociedade a partir do 
Básico _________________________________________________________
Relações sociais na pós-modernidade: a divisão social do trabalho
A Importância dos Movimentos Sociais para a Sociedade Demo-
crática _________________________________________________________
Relações Sociais na Pós-modernidade: o modo de vida burguês 
como ideal de civilidade ________________________________________
A Agenda dos Movimentos Sociais a partir dos Direitos Básicos __
Movimentos sociais como reação à dinâmica global: a Batalha de 
Seattle _________________________________________________________
Fechando a Unidade ___________________________________________
Conceitos de Classe Social e Estratificação Social _______________
As Estruturas Sociais e o Racismo ______________________________
A Acumulação de Capitais e o Novo Imperialismo _______________
Recapitulando _________________________________________________
Movimentos Sociais Contemporâneos __________________________
Referências ____________________________________________________
Minorias Sociais ________________________________________________
Recapitulando _________________________________________________
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Muito embora esta unidade apresente as discussões sociológi-
cas e antropológicas que permeiam a cultura, além de explicitar sobre 
as relações e os movimentos sociais na pós-modernidade, é possível 
observar uma série de nuances que perpassam tais conceitos. Em re-
lação à cultura, destaca-se que os estudos de Branislaw Malinowski e 
de Clifford Geertz se fazem necessários, uma vez que o etnocentrismo 
e o relativismo cultural são de fundamental importância para que se 
construa um olhar crítico no que se refere aos diversos estilos de vida 
construídos pelos indivíduos que compõem a sociedade. É a partir da 
cultura que as pessoas constituem a sua identidade social. Por outro 
lado, Stuart Hall destaca que as identidades na pós-modernidade estão 
em constante transformação e mudança. 
De outra forma, nota-se que as relações sociais nas socieda-
des tradicionais se consolidaram através de papéis sociais engessados. 
Cita-se como exemplo a família patriarcal em que o homem era respon-
sável pelo trabalho e a mulher pelos cuidados da casa e dos filhos. Na 
contemporaneidade, os papéis são negociados e percebemos a inser-
ção da mulher no mercado de trabalho e a divisão de tarefas domés-
ticas com os homens. Essa perspectiva ainda está se transformando, 
dado que os direitos das mulheres e a igualdade em termos salariais 
ainda são objetos das lutas sociais. 
Partindo desse princípio, assistimos uma série de movimentos 
sociais nos últimos anos em que os diferentes estratos sociais contestam 
e lutam pelos seus direitos. Nesse sentido, o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, a Lei Maria da Penha, o feminicídio e as cotas raciais são 
exemplos claros das consequências das lutas dos movimentos sociais. 
Por último, destacam-se os últimos acontecimentos no Brasil e 
no Mundo (Jornadas de Junho e Primavera Árabe) como contestações 
políticas e econômicas na perspectiva de primar por uma ordem demo-
crática e destituir as relações pautadas no poder, prestígio social e no 
acúmulo de capital. 
Esperamos que vocês possam adquirir os conhecimentos ne-
cessários para a atuação profissional e não se esqueçam de assistir aos 
vídeos e ler as referências citadas ao longo desta unidade. 
Bons estudos!
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O QUE É CULTURA?
De acordo com o antropólogo polonês Bronislaw Malinowsky 
(1884-1942), a cultura é um processo social, não biológico, resultante 
da aprendizagem e dos processos de socialização. São bens, proces-
sos técnicos, hábitos e valores herdados e cada sociedade transmite 
às novas gerações, o cumulativo do patrimônio cultural que recebeu de 
seus antepassados. 
Assim, segundo a teoria de Malinowsky, a cultura é também 
uma espécie de herança social. Cultura não é apenas o que reconhece-
mos como manifestação cultural em nossa limitada visão de sociedade. 
Nas sociedades em que a língua escrita não é a principal forma de co-
municação, a transmissão de valores e práticas culturais se dá através 
DAS INVESTIGAÇÕES SOBRE CULTURA
AOS ASPECTOS CULTURAIS CONTEM-
PORÂNEOS
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da oralidade, da convivência em família ou mesmo da convivência com 
grupos de adultos. 
Já nas sociedades em que há estruturação de sistemas de en-
sino, através da escola, essas instituições se encarregam de completar 
a transmissão da cultura iniciada na família e em outros grupos sociais. 
Nesse caso, há uma verticalização e um planejamento sistemático da 
cultura, que obedece ao modelo estabelecido e padronizado. 
O conceito de cultura na antropologia tem outras formas de 
compreensão, por exemplo, em Geertz (1978) temos que a construção 
teórica de que é necessário compreender a cultura em seu contexto de 
acordo com seus povos dentro das normalidades estabelecidas, sem 
reduzir a aspectos particulares da realidade. A cultura humana é um 
conjunto de textos a qual o antropólogo deve saber ler sobre os ombros 
daqueles a quem esta cultura pertence (GEERTZ, 2008). Nesse senti-
do, destacamos os estudos de Clifford Geertz sobre a cultura. A figura 1 
ilustra o autor em seu escritório. 
Figura 1 – Clifford Geertz 
Fonte: Medium, 2020. 
 
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Ao longo dos últimos séculos, podemos citar vários autores da 
antropologia que apresentaram seu terreno teórico, diferentes formas 
pelas quais entendiam a cultura. O estudo e as reflexões sistemáticas 
sobre o conceito de cultura só começaram a ganhar mais importância 
quando a Antropologia surgiu como área de conhecimento, basicamen-
te a partir do século XVIII. 
A consolidação da antropologia como um sistema de conheci-
mentos gera novas formas e temas de pesquisas. Inicialmente, os an-
tropólogos buscam estabelecer o conhecimento a partir de leis gerais 
para interpretação e descrição da cultura. Sendo assim, nesse primeiro 
momento, o conceito de cultura tinha como referência o modelo de civi-
lização ao qual os antropólogos estavam inseridos, ou seja, a medição 
era pela régua moral dos teóricos. 
Leia “Um jogo absorvente: notas sobre a briga de galos baline-
sa” de Clifford Geertz para aprender sobre as várias nuances de cultu-
ras em seu âmbito particular e com toda sua complexidade dentro de 
sistemas simbólicos específicos. O autor analisa uma prática cultural de 
Bali onde a briga de galos, apesar de proibida, é uma espécie de espor-
te local. Além disso, a partir da briga de galos, Geertz consegue fazer 
uma leitura da sociedade balinesa que se comunica a partir de expres-
sões comuns no esporte. A Briga de Galos analisada por Geertz exerce 
um papel simbólico na construção da realidade, influenciando inclusive 
na estruturação da própria sociedade balinesa. Assim sendo, entender 
a briga de galos é entender Bali.
GEERTZ, C. Um jogo absorvente: notas sobre a briga de 
galos balinesa. In: A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 1978b.
ETNOCENTRISMO 
A partir das reflexões sobre o trabalho de Geertz, a geração 
posterior de antropólogos entendeu que o que foi feito com o conceito 
de cultura gerava assimetrias e julgamentos em termos de sociedades 
mais desenvolvidas ou menos desenvolvidas. A partir dessa discussão 
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surge o conceito de etnocentrismo, que pode ser entendido como uma 
visão preconceituosa e limitada sobre outros povos, culturas e etnias 
(geralmente, povos não europeus). 
Através do contato com outras situações sociais, o hábito de 
julgar como inferior uma cultura diferente da sua foi considerado absur-
do pelos pesquisadores. Em alguns casos, a antropologia foi denomi-
nada de ferramenta de “colonização cultural”, onde os povos eram sub-
jugados por outros, considerando o nível de desenvolvimento cultural. 
O etnocentrismo é uma tendência a observar o mundo através 
da perspectiva particular do povo e da cultura a que se pertence. Isto 
quer dizer que fomentou muitas relações entre grupos sociais, povos e 
até mesmo países, conforme observamos na história da humanidade. 
Com isso, uma visão unilateral e colonizadora tem consequências de-
sastrosas, afetando as relações sociais em vários níveis, desrespeitan-
do princípios fundamentais como os direitos humanos e perpetuando 
práticas como a xenofobia, a homofobia, o racismo, a discriminação, a 
segregação, o desrespeito, entre outras que visam à uniformização de 
populações à morte das diferenças. 
RELATIVISMO CULTURAL 
Coube às gerações posteriores de antropólogos entender que 
não há formas de culturas corretas, mas sim manifestações culturais 
diversas de acordo com os contextos. As ideias etnocêntricas foram 
substituídaspelo “relativismo cultural”, que tende a olhar para as dife-
renças e peculiaridades das outras culturas e reconhecê-las como tão 
legítimas quanto a sua própria.
Aqui nos aproximamos de um conceito fundamental para a 
discussão sobre a cultura e processos de formação de identidade, o 
conceito de alteridade nos conduz a pensar o ser humano em constante 
relação com o outro, ou seja, o “eu” só é possível de ser compreendido 
a partir da relação com o “outro”. 
Cabe destacar que o objetivo do conceito de alteridade é, entre 
outros pontos, evitar que as narrativas dos colonizadores destruam ou 
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diminuam as culturas dos outros. Se há um entendimento que as pes-
soas são singulares como eu sou, preciso entender que estas pessoas 
têm o direito de exercer sua própria individualidade e sua própria cultu-
ra, seja em caso de grupos sociais antigos, tribos, diferentes gerações e 
outras situações sociais que compõem a nossa sociedade plural. 
A ideia de sociedade plural vem da noção de que as pessoas 
com diferentes identidades, etnias, interesses convivem em liberdade 
em um contexto onde seus conflitos são resolvidos dentro dos limites 
de um ordenamento jurídico comum, refletindo a noção de justiça e a 
garantia de direitos fundamentais dos indivíduos. 
Leia o livro “Entre nós: Ensaios sobre a alteridade” escrito por 
Emanuel Lévinas. O autor considera que a alteridade se baseia na 
constante constatação das diferenças que se estabelecem entre o eu e 
o outro. A partir dessas diferenças, o eu passa a conferir ao outro uma 
existência como sujeito (com desejos, sonhos, vontades, necessidades 
assim como o eu), de modo que ele não se constitua num objeto para 
mim. A partir do momento em que atribuo esse significado ao outro, 
esse é o processo de alteridade. Isso quer dizer sobre a possibilidade 
de conviver com o que é diferente, reconhecer seus direitos e cooperar 
para o bem-estar comum.
LEVINAS, Emmanuel. Entre nós: Ensaios sobre a alteridade. 
Trad. Pergentino Stefano Pivatto (Coord.), 2ª ed., Petrópolis: Editora 
Vozes, 2005.
O CONCEITO DE IDENTIDADE
Definir o conceito de identidade com base nas centenas de 
pesquisadores das áreas de sociologia e antropologia é uma enorme 
missão, que deve considerar alguns fatores tal como a cultura, a his-
tória, o local e o idioma, que são determinantes para que possamos 
entender como um grupo compartilha elementos identitários. 
Dessa forma, retomamos dois autores que têm grande alcance 
nas áreas das ciências humanas como um todo, trata-se de Zygmunt 
Bauman, sociólogo polonês que se preocupa com o tema focalizando o 
que denomina de modernidade líquida, e do inglês Stuart Hall, também 
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sociólogo, que estuda as construções de identidades culturais da pers-
pectiva da pós-modernidade e contemporaneidade. 
Em comum, além da notoriedade e o alcance de suas obras, 
os autores escolhidos têm a perspectiva da identidade em processo, 
em constante reformulação, tendo como ponto de partida os processos 
de socialização, mas com reformulações a partir das relações sociais 
as quais os sujeitos estão inseridos, para Bauman, a existência de for-
mas diferentes de identidades só é possível a partir das intenções de 
segregação e de inclusão. Aqui, vemos uma luta entre fragmentação e 
dissolução de identidades que se misturam e se complementam. Hall 
complementa essa discussão, trazendo elementos que ele chama de 
paisagens culturais, como classe, gênero, sexualidade, etnia, raça, na-
cionalidade e até mesmo trabalho, que, em décadas e séculos anterio-
res, eram fatores definitivos das identidades e na contemporaneidade 
são apenas elementos de sujeitos integrados de formas diferentes a 
todas essas paisagens. 
IDENTIDADE NA MODERNIDADE LÍQUIDA 
A definição de identidade para Bauman (2005) se dá a partir da 
autodeterminação em relação às comunidades de pares sociais. Para 
este autor, há duas variedades de comunidades: as chamadas “de vida 
e destino”, que são aquelas que conduzem seus membros a viverem 
juntos em uma ligação absoluta, e as comunidades de ideias, que são 
formadas a partir dos princípios. 
Para Bauman, no contexto da modernidade líquida, a identida-
de deixa de ser algo ditado, é determinada pela sociedade e torna-se 
uma missão do indivíduo elaborar sua própria identidade. O indivíduo é 
sujeito de suas decisões, sendo um agente social responsável pela sua 
autocriação a partir dos acessos e opções que vivenciou em sociedade.
Para muitas pessoas, é necessário controlar o peso, pintar os 
cabelos grisalhos, tirar a barba ou realizar depilação, são aspectos da 
identidade a partir do que a sociedade disponibiliza e o indivíduo usa 
para remontar sua própria identidade, unindo aspectos físicos, mentais, 
psicológicos, econômicos e espirituais de forma a manter-se em segu-
rança e confiante. 
A autodeterminação é um processo constante, mais potente 
em sociedades de acordo com seu grau de modernidade e acesso dos 
indivíduos a informações e a cultura de massa, formas pelas quais a 
sociedade moderna baseada na liquidez das relações alcança o grau 
máximo de intensidade. 
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A questão da identidade é mais presente nas comunidades do 
segundo tipo, onde há a presença de diferentes ideias e, em conse-
quência, há também a crença na necessidade de escolhas continua-
mente alinhadas a essas ideias. Na modernidade líquida, as identida-
des se revelam a partir de esforços, de objetivos e de construções.
Os fluidos se movem facilmente. Eles ‘fluem’, ‘escorrem’, ‘esvaem-se’, ‘res-
pingam’, ‘transbordam’, ‘vazam’, ‘inundam’, ‘borrifam’, ‘pingam’, são ‘filtra-
dos’, ‘destilados’; diferentemente dos sólidos, não são facilmente contidos 
- contornam certos obstáculos, dissolvem outros e invadem ou inundam seu 
caminho. [...] Associamos ‘leveza’ ou ‘ausência de peso’ à mobilidade e à 
inconstância: sabemos pela prática que quanto mais leves viajamos, com 
maior facilidade e rapidez nos movemos (Bauman, 2001, p. 8). 
Bauman afirma que esse processo é constante e nunca será 
concluído, já que há uma infinidade de identidades à escolha, e outras 
ainda para serem inventadas (Bauman, 2005). Na próxima figura, visua-
liza-se uma variedade de livros escritos pelo autor sobre a modernidade 
líquida. 
Figura 2 – Livros de Zygmund Bauman
Fonte: Escola trabalho e vida, 2011.
A partir dessa concepção sociológica, a identidade é o que 
preenche o espaço entre o nosso interior e o nosso exterior, ou seja, en-
tre o que podemos chamar de mundo pessoal e mundo público. Bauman 
destaca que projetamos em nós mesmos identidades e expectativas, a 
partir das bases culturais as quais estamos inseridos. Se retomarmos 
o exemplo da sociedade balinesa estudada por Geertz, a identidade 
cultural é estritamente relacionada à briga de galos, assim como na so-
ciedade brasileira podemos estabelecer relações com o futebol.
Essa identidade cultural faz parte de nós e contribui para alinhar 
subjetividades, sentimentos, linguagens, lugares e objetivos que plane-
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jamos em nosso mundo social, é a cultura que nos vincula às estruturas 
sociais conhecidas. É a identidade que cria estabilidade entre os com-
portamentos e expectativas dos sujeitos em um mundo tão fluído. 
O conceito de modernidade líquida permeia toda a obra de 
Zygmunt Bauman, conhecido como um dos sociólogos mais lidos em 
todo o mundo. De acordo com Bauman (2001), a liquidez e volatilidade 
das relações seriam características que desorganizam todas as esferas 
da vida social, como o amor, a cultura, o trabalho, entre outros, tal qual 
se conhece até o presente momento. Os comportamentos se tornam 
mais rápidos efluidos, principalmente influenciados pelo capitalismo 
globalizado.
HALL E A IDENTIDADE EM CONSTANTE MUDANÇA 
Como vimos em Bauman, o mundo do capitalismo globalizado 
está em constante mudança e, com isso, as identidades são fluidas e 
mutáveis. A globalização não afeta da mesma forma todos os lugares do 
mundo, com isso, temos a chamada modernidade tardia, um aspecto que 
caracteriza as modernas é a mudança constante, rápida e permanente. 
Nas sociedades tradicionais, o passado é admirado e retoma-
do a todo o tempo, os símbolos são valorizados e ajudam a perpetuar 
a experiência de gerações. Para lidar com o tempo, as sociedades tra-
dicionais entendem qualquer atividade ou experiência particular como 
uma na continuidade do passado, presente e futuro, os quais, por sua 
vez, são estruturados por práticas sociais recorrentes. 
As sociedades modernas são sociedades de mudança cons-
tante, rápida e permanente. Esta é a principal referência de diferen-
ciação conceitual entre as sociedades “tradicionais’’ e as “modernas’’. 
David Harvey descreve a modernidade como um rompimento impie-
doso com toda e qualquer condição precedente, caracterizada por um 
processo sem fim de rupturas e fragmentações internas no seu próprio 
interior (HARVEY, 1989, p.12). A modernidade tardia é resultado de mu-
danças estruturais e institucionais, da complexa e incompleta transição 
entre sociedades tradicionais e modernas.
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Por outro lado, Stuart Hall (2006) organiza esse debate sobre 
as várias concepções possíveis de identidade que se relacionam às 
visões de sujeito ao longo da história. A primeira tem a ver com o su-
jeito do Iluminismo, que expressa uma visão individualista de sujeito, 
caracterizado principalmente pelo uso da razão e da consciência. Já 
a segunda concepção se refere à identidade do sujeito em relação à 
complexidade do mundo moderno, sendo esse sujeito constituído na 
relação com outras pessoas, cujo papel é de mediação da cultura. Essa 
concepção de sujeito se tornou clássica na Sociologia, visto que o su-
jeito se constitui na interação com a sociedade, em um diálogo contínuo 
com os mundos interno e externo.
Uma vez que a identidade muda de acordo com o contexto de 
resposta e representação, a identificação não é automática, mas pode 
ser ganhada ou perdida através dos elementos de sua caracterização. A 
identidade tornou-se politizada, a ser estabelecida em processos cons-
tantes de comunicação. Por outro lado, as identidades podem inclusive 
ser contraditórias, nem mesmo quando nos referimos à identidade de 
classe social como uma categoria, podemos alinhar as mais diversas 
formas de identidades. As pessoas não se identificam mais com seus 
interesses sociais exclusivamente em termos de classe, pois, na mo-
dernidade, a classe não pode mais servir como um dispositivo agluti-
nador ou uma categoria mobilizadora através da qual todos os variados 
interesses e todas as variadas identidades das pessoas possam ser 
representados.
A partir dessa concepção clássica, vemos a noção de identi-
dade cultural, a qual se associa a partir do conjunto de objetivos, sím-
bolos e representações sociais. Assim sendo, as identidades variam de 
acordo com a história local e as construções sociais estabelecidas e as 
práticas religiosas. A identidade social e a identidade cultural são pro-
cessos em construção ao longo do tempo e fazem parte da construção 
de identidade nacional (JUNIOR; PERUCELLI, 2019).
Sempre que for realizada uma discussão sobre identidades, 
cabe questionar: a identidade é para quem? Para o grupo ou para os 
de fora do grupo? O conceito de identidade só faz sentido a partir da 
validação, uma vez que as análises sociais sobre identidades devem 
sempre considerar esse aspecto e pensar que as identidades só exis-
tem quando há uma relação de reconhecimento e são reconhecidas pu-
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blicamente desta forma. Processos de identificação, etnicidade, alteri-
dade, diferença, fronteiras, conflitos, cultura e estilo de vida são apenas 
algumas possibilidades de apurarmos de uma melhor forma o debate 
sobre identidades. 
 
A MODERNIDADE TARDIA E A IDENTIDADE NACIONAL 
A formação de uma identidade nacional de um grupo deve-se 
ao reconhecimento recíproco dos padrões coletivos de comportamento 
e costumes. A cultura só existe enquanto memória coletiva da socieda-
de, impossível a existência de uma cultura a partir apenas de relatos, 
ou mesmo o desenvolvimento individual e artificial de uma cultura de 
forma isolada. Por exemplo, se considerarmos os impactos produzidos 
na sociedade através dos meios de comunicação tais como a rádio e 
a televisão no início dos anos 30. Com o advento da indústria cultural, 
é possível observar claramente como uma manifestação cultural ba-
seada em padrões coletivos de comportamento e costumes provocou 
modificação no estilo de conduta, atitudes, costumes e tendências das 
populações mundiais. 
Leia o livro Dialética do esclarecimento para se obter conheci-
mento sobre como a indústria cultural engana uma quantidade signifi-
cativa de pessoas. 
ADORNO, Theodor W., HORKHEIMER, Max. Dialética do 
esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 
2006.
Outra mudança importante nos processos de formação de 
identidade tem a ver com as comunicações por satélite e o posterior 
surgimento da internet que intensificaram tais mudanças, reduzindo as 
distâncias e conectando pessoas do mundo inteiro. Esse processo ficou 
conhecido como mundialização ou globalização. 
Para abordar com qualidade uma discussão sobre o Brasil e a 
identidade nacional, é necessário entender os processos de globaliza-
ção e atentar-se a como o país absorveu de forma singular tais proces-
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sos. No Brasil, temos uma sociedade plural com enorme diversidade 
cultural, são diversas culturas, tradições e, apesar de ter uma língua 
comum, os modos de se comunicar, vestir-se e suas crenças variam 
bastante na extensão territorial nacional. 
Se os meios de comunicação via satélite conduziram a mais 
um salto no sentido da modernidade, mais uma vez, as sociedades que 
tiveram a implantação tardia desses processos foram atravessadas por 
diferentes construções de identidade. As identidades estáveis do pas-
sado são colocadas em perspectiva com o mundo de possibilidades de 
novas identidades. Mas, desta vez, presenciamos um diferente tipo de 
mudança estrutural no final do século XX. As antigas definições cultu-
rais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que 
nos forneciam sólidas localizações como indivíduos sociais, estão em 
ruínas.
Essas transformações afetam diretamente as nossas identida-
des do ponto de vista interno, abalam as ideias que construímos acerca 
de nós como sujeitos integrados, uma vez que todas as estruturas de 
integração são colocadas em perspectiva. 
Para muitos estudiosos, principalmente da psicologia social, 
esse processo de perda de um “sentido de si” estável é chamado, algu-
mas vezes, de deslocamento ou descentração do sujeito. Uma vez que 
há um constante deslocamento, tanto dos lugares sociais, como de si 
mesmos, constitui uma “crise de identidade” para o indivíduo.
CULTURA DO CONSUMO 
O aprendizado sobre culturas é uma prática comum e neces-
sária para o conhecimento do outro e para conhecimento do eu. A partir 
das consolidações de disciplinas como antropologia, filosofia e as ciên-
cias humanas em geral, podemos aprender sobre as nações passadas 
e as mais diversas formas de relações, subsidiando informações sobre 
como devemos pensar o mundo atual. A partir dos processos de globa-
lização, além de conhecer em teoria as culturas, foi possível também 
conhecer e vivenciar hábitos e cotidianos de povos e grupos até entãodesconhecidos. 
Conforme foi discutido nos tópicos anteriores, a globalização 
mudou a velocidade e a forma das relações humanas. Além disso, in-
fluenciou diretamente nossas formas de pensar e agir, algumas rela-
ções sociais passaram a ser mediadas e até mesmo a organização so-
cial passou a ser diretamente afetada pelo acesso que temos a bens de 
consumo em geral. 
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Quando o acesso a bens de consumo também passa a orga-
nizar a sociedade, temos o que convencionalmente os sociólogos cha-
mam de cultura do consumo. O conceito de cultura do consumo surge 
no final do século XVIII a partir dos estudos do sociólogo norte ameri-
cano Don Slater (2002), do qual argumentou que o consumo é um pro-
cesso de distinção e diferenciação social. Na figura 3, observamos uma 
pessoa com o desejo de adquirir diversos produtos. 
Figura 3 – Consumo
Fonte: Oficina da criação. 
Em contextos de modernidade, liberdade e racionalidade, os 
indivíduos buscam no consumo reproduzir sistemas e ideias. De acordo 
com Slater (2002), antes mesmo da produção industrial e da participa-
ção em massa no consumo, a cultura do consumo já estava presente 
em nossos meios sociais. Não sendo, assim, um efeito da moderniza-
ção industrial e sim parte da própria consolidação do mundo moderno.
O autor aponta que a cultura do consumo está diretamente as-
sociada à modernidade. O mundo moderno se apresenta liberto de tra-
dições, em que os sujeitos livres podem de maneira racional e científica 
vivenciar plenamente suas escolhas por causa da oferta abundante de 
possibilidades proporcionadas pela experiência do consumo que agre-
ga e atribui significados ao consumidor. 
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Há escolas teóricas, principalmente da área de marketing, que 
estudam diretamente o consumo com base em aspectos sociais e cul-
turais, há também possibilidades de abordar essa temática pelo viés 
econômico ou mesmo psicológico. 
Em CANCLINI, Néstor G. Consumidores e Cidadãos: confli-
tos multiculturais da globalização. 4ª ed., Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 
1999.
A SOCIEDADE DE CONSUMO 
A sociedade de consumo foi um termo cunhado por Baudrillard 
(2008), em que se refere às motivações para aquisição de determina-
do produto, sem levar em conta as necessidades básicas, mas sim 
na relação de aquisição pelo significado dado ao produto pelo sujeito. 
Com isso, temos a modernização das relações de consumo, visto que é 
constituída por uma relação de símbolos que atribuem “valor” ao produ-
to, não sendo mais um condicionante para a aquisição da utilidade, ou 
seja, o valor de uso.
Baudrillard (2008) afirma que esse modelo de sociedade de 
consumo acontece em contextos de economia de mercado, em situa-
ções de produções e consumos de massa, em que os capitais tenham 
livre circulação. A sociedade de consumo é a sociedade pós-moderna 
ou pós-industrial na qual vivenciamos o tempo dos objetos. Um exemplo 
dessa construção teórica é o fato de que, em civilizações anteriores, os 
objetos (monumentos e instrumentos) sobreviviam às gerações. 
Na sociedade pós-industrial, as organizações criam produtos e 
objetos com prazos limitados, visando ao seu consumo constante deno-
minado de obsolescência planejada. 
Assista ao documentário “A conspiração da lâmpada elétrica e 
a obsolescência programada” o qual retrata um conjunto de relatos que 
comprovam como a indústria de lâmpadas tem trabalhado por quase 
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cem anos para promover o aumento do consumo e o crescimento eco-
nômico produzindo produtos de qualidade inferior, mesmo já existindo 
meios para produzir produtos de melhor qualidade. 
A CONSPIRAÇÃO DA LÂMPADA ELÉTRICA E A OBSO-
LESCÊNCIA PROGRAMADA. Cosima Dannoritzer: Espanha, 2010. 
(52 min). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=4e7Df-
C0ytlY> Acesso em: 17 out. 2020.
A SOCIEDADE PÓS-INDUSTRIAL 
Figura 4 – Tempos Modernos
Fonte: Cinema Sétima Arte, 2016.
O mundo industrializado foi retratado por Charlie Chaplin no fil-
me conhecido por Tempos Modernos, ilustrado na figura 4. A referência 
conceitual para tratarmos a sociedade industrial é a produção de bens e 
o poder nela instituído pertence aos donos dos meios de produção. Po-
demos ter como referência de poder na sociedade pós-industrial a in-
formação, o domínio dos meios de informação e os serviços por estes 
oferecidos. 
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Para saber mais sobre a pós-modernidade, podemos elencar 
características estruturantes como: 
• Consumo como forma de expressão pessoal e manifestação 
identitária; 
• Forte presença das mídias eletrônicas na construção de iden-
tidades;
• Forte presença dos mercados (econômico, político, cultural e 
social); 
• Pluralidade cultural; 
• Distanciamento social;
• Falências das narrativas emancipadoras e grandes ideais.
Como vimos, as discussões sobre o conceito de pós-moder-
nidade permeiam a arte, a literatura e a teoria social, mas uma melhor 
referência da noção de pós-modernidade podemos observar a partir de 
vários conceitos e modelos de pensamento, todos precedidos do prefixo 
“pós”: sociedade pós-industrial, pós-estruturalismo, pós-fordismo, pós-
-comunismo, pós-marxismo, pós-hierárquico, pós-liberalismo, pós-im-
perialismo, pós-urbano, pós-capitalismo. A pós-modernidade coloca-se 
ainda em relação com o feminismo, a ecologia e o ambiente, confor-
me veremos no próximo capítulo sobre consumo, trabalho e racismo 
(CUNHA; AUGUSTIN, 2014). 
Para entender historicamente a pós-modernidade, devemos 
pensar que esta época foi propícia para o surgimento de uma nova es-
pécie de sociedade. Baseada em novos padrões de consumo, carac-
terizada pelo aceleramento da vida, há agora um padrão a partir do 
indivíduo. As histórias coletivas, em muitos casos, têm perdido o seu 
sentido, vive-se um constante presente que é intensamente mutável. O 
tempo na pós-modernidade é fragmentado em “agoras”. A modernidade 
cumpriu seu papel de crítica à sociedade, e a pós-modernidade repro-
duz a lógica do capitalismo, conduzindo-nos a um modelo de sociedade 
pautado pelo consumo como componente identitário universal.
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2018 Banca: Fundação para o Vestibular da Universidade Es-
tadual Paulista (VUNESP) Órgão: Polícia Militar de São Paulo - SP 
(PM/SP/SP) Prova: Aluno Oficial/Aspirante a Soldado - PM (Língua 
Inglesa) Nível: Médio.
No Brasil, diferenças sociais entre homens e mulheres prejudicam 
a democracia porque:
a) Desigualdade entre os gêneros é fundamental para preservar o Es-
tado de Direito.
b) A legislação brasileira torna legítimas várias formas de dominação 
entre os gêneros.
c) A dominação de gênero impõe às mulheres uma cidadania de segun-
da categoria.
d) A ampliação do poder social das mulheres é prejudicial para o Estado 
de Direito.
QUESTÃO 2
Ano: 2016 Banca: Fundação Getúlio Vargas (FGV) Órgão: Secreta-
ria Municipal de Educação de São Paulo - SP (SME/SP) Prova: Pro-
fessor de Ensino Fundamental II e Médio - Área Sociologia Nível: 
Superior.
A Sociologia é um corpo organizado de conceitos e metodologias 
científicas que se ocupa de:
a) Descrever a realidade dos sistemas social, político e econômico que 
se sucederam historicamente.
b) Estudar os fenômenos sociais e identificar regularidades e normas 
nas formas de comportamento. 
c) Compreender a interdependência dos seres vivos e definir suas for-
mas de interação social.
d) Estabelecer os fatos sociais com base nos sistemas culturais e sim-
bólicos.
e) Analisar os tipos sociais e classificá-los em função das estruturas que 
os definem.
QUESTÃO 3
Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: DPE-RO Prova:Defensor Públi-
co Substituto Nível: Superior.
Para ________________, a sociologia tem como meta a compreen-
são interpretativa da ação social, de maneira a obter uma explica-
ção de suas causas, de seu curso e dos seus efeitos. O referido 
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sociólogo assim escreveu, em uma de suas obras, acerca da ação 
social:
Por “ação” se designará toda a conduta humana, cujos sujeitos 
vinculem a esta ação um sentido subjetivo. Tal comportamento 
pode ser mental ou exterior; poderá consistir de ação ou de omis-
são no agir. O termo “ação social” será reservado à ação cuja in-
tenção fomentada pelos indivíduos envolvidos se refere à conduta 
de outros, orientando-se de acordo com ela. 
A lacuna é corretamente preenchida por:
a) Augusto Comte.
b) Friedrich Hegel.
c) Émile Durkheim.
d) Karl Marx.
e) Max Weber.
QUESTÃO 4
Ano: 2018 Banca: COPESE - UFT Órgão: UFT Prova: COPESE - UFT 
- Administrador Nível: Superior
De acordo com o conceito de “modernidade líquida” de Zygmunt 
Bauman, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A modernidade é “líquida”, ou seja, está sempre em transformação. 
Como um líquido, ela não é capaz de conservar sua forma por muito 
tempo.
b) A modernidade “líquida” é comparada aos elementos de conteúdos 
fluidos, os quais são considerados difíceis de se solidificarem.
c) Na “modernidade líquida”, as formas atuais de vida são percebidas 
com vulnerabilidade, pois são incapazes de permanecerem com a mes-
ma identidade por muito tempo.
d) Na “modernidade líquida”, as pessoas estão conscientes de que os 
recursos naturais e ambientais são infinitos e deverão ser acomodados 
a cada tipo de filosofia de vida individual.
e) Na modernidade líquida, a identidade não sofre nenhum tipo de mo-
dificação.
QUESTÃO 5
Ano: 2017 Banca: IBFC Órgão: SEDUC-MT Prova: IBFC - 2017 
- SEDUC-MT - Professor de Educação Básica - Sociologia Nível: 
Superior 
“[…] a sociedade de consumo não é nada além de uma sociedade 
do excesso e da fartura – e, portanto, da redundância e do lixo”. 
(BAUMAN, 2007, 111).
Assinale a alternativa correta acerca da afirmação acima:
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/copese-uft
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/uft
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/copese-uft-2018-uft-administrador
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/copese-uft-2018-uft-administrador
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/ibfc
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/seduc-mt
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/ibfc-2017-seduc-mt-professor-de-educacao-basica-sociologia
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/ibfc-2017-seduc-mt-professor-de-educacao-basica-sociologia
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a) As novas tecnologias permitem que se produza mais com menos 
recursos, o que tem evitado a degradação ambiental.
b) Os centros urbanos, mas não só estes, têm encontrado soluções 
para a questão do descarte de lixo de seus habitantes, impondo cotas 
de despacho de resíduos sólidos, por exemplo.
c) Com o aperfeiçoamento tecnológico todas as mercadorias tendem a 
se transformarem em bens de consumo duráveis.
d) A obsolescência acelerada dos produtos é marca deste momento.
e) A facilidade com que se descartam as mercadorias em nada refletem 
na sociabilidade dos sujeitos na modernidade líquida a que se referem 
Bauman (2007).
QUESTÃO 6
Ano: 2015 Banca: IF-RS Órgão: IF-RS Prova: Professor - Ciências 
Sociais/Sociologia Nível: Superior. 
A diversidade étnica e cultural dos Povos Indígenas no Brasil 
constitui um dos mais valiosos patrimônios de nossa sociedade, 
e torna-se fundamental abordar esta temática junto aos alunos da 
Educação Básica. Sobre tais povos, assinale as alternativas COR-
RETAS:
I. De acordo com as concepções aceitas atualmente, um índio é 
alguém que se reconhece e é reconhecido como membro de uma 
comunidade indígena, e as comunidades indígenas são aquelas 
fundadas em relações de parentesco ou vizinhança que mantêm 
laços histórico-culturais com as organizações sociais indígenas 
pré-colombianas.
II. A contínua influência da população não indígena sobre os povos 
indígenas tem representado um efetivo processo de transforma-
ção de culturas que anteriormente eram voltadas às suas tradições 
milenares e tendiam a um baixo dinamismo cultural. 
III. Os grupos chamados de Índios Isolados representam aqueles 
que ainda não tiveram contato com populações não-indígenas, 
havendo inclusive um departamento na FUNAI para tratar destes 
povos.
IV. Até meados dos anos 70, no Brasil, acreditava-se que o desa-
parecimento dos indígenas seria inevitável. Contrariando tal ideia, 
nas décadas seguintes, verificou-se um crescimento desta popula-
ção, e atualmente existem mais de 240 povos indígenas em nosso 
território.
V. Costuma-se classificar os povos indígenas brasileiros a partir 
de suas línguas, sendo os dois maiores troncos linguísticos, na 
atualidade, o Macro-Jê e o Tupi. 
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Estão CORRETAS
a) Apenas I, II e IV e V. 
b) Apenas I, III e IV e V. 
c) Apenas II, III e IV. 
d) Apenas I, IV e V
e) I, II, III, IV e V.
QUESTÃO 7 
Ano: 2015 Banca: IF-RS Órgão: IF-RS Prova: Professor - Ciências 
Sociais/Sociologia Nível: Superior
Para Max Weber, em sua perspectiva de construção de tipos ideais, 
o estudo das relações de poder implica na compreensão das for-
mas de legitimação da dominação. Sobre a teoria da dominação do 
sociólogo alemão, assinale a alternativa INCORRETA:
a) A Dominação Tradicional é aquela sustentada pelos valores das insti-
tuições que perduram no tempo em uma dada sociedade.
b) A Dominação Legal-Racional é aquela que tem sua legitimidade funda-
da em um estatuto, ou um corpo de regras em um determinado sistema.
c) O conceito de Legitimidade permite dar conta dos fundamentos do 
poder em uma sociedade, como valor que leva as pessoas a aceitarem 
uma forma de dominação.
d) A Dominação Carismática é aquela fundamentada no apreço ou afeto 
para com um Líder.
e) A Dominação Estatal é aquela própria de um Estado Moderno, em 
que a legalidade da burocracia acaba por minimizar os outros tipos de 
dominação.
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
A partir dos estudos sobre cultura, evidencia-se que o objetivo da so-
ciologia é entender e discutir criticamente sobre as relações sociais, 
assim como as consequências planejadas ou imprevistas com base nas 
mudanças que acontecem em nossa sociedade. Sobre o enunciado, 
comente a respeito das teorias sobre as diferentes formas de manifes-
tações culturais e relações entre diferentes sociedades. 
TREINO INÉDITO
Uma geração de estudiosos da cultura, entendeu que o que foi feito 
com o conceito de cultura gerava assimetrias e julgamentos em termos 
de sociedades mais desenvolvidas ou menos desenvolvidas e chamou 
esse processo de etnocentrismo. Quais as referências eram usadas pe-
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los estudiosos que tinham o etnocentrismo como prática?
a) A cultura própria aos povos colonizados.
b) A cultura dos povos colonizados e mais avançados tecnologicamente.
c) A cultura dos povos que narram e elaboram os discursos sobre os 
demais.
d) A cultura antepassada.
e) As manifestações culturais inferiores. 
NA MÍDIA
Etnocentrismo político
Cultura, religião, gênero, economia, etnia, hoje nada escapa, tudo é 
utilizado como base para discurso político, o tópico hipócrita deste de-
bate é que uma figura que tem como dever lutar por toda uma nação 
simplesmente a trata por classificação, falas como “a minoria deve se 
adequar a maioria” são exemplos desta divisão de patentes, não respei-
tando direitos e a sua própria constituição (Art. 5º), que relataque todos 
são iguais perante a lei. Outro exemplo de fala etnocêntrica e egoísta 
da parte de nosso presidente da República foi ao tratar da Ancine, seu 
discurso e afirmação fala que “não vai admitir produções que vão contra 
interesses e tradição judaico-cristã”, novamente, querendo colocar sua 
posição acima dos outros e até da própria lei (referência ao artigo 5º, 
inciso VI).
É um total e verdadeiro perigo quando chefes de estado procuram 
colocar suas vontades, sua cultura, sua religião, seu modo de agir no dia 
a dia para a sociedade que ali estar, nem todos pensam e agem igual a 
ele, e nem acreditam no mesmo Deus (ou, às vezes, não acreditam em 
nenhum ser divino) igual ao dele, desta diversidade de pensamentos e 
opiniões é que se faz a democracia (palavra que vem do grego demo, 
que significa povo, e kratos, que significa poder), sem ela não temos 
debates, sem ela não temos liberdade de ir e vir ( art. 5º, inciso XV) e nem 
liberdade de expressão, em um mundo sem democracia não temos uma 
diversidade cultural, o que vai predominar é um único pensamento, uma 
única religião, conhecemos esse fenômeno como puro autoritarismo.
Fonte: Diário de Pernambuco.
Data: 18/09/2019. 
Leia a notícia na íntegra: 
PEREIRA, Otto Manoel Rufino. Etnocentrismo político. Diário de Per-
nambuco. 18/09/2020. 
Disponível em: 
<https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/opiniao/2019/09/etno-
centrismo-politico.html> Acesso em: 17 out. 2020. 
https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/opiniao/2019/09/etnocentrismo-politico.html
https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/opiniao/2019/09/etnocentrismo-politico.html
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NA PRÁTICA
Ainda sobre a discussão a respeito de contatos entre diferentes socie-
dades e culturas, o etnocentrismo está vivo em nossa sociedade mais 
intensamente do que podemos perceber. Há ocasiões onde atitudes e 
comentários são baseados em preceitos etnocêntricos, um exemplo 
prático no contexto brasileiro é se considerarmos os conflitos étnicos 
e raciais que acontecem entre moradores dos diferentes estados e re-
giões do país. 
Por exemplo, nas regiões sul e sudeste do Brasil, há em muitos casos 
uma completa ignorância em relação a hábitos, costumes, linguagens e 
outros aspectos culturais dos povos do norte e nordeste do país e, por 
isso, mesmo em um século com acesso a fontes de informação, ainda 
temos diversos problemas de compreensão e aceitação de populações 
de culturas diferentes, igualmente pode ser dito a respeito de popula-
ções tradicionais e indígenas, que sofrem diversas formas de discrimi-
nação praticadas pelas populações urbanas e ou que reproduzem o 
status quo e a cultura dominante. 
Em última instância, o etnocentrismo se trata de uma classificação a 
partir de juízos de valor daquilo que é considerado diferente, precisa-
mos cuidar e valorizar as diferenças, conferindo-lhes espaço e posições 
para que possam expressar suas necessidades. A destruição de modos 
de vida e de pensamentos diferentes dos compartilhados não reconhe-
ce o valor das diferenças e a enorme contribuição que todos podem 
oferecer à nossa sociedade. 
PARA SABER MAIS
Filme sobre o assunto: Pantera Negra.
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=T0qYBzEjLsI
PANTERA Negra. Ryan Coogler. África do Sul: Universal, 2018. Dis-
ponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=T0qYBzEjLsI> Acesso 
em: 17 out. 2020. 
https://www.youtube.com/watch?v=T0qYBzEjLsI
https://www.youtube.com/watch?v=T0qYBzEjLsI
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SRELAÇÕES SOCIAIS NA PÓS-MODERNIDADE: AS FORMAS DE 
DISTINÇÃO SOCIAL
Na pós-modernidade, os bens de consumo são tratados como 
necessários para dar visibilidade e estabilidade à cultura de um deter-
minado grupo social. As interações internas e externas ao grupo são 
significadas a partir da formação da identidade dos grupos dentro do 
espaço social tendo em vista que o consumo é um processo ativo em 
que todas as categorias sociais são redefinidas. 
Como vimos anteriormente, consumir não está restrito somen-
te à satisfação de um desejo, mas se relaciona a reconhecer-se so-
cialmente. Nestor Canclini é um sociólogo argentino que discute sobre 
relações sociais e relações de consumo, para ele:
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As lutas de gerações a respeito do necessário e desejável mostram outro 
modo de estabelecer identidades e construir a nossa diferença. Vamos nos 
afastando da época em que as identidades se definiam por essências a-his-
tóricas: atualmente configuram-se no consumo, dependem daquilo que se 
possui, ou daquilo que se pode chegar a possuir (CANCLINI, 1999, p.15).
Como vimos na sociedade pós-industrial, o controle dos meios 
de comunicação constitui o maior poder e este tem como pauta a per-
manente e constante louvação e incentivo ao consumo, como afirmação 
de identidade, realização pessoal e inserção social. Esses processos 
direcionam, produzem e ocultam preconceitos de uns homens em rela-
ção aos outros, em função de seu acesso e sua inserção no mundo do 
consumo, “se você não tem a nova tecnologia de smartphones, ficará 
para trás”, são com imperativos como este que são construídos valores 
sociais. 
Não há nada de errado em consumir mercadorias. Esse é um 
direito inalienável, mas a busca pouco racional de saciar desejos a partir 
da orientação para o consumo é uma questão a ser debatida de forma 
crítica por nossa sociedade. Embora possa apresentar-se como um ca-
minho para algum tipo de felicidade, talvez seja o agravamento dos pro-
cessos de egocentrismo, ainda mais considerando aspectos comuns à 
nossa sociedade (conforme veremos no tópico sobre racismo), a cons-
trução da autoestima depende da negação e desvalorização do outro. 
Em contextos como o brasileiro, o consumo marca a ascensão 
social, o acesso a crédito e aos bens dos quais possibilitam que as po-
pulações historicamente marginalizadas tenham acesso ao mundo do 
consumo e a sua ideologia. No entanto, isso não garante uma inclusão 
social com a qualidade necessária. 
RELAÇÕES SOCIAIS NA PÓS-MODERNIDADE: O MODO DE VIDA 
BURGUÊS COMO IDEAL DE CIVILIDADE
A partir do aumento expressivo das atividades comerciais, as 
cidades, a partir do século XI, ocorrem uma explosão demográfica que 
impacta diretamente nas formas de vida. As feiras e as atividades co-
merciais realizadas pelos mercadores nas beiras das estradas ganham 
espaço no centro das cidades, tornando-se o principal atrativo e forma 
de comercialização de produtos. As cidades começam a se desenvolver 
economicamente e os donos dos meios de produção começam a ter 
maior participação econômica e política nas decisões. A consolidação 
do grupo de comerciantes se dá a partir de sua mentalidade empreen-
dedora, baseada na racionalidade e na acumulação de capitais. Com 
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isso, resumidamente, temos o surgimento da burguesia como classe 
social. Em um tempo pós-industrial onde conhecimento e informação é 
o novo poder, ainda há nas relações sociais, traços da dominação de 
classes anteriormente estabelecida pela burguesia. Esta classe social, 
agora, além de dona dos meios de produção, controla os meios de in-
formação e comunicação, além de exercer controle ideológico sobre as 
demais classes. 
O sociólogo Norbert Elias, em seu estudo sobre “O Processo 
Civilizador”, demonstra como uma sociedade em constante transição 
estabelece de acordo com cada época, instrumentos de condiciona-
mento. Estes são impostos aos indivíduos, de forma a criar modelos de 
identidade e modelos sociais, que refletem suas ideias de que há de ser 
a moralidade e, por consequência, osmodelos de civilização. 
Ao discutir o processo civilizador, Norbert Elias reconstrói uma 
trajetória a partir do que seriam considerados os comportamentos típi-
cos do homem inserido na sociedade judaico-cristã-ocidental. Ele rela-
ciona os padrões de “bom comportamento” à autoimagem que certas 
categorias sociais fazem de si mesmas durante certos períodos de tem-
po, bem como relaciona padrões estabelecidos com o surgimento de 
alguns termos como os de cortesia, de civilidade e de civilização. 
A análise de Elias incide, inicialmente, nas grandes cortes 
feudais atingindo mais tarde todos os estratos sociais, buscando com-
preender o processo civilizador começando por examinar os significa-
dos do que comumente é definido como uma civilização. O conceito 
de civilização conforme cunhado por Elias, diz respeito a uma grande 
variedade de fatores: deve-se considerar o nível de avanço tecnológico, 
o desenvolvimento de conhecimentos científicos, as ideias a respeito de 
religiões e os costumes. Além disso, as formas de habitação e alimen-
tação, relações entre homens e mulheres, sistemas de justiça, entre ou-
tros aspectos contribuem para a formação da consciência da sociedade 
ocidental. De acordo com Elias, o conceito de civilização: 
[...] expressa a autoconsciência do Ocidente. Poderíamos inclusive afirmar: 
a consciência nacional. Ele resume tudo em que a sociedade ocidental dos 
últimos dois ou três séculos se julga superior a sociedades mais antigas ou 
a sociedades contemporâneas ‘mais primitivas’. Com esse termo, a socie-
dade ocidental procura descrever em que constitui seu caráter especial e 
tudo aquilo de que se orgulha: o nível de sua tecnologia, a natureza de suas 
maneiras (costumes), o desenvolvimento de seu conhecimento científico ou 
visão de mundo, e muito mais (Elias, 2000, p. 5).
Aqui, vemos novas formas de relações entre os membros da 
sociedade, novas ordens se consolidando, essas ordens sociais vão 
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além da racionalidade ou simples vontade das pessoas que compõem 
a sociedade. É a partir da ordem social que as mudanças na história 
são realizadas, é uma reorganização dos relacionamentos humanos, 
formando os sentimentos mais tarde denominados “civilizados”. À me-
dida que as pessoas se relacionam, os indivíduos desempenham um 
papel social, que deve ser mais regular, específico, uniforme e estável 
(ELIAS, 2000). 
O controle do comportamento passa a ser ensinado desde a 
socialização primária nos primeiros anos de vida de uma criança. Em 
meio a essa teia de ações tão complexas, que conduz o indivíduo a 
comportar-se ‘corretamente’ através de formas de controle consciente, 
somado a um complexo aparelho de controles sociais, relacionam-se os 
modos de vida, baseados em ideais burgueses. 
Leia o livro “A condição da pós-modernidade” de David Harvey, 
um geógrafo britânico que discute sobre a reorganização das cidades 
e grandes metrópoles, realizadas no século 19, das quais atuam como 
ferramentas de contenção e repressão das classes trabalhadoras. Cita-
-se como exemplo Paris, Belo Horizonte, Brasília e Buenos Aires, isto é, 
cidades planejadas que criaram separações geográficas para as clas-
ses sociais e que tem os centros administrativos afastados da grande 
população.
RELAÇÕES SOCIAIS NA PÓS-MODERNIDADE: A DIVISÃO SOCIAL 
DO TRABALHO
O século XIX e o século XX apresentaram mudanças econômi-
cas e sociais de diversas ordens. Entretanto, em paralelo a essas mu-
danças, ocorreu a consolidação da burguesia como classe dominante 
financeira e ideologicamente. A divisão social do trabalho é uma conse-
quência desta consolidação. 
A divisão social do trabalho, em sua origem, está relacionada 
à forma pela qual as tarefas são organizadas e divididas no ambiente 
de trabalho. A intenção inicial era delimitar as funções realizadas e, com 
isso, impulsionar o processo de produção, garantindo o funcionamento 
de um sistema de forma rápida e eficiente. Além disso, do ponto de vista 
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sociológico, a divisão do trabalho delimita e define a maneira pela qual 
os indivíduos, inseridos em uma sociedade, organizam-se com a finali-
dade de produzir bens, produtos ou mercadorias.
A divisão do trabalho sempre existiu. Inicialmente, dava-se ao acaso, pela 
divisão sexual, de acordo com a idade e vigor corporal. Com a complexida-
de da vida em sociedade e o aprofundamento do sistema de trocas entre 
diferentes grupos e sociedades, identifica-se a divisão do trabalho em espe-
cialidades produtivas, designada pela expressão ‘divisão social do trabalho’ 
ou divisão do trabalho social. Esta forma de divisão do trabalho ficou bem 
caracterizada na estrutura dos ofícios da Idade Média. Os artesãos organi-
zados nas guildas, ou corporações de artífices, constituíam uma unidade de 
produção, de capacitação para o ofício e de comercialização dos produtos. 
Apesar de existir, entre mestres-companheiros-aprendizes, divisão do traba-
lho, hierarquia e atividades de coordenação e gerenciamento do processo de 
produção, estas eram diferentes da divisão parcelar do trabalho e da hierar-
quia verificada na emergência das fábricas e do modo de produção capitalis-
ta (PEREIRA; LIMA, 2008, p. 126). 
De acordo com Marx (1980), a sociedade capitalista carrega 
marcas sociais da divisão social do trabalho que ditam regras e pro-
priedades que determinam a matéria, os instrumentos, os produtos e o 
sentido do trabalho, dentro de cada contexto histórico.
Sistematizando a divisão social do trabalho, podemos observar 
a reprodução do fenômeno em termos técnicos, termos sexuais e em 
termos internacionais. 
A divisão técnica do trabalho 
Também conhecida como ‘divisão parcelar do trabalho’, ocorre 
na esteira de processos amplos de mudanças. O primeiro aspecto de 
destaque é o fato da apropriação dos meios de produção por grandes 
capitalistas (força de trabalho, objetos de trabalho e instrumentos). Em 
segundo, ressalta-se a divisão técnica do trabalho através da aloca-
ção de diversos trabalhadores em um mesmo espaço físico, sendo que 
cada um desempenha uma tarefa específica para o desenvolvimento 
de um produto que só é obtido como resultado do trabalho coletivo. 
Logo, a divisão técnica do trabalho é o controle do processo e da força 
de trabalho e, pôr fim, a expropriação do trabalhador do produto do seu 
trabalho, conforme destacado por Marx (1980).
O maior exemplo das divisões técnicas do trabalho pode ser 
observado no contexto de indústrias, a divisão entre os trabalhos ma-
nuais e os trabalhos intelectuais/de gestão cria uma relação (às vezes 
tensa) entre trabalhadores técnicos-científicos e trabalhadores ma-
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/divsoctra.html
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/divsoctra.html
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/divsoctra.html
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/divsoctra.html
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/divsoctra.html
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/divsoctra.html
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nuais. Sendo que cada tipo de trabalhador tem sua função, cabendo 
aos técnicos-científicos organizar os processos e rotinas de trabalho, e 
aos trabalhadores manuais/braçais/operários cabe a execução dessas 
rotinas. Essa relação à hierárquica, reproduz a lógica do capital para as 
relações sociais, perpetuando um sistema baseado na manutenção de 
privilégios no contexto do trabalho. 
Essa divisão técnica do trabalho opera tanto na transformação 
de objetos como na transformação da consciência do trabalhador que, 
por fim, muitas vezes, não conheceo resultado final de seu trabalho. 
A divisão sexual do trabalho
A discussão sobre a divisão sexual do trabalho tem enorme 
destaque no contexto dos estudos de gênero, uma vez que é uma ca-
tegoria fundamental para expressar a existência de diferentes papéis 
atribuídos a homens e mulheres na sociedade como um todo e especi-
ficamente nos processos produtivos.
Mesmo que as diferenças entre homens e mulheres do ponto 
de vista biológico e reprodutivo sejam óbvias, a divisão sexual do traba-
lho qualifica a discussão ao trazer críticas sobre a separação das esfe-
ras públicas e privadas na sociedade capitalista. A partir dessa perspec-
tiva, fica evidenciado que cabe às mulheres a esfera privada; o cuidado 
dos filhos e os serviços domésticos, e aos homens a esfera pública; 
a vida externa com trabalhos formais e remunerados, principalmente, 
com atividades de maior prestígio social.
Além das divisões do trabalho, a urbanização é um fenômeno 
social que influencia diretamente as relações sociais. A partir da urba-
nização no século XX e no século XXI, ocorre a ampliação do acesso 
à educação e as conquistas dos movimentos de mulheres. Além dis-
so, verificamos também uma ampliação do ingresso das mulheres no 
mercado de trabalho. Mas, segue ainda significativa a desigualdade em 
termos de valorização (tanto financeira como em termos de status) do 
trabalho feminino em relação ao masculino. Em diferentes empresas, 
países e culturas, muitas mulheres recebem menor remuneração do 
que os homens, e mesmo considerando trabalhos iguais, a situação se 
mantém. 
A divisão internacional do trabalho – DIT
Ao tratar sobre a divisão internacional do trabalho, precisamos 
retomar os papéis e posições dos países no mercado e no processo 
produtivo global. A DIT – é a distribuição de papéis que os países exer-
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cem frente à ordem econômica mundial, essa divisão foi feita a partir 
do poder de escolha dos países centrais na economia mundial. Assim, 
perpetua-se uma lógica implementada desde o surgimento do sistema 
capitalista, passando pelos momentos de expansão colonial a partir do 
século XVI. A DIT se manifesta de forma que não é possível para um 
único país dispor de todo os tipos de produções, matérias-primas e mer-
cadorias.
Estabelece-se, assim, processos de especialização produtiva 
que, apesar de sofrer alterações ao longo do tempo, obedecem às de-
terminações da economia de demandas vindas das nações desenvol-
vidas e que submetem as nações subdesenvolvidas ao atendimento 
dessas demandas. Podemos observar três períodos diferentes da DIT, 
o primeiro é o capitalismo comercial, baseado em trocas simples de 
produtos. O segundo tem estrita relação com o capitalismo industrial, 
baseado na produção em larga escala e acumulação de recursos. O 
terceiro e mais atual é baseado no capitalismo financeiro e em formas 
de circulação e acumulação dos capitais financeiros pelas nações. 
Há uma dinâmica dos padrões de acumulação de capital no 
contexto mundial e essa dinâmica coloca países produtores de com-
modities e produtos de origem agrícola e ou mineral em posição de 
fornecedores a países consumidores, criando, assim, uma relação de 
dependência dos mercados.
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Figura 5 – Charge Por Que Existem Países Pobres?
Fonte: Pictoline Brasil, 2016. 
No atual estágio da globalização, é possível verificar constan-
tes mudanças na distribuição dos capitais e das empresas, que esco-
lhem os melhores mercados e cadeias produtivas para se instalarem 
nos mais variados países, considerando também o acesso a bens e ser-
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viços e a carga de impostos. Os países capitalistas desenvolvidos têm 
o poder de influenciar diretamente mercados emergentes em países em 
desenvolvimento e ou pobres, que têm menor potencial competitivo. 
O capitalismo funciona a partir da circulação e acumulação de 
capital, os valores monetários se deslocam na economia global em dire-
ção aos lucros. Este arranjo é uma espécie de espiral infinita, onde ha-
veria condições para expansão dos lucros infinitamente. No entanto, há 
os limites naturais de produção, questões geopolíticas, ambientais e de 
diversas ordens que influenciam diretamente nas divisões do trabalho 
e nas relações sociais. O modelo existente de acumulação de capital 
baseado no consumo apresenta muitos problemas e dá sinais de uma 
potencial e iminente saturação. À medida que o consumismo excessivo 
aumenta, também aumenta a degradação ambiental que conduzirá todo 
o sistema à sua completa falência. 
SOBRE DIVISÕES DO TRABALHO:
Leia o capítulo “Origem e funções do parcelamento das tare-
fas” do livro “Crítica da Divisão do Trabalho” para se obter conhecimen-
tos acerca do tema exposto. 
MARGLIN, S. A. Origem e funções do parcelamento das tare-
fas. Para que servem os patrões? In: GORZ, A. (Org.) Crítica da Divi-
são do Trabalho. São Paulo: Martins Fontes, 1980. (1.ed., 1973)
CONCEITOS DE CLASSE SOCIAL E ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
De acordo com Karl Marx, as classes sociais são divididas 
em dois grupos de interesses antagônicos e concorrentes. O primeiro 
grupo, geralmente menor em número de indivíduos, é formado pelos 
possuidores dos meios de produção (terras, bancos, equipamentos e 
fábricas) chamados de burguesia. O outro grupo é formado pela grande 
maioria, ou seja, pelos indivíduos que possuem apenas sua força de 
trabalho, isto é, os proletários. Há uma constante disputa entre esses 
grupos, uma vez que a divisão da riqueza produzida tem foco na acu-
mulação de capital pela burguesia. 
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Ainda de acordo com Marx, a principal motivação dessa divi-
são em classes é o aspecto econômico. Há interesses comuns internos 
a cada classe, e a partir desses interesses comuns, são promovidas as 
mudanças sociais por meio de ações coletivas. 
Outro autor clássico da sociologia que teorizou sobre as clas-
ses sociais foi Max Weber (1864-1920). Para este autor, o fenômeno 
das classes sociais não se restringe ao critério econômico para elaborar 
as definições de classes. Segundo Weber, a posição social de um indi-
víduo é obtida a partir de três fatores principais: 
• O status (ou seja, a honra ou o prestígio que este indivíduo 
possui junto a seus pares);
• A riqueza (basicamente a disponibilidade financeira em ter-
mos de renda, ou posses);
• O poder (este, por sua vez, é um conjunto de fatores, mas 
pode ser resumido como a capacidade de influência que um indivíduo 
tem na sociedade em que está inserido).
Para Weber, o processo de estratificação acontece a partir das 
relações onde o status social está em jogo, além de manifestar a partir 
dos poderes político, econômico e das oportunidades que os indivíduos 
ou grupos sociais têm para adquirirem bens e influenciarem a socie-
dade. Para adquirir maiores conhecimentos sobre o tema, leia o livro 
“Economia e Sociedade” de Max Weber. 
WEBER, Max. Economia e sociedade. Fundamentos da so-
ciologia compreensiva. Trad. Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa. 
Brasília: Editora Universidade de Brasília. São Paulo: Imprensa Oficial 
do Estado de São Paulo, 1999. 
Weber não visa contradizer Marx e não minimiza a preponde-
rância do aspecto econômico, no entanto, qualifica a discussão a res-
peito da situação de classe ao apontar aspectos importantes que não 
se explicam exclusivamente pela renda. Para Weber, as sociedades 
são divididas em estratos, e o status remete a uma dimensão subjetiva, 
simbólica e cultural, um atributo de posição dentro da sociedade e do 
respectivo sistema de estratificação social.
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Classes Sociais no Brasil 
Conformedemonstrado, nas sociedades capitalistas, há uma 
estrutura social que visa a manutenção do status quo ou das classes no 
poder. Em sociedades como a brasileira, com economias emergentes, 
a possibilidade de mudança e ou ascensão de classe social é limitada 
por diversos fatores. A ascensão na hierarquia se dá através, principal-
mente, dos estudos e da conquista de direitos fundamentais, questões 
como gênero e etnia também estão presentes nas discussões sobre 
classe no Brasil. 
Conforme dados da FGV Social, no ano de 2018, o Brasil se 
tornou o segundo país mais desigual do mundo, atrás apenas do Catar. 
Apenas 1% da população (cerca de 1,5 milhão de pessoas) concentra 
23,2% da renda total conforme declarações de Imposto de Renda. 
Essa situação se repete a algumas décadas, desde os anos 
1930, esse 1% detém em torno de 20% a 25% da renda total do país, 
ou seja, vemos um grupo homogêneo com poucas variações. 
De acordo com o IBGE, as famílias consideradas ricas e classe 
média alta (classes A e B) no Brasil eram de 14,4%, o que corresponde 
a cerca de 30 milhões de pessoas. Destaca-se o fato de que a escolari-
dade média desse grupo é de 13,2 anos contra 8,7 da média brasileira. 
Esses grupos concentram também uma quantidade maior de 
donos dos meios de produção (empregadores, empresários e comer-
ciantes) de 12,9% contra 4,8% da média da população. A classe C, 
chamada de “nova classe média”, correspondia a 55,3% da população 
brasileira em 2018, em torno de 115,3 milhões de pessoas. 
As maiores classes sociais do Brasil são a classe D com 51,7 
milhões de pessoas e a classe E com 43,3 milhões, ou seja, de acordo 
com o Censo 2010 quase metade da população brasileira se concentra 
nas classes mais baixas do estrato social. 
MINORIAS SOCIAIS
Uma forma comum das relações sociais direcionadas a grupos 
socialmente excluídos (seja pelo seu acesso a formas de propagação 
do seu conhecimento conforme vimos no etnocentrismo, seja pela falta 
de acesso ao mundo do consumo) é a atitude hostil. 
Gordon Allport (1954) inicia uma investigação sobre o precon-
ceito, ao observar que vários grupos socialmente desvalorizados per-
tenciam a grupos minoritários na estrutura de poder (preconceito contra 
as mulheres ou sexismo, preconceito contra os homossexuais ou homo-
fobia, preconceito contra os velhos, preconceito contra pessoas gordas, 
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preconceito contra pessoas com deficiências físicas e/ou mentais, pre-
conceito contra os nordestinos no Brasil), denominado de preconceito 
étnico. Segundo Allport (1954), isto é baseado em uma antipatia, numa 
generalização falha e inflexível, que pode ser sentida ou expressa e que 
pode ser dirigida a um grupo como um todo ou a um indivíduo porque 
ele faz parte daquele grupo, conhecido pela sociologia como minorias. 
Sendo assim, as minorias não têm relação direta com o núme-
ro de pessoas e sim com o fato de serem grupos sociais que se carac-
terizam pelos processos de discriminação direta ou indireta, a que são 
submetidas pessoas socialmente identificadas como pertencentes a 
determinados grupos sociais (negros, judeus, mulheres, pessoas LGBT 
etc.). Essa discriminação é sistemática, acontece no dia a dia através 
de pequenos processos e interações sociais que se consolidam histori-
camente criando uma estratificação social que se reverte em inúmeras 
desvantagens, sejam estas políticas e/ou econômicas aos grupos mi-
noritários. Estes vivenciam essas desvantagens na forma de pobreza, 
uma vez que só tem acesso à oferta de piores empregos e salários mais 
baixos, através do menor acesso aos sistemas de saúde e educação e 
por terem maiores chances de encarceramento e morte.
Todo processo discriminatório está diretamente vinculado à ló-
gica econômica e política, por assim dizer, todos os grupos visam acú-
mulo de poderes ao subjugar minorias, a partir da reprodução das con-
dições sociais e políticas desses mecanismos discriminatórios, temos 
uma reprodução sistêmica e ideológica de formas de discriminação. 
Considerando a sociedade contemporânea, fica evidente que formas 
de discriminação como o racismo só se estabelecem a partir da repro-
dução dessas relações pelo Estado.
O Estado por sua vez, ao tomar decisões que podem atuar 
diretamente na classificação de pessoas e nos processos discriminató-
rios (escravidão, apartheid e nazismo) ou de forma indireta, quando se 
omite em relação à discriminação e ao racismo, permitindo que esses 
mecanismos continuem se reproduzindo de forma a excluir grupos so-
ciais na distribuição econômica (no acesso a estudos, emprego e renda, 
por exemplo) e na ocupação de espaços de poder e decisão no próprio 
Estado.
 
AS ESTRUTURAS SOCIAIS E O RACISMO
O racismo é um sistema de perpetuação de distinções sociais, 
diferente do preconceito, constituindo um processo que visa à hierarqui-
zação, à exclusão e à discriminação contra indivíduos ou toda uma ca-
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tegoria social que é definida como diferente com base em algum aspec-
to externo (real ou imaginário). Esses aspectos com o passar do tempo 
se constituem como uma marca cultural, que irá influenciar diretamente 
os padrões de comportamento. Durante muitos anos no Brasil, a cor da 
pele sendo preta era lida como típica de sujeitos preguiçosos, agressi-
vos e ou festivos, sendo assim, o racismo é uma redução do cultural ao 
pretensamente biológico. 
Figura 6: “Black Lives Matter” George Floyd e João Pedro, vítimas de crimes 
baseados no racismo.
Fonte: Chuteira FC, 2020. 
Outra diferença entre racismo e preconceito é que o primeiro, 
diferentemente do segundo, não existe apenas a um nível individual, 
mas também a nível cultural e institucional, principalmente em face do 
racismo ser um sistema que reproduz processos de exclusão social e 
de discriminação e (GUIMARÃES, 2004). 
Mas, a partir do momento em que um homem precisou do auxílio de outro, a 
partir do momento em que se aperceberam ser útil a um só possuir provisões 
para dois, a igualdade desapareceu, a propriedade introduziu-se, o trabalho 
tornou-se necessário, e as vastas florestas transformaram-se em campos 
vicejantes que foi preciso regar com o suor dos homens, e nos quais logo 
se viu a escravidão e a miséria germinarem e crescerem com as colheitas 
(Rousseau, 1989, p. 92-93).
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Rousseau acrescenta de forma interessante à escravidão e à 
miséria ao surgimento do preconceito e do racismo. Com efeito, o pre-
conceito e o racismo parecem ser tão antigos quanto são as relações 
assimétricas de poder, perpetuando-se desde sociedades escravocra-
tas a pós-modernidade. 
O racismo não tem necessariamente fundamentos teóricos, 
parte de um dogma equivocado sobre a superioridade de uma raça 
sobre a outra, um discurso de dominação. Esse sistema de relações 
sociais se adapta de acordo com os contextos, e o racismo brasileiro 
possui características bastante particulares. No Brasil, através principal-
mente dos meios de comunicação, foi propagado o mito da democracia 
racial, de um país pacificamente miscigenado no qual todas as raças 
convivem em perfeita harmonia. 
Para adquirir maiores conhecimentos sobre o processo de mis-
cigenação brasileiro, leia a reportagem da Revista Super Interessante 
intitulada “Estupro de mulheres negras e indígenas deixou marca no 
genoma dos brasileiros”. 
Há anos, essas ideias foram tratadas como verdades absolu-
tas, o que criou uma noção de que não existia racismo no Brasil. Atual-
mente, com a ascensão de negros ao ensino superior e a produção aca-
dêmica, mais pesquisadores têm refutado essas teorias. Durante pelo 
menos três séculos de nossa história nacional, as pessoas negras foram 
reduzidas a mercadorias, que tinham como função construir as riquezas 
desse país, sem

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