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UNIDADE 1

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Apresentação 
 
Área em constante atualização, a farmacologia é uma disciplina de grande 
importância na formação de diversos profissionais da área de saúde. Suas 
raízes encontram-se na terapia medicamentosa, que apresenta como objetivo 
principal o alívio dos efeitos causados pelas doenças. 
Nesta obra, serão abordados todos os aspectos relacionados aos fármacos, sem 
focar exclusivamente em seus efeitos, mas enfatizando os mecanismos pelos 
quais agem no organismo. Os agentes terapêuticos serão apresentados de 
acordo com a classe de fármacos à qual pertencem, a fim de facilitar o 
entendimento do aluno e permitir que o assunto seja aprofundado. 
Novos fármacos são introduzidos na terapêutica anualmente, ao passo que 
muitos se tornam obsoletos. Com isso, o entendimento do mecanismo de ação 
dos fármacos em cada classe terapêutica torna-se primordial, a fim de 
expandir esses conhecimentos aos novos compostos. 
A ação de um fármaco somente pode ser compreendida de modo adequado 
quando o organismo é estudado como um todo. Por isso, em muitos 
momentos desta obra serão discutidos os processos fisiológicos relevantes 
para o entendimento da ação dos fármacos abordados. 
Por fim, as estruturas químicas dos fármacos somente serão apresentadas 
àqueles que necessitam dessa informação para uma melhor compreensão de 
certas características farmacológicas. 
AUTORA 
 
A professora Marcella Gabrielle Mendes Machado é doutora em Ciências 
Farmacêuticas pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – 
UNESP (2017), onde também realizou mestrado em Ciências Farmacêuticas 
(2013), e é graduada em Farmácia pela Universidade Federal dos Vales do 
Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM (2010). Ministrou, na graduação, as 
disciplinas de Desenvolvimento de Fármacos, Introdução ao Planejamento de 
Fármacos e Atenção Farmacêutica (2015). É professora conteudista de 
disciplinas na área da Farmácia desde 2019. 
CURRÍCULO LATTES 
Dedico esta obra ao meu marido, Everton, que, com sua alegria, deixa os meus dias 
mais leves. 
Marcella Gabrielle Mendes Machado 
Dedico esta obra ao meu marido, Everton, que, com sua alegria, deixa os meus dias 
mais leves. 
Marcella Gabrielle Mendes Machado 
Presidente do Conselho de Administração: Janguiê Diniz 
Diretor-presidente: Jânyo Diniz 
Diretoria Executiva de Ensino: Adriano Azevedo 
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos: Joaldo Diniz 
Diretoria de Ensino a Distância: Enzo Moreira 
Autoria: Marcella Gabrielle Mendes Machado 
Projeto Gráfico e Capa: DP Content 
DADOS DO FORNECEDOR 
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. 
© Ser Educacional 2020 
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160 
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. 
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do 
Código Penal. 
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock 
 
 
Objetivos 
 
UNIDADE 1. 
Princípios gerais e farmacocinética 
 
Marcella Gabrielle Mendes Machado 
OBJETIVOS DA UNIDADE 
 
 Conhecer as diferentes formas farmacêuticas e suas vias de 
administração; 
 Compreender as principais características de um ensaio clínico e de 
cada uma das fases do desenvolvimento clínico de um novo fármaco; 
 Entender os quatro processos que constituem a farmacocinética. 
 
TÓPICOS DE ESTUDO 
 
Introdução à farmacologia 
// Conceitos importantes em farmacologia 
// Formas farmacêuticas 
// Vias de administração 
 
Ensaios clínicos 
// Desenvolvimento clínico 
// Grupos-controle 
// Tamanho da amostra 
// Mensuração dos resultados clínicos 
 
Farmacocinética I: absorção de fármacos 
// Absorção de fármacos 
// Biodisponibilidade e bioequivalência 
 
Farmacocinética II: distribuição de fármacos e ligação às proteínas plasmáticas 
// Barreira hematoencefálica 
// Ligação às proteínas plasmáticas 
 
Farmacocinética III: metabolismo e eliminação de fármacos 
// Eliminação de fármacos 
 
Introdução à farmacologia 
logia surgiu como ciência em meados do século XIX, fundamentada nos princípios da 
experimentação; porém, desde os primórdios da civilização, são utilizados remédios à 
Até o fim do século XIX, não havia a compreensão dos efeitos dos fármacos 
no organismo; em grande parte, devido ao conhecimento rudimentar de 
fisiologia, patologia e química. Por isso, embora os profissionais médicos 
buscassem intervenções farmacológicas para o tratamento das condições 
clínicas, os resultados eram, em geral, ineficazes. Mesmo com todos esses 
desafios, em 1847, Rudolf Buchheim criou o primeiro instituto de 
farmacologia, na Estônia. 
Os primeiros farmacologistas, antes do surgimento da química orgânica 
sintética, concentraram-se em estudar os fármacos de origem vegetal, como 
quinina, atropina, efedrina e estricnina – muitos deles utilizados até os dias de 
hoje. 
Os primeiros fármacos sintéticos surgiram no início do século XX e 
revolucionaram a indústria farmacêutica. A quimioterapia antimicrobiana foi 
impulsionada pela descoberta
sífilis por Paul Ehrlich,
sulfonamidas por Gerhard
durante a Segunda Guerra
Nos anos 1980, novos agentes
diversas proteínas 
denominados biofármacos
surgimento da biotecnologia,
engenharia genética na 
sejam sintetizados quimicamente,
fármacos convencionais
Com base nesse relato histórico,
disciplinas na farmacologia,
farmacologia sem fronteiras
entender a ação dos fármacos
específica, como seus efeitos
é possível observar como
subdivisões. 
 
Figura 1. A farmacologia atual
compartimento cinza central. As
a outras disciplinas biomédicas
CONCEITOS IMPORTANTES EM 
FARMACOLOGIA
 
descoberta de compostos arsenicais para o 
Ehrlich, em 1909. Em 1935, houve a descoberta
Gerhard Domagk, e as penicilinas foram 
Guerra Mundial, com base nos estudos de Fleming.
agentes terapêuticos, na forma de anticorpos,
 reguladoras – os quais 
biofármacos – foram desenvolvidos em decorrência
biotecnologia, uma ciência que aplica os conceitos
 obtenção de produtos. Embora esses biofármacos
quimicamente, os mesmos princípios farmacológicos
convencionais podem ser aplicados a eles. 
histórico, percebe-se a influência das técnicas
farmacologia, e, dessa forma, o que se tem
fronteiras definidas e inconstantes, com o único
fármacos nos organismos vivos e, de
efeitos podem ser aplicados à terapêutica.
como é a estrutura da farmacologia atual, com
atual e suas várias subdivisões. Os assuntos principais são
As disciplinas de interface (retângulos marrons) ligam
biomédicas principais (retângulos verdes). Fonte: RANG et al.,
CONCEITOS IMPORTANTES EM 
FARMACOLOGIA 
 tratamento da 
descoberta das 
 desenvolvidas 
Fleming. 
anticorpos, enzimas e 
 podem ser 
decorrência do 
conceitos da moderna 
biofármacos não 
farmacológicos dos 
técnicas de outras 
tem hoje é uma 
único intuito de 
de forma mais 
terapêutica. Na Figura 1, 
com suas várias 
 
são encontrados no 
ligam a farmacologia 
al., 2016, p. 8. 
Algumas definições são importantes para distinguir as diversas terminologias 
utilizadas na farmacologia, a saber: 
 
Droga 
Substância ou matéria-prima que, ao interagir com o organismo vivo, é capaz 
de exercer efeito clínico ou farmacológico, com ou sem intenção benéfica; 
 
Fármaco 
Substância química ativa, que produz um efeito biológico com finalidade 
medicamentosa, utilizada para diagnóstico, alívio ou tratamento, empregada 
para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos, em 
benefício da pessoa na qual se administra; 
 
Medicamento 
É o produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, que contém um 
ou mais fármacos e outras substâncias, com finalidade profilática, curativa, 
paliativa ou para fins de diagnóstico.FORMAS FARMACÊUTICAS 
As formas farmacêuticas são as formas físicas de apresentação do 
medicamento após a adição, ou não, de excipientes apropriados e são úteis 
para atender às necessidades individuais dos usuários em direção a uma 
farmacoterapia com maior eficácia, segurança e comodidade. Elas também 
apresentam características apropriadas a uma determinada via de 
administração. 
As formas farmacêuticas podem ser classificadas em sólidas, semissólidas, 
líquidas, gasosas e especiais. 
 As formas farmacêuticas sólidas podem ser pós, granulados, 
comprimidos, cápsulas, drágeas, óvulos e supositórios; 
 As formas farmacêuticas semissólidas são os géis, loções, unguentos, 
linimentos, ceratos, pastas, cremes e pomadas; 
 As formas farmacêuticas líquidas são as soluções, emulsões, 
suspensões, xaropes, elixires, injetáveis, tinturas e extratos; 
 As formas farmacêuticas gasosas geralmente são preparações de 
soluções associadas a gases, utilizadas com fins medicinais (exemplo: 
inalantes). 
 As formas farmacêuticas especiais, como os sprays e aerossóis, são 
aquelas que podem ser encontradas em mais do que uma forma física. 
 
No Quadro 1 é possível ver as definições de algumas dessas formas 
farmacêuticas: 
 
// Quadro 1. Formas farmacêuticas e suas definições 
Clique para fazer download do quadro abaixo: 
 
 
 
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 
 
Via de administração é o local do organismo no qual o medicamento é administrado, 
Muitas vezes, há a possibilidade de escolha da via de administração de um 
agente terapêutico. Dessa maneira, o conhecimento das diferentes vias de 
administração tem importância fundamental, uma vez que a via tem influência 
na biodisponibilidade de um medicamento e na adesão do paciente ao 
tratamento. 
As principais vias de administração são: oral, sublingual, retal, aplicação em 
outras superfícies epiteliais (por exemplo: pele, córnea, vagina e mucosa 
nasal), inalação e injeção (subcutânea, intramuscular, intravenosa, intratecal e 
intravítrea). 
 
Via oral 
A via de administração oral é a mais utilizada, por ser mais conveniente, 
econômica e geralmente mais segura. Cerca de 80% dos tratamentos 
farmacológicos fora do âmbito hospitalar são administrados por essa via. 
Quando há a necessidade de proteção da mucosa digestiva, bem como no 
tratamento de doenças parasitárias e infecção intestinal, é a única via possível 
para administração de medicamentos. 
 
Diversas formas farmacêuticas sólidas e líquidas podem ser administradas 
pela via oral. No entanto, o efeito de primeira passagem é considerado um 
fator limitante e uma desvantagem da administração de fármacos por essa via, 
uma vez que há diminuição da biodisponibilidade do fármaco, ou seja, uma 
menor fração da dose administrada do fármaco alcança seu local de ação. 
 
Via retal 
A via retal consiste na administração de medicamentos na mucosa retal por 
meio do orifício anal e é utilizada para fármacos que produzem efeitos local 
ou sistêmico. As principais formas farmacêuticas para administração retal são 
supositórios, cápsulas retais de gelatina e enemas. 
 
Entre as vantagens da via retal, tem-se que muitos dos produtos administrados 
por essa via não irritam o trato gastrointestinal, como alguns medicamentos 
orais, e não são destruídos pelas enzimas digestivas ou pelo pH baixo do 
estômago. 
 
Via intramuscular 
A via intramuscular deposita o medicamento no tecido muscular, que é 
ricamente irrigado pelo sangue, resultando em um rápido trajeto até à 
circulação sistêmica. Por essa via, é possível administrar medicamentos em 
solução aquosa e medicamentos suspensos em óleos, sendo que estes últimos 
apresentam velocidade de absorção mais lenta e uniforme. 
 
A injeção do fármaco deve ser profunda no tecido muscular. Medicamentos 
que são levemente irritantes e não podem ser administrados pela via 
subcutânea podem ser administrados por essa via. 
 
Via subcutânea 
A via subcutânea consiste na administração de uma pequena quantidade de 
medicamento líquido no tecido subcutâneo. O medicamento é absorvido por 
dentro dos capilares próximos, e a velocidade de absorção é uniforme e lenta, 
podendo variar de acordo com a camada adiposa do paciente. 
 
Essa via deve ser escolhida apenas para a administração de fármacos que não 
causem irritação tecidual. 
 
A absorção dos fármacos implantados sob a pele na forma de grânulos sólidos 
ocorre lentamente, por semanas, sendo os anticoncepcionais administrados 
dessa forma. 
 
Via endovenosa 
A via endovenosa consiste na administração de medicamentos diretamente na 
corrente sanguínea, em uma veia, permitindo um efeito farmacológico 
imediato. Por essa via, os medicamentos podem ser administrados por 
infusões do tipo in bolus ou contínua. No caso da infusão contínua, é possível 
manter concentrações constantes do medicamento. 
 
Essa via permite a administração de soluções irritantes, bem como de 
medicamentos possíveis de causar efeitos adversos, uma vez que uma 
administração lenta ou em baixa concentração resulta em uma ampla diluição 
do fármaco no sangue, reduzindo os efeitos prejudiciais. 
 
Via tópica 
A via de administração tópica é utilizada quando é desejado um efeito local na 
pele. A maioria dos fármacos é muito pouco absorvida pela pele intacta; no 
entanto, pode haver absorção apreciável, causando efeitos sistêmicos. 
As principais formas farmacêuticas para administração tópica são pomadas, 
pastas, loções, linimentos, tinturas e soluções tópicas. As apresentações 
transdérmicas, nas quais o fármaco é incorporado em um adesivo para ser 
aplicado na pele, produzem uma taxa estável de liberação do fármaco, 
evitando o metabolismo pré-sistêmico; diversos fármacos estão disponíveis 
nessa apresentação. 
Ensaios clínicos 
estudos da ação de fármacos envolvendo populações humanas são de grande 
Os ensaios clínicos têm como objetivo avaliar a eficácia terapêutica e 
identificar e/ou confirmar as reações adversas relacionadas ao medicamento 
investigado, bem como estudar a farmacocinética dos compostos ativos do 
medicamento. 
Até algumas décadas atrás, os medicamentos lançados no mercado não eram 
submetidos a ensaios clínicos controlados, e a escolha do seu uso era 
fundamentada mais na experiência pessoal e impressão clínica do que em 
ensaios objetivos. 
A busca por comprovação da segurança dos medicamentos ganhou força após 
o episódio conhecido como “tragédia da talidomida”. A talidomida é um 
fármaco que foi muito utilizado nas décadas de 1950 e 1960 para o alívio dos 
enjoos matinais em gestantes; porém, foi retirada do mercado devido aos 
graves efeitos teratogênicos. Estima-se que um pouco mais de 10 mil crianças 
em todo o mundo nasceram com malformações decorrentes do uso de 
talidomida durante a gravidez. 
Os estudos clínicos realizados naquela época não indicaram a toxicidade da 
talidomida e nenhuma taxa de letalidade significativa para evitar a sua 
comercialização. Propôs-se, então, que o fármaco era seguro e que seria a 
melhor escolha frente à classe dos barbitúricos para o uso por gestantes. 
Atualmente, qualquer novo fármaco necessita ser testado antes de ser 
licenciado para comercialização, a fim de obter evidências quanto à sua 
eficácia e segurança. Com isso, devem ser adotados padrões nacionais e 
internacionais para a pesquisa clínica com medicamentos, garantindo a 
seriedade científica do estudo. 
É necessário salientar que um ensaio clínico deve seguir rigorosamente 
princípios científicos e éticos. Esses princípios são universais, acima de 
quaisquer diferenças entre os indivíduos envolvidos, com o objetivo de 
assegurar sua integridade física e psíquica. 
De acordo com a Anvisa, são princípios básicos das Boas Práticas Clínicas: 
Os resultados do ensaio clínico são importantes para a ciência e a sociedade e 
devem ser considerados; 
Os direitos, a segurança e bem-estar dos participantes da pesquisa devem ser 
assegurados; 
Um ensaio clínico para fins de registro de medicamento deve ser conduzido 
em consonânciacom o protocolo que recebeu aprovação da autoridade 
regulatória e partir de comitê independente de ética; 
A aprovação de ensaios clínicos depende de informações não clínicas 
adequadas e, quando aplicáveis, de informações clínicas dos produtos em 
investigação; 
Os ensaios clínicos devem ser cientificamente sólidos e descritos protocolos 
claros e detalhados; 
As pesquisas devem ser realizadas por médicos qualificados (ou, se 
apropriado, dentistas qualificados), que devem ser responsáveis pelo 
atendimento médico dos sujeitos da pesquisa, bem como para qualquer 
decisão médica tomada em seu nome; 
O registro, o manuseio e o armazenamento de todas as informações do ensaio 
clínico devem ser apropriados para permitir o relato, a interpretação e a 
verificação precisos do ensaio; 
Os registros que poderiam identificar os sujeitos devem ser protegidos, 
respeitando a privacidade e as regras quanto ao tema, em consonância com as 
exigências regulatórias aplicáveis; 
Os produtos em investigação devem ser manufaturados, manejados e 
armazenados de acordo com as boas práticas de fabricação (BPF) aplicáveis e 
devem ser usados em consonância com o protocolo aprovado; 
Devem ser implementados sistemas com procedimentos que assegurem a 
qualidade de cada aspecto do ensaio clínico. 
No Brasil, o regulamento para a realização de ensaios clínicos com 
medicamentos é disposto na Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº 
09/2015. Essa norma busca harmonizar a legislação interna às diretrizes 
internacionais, incentivando o desenvolvimento de pesquisas em território 
nacional e uma maior inclusão do Brasil nas pesquisas que são realizadas 
concomitantemente em diferentes países. 
 
DESENVOLVIMENTO CLÍNICO 
 
O desenvolvimento clínico de um novo fármaco ocorre por meio de quatro 
fases distintas e sobrepostas de ensaios clínicos, a saber: 
 
Estudos de fase I 
São realizados em um pequeno grupo de voluntários sadios normais (em geral, 
cerca de 20 a 80 voluntários). Nessa fase, são realizados estudos 
farmacocinéticos e a determinação de segurança da dose com busca de 
potenciais efeitos perigosos; 
 
Estudos de fase II 
São realizados em um grupo de pacientes com número reduzido, de 24 a 300 
indivíduos. Nessa fase, são determinados os efeitos farmacodinâmicos nos 
pacientes, com o objetivo de determinar o regime de dose do fármaco; 
 
Estudos de fase III 
São realizados em um grupo maior de pacientes, cerca de 250 a 1.000 
indivíduos. Essa fase é a definitiva da pesquisa clínica, com estudos aleatórios 
e duplos-cegos, visando à comparação do novo fármaco com os comumente 
usados na terapia. 
Nessa fase, é avaliada a segurança e eficácia do fármaco. Após essa fase, o 
medicamento é aprovado para comercialização; 
 
Estudos de fase IV 
Compreendem o acompanhamento
são obrigatórios, visando
longo prazo que resultem
O Gráfico 1 retrata todas
fármaco e que envolvem
pré-clínicos em animais
comercialização. O caminho
é longo, dispendioso e envolve
Gráfico 1. Número de substâncias,
fármacos. Fonte: HILAL-DANDAN;
 
GRUPOS-CONTROLE
 
O grupo-controle pode
um placebo para os casos
mesmo não receber nenhum
O uso de grupos-controle
afirmações de eficácia de
de pacientes não têm valor
receberam um tratamento
Os grupos-controle podem
indivíduos, ou pode ser
indivíduos mudam do grupo
vice-versa, com posterior
caso, a randomização, 
fundamental, a fim de
resultado. 
 
acompanhamento pós-comercialização do medicamento
visando a detectar quaisquer efeitos adversos
resultem do uso do fármaco na população em geral.
todas as fases que envolvem a descoberta
envolvem desde a síntese do fármaco, passando
animais até chegar às fases clínicas citadas, 
caminho até a comercialização de um novo
envolve grande número de substâncias. 
substâncias, linhas de tempo e fases que caracterizam a descoberta
DANDAN; BRUNTON, 2015, p. 26. 
CONTROLE 
pode receber o fármaco de escolha atualmente
casos em que não há tratamento eficaz disponível
nenhum tipo de tratamento. 
controle é crucial nos ensaios clínicos, 
de um determinado medicamento novo
valor algum se não houver dados dos 
tratamento diferente ou não receberam tratamento.
podem ser compostos por um grupo
ser feito um estudo cruzado, no qual
grupo de teste com medicação para o grupo
posterior comparação dos resultados obtidos.
 ou seja, a distribuição aleatória de
de evitar uma eventual predisposição a
medicamento e 
adversos raros e em 
geral. 
descoberta de um novo 
passando pelos testes 
 para posterior 
novo medicamento 
 
descoberta de novos 
atualmente usado, 
disponível ou até 
 uma vez que 
novo em um grupo 
 pacientes que 
tratamento. 
grupo separado de 
qual os mesmos 
grupo-controle, ou 
obtidos. Neste último 
de pacientes, é 
a determinado 
Dessa forma, o ensaio clínico controlado randomizado é considerado uma 
ferramenta indispensável para avaliar a eficácia terapêutica de novos 
fármacos. 
Outra técnica muito utilizada para dar confiabilidade a um estudo é a técnica 
do duplo-cego, utilizada para minimizar a tendenciosidade no ensaio clínico: 
nem o paciente nem o pesquisador sabem o tipo de tratamento que está sendo 
administrado. 
Embora esse método seja uma proteção importante para a confiabilidade dos 
resultados, nem sempre é possível utilizá-lo, uma vez que, por exemplo, uma 
dieta dificilmente pode ser disfarçada, assim como o gosto, cheiro e aparência 
de certos fármacos; porém, sempre que possível, a técnica do duplo-cego deve 
ser utilizada. 
 
EXPLICANDO 
Um placebo é um medicamento “simulado” que não contém nenhum 
princípio ativo capaz de exercer atividade farmacológica. Em alguns 
casos, um placebo pode ser uma simulação de procedimento cirúrgico, 
dieta ou outro tipo de intervenção terapêutica, desde que o paciente 
avaliado acredite que poderia ser verdadeiro. O placebo apresenta 
considerável efeito terapêutico, produzindo efeito benéfico 
significativo em cerca de um terço dos pacientes que o utilizam. 
TAMANHO DA AMOSTRA 
 
Uma das frequentes preocupações em um ensaio clínico é o tamanho da 
amostra, já que há a possibilidade de escolher uma amostra que não seja típica 
e não represente a população na qual teve origem. Devido ao uso de amostras, 
os resultados obtidos em um ensaio podem não ser totalmente conclusivos, 
uma vez que os ensaios devem envolver o menor número necessário de 
indivíduos, com base em aspectos éticos e financeiros. 
Em um ensaio clínico, dois tipos de conclusões incorretas são possíveis: 
 
ERRO TIPO I 
Erro do tipo falso-positivo, no qual os resultados indicam uma diferença entre 
A e B, quando esta não existe; 
ERRO TIPO II 
Erro do tipo falso-negativo, no qual os resultados não indicam qualquer 
diferença entre A e B; porém, ela existe. 
Um dos fatores que determinam o tamanho da amostra é o quanto o 
pesquisador deseja evitar a ocorrência de um desses tipos de erro. A 
significância do resultado do estudo é a expressão da probabilidade de 
cometer um erro tipo I. 
Geralmente, um nível de significância de 0,05 é considerado como aceitável e 
indica que a probabilidade de se obter um resultado do tipo falso-positivo é 
menor do que um em vinte. Já a probabilidade de evitar um erro tipo II é 
denominada potência do estudo e geralmente é considerada como aceitável 
em valores entre 0,8 e 0,9. Para aumentar a significância e a potência de um 
estudo, deve-se aumentar o tamanho da amostra. 
Outro fator que determina o tamanho da amostra é a amplitude da diferença 
entre A e B, que é considerada pelo pesquisador como clinicamente 
significativa. Para um estudo com nível de significância de 0,05 e uma 
potência de 0,9, em que o resultado indica uma redução de algum indicador, 
como a mortalidade, em dez pontos percentuais, deve ser necessária uma 
amostra com, pelo menos, 850 indivíduos. 
Com um número maior de indivíduos, poderia ser detectada, por exemplo, 
uma redução percentual maior; porém, existe toda a questão ética e financeira 
envolvida, devendo-se avaliar os benefíciosclínicos versus as considerações 
estatísticas no planejamento dos ensaios clínicos. 
MENSURAÇÃO DOS RESULTADOS CLÍNICOS 
 
Durante o planejamento de um ensaio clínico, deve-se definir, de maneira 
apropriada, a forma que os resultados serão mensurados. Geralmente, são 
escolhidos efeitos clínicos objetivos e mais rápidos de serem observados, 
como diminuição da pressão arterial, alteração da contagem de leucócitos e 
melhoria da condutância das vias aéreas. 
A mensuração dos resultados clínicos pode ser: 
1. Medidas fisiológicas (pressão sanguínea, testes de função hepática, 
função respiratória); 
2. Resultado em longo prazo (sobrevida ou livre de recorrência); 
3. Avaliações subjetivas (alívio da dor, humor); 
4. Medidas de qualidade de vida global; 
5. Anos de vida ajustados à qualidade (QALYs, do inglês quality-adjusted 
life years), que combinam sobrevida com qualidade de vida. 
Farmacocinética I: absorção de fármacos 
 
Um adequado entendimento dos princípios da farmacocinética pode 
influenciar, de forma benéfica, a terapia, reduzindo a ocorrência de reações 
adversas a medicamentos. 
As etapas da farmacocinética de um fármaco no organismo são dependentes 
do seu transporte através das membranas celulares. As propriedades físico-
químicas, tanto das moléculas do fármaco quanto das membranas, influenciam 
a transferência e distribuição dos fármacos no organismo. 
Em relação ao fármaco, podemos citar como características que influenciam 
seu transporte e sua presença no local de ação: peso molecular, conformação 
estrutural, grau de ionização, lipossolubilidade relativa dos compostos 
ionizados e não ionizados e ligação às proteínas séricas e teciduais. 
A membrana plasmática corresponde à barreira mais comum frente à 
distribuição do fármaco e consiste em uma dupla camada de lipídeos, com 
suas cadeias de ácidos graxos não polares voltadas para o interior, e os grupos 
polares e hidrofílicos voltados para o exterior da membrana. As moléculas do 
fármaco podem atravessar a membrana por transporte passivo e por transporte 
ativo, como se vê na Figura 2. 
O transporte celular consiste na transferência de substâncias através de um 
epitélio, utilizando os espaços intercelulares. Essa transferência é bastante 
ampla; no entanto, é limitada pelo fluxo sanguíneo quando ocorre a passagem 
pelo endotélio capilar. Os capilares de diversos tecidos epiteliais, a exemplo 
dos capilares do sistema nervoso central (SNC), apresentam junções estreitas 
que impedem a transferência de solutos com massa molecular acima de 100 a 
200 Da. Com isso, grande parte dos fármacos lipofílicos e com grande massa 
precisam permear a membrana sem a ajuda de água. 
No transporte passivo, a molécula do fármaco geralmente permeia a 
membrana por difusão simples ou facilitada, seguindo um gradiente de 
concentração, possibilitada pela sua solubilidade na dupla camada de lipídeos. 
A velocidade de difusão de uma molécula depende principalmente do seu 
tamanho molecular, sendo inversamente proporcional ao peso molecular. A 
difusão também é dependente da amplitude do gradiente de concentração 
através da membrana, do coeficiente de partição hidrolipídica do fármaco e 
da área da membrana exposta ao fármaco, sendo diretamente proporcional a 
todos esses parâmetros. 
Figura 2. Mecanismos utilizados
HILAL-DANDAN; BRUNTON,
DICA 
Dois fatores que devem
consideravelmente a permeação
e a ionização, pois muitos
podem ser encontrados
ionizada. Em ambos os
solubilidade nos lipídeos
exceto em situações que
transporte. Muitos fármacos
não conseguem permear
A difusão facilitada e
carreadores, que podem 
e transportadores de 
carreadores solúveis facilitam
gradiente, e os transportadores
ativas movidas por ATP.
utilizados pelos fármacos para atravessar as barreiras celulares.
BRUNTON, 2015, p. 39. 
devem ser levados em consideração e influenciam
permeação do fármaco pela membrana
muitos fármacos são ácidos ou bases fracas
encontrados tanto na forma ionizada quanto na
os casos, a espécie ionizada apresenta
lipídeos da membrana e é incapaz de permeá
que apresentem um mecanismo específico
fármacos na forma não ionizada, porém,
permear a membrana devido à baixa lipossolubilidade.
e o transporte ativo são processos 
 ser divididos em transportadores carreadores
 cassetes de ligação de ATP. Os transportadores
facilitam a permeação passiva de solutos 
transportadores de cassetes de ligação de ATP
ATP. 
 
celulares. Fonte: 
influenciam 
membrana são o pH 
fracas e 
na forma não 
apresenta baixa 
permeá-la, 
específico de 
porém, também 
lipossolubilidade. 
 mediados por 
carreadores solúveis 
transportadores 
 a favor de seu 
ATP são bombas 
ABSORÇÃO DE FÁRMACOS 
das situações, o fármaco necessita ser primeiramente absorvido, para chegar ao seu local 
Esse processo não é necessário, por exemplo, para fármacos administrados 
pela via intravenosa, quando já são administrados diretamente na corrente 
sanguínea, assim como para fármacos administrados por via tópica, para os 
quais se deseja um efeito local e não sistêmico. 
As preparações sólidas, como comprimidos e cápsulas, precisam inicialmente 
passar pela dissolução para liberar o fármaco e este ser absorvido. A absorção 
de um fármaco administrado por via oral, por exemplo, precisa ocorrer 
primeiramente no trato gastrintestinal (TGI) e é regulada por fatores como: 
 Conteúdo intestinal; 
 Fluxo sanguíneo esplâncnico; 
 Motilidade gastrointestinal; 
 Tamanho da partícula e formulação; 
 Concentração no local da absorção; 
 Fatores físico-químicos. 
 
A alimentação altera o conteúdo intestinal e o fluxo esplâncnico, e a sua 
influência benéfica ou não na absorção no TGI é avaliada desde os ensaios 
clínicos. A circulação esplâncnica fornece suprimento sanguíneo no TGI, baço 
e pâncreas. Muitos fármacos (como o propranolol, por exemplo), quando 
ingeridos após a refeição, são mais absorvidos pelo TGI devido ao aumento 
do fluxo sanguíneo esplâncnico pelo alimento. Por outro lado, em pacientes 
com insuficiência cardíaca, o fluxo sanguíneo esplâncnico encontra-se 
reduzido, o que resulta na redução da absorção de fármacos no trato 
gastrintestinal. 
 
A motilidade gastrointestinal também causa grande efeito na absorção no TGI, 
e alguns fármacos podem afetar essa motilidade, como a metoclopramida. O 
tamanho da partícula e a formulação também exercem importantes efeitos 
sobre a absorção, especialmente de fármacos que são pouco absorvidos, como 
a digoxina. Em relação à concentração do fármaco, no TGI, quanto maior a 
concentração, maior será sua absorção, principalmente para fármacos que são 
absorvidos por difusão passiva. 
O fármaco que foi absorvido no TGI passa, em seguida, pelo fígado, onde 
pode haver metabolismo e/ou excreção biliar antes que ele alcance a 
circulação sistêmica. Consequentemente, parte da dose administrada e 
absorvida será inativada ou desviada, no intestino e no fígado, antes de 
alcançar a circulação geral e ser distribuída para seus locais de ação. 
Se a capacidade metabólica ou excretora do fígado para o fármaco em questão 
for grande, a quantidade do fármaco que chegará à circulação 
(biodisponibilidade) será consideravelmente reduzida, o chamado efeito de 
primeira passagem. 
 
BIODISPONIBILIDADE E BIOEQUIVALÊNCIA 
 
A biodisponibilidade de uma dose de fármaco administrada por via 
intravenosa é 100%, por definição. 
Na administração de fármacos pela via oral, a biodisponibilidade é menor que 
100% e pode apresentar valores muito baixos para certos fármacos, chegando 
a 5%, em decorrência de uma absorção incompleta na parede intestinal e, 
principalmente, pelo efeito de primeira passagem no fígado. O metabolismo 
hepático de primeira passagem é o que mais afeta a biodisponibilidade de um 
fármaco, pois, quando o fármaco é metabolizado rapidamente pelo fígado, a 
fração do medicamento inalterado que chega à circulação sistêmica é 
diminuída. 
O efeito de primeira passagem no metabolismo hepático pode serevitado pelo 
uso de formas farmacêuticas como comprimidos sublinguais, adesivos 
transdérmicos e supositórios retais; porém, em menor extensão. Cerca de 50% 
da drenagem retal não passa pela circulação portal, ou seja, quando o fármaco 
é administrado por essa via, ele desvia-se do sistema porta e vai direto para os 
vasos, que desembocam na veia cava inferior. Com isso, o metabolismo 
hepático de fármacos administrados por essa via é minimizado. 
Já os fármacos administrados por inalação não apresentam o efeito de 
primeira passagem no metabolismo hepático. O pulmão, no entanto, pode 
também atuar como um local de perda por excreção e diminuir a 
biodisponibilidade – e o mesmo pode ocorrer com os fármacos administrados 
por vias parenterais. 
 
Quando dois medicamentos contendo o mesmo princípio ativo, na mesma 
quantidade e forma farmacêutica, apresentam a mesma biodisponibilidade no 
organismo, sua eficácia clínica é considerada comparável, e eles são 
considerados bioequivalentes. A realização de estudos de biodisponibilidade 
e bioequivalência ganhou força no Brasil após o estabelecimento do 
medicamento genérico pela Lei nº 9.787/99, pois o medicamento genérico e o 
de referência são bioequivalentes. 
Quando dois medicamentos são considerados bioequivalentes, podem ser 
aproveitados os estudos clínicos completos de um medicamento para outro. 
Dessa forma, diminui-se a complexidade de provas de segurança e eficácia 
que o fabricante precisa apresentar no momento do registro do medicamento. 
 
Farmacocinética II: distribuição de 
fármacos e ligação às proteínas 
plasmáticas 
Após a absorção do fármaco na corrente sanguínea, ou após sua administração sistêmica 
A distribuição é dependente das propriedades físico-químicas de cadafármaco, 
sendo que a taxa de liberação e a quantidade potencial do fármaco distribuída 
aos tecidos são determinadas pelo débito cardíaco, fluxo sanguíneo regional, 
permeabilidade capilar e volume tecidual. 
As maiores frações do fármaco são distribuídas, inicialmente, para o fígado, 
os rins e o cérebro, que são os órgãos que recebem maior fluxo sanguíneo, 
como se observa no na Tabela 1. 
Uma segunda fase de distribuição libera o fármaco aos músculos, às vísceras, 
à pele e aos tecidos adiposos. No entanto, essa fase é mais lenta e pode levar 
de minutos a horas, até que a concentração do fármaco nesses tecidos esteja 
em equilíbrio com a concentração sanguínea. Essa segunda fase é responsável 
pela maior fração do fármaco distribuído ao espaço extravascular, decorrente 
do envolvimento de tecidos que apresentam uma massa corporal muito maior. 
Tabela 1. Fluxo sanguíneo tecidual
2010, p. 34. 
Em geral, a distribuição
rápido, com exceção do
membrana endotelial dos
permeabilidade através 
padrão do equilíbrio de
óleo/água. 
BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA
A BHE impede a acessibilidade
que não apresentam lipossolubilidade
No entanto, a inflamação
entrada de substâncias 
meningite bacteriana. Ademais,
SNC, como na zona quimiorreceptora
certos fármacos ao cérebro,
tratamento da doença de
Podemos definir o volume
Vd = Q / Cp (1) 
A proporção do fármaco
quando o fármaco é distribuído
isso, o Vd é baixo para
compartimento vascular;
distribuídos no músculo,
vasculares. 
Diversos fármacos apresentam
9.240 L), amiodarona 
azitromicina (Vd = 2.170
(1.470 L) e digoxina (Vd
tecidual total e normalizado para peso no adulto. Fonte
distribuição do fármaco para o líquido intersticial ocorre
do cérebro e alguns outros órgãos, devido
dos capilares apresentar alta permeabilidade.
 das barreiras teciduais, outros fatores 
de distribuição, como a partição pelo pH
BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA 
acessibilidade da maioria dos fármacos ao cérebro,
lipossolubilidade suficiente (p. ex.: aminoglicosídeos).
inflamação pode romper a integridade da BHE,
 no cérebro, como antibióticos para o 
Ademais, a barreira é permeável em algumas
quimiorreceptora do gatilho, o que permite
cérebro, como a apomorfina, um fármaco utilizado
de Parkinson. 
volume de distribuição aparente Vd pela fórmula:
fármaco aproveitada pelo organismo como um
distribuído de forma ampla pelos tecidos corporais.
para fármacos que ficam retidos, principalmente,
vascular; e alto, para fármacos que são
músculo, tecido adiposo e outros compartimentos
apresentam Vd muito grandes, como: cloroquina
 (Vd = 4.620 litros L), fluoxetina (V
2.170 L), amitriptilina (Vd = 1.050 L), 
d = 645 L). 
 
Fonte: GOLAN et al., 
ocorre de modo 
devido ao fato de a 
permeabilidade. Além da 
 influenciam o 
pH e a partição 
cérebro, uma vez 
aminoglicosídeos). 
BHE, permitindo a 
 tratamento da 
algumas partes do 
permite o acesso de 
utilizado para o 
fórmula: 
um todo é maior 
corporais. Com 
principalmente, no 
são amplamente 
compartimentos não 
cloroquina (Vd = 
Vd = 2.450 L), 
 clorpromazina 
Um fármaco que é captado com elevadas concentrações por tecidos 
corporais, como os músculos e o tecido adiposo será, em grande parte, 
removido da circulação no estado de equilíbrio dinâmico. Na maioria dos 
casos, para haver efeito biológico no sítio-alvo do fármaco, o tecido precisa 
estar saturado para que os níveis plasmáticos desses fármacos aumentem de 
forma suficiente. Com isso, para dois fármacos com igual potência, aquele que 
apresentar maior distribuição entre os tecidos corporais geralmente precisará 
de uma dose inicial maior para alcançar uma concentração plasmática que seja 
terapêutica. 
 
CURIOSIDADE 
Alguns fármacos, como a heparina, não conseguem atravessar a 
parede dos capilares com facilidade, pois a molécula é muito grande, 
ficando confinados no compartimento plasmático. No entanto, é mais 
frequente ter fármacos confinados no compartimento plasmático 
devido à ligação com as proteínas plasmáticas, o que é prejudicial do 
ponto de vista terapêutico, pois é a fração livre do fármaco no líquido 
intersticial que produz os efeitos farmacológicos. 
LIGAÇÃO ÀS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS 
 
A fração da forma livre do fármaco em solução aquosa, que constitui a forma 
farmacologicamente ativa, pode ser inferior a 1%, estando os 99% restantes 
associados a proteínas plasmáticas. Pequenas diferenças na fração ligada às 
proteínas (exemplo: 99,0 versus 98,5%) podem resultar em diferenças 
consideráveis na concentração de fármaco livre, e, consequentemente, na sua 
eficácia. 
A albumina é a proteína plasmática mais abundante do organismo e é o 
principal carreador dos fármacos ácidos; para os fármacos básicos, o principal 
carreador é a glicoproteína ácida α1. No entanto, mesmo sendo em número 
muito menor, a albumina também pode se ligar a fármacos básicos, como a 
clorpromazina e os antidepressivos tricíclicos. Ligações inespecíficas de 
fármacos a outras proteínas plasmáticas podem ocorrer, mas em uma 
quantidade muito menor, sendo que estas geralmente são reversíveis. 
Ademais, alguns fármacos podem ligar-se às proteínas que atuam como 
carreadoras de hormônios específicos. 
A quantidade da fração do fármaco ligada às proteínas plasmáticas é 
dependente de três fatores: (a) concentração do fármaco livre; (b) afinidade 
pelos locais de ligação; e (c) concentração de proteínas. A variação das 
concentrações plasmáticas dentro da faixa terapêutica, para grande parte dos 
fármacos, é limitada. Com isso, tanto a amplitude de ligação quanto a fração 
do fármaco livre geralmente são constantes. 
 
A concentração normal de albumina no plasma é de aproximadamente 0,6 
mmol/l (4 g/100 ml); porém, devido a patologias, os níveis de albumina 
podem estar alterados (exemplo: níveis baixos de albumina podem ser 
indicativos de falha hepática). Com isso, a amplitude da ligação do fármaco às 
proteínas plasmáticas pode ser afetada. Outro exemplo de alteração da ligação 
às proteínas plasmáticas ocorre em doenças que causam uma reação 
inflamatória aguda, como a doença de Crohn, aumentando os níveis da 
glicoproteína ácida α1 e ampliando sua ligação aos fármacos básicos. 
Figura 3. Ligação dosfármacos
proteínas plasmáticas (Fármaco
de ligação ao local de ação farmacológica
meio de um órgão de depuração).
plasmáticas (Fármaco B) apresentam
fármacos às proteínas plasmáticas. (A) Os fármacos que
(Fármaco A) sofrem uma rápida difusão nos tecidos, resultando
armacológica (receptores) e numa alta taxa de eliminação
depuração). (B) Os fármacos que exibem altos níveis de ligação
apresentam somente uma pequena fração do fármaco
 
que não se ligam às 
resultando em alto nível 
eliminação (fluxo por 
ligação às proteínas 
fármaco que pode sofrer 
difusão no espaço extravascular, com a ocupação de uma pequena porcentagem dos 
receptores. Fonte: GOLAN et al., 2010, p. 35. 
A ligação de um fármaco às proteínas plasmáticas reduz a sua disponibilidade 
em ser distribuído para o tecido-alvo, uma vez que apenas a fração livre é 
capaz de difundir-se através das membranas (Figura 4). Uma fração maior de 
fármaco ligado também pode reduzir a difusão dos fármacos para 
compartimentos não vasculares, como o músculo e o tecido adiposo. Um 
fármaco altamente ligado às proteínas plasmáticas tende a permanecer na 
circulação sanguínea. Com isso, esse fármaco apresenta um volume de 
distribuição baixo, cerca de 7–8 L para um indivíduo de 70 kg. 
A filtração glomerular, o transporte e o metabolismo também são afetados 
pela ligação de um fármaco às proteínas plasmáticas, exceto quando eles são 
altamente eficazes e quando a depuração do fármaco é superior ao fluxo 
plasmático do órgão. 
 
Farmacocinética III: metabolismo e 
eliminação de fármacos 
 
O metabolismo ou biotransformação consiste na construção e degradação dos 
fármacos pela conversão enzimática de um grupamento químico, enquanto 
a eliminação ou excreção consiste na saída dos metabólitos do fármaco do organismo. 
O fígado é o principal órgão de metabolismo dos fármacos, embora as enzimas 
metabolizadoras estejam presentes na maioria dos tecidos do corpo, sendo a pele, os 
pulmões, TGI e os rins considerados locais particularmente ativos. Deve-se destacar o 
TGI, uma vez que as enzimas metabolizadoras presentes nas células epiteliais do TGI 
são responsáveis pelo metabolismo inicial de muitos fármacos administrados por via 
oral. 
No fígado, pode ser encontrada uma maior diversidade de enzimas metabólicas. A 
capacidade das enzimas em modificar os fármacos é dependente da quantidade de 
fármaco que adentra os hepatócitos. O fígado metaboliza principalmente os fármacos 
lipossolúveis, que penetram mais facilmente nos hepatócitos. No entanto, por meio de 
transportadores presentes nesse órgão, fármacos hidrossolúveis também conseguem 
adentrar as células hepáticas. 
 
Os fármacos são metabolizados para facilitar sua excreção pelo corpo. Esse 
processo, porém, também desempenha um papel importante na redução da 
atividade biológica dos fármacos. 
As reações de biotransformação podem ser divididas em duas classes: 
as reações de oxidação/redução (fase I) e de conjugação (fase II). Ambas as 
fases atuam diminuindo a lipossolubilidade e, consequentemente, aumentando 
a eliminação renal. Essas fases ocorrem frequentemente de modo sequencial e 
são independentes, sendo que as enzimas envolvidas nas reações de ambas as 
fases competem, com frequência, pelos substratos. 
 
// Reações de oxidação/redução (fase I) 
As reações de fase I (exemplo: oxidação, redução e hidrólise) modificam a 
estrutura química do fármaco por meio de enzimas presentes no fígado, que 
facilitam cada um desses tipos de reações, sendo a via mais comum o sistema 
do citocromo P450 microssomal, responsável pelo metabolismo de grande 
parte das reações oxidativas. 
As enzimas P450 estão envolvidas na biotransformação de cerca de 75% de 
todos os fármacos atualmente utilizados, e as reações mediadas por essas 
enzimas correspondem a 95% das biotransformações oxidativas. 
Uma reação de oxidação comum envolve a introdução de um grupo reativo na 
molécula, o grupo hidroxila. No metabolismo do ácido acetilsalicílico, a 
hidroxila serve de ponto de ataque para que, na fase de conjugação, ocorra a 
ligação de um substituinte, como o glicuronídeo (Figura 4). 
 
// Reações de conjugação (fase II) 
As reações de conjugação são sintéticas e conjugam o fármaco com uma 
molécula grande e polar, resultando, na maioria das vezes, em produtos mais 
solúveis para serem excretados na urina ou na bile – e muitos deles se tornam 
inativos. 
Muitas das reações de fase II ocorrem no fígado; porém, outros tecidos, como 
pulmões e rins, estão envolvidos. Para uma molécula ser suscetível à 
conjugação, o fármaco ou metabólito resultante da fase I deve ter um 
grupamento adequado para sofrer ataque (p. ex.: hidroxil, tiol ou amino). Os 
grupos mais comumente adicionados nas reações de conjugação incluem 
glicuronato, sulfato, glutationa e acetato. 
Figura 4. As duas fases do metabolismo
 
ELIMINAÇÃO D
 
Os fármacos e seus metabólitos
organismo por meio da excreção renal e biliar
mecanismo mais comum,
excretado de maneira primária
forma residual, podem ser
uma absorção incompleta
porém, em quantidades mínimas.
Alguns fármacos não são
isso, são eliminados praticamente
velocidade de eliminação
da sua ação no organismo,
cautela em pacientes idosos
Quadro 2. Fármacos eliminados
123. (Adaptado). 
// Excreção renal 
 
metabolismo do ácido acetilsalicílico. Fonte: RANG et
ELIMINAÇÃO DE FÁRMACOS 
metabólitos são predominantemente eliminados
excreção renal e biliar. A excreção renal
comum, pois um número muito pequeno de fármacos
primária pela bile. Ademais, alguns fármacos,
ser eliminados por excreção fecal, em decorrência
leta no TGI superior, e pelas vias respiratória
mínimas. 
são inativados pelo processo de metabolismo
praticamente inalterados na urina (Quadro
eliminação renal desses fármacos é o que determina
organismo, devendo esses medicamentos ser empregados
idosos ou naqueles com função renal diminuída.
eliminados praticamente inalterados na urina. Fonte: RANG
 
et al., 2016, p. 116. 
eliminados do 
renal é o 
fármacos é 
fármacos, em sua 
decorrência de 
respiratória e dérmica; 
metabolismo e, com 
(Quadro 2). A 
determina a duração 
empregados com 
diminuída. 
 
RANG et al., 2016, p. 
A excreção renal dos fármacos e de seus metabólitos envolve três processos 
independentes entre si, que são: filtração glomerular, secreção tubular ativa e 
reabsorção tubular passiva. Quando um paciente, por exemplo, apresenta 
alterações da função renal global, significa que os três processos são alterados 
na mesma extensão, e os fármacos que são dependentes do rim para a sua 
eliminação devem ter sua dose e frequência de administração alterados. 
O fluxo sanguíneo renal representa 1/4 do fluxo sanguíneo total do corpo. Isso 
assegura que o fármaco presente na corrente sanguínea seja exposto 
continuamente aos rins. Como veremos na Figura 6, a arteríola aferente é a 
responsável por introduzir no glomérulo o fármaco presente na corrente 
sanguínea, e, embora possam ser introduzidas as formas ligada e não ligada do 
fármaco às proteínas plasmáticas, apenas a forma livre é filtrada no túbulo 
renal. 
A taxa de eliminação dos fármacos pelos rins é determinada pelo equilíbrio 
das taxas de filtração, secreção e reabsorção. O fluxo sanguíneo renal, assim 
como a taxa de filtração glomerular e a ligação do fármaco às proteínas 
plasmáticas, influencia diretamente a quantidade de fármaco que adentra os 
túbulos, no nível do glomérulo. Dessa forma, um aumento no fluxo sanguíneo, 
na taxa de filtração glomerular e na concentração de fármaco livre aumentam 
a taxa de eliminação do fármaco. 
Figura 5. Excreção de fármacos
secretados no túbulo proximal,
sangue e (4) excretados na urina.
Quanto à concentração
aumentada em decorrência
não ionizadas do fármaco,
ionizadas e não ionizadas.
pode diminuir se houver
limitada pelo pH. Um
reabsorção de fármacos
terapêutico. 
 
A reabsorção de fármacos
do débito urinário. Um aumento
vez que ocorre a diluição
diminuição da possibilidade
fármacosno rim. Os fármacos podem ser (1) filtrados no glomérulo
proximal, (3) reabsorvidos a partir da luz tubular e transportados
urina. Fonte: GOLAN et al., 2010, p. 38. 
concentração urinária do fármaco no túbulo proximal,
decorrência do transporte por difusão passiva 
fármaco, bem como por difusão facilitada 
ionizadas. Por outro lado, a concentração urinária
houver reabsorção nos túbulos proximais e 
Um ajuste no pH urinário pode favorecer
fármacos no túbulo e pode ser necessário do ponto
fármacos também pode ser alterada como resposta
aumento no débito urinário diminui a reabsorção,
diluição da concentração do fármaco no
possibilidade de haver difusão facilitada. 
 
glomérulo renal, (2) 
transportados de volta ao 
proximal, pode ser 
 das moléculas 
 de moléculas 
urinária do fármaco 
 distais, sendo 
favorecer ou não a 
ponto de vista 
resposta à variação 
reabsorção, uma 
no túbulo e a 
 
// Depuração (clearance) renal 
A eliminação renal de fármacos pode ser quantificada pela depuração renal ou 
clearance (CLren). O CLren pode ser calculado a partir da concentração 
plasmática (Cp), da concentração urinária (Cu) e da velocidade do fluxo 
urinário (Vu), conforme a seguinte equação: 
CLren = (Cu ∙ Vu) / Cp (2) 
Os valores de CLren variam muito para os vários fármacos disponíveis na 
terapêutica, podendo chegar de menos de 1 ml/min até aproximadamente 700 
ml/min, que é considerado o máximo teórico. Alguns fármacos são depurados 
de forma muito rápida, como a penicilina, que é retirada do sangue 
praticamente em uma única passagem pelos rins, ou podem ser depurados de 
forma muito lenta, como a amiodarona e o ser_educacionaldronato; porém, a 
grande maioria dos fármacos apresenta CLren entre esses dois extremos. 
 
// Excreção biliar 
Alguns transportadores presentes na membrana canalicular do hepatócito 
secretam fármacos e seus metabólitos na bile. Estes fármacos e seus 
metabólitos presentes na bile são liberados no TGI durante a digestão e podem 
ser reabsorvidos pelo intestino de volta ao organismo, resultando em um 
prolongamento da permanência do fármaco no organismo, e, 
consequentemente, dos seus efeitos, antes de ser eliminado por outras vias, o 
que pode ser benéfico ou não para o paciente. 
Alguns fármacos são excretados em grande parte pela bile, a exemplo dos 
esteroides, digoxina e alguns agentes antineoplásicos. 
 
é a hora de sintetizar tudo o 
SINTETIZANDO 
No âmbito da farmacologia, os conceitos de droga, fármaco e medicamento 
são importantes de serem distinguidos. A droga é o conceito mais amplo e 
corresponde a qualquer substância que, ao interagir com o organismo vivo, é 
capaz de exercer efeito clínico ou farmacológico, com ou sem intenção 
benéfica. Todo fármaco é uma droga e este apresenta finalidade 
medicamentosa em benefício da pessoa na qual se administra. Já o 
medicamento é o produto farmacêutico que pode conter um ou mais fármacos, 
além de outras substâncias. 
As formas farmacêuticas são as formas físicas de apresentação do 
medicamento após a adição ou não de excipientes apropriados – e apresentam 
características apropriadas a uma determinada via de administração, ou seja, 
ao local do organismo por meio do qual o medicamento é administrado. As 
formas farmacêuticas podem ser classificadas em sólidas, semissólidas, 
líquidas, gasosas e especiais. Já as principais vias de administração são: oral, 
sublingual, retal, inalação, parenteral e aplicação em outras superfícies 
epiteliais. 
A via de administração oral é a mais utilizada por ser mais conveniente, 
econômica e, geralmente, mais segura. Embora apresente diversas vantagens, 
o efeito de primeira passagem é considerado um fator limitante, uma vez que 
diminui a biodisponibilidade do fármaco administrado. 
Os ensaios clínicos, que consistem em estudos de medicamentos em 
voluntários humanos, apresentam como objetivos principais a avaliação da 
eficácia terapêutica e identificação e/ou confirmação das reações adversas 
relacionadas aos medicamentos. O desenvolvimento clínico de um novo 
medicamento é longo e dispendioso e envolve quatro diferentes fases, sendo 
que a fase IV compreende o acompanhamento pós-comercialização do 
medicamento. 
A farmacocinética é constituída pelos processos de absorção, distribuição, 
metabolismo (biotransformação) e eliminação dos fármacos. O processo de 
absorção é a passagem de um fármaco de seu local de administração para o 
plasma. A absorção no TGI é regulada pelo conteúdo intestinal, fluxo 
sanguíneo esplâncnico, motilidade gastrointestinal, tamanho da partícula e 
formulação, concentração no local da absorção e fatores físico-químicos. O 
processo de distribuição é a passagem do fármaco para os líquidos intersticiais 
e intracelulares, o que é determinado pelo fracionamento do fármaco entre o 
sangue e os tecidos específicos, e é dependente das propriedades físico-
químicas de cada fármaco. 
Após ser distribuído, o fármaco passa pelo processo de metabolização, a fim 
de facilitar sua excreção pelo corpo. Geralmente, também ocorre redução da 
sua atividade biológica. As reações do metabolismo são divididas em reações 
de oxidação/redução (fase I) e de conjugação (fase II). 
Os fármacos e seus metabólitos são predominantemente eliminados do 
organismo por meio da excreção renal, que envolve três processos: filtração 
glomerular, secreção tubular ativa e reabsorção tubular passiva, sendo que a 
taxa de eliminação dos fármacos pelos rins é determinada pelo equilíbrio 
desses três processos. 
CONTINUE 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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<portal.anvisa.gov.br/documents/33832/259143/Volume+I+Pronto.pdf/4ff0df
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