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ARTIGO CIENTÍFICO - DIREITO PENAL ECONÔMICO

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UNIVERSIDADE DOM PEDRO II - UNIDOM Núcleo de Pós-Graduação 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU – ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO 
DIREITO PENAL ECONÔMICO
FRANCISCO TADEU BANHOS COELHO
FORTALEZA 2019
FRANCISCO TADEU BANHOS COELHO
DIREITO PENAL ECONÔMICO
 
Artigo Científico que será apresentado ao Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Direito da Universidade Dom Pedro II – UNIDOM, Portaria: nº 415.2015, como requisito para o término do Módulo e para a obtenção do título de Especialista em Direito. Orientador: Prof. Dr. Acácio Miranda.
 Prof. M.Sc. Adriano Barbosa
FORTALEZA 2019
DIREITO PENAL ECONÔMICO
RESUMO 
 Francisco Tadeu Banhos Coelho
O Presente artigo científico, objeto de pesquisa bibliográfica, constitui-se numa dissertação pautada no desenvolvimento da observação do Direito Penal Econômico e sua formação objetiva, delineado nas vertentes que vem a gerir as relações econômicas no cenário nacional, sejam estas de cunho financeiro, monetário, fiscal e nas relações de consumo, sem deixar de lado a devida proteção ambiental que se deve evidenciar nos possíveis cometimentos de ilícitos penais ambientais por determinadas empresas que vierem a não respeitar a política nacional do meio ambiente e os acordos internacionais ratificados pelo Brasil sobre o tema. Ressalta-se mediante os assuntos pesquisados a relevância da atividade jurisdicional e a devida proteção do bem jurídico penal frente ao cenário econômico nos casos concretos que lhe forem apresentados. A metodologia aplicada no presente artigo foi hipotético-dedutivo, pautando-se em pesquisa bibliográfica, através de livros que tratam da matéria, buscando dessa forma consubstanciar o mesmo, com a opinião de ilustres doutrinadores do Direito , assim como, em pesquisa documental. 
Palavras chave: Direito Penal econômico. Bem jurídico penal. Criminalidade organizada. Direito penal do inimigo.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO; 2. Teoria Geral do Direito Penal Econômico; 3 Bem jurídico penal e sua análise frente ao Direito Penal Econômico ; 4 Reflexões sobre o Direito Penal do inimigo; 5 Criminalidade organizada: Técnicas especiais de investigação; 6 Principais aspectos da Lei de Crimes ambientais e a responsabilização da pessoa jurídica; 77 A boa-fé nas relações consumeristas e a proteção do bem jurídico penal no cenário econômico ;CONCLUSÃO; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.INTRODUÇÃO 
 A presente pesquisa consiste em abordar o estudo dos problemas relacionados ao Direito Penal econômico e sua consubstanciação para a sua formação com abordagem sistêmica para as elementares que estão dirimidas e incrustadas no processamento do Delito que vem a atingir o Bem jurídico penal no cenário econômico, observando-se os fatores que se relacionam no campo jurídico financeiro , tributário, fiscal e nas relações de consumo. As infrações penais cometidas nesta área se complementam om a observação do respeito com a legislação ambiental, em especial pelas pessoas jurídicas e sua responsabilização pelos possíveis danos morais e materiais que vierem a causar às populações locais, ao bioma, ao desenvolvimento sustentável, à ecologia e no contexto teleológico a todos os fatores de desenvolvimento nacional tutelados pelo Direito penal econômico, o qual procura assegurar aos investidores e as pessoas físicas uma determinada segurança jurídica, para que estas venham a fomentar o desenvolvimento social e cultural da população brasileira com um aumento significativo da qualidade de vida. 
Os assuntos pesquisados e contextualizados no texto se distribuem de maneira a esclarecer ao leitor sobre a prática da jurisdição penal no contencioso jurídico de proteção ao bem jurídico penal econômico, sua origem, sua forma de adaptabilidade e seu aprendizado. Atenta-se também para a prática e adaptação do jurisdicionado no contexto atinente às discrepâncias de convicção cultural e a metodologia usada de forma a tornar o processamento da demanda, com esclarecimento da importância de todas as vertentes que estão imbricadas no desenvolvimento satisfatório das relações de consumo, das operações financeiras, fiscais e tributárias mediante a tutela protetiva do meio ambiente e responsabilização das pessoas jurídicas que vierem a violar as normas de proteção ambiental consagradas na Lei 9605/ 1988 e pela responsabilização do cometimentos de ilícitos penais ambientais, com observância do que pressupõe o artigo 225, parágrafo 3º da Constituição Federal de 1988. 
Percebe-se no texto dissertado a atinência das exposições que explicitam a benignidade da prática reiterada da intervenção e proteção dos interesses jurídicos e a lógica restritiva de delimitação do sentido e do alcance da norma jurídica nas diversas esferas que estão entrelaçadas na proteção ao bem jurídico penal no cenário econômico. 
A metodologia aplicada no presente artigo foi hipotético-dedutivo, pautando-se em pesquisa bibliográfica, através de livros que tratam da matéria, buscando dessa forma consubstanciar o mesmo, com a opinião de ilustres doutrinadores do Direito, assim como, em pesquisa documental, tendo como objetivo um melhor esclarecimento da implementação da proteção do bem jurídico penal no contexto econômico e na segurança jurídica das relações que ocorrem no campo financeiro, tributário, fiscal e consumerista. 
2. Teoria Geral do Direito Penal Econômico
O tratamento equalizado nas relações jurídicas deve se desenvolver a todos as partes que compõe as querelas de ordem financeira, tributária, monetária e nas relações de consumo, em especial nestas últimas, onde a produção, transmissão e o recebimento de um produto ou serviço pelo consumidor deve se firmar pelos princípios da boa-fé objetiva e da equidade em relação aos contratos de adesão celebrados.. As organizações do mundo globalizado atual se conectam com fornecedores, clientes e formam a sua gama de serviços por meio de conhecimento prévio que detêm a respeito das empresas fornecedoras ou clientes que estabelecerão suas parcerias. A conectividade se entremeia no universo mercadológico, com vistas ao desenvolvimento nas redes de negócios, onde se observam as linhas de produto, ritmos de produção, qualidade, estratégia de marketing, combinação de fatores produtivos e fluxo interno de informações, as quais devem evidenciar de maneira clara as informações sobre a periculosidade de um produto e evidenciar as cláusulas contratuais que foram estabelecidas para que não venha a ser responsabilizada penalmente. 
Esse conceito de ordem econômica acaba por agasalhar as ordens tributária, financeira, monetária e a relação de consumo, entre outros setores, e constitui um bem jurídico-penal supraindividual, genericamente considerado (bem jurídico categorial), o que por si só não exclui a proteção de interesses individuais. Além disso, em cada tipo legal de injusto há um determinado bem jurídico específico ou em sentido estrito (essencialmente de natureza supraindividual), diretamente protegido em cada figura delitiva. Tal concepção fundamenta em sede penal um conceito amplo de delito econômico, mas não totalizador ou amplíssimo. ( PRADO, p.37, 2019 ). DIREITO PENAL ECONÔMICO.
O Direito penal econômico contemporiza diversas vertentes no cenário econômico nacional, onde estas se vislumbram, por muitas vezes entrelaçadas nas relações de consumo. A tutela jurídica que se esmiúça neste sub- ramo do direito vem a garantir a proteção ao bem jurídico penal em larga amplitude. Nesse contexto, percebe-se que uma proteção dicotômica, a qual, por um lado vem a delinear a ordem econômica pela regulação da intervenção do Estadona economia e do outro se convenciona como uma regulação jurídica da produção, distribuição e consumo de bens e serviços, o que vem a recalcitrar o bem jurídico protegido pela norma, o que vem a acontecer no interesse da administração pública. Percebe-se que as relações de ordem econômica estão imbricadas nas ordens tributária, financeira, monetária e nas relações de consumo. Observa-se um bem jurídico categorial que o Estado visa a proteger para que a economia nacional não sofra com ações fraudulentas por parte de indivíduos que venham tentar ludibriar a parte contrária, lhe causando prejuízo, e ao Estado, lhe causando prejuízo ao seu erário pelo cometimento de crimes contra a ordem tributária, financeira e fiscal. 
3 Bem jurídico penal e sua análise frente ao Direito Penal Econômico
O Bem jurídico penal se norteia como aquilo que vem a satisfazer a necessidade humana naquela sua utilidade específica, seja ela pela sua utilidade, sua aptidão ou propriedade intrínseca que lhe torne favorável. Nessa concepção, frente ao contexto econômico, percebe-se que a presteza daquele bem que se protege pelo direito penal vem a ser necessário pela sua capacidade de satisfazer uma necessidade do homem , seja nas suas relações de consumo, seja na sua vida privada, com a proteção das suas operações de crédito e movimentações financeiras, mediante a possível captação de seus dados por criminosos cibernéticos, seja na criação de determinada instituição mercadológica com o fim de auferir lucro, haja vista que a constituição de 1988 incentiva o fomento à mercancia e a livre iniciativa para o crescimento econômico. 
O bem jurídico tem uma transcendência ontoaxiológica, dogmática e prática que em certo sentido é basilar e, por isso, indeclinável. De sua essência, entidade e conteúdo depende, não já a estruturação técnica, senão a própria existência do ordenamento punitivo de qualquer Estado de cultura democrática. ( PRADO, p.17, 2019). BEM JURÍDICO-PENAL E CONSTITUIÇÃO.
Ademais, a tutela protetiva do bem jurídico penal no cenário econômico nacional se complementa em diversas vertentes para o progresso do País e o crescimento pessoal e profissional de sua população, o que eiva o delinear do aumento do produto interno bruto e consequentemente vem a elevar o índice de desenvolvimento humano. Observa-se que a proteção das relações econômicas e dos impactos ambientais que estas podem causar devem ser estritamente regulados e abarcados pela norma penal, pois refletem em sua magnitude na vida das pessoas , em especial , as mais carentes, o que vem lhes proporcionar a distribuição dos recursos inerentes à saúde, educação e segurança num contexto mais amplo. Essa proteção e o combate, em especial às organizações criminosas que vem a fraudar as operações econômicas, deve se vislumbrar num contexto maximizado, com vistas a minimizar a pobreza e reduzir as desigualdades sociais, pelo incremento de insumos monetários na economia e sua regular circulação mercadológica. 
4 Reflexões sobre o Direito Penal do inimigo
A norma penal é criada para que os cidadãos desfrutem dela e tenham as suas garantias fundamentais preservadas. Quando o indivíduo insiste em não obedecer a norma e por conseguinte invadir a esfera individual e coletiva dos demais, a qual a norma que fora criada, de acordo com o contexto teleológico daquela determinada sociedade, este afirma que nega a norma, não por desconhecimento, mas reitera sua negação pela norma e o Estado, mediante a sua negação perante o ordenamento jurídico brasileiro e a sua insistência em protagonizar uma norma própria, estabelecida por organizações criminosas, as quais realizam até “Tribunais do Crime”, onde determinados indivíduos são capturados e julgados por membros destas organizações, onde estes vem a possuir determinado grau hierárquico, se vislumbra uma total negação da norma e consequente negação do Estado. Essa atitudes destas organizações criminosas vêm a proporcionar por parte do aparelho estatal, a sua criminalização antes da consumação dos seus delitos, já nos atos preparatórios, pois estes indivíduos vieram a se declarar publicamente como inimigos do Estado. 
Daí se segue, então, que a função da pena em JAKOBS se destina a manter a validade da norma e a configuração normativa da sociedade, que, sem ela, poderia entrar em erosão. Por isso, ele não professa uma teoria do bem jurídico. Para ele, o bem jurídico a ser protegido, ou melhor, mantido, pela pena pública é a norma penal violada. Essa seria o bem jurídico penal. ( PACELLI, p. 73, 2016 ).
É por isso que ele sustenta que, em tais situações, existiria um direito penal do cidadão, voltado para aqueles dos quais se espera ainda os comportamentos devidos, e, outro, por ele designado direito penal do inimigo, orientado pelo risco de novas práticas criminosas, o que, por si só, justificaria a adoção de modelos de incriminação mais ajustados ao perigo (antecipação dos danos) e de normas processuais de maior alcance investigatório e acautelatório (não falta quem já se refira ao processo penal do inimigo!). ( PACELLI, p. 73, 2016 ).
Observa-se que a reiteração violadora de uma conduta que já fora amplamente consagrada na norma penal vigorante, vem a caracterizar um desrespeito atual e contínuo por aquele indivíduo que insiste em não obedecer àquilo que foi estipulado na dogmática penal. Percebe-se que o Direito Penal do inimigo deve prevalecer para essas pessoas que resolveram adotar um comportamento contrário ao que se espera de uma sociedade para um modelo convivência social harmônica entre os seus integrantes, especialmente quanto à formação de organizações criminosas, haja vista que essas associações de pessoas de forma continuada e habitual, com divisão de tarefas, vêm a estabelecer uma normatividade adversária daquela estabelecida pelo Estado. Os integrantes dessas organizações deixam de figurar numa análise criminológica como sujeito de direitos e passam a serem alvos do direito penal do inimigo, pois até os seus atos preparatórios, sem a consumação dos delitos que pretendem perpetrar, já podem ser criminalizados na fase do iter criminis, haja vista que suas condutas saíram da esfera normal de convivência social e passaram a corroborar numa teoria da anomia, a qual , estes querem implantar nas comunidades brasileiras, em especial, as mais carentes. Essa caracterização do inimigo não vem se a se identificar na pessoa pela sua condição social, ademais, existem infratores dessa natureza, em camadas sociais mais favorecidas, onde estes já nasceram numa condição social favorável e resolveram enveredar na contumácia delitiva dessas organizações criminosas. 
5 Criminalidade organizada: Técnicas especiais de investigação
Observa-se uma clara conexão na concepção de convicção ideológica entre as diversas vertentes que norteiam a atividade delitiva das organizações criminosas no Brasil, pois os crimes elencados em sua essência vêm de encontro as regras de convivência harmônica que se esperam encontrar no conglomerado de comunidades que se inserem no território nacional, mesmo diante das suas diferenças sociais e culturais, haja vista as mesmas ferirem a idealização de direitos humanos preconizada no contexto nacional. Percebe-se que os crimes que se elencam no texto perfazem o universo ideológico de ilícitos que podem sofrer motivações de caráter anômico, ou seja, irem contra a norma implantada pelo Estado de direito e quererem implantar uma norma própria para o seu favorecimento pessoal em detrimento da sociedade brasileira. Observa-se também dentre os crimes já citados, a conexão de ilicitude contra os direitos humanos, quando se fala em recrutamento de jovens para o tráfico, no ceifar vidas de pessoas por serem contrárias a uma imposição de norma própria das organizações criminosas, a qual fere o Estado de direito e se posicionam contra o ordenamento jurídico brasileiro, de modo a causar o temor na sociedade pela sua conotação opressora e ditatorial. 
Cuidando-se de captação ambiental, trata-se da conversaocorrida em certo local (não pelo telefone, nem por carta), possibilitando o contato pessoal entre os interlocutores, enquanto uma delas colhe, por qualquer meio (gravação de voz, registro de imagem fotográfica, filmagem), o que se passa entre ambos. Em face do direito à intimidade, especialmente quando tal conversa se dá em ambiente privado (ex.: o interior de uma casa particular) ou quando uma das partes pede sigilo à outra, é indispensável haver a autorização judicial para que essa captação seja realizada e validada, depois, como prova lícita. Por outro lado, há também como captar conversa alheia, interceptando-a, termo anteriormente usado na Lei 9.034/1995, mas não repetido na atual Lei 12.850/2013. Nem por isso deixa de ser possível que um terceiro colha dados referentes ao contato feito por outras pessoas, ou seja, atravessa a conversa alheia e grava ou registra de outra forma qualquer. ( NUCCI,p.39,2015).
Regulando o disposto pelo art. 3.º, IV, da Lei 12.850/2013, encontra-se o art.15 da referida Lei, nos seguintes termos: “O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito”. ( NUCCI,p.41,2015).
A criminalidade organizada alavanca suas atividades de modo assustador no território brasileiro. Os meios convencionais de investigação criminal, dentre os quais: testemunha, documento, perícia, confissão, interrogatório, indício, acareação, reconhecimento de pessoa ou coisa, busca e apreensão se tornam ineficazes frente aos mecanismos criminológicos que as organizações criminosas passam a desenvolver no seu cotidiano com fim de cometimento de delitos os mais graves possíveis, seja contra a vida, contra a ordem econômica financeira e em especial no comércio e distribuição de drogas ilícitas. O poder econômico destas associações organizadas, habituais e com ampla divisão de tarefas veio motivar o poder público à criação da Lei 12850/2013- Lei de Combate às organizações criminosas, com vistas a facilitar a investigação criminal da polícia judiciária e conseguir efetividade nesse expoente da instrução criminal, para que se chegue aos líderes destas instituições criminosas e que suas prisões se realizem dentro da legalidade no devido processo legal. Alguns direitos fundamentais dos cidadãos para serem violados, necessitam de uma ampla gama de arcabouço probante de forma a fomentar a invasão da intimidade de uma pessoa, a qual é garantida no artigo 5º da Constituição federal, em seu inciso. Entretanto, o indivíduo que se agrupa a uma organização criminosa e adquire uma cultura criminógena como cerne de sua motivação comportamental vem a negar a norma penal que fora imposta pelo Estado. Essa atitude lhe agrega uma condição de inimigo do Estado, ele não é mais um criminoso eventual ou contumaz que delinqui por sua condição social ou por um distúrbio comportamental ou até mesmo de ordem psíquica. Este infrator se condicionou a negar a norma e a sua negação proporciona a retirada de sua qualidade de sujeito de direitos, pelo menos, parcialmente e de forma insípida, segunda os diplomas legais da legislação especial que regem o cotidiano jurídico penal brasileiro e que foram referendados pelos Tribunais superiores de forma supralegal, com vistas a satisfazer as expectativas sociais e manter a segurança jurídica. 
a) Interceptação telefônica (ou interceptação em sentido estrito): consiste na captação da comunicação telefônica alheia por um terceiro, sem o conhecimento de nenhum dos comunicadores. Essa é a interceptação em sentido escrito (ou seja: um terceiro intervém na comunicação alheia, sem o conhecimento dos comunicadores); b) Escuta telefônica: é a captação da comunicação telefônica por terceiro, com o conhecimento de um dos comunicadores e desconhecimento do outro. Na escuta, como se vê, um dos comunicadores tem ciência da intromissão alheia na comunicação. É o que ocorre, por exemplo, na hipótese em que familiares da pessoa sequestrada, ou a vítima de estelionato, ou ainda aquele que sofre intromissões ilícitas e anônimas, através do telefone, em sua vida privada, autoriza que um terceiro leve adiante a interceptação telefônica; c) Gravação telefônica ou gravação clandestina: é a gravação da comunicação telefônica por um dos comunicadores, ou seja, trata-se de uma autogravaçáo (ou gravação da própria comunicação). Normalmente é feita sem o conhecimento do outro comunicador, daí falar-se em gravação clandestina; d) Comunicação ambiental: refere-se às comunicações realizadas diretamente no meio ambiente, sem transmissão e recepção por meios físicos, artificiais, como fios elétricos, cabos óticos etc .. Enfim, trata-se de conversa mantida entre duas ou mais pessoas sem a utilização do telefone, em qualquer recinto, privado ou público; e) Interceptação ambiental: é a captação sub-reptícia de uma comunicação no próprio ambiente dela, por um terceiro, sem conhecimento dos comunicadores. Não difere, substancialmente, da interceptação em sentido estrito, pois, em ambas as hipóteses, ocorre violação do direito à intimidade, porém, no caso da interceptação ambiental, a comunicação não é telefônica. A título de exemplo, suponha-se que, no curso de investigação relativa ao crime de tráfico de drogas, a autoridade policial realize a filmagem de indivíduos comercializando drogas em uma determinada praça, sem que os traficantes tenham ciência de que esse registro está sendo efetuado;
f) Escuta ambiental: é a captação de uma comunicação, no ambiente dela, feita por terceiro, com o consentimento de um dos comunicadores. Por exemplo, imagine-se a hipótese de cidadão vítima de concussão que, com o auxílio da autoridade policial, efetue o registro audiovisual do exato momento em que funcionário público exige vantagem indevida para si em razão de sua função; g) Gravação ambiental: é a captação no ambiente da comunicação feita por um dos comunicadores (ex. gravador, câmeras ocultas etc.). Parte da doutrina considera que o art. 1° da Lei n° 9.296196 abrange tanto a interceptação telefônica em sentido estrito quanto a escura telefônica.13 Isso porque ambas consistem em processos de captação da comunicação alheia. Não estão abrangidas pelo regime jurídico da Lei n° 9.296/96, por consequência, a gravação telefônica, a interceptação ambiental, a escuta ambiental e a gravação ambiental. Assiste razão a essa corrente. Ao tratar da interceptação telefônica, admitindo-a, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que fosse estabelecida em l~i, para fins de investigação criminal 12 Para mais detalhes acerca da interceptação ambiental, remetemos o leitor ao capitulo referente à Lei das Organizações Criminosas (art. 3º, 11). ( BRASIELIRO DE LIMA, p. 138, 2016).
Esse meio de prova vem disciplinado pelo art. 3.º, VI, da Lei 12.850/2013.O sigilo financeiro é regulado pela LC 105/2001. Somente pode ser quebrado, para fins de prova, mediante autorização judicial. No mais, os sigilos bancário e fiscal são igualmente tutelados pela Constituição Federal, sob o bem jurídico da intimidade e vida privada, razão pela qual também só comportam quebra por meio de autorização expedida por juiz competente. ( NUCCI,p.46,2015). 
Percebe-se que a interceptação telefônica, regulada pela Lei 9296/ 1996 ganha notoriedade com a aquiescência da Lei 12850/ 2013, haja vista sua ampla utilização e a facilidade que será conseguida frente a dificuldade de outrora para a sua liberação por ordem judicial. A gravidade e a expansão da criminalidade organizada e o detrimento dos bens jurídicos tutelados pelo direito penal, dentre os quais, a proteção a vida, ao sistema financeiro nacional, à saúde pública, à infância e a adolescência, em diploma legal, pelo Eca, haja vista as peculiaridades e necessidades que norteiam o universo das crianças e adolescentescomo elementares essenciais para a proteção e a formação de cidadãos dignos no futuro, vieram a fomentar a utilização da interceptação telefônica, da captação ambiental, da quebra de sigilo financeiro, com vistas ao desmantelamento das organizações criminosas e minimização de suas atividades ilícitas, as quais vem a recrutar jovens para o comércio de drogas, destroem vidas de famílias inteiras pela imposição da dependência química aos usuários e por ceifar suas vidas quando estes vêm a ficar inadimplentes com o “gerente” do comércio local de drogas, pela invasão de banco de dados de instituições financeiras e consequente produção de cartões clonados com saques ilícitos de contas alheias, pela fraude nas aquisições de serviços por empreiteiras que vem a realizar projetos superfaturados com a anuência dos gestores nos diversos níveis , seja federal, estatal, distrital , municipal ou nas autarquias, donde os crimes praticados por essas organizações criminosas, geralmente organizadas em teias, causaram graves prejuízos ao erário publico recentemente e a cada dia se vem descobrindo e desmantelando mais atividades criminosas organizadas nessas instituições. Mediante todas essas facilidades proporcionadas pelas técnicas especiais de investigação frente às organizações criminosas e suas atividades ilícitas, podemos perceber a importância desses mecanismos para a proteção do bem jurídico penal tutelado em diversas vertentes no cenário nacional, os quais estão umbilicalmente imbricados para a promoção do desenvolvimento nacional no conceito econômico. 
6 Principais aspectos da Lei de Crimes ambientais e a responsabilização da pessoa jurídica
A constatação do cometimento de infração de natureza administrativa-ambiental vem obrigar a lavratura do auto de infração por um agente das entidades que vem a compor o SISNAMA- Sistema Nacional do Meio Ambiente ou mediante delegação de competência para as polícias militares , donde se vislumbra por todo o Brasil, companhias de polícia ambiental no seio destas instituições ou até mesmo em delegações de órgãos específicos na esfera estadual ou municipal. Nestes casos, a criação de autarquias para a fiscalização é possível. Observa-se um caso no território nacional, dentre outros, em que a Marinha, o IBAMA e a capitania dos portos vieram a multar determinada empresa pelo derramamento de óleo. A empresa infratora veio a recorrer, por meio de Recurso especial ao STJ, alegando bis in idem, o qual não fora acolhido. Percebe-se que a legislação penal ambiental é incidente e sua locupletação é positividade pelos tribunais superiores, haja vista a necessidade da conservação da biodiversidade e o equilíbrio do meio ambiente ecologicamente sustentável. 
De acordo com o § 5.0, do artigo 173, da CF, ainda pendente de regulamentação, "a lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular". A tutela penal do meio ambiente tem o seu núcleo na Lei 9.605/1998 (Lei dos Crimes Ambientais), que revogou quase todos os tipos do Código Penal, bem como a legislação extravagante que tutelava o meio ambiente e, ainda, a maior parte das contravenções penais constantes do Código Florestal. Essa lei regulamentou o quanto disposto no artigo 225, § 3.0 , da Constituição Federal de 1988, ao se prever pioneiramente no Brasil a responsabilidade penal da pessoa jurídica, conjuntamente com as pessoas físicas (sistema da dupla imputação).(AMADO, p.328, 2017). 
Percebe-se que a politica nacional do meio ambiente por meio do (AIA) vem a corroborar a concretude dos objetivos primordiais dessa diretriz. O implemento de medidas fiscalizatórias se dá por meio da identificação de qualquer alteração das propriedades físicas , químicas e biológicas do meio ambiente , onde esses distúrbios podem ser ocasionados pela atividade humana , a qual veio direta ou indiretamente afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, suas atividades econômicas e sociais, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, ocasionado um detrimento da qualidade dos recursos naturais. 
7 A boa-fé nas relações consumeristas e a proteção do bem jurídico penal no cenário econômico 
A relação jurídica de consumo estabelece-se entre fornecedor e consumidor, tendo como objeto a aquisição de produtos ou utilização de serviços pelo consumidor, logo, destina-se à satisfação de uma necessidade privada do consumidor, que se submete ao poder e condições dos produtos e fornecedores dos bens e serviços, subordinação, esta, denominada de hipossuficiência ou vulnerabilidade do consumidor, pelo legislador.
O art. 4º, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor identificou como o primeiro princípio da Política Nacional das Relações de Consumo o da Vulnerabilidade, que expressa o “reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo”. O consumidor é considerado a parte mais frágil da relação jurídica de consumo. ( BOLSAN, p 298).
 
Percebe-se pelo que foi contextualizado que são, em regra, pessoas físicas ou jurídicas, fornecedores ou consumidores, ou seja, agentes ou destinatários finais de bens ou serviços, inclusive de natureza bancária, financeira, creditícia e securitária, excetuadas as de cunho trabalhista, e desenvolvidas por entidades privadas ou públicas. Desta observação, podemos perceber que a boa-fé como princípio nas relações consumeristas vem permitir que os contratantes estejam relacionados numa relação consumerista cooperativa, onde se vislumbra a mudança que dantes se observava no regimento contratual, donde o credor e o devedor figuravam como partes adversas numa relação antagônica, ou seja , não se buscava uma negociação satisfativa para ambos, pois o credor tinha por cultura introspectiva de suas relações consumeristas a vantagem em desvantagem do devedor, o qual estava obrigado a aceitar as cláusulas abusivas nos contratos de adesão, os quais , por muitas vezes vinham a fornecer serviços essenciais e não se vislumbrava um fornecedor daquele serviço que viesse a vir concorrer com o atual fornecedor, o que eivava as relações de consumo de maneira não equânime para as partes contratantes. 
Por outro lado, quando o tema envolve a boa -fé objetiva, o enfoque a ser analisado não se preocupa com questões de ordem subjetiva, mas sim com regras de conduta, ou seja, analisa -se a relação no plano dos fatos, de forma objetiva, para então concluir se os sujeitos da relação atuaram ou não com boa - fé. Vejam, “sujeitos” está no plural porque não só os fornecedores deverão atuar com boa-fé, como também os consumidores. ( BOLSAN, p 323).
A boa-fé é um dos princípios centrais do CDC e exige que todos os envolvidos no mercado atuem em respeito aos deveres gerais de lealdade, honestidade e cooperação. Não é aceitável que fornecedores exerçam seus direitos e interesses sem se preocuparem com a existência de outros sujeitos mais frágeis, muitas vezes dependentes dos produtos e serviços postos em circulação no mercado.
O código de defesa do consumidor refere-se a essa função de controle da boa-fé em seu art. 51, IV, ao decretar a nulidade , por abusividade, das cláusulas contratuais que “estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas , que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou equidade”. No mesmo sentido o Código Civil de 2002 em seu art. 187, onde define o abuso de direito: “ Também comete ato ilícito o titular de um direito ( qualquer direito subjetivo) que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.” ( CAVALIERI FILHO, p.41 ). 
Percebe-se que a boa-fé vem a representar o padrão ético de controle indispensável para uma convivência social salutar, donde as partes devem agir com lealdade e honestidade na relação jurídica consumerista,onde se vem a respeitar o direito do outro pactuante e não se aproveitar da condição de vulnerabilidade deste, com intuito de adquirir uma vantagem indevida em contraposição ao seu prejuízo, o que representa um limite a ser respeitado no exercício de todo e qualquer direito subjetivo. 
 CONCLUSÃO
O Direito penal econômico se consubstancia na proteção de diversos objetos jurídicos tutelados no seu contexto multifacetado na seara jurídica nacional, haja vista a sua importância para o desenvolvimento nacional nos campos financeiro, tributário, monetário, fiscal, nas relações de consumo, na proteção ambiental e na proteção da sociedade contra as organizações criminosas que tentam vilipendiar estas searas de desenvolvimento econômico. O combate às organizações criminosas, a preservação do meio ambiente, a boa-fé nas relações de consumo são elementares, dentre outras que vem influenciar a política nacional de desenvolvimento para a construção de um cenário garantidor das relações financeiras, tributárias e monetárias, o que vem a garantir a confiabilidade para o investidor e fomentar o alavancar da nação no contexto teleológico, haja vista o aumento de serviços, movimentações financeiras e melhoria da qualidade de vida das pessoas honestas, às quais merecem estar na qualidade de sujeito de direitos pelo Estado e terem garantida a inviolabilidade de suas relações econômicas no cenário nacional. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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