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Técnicas voltamétricas Eletrodos Sólidos Eletrodos sólidos passaram a ser explorados, especialmente na região anódica, região inadequada para utilizar eletrodos de mercúrio. Dentre os eletrodos mais utilizados, encontram-se eletrodos de metais nobres (ouro, prata, platina) e diversas formas de carbono (Grafite pirolítico, carbono vítreo, pasta de carbono). 1950 Eletrodos Quimicamente Modificados (EQMs) ✓ Utilizado pela primeira vez na década de 70 por Murray e colaboradores. ✓ O objetivo principal da modificação é pré-estabelecer e controlar a natureza físico-química da interface eletrodo/solução como uma maneira de alterar a reatividade e a seletividade do sensor base. ✓ A escolha do material do eletrodo base é muito importante e deve apresentar características eletroquímicas apropriadas para a modificação. ✓ Desta forma, os avanços tecnológicos na área do desenvolvimento de EQMs encontram aplicações nas mais variadas áreas de atuação: • Aplicações ambientais, tanto nas indústrias quanto nos órgãos de vigilância ambiental, análise de rejeitos industriais, metais pesados, agrotóxicos, análises alimentícias, detecção de drogas, análises de interesse clínico, controle de qualidade de medicamentos, etc. Eletrodos Quimicamente Modificados (EQMs) ✓ Modificadores químicos - Nanomateriais de carbono, Nanopartículas metálicas, complexos metálicos, polímeros condutores, matrizes inorgânicas, etc. ✓ Modificadores biológicos - Biossensores : Utiliza um material de reconhecimento de origem biológica (receptor bioquímico) • Enzimas, antígenos, anticorpos, DNA, organelas, tecidos, etc. Sensores Eletroquímicos Vantagens: • Alta sensibilidade e seletividade • Rapidez das análises • Instrumentação de baixo de custo • Possibilidade de miniaturização do sistema • Portabilidade • Menor uso de reagentes Sensores Eletroquímicos Esquema dos principais componentes de um sensor eletroquímico. Sistema eletroquímico (a) potenciostato, (b) computador, (c) cela eletroquímica, (d) eletrodo de trabalho, (e) eletrodo auxiliar, (f) eletrodo de referência, (g) agitador. ➢ Componentes de um sistema voltamétrico: Célula voltamétrica ➢Na voltametria de varredura linear, o potencial aplicado ao eletrodo de trabalho varia linearmente com o tempo: Voltametria de varredura linear Representação esquemática da voltametria com varredura linear: a) variação do potencial em função do tempo, b) variação da corrente em função do potencial aplicado (voltamograma de varredura linear). Voltametria de varredura linear ➢ Voltamograma de varredura linear para a redução da espécie hipotética A, para formar o produto P. • A corrente limite il é proporcional à concentração do analito e é empregada na análise quantitativa. • O potencial de meia-onda E1/2 está relacionado ao potencial padrão para a semi-reação e normalmente é utilizado na identificação qualitativa da espécie. ➢Na VC a varredura linear de potencial é feita com aplicação de potencial na forma triangular: Voltametria cíclica (VC) Representação da aplicação do potencial versus tempo na voltametria cíclica. Voltametria cíclica (VC) Representação de um voltamograma cíclico de um processo reversível. • A voltametria cíclica é a técnica mais comumente usada para adquirir informações sobre processos eletroquímicos (mecanismos de reação); • A eficiência desta técnica resulta de sua característica de rapidamente fornecer informações sobre a termodinâmica e a cinética de reações redox; • Para reações reversíveis os produtos gerados no sentido direto são reduzidos, gerando um pico simétrico ao pico da oxidação, de maneira que ∆E=0; • No entanto, na maioria dos casos reais isso não é observado. • A irreversibilidade é causada por cinéticas lentas de transferência de elétrons. Voltametria cíclica (VC) • (a) Relação da variação do potencial versus tempo. • (b) Voltamograma cíclico para solução de K3Fe(CN)6 6 mmol L-1 em KNO3 1 mol L -1. (fonte: SKOOG – Fundamentos de química analítica) - A Figura B fornece a resposta de corrente quando uma solução de K3Fe(CN)6 6 mmol L -1 em KNO3 1 mol L -1 é sujeita a um sinal de excitação cíclico como exposto na Figura A. - O eletrodo de trabalho é um eletrodo estacionário de platina cuidadosamente polido e o eletrodo de referência é um eletrodo saturado de calomelano. - Observa-se a ocorrência de uma pequena corrente anódica no potencial inicial de 0,8 V, que decai imediatamente para zero à medida que a varredura prossegue. Essa corrente inicial negativa surge da oxidação da água para formar o oxigênio. (Em potenciais mais positivos, essa corrente aumenta rapidamente e torna-se muito elevada em cerca de 0,9 V.) - Nenhuma corrente é observada entre um potencial de 0,7 e 0,4 V, pois não há espécie possível de ser oxidada ou reduzida nessa faixa de potencial. - Quando o potencial se torna menos positivo que aproximadamente 0,4 V, tem início o desenvolvimento de uma corrente catódica (ponto B) em virtude da redução do íon ferricianeto a ferrocianato. A reação catódica é Fe(CN)6 3- + e- = Fe(CN)6 4- Então, ocorre um rápido aumento na corrente nessa região de B a D, à medida que a concentração de Fe(CN)6 3- torna-se cada vez menor. No pico, a corrente tem duas componentes. Uma componente é a variação de corrente inicial abrupta necessária para ajustar a concentração na superfície do reagente ao seu valor de equilíbrio dado pela equação de Nernst. A segunda é a corrente normal controlada pela difusão. A primeira corrente decai rapidamente (pontos D a F), à medida que a camada de difusão se estende para as regiões mais e mais distantes da superfície do eletrodo (Figura C). No ponto F (0,15 V), a direção da varredura é invertida. A corrente, todavia, continua a ser catódica, embora a varredura seja realizada na direção de potenciais mais positivos, porque os potenciais ainda são suficientemente negativos para provocar a redução do Fe(CN)6 3- . À medida que o potencial caminha para a direção positiva, a redução do Fe(CN)6 3- finalmente deixa de ocorrer e a corrente vai para zero e então se torna anódica. A corrente anódica resulta da reoxidação do Fe(CN)6 4- , que se acumulou próximo à superfície durante a realização da varredura no sentido direto. Essa corrente anódica atinge um pico e então diminui conforme o Fe(CN)6 4- acumulado é utilizado na reação anódica. FIGURA C Processos de transporte de massa Migração Difusão Convecção ➢ Fatores que afetam a velocidade da reação eletródica: Corrente de pico ip = 2,686 x 10 5 n3/2 A C D1/2 v1/2 Sendo: Ip= correte de pico (µA) n = número de elétrons envolvidos no processo A= área do eletrodo (cm2) C = concentração do reagente (mmol L-1) D = coeficiente de difusão da espécie reagente (cm2 s-1) v= velocidade de varredura (V s-1) Relação entre a corrente de pico (que é uma corrente do tipo faradaica, isto é, uma corrente produzida por uma reação eletródica) e a concentração da espécie eletroativa em solução para processos reversíveis é dada pela equação de Randles-Sevcik: Corrente de pico ip = 2,99 x 10 5 n (αn)1/2 A C D1/2 v1/2 Sendo: Ip= correte de pico (µA) n = número de elétrons envolvidos no processo α= coeficiente de transferência de elétrons (parâmetro cinético) A= área do eletrodo (cm2) C = concentração do reagente (mmol L-1) D = coeficiente de difusão da espécie reagente (cm2 s-1) v= velocidade de varredura (V s-1) Relação entre a corrente de pico e a concentração da espécie eletroativa em solução para processos irreversíveis é dada pela equação de Andrieux - Sevant: Voltametria cíclica (VC) Voltamograma cíclico do inseticida parathion em tampão acetato 0,5 mol L-1 pH 5,0. • O primeiro pico catódico (A) é resultado da redução envolvendo 4 elétrons do grupo –NO2 do parathion para formar um derivado hidroxilamina • O primeiro pico anódico (B) provém da oxidação da hidroxilamina a um derivado nitroso durante a varredura no sentido oposto: • O primeiro pico catódico (c) é resultado daredução do grupo nitroso para formar hidroxilamina: Métodos de redissolução ➢ Os métodos de redissolução abrangem uma variedade de procedimentos eletroquímicos que incluem uma etapa de pré-concentração quantitativa seguida por uma etapa voltamétrica. • Em todos esses procedimentos, primeiramente o analito é depositado em um eletrodo de trabalho, geralmente a partir de uma solução mantida sob agitação. • Após um tempo de deposição medido com exatidão, a eletrólise é descontinuada, a agitação é interrompida e o analito depositado é determinado por um dos procedimentos voltamétricos. • Durante essa segunda etapa da análise, o analito é redissolvido ou retirado do eletrodo; daí o nome associado a esses métodos. • Como resultado da etapa de pré-concentração os métodos de redissolução produzem os limites de detecção mais baixos comparado a todos os procedimentos voltamétricos. Métodos de redissolução ➢ O eletrodo de trabalho funciona como um cátodo durante a etapa de deposição e como um ânodo na etapa de redissolução, com o analito sendo oxidado de volta à sua forma original (stripping anódico). Método de redissolução anódica Método de redissolução catódica ➢ O eletrodo de trabalho funciona como um ânodo durante a etapa de deposição e como um cátodo na etapa de redissolução, com o analito sendo reduzido de volta à sua forma original (stripping catódico). ➢ A etapa de deposição corresponde a uma pré-concentração do analito, ou seja, a concentração do analito na superfície do eletrodo de trabalho é muito maior do que no todo da solução. “Stripping” anódico Cd “Stripping” catódico Técnicas de pulso • Com o desenvolvimento dos potenciostatos modernos, surgiu a possibilidade de controlar de forma mais adequada a aplicação do potencial e a realização das medidas em condição mais favoráveis. • Passou-se então a aplicar degraus de potencial e a realizar as medições de corrente no tempo mais favorável, onde a corrente capacitiva já estava reduzida significativamente*. • Os limites de quantificação alcançaram a faixa de 10-7 a 10-9 mol L-1. • Permitir quantificar múltiplos elementos num experimento. Em técnicas de pulso, a corrente capacitiva é proporcional a e-t/RC, onde t é o tempo, R a resistência da solução e C a capacitância da dupla camada, e a corrente faradaica é aproximadamente proporcional a t-1/2, o decaimento da primeira, após a aplicação do pulso de potencial, é muito mais rápido que o da última. Assim, as medidas de corrente somente são realizadas após a contribuição da corrente capacitiva ter se minimizado. A Figura abaixo apresenta as dependências das correntes faradaica e capacitiva com relação ao tempo e o ponto onde a medida de corrente é realizada, considerando-se as técnicas de pulso. Em todas estas técnicas, a corrente é medida em uma fração de tempo fixa chamada de período (τ). ➢Na VPD, pulsos de amplitude fixos sobrepostos a uma rampa de potencial crescente são aplicados ao eletrodo de trabalho. Voltametria de pulso diferencial (VPD) Sinais de excitação para voltametria de pulso diferencial. ➢A corrente é medida em dois momentos: 1. Na iminência da aplicação do pulso; 2. ao final da aplicação do pulso. Voltametria de pulso diferencial (VPD) • A primeira corrente é instrumentalmente subtraída da segunda (Δi = I2 - I1) e a diferença das correntes é plotada vs o potencial aplicado, de maneira que a altura do pico observada é proporcional à concentração do composto analisado. Representação de um voltamograma de pulso diferencial. Voltametria de pulso diferencial (VPD) Vantagens: • Diminuição da contribuição da corrente capacitiva (não faradaica) • Maior sensibilidade • Picos bem definidos em concentrações até 2000 vezes menor do que as observadas para ondas voltamétricas clássicas • Normalmente, apresenta limites de detecção (LD) duas ou três ordens de magnitude menor do que os valores obtidos por voltametria clássica • Tem-se tornado um dos métodos mais utilizados em processos de voltametria analítica Voltametria de onda quadrada (VOQ) ➢A corrente é medida em dois momentos: 1. Ao final do pulso direto; 2. ao final do pulso reverso. Voltametria de onda quadrada (VOQ) • O voltamograma resultante consiste da diferença entre estas duas correntes versus a rampa de potencial aplicado; • Essa diferença é diretamente proporcional à concentração do analito e o potencial de pico corresponde ao E1/2 voltamétrico; Representação de um voltamograma de onda quadrada para processos (a) reversíveis e (b) irreversíveis. • A sensibilidade desta técnica é comparável com a proveniente da VPD. (Δi = Id - Ir) Voltametria de onda quadrada (VOQ) Vantagens: • A maior vantagem desta técnica é a velocidade de aquisição dos dados. Frequências de 1 a 100 ciclos de onda quadrada por segundo permitem o uso de velocidades de varredura de potenciais extremamente rápidas ( 100 a 1000 mV s-1) • Um voltamograma completo pode ser obtido em menos de 10 ms • Alta sensibilidade • Baixos limites de detecção • É utilizada rotineiramente para determinação de compostos orgânicos e inorgânicos • Também tem sido empregada como detector para cromatografia líquida ➢A detecção amperométrica baseia-se na medida da corrente (i) em um potencial (E) fixo aplicado. • Logo, um sensor amperométrico pode ser associado a um sensor voltamétrico mantido em um potencial constante. • Nestas circunstâncias, a grandeza da corrente elétrica é determinada pela concentração da espécie analisada. Amperometria Amperometria ➢O amperograma será portanto um gráfico da corrente em função do tempo de análise: Dependência da corrente faradaica (if) e da corrente capacitiva (ic) em função do tempo de aplicação de um pulso de potencial em uma solução com diferentes concentrações (A,B e C) TITULAÇÕES AMPEROMÉTRICAS • As medições podem ser usadas para o acompanhamento da variação da concentração de um dado analito durante a titulação e para a fixação do ponto final. • A corrente de difusão é proporcional à concentração do material eletroativo presente na solução. Quando se remove o material eletroativo pela interação com um reagente, a corrente de difusão diminuirá. Este é o princípio fundamental das titulações amperométricas. ➢A titulação pode ser feita com rapidez, pois o ponto final é encontrado graficamente. ➢Podem ser feitas titulações amperométricas em diluições (aproximadamente 10-4 mol L-1) nas quais as titulações com indicador visual, ou as titulações potenciométricas, não proporcionam resultados exatos. 1) Em um experimento, foi obtido um voltamograma cíclico para uma solução 0,167 mmol L-1 de Pb2+ a uma velocidade de varredura de 2,5 V s-1. Em um segundo experimento um novo VC foi obtido para uma solução 4,38 mmol L-1 de Cd2+ usando o mesmo eletrodo de trabalho. Qual deve ser a velocidade de varredura no segundo experimento para que seja registrado o mesmo pico de corrente em ambos os experimentos se os coeficientes de difusão de Pb2+ e Cd2+ são 0,98x10-5 cm2 s-1 e 0,72x10-5 cm2 s-1, respectivamente. Assume que a redução de ambos os cátions é reversível. Exercícios ip = 2,686 x 10 5 n3/2 A C D1/2 v1/2 ip = 2,686 x 10 5 n3/2 A C D1/2 v1/2 Exercícios 2) Uma solução contendo Cu2+ foi analisada voltametricamente empregando-se o método da adição de padrão. 25 mL de uma solução desaerada contendo a amostra e 1 mol L-1 de HNO3 produz uma corrente de 1,78 µA (em um potencial E = -0,85 V vs ECS). Posteriormente, com a adição de 5,00 mL de uma solução padrão 2,25x10-3 mol L-1 de Cu2+, a mistura resultante produziu uma corrente de 4,48 µA. Calcule a concentração do Cu2+ na amostra. Referências Bibliográficas SKOOG, D. A. ; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R. Princípios de análise instrumental. 6 ed. Bookman: Porto Alegre, 2009. SKOOG, D. A. ; WEST, D. W.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R. Fundamentos de química analítica. 9 ed. Cengage Learning: São Paulo, 2014. PACHECO, W. F.; SEMAAN, F. S.; ALMEIDA, V. G.; RITTA, A. G. S. L.; AUCÉLIO,R. Q. Voltametria: Uma breve revisão sobre os conceitos. Revista virtual de química, v. 5, p. 516- 537, 2013. PEREIRA, A. C.; SANTOS, A. S.; KUBOTA, L. T. Tendências em modificação de eletrodos amperométricos para aplicações eletroanalíticas. Química nova, v. 25, p. 1012-1021, 2002.
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