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ELETRÓLISE COMPLETA: ELETROGRAVIMETRIA E COULOMETRIA Eletrólise x Eletrogravimetria x Coulometria • Eletrólise: • Quebra ou separação de espécies e transformação (reação) por ação da eletricidade – f.e.m.. A reação ocorre na superfície de um eletrodo (no cátodo – reação catódica ou no ânodo – reação anódica). São reações não espontâneas que ocorrem de modo inverso ao das células galvânicas. • Eletrogravimetria: • Reação eletródica com obtenção de um produto sólido que pode ser quantificado através da medição da massa. • Coulometria: • Reação eletródica com a formação de um produto, sólido ou não, que será quantificado mediante à medida da corrente elétrica consumida em um determinado tempo – CARGA. Eletrólise – Processo não espontâneo • A eletrólise é amplamente utilizada comercialmente para produzir coberturas metálicas atraentes para objetos - ELETRODEPOSIÇÃO: • para-choques de caminhões - cromagem; • talheres – recobertos com prata; • joias e semi-joias, que podem ser recobertas com vários metais preciosos; • Oscar: brintânio (liga de estanho, cobre e antimônio) recoberto de cobre, níquel, prata e finalmente ouro. • A eletrólise é usada para obtenção de metais (Na, K, Mg, Al) ou de não metais (Cl, F) a partir de sais de ocorrência natural. •A eletrólise tem uso em química analítica? • Sim! São vários métodos eletroanalíticos quantitativos. Histórico • André Marie Ampère (1775-1836), matemático e físico francês: • Primeiro a aplicar a matemática em estudos com corrente elétrica; • Definiu uma corrente positiva como sendo o sentido do fluxo de cargas positivas, embora hoje saibamos que são os elétrons quem carregam a corrente em metais. • A unidade de corrente elétrica é Ampere (A), em homenagem a ele. • O fluxo de corrente no tempo define a quantidade de carga – Q, cuja unidade é o Coulomb (C), em homenagem ao físico francês Charles Augustin de Coulomb (1736 – 1806). Eletrogravimetria e Coulometria • São métodos eletroanalíticos quantitativos: • Diferentemente do potenciométrico, são métodos eletrolíticos, com uma corrente líquida e uma reação líquida de célula. • A eletrogravimetria e a coulometria são métodos correlatos nos quais a eletrólise é realizada por um tempo suficiente para assegurar a oxidação ou redução completa do analito a um produto de composição conhecida. • Na eletrogravimetria, o objetivo consiste em se determinar a quantidade de analito presente por meio da sua conversão eletrolítica a um produto que é pesado na forma de um depósito sobre um dos eletrodos. • Em procedimentos coulométricos, estabelecemos a quantidade de analito pela medida da quantidade de carga elétrica necessária para convertê-lo completamente a um dado produto. A eletrogravimetria e a coulometria são moderadamente sensíveis e estão entre as técnicas mais exatas e precisas disponíveis aos químicos. Assim como as técnicas gravimétricas convencionais, a eletrogravimetria não requer calibrações preliminares contra padrões químicos porque a relação funcional entre a grandeza medida e a concentração do analito pode ser estipulada a partir da teoria e dados de massa atômica. Na coulometria mede-se a quantidade de eletricidade requerida para reduzir ou oxidar, em uma célula eletrolítica, a substância de interesse. m = QM / nF Q = i x t; F = 96487 coulombs; M = massa molar da substância; n = nº de elétrons Eletrogravimetria e Coulometria itQ = = t o idtQ Para uma corrente constante Para uma corrente variável (E const.) Coulometria m = QM / nF Eletrólise – Processo não espontâneo • Eletrólise em uma solução aquosa: é necessário investigar se a oxidação ou a redução ocorre com a água ou com o soluto. A água pode ser oxidada (produzindo O2) ou reduzida (produzindo H2). • Não se pode preparar sódio metálico pela eletrólise do NaCl em água. A água se reduz com mais facilidade do que os íons Na+: – 2H2O + e - → H2(g) + 2OH - Ered = - 0,83V – Na+ + e- → Na(s) Ered = - 2,71V • E a oxidação? A oxidação da água para produzir oxigênio requer um potencial maior que a oxidação dos íons cloreto a cloro (lembre-se que tem que olhar com o sinal trocado). – O2(g) + 4e - + 4H+ → 2H2O Ered = 1,23V – Cl2(g) + 2e - → 2Cl- Ered = 1,36V Assim, a eletrólise de uma solução de NaCl produz H2 no cátodo e Cl2 no ânodo. Ecel = Ered(cátodo) – Ered(ânodo) = (-0,83) – (1,36) = -2,19 V Eletrólise – Processo não espontâneo SIGNIFICA QUE, NO MÍNIMO, É NECESSÁRIO APLICAR UM POTENCIAL DE 2,19 V PARA QUE ESTA REAÇÃO OCORRA Na realidade, veremos que é necessário um valor maior que este, mas antes precisamos discutir outras coisas... Potencial de decomposição O potencial de decomposição é devido à força eletromotriz de retorno ou contra eletromotriz (f.c.e.m.), que surge da célula galvânica que se forma devido aos reagentes e eletrodos. Assim, Ea > Ed e haverá uma corrente que flui: ; sendo R a resistência interna da célula. O potencial a partir do qual o processo de eletrólise segue de forma contínua chama-se potencial de decomposição (Ed) e depende da natureza da solução eletrolítica. É obtido por meio do prolongamento da parte da curva de correntes ascendentes. Potencial de decomposição No entanto, na prática observa-se um potencial de decomposição maior que o determinado pelas equações, sendo a diferença chamada de sobretensão ou sobrevoltagem. Assim, o potencial de decomposição compreende a f.e.m. de retorno e uma sobretensão originária da polarização dos eletrodos (mesmo que inertes): Eaplic = Ed + IR = (Eretorno + Esobretensão) + IR O potencial aplicado (Ea) será sempre maior que potencial de decomposição (Ed) Entendendo o Processo O potencial de decomposição, portanto, será a soma do potencial de retorno e a sobrevoltagem: Ed = Er + Es. Quando a descarga do íon ocorre de maneira reversível, a sobrevoltagem é desprezível, como no caso da deposição de metais sobre o catodo ou da evolução de Cl2. Mas quando ocorre evolução de H2 no catodo e/ou de O2 no anodo, durante a eletrólise, como por exemplo, na eletrólise de uma solução de H2SO4, as sobrevoltagens são consideráveis. A sobrevoltagem depende dos produtos ocorrentes nos eletrodos, do material de que tais eletrodos são constituídos, além da densidade da corrente (razão entre a intensidade da corrente e a área específica do eletrodo, dada em ampérè/cm2). Nas Tabelas dadas a seguir, são mostradas sobrevoltagens para o H2 e o O2 em eletrodos de diferentes materiais, com diferentes densidades de correntes. Tabela 1: Sobrevoltagens catódica do H2 com eletrodos de diferentes materiais e diferentes densidades de correntes Tabela 2: Sobrevoltagens anódica do O2 com eletrodos de diferentes materiais e diferentes densidades de correntes Potenciais de Descarga e Reações Eletródicas Consecutivas Como já assinalado o potencial de decomposição será a soma do potencial de retorno e a sobrevoltagem: Ed = Er +Es. Considerando que a sobrevoltagem se dá tanto no catodo como no anodo teremos a expressão: Ed = Er + Sc +SA. Como o potencial de retorno é resultante da fcem, da célula galvânica originida pelos materiais da eletrólise, teremos Ed = (Ea – Ec) + Sc + SA (observe os sinais trocado para Er, uma vez que ela está em oposição ao potencial externo aplicado). Podemos escrever a seguinte relação, desdobrando o potencial de decomposição em duas reações referentes ao anodo e ao catodo. Ed = (Ea + Sa) – (Ec – Sc). Consideremos a eletrólise de uma solução a 0,1 mol/L de CuSO4, em solução de H2SO4 a 0,5 mol/L. As semi-reações envolvidas serão respectivamente: Observamos que no catodo poderia ocorrer a descarga dos íons Cu2+ ou H+. Como o potencial padrão (Eo) do sistema Cuo/Cu2+ é maior que o do sistema H2/2H+, o íon Cu2+ terá prioridade na descarga. Considerando ainda que a sobrevoltagem na descarga do ion Cu2+ é desprezível, podemos dizer que o potencial em que se inicia a deposição do cobre será dado pela expressão: Substituindo o Eopelo valor dado e considerando que acu é igual a 1, teremos: ou melhor o que leva a: Calculemos agora, qual seria o potencial catódico em que se iniciaria a descarga do íon H+, considerando que está sendo utilizado um eletrodo de platina polida e que a corrente empregada na eletrólise tem uma densidade de 0,01 amp/cm2. Consultando a Tabela 1 observamos que haverá no catodo uma sobrevoltagem de 0,068 amp/cm2. Considerando ainda a dissociação total do H2SO4, o que leva a uma concentração de 1 mol/L para o H+ e que para o hidrogênio E0H = 0,0 V o potencial será então: A atividade do hidrogênio molecular (H2) é mais bem expressa em termos de pressão de hidrogênio, que estando no ambiente, será igual a 1 atm. A expressão passará então a e assim, Mas agora a sobrevoltagem não é desprezível, o que leva a Como a atividade dos íons H+ será igual a 1 mol/L (H2SO4 a 0,5 mol/), teremos Ec = -0,068 volts. Podemos calcular qual seria a concentração do íon Cu2+ na solução quando se iniciasse a evolução de H2. Para isto basta igualar a expressão para a deposição do Cu2+ no catodo, com o valor do potencial deste eletrodo, Ec = -0,068 volts. Teremos então: Resolvendo esta equação encontraremos: aCu2+ = 1,97x10-14 mol/L No início da eletrólise a atividade do íon Cu2+ era 0,1 mol/L e ficariam sem depositar 1,97 x 10-10 % do cobre. Podemos então considerar que a precipitação do cobre sobre o catodo foi completa. Como podemos observar, durante a eletrólise da solução de CuSO4, o potencial no catodo será dado por À medida que a eletrólise evolui, aCu2+ diminui, pois o cobre estará sendo depositado sobre o catodo. Assim, o potencial catódico diminui, ou desloca-se no sentido mais negativo. O resultado mostrado indicou que a eletrólise de uma solução de cobre pode ser conduzida em meio ácido, pois somente haverá evolução de hidrogênio no catodo, quando a deposição de Cu2+ tiver sido completada. No caso da eletrólise de uma solução de ZnSO4 a 0,1 mol/L, em presença de H2SO4 a 0,5 mol/L, utilizando-se eletrodos de platina polida e densidade de corrente igual a 0,01 amp/cm2. A sobrevoltagem da descarga do H+ seria então 0,068 volts. As semi-reações redox envolvidas serão: Estes valores indicam que nesta eletrólise, o íon H+ terá prioridade de descarga e em consequência haverá evolução de H2 no catodo. Temos então que considerar a sobrevoltagem. Calculando o potencial em que se iniciaria a precipitação do zinco sobre o catodo, obtém-se E = -0,793 volts Este resultado mostra que somente depositará o zinco sobre o catodo, após a evolução do hidrogênio, assim podemos concluir que a eletrólise do zinco só se dará em meio neutro, ou pouco ácido. Outro fator importante é que na descarga do hidrogênio no catodo deve-se considerar a sobrevoltagem, o que poderá vir a facilitar a deposição do zinco. Célula eletrolítica • são dispositivos nos quais a aplicação de uma f.e.m. externa provoca um fluxo (não espontâneo) de íons dentro da solução. ➢ os cátions se dirigem para o polo negativo (eletrodo negativo), o cátodo. ➢ os ânions se dirigem para o polo positivo (eletrodo positivo), o ânodo. • como consequência ocorre a decomposição das espécies iônicas na solução (eletrólise), mas devem ser considerados... • A queda ou potencial ôhmico (IR) • Efeito de polarização Eaplicado = Ecélula + IR + P onde P = Esobrevoltagem Queda IR e Polarização Devido ao fluxo de corrente, o potencial medido entre os dois eletrodos não corresponde simplesmente à diferença entre os dois potenciais de eletrodo, da maneira como calculado pela equação de Nernst. • A queda ôhmica IR e a polarização devem ser considerados. Por causa desses fenômenos, potenciais superiores aos potenciais termodinâmicos são necessários para operar uma célula eletrolítica. ➢ Quando presentes em uma célula galvânica, a queda IR e a polarização resultam no desenvolvimento de potenciais menores que aqueles previstos. • O sobrepotencial (P) é o grau de polarização. É a diferença de potencial entre o potencial teórico da célula (Eaplicado = Ecélula - IR) e o potencial verdadeiro da célula a um determinado nível de corrente. ➢ Acredita-se que a sobretensão seja fruto de reações de baixa velocidade, ou seja, um efeito cinético, e não termodinâmico. Região ôhmica • Queda ôhmica (ou potencial ôhmico): • Se deve à resistência da solução. ➢É minimizada com uma força iônica elevada ou pelo uso de 3 eletrodos. • Polarização: é o desvio do potencial do eletrodo de seu valor teórico (equação de Nernst) sob a passagem de corrente. Queda IR e Polarização ➢ De concentração: A polarização de concentração ocorre por causa da velocidade finita de transferência de massa da solução para a superfície do eletrodo. ➢ Cinética: a grandeza da corrente é limitada pela velocidade de uma ou das duas reações do eletrodo – isto é, a velocidade de transferência de elétrons entre os reagentes e o eletrodo. Para contrabalançar a polarização cinética, um potencial adicional, ou sobrevoltagem, é requerido para superar a energia de ativação da semi-reação. Reações Catódicas K+ + e- ⇌ K(s) E0 = -2,925V Na+ + e- ⇌ Na(s) E0 = -2,714V 2H+ + 2e- ⇌ H2(g) E0 = 0,000V Cu2+ + 2e- ⇌ Cu(s) E0 = 0,337V Ag+ + e- ⇌ Ag(s) E0 = 0,799V Quando há vários íons (cátions) metálicos ou não, as reações catódicas ocorrem em ordem decrescente dos seus potenciais catódicos, ou seja, dos mais positivos aos mais negativos Reações Anódicas Pb2+ + 2H2O⇌ PbO2(s) + 4H+ + 2e- E0 = -1,455V 2Cl-⇌ Cl2(g) + 2e- E0 = -1,359V 2H2O ⇌ O2 (g) + 4e- + 4H+ E0 = -1,229V H2(g) ⇌ 2H+ + 2e- E0 = 0,000V As reações anódicas ocorrem em ordem crescente dos seus potenciais anódicos, ou seja, dos mais negativos aos mais positivos - Quando existe uma corrente liquida em uma célula eletroquímica, o potencial medido entre os dois eletrodos não corresponde mais simplesmente à diferença entre os dois potenciais de eletrodo, da maneira como calculado pela equação de Nernst. - Dois fenômenos adicionais, a queda IR e a polarização, devem ser considerados quando uma corrente se faz presente. Por causa desses fenômenos, potenciais superiores aos potenciais termodinâmicos são necessários para operar uma célula eletrolítica - Quando presentes em uma célula galvânica, a queda IR e a polarização resultam no desenvolvimento de potenciais menores que aqueles previstos Como já discutido O EFEITO DA CORRENTE NO POTENCIAL DA CELULA EXEMPLO 1. A célula mostrada a seguir foi utilizada na determinação de cadmio na presença de íons cloreto tanto por eletrogravimetria quanto por coulometria: Ag l AgCl(s), Cl-(0,200 mol L-1), Cd2+ (0,00500 mol L-1) l Cd Calcule o potencial que (a) precisa ser aplicado para prevenir que a corrente se desenvolva na célula quando os dois eletrodos forem conectados e aquele que (b) devemos aplicar para fazer com que se desenvolva uma corrente de 2,00 mA. Considere que a resistência interna da celula seja 15 Seletividade dos Métodos Eletrolíticos Em principio, os métodos eletrolíticos oferecem uma forma relativamente seletiva de separar e determinar inúmeras espécies iônicas. A viabilidade de uma separação e as condições teóricas para realiza-la podem ser derivadas dos potenciais padrão de eletrodo das espécies de interesse. Exemplo 2. Uma separação quantitativa de Cu2+ e Pb2+ pela deposição eletrolítica é exequível? Em caso afirmativo, que faixa de potenciais do catodo, em relação ao eletrodo saturado de calomelano (ECS), poderia ser empregada? Considere que a solução contendo a amostra tem uma concentração inicial de 0,1000 mol L-1 de cada íon e a remoção quantitativa de um deles é obtida quando apenas 1 parte em 10.000 permanece em solução (não depositada) RESOLUÇÃO Temos as semi-reações Cu2+ + 2e- = Cu(s) E0 = 0,337 V Pb2+ + 2e- = Pb(s) E0 = -0,126 V Note que, com base nos E0, o cobre começará a depositar em voltagens aplicadas mais positivas que o chumbo. Primeiramente vamos calcular o potencial necessário para reduzir a concentração de cobrepara 10-4 da sua concentração original (isto é, de 0,1000 mol L-1 para 1,00 x 10-5 mol L-1). Substituindo na equação de Nernst, obtemos De maneira similar, podemos determinar o potencial no qual o chumbo começa a se depositar: Portanto, se o potencial do CATODO for mantido entre 0,189 e -0,156 V, versus EPH, podemos obter uma separação quantitativa. Agora, podemos converter estes potenciais versus ECS subtraindo EECS. Portanto Ecel = 0,189 – 0,244 = -0,055 V ao depositar cobre e Ecel = -0,156 – 0,244 = -0,400 V ao depositar chumbo Estes resultados indicam que o potencial do CATODO deve ser mantido entre -0,055 e -0,400 V, contra o ECS, para depositar cobre sem que quantidades apreciáveis de chumbo sejam depositadas !!! Estes cálculos nos permitem encontrar as diferenças nos potenciais padrão de eletrodo que são teoricamente necessários para determinar um íon sem a interferência do outro. Essas diferenças variam de cerca de 0,04 V para íons trivalentes a aproximadamente 0,24 V para as espécies iônicas monovalentes. Esses limites de separação teóricos podem ser obtidos apenas mantendo-se o potencial do eletrodo de trabalho (geralmente o catodo, no qual o metal se deposita) no nível requerido. Entretanto, o potencial desse eletrodo pode ser controlado apenas pela variação do potencial aplicado à célula. De acordo com a Equação Eaplicado = Ecélula + IR + P pode-se notar que esta indica que variações no Eaplic. afetam não apenas o potencial do catodo, mas também o do anodo, a queda IR e o sobrepotencial. Por causa destes efeitos, a única maneira pratica de realizar a separação de espécies cujos potenciais de eletrodo diferem de alguns décimos de um volt é medindo o potencial do catodo continuamente contra um eletrodo de referencia cujo potencial seja conhecido. Então, o potencial de célula aplicado pode ser ajustado para manter o potencial do catado em um nível desejado. Uma análise realizada dessa forma é chamada eletrólise de potencial controlado Métodos de potencial controlado são: - Eletrogravimetria de Potencial Controlado e - Coulometria de Potencial Controlado (a seguir) PARTE II MÉTODOS ELETROGRAVIMETRICOS • Sem controle do potencial Os procedimentos eletrolíticos nos quais nenhum esforço é realizado no sentido de controlar o potencial do eletrodo de trabalho utilizam equipamentos simples e de baixo custo e requerem pouca atenção do operador. Nesses procedimentos, o potencial aplicado à célula é mantido em um nível mais ou menos constante durante a eletrólise. Célula com 2 eletrodos O processo deve ser realizado sob agitação constante para garantir um depósito homogêneo e aderente a) corrente; b) variações na queda IR e no potencial do catodo durante a deposição eletrolítica de cobre sob um potencial de célula aplicado constante. A corrente (a) e a queda IR (b) diminuem constantemente com o tempo. O potencial do catodo desloca-se negativamente para compensar a diminuição da queda IR (b). No ponto B, o catodo torna-se despolarizado pela redução dos íons hidrogênio. Metais que se depositam nos pontos A e D interferem no cobre por causa da codeposição. Um metal que se deposita no ponto C não interfere. A codeposição do hidrogênio durante a eletrolise frequentemente leva a formação de depósitos de fraca adesão. Normalmente, eles não são satisfatórios do ponto de vista dos propósitos analíticos. Esse problema pode ser resolvido pela introdução de outra espécie que seja reduzida em um potencial mais negativo que os íons hidrogênio e que não afete de maneira adversa as propriedades físicas do deposito. O nitrato é um despolarizador deste tipo Despolarizador é uma espécie química facilmente reduzida (ou oxidada). Ele ajuda a manter o potencial do eletrodo de trabalho em um valor relativamente baixo e constante e previne a ocorrência de reações interferentes sob condições mais redutoras ou oxidantes Eletrogravimetria • Com potencial controlado O ajuste manual do potencial é tedioso (particularmente no início) e, acima de tudo, demorado. As eletrólises de potencial controlado modernas são realizadas com instrumentos chamados potenciostatos, os quais mantêm automaticamente o potencial do eletrodo de trabalho em um valor controlado em relação ao eletrodo de referência. A corrente de eletrólise flui entre o eletrodo de trabalho e um contra-eletrodo. O contra-eletrodo não tem efeito na reação que ocorre no eletrodo de trabalho. O sistema com potencial controlado é constituído por dois circuitos elétricos independentes que compartilham um eletrodo em comum, o eletrodo de trabalho no qual o analito é depositado. O circuito de eletrolise consiste em uma fonte cc, um potenciômetro (ACB) que permite que a tensão aplicada entre o eletrodo de trabalho e o contra-eletrodo varie continuamente e um medidor de corrente O circuito de controle ou de referência consiste no eletrodo de referência (geralmente o ECS), um voltímetro digital de alta resistência e no eletrodo de trabalho. A resistência elétrica do circuito de controle ou de referência é tão grande que o circuito de eletrolise fornece essencialmente toda a corrente para a eletrolise. O circuito de controle ou de referência monitora continuamente a voltagem entre o eletrodo de trabalho e o eletrodo de referência e a mantem sob um valor controlado. Variações no potencial da célula e na corrente durante a deposição de potencial controlado de cobre. O catodo é mantido a -0,36 V (vs. ECS) durante o experimento. Observe que o potencial da célula aplicado tem que decrescer continuamente durante a eletrolise, o que é difícil manualmente. Por isso a necessidade de um potenciostato Células de eletrólise Normalmente são similares à apresentada ao lado onde são empregados béqueres altos e geralmente as soluções são agitadas mecanicamente para minimizar a polarização de concentração. O anodo realiza esta função Em geral o eletrodo de trabalho consiste em uma malha cilíndrica metálica e são construídos com platina, embora o cobre, o latão e outros metais encontrem uso ocasional. Coulometria Tipos de métodos eletroanalíticos Métodos Eletroanalíticos Métodos Interfaciais Métodos Não-Interfaciais Estáticos Dinâmicos Potenciometria Potencial Controlado Corrente Constante Voltametria Amperometria Eletrogravimetria Coulometria a Potencial Constante Titulações Coulométricas Eletrogravimetria Condutimetria Titulações Condutimétricas Titulações Potenciométricas ➢ A coulometria (assim como os métodos gravimétricos) têm como vantagem independer de padrões, pois as respectivas grandezas medidas (carga elétrica e massa) são parâmetros que podem ser medidos com precisão. ➢ Baseia-se na medida da quantidade de eletricidade requerida para converter quantitativamente um analito em uma outra espécie com outro estado de oxidação Quando posso utilizar a coulometria? ❖ Em princípio, qualquer reação (catódica ou anódica) pode ser utilizada em uma determinação coulométrica Dissolução de um metal Oxidação ou redução de uma espécie solúvel Condição imprescindível: - A ocorrência de apenas uma reação - Que a eficiência da corrente nesta reação seja 100% Obs.: A eficiência de corrente pode ser obtida sem que o analito participe diretamente do processo de transferência de elétrons junto ao eletrodo. Grandezas importantes em coulometria: Faraday: Carga correspondente a 1 mol de elétrons (ou 6,022 x 1023 elétrons). Coulomb: É a quantidade de carga elétrica transportada por uma corrente de 1 ampere durante 1 segundo. Carga do elétron = 1,60218 x 10-19 C/e- 1 F = 6,02218 x 1023 e- x 1,60218 x 10-19 C/e- = 96485 C Características da coulometria: ➢ Seletividade e rapidez moderada ➢ Precisão ➢ Exatidão ➢Não requer calibração contra padrões Quantidade de eletricidade A quantidade de eletricidade ou de carga pode ser estabelecida em unidades de coulomb (C) ou de faraday (F). O coulomb é a quantidade de carga transportada em um segundo por uma corrente constante de umampere. Q = It Para uma corrente variável, o número de coulombs é dado pela integral Q = Idt O faraday é a carga em coulomb associada a um mol de elétron. Assim a constante de faraday é 96485 C/mol. Q = nomolFN Onde; F é a constante de faraday N é o número de elétrons envolvidos Uma corrente constante de 0,800 A foi empregada para depositar cobre no cátodo e oxigênio no ânodo de uma célula eletrolítica. Calcule a massa de cada produto formada após 15,2 minutos, considerando a inexistência de outra reação redox. Exercício 1 O2 O Fe (III) presente em 0,8202 g de uma amostra foi determinado pela redução coulometrica a Fe(II) em um catodo de platina. Calcule a porcentagem de Fe2(SO4)3 (MM = 399,88 g mol-1) na amostra se 103,2775 C foram requeridos para promover a redução. Exercício 2 Métodos Coulométricos ➢ Coulometria a corrente constante (amperostática): Uma corrente fixa é aplicada ao longo de todo o experimento e o potencial varia. Desvantagem: Em amostras complexas, o potencial de oxidação (ou redução) de outras espécies podem ser atingidos, levando então a erros. Vantagem: A integração da corrente é simples. Q = It I, a m p e re tempo, segundos Q = It ➢ Coulometria a potencial controlado (potenciostática): O potencial do eletrodo de trabalho é mantido constante ao longo de toda a eletrólise, ocorrendo conseqüentemente um decréscimo da corrente conforme o analito é removido da solução. Evita-se assim reações paralelas, indesejáveis. A carga (em coulombs) é obtida pela integração da curva corrente/tempo: Q = Idt I, a m p e re Q=Idt tempo, segundos Célula Coulométrica Consiste de um eletrodo gerador, no qual o reagente é formado, e de um eletrodo auxiliar para completar o circuito. O eletrodo gerador deve ter uma área relativamente grande (uma tira retangular ou um fio enrolado de platina) Exemplo: Determinação coulométrica de ácido ascórbico com iodo. Eletrodo gerador: 2 I- Eletrodo auxiliar: 2 H2O + I2 + 2 e- 2 e- 2 OH- + H2(g) Na(s) célula(s) anterior(es), um dos eletrodos é colocado em compartimento separado. Qual a razão deste arranjo ser assim? Se os eletrodos não forem colocados em compartimentos separados, caso a reação envolvida não for completamente irreversível, o produto oxidado no eletrodo 1 será reduzido no eletrodo 2. Esta regeneração introduzirá um erro significativo na determinação em questão. CÉLULA DE ELETROLISE PARA COULOMETRIA POTENCIOSTATICA a) REDE DE PLATINA b) POÇO DE MERCURIO As figuras anteriores ilustram dois tipos de células utilizadas na coulometria potenciostática - A primeira (a) consiste em um eletrodo de trabalho de rede de platina, um fio de platina como contraeletrodo e um eletrodo de referencia de calomelano saturado. - O contraeletrodo está separado da solução do analito por uma ponte salina - A ponte salina é necessária para prevenir que os produtos de reação formados no contraeletrodo difundam para a solução contendo o analito, interferindo no processo. - Por exemplo, o H2 é um produto comum formado em um contraeletrodo catódico, se não estiver isolado, vai reagir com muitos analitos que serão determinados por oxidação no anodo de trabalho Em (b) é do tipo poço de mercúrio. Um catodo de mercúrio é útil na separação de elementos facilmente reduzíveis em uma etapa preliminar na analise. Alem disso, tem encontrado uma utilidade considerável na determinação coulometrica de vários cátions metálicos que formam metais que são solúveis no mercúrio. Nessas aplicações pouca ou nenhuma evolução de hidrogênio ocorre, mesmo em potenciais aplicados elevados, em virtude da grande sobrevoltagem do hidrogênio sobre mercúrio. Esta célula também é útil na determinação coulometrica de certos tipos de compostos orgânicos. APLICAÇÃO - Os métodos coulométricos a potencial controlado têm sido empregados na determinação de mais de 55 elementos em compostos inorgânicos. - O mercúrio é um cátodo popular; têm sido descritos métodos para a deposição de mais de duas dúzias de metais nesse eletrodo. - O método encontrou utilidade no campo da energia nuclear nas determinações relativamente livres de interferência de urânio e plutônio. - A coulometria a potencial controlado também oferece possibilidades para as determinações eletrolíticas (e sínteses) de compostos orgânicos. Coulometria com corrente constante (Titulações coulométricas) Neste caso, o experimento começa com uma determinada corrente e finda com a mesma corrente fluindo pela célula. São condições indispensáveis: ✓que a reação se dê com 100% de eficiência ✓que o potencial de eletrodo seja controlado ✓que haja uma forma de indicar o fim da reação Princípio ✓ O reagente titulante é gerado eletroquimicamente mediante a aplicação de um controle adequado da corrente que flui no sistema. ✓ Ou ambos, reagente titulante e analito são gerados eletroquimicamente sob condições controladas. ✓ Em ambos os casos a eficiência de corrente tem que ser muito próxima de 100%. Ou seja, a quantidade de mol de elétrons gerados deve estar diretamente relacionada com a quantidade de mol de reagente gerado. O reagente pode ser gerado: Internamente – reação primária (ou direta) Pode ser aplicada apenas a poucos casos. Ex: Determinação de ácidos ➢ Por eletrólise pode-se gerar H+ ou OH- Internamente – reação secundária (ou indireta) São as mais utilizadas. Permitem quantificar espécies que não podem ser determinadas diretamente e favorecem o estabelecimento de condições onde o processo se dá com 100% de eficiência. Formação externa do reagente A geração externa de reagentes pode ser aplicada quando uma amostra contém outras espécies que possam reagir a nível de eletrodo. ❖ O caso mais comum é a geração coulométrica de H+ ou OH-. Esquema de um sistema para titulações coulométricas ✓Ao se ligar a chave em 1, a corrente começa a fluir através da célula onde o titulante é gerado eletroquimicamente. ✓Ao mesmo tempo o cronômetro é disparado. ✓Quando um indicador apropriado sinalizar para a chegada do ponto de equivalência, o cronômetro é desligado. ✓Conhecendo-se a corrente, e o tempo de eletrólise, temos a quantidade de carga gerada durante o processo e, portanto, a quantidade de titulante. ✓O cronômetro é a bureta e a chave é a torneira da bureta. Reagente será produzido Completará o circuito Retângulo de Pt, folha, fio enrolado, rede cilíndrica → área superficial alta para evitar efeito de polarização CÉLULA Exercício 3 Uma solução de arsenito de concentração exatamente conhecida (5,00 x 10-3 mol/L) foi titulada com I2 gerado eletroquimicamente em um experimento coulométrico a corrente constante. Pergunta-se: a) Quais são as reações que acontecem nos eletrodos? b) Qual é o valor da corrente sabendo-se que o ponto de equivalência para a 100,0 mL de amostra foi atingido após 4,00 minutos? Titulação ácido-base Ácidos fracos e fortes podem ser titulados com alto grau de precisão, usando íons hidróxidos gerados em um cátodo pela reação. 2 H2O + 2 e- 2 OH- + H2(g) Já a titulação coulométrica de bases fortes e fracas pode ser realizada com íons hidrogênio gerados em um ânodo de platina. H2O ½ O2(g) + 2 H+ + 2 e- Titulações coulométricas envolvendo reações de neutralização, precipitação e complexação HgNH3Y2- + NH4+ + 2e- = Hg(l) + 2NH3 + HY3- Titulações coulométricas envolvendo reações de oxidação/redução A determinação do ponto de equivalência (ponto final) em titulações coulométricas ✓ Os mesmos indicadores, químicos ou eletroquímicos podem ser utilizados. ✓ Numa titulação de neutralização podemos usar um indicador universal de pH, um eletrodo de membrana de vidro (potenciometria), ou ainda uma célula de condutância (condutometria) ✓ Numa titulação de precipitação podemos usar um indicador de adsorção (caso de haletos) ou um eletrodo indicador de Ag (potenciometria). ✓ A concentração e tipo de analito é que vão indicarqual o melhor método a ser escolhido. Exercício 4 O I2 gerado eletroliticamente foi empregado na determinação da quantidade de H2S em 100,0 mL de agua salobra. Após a adição de um excesso de KI, a titulação precisou de uma corrente constante de 46,3 mA por 11,05 minutos. a) Indique as reações que ocorrerão nos eletrodos e a subsequente reação química envolvida. b) Expresse os resultados da analise em termos de ppm de H2S É baseado na oxidação de SO2 pelo I2 em presença de água. CH3OH + SO2 + RN →[RNH]SO3CH3 I2 + [RNH]SO3CH3 + H2O + 2RN →[RNH]SO4CH3 + 2[RNH]I RN = base(imidazol) MÉTODO KARL FISCHER – DETERMINAÇÃO DE ÁGUA Karl Fischer propôs um reagente preparado pela ação de dióxido de enxofre sobre uma solução de iodo numa mistura de imidazol e metanol anidros. A água reage com este reagente num processo de duas etapas, no qual uma molécula de iodo desaparece para cada molécula de água presente. A determinação do ponto final da reação pode ser visual, isto é, quando for percebido um pequeno excesso de titulante. A viragem ocorre de amarelo para uma coloração parda. Deve-se tomar bastante cuidado quando utilizamos Karl Fischer para evitar contaminação do reagente e da amostra pela umidade atmosférica, todo material deve ser devidamente seco antes do uso. Para a análise da quantidade de H2O em uma amostra de NaClO4.xH2O, inicialmente a água contida em metanol foi consumida com a adição de reagente de Karl Fischer. A seguir, a padronização do reagente foi feita por titulação, com adição de 0,0533 g de água, levando ao consumo de 8,00 mL do reagente. Finalmente, uma amostra de 0,3528 g de NaClO4.xH2O consumiu 6,80 mL do reagente de Karl Fischer. Calcule o número de água(s) de hidratação deste sal. Exercício 5 5,537 + 0,8136x = 6,3504x 5,537 = 5,5368 x X – 1~ Padronização do reagente
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