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1 AULA PATOLOGIA E DELITO

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Profa.: Ana Cristina 
PSICOPATOLOGIAS 
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Psicopatologia
A palavra "Psico-pato-logia" é composta de três palavras gregas:
 1. "psychê", que produziu "psique", "psiquismo", "psíquico",
 2. "alma"; "pathos", que resultou em "paixão", "excesso", "passagem", "passividade", "sofrimento", e 
 3. "logos", que resultou em "lógica", "discurso", "narrativa", "conhecimento”. 
Psicopatologia seria, então, um discurso, um saber, (logos) sobre o sofrimento, (pathos) da mente (psiquê). Ou seja, um discurso representativo a respeito do pathos, o sofrimento psíquico, sobre o padecer psíquico.[1]
Psicopatologia 
Ciência que estuda os estados mentais patológicos do ser humano.
A personalidade é integrada por sistemas psicológicos responsáveis por padrões de comportamento, pensamento, sentimento e emoção que compõe as características únicas de um indivíduo. O estado patológico determina-se com a predominância de quadros emocionais que prevalecem na vida do indivíduo, gerando sofrimento psíquico. 
PSICOPATOLOGIAS
Para haver imputabilidade há necessidade, sine qua non, de haver integridade da cognição
Psicanálise 
“A psicanálise denuncia, a partir de Freud (com o Mal-estar da civilização, de 1930), que há uma impossibilidade radical que impede o sujeito de lograr a felicidade, e aponta pelo menos três razões para isso: (1) A fragilidade do corpo; (2) Os poderes superiores da natureza; (3) As dificuldades inerentes às relações com os outros seres humanos.” (Iordan Gurgel,2004)
Transtornos de Personalidade
Os transtornos de personalidade caracterizam-se pelo comprometimento de componentes psicológicos básicos e representam desvios extremos ou significativos das percepções, dos pensamentos, das sensações e relações interpessoais de um indivíduo numa determinada cultura.
O Conceito de Personalidade
“Conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no total das
características individuais, em sua relação com o meio, incluindo
todos os fatores físicos, biológicos, psíquicos e socioculturais de 
sua formação, conjugando tendências inatas e experiências 
adquiridas no curso de sua existência”
 
 (Bastos 1997)
 
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Ressalta-se uma dimensão essencial do conceito de personalidade que é seu duplo aspecto: relativamente estável ao longo da vida do indivíduo e relativamente dinâmico, sujeito a modificações, dependendo de mudanças existenciais ou alterações neurobiológicas. A estrutura da personalidade mostra-se essencialmente dinâmica, podendo ser mutável – sem ser necessariamente instável – e encontrar-se em constante desenvolvimento.
“Ao estudarmos a personalidade é importante estar atento à complexidade do tema, à sua dimensão multifacetada e à facilidade com que se cometem erros e simplificações ao se tentar desvendar os mistérios da personalidade humana”.
 Paulo Dalgalarrondo
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Person-al-idade
Origem etimológica: 
 person do latim persona – máscara, personagem, pessoa, indivíduo
 personal do latim personalis – pessoal
 personalidade do latim tard. personalitate – caráter ou qualidade do 
 que é pessoal: pessoalidade
A origem etimológica ilumina a dimensão complexa do conceito e a sua dimensão multifacetada.
Person – elemento de composição.
Personal (elemento de composição – prefixo) – (novo Aurélio – Sec. XXI Ed. Nova Fronteira)
A máscara que cobria o rosto dops cômicos em Roma ao representarem os diferentes personagens de uma pessoa.
Paulo Dalgalarrondo
Aspectos relacionados a personalidade e a sua expressão:
 Constituição corporal: é o conjunto de propriedades morfológicas, 
metabólicas, bioquímicas, hormonais, etc. transmitidas aos indivíduos
principalmente pelos mecanismos genéticos.
 Temperamento: é o conjunto de particularidades psicofisiológicas e
psicológicas inatas, que diferenciam um indivíduo do outro e que são 
determinados por fatores genéticos ou constitucionais precoces.
 Caráter: é a soma de traços de personalidade, expressas no modo 
básico do indivíduo reagir perante a vida, seu estilo pessoal, formas
de interação social, gostos, aptidões, etc.
O temperamento não deve ser confundido com o caráter, pois o
temperamento é algo básico e constitutivo do indivíduo, enquanto
que o caráter traduz-se pelo tipo de reações predominantes do 
indivíduo frente às diversas situações e estímulos do ambiente.
A personalidade e seu desenvolvimento:
Para Freud, a constituição de personalidade passa pelas vicissitudes da
libido (energia sexual), pelo seu desenvolvimento em diversas fases, 
pelo modo como se estrutura o desejo inconsciente e os modos como o
eu lida com seus conflitos e frustrações libidinais.
Na concepção freudiana a trama estrutural inconsciente de amor, ódio e
temor de represália em relação aos pais, o O complexo de Édipo é de
especial importância. A personalidade do adulto vai se formar pela 
introjeção (basicamente inconsciente) dos relacionamentos que se
estabelecem no interior das relações familiares, em particular da criança
pequena com os seus pais, e desses com ela.
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As fixações infantis da libido e a tendência à regressão(a esses pontos de fixação) acabam por determinar tanto os tipos de neuroses, como o perfil de personalidade do adulto.
 
Transtornos da Personalidade 
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Para K. Schneider, psiquiatra alemão, estes seriam os elementos centrais dos TP
H. Ey não apresentava uma categoria de distúrbios da personalidade.
Thorley (1986) no capítulo “Neuroses e desordens de personalidade” (Diseases or Illness, p.197). Cita Lewis (1953) advertindo que não podemos equiparar doença com desvio social ou desajuste.
O conceitode personalidade anormal e psicopática – classificação
“ das personalidades anormais distinguimos como personalidade 
psicopáticas aquelas que sofrem com sua anormalidade ou que 
fazem sofrer a sociedade” 
“ são variações determinadas por disposições, mas amplamente sujeitas
a manifestações provocadas pelo desenvolvimento e pelas oscilações
de seu fundamento básico e pelas influências de condições,
vivências em sentido lato” 
Kurt Schneider
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Personalidade para K.Schneider compreende os sentimentos, as tendências não corpóreas e a vontade.
As personalidades anormais são variações de uma faixa média que se tem em mente. O critério do termo médio não é uma norma de valor. Entre as personalidades anormais e e os estados classificados como normais há transições sem limite algum.
K.S. não relaciona as personalidades anormais como mórbidas pois não as relaciona com enfermidades ou malformações.
O conceito de disposições para K.S. é amplo porém não inclui disposições hereditárias.
“...em razão da multiplicidade das 
configurações e combinações 
individuais, é muito raro que uma
qualidade só predomine tanto e 
caracterize uma pessoa a ponto
de se poder designá-la corretamente
por ela...”
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“Uma vez que as qualidades escolhidas para designações são apenas algumas entre muitas outras e sempre relativas ao sentido e propósito da análise, é tão difícil por isso uma descrição clara dos tipos psicopáticos”
Fatores/Causas
A causa exata dos transtornos de personalidade ainda é desconhecida. Entretanto, acredita-se que muitos fatores genéticos e ambientais estejam envolvidos. 
Além disso, para cada tipo de transtorno de personalidade, pode haver uma causa diferente. 
As causas destes transtornos geralmente são múltiplas, mas relacionadas com as vivências infantis e as da adolescência do indivíduo.
Dentre os fatores causadores, a genética, a química cerebral (problemas hormonais ou uso de substâncias tóxicas que afetam o cérebro) e o estilo de vida são tidos como os principais desencadeadores dos diversos transtornos existentes. Doenças em outras partes do corpo podem afetar a mente, e inversamente, transtornos ou doenças mentais podem também desencadear outras doenças pelo corpo, produzindo sintomas somáticos.
Etiologia:
 Fatores genéticos:
Um estudo com 15000 pares de gêmeos realizado nos EUA evidenciou 
que em gêmeos monozigóticos a concordância para transtornos de 
personalidade era várias vezes maior do que para gêmeos dizigóticos.
 Fatores biológicos:
Hormonal – pessoas com traços impulsivos demonstram frequentemente
Altos níveis de testosterona, 17-estradiol e estrona.
Plaquetas Monoamino Oxidase – Observou-se um nível baixo de MAO 
em pacientes com transtorno esquizotípico.
Neurotransmissores – Observou-se níveis baixos de um metabólito da 
serotonina o acido 5-hidroxindolacético (5-HIAA) em pessoas impulsivas
e agressivas como também em pessoas que tentaram suicídio. 
Eletrofisiologia – Foram observadas alterações na condutância elétrica no
EEG.
 Fatores Psicanalíticos:
Mecanismos de Defesa – Fantasias; dissociação; isolamento; projeção;
agressão passiva; atuação.
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Estudos recentes de neuroimagem identificam as regiões do cortex orbito frontal, a amigdala e o hipotalamo como relacionadas ao tipo borderline. O neurotransmissor implicado neste transtorno é a serotonina (baixos níveis)
Fatores/Causas
Segundo Winnicott, quando crianças sofrem privação afetiva, manifestam-se os comportamentos antissociais no lar ou numa esfera mais ampla. Do ponto de vista psicodinâmico, estes comportamentos demonstram esperança em obter algo bom que foi perdido, sendo a ausência de esperança a característica básica da criança que sofreu privação. O jovem experimenta um impulso de busca do objeto, de alguém que possa encarregar-se de cuidar dele, esperando poder confiar num ambiente estável, capaz de suportar a tensão resultante do comportamento impulsivo. O ambiente é repetidamente testado em sua capacidade para suportar a agressão, tolerar o incômodo, impedir a destruição, preservando o objeto que é procurado e encontrado.
Fatores/Causas
São fatores associados a comportamento anti-social na infância: ser do sexo masculino, receber cuidados maternos e paternos inadequados, viver em meio à discórdia conjugal, ser criado por pais agressivos e violentos, ter mãe com problemas de saúde mental, residir em áreas urbanas e ter nível socioeconômico baixo.
Alguns autores referem que a baixa renda associada ao comportamento anti-social da criança está relacionada à personalidade anti-social materna e à negligência por parte dos pais. De fato, pode-se supor que mães antissociais teriam maior dificuldade para atingir níveis de renda mais elevados, pois não manter-se-iam no emprego e teriam menor condição de manter um relacionamento estável com um marido ou companheiro que contribuísse com a renda familiar. Pais antissociais também são frequentemente irresponsáveis e negligentes com seus filhos, deixando de alimentá-los adequadamente ou levá-los ao médico quando doentes. Além disso, adolescentes vivendo na pobreza e pouco valorizados pelos pais podem buscar reconhecimento pessoal e ascensão econômica através de atividades delinquenciais grupais.
Com as classificações dos transtornos mentais iniciadas 
em 1980, por ocasião do surgimento do DSM-III, 
os transtornos de personalidade 
adquirem um novo status e novos caminhos.
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DSM – IV (1994)
 Os Transtornos de Personalidade são considerados como “padrões
persistentes de experiência íntima e comportamento, que se desviam
acentuadamente das expectativas do ambiente cultural do indivíduo,
sendo permanentes e inflexíveis, iniciados na adolescência ou começo
da vida adulta, estáveis no tempo e conduzindo a mal-estar ou 
alterações de conduta”.
Para o diagnóstico de cada um dos tipos de TP são propostos critérios 
operacionais. São dez tipos de TP agrupados em três categorias:
Paranóide, Esquizóide, Esquizotípica;
Anti-social, Limítrofe (Borderline), Histriônica, Narcisista;
Esquiva, Dependente, Obsessivo-Compulsiva.
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American Psychiatric Association Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disosrders (DSM – IV) – É um manual de nosologia, contém a nomenclatura oficial usada por psiquiatras e outros profissionais de saúde nos EEUU
 1. Surgimento precoce e tendência a permanecer estáveis ao longo da vida;
2. Manifestam comportamentos e reações afetivas desarmônicas, envolvendo vários aspectos da vida do indivíduo;
Estabilidade e longa duração do padrão anormal de comportamento e de respostas afetivas e volitivas, não limitado ao episódio de uma doença mental;
O padrão anormal inclui muitos aspectos do psiquismo e da vida social do 
 indivíduo;
Padrão comportamental mal-adapativo;
São condições não relacionadas diretamente à lesão cerebral evidente ou
 a outro transtorno psiquiátrico
Levam a algum grau de sofrimento (angustia, solidão, amargura, sensação de fracasso pessoal, dificuldades nos relacionamentos, etc.);
Geralmente contribuem para um mal desempenho ocupacional e social.
CID – 10 (1993) Transtornos de Personalidade – características:
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Classificação Internacional de Doenças e Problemas relacionados a Saúde da Organização Mundial da Saúde. A CID - 10 é a classificação atual de transtornos mentais da OMS.
Capítulo F 60 – F 62: Transtornos específicos de personalidade, transtornos de personalidade, mistos e outros, e alterações permanentes de personalidade. 
F 60: os transtornos específicos de personalidade com 8 subtipos sendo que o subtipo 3 apresenta duas subdivisões (tipo impulsivo e tipo borderline). 
F61: classifica dois tipos de TP: mistos e alterações importantes. 
F62: Alterações permanentes de personalidade não atribuíveis a lesão ou doença cerebral. Este capítulo trata ainda dos transtornos de hábitos e impulsos, identidade sexual, preferência sexual, comportamentos associados aodesenvolvimento e orientações sexuais.
TP – CID 10
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 F60.0 Transtorno de personalidade paranóide
 F60.1 Transtorno de personalidade esquizóide
 F60.2 Transtorno de personalidade anti-social
 F60.3 Transtorno de personalidade emocionalmente instável
 F60.30 Tipo impulsivo
 F60.31 Tipo borderline (limítrofe)
 F60.4 Transtorno de personalidade histriônica
 F60.5 Transtorno de personalidade anacástica
 F60.6 Transtorno de personalidade ansiosa (de evitação)
 F60.7 Transtorno de personalidade dependente
 F60.8 Outros transtornos de personalidade
 F60.9 Transtornos de personalidade, não especificado
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Transtorno de personalidade paranóide
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F60.0 Transtorno de personalidade paranóide
 Sensibilidade excessiva a contratempos e rejeições; 
 tendência a guardar rancores; desconfiança e uma tendência invasiva a distorcer experiências por interpretar erroneamente as ações; 
 Obstinado senso de direitos pessoais em desacordo com a situação real; 
 Suspeitas recorrentes, injustificadas, com respeito à fidelidade sexual do parceiro; 
 Tendência a experimentar autovalorização excessiva, numa atitude persistente de auto-referência;
 Preocupação com explicações “conspiratórias”, não substanciadas.
A prevalência dos transtornos de personalidade paranóide é de 0.5 a 2.5% da 
população em geral. É mais comum em homens do que mulheres.
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F60.1 Transtorno de personalidade esquizóide
 Poucas atividade produzem prazer; 
 Frieza emocional, embotamento afetivo;
 Capacidade limitada para expressar sentimentos; 
 Indiferença aparente a elogios ou críticas; 
 Pouco interesse por experiências sexuais com outra pessoa; 
 Preferência por atividades solitárias; 
 Preocupação excessiva com fantasia e introspecção; 
 Falta de amigos íntimos ou confidentes; 
 Insensibilidade marcante para com normas e convenções sociais.
A prevalência do transtorno de personalidade esquizóide não está bem estabelecida. 
Estima-se em 7.5% da população geral. Alguns estudos referem uma relação de 2:1 
para os homens em relação as mulheres.
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Transtorno de personalidade anti-social (sociopatia)
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F60.2 Transtorno de personalidade anti-social (sociopatia)
 Indiferença pelos sentimentos alheios; 
 Atitude persistente de irresponsabilidade e desrespeito por normas,
regras e obrigações sociais
 incapacidade para manter relacionamentos embora não haja dificuldades
em estabelecê-los.
 Baixa tolerância a frustração e baixo limiar para descarga de agressão, 
incluindo violência.
 Incapacidade para experimentar culpa e de aprender com a experiência.
 Propensão marcante para culpar o outro ou para oferecer racionalizações
plausíveis para o comportamento que levou o paciente a conflito com a 
sociedade..
A prevalência do transtorno de personalidade anti-social é de 3% para o sexo 
masculino e de 1% para o feminino. Na população carcerária é maior do que 
75%.
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Características Específicas à Cultura, à Idade e ao Gênero
Parece estar associado a baixa situação socioeconômica.
É muito mais comum em homens (3%) do que em mulheres (1%).
Taxa de prevalência maiores estão associadas aos contextos de tratamento de substâncias, forenses ou penitenciários.
É mais comum entre os parentes biológicos em primeiro grau de indivíduos com transtorno do que na população em geral.
O risco dos parentes biológicos de mulheres é maior do que para os parentes biológicos de homens.
Estudos indicam que fatores genéticos e ambientais contribuem para o risco deste transtorno.
Transtorno de personalidade emocionalmente instável
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O paciente border tolera mal as separações, vivenciando-as como abandono e rejeição. Nos relacionamentos identifica-se uma fase de idealização com uma valorização extrema da outra pessoa, para, num segundo momento, ao menor deslize, essa mesma pessoa passa a ser vista como um demônio. Splitting (cisão) considerado como uma “defesa primitiva”
Comportamento pendular.
F60.3 Transtorno de personalidade emocionalmente instável
Tendência marcante a agir impulsivamente sem consideração das 
conseqüências, junto com instabilidade afetiva (impulsividade e falta
de controle). Inclui dois subtipos:
F60.30 Tipo impulsivo
As características predominantes são instabilidade emocional e falta de
controle de impulsos.
F60.31 Tipo borderline (limítrofe)
Instabilidade emocional intensa; sentimento crônico de vazio;instabilidade
nos relacionamentos pessoais oscilando entre“paixão” ou “amizade” para
“ódio” e “rancor” profundos; esforço para evitar abandono, dificuldades 
sérias em relação a auto-imagem, aos objetivos e preferências; atos 
repetitivos de autolesão, envolvendo-se em atuações perigosas; atos 
suicidas repetitivos. 
Estima-se em 1 a 2% da população, duas vezes mais comum em 
mulheres do que em homens.
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O paciente border tolera mal as separações, vivenciando-as como abandono e rejeição. Nos relacionamentos identifica-se uma fase de idealização com uma valorização extrema da outra pessoa, para, num segundo momento, ao menor deslize, essa mesma pessoa passa a ser vista como um demônio. Splitting (cisão) considerado como uma “defesa primitiva”
Comportamento pendular.
Transtorno de personalidade histriônica
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F60.4 Transtorno de personalidade histriônica
 Dramatização, teatralidade, expressão exagerada das emoções;
 Sugestionabilidade aumentada, facilmente influenciável;
 Afetividade superficial, pueril e lábil;
 Busca contínua de atenção e apreciação pelos outros, que ser o
centro das atenções;
 Sedução inapropriada em aparência e comportamento;
 Erotização de situações a princípio “não eróticas”;
 Infantibilidade, tendência a reações infantis.
Prevalência na população em geral de 2 a 3%. É diagnosticado com mais freqüência 
em mulheres do que em homens. 
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 F60.5 Transtorno de personalidade anacástica ou obsessiva
 Sentimentos de dúvida e de cautela excessivas;
 Preocupação com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou esquemas;
 Perfeccionismo que interfere com conclusões de tarefas;
 Consciencioso em excesso, escrupulosidade e preocupações indevidas com
produtividade com exclusão do prazer e das relações pessoais;
 Pedantismo e aderência excessivos às convensões sociais;
 Rigidez e teimosia;
 Insistência não razoável para que os outros se submetam à sua maneira de
fazer as coisas;
 Intrusão de pensamentos ou impulsos insistentes e inoportunos.
A prevalência deste transtorno é desconhecida. É mais comum em homens do que 
em mulheres
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F60.6 Transtorno de personalidade ansiosa (de evitação)
 Sentimentos persistentes e invasivos de tensão e apreensão;
 Crença de ser socialmente inepto, desinteressante ou inferior;
 Preocupação excessiva em ser criticado ou rejeitado;
 Relutância em se envolver com pessoas;
 Restrições no estilo de vida devido a necessidade de segurança física;
 Evitação de atividades sociais e ocupacionais que envolvam contato 
interpessoal significativo com medo de desaprovação ou rejeição.
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F60.7 Transtorno de personalidade dependente
 Encorajar ou permitir que outros tomem a maioria das decisões
 importantes da vida do indivíduo;
 Subordinação de suas necessidades àquelas dos outros dos quais é
dependente, aquiescência aos desejos desses.
 Relutância em fazer exigências ainda que razoáveis às pessoas que
depende;
 Sentir-se desconfortável ou desamparado quando sozinho;
 Preocupações com medo de ser abandonado e ter que cuidar de si;
 Capacidade limitada para tomar decisões cotidianas.
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F60.8 Outros transtornos de personalidade
Inclui: Transtorno de personalidade narcísico, excêntrica, imatura, 
passivo-agressiva e psiconeurótica
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Críticas às classificações adotadas pela OMS e APA:
Não existem dados empíricos, nem experiências clínicas de consenso.
Como são formulados, os TP aumentam a prevalência e a morbidade.
Os modelos seriam dimensionais e não categoriais.
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Louis Cahrland assinala que o grupo B da DSM para TP – Anti-social,Borderline, histriônico, narcísico seriam mais uma condição moral do que clínica, centrando sua 
argumentação na análise da terminologia utilizada nos critérios da DSM (desonesidade, irresponsabilidade, pretenciosos, imprudente, teatral, inadequado, arrogante, etc.)
Potter comenta que a maior parte dos cuidadores de TP borderline tendem a julga-los mais do campo moral o que os impossibilita de empatizar com eles.
Validação do conceito 
 Até que ponto os TP são distúrbios psíquicos?
 É possível falar de um contínuum?
 A validação desta categoria convence?
No modelo dimensional poderíamos falar de um contínuum entre personalidades marginais, TP, doenças.
Os TP poderiam ser um fator predisponente, ou conseqüência, ou forma atenuada de doença mental, ou categorias nosológicas independentes.
Os critérios propostos s~]ao estabilidade, permanência, inclusão de todas as áreas da personalidade (cognição, humor, comportamento, estilo pessoal); o fato de criarem situações problemáticas, reações aversivas por parte dos outros, sofrimento.
Limitações e objeções às definições de TP
 (Cloninger, 1987)
Cada indivíduo teria traços característicos para vários tipos de TP.
2. A separação entre traços de personalidade desajustada e TP seria
arbitrária, por causa dos diferentes estilos cognitivos e sociais, que encaram
diferentemente os graus, a natureza e a gravidade do desajustamento.
A adaptação depende de variáveis situacionais e temperamentais. O
mesmo temperamento pode levar a um ajuste bom em certas situações, e 
desabilidade e mal-estar em outras.
Condutas tipicamente escolhidas como critério de adaptação em certas
 culturas, podem ser vistas como indesejáveis em outras.
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Os Transtornos de Personalidade para a Psiquiatria Forense
 
A categoria Transtornos de Personalidade não permite eliminar as
dúvidas numa avaliação jurídica
 Os TP são considerados em psiquiatria forense como uma perturbação da saúde mental 
 Examina-se a capacidade de entendimento e determinação de um indivíduo com TP, em relação a um ato criminoso específico praticado por ele.
 Em termos jurídicos, os indivíduos com TP podem ser enquadrados na 
imputabilidade ou semi-imputabilidade, na dependência de terem ou não 
comprometida a capacidade de determinação para o delito analisado.
 A inimputabilidade não se aplica a portadores de tais transtornos. 
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As perturbações da saúde mental diferem das doenças mentais do ponto
De vista forense, pelo tipo e pelo grau de interferência que exercem na 
capacidade de um indivíduo de estar e se relacionar na sociedade.
Situações especiais como co-morbidades psiquiátricas ou dependência de drogas em níveis alarmantes, devem ser especificamente estudadas.
Tratamento
Uma doença ou transtorno mental pode ser tratado através de medicamentos, ou várias formas de psicoterapia. O diagnóstico envolve o exame do estado mental confrontando seu histórico clínico, utilizando-se também de testes psicológicos, exames neurológicos, de imagem e exames físicos.
Tratamento
A farmacoterapia é um auxiliar do tratamento psicoterápico que na 
maioria dos casos é o tratamento principal.
 Difícil adesão aos tratamentos
 Importância do relacionamento médico-paciente
 A psicoterapia de base dinâmica tem sido estudada em pacientes 
borderlines.
 As psicoterapias de base comportamentais parecem dar os melhores
resultados.
 Preconiza-se para os pacientes borderlines o uso de IRS
 Os TP evitadores de ansiedade respondem bem aos ansiolíticos
 Os TP esquizóides respondem bem a neurolépticos.
 Abordagem dimensional para utilização de psicofármacos
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A psicoterapia de longa duração mostra bons resultados tanto para borders quanto para TP narcísica.
O relacionamento médico-paciente é de particular importância na utilização de medicamentos. È importante conhecer o paciente para aumentar a capacidade de prever seu comportamento.
A abordagem dimensional implica em tratar “sintomas-alvo” (target-symptoms) que podemos dividir os sintomas-alvo em: sintomas psicóticos; raiva/agressividade/impulsividade; sensibilidade à rejeição; sintoma e/ou síndrome depressiva.
Lembrar que os benzodiazepinicos em pacientes border parecem ter um efeito desinibitório que lembra a ação de bebidas alcoólicas.
Os principais psicofármacos utilizados no manejo dos pacientes border são os antipsicóticos, antidepressivos, benzodiazepinicos e anticonvulsivantes.
Pesquisas de um determinado aspecto dão resultados contraditórios por causa das falhas dos critérios usados para selecionar os casos para estudo
Controvérsias e debates atuais sobre o conceito de TP
Estudos recentes de caráter longitudinal com pacientes diagnosticados com TP sugerem que o critério básico para de diagnóstico para TP – o modo de atuar, pensar e sentir enquanto um padrão permanente e estável não é tão estável, que este seria mais uma suposição do que uma evidência empírica.
Diversos autores propõem que os TP, sejam incluídos no eixo I da DSM e que o eixo 
II se destine a uma avaliação global da personalidade tanto nos seus aspectos saudáveis quanto disfuncionais.
Conceituar TP é extremamente complexo pois envolve o EU do sujeito e 
sua evolução ao longo da vida, a sociedade e suas mudanças e a 
Interação entre ambos.
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Responsabilidade penal e capacidade civil
Variações do padrão de comportamento considerado normal, mas que não alcançam a condição de doença mental propriamente dita, são condições que demandam atenção especial nas questões forenses. Em psiquiatria forense brasileira, os transtornos de personalidade não são considerados doença mental, mas, sim, perturbação da saúde mental.
Na esfera penal, examina-se a capacidade de entendimento e de determinação de acordo com o entendimento de um indivíduo que tenha cometido um ilícito penal. A capacidade de entendimento depende essencialmente da capacidade cognitiva, que se encontra, via de regra, preservada no transtorno de personalidade antissocial, bem como no psicopata. Já em relação à capacidade de determinação, ela é avaliada no Brasil e depende da capacidade volitiva do indivíduo. Pode estar comprometida parcialmente no transtorno antissocial de personalidade ou na psicopatia, o que pode gerar uma condição jurídica de semi-imputabilidade. Por outro lado, a capacidade de determinação pode estar preservada nos casos de transtorno de leve intensidade e que não guardam nexo causal com o ato cometido. 
Responsabilidade penal e capacidade civil
Na legislação brasileira, a semi-imputabilidade faculta ao juiz diminuir a pena ou enviar o réu a um hospital para tratamento, caso haja recomendação médica de especial tratamento curativo.
A medida de segurança para realizar especial tratamento curativo é, por sua vez, bastante polêmica, devido à grande dificuldade de se tratar de forma eficaz os portadores de transtorno anti-social. Outro ponto merecedor de questionamento é a aplicação de um regime de tratamento hospitalar ou ambulatorial na dependência do tipo de punição previsto para o crime praticado, ao invés de depender do quadro médico-psiquiátrico apresentado.
Na esfera cível, apesar de existirem várias outras solicitações, o exame psiquiátrico mais comumente realizado no Brasil é aquele para fins de interdição, em que se avalia a capacidade do indivíduo de reger sua própria pessoa e administrar seus bens. A maioria dos portadores de transtorno de personalidade anti-social não sofre qualquer intervenção judicial. No entanto, casos mais graves podem gerar uma interdição parcial.
Bibliografia
 Átopos – saúde mental, comunidade e cultura – Condutas Psicopáticas - num. 
5 Madri, Exlibres Ediciones, S.L., 2006
 Bueno, J.R., Nardi, A.E. (org.) Diagnóstico e Tratamento em Psiquiatria –
Rio de Janeiro: MEDSI Editora Médica e Científica Ltda., 2000
 Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento daCID-10: 
Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas – Coord. Organiz. Mund. da 
Saúde; tradução Dorgival Caetano – Porto Alegre:– Artes Médicas,1993
 Dalgalarrondo, P. – Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais / 
Paulo Dalgalarrondo. – Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000
 Sadock, Benjamin J. – Kaplan & Sadock´s synopsis of psychiatry: behavioral 
sciences, clinical psychiatry 9th ed. Philadelphia, USA: Lippincott Williams & 
Wilkins, 2003
 Schneider, K. Psicopatologia Clínica. 2ª ed. Ed. Mestre Jou S.P., 1976
 Sonenreich, C., Estevão, GG., Silva Filho, L.M.A. Psiquiatria: propostas, 
 notas, comentários – São Paulo: Lemos-Editorial, 1999
 Taborda,J.G.V.; Chalub, M.; Abdala-Filho,E. (org.) Psiquiatria Forense – Porto
Alegre: Artmed, 2004.
44

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