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TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE

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Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE 
SUMÁRIO 
Introdução ...................................................................................................................................................................................... 2 
Personalidade = temperamento + caráter ................................................................................................................................. 2 
Epidemiologia ................................................................................................................................................................................. 2 
ETIOLOGIA ...................................................................................................................................................................................... 2 
Fatores genéticos + biológicos + meio ambiente ....................................................................................................................... 2 
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE ............................................................................................................................................. 3 
Quadro clínico ................................................................................................................................................................................ 3 
CLUSTER A (ESQUISITOS E EXCÊNTRICOS) .................................................................................................................................. 4 
Transtorno da personalidade paranoide ................................................................................................................................ 4 
Transtorno da personalidade esquizoide ............................................................................................................................... 4 
Transtorno da personalidade esquizotípica ........................................................................................................................... 4 
CLUSTER B (DRAMÁTICOS E EMOTIVOS) .................................................................................................................................... 6 
Transtorno da personalidade borderline ............................................................................................................................... 6 
Transtorno da personalidade histriônica ............................................................................................................................... 6 
Transtorno da personalidade narcisista ................................................................................................................................. 6 
CLUSTER C (ANSIOSOS E EVITATIVOS) ........................................................................................................................................ 8 
Transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva ............................................................................................................. 8 
Transtorno da personalidade dependente............................................................................................................................. 8 
Transtorno da personalidade esquiva ou evitativa ................................................................................................................ 9 
Diagnóstico ................................................................................................................................................................................... 10 
Tratamento................................................................................................................................................................................... 11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
INTRODUÇÃO 
A personalidade consiste em todas as características próprias de um indivíduo, como seus estilos cognitivos, afetivos, de 
interesses e no modo com que este se relaciona com o mundo e os demais indivíduos. 1 Apesar de relativamente estável ao 
longo da vida, apresenta-se em constante desenvolvimento dinâmico. Sua formação é multifatorial, dependendo de fatores 
físicos, biológicos, psíquicos e socioculturais. 
A personalidade tem como pano de fundo o temperamento (básico e constitutivo do indivíduo), fortemente influenciado por 
características genéticas e hereditárias, sobre o qual se desenvolve o caráter, predominantemente influenciado por fatores 
psicológicos e de desenvolvimento. 
A personalidade seria então resultado do modo pelo qual o indivíduo equacionou, consciente e/ou inconscientemente, o seu 
temperamento com as exigências e expectativas internas e externas, sendo fortemente influenciada pelas relações 
estabelecidas nos primeiros anos de vida e pela forma com a qual tais experiências foram internalizadas pelo indivíduo 
PERSONALIDADE = TEMPERAMENTO + CARÁTER 
Vasto campo de estudo e pesquisa, a personalidade é examinada e compreendida pelas diversas linhas de pensamento sob 
diferentes enfoques. De um ponto de vista neurobiológico (como o modelo de personalidade de Cloninger), busca-se explicar 
os padrões de funcionamento e resposta aos estímulos ambientais a partir de uma compreensão neuroestrutural e biológica. 
De um ponto de vista psicodinâmico, iluminam-se os aspectos relacionais e inconscientes constitutivos da subjetividade 
humana e que estariam implicados no desenvolvimento da personalidade. 
• De acordo com a concepção psicanalítica das relações objetais de Otto Kernberg, são características da personalidade: 
a identidade (estrutura psicológica de ordem superior responsável pelo senso de self e pela percepção dos outros significativos) 
e os mecanismos de defesa mais comumente utilizados pelo indivíduo (variando dos mais maduros, como humor e sublimação, 
aos mais imaturos, como a cisão e identificação projetiva), os quais formariam padrões de funcionamento estáveis e 
duradouros, organizadores da conduta, das percepções e da experiência subjetiva do indivíduo (Tabela 12.1). 
 
As personalidades, de acordo com tal linha de pensamento, também são avaliadas de acordo com o grau de rigidez com que 
lidam com as relações e situações e com o teste de realidade (intacto ou não, no caso de pacientes psicóticos) 
EPIDEMIOLOGIA 
A prevalência internacional estimada de transtornos de personalidade na comunidade é de 11%. Em geral, os transtornos de 
personalidade são mais comuns em homens jovens, com baixa escolaridade e/ou desempregados. Entretanto, existem 
transtornos, como os transtornos de Boderline, histriônico e depentes que são mais frequentes em indivíduos do sexo 
feminino. 
De modo geral, o transtorno da personalidade esquiva e o transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva são os mais 
comuns na comunidade. 
ETIOLOGIA 
Os transtornos da personalidade são resultantes das relações entre polimorfismos genéticos, déficits no desenvolvimento 
cerebral e experiências ambientais emocionais precoces adversas infantis e de adolescência 
FATORES GENÉTICOS + BIOLÓGICOS + MEIO AMBIENTE 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE 
A American Psychiatric Association (APA), por meio do DSM-5 (2013), caracteriza os transtornos da personalidade como modos 
de pensar e sentir sobre si mesmo e os outros que afetam de maneira significativa e adversa o modo com o qual o indivíduo 
funciona em muitos aspectos da vida. 
Os transtornos da personalidade costumam se manifestar precocemente durante o desenvolvimento do indivíduo, embora 
possam aparecer mais tardiamente ao longo da vida (sobretudo após situações existenciais que requerem maior grau de 
maturidade ou flexibilidade do indivíduo). 
De acordo com os principais manuais diagnósticos, caracterizam-se por um alto grau de estabilidade (diferindo de situações 
agudas e transitórias, correspondentes a situações de ajustamentoe adaptação a situações vivenciais ou ao estabelecimento 
de um transtorno mental agudo, como um quadro depressivo) e englobam múltiplos domínios do comportamento e do 
funcionamento psicológico, estando frequentemente associados a sofrimento subjetivo e ao comprometimento do 
desempenho social. 
De um ponto de vista psicodinâmico, sob a ótica das relações objetais de Kernberg, trata-se de padrões de personalidade que 
se caracterizam por um alto grau de rigidez e pela difusão da identidade (determinando uma experiência subjetiva de si e dos 
outros fragmentada e instável no tempo e nas diferentes situações), levando à utilização de defesas pouco adaptativas e 
comumente imaturas. 
Apesar de manterem o teste de realidade intacto, pacientes com transtornos da personalidade podem ver a realidade de 
maneira distorcida, principalmente em momentos de maior intensidade afetiva (Tabela 12.2). 
 
 
A seguir, elencamos os transtornos de personalidade classificados tanto na Classificação Internacional de Doenças – CID 10 (da 
Organização Mundial de Saúde, 1992) como no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), divididos 
em seus respectivos clusters: 
 
QUADRO CLÍNICO 
O quadro clínico dos transtornos de personalidade são variados. 
Existem 10 tipos de transtornos, sendo que cada um possui suas características. Entretanto, a presença de certos 
comportamentos e traços que se iniciam do meio ao final da adolescência e permanecem na vida adulta, são sugestivas de um 
transtorno de personalidade: 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
 
Os transtornos da personalidade são classificados, segundo o DSM-5, em três clusters: 
• cluster A (esquisitos ou excêntricos) 
• cluster B (dramáticos ou impulsivos) 
• cluster C (ansiosos ou evitativos) 
CLUSTER A (ESQUISITOS E EXCÊNTRICOS) 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE PARANOIDE 
É um transtorno caracterizado, no âmbito interpessoal, por um estilo desconfiado, com suspeita de intenções malevolentes 
(tais indivíduos costumam sentir-se explorados e maltratados, duvidam da lealdade, da fidelidade e da confiabilidade dos 
colegas e parceiros conjugais, interpretam situações cotidianas e interpessoais banais com significados ocultos e humilhantes, 
guardam rancores e reagem a suspeitas com raiva e fúria). 
Os relacionamentos com indivíduos com esse perfil costumam se dar sempre da mesma maneira rígida e invariável. Eles 
apresentam intenso estado de vigilância, são incapazes de relaxar e podem aparentar indiferença e frieza emocional. Como a 
maioria dos transtornos da personalidade, essas características são egossintônicas. 
Acomete cerca de 0,5 a 2,5% da população, com maior frequência em pacientes internados. A relação médico-paciente pode 
ser bastante dificultada pelas características desconfiadas e pela rivalidade que podem estabelecer com supostas figuras de 
autoridade 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIZOIDE 
É caracterizado por um padrão de desapego de relações sociais e familiares com pouca expressão emocional nos contextos 
interpessoais. Tais indivíduos costumam preferir atividades solitárias a relacionamentos íntimos (nas esferas pessoal, familiar 
e sexual) e raramente demonstram fortes emoções, como raiva e prazer, aparentando certa frieza emocional e indiferença a 
elogios ou críticas. 
Seu mundo interno, entretanto, pode diferir substancialmente da sua aparente frieza emocional, visto que costumam 
experimentar intensa carência afetiva e marcada sensibilidade ao ambiente externo (resultantes de uma identidade difusa e 
da utilização de defesas primitivas, como a cisão). 
Têm dificuldade em dizer quem são e sentem-se assolados por pensamentos, sentimentos, desejos e anseios altamente 
conflitantes, o que torna difícil o relacionamento com os outros. 
Sua prevalência é de 0,5 a 7% na população geral, sendo ainda mais frequente na população em situação de rua (cerca de 14%), 
de acordo com estudos epidemiológicos norte-americanos. 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA 
As características deste transtorno são um grande desconforto e representam reduzida capacidade para as relações 
interpessoais. Tais indivíduos podem apresentar pensamentos com forma estereotipada e circunstancial, bem como conteúdos 
mágicos, bizarros ou de referência (porém não delirante), além de distorções cognitivas e perceptuais (incluindo ilusões 
somáticas). 
Seu comportamento pode parecer bizarro aos outros, sendo frequentemente chamados de excêntricos e peculiares. 
Costumam experimentar intensa ansiedade social, ligada mais a aspectos paranoides do que a preocupações de julgamentos 
negativos a seu respeito. 
O transtorno da personalidade esquizotípico é mais comum em indivíduos com familiares de primeiro grau com esquizofrenia 
e é considerado, por muitos autores, uma versão silenciosa da esquizofrenia, caracterizada por teste de realidade mais ou 
menos intacto, dificuldades de relacionamento e leves distúrbios de pensamento. 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
É classificado, pela CID-10, na categoria F21, dentro do setor específico para os transtornos psicóticos (F20-F29): esquizofrenia, 
transtornos esquizotípicos e transtornos delirantes). Estudos populacionais norte-americanos revelam uma prevalência de 
cerca de 3% 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
CLUSTER B (DRAMÁTICOS E EMOTIVOS) 
É caracterizado pela existência de um padrão de desconsideração e violação dos direitos alheios que se inicia na infância ou no 
começo da adolescência e se mantém na idade adulta. Os indivíduos com tal diagnóstico apresentam impulsividade, 
agressividade e um autoconceito inflado e arrogante. Têm, caracteristicamente, pouco remorso a respeito de suas condutas, 
o que se manifesta por indiferença ou racionalização relativas a prejuízos que possam ter causado a outros 
Estudos revelam prevalência de cerca de 1% da população geral; entretanto, tais indivíduos não costumam procurar serviços 
de saúde mental especificamente por conta de suas condutas antissociais, podendo chegar à psiquiatria levados por familiares, 
por decisão judicial ou procurar atendimento espontâneo por comorbidades como transtornos de humor e uso de substâncias. 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE BORDERLINE 
O termo borderline foi criado para designar indivíduos que se encontrariam em um estado intermediário entre a neurose e a 
psicose. 
Apesar de não serem portadores de transtornos psicóticos (mantêm teste de realidade relativamente intacto na maior parte 
do tempo e costumam preservar áreas saudáveis de funcionamento social e funcional), utilizam-se de defesas primitivas como 
cisão e identificação projetiva, podendo apresentar alteração no teste de realidade (caracterizada principalmente por episódios 
dissociativos, de despersonalização e ideações paranoides) principalmente quando em situações de intensa carga afetiva. 
Ao contrário dos transtornos da personalidade constituintes do cluster A, os pacientes com transtorno da personalidade 
bordeline apresentam relações interpessoais intensas e conturbadas, com alto grau de instabilidade e demanda de atenção 
exclusiva e intensiva, podendo reagir de maneira impulsiva, agressiva e manipulatória, quando não totalmente atendidos, em 
um esforço por evitar abandonos reais ou imaginários 
Apresentam identidade frágil e dependente da resposta do outro para constituir-se, com consequente autoimagem instável. 
Muitas vezes apresentam comportamentos automutilatórios e ideação suicida com recorrentes tentativas de suicídio 
associadas a sentimentos de angústia, vazio e desamparo. Tem sido um dos grupos mais estudados na literatura e possui 
prevalência de aproximadamente 1,6% da população geral e de cerca de 20% dos pacientes internados em instituições 
psiquiátricas 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE HISTRIÔNICA 
Os indivíduos com este transtorno apresentam um padrão global de excessiva emotividade e busca de atenção, porém com 
característica superficiale afetada (seu discurso, apesar de teatral e intenso, costuma ser carente em detalhes e impressões). 
No plano interpessoal, costumam envolver-se rapidamente em relacionamentos e a considerá-los mais íntimos do que 
realmente o são. Seu comportamento com os outros pode ganhar ares de exagero e inadequação, com intensa sedução, que 
logo se esvazia pela constante exigência de ser o centro das atenções. 
Tais indivíduos apresentam padrão de resposta ao ambiente caracterizada por sugestionabilidade (moldando-se, 
inconscientemente, às expectativas alheias) e hipermodulação dos afetos frente às circunstâncias. Sua prevalência varia de 1 
a 3% da população e de 10 a 15% da população ambulatorial 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE NARCISISTA 
O transtorno da personalidade narcisista caracteriza indivíduos que se apresentam com uma formação defensiva caracterizada 
por grandiosidade, necessidade de admiração e dificuldade de empatizar com os outros. Creem serem especiais e únicos e 
fantasiam serem exageradamente poderosos, belos, inteligentes e amados. 
 Procuram, então, associar-se apenas a pessoas de elevada importância (tanto no plano profissional quanto no pessoal e 
íntimo). No plano interpessoal, tais indivíduos tendem a exigir serem reconhecidos e admirados de modo superior às próprias 
realizações e a utilizar-se dos outros para obter vantagens pessoais, sem se darem conta (ou não se importando) com os desejos 
alheios. 
Costumam sentir inveja das realizações alheias e projetar tal sentimento nos outros, frequentemente acreditando serem alvo 
de inveja. Seu comportamento costuma ser visto como arrogante, presunçoso e insolente, o que afasta as pessoas de um 
convívio íntimo. De um ponto de vista psicodinâmico, tais pacientes utilizam-se de defesas primitivas contra um sentimento 
de desamparo e impotência. 
Alguns autores os consideram semelhantes aos pacientes borderlines, no que tange aos mecanismos de defesa e vivências 
internas. 9 Estudos populacionais revelam prevalência de 1% da população geral, mas pode chegar a 16% na população 
ambulatorial psiquiátrica (Tabela 12.5). 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
 
 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
 
CLUSTER C (ANSIOSOS E EVITATIVOS) 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE OBSESSIVO -COMPULSIVA 
A principal característica que diferencia o transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva (TPOC) do transtorno obsessivo-
compulsivo (TOC) é o caráter egossintônico do primeiro. Enquanto pacientes com TOC atormentam-se com o caráter intrusivo 
de seus pensamentos e querem se livrar deles, os pacientes com TPOC costumam considerar seus comportamentos adequados 
e adaptativos. 
Tais pacientes apresentam um funcionamento caracterizado por um padrão de preocupação com ordem, perfeccionismo, 
controle mental e interpessoal, às custas de flexibilidade, abertura e eficiência. 
Os indivíduos com esse transtorno são excessivamente cuidadosos, propensos à repetição e presos a detalhes, com tendência 
à acumulação e à procrastinação. Têm dificuldade em delegar tarefas e trabalhar em grupo e costumam preocupar-se 
excessivamente com questões relativas à moralidade e aos escrúpulos. 
Costumam ser excessivamente devotados ao trabalho e à produtividade em detrimento de atividades de lazer e são 
frequentemente tidos como “pães-duros”, por causa da tendência a evitar gastos financeiros e adotar um estilo de vida 
miserável, reservando o dinheiro para eventuais catástrofes futuras 
Apesar de serem extremamente produtivos e responsáveis, tais pacientes costumam procurar tratamento estimulados por 
pessoas próximas, em virtude das dificuldades de convívio desencadeadas pela intensa rigidez e teimosia. 
O TPOC tem prevalência de cerca de 2,4% na população geral e parece ser duas vezes mais comum em homens 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE DEPENDENTE 
O ser humano é um ser dependente das relações interpessoais por princípio. Vive em sociedade e depende por muitos anos 
de seus pais ou cuidadores para, então, adquirir algum grau de autonomia. Mesmo assim, sempre está, de algum modo, na 
dependência dos outros. 
A categoria do transtorno da personalidade dependente engloba indivíduos que apresentam uma dependência tão extrema 
que chega a ser patológica. Tais indivíduos costumam sentir-se desamparados quando sozinhos, relatando temores irrealistas 
de abandono e incapacidade de autocuidado. 
Desta maneira, costumam buscar relacionamentos que lhes ofereçam cuidado, carinho e amparo, colocando-se de modo 
passivo e submisso frente ao outro. Sua prevalência é de cerca de 0,6% da população geral. 
Tais pacientes costumam pedir por reasseguramentos constantes e têm dificuldade em tomar decisões e realizar projetos 
cotidianos de maneira autônoma, solicitando que os outros assumam responsabilidade pelas principais áreas de sua vida. 
Muitos dos pacientes com tal diagnóstico preenchem também critérios para outros transtornos da personalidade. Embora 
cerca de 50% dos pacientes com transtorno de personalidade dependente também recebam o diagnóstico de transtorno de 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
personalidade borderline, a principal diferença entre os dois transtornos está no modo como eles lidam com o abandono: os 
pacientes borderlines reagem com raiva e manipulação, enquanto os dependentes tornam-se submissos e apegados 
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ESQUIVA OU EVITATIVA 
Esta categoria diagnóstica foi criada para caracterizar um grupo de indivíduos socialmente retraídos, distinto dos pacientes 
esquizoides principalmente porque anseiam por relacionamentos interpessoais, mas os temem em decorrência da baixa 
autoestima e do receio de crítica e rejeição. 
Cerca de 5,2% da população geral atende aos critérios para transtorno de personalidade esquiva, sendo sua prevalência ainda 
mais comum em pacientes com fobia social. São indivíduos inibidos socialmente, hipersensíveis a avaliações negativas e 
atormentados por sentimentos de inadequação social e medos de serem ridicularizados ou de se encontrarem em situações 
vergonhosas. 
Costumam evitar, então, contatos interpessoais íntimos, mostrando-se reservados e envolvendo-se apenas quando têm a 
certeza da estima do outro. Evitam situações sociais em que se sentem de alguma maneira expostos e tendem a ser reticentes 
em assumir riscos pessoais ou envolver-se em novas atividades. 
Existe uma considerável controvérsia com respeito à diferença entre fobia social e o transtorno de personalidade esquiva. 
Diversos estudos demonstram pouca evidência de diferenças qualitativas entre os dois transtornos, que mais parecem fazer 
parte de um continuum de gravidade e impacto funcional do que caracterizam transtornos diferentes (Tabela 12.6). 
 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
 
 
DIAGNÓSTICO 
O DSM-5 indica o uso de dois conjuntos de critérios para o diagnóstico de um transtorno de personalidade. O primeiro conjunto 
descreve critérios condizentes com as características gerais do transtorno de personalidade, enquanto que o segundo visa 
descrever as características individuais de cada transtorno. Este último conta com vários itens que são individuais e diferentes 
entre cada um dos 10 possíveis diagnósticos de transtorno de personalidade. 
 
 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR 
TRATAMENTO 
Os objetivos do tratamento dos transtornos de personalidade consistem em 
• Reduzir o sofrimento subjetivo 
• Permitir que os pacientes entendam que seus problemas têm origem interna 
• Diminuir comportamentos significativamente mal-adaptativos e socialmente indesejáveis ( imprudência, isolamento 
social, falta de assertividade, explosões temperamentais) 
• Modificar traços de personalidade problemáticos 
O tratamento de primeira linha e padrão ouro é a psicoterapia. Tanto psicoterapia individual quanto em grupo são eficazes no 
tratamento. Entretanto, vale ressaltar que os indivíduos que possuem transtornos de personalidade são, muitas vezes,avessos 
a mudanças, mas que muitos se tornam progressivamente menos graves. 
O plano terapêutico deve ser abrangente, que atenda as necessidades biológicas, patológicas e sociais do paciente. Por isso, 
em alguns casos, esses pacientes podem ser demasiadamente sintomáticos, o que ocasiona a prescrição de diversos 
medicamentos. 
Os psicofármacos devem ser terapia adjuvante, e nunca a principal. Além disso, podem ser incluídos no plano de tratamento 
a autoeducação, hospitalização parcial ou breve hospitalização nos períodos de crise. 
 
De todos os psicofármacos, os que mais apresentaram benefício de uso foram os estabilizadores do humor e os antipsicóticos. 
Vale informar que a introdução dos estabilizadores de humor deve ser lenta e gradual, com doses iniciais baixas e aumento 
progressivo de acordo com a aceitação do paciente até atingir a dose terapêutica. 
As medicações destinam-se, portanto, mais a sintomas específicos do que a transtornos específicos: inibidores seletivos da 
recaptação de serotonina para sintomas de humor, impulsividade e automutilação; neurolépticos para desorganização 
cognitiva, sintomas psicóticos-like e impulsividade; anticonvulsivantes para desregulação afetiva e impulsividade; 
benzodiazepínicos para quadros ansiosos agudos. 
Os estabilizadores de humor mais utilizados são: 
• Lítio 300 a 600 mg 
• Lamotrigina 200 mg/dia 
Os antipsicóticos podem ser utilizados como medicação de manutenção até que os objetivos terapêuticos sejam atingidos. 
Dentre as opções de fármacos, temos: 
• Aripiprazol 2,5 mg 
• Risperidona 0,5 a 1 mg 
• Quetiapina 25 a 150 mg 
 
Giovanna de Freitas Ferreira – Medicina UFR

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