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PSORÍASE Definição Dermatose crônica caracterizada principalmente por lesões eritemato escamosas, a psoríase acomete igualmente ambos os sexos, podendo aparecer em qualquer idade, sendo mais frequente na terceira e quarta décadas da vida. Sua ocorrência é universal. Na América do Sul e no Brasil, a incidência é em torno de 1%. É menos frequente nos descendentes afro-americanos e inexistente na população indígena americana. Patogenia Causa desconhecida. A predisposição à doença é geneticamente determinada, mas estudos mais recentes sugerem que o seu modo de herança é multifatorial. Diversos fatores têm sido implicados no desencadeamento ou na exacerbação da psoríase: trauma cutâneo de diversas naturezas - físico, químico, elétrico, cirúrgico e inflamatório. Psoríase é uma das condições dermatológicas em que o trauma pode determinar o aparecimento de lesão em área não comprometida - fenômeno isomórfico ou reação de Koebner. Há muito, reconhece-se o possível papel do estreptococo beta-hemolítico no desencadeamento da psoríase aguda, em gotas. Doentes com infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) apresentam exacerbação importante da moléstia. Certas drogas como o lítio, betabloqueadores, antimaláricos e anti-inflamatórios não hormonais, via de regra, agravam a doença. A administração e interrupção de corticoide sistêmico pode resultar no agravamento da condição ou até no desenvolvimento de forma grave de psoríase eritrodérmica e psoríase pustulosa generalizada, versão que também pode ser desencadeada por hipocalcemia. Estresse emocional é, muitas vezes, relacionado, pelo doente, ao desencadeamento ou exacerbação da enfermidade. A psoríase é considerada uma doença mediada por mecanismos imunológicos, mas, até o presente, nenhum antígeno específico foi reconhecido na psoríase. Manifestações clínicas Psoríase em placas (ou psoríase vulgar) Esta é a forma mais comum, observada em quase 90% dos doentes. Manifesta-se por placas eritemato escamosas bem delimitadas, de tamanhos variados, afetando, geralmente de forma simétrica, a face de extensão dos membros, particularmente joelhos e cotovelos, couro cabeludo e região sacral (Figuras 11.4 e 11.5). O número das lesões é muito variável, de uma a centenas, podendo acometer qualquer outra área da pele. Com menor frequência, pode atingir as dobras flexurais (psoríase invertida) quando a descamação se torna menos evidente pela sudorese e por maceração locais (Figura 11.6). Com alguma frequência, podem ser afetadas as semi mucosas genitais (Figura 11.7) ou dos lábios. Nas lesões de psoríase, às vezes, predomina o eritema, e, em outras a descamação, formada por escamas secas, branco-prateadas, aderentes e estratificadas. Sempre há, entretanto, uniformidade no aspecto clínico das lesões O comprometimento das unhas é frequente, com estrias ou pequenas depressões (unha em dedal), além das "manchas de óleo". Onicólise e hiperqueratose subungueal são também observadas. Eventualmente, ocorrem sintomas subjetivos como prurido e queimação que, de acordo com o estado emocional do doente, atingem intensidade variável. A evolução é crônica, com períodos de exacerbação e de acalmia, quando podem ser observadas lesões anulares, características do quadro em remissão. A curetagem metódica, que consiste na raspagem da lesão, fornece dois importantes sinais clínicos: ● Sinal da vela - pela raspagem da lesão, destacam-se escamas esbranquiçadas, semelhantes à raspagem de uma vela . ● Sinal do orvalho sangrante ou de Auspitz - quando, pela continuação da raspagem, após a retirada das escamas, surge uma superfície vermelho brilhante Psoríase em gotas Mais comum em crianças, adolescentes e adultos jovens, a psoríase em gotas manifesta-se pelo aparecimento súbito de pequenas pápulas eritemato descamativas de 0,5 a 1 cm de diâmetro, geralmente localizadas no tronco (Figura 11.8). Em geral, a psoríase em gotas é precedida por uma infecção estreptocócica, comumente de vias aéreas superiores e, em alguns casos, pode ser resolvida espontaneamente após 2 a 3 meses. As lesões, no entanto, podem persistir, aumentando de tamanho, tomando as características da psoríase em placas. Psoríase eritrodérmica Eritema intenso, de caráter universal, acompanhado de descamação discreta. A eritrodermia pode ocorrer no curso evolutivo da doença. Mais frequentemente, é desencadeada por terapias intempestivas, por administração e posterior interrupção de corticoide sistêmico, podendo corresponder à exacerbação da enfermidade em doentes com Aids. Na psoríase eritrodérmica, a descamação é discreta e predomina o eritema (Figura 11.9). Pela vasodilatação generalizada, há perda excessiva de calor, levando à hipotermia. A função barreira da pele está comprometida, podendo ocorrer bacteremia e septicemia, além do aumento de perda de água transepidérmica. Nos casos de longa evolução, é possível haver diminuição do débito cardíaco e até mesmo comprometimento da função hepática e renal. Psoríase pustulosa A forma generalizada da psoríase pustulosa caracteriza-se por um quadro de lesões eritemato escamosas e pustulosas generalizadas, e é conhecida pela denominação de psoríase de Von Zumbusch (Figura 11.10). Pode ser desencadeada, em um doente com psoríase vulgar, por interrupção de corticoide sistêmico, por hipocalcemia, por infecções ou mesmo por irritantes locais. Geralmente, há comprometimento do estado geral, febre e leucocitose. A erupção persiste por poucas semanas, revertendo ao quadro anterior ou se transformando em psoríase eritrodérmica. Já sua forma localizada compreende três sub formas: uma, com lesão única ou algumas lesões com pústulas que, em geral, não evolui para a forma generalizada; outra, com lesões nas extremidades dos dedos das mãos e/ou artelhos, conhecida no passado pela denominação de acrodermatite contínua de Hallopeau; e a terceira é formada por pustulose palmoplantar, PPP, abacteriana. Manifesta-se por áreas bem definidas de eritema, descamação e pústulas, geralmente bilaterais e simétricas nas palmas e/ou cravos plantares. Psoríase artropática Ocorre em 10 a 15% dos doentes de psoríase, em geral naqueles com lesões cutâneas disseminadas. A forma mais frequente é uma mono ou oligoartrite assimétrica de fácil controle e bom prognóstico, que afeta particularmente as articulações interfalangianas distais ou proximais. A velocidade de hemossedimentação está aumentada, porém o fator reumatoide e os fatores antinucleares estão ausentes. Formas atípicas Psoríase na criança Apresenta-se eventualmente com aspectos insólitos. Placas eritematosas, ligeiramente descamativas, localizadas somente em uma área, como a região orbitária ou genital (Figura 11.11). Placa descamativa no couro cabeludo pode ser indistinguível da dermatite seborreica. Psoríase no idoso No idoso, a psoríase ocorre, principalmente, nos membros inferiores, em formas mínimas caracterizadas por lesões discretamente eritematosas e descamativas, passíveis de confusão com dermatite esteatósica. Queratodermia palmoplantar psoriásico A ceratodermia palmar e/ou plantar que surge em adultos é, em geral, uma forma de psoríase. Pode atingir parcial ou integralmente a palma e/ou planta. Tem nítida delimitação (Figura 11.12). O comprometimento das unhas ou eventuais lesões em outras regiões confirmam a diagnose. Psoríase ungueal As unhas são frequentemente afetadas na psoríase. O aspecto mais comum é a existência de depressões gotadas, cupuliformes (unhas em dedal). Essas depressões, com alargamento das bordas da unha, são muito sugestivas de psoríase. Estriações transversais, onicorrexe, hiperqueratose subungueal são outras alterações das unhas psoriásicas. Cabe acentuar que a psoríase ungueal pode preceder o aparecimento das lesões cutâneas e ser, durante anos, a única manifestaçãoda afecção. Diagnóstico Clínico baseado no exame físico e na identificação das lesões clássicas. - Placas eritematosas bem delimitadas com escamas prateadas que predominam em áreas extensoras e em geral são simétricas. - Acometimento ungueal é um ponto importante no momento da realização de um diagnóstico diferencial Em alguns casos mais difíceis pode ser necessário a utilização de biópsia das lesões. Tratamento ● Casos leves ○ Corticóides e emolientes tópicos ● Casos moderados a grave ○ Fototerapia com possível associação ou não a farmacoterapia sistêmica ■ Metotrexato com ciclosporina
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