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Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 1 HORMÔNIOS TIREOIDIANOS E FÁRMACOS ANTITIREOIDIANOS HORMÔNIOS T3 (TRIIODOTIRONINA) E T4 (TIROXINA) Aceleram o metabolismo, são hormônios tireóideos (T). Quanto mais T3 e T4 (hipertireoidismo) maior a sensibilidade ao sistema simpático - adrenalina (se eu tiver a mesma ativação simpática em dois pacientes e um deles tiver os níveis de T3/T4 maior, maior será a sensibilidade e, desse modo, seu efeito sistêmico). Toda vez que se pensa em metabolismo se pensa na tríade de sinais que regulam o crescimento: GH (dá o sinal de crescimento, reserva), Insulina (combustível e materiais para crescer, maior hormônio anabólico, só é liberada na condição de fatura) e T3/T4 (velocidade, ação do crescimento). Eles atuam na bomba de sódio e potássio (aumento do metabolismo). Possuem ação nuclear, induzem a expressão de proteínas. T4 é um pró-hormônio (sozinho não tem função, porém é o mais presente, possui um tempo de ½ vida maior, se transforma em T3 quando necessário – possivelmente é uma reserva técnica, variabilidade de iodo no organismo/dieta), quando T3 (o mais ativo e menos presente no organismo) chega na célula induz os canais de vazamento de sódio (poros) e como a concentração de sódio é menor dentro do que fora o sódio tende a entrar na célula (à favor do gradiente de concentração, mais → menos), essa entrada de sódio automaticamente aumenta o trabalho da bom de Na- e K+, ou seja, T3 e T4 induzem a ativação de mais bombas e o seu funcionamento máximo, é o chamado ciclo fútil – só induz gasto. Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 2 O sua liberação é controlado no eixo hipotalâmico. Hipotálamo libera TRC que vai até a hipófise que libera TSH e na tireoide (possui receptores para TSH). Tiroide é um folículo com receptores TSH-R e com isso liberam T3 e T4, aumentando a concentração plasmática, e isso sinaliza hipófise e hipotálamo, inibindo a ação do TSH E TRH. Todo T3/T4 se liga nos transportadores TBG (globulina ligadora de tiroxina). T4 possui uma estabilidade maior de ligação com esse transportador TSH alto e T3/T4 normal = pré hipotireoidismo, se T3/T4 estiver diminuído = hipotiroidismo. Aumento de T3 e T4 precisa diminuir TSH. TSH só é alto quando T3 e T4 são baixos. Tratamento farmacológico de hipertireoidismo é baseado em inibir a formação de T3/T4. Tratamento de hipotireoidismo é reposição hormonal, o difícil é mimetizar a reposição normal, T4 oral ou T3 intravenoso. A produção de T3 e T4 depende da captação do iodeto plasmático pelas células foliculares em um processo dependente de energia envolvendo proteínas captadoras. Após a captação do iodeto, ocorre a oxidação do iodeto e a iodação dos resíduos de tirosina. A enzima que catalisa o processo de oxidação do iodeto e sua incorporação à tireoglobulina (induzida por TSH {O TSH é o maior o estimulador da tireoide. A estimulação da tiroide se dá pela maior circulação sanguínea}, organificação do iodo {oxidação do iodo}) é a tireoperoxidase. O resultado desses processos é a formação da monoiodotirosina (MIT) e da diodotirosina (DIT). MID + DIT = T3 // DIT + DIT = T4 A ligação entre um MIT e um DIT forma a triiodotironina (T3) e a ligação entre dois DIT forma a tiroxina (T4). Os hormônios T3 e T4 são, então, armazenados na tireoide. A liberação dos hormônios tireoidianos depende da tireoglobulina, que é quebrada por enzimas proteolíticas liberando T3 e T4 para serem secretados no plasma sanguíneo. Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 3 O hormônio tireoestimulante (TSH) atua em receptores de membrana existentes nas células foliculares da tireoide, controlando: - A captação de iodeto, por meio da estimulação da transcrição do gene que codifica o transportador de iodeto; - A síntese e a secreção de tireoglobulina; - A geração de peróxido de hidrogênio e a iodação da tirosina; - A endocitose e a proteólise da tireoglobulina; - A secreção de tiroxina (T4) e de triiodotironina (T3); - O fluxo sanguíneo da glândula. A concentração plasmática de iodeto tem influência na síntese dos hormônios tireoidianos. A administração de iodeto em concentrações fisiológicas estimula a atividade da tireoide. Já a administração de iodeto em excesso inibe a atividade da tireoide. FÁRMACOS E INTERVENÇÕES O hipotireoidismo é fácil de ser tratado porque se têm T3 e T4 exógenos. Aumento agudo de T3/T4 aumenta a sensibilidade à noradrenalina, com isso pode-se gera uma crise hipertensiva. Efeitos adversos são os sintomas de hipertireoidismo Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 4 HIPERTIREOIDISMO Toda vez que se modula sistema cardiovascular, hipertireoidismo é uma contraindicação – prolongamento de QT, ventrículo mais tempo contraído. É comum que pacientes com hipertireoidismo tenham arritmia, por que o sistema simpático está mais sensível à adrenalina. Tratamento: iodo radioativo é o tratamento nº1, a liberação da radiação é gerar morte da tireoide (destrói os tireócitos e os folículos) Tratamento com Tioreilenos: Propiltiouracila, Carbimazol (é mataboliza à metimazol) e Metimazol Possuem efeito em cerca de 2 meses. Inibem as reações de oxidação (organificação), inibe a peroxidase e não deixam a iodação ocorrer. E com isso não se forma T3/T4 conjugado e com o tempo se esgota os hormaonios (em 1,2 meses). Se ligam a proteínas plasmática propiltiuracila se liga mais rapidamente e melhor – ½ vida maior. Propiltiuracila possui um efeito extra: a nível periférico ela inibe a conversão de T4 em T3, ou seja, tem a tendência a agir mais rápido porque à nível periférico impede a produção de T3 e com isso se tem menos potência de hormônios da tireoide. Efeitos adversos: neutropenia, agranulocitose, rashes cutâneos, cefaleia, náuseas, icterícia e dor articular. Outros tratamentos: → Iodo radioativo: fome da tireoide na captação de iodo → Tiocianato (SCN-), perclorato (CLO4-) e nitrato (NO3-): tem a tendência a inibir primeiro receptor e com isso a captação de iodo. → Iodo/iodetos (iodo de lugol): excesso deles inibe a peroxidase e possuem a tendência a inibir transitoriamente a vascularização da tiroide (efeito secundário, dura cerca de 2 semanas e tende a sumir) e com isso o órgão tende a “murchar” (jogo oposto ao que o TSH faz – hiperplasia e aumento da vascularização). Aplicabilidade pré-cirúrgica semanas antes. HIPOTIREOIDISMO Causas: Tireoidite Autoimune de Hashimoto (reação imune contra a tireoglobulina ou algum outro componente do tecido da tireoide), uso de alguns medicamentos (iodeto, amiodarona, lítio, fenilbutazona) e tratamento dos tumores da tireoide com iodo radioativo. - Sintomas: desânimo, fraqueza, anorexia, ganho de peso, pele seca, intolerância ao frio, rouquidão, constipação, depressão, confusão mental, anemia e hipercolesterolemia. - O hipotireoidismo congênito é uma alteração endócrina mais prevalente no recém-nascido e causa baixa estatura, retardo mental e atraso puberal. - Diagnóstico: dosagem de TSH aumentada e de T4 livre diminuída. Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 5 - Tratamento: reposição hormonal com T4 ou T3. - O mixedema é a emergência do hipotireoidismo (hipotireoidismo agudo) com risco de vida. É caracterizado por má circulação e hipometabolismo. O mixedema é o termo utilizado para designar o espessamento da pele. Fármacos utilizados no tratamento do Hipotireoidismo: Terapia de reposição hormonal com T3 (triiodotironina) ou T4 (tiroxina). Em geral, opta-se por T4, pois apresenta um tempo de meia-vida maior. Levotiroxina: - Isômero levogiro da tiroxina. - É o fármaco de escolhapara reposição hormonal em casos de hipotireoidismo. - Características farmacocinéticas: ação prolongada (9-10 dias), absorção no intestino delgado (48-80% da dose), biotransformação em tecidos periféricos e fígado, pequenas quantidades atravessam a barreira placentária e são excretadas no leite. - A administração do fármaco deve ocorrer em jejum, para aumentar a biodisponibilidade. - Em grávidas, os níveis de TSH podem aumentar durante a gestação. - O hipotireoidismo materno durante a gravidez está associado a uma maior taxa de complicações, como aborto espontâneo, hipertensão gestacional, pré- eclâmpsia, natimorto, parto prematuro e atraso do desenvolvimento neurocognitivo fetal. - Em pacientes diagnosticadas com hipotireoidismo antes da gestação, deve- se adicionar 2 doses extras semanais assim que a gravidez for confirmada. - Deve haver o controle dos níveis de TSH em cada trimestre e deve-se reavaliar os níveis de TSH na metade da gestação. - O benefício clínico ocorre após 4-6 semanas de tratamento, mas atingir o valor de referência de TSH pode levar vários meses. O ajuste de dose idealmente deve ser feito a cada 6-8 semanas até que o nível de TSH esteja normalizado. A avaliação clínica e o monitoramento dos níveis de TSH anualmente são fundamentais devido ao hipotireoidismo ou à superdosagem medicamentosa. - A dose inicial em adultos deve ser de 50 a 100 microgramas por via oral e dose de manutenção de 200 a 300 microgramas por dia. - A levotiroxina contém sacarose e lactose. Portanto existe interação medicamentosa entre levotiroxina e insulina ou metformina, havendo a necessidade de aumento das doses desses fármacos para o controle glicêmico no diabetes mellitus. - O excesso de levotiroxina causa taquicardia, hipertrofia do miocárdio, aumento da contratilidade cardíaca, precipitação da angina ou arritmias, principalmente em pacientes idosos e cardiopatas. Nesses pacientes, administra-se cerca de 25 a 50% da dose normal do adulto. Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 6 - Os ajustes de dose devem ocorrer apenas após 4-6 semanas. - A terapia com levotiroxina a longo prazo diminui a densidade mineral óssea. Portanto, o uso deve ser evitado em pacientes com osteoporose. - Se a dose de levotiroxina requerida for maior do que a esperada, deve-se pesquisar por desordens gastrointestinais. - Nos casos de mixedema, pode ocorrer a absorção imprevisível de levotiroxina sódica do trato gastrintestinal. Portanto, a administração do fármaco deve ocorrer por via intravenosa. Liotironina: - Isômero levogiro da triiodotironina (T3). - É o fármaco empregado quando deseja-se efeito rápido ou rapidamente reversível, por exemplo no coma mixedematoso.
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