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Farmacologia Camila Abreu – MED 100 Farmacologia da Tireoide Referência bibliográfica: ➢ Rang&Dale — capítulo 34 ➢ Goodman & Gilman — capítulo 43 TIREOIDE — A tireoide é uma glândula situada na região cervical, na face anterior do pescoço. Possui uma íntima relação com os anéis traqueais superiores e é composta por dois lobos: o lobo direito e o lobo esquerdo, que são interligados por uma faixa de tecido tireoidiano que é chamada de istmo. — Representação de um corte histológico de uma unidade funcional da glândula tireoide, que é chamado de folículo tireoidiano, que é composto por uma camada de células foliculares, que vão envolver e formar um lúmen, que vai estar repleto de uma substância chamada coloide. Em volta dessa unidade funcional que são os Farmacologia Camila Abreu – MED 100 folículos, nós temos o interstício, onde nós podemos observar estruturas vasculares, na forma de capilares e também as células parafoliculares, que são as células produtoras de calcitonina. SÍNTESE ▪ Iodo da dieta (ex: alimentos de origem marinha, leite e ovos) ▪ Sal de cozinha (lei desde 1953 no Brasil) ▪ 15 à 45 mg/Kg (Anvisa) ▪ Dose recomendada: 150 mcg/dia (adultos) e 200 mcg/dia (gestantes) ▪ Absorção no TGI: reduzido a iodeto ▪ Etapas da biossíntese: captação, oxidação e secreção. — Conforme vimos, a unidade funcional possui células foliculares, que são as células que vão formar e atuar na secreção dos hormônios tireoidianos. Os HT por sua vez, são os principais hormônios produzidos pela tireoide, e a síntese desses hormônios vai se dar dependente de um elemento químico – IODO. — A falta de iodo foi responsável por uma incidência grande de bócio por hipotireoidismo na população mundial. Antigamente era comum em áreas longe do litoral e em áreas mais pobres, menos abastecidas, pessoas desenvolverem hipotireoidismo pela deficiência na ingestão de iodo. Por conta disso, em diversos países, a adição de iodo na dieta é lei. CAPTAÇÃO DO IODETO ▪ Transportado ativamente pela proteína NIS ▪ NIS: proteína transportadora de membrana na superfície da membrana basolateral celular (voltada para o capilar) ▪ NIS transporta iodeto juntamente com o sódio para dentro da célula ▪ TSH estimula a produção de NIS ▪ Transportada da célula para o coloide pela pendrina na membrana apical (proteína que vai estar em contato direto com a região coloidal) ▪ Pode ser inibida por alguns íons como o tiocianato (utilizados como fármacos) — O iodeto vai ser transportado para dentro da unidade funcional da tireoide através de uma proteína de membrana chamada NIS. — O iodeto vai ser transportado para dentro da célula junto com o sódio, então temos um movimento de simporte: entra o sódio juntamente com o iodeto. — A bomba NIS vai poder ser inibida por algumas substâncias, que inclusive algumas medicações vão agir nessas bombas, principalmente as medicações para o tratamento de hipertireoidismo, vão agir nessas bombas inibindo as bombas, fazendo com que elas não captem iodeto, diminuindo, assim, a produção do hormônio tireoidiano. OXIDAÇÃO ▪ Realizada pela enzima peroxidase tireoidiana ▪ Resulta na formação monoiodotirosina (MIT) e di-iodotirosina (DIT) ▪ A peroxidase tireoidiana pode ser bloqueada pela presença de iodeto e drogas da classe das tioamidas. ▪ DIT + DIT = Tiroxina (T4) ▪ DIT + MIT = Tri-iodotironina (T3) Farmacologia Camila Abreu – MED 100 — Após esse iodeto passar pela célula folicular, ele vai ser transportado da célula folicular para dentro do coloide presente no folículo tireoidiano. Uma vez que o iodeto cai na substância coloidal, ele vai sofrer a ação de uma enzima chamada peroxidase tireoidiana, que vai causar uma oxidação, que vai resultar na formação dos resíduos chamados de MIT e DIT. — A peroxidase tireoidiana tem uma importância não só fisiológica na formação desses hormônios ou dos precursores desses hormônios, como também uma importância farmacológica, pois algumas drogas para o tratamento de hipertireoidismo vão atuar nessa enzima. SECREÇÃO ▪ T3 e T4 são armazenados dentro da tireoglobulina ▪ Endocitose pela superfície apical da membrana celular ▪ São liberados da tireoglobulina por proteólise ▪ Hormônios abandonam a célula para a corrente sanguínea ▪ Produção diária: 80 a 100 mcg de T4 / 30 a 40 mcg de T3 — Após nós termos a produção do T3 e T4, esses hormônios vão ficar armazenados dentro da tireoglobulina, no coloide contido no folículo tireoidiano. Quando nós temos o estímulo para a liberação e secreção desses hormônios, vai haver uma endocitose do coloide. Dentro do citoplasma celular da célula folicular nós vamos ter atuação de substâncias/enzimas proteolíticas que vão fazer com que haja liberação dos hormônios da tireoglobulina, e os hormônios vão ficar disponíveis no citoplasma para serem liberados para a corrente sanguínea. ARMAZENAMENTO HT são armazenados na forma de tireoglobulina (precursor) ✓ Glicoproteína complexa formada por duas subunidades aparentemente idênticas (cada com 330 kDa) ✓ Constitui a maior parte do colóide folicular ✓ Principal forma de armazenamento ✓ Tireoide pode armazenar grandes quantidades ✓ É proporcional à massa da tireoide Farmacologia Camila Abreu – MED 100 — Temos aqui uma figura esquemática que nos ajuda a sintetizar as etapas que nós citamos. À direita nós temos um vaso sanguíneo, que vai trazer o iodeto que foi absorvido pelo intestino através do sangue. Esse iodeto vai ser captado pelas células foliculares da tireoide, que irão fazer o transporte do iodeto para o seu citoplasma através da bomba NIS, que é uma bomba que faz o transporte do iodeto junto com o sódio. Esse iodeto, já dentro da célula, vai ser transportado pela membrana apical através de outra proteína de transporte chamada pendrina. Esse iodeto vai ser transportado para dentro do coloide, que está localizado no lúmen do folículo tireoidiano. Esse iodeto, já no coloide, vai sofrer um processo de oxidação e depois de iodação, formando a DIT e a MIT. Os hormônios formados vão ser armazenados na tireoglobulina, dentro do coloide do folículo tireoidiano, e quando a tireoide é estimulada a secretar esses hormônios, essa tireoglobulina com os hormônios tireoidianos é endocitada novamente pela célula folicular. Dentro da célula folicular, essas moléculas vão sofrer um processo de proteólise, onde os hormônios tireoidianos vão ser liberados, e assim estarão prontos para serem secretados no sangue. TRANSPORTE ▪ Ligação reversível com a globulina de ligação da tiroxina (TGB) ▪ 95% do iodo no sangue encontra-se na forma de iodo orgânico e 5% na forma de iodeto ▪ Iodo orgânico: 95% encontra-se na T4 e 5% na T3 ▪ Apenas o hormônio livre tem atividade metabólica ▪ Doenças que afetam as proteínas plasmáticas podem interferir nos níveis séricos totais desse hormônio ▪ T4 livre: 0,03% ▪ T3 livre: 0,3% — Uma vez na corrente sanguínea, os HT vão ser transportados, em sua maioria, ligados a uma proteína chamada globulina de ligação da tiroxina (TGB). METABOLISMO E EXCREÇÃO ▪ Podem sofrer desiodação, clivagem, conjugação e descarboxilação oxidativa ▪ A T4 tem meia-vida de 6 a 8 dias (3 a 4 no hipertireoidismo e 9 a 10 dias no hipotireoidismo) ▪ A T3 tem meia-vida de cerca de 1 dia ▪ Fígado é o principal local de metabolismo ▪ Excretados na bile — Esse hormônio, uma vez na corrente sanguínea e principalmente após exercer sua ação, vai sofrer um processo de degradação/metabolismo, para depois ser excretado. REGULAÇÃO DA TIREOIDE — A regulação da liberação e da inibição da produção dos HT se dá de maneira complexa, e envolve diversos fatores. Basicamente, nós temos o eixo Hipotálamo- Hipófise-Tireoide como o eixo principal na regulação desses HT. O hipotálamo produz TRH, que vai agir sobre a hipófise, que por sua vez vai produzir o TSH, que irá agir na tireoide, estimulando a produção de HT.Farmacologia Camila Abreu – MED 100 — Importante dizer que os HT, quando elevados no sangue, eles inibem tanto a produção de TRH por feedback negativo, quanto inibem a produção de TSH pela hipófise. Assim como níveis baixos de HT acabam por estimular o hipotálamo a produzir TRH e a hipófise a produzir TSH. REGULAÇÃO ▪ O TSH é secretado de modo pulsátil, de acordo com o ciclo circadiano ▪ A liberação de TSH é controlada pelo TRH e pelos níveis de T3 e T4 ▪ Cortisol, somatostatina e dopamina inibem a secreção de TSH ▪ TSH age na tireoide através da ligação a um receptor acoplado à PTNG (AMPc) ▪ Níveis séricos baixos de iodo estimulam o aumento da secreção de TSH, que estimula excessivamente a tireoide, que aumenta a capacidade de captação do iodo circulante e pode aumentar o tamanho da tireoide. ▪ Níveis de iodeto elevados no sangue regulam a tireoide — O principal hormônio relacionado à secreção dos HT vai ser o TSH. — A deficiência de iodo faz com que os níveis séricos desse elemento sejam baixos, a hipófise, por sua vez, vai produzir TSH pra estimular a glândula tireoidiana, esse TSH vai estimular a tireoide, causando hipertrofia. Então, a tireoide vai crescer na tentativa de captar mais iodo no sangue, já que os níveis estão baixos. AÇÃO CELULAR ▪ T3 e T4 realizam a passagem pelas membranas celulares através das proteínas MCT (MCT8 e MCT10) ▪ A ação é mediada pela ligação do T3 aos receptores intra-celulares (receptores membros da superfamília de receptores nucleares de fatores de transcrição) ▪ T3 liga-se com afinidade 10 vezes maior que T4 aos receptores intra- celulares ▪ Esses receptores ligam-se à sequência de DNA específica nas regiões promotoras/reguladoras dos genes-alvo ▪ A transcrição de genes é reprimida pela ausência de ligantes a esses receptores. — Uma vez livres no sangue, tanto o T3 quanto o T4 vão provocar suas ações. — O T3 e T4 são hormônios que se ligam aos receptores intra-celulares/intra- nucleares. Então, esses hormônios vão ter que passar pela membrana celular através de proteínas de membrana chamadas MCT, e dentro já do citoplasma, esses Farmacologia Camila Abreu – MED 100 hormônios vão se ligar aos receptores específicos deles, e vão promover as alterações intracelulares que vão desencadear a produção de algumas moléculas. — Grande parte do T4 livre vai ser transformado em T3 na periferia para facilitar todo esse processo. — Ao se ligar a esses receptores intra-nucleares, esses hormônios vão promover/estimular regiões promotoras e reguladoras dos genes-alvos que eles vão estimular, e vão fazer com que haja transcrição de moléculas através desses genes que são produzidos pelo estímulo causado pelos HT. — Esse processo é dependente de ligante, ou seja, quando o HT está ligado a esses receptores intra-nucleares, nós temos ali o processo de promoção e regulação dos genes-alvos. Quando a gente não tem HT ligado, esse processo é reprimido. A inibição desse processo se dá pela ausência do HT. EFEITOS BIOLÓGICOS Desenvolvimento e SNC: ▪ Decisivo no desenvolvimento do encéfalo em humanos ▪ Ausência de HT no período de neurogênese (até 6 meses após o parto) causa várias alterações morfológicas no encéfalo. ▪ Alterações não se limitam somente ao encéfalo ▪ Detecção precoce da falta de hormônio é essencial para tratamento efeitos (até 2 semanas após o parto) ▪ CRETINISMO: nanismo, membros curtos deficiência intelectual, apatia, constipação, pele seca, fria e pálida. — O teste do pézinho, que é feito obrigatoriamente nas crianças recém nascidas, detecta, muitas vezes, esse hipotireoidismo, e o tratamento precoce instituído antes das duas semanas após o parto, faz com que esse processo seja revertido. Efeitos termogênicos ▪ Termogênese obrigatória X termogênese adaptativa — Temos a termogênese obrigatória, que é a manutenção mínima da nossa temperatura corporal, pra que nós possamos manter as condições ideais de temperatura para que os processos orgânicos ocorram, e nós temos a termogênese adaptativa, quando passamos por um momento de calor ou de frio. No frio, por exemplo, nós precisamos produzir calor, então temos uma termogênese adaptativa àquele tipo de clima. ▪ Somente alguns órgãos não são responsivos, como encéfalo, gônada e baço. ▪ Termogênese obrigatória resulta da ação do T3 ▪ As vias específicas não estão totalmente elucidadas ▪ A regulação da termogênese está diretamente ligada à estimulação do apetite e aos mecanismos de aumento do metabolismo basal — Os HT vão estar presentes de maneira importantíssima, tanto nos processos de termogênese obrigatória quanto nos processos de termogênese adaptativa. Efeitos metabólicos ▪ Estimula a expressão de receptores hepáticos de LDL ▪ Hipotireoidismo aumenta os níveis séricos de colesterol – hipercolesterolemia ▪ Os HT estimulam o aumento de insulina, da gliconeogênese e da absorção intestinal de glicose Farmacologia Camila Abreu – MED 100 ▪ Hipertireoidismo: pode até causar quadro de diabetes ▪ Diabéticos com quadro de hipotireoidismo muitas vezes tem que diminuir a dose de insulina — Os HT vão estimular um quadro de resistência insulínica, causando um aumento da produção insulínica. — Se o HT é um hormônio que faz o aumento dos níveis de glicose e o paciente tem baixos níveis de HT, esse paciente diabético com hipotireoidismo pode, ao tomar insulina, desenvolver quadros de hipoglicemia, tendo que diminuir a dose de insulina. Efeitos cardiovasculares ▪ Excesso dos HT atuam aumentando a FC, o débito cardíaco, o volume sistólica e a pressão de pulso ▪ Excesso dos HT diminui a RVP ▪ Hipertireoidismo: causa comum de fibrilação atrial. T3 aumenta a corrente iônica no nó sinoatrial ▪ Hipotireoidismo: bradicardia, aumento da RVP, redução da pressão de pulso com aumento da pressão arterial média. Pode causar derrame pericárdico. — A atuação dos HT no sistema cardiovascular é bastante emblemática. Então, as alterações dos HT, seja com excesso ou com falta, podem provocar alterações bastante importantes. Outros efeitos ▪ Sistema respiratório: hipertireoidismo pode causar dispneia, enquanto o hipotireoidismo pode causar hipoventilação e até derrames pleurais ▪ Sistema músculo-esquelético: hipertireoidismo leva à osteopenia e fadiga muscular. Hipotireoidismo está associado à rigidez e fadiga muscular. ▪ Sistema renal: hipertireoidismo leva ao aumento da TFG dos rins, ao contrário do hipotireoidismo. ▪ Sistema hematológico: ambas podem causar anemia ▪ Sistema reprodutivo: ambas podem levar a infertilidade HIPOTIREOIDISMO ▪ Causado basicamente pela deficiência dos hormônios tireoidianos ▪ Pode ser: primário (por insuficiência da glândula tireoide), secundário (por disfunções hipofisárias) ou terciário (por disfunções hipotalâmicas) ▪ Hipotireoidismo congênito: causa evitável de deficiência intelectual ▪ Pode haver bócio associado (aumento do volume da glândula) ▪ Causas comuns: congênita (cretinismo), auto-imune (tireoidite de Hashimoto), pós-cirúrgica, medicamentosa (amiodarona), deficiência alimentar. ▪ Sinais e sintomas: bradicardia, edema, fadiga, lentidão mental, sonolência, depressão, ganho ponderal, constipação, hipertensão, pele fria e seca. Cabelos e unhas fracos. Em crianças há déficit de crescimento e maturação óssea. TIREOIDITE DE HASHIMOTO ▪ Tireoidite linfocítica crônica ▪ Doença auto-imune com predisposição genética Farmacologia Camila Abreu – MED 100 ▪ Destruição inflamatória do tecido tireoidiano ▪ Mais comum em mulheres (5 a 15 vezes) ▪ 88% auto-anticorpos anti-peroxidase (ANTI-TPO) ▪ Causa mais comum de hipotireoidismo em nosso meio TRATAMENTO DO HIPOTIREOIDISMO ▪ Mais comum são problemas relacionados à tireoide ▪ Níveis de T3 e T4 baixos e de TSH alto ▪ A tiroxina (T4) é o hormônio de escolha para o tratamento ▪ Dose de reposição é 1,7 mcg/kg/dia ▪ Objetivo da terapiaé normalizar os níveis de TSH ▪ Mudança de dose: exame após 6 semanas Levotiroxina ✓ Disponível em comprimidos e pó liofilizado para uso IV ✓ Bem tolerado via oral, com absorção em estômago e intestino de 80% ✓ Alcança nível sério máximo entre 2 e 4 horas ✓ Meia-vida longa: 7 dias ✓ Dose intra-venosa: 80% da dose oral diária ✓ Synthroid, Puran T4, Euthyrox, Levoid Liotironina ✓ Tri-iodotironina: T3 ✓ Disponível em comprimidos e forma injetável ✓ Bem tolerado via oral, com absorção de quase 100% ✓ Alcança nível sérico máximo entre 2 e 4 horas ✓ Meia vida curta: <24 hrs ✓ Pode ser usada no coma mixedematoso Liotrix ✓ Levotiroxina (T4) + tri-iodotironina (T3) — 4:1 Tireoide dessecada ✓ Levotiroxina (T4) + tri-iodotironina (T3) — 1:1 GESTAÇÃO ▪ TBG elevada pelo estrogênio, com consequente diminuição da forma livre ▪ Aumentar a dose em gestantes em 30%. (2 comprimidos por semana) ▪ Quando diagnosticado durante a gravidez, aumenta o risco de abortamento, sofrimento fetal, parto prematuro e problemas com o desenvolvimento do bebê ▪ TSH deve ser monitorado durante a gravidez para o ajuste de doses até a 20º semana quando alcança nível máximo ▪ Retornar a dose anterior da gestação no dia seguinte ao parto HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO ▪ Terapia tem que ser iniciada antes de 2 semanas de vida ▪ Dose: 10 a 15 mcg/kg ▪ Meta: T4 no nível superior e TSH na metade inferior dos valores de referência TERAPIA DE REPOSIÇÃO NO CÂNCER DE TIREOIDE ▪ Levotiroxina para manter os níveis baixos de TSH pós tireoidectomia e/ou iodo radioativo. Farmacologia Camila Abreu – MED 100 COMA MIXEDEMATOSO ▪ Síndrome rara e grave. Hipotireoidismo extremo. Emergência ▪ Fatores precipitastes: infeção, insuficiência cardíaca e não adesão ao tratamento ▪ Sinais clínicos: hipotermia, depressão respiratória e diminuição do nível de consciência ▪ Levotiroxina: 200 a 400 mcg IV (dose de ataque), seguida da dose de reposição integral diária ▪ Recomenda-se associar glicocorticóides IV até descartar a insuficiência suprarrenal. HIPERTIREOIDISMO ▪ Afecção causada por concentrações elevadas de hormônios tireoidianos livres circulantes ▪ Causa mais comum: Doença de Gravis (distúrbio auto-imune que ativa o receptor de TSH na tireoide) – 60 a 90% ▪ Mais comum em mulheres (5:1 a 7:1), ocorrendo mais entre 20 a 50 anos ▪ Outras causas: bócio uninodular tóxico e multinodular tóxico ( 10 a 40%) ▪ Nos indivíduos com função hipofisária normal, os níveis de TSH constitui a principal prova de função tireoidiana de escolha SINAIS E SINTOMAS ▪ Relacionados ao aumento da produção de calor, da atividade motora e da sensibilidade às catecolaminas ▪ Pele ruborizada, úmida e quente ▪ Músculos fracos e trêmulos ▪ Aumento da FC e do DC ▪ Aumento do apetite e do metabolismo. Perda de peso ▪ Insônia, inquietação, ansiedade, depressão TRATAMENTO Fármacos antitireoidianos e outros inibidores: ▪ Fármacos antitireoidianos: interferem na ação da tireoide ▪ Inibidores iônicos: bloqueiam o transporte de iodeto ▪ Iodo em concentrações elevadas ▪ Iodo radioativo FÁRMACOS ANTITIREOIDIANOS ▪ Inibem a formação dos hormônios da tireoide, interferindo na incorporação do iodo na tireoglobulina ▪ São usados como: - Tratamento da doença de Graves - Em associação do iodo radioativo - Na preparação do tratamento cirúrgico ▪ Tioamidas: PROPILTIOURACIL e METIMAZOL PROPILTIOURACIL ▪ Absorção rápida, em < 30 minutos ▪ Meia-vida de 75 minutos Farmacologia Camila Abreu – MED 100 ▪ 75% de ligação às proteínas plasmáticas ▪ Dose usual: 100 mg de 8/8h ▪ Excretado na urina ▪ Utilizado na tireotoxicose METIMAZOL ▪ Fármaco de escolha para a doença de Graves ▪ Mais potente que o PTU ▪ Meia-vida de 4 a 6 horas ▪ Dose única diária ▪ Excreção na urina (mais lenta que o PTU) ▪ Utilizado na tireotoxicose REAÇÕES ADVERSAS ▪ Baixa incidência ▪ Exantema papular urticariforme é a mais comum ▪ Dor articular, rigidez, parestesia, cefaleia, náuseas, pigmentação cutânea e queda de cabelos ▪ Agranulocitose é a reação mais grave INIBIDORES IÔNICOS ▪ Interferem na concentração de iodo na tireoide ▪ Ânimos que se assemelham ao iodeto: tiocianato, perclorato, fluorborato ▪ Tiocianato não concentra-se na tireoide e portanto necessita de altas doses ▪ Perclorato 10 vezes mais potente que o tiocianato ▪ Bloqueiam a entrada de iodeto nas células IODO ▪ Remédio mais antigo ▪ Limita o próprio transporte e inibe a liberação do hormônio tireoidiano ▪ Reduz a vascularização da glândula ▪ Efeito máximo após 10 a 15 dias ▪ Usado no período pré-operatório e nos inibe a captação de iodo radioativo ▪ Efeito adverso: iodismo IODO RADIOATIVO ▪ Destrói o parênquima glandular ▪ Meia-vida de 8 dias ▪ Uso terapêutico: câncer de tireoide e tireoide hiperativa ▪ Elevada incidência de hipotireoidismo tardio ▪ Aumento de outros cânceres ▪ Contra-indicado na gestação TERAPIA COADJUVANTE Beta-bloqueadores ▪ Reduzem taquicardia, tremores, olhar fixo, ansiedade e palpitações ▪ 20 a 40 mg propanolol 4 vezes ao dia ou atenolol 50 a 100 mg/dia Bloqueadores de canais de cálcio ▪ Controla taquicardia e tendência a taquiarritmias Farmacologia Camila Abreu – MED 100 Imunoterapia ▪ Rituximabe GESTAÇÃO ▪ Ocorre em 0,2% das gestações ▪ Fármacos de escolha: antitireoidianos ▪ Evita-se metimazol no primeiro trimestre ▪ Utiliza-se metimazol no segundo e no terceiro ▪ Antitireoidianos pouco passam no leite materno TEMPESTADE TIREOIDIANA ▪ Complicação incomum e potencialmente fatal ▪ Ocorre em pacientes tireotóxicos não tratados ou parcialmente tratados ▪ Fatores precipitastes: infecções, estresse, traumatismo, cirurgias, cetoacidose diabética, trabalho de parto, cardiopatias, uso de iodo radioativo ▪ Manifestações clinicas: febre, taquicardia, náuseas, vômitos, agitação, diarreia, confusão mental e até coma (20%) ▪ Tratamento: suporte intensivo e antitireoidianos em altas doses (PROPILTIOURACIL é o de escolha)
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