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Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 1 ANTIARRÍTMICOS, ANTIANGINOSOS E GLICOSÍDEOS CARDÍACOS PROPRIEDADES CARDÍCAS O sistema cardíaco não pode ser analisado separadamente de sistema vascular e renal. Afinal, todo o nosso sistema é baseado na pressão, e esses três sistemas regulam as pressões. Não se pode esquecer que o sistema cardiovascular é fechado e, com isso, qualquer diferença de pressão afeta ele como um todo. O que faz com que o sangue circule é a diferença de pressão. O VE contrai e gera um a pressão (é hermeticamente fechado) libera o sangue e manda para todo o organismo que após retorna para o AD. O débito cardíaco depende da quantidade de sangue que é recebido (quando se tem um tempo adequado entre sístole-diástole se tem o enchimento de maneira correta, se tiver problemas pode ser por arritmias ventriculares – altamente letais). Para cada batimento são 120mL, ejetam 70 e ficam 50mL residuais. Os átrios são de 4 a 5 vezes menores que o ventrículo, com isso, se o enchimento ventricular depende apenas do enchimento do átrio não seria possível, desse modo, o átrio contribui com o enchimento apenas no final, com cerca de 20%. O fluxo sanguíneo no diástole é diretamente dependente da pressão gerada pelos vasos. A pressão em diástole é forte o suficiente para encher os ventrículos, 80% do enchimento ocorre antes do batimento, os 20 % faltantes são ocupados pela quantidade que está no átrio. Dessa forma, um átrio não funcional não é um problema (contribui só com 20%), porém o problema de hiperfunção (átrios em taquicardia) que pode gerar problemas de pressão gerados nos 80% que entrariam no ventrículos. Arritmias ventriculares são fatais, as atriais (supraventriculares) não são tão fatais em comparação. Existe uma maneira otimizada para a função cardíaca funcionar – para o trabalho cardíaco funcionar, o ritmo, a sincronia do tempo de contração dos átrios e enchimento dos ventrículos. A maneira com que o coração gera a pressão é dependente das contrações, ou seja, são resultados das funções elétricas. É quem dá a indicação de início e fim da contração cardíaca, se um átrio está em taquiarritmia o problema não é muscular e sim elétrico. Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 2 Os átrios e ventrículos são separados por tecido fibroso, formado por várias células eletricamente desconectadas. A eletricidade é uma diferença entre meio interno e externo – são as diferenças de potencial, ou seja, dependem de canal iônico. O nodo sinoatrial é formado por celulares musculares adaptadas, ao invés de contrair, para gerar eletricidade, ele gera potenciais de ação independentes, não dependente de SNC. Os sistemas simpático e parassimpáticos, quando “querem” influenciar nos batimentos cardíacos eles agem diretamente no nodo, e o nodo gera o sinal indicado. O potencial é gerado no nó, e é distribuído para toda a massa atrial (de ambos os lados), fibras interatriais. Desse modo os pontos mais pertos são os primeiros a contrair. Momentaneamente quando o sinal elétrico passa não se consegue ativar novamente. E por isso as ondas elétricas não sejam constantes. Se tem um delay de 9 milissegundos, quase que irrelevante. Existe uma via intermodal adaptada (para condução elétrica) que leva os sinais elétricos mais rapidamente (3 milissegundos) para o nó atrioventricular (é o único caminho elétrico de comunicação) por ter muitas junções comunicantes. A função do atrioventricular é diminuir a passagem com menos GAP junctions, para dar tempo de se espalhar todo o sinal elétrico nos átrios e fazer com que os átrio completar seu ciclo de sístole (contração) anteriormente aos ventrículos. Logo após se tem o Feixe de His, velocidade muito rápida, e as fibras de Purkinje. Da mesma maneira que as ondas vão se dissipar ao se encontrarem nos átrios, nos ventrículos isso também vai ocorrer. Fase zero = Despolarização da membrana até produzir o sinal, Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 3 os canais de sódio-dependentes dependem deles; Fase um = não sei. canal se sódio voltagem dependente se ativando. Fase dois = Fase de platô, é o cálcio que inicia todo o potencial de ação e controla a contração (quanto mais cálcio mais forte é o potencial), quanto maior o platô mais cálcio entra na célula cardíaca, e com isso mais forte e sustentada é a contração e maior é o tempo da sístole (prolongamento de QT) a fonte do cálcio é do retículo sarcoplasmático, Ativação dos canais de potássio porém com delay, não são liberados; Amiodarona utilizado em pacientes com arritmias – diminui a frequência para aumentar a fase dois. Fase três = Abertura dos canais de potássio voltagem dependentes, com isso se tem a fase de repolarização, ao final da fase ele estão com a atividade máxima “funcionando que nem loucos”. Fase quatro = É a fase marca-passo, é o que controla a frequência, todo o jogo de sistema autônomo (simpático e parassimpático), precisa-se induzir despolarização para chegar ao potencial de membrana e então iniciar um novo ciclo, é uma fase dominada pela inativação dos canais de potássio (depolarização), contribuição de canais de sódio e de cálcio que ajudam na despolarização (são menores em termos de força porém ajudam). Não se tem canais de sódio- dependestes nos nodos, o potencial de ação neles não dependem de sódio, quem faz a despolarização são os canais de cálcio (polarização mais lenta). Desacelerando a atividade nesses dois nodos se tem uma diminuição da frequência. Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 4 Muitos fármacos trabalham em prolongamento de QT. Onda P é a contração atrial (sístole atrial), o relaxamento atrial começa concomitante a contração ventricular (sístole ventricular). P-QRS – sístole atrial, QRS-T – sístole ventricular (cálcio), T-P-QRS – diástole ventricular. Com isso, o prolongamento de QT gera prolongamento da sístole ventricular, com isso se leva a uma maior entrada de cálcio na célula e prolongamento do platô. Fármaco que gera prolongamento de QT pode gerar arritmia (gera retardo). Existem quatro principais causas de arritmia, retardo de pós-polarização é a principal causa (relacionado com sistema simpático) VER PÁGINA 864. As arritmias originam-se em decorrência de: - Retardo da pós-despolarização, que desencadeia batimentos ectópicos - Reentrada, decorrente de bloqueio parcial de condução - Atividade ectópica de marca-passo - Bloqueio cardíaco → O retardo da pós-despolarização é causado por uma corrente de entrada associada a Ca 2+ intracelular anormalmente elevado, gera arritmia por gerar extrassístoles. → A reentrada é facilitada quando partes do miocárdio são despolarizadas em decorrência de uma doença. → A atividade ectópica de marca-passo é exacerbada pela atividade simpática. → O bloqueio cardíaco advém de doença no sistema de condução, especialmente do nó atrioventricular. Pós-despolarização em músculo cardíaco registrada em seio coronário de cão na presença de norepinefrina. O primeiro estímulo (S1) causa um potencial de ação seguido por uma pequena pós- despolarização. À medida que diminui o intervalo S2-S3, a pós-despolarização fica maior (†) até que desencadeia uma série indefinida de potenciais de ação (‡). Geração de um ritmo reentrante por uma área de miocárdio lesionada. A área lesionada (marrom) conduz apenas em uma direção. Isso perturba o padrão normal de condução e permite que ocorra circulação contínua do impulso. Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 5 Clinicamente, as arritmias estão divididas: - De acordo com seu local de origem (supraventriculare ventricular) - De acordo com aumento ou diminuição da frequência cardíaca (taquicardia ou bradicardia). A força de contração é aumentada quanto mais cálcio for liberado. Quando se tem demanda, se libera acetilcolina e aumenta a força. Quando se tem ativação parassimpática, automaticamente não se tem noradrenalina, e com isso a força de contração fica no mínimo. Por esse fato, não é necessário bloquear os efeitos da noradrenalina, afinal ela não estará ali pois o simpático não está ativado. A reentrada é muito comum ocorrer no pós infarto, pois a atividade elétrica de condução é dificuldade por contas das fibroses, os sinais elétricos não passam, e terminam, no tecido fibrosado. Marca passo ectópico é quando qualquer região do tecido cardíaco, fora o nodo, começa a ter atividade espontânea e acaba competindo com o nodo sinoatrial. É gerada por despolarização, patrocinado pelo sistema simpático e por despolarizações parciais (geradas durante isquemia). Bloqueio é quando a atividade elétrica não passa, decorre de fibrose ou lesão isquêmica do sistema de condução (muitas vezes no nó AV). Gera uma atividade elétrica anômala. FÁRMACOS ANTIARRÍTMICOS Classificação de Vaughan William: → Classe I: fármacos que bloqueiam canais de sódio sensíveis a voltagem. São subdivididos em: Ia, Ib e Ic. Quando maior a atividade da célula cardíaca mais efeito o fármaco vai ter. conseguem prevenir extrassístoles sem atrapalhar a atividade normal. Com o canal bloqueado não consegue gerar o potencial de ação extra. → Classe II: antagonistas dos receptores β-adrenérgicos → Classe III: fármacos que prolongam, substancialmente, o potencial de ação cardíaco → Classe IV: antagonistas do cálcio. A lidocaína, classe Ib, trabalha com o bloqueio dos canais de sódio-voltagem dependentes (dependência de uso). Uso raro, porém comumente nas arritmias ventriculares pós infarto. Seus efeitos adversos não são tão relevantes, considerável vasodilatação e sonolência. ½ vida é muito baixa. Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 6 A propafenona, classe Ic e II, trabalha com o bloqueio dos canais de sódio- voltagem dependente (dependência do uso, conserta-se extrasstitoles) e é - bloqueador fraco (minimicza retardos de polarização). Utilizado nas taquiarritmias supraventriculares e ventriculares. Gera uma dissociação lenta, o efeito final no alvo funciona melhor quando em tratamentos crônicos. Como se mexe com a função cardíaca pode gerar efeitos adversos nela, como bloqueio sinoatrial, AV e intraventricular, além de tontura, ansiedade e cefaleia. O Atenolol, classe II, é um -bloqueador antagonista adrenérgico 1 (seletivo), bloqueio de extrassístoles. Não é tão específico quanto o propranolol. O Propranolol é contraindicado em casos de edema pulmonar, pois pode agir no receptores 2 pulmonares afinal não tem muita especificidade, o que poderia gerar broncocontrições, a troca gasosa está prejudicada (a distância entre o pneumócito e o vaso sanguíneo está aumentada). A Amidorana, classe III, bloqueia os canais de potássio voltagem dependente (grande influência no prolongamento do platô, aumento do potencial de ação e diminuição da FC, e, por consequência, diminui a zona 4). Mesmo gerando um alongamento de platô e prolongamento de QT ela não possui efeitos de taquicardia, deve haver algum efeito compensatório. Em termos funcionais é o antiarrítmico mais eficientes, com uma grande ressalva: o com mais efeitos adversos pronunciados. Muito utilizada no Brasil em distúrbios agudos por conta da sua eficiência, porém não em países de primeiro mundo. Seus efeitos adversos a longo prazo são muito relevantes, pode gerar distúrbios endócrinos (tireoide), bradicardia, distúrbios osculares, hepáticos e pigmentação na pele (gera necrose tecidual). Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 7 O Verapamil/Didiltiazem, classe IV, bloqueia os canais de cálcio voltagem dependente atuando em 2 fases (no platô e na fase 4). O feito de diminuição e ajuste de frequência é muito pronunciados pois gera efeitos na fonte do distúrbio elétrico (canais iônicos). Os fármacos da classe IV acabam atuando na musculatura lisa vascular e com isso gera vasodilatação. A Digoxina bloqueia a atividade (parcialmente) da bomba sódio/potássio (aumento de Ca intracelular e bloqueio do nodo AV). Pode ser usada como antiarrítmico, na insuficiência cardíaca e na pressão arterial. Seu principal uso é cardiotônico o que faz ser usado como antiarrítmico. O seu efeito na IC é contrário do que seria esperado pois mexe com a concentração de íons, librando mais cálcio na sístole (a força de contração será maior) e como ele está com mais cálcio, não gerará retardo de pós-despolarização; outra forma de controle na IC é diminuir a resistência periférica, ou seja, vasodilatar. A digoxina pode, ainda, bloquear o nodo AV, se imagina que seja algo relacionado a sensibilidade, com esse bloqueio se gera uma desaceleração do potencial de ação e assim ajuda a controlar arritmias, com essa desaceleração extrassístoles não são geradas. FÁRMACOS ANTIANGINOSOS Toda vez que se tem sístole se “esmaga” todos os vasos do coração, ou seja, só se perfunde o tecido cardíaco na diástole. O aumento de FC, não gera impacto no tamanho da sístole mas diminuição em proporção em relação à diástole, ou seja, quanto maior a frequência menor é a diástole em relação a sístole. Com isso, quando maior a frequência menor é a perfusão do tecido cardíaco. Em paciente saudável isso não afeta, porém em pacientes deficitários (aterosclerose, por exemplo) esse efeito gera muito impacto, isso é o que gera a angina. A falta de fluxo sanguíneo gera isquemia e faz com que se precise usar processos anaeróbios, com isso, a dor que o paciente sente ele vem da geração de compostos que ativam os receptores da dor. Resolve-se isso com a vasodilatação das coronárias Os nitratos orgânicos, TNT principalmente. geram vasodilatação e possuem uma ação mais especifica para vasodilatar no sistema coronário principalmente na circulação colateral (ao vasodilatar consegue-se devolver o fluxo sanguíneo). Com isso é muito utilizado em casos de angina pois age diretamente no local deficitário. O problema do TNC é o tempo de ½ vida e metabolismo hepático muito rápidos e não podem ser ingeridos VO (justamente por conta do metabolismo). Mononitrato de Isossorbida, melhor que o TNT, mais estável e com tempo de ½ vida melhor. Pedro Henrique de Figueiredo Sousa – Medicina UNIVATES atm 2025/B 8 O problema da classe é tolerância de dose, pensa-se ser por conta de uma saturação dos nitratos e mesmo com um aumento de dose não adianta. Com isso é usado para eventos agudos e não crônicos (precisa-se de doses mais espaçadas). Vasodilatadores sistêmicos (lidocaína, por exemplo) em pacientes em infarto (eventos isquêmicos) pode matar pois se desloca o fluxo sanguíneo (roubo de carga).
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