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SEMÂNTICA Conteúdo Aula V

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Semântica formal: diferentes abordagens
APRESENTAÇÃO
Entender como o ser humano estabelece significados a partir da linguagem sempre foi alvo de 
investigações desde a Antiguidade Clássica. Com o passar do tempo, tal discussão passou do 
campo filosófico para o campo científico, sobretudo com o surgimento da Linguística moderna. 
Aliás, dentro dela, também se desenvolveu 
um campo de estudo específico para isso: a semântica. Porém, como o fenômeno do significado 
é tão complexo e multifacetado, foi necessário desenvolver vertentes dentro da própria 
semântica, com o intuito de dar conta das várias facetas que ela apresenta.
É nesse viés que se insere a semântica formal, a vertente da semântica responsável por estudar 
como o significado é estabelecido a partir 
da ótica referencial e do pensamento lógico. Dessa forma, vamos compreender seus 
pressupostos básicos, como a referencialidade 
e o princípio da composicionalidade, além dos elementos recursivos 
que permeiam tal ramo da semântica.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Definir "significado" à luz da semântica formal.•
Explicar o princípio de composicionalidade.•
Categorizar os elementos de recursividade na teoria semântica.•
DESAFIO
A semântica formal é uma vertente da semântica que estuda a maneira como um falante de uma 
língua entende o significado de sentenças. Nesse viés, o significado é construído com base na 
ótica referencial, 
ou seja, de que a língua natural estabelece referência com os objetos 
do mundo, cabendo a nós interpretar, sobretudo, por meio da lógica.
Em relação a isso, podemos afirmar que os pressupostos básicos da semântica formal podem 
auxiliar, e muito, o falante de uma língua a compreender melhor os mecanismos de significação, 
isto é, a maneira como, por meio de um idioma, os significados são constituídos. Vale destacar 
que isso é vital no cotidiano dos falantes, sobretudo no contexto de sala de aula.
Vamos supor que você seja professor de redação do 3.º ano do Ensino Médio. Na sala de aula, 
você discute o seguinte tema de redação com os seus estudantes: “A liberdade de expressão é 
garantida no Brasil 
no século XXI?”. No final da aula, você solicita que eles produzam uma dissertação-
argumentativa no modelo ENEM a partir do tema abordado. Na aula seguinte, você começa a 
receber as produções. Em uma delas, você se depara com o seguinte trecho:
 
Em relação ao contexto anterior, responda:
a) Identifique, no parágrafo da redação anterior, o trecho que apresenta uma contradição.
b) Explique o porquê de o trecho destacado ser contraditório e as consequências geradas na 
avaliação do estudante que fez a redação.
INFOGRÁFICO
A semântica formal, por causa de sua forte ligação com a lógica, almeja estudar as sentenças de 
uma língua de maneira racional. Para isso, ela lança mão de elementos recursivos, os quais, cada 
um com suas características próprias, estabelecem significados específicos para unidades 
linguísticas maiores e complexas.
No Infográfico a seguir, você verá detalhadamente as características dos principais elementos 
recursivos da semântica formal.
CONTEÚDO DO LIVRO
A semântica formal é um dos ramos de estudo da semântica dentro da Linguística moderna. 
Embora seja um campo relativamente novo, desenvolvido a partir da década de 1950, suas 
contribuições acerca da investigação referente ao âmbito do significado foram consistentes e 
relevantes. 
Na obra Semântica e pragmática, leia o capítulo Semântica formal: diferentes abordagens, base 
teórica desta Unidade de Aprendizagem. Nele, você verá a maneira como o significado é tratado 
por essa vertente da semântica. Além disso, você compreenderá o princípio da 
composicionalidade. Por último, categorizaremos os elementos da recursividade. 
Boa leitura.
SEMÂNTICA E 
PRAGMÁTICA
Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra
Semântica formal: 
diferentes abordagens
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir “significado” à luz da semântica formal.
  Explicar o princípio da composicionalidade.
  Categorizar os elementos da recursividade na teoria semântica.
Introdução
Neste capítulo, você vai dar os primeiros passos rumo à semântica formal, 
uma das vertentes da semântica. Como você vai ver, estudar o significado 
por meio da semântica formal implica compreender a maneira como 
ele é configurado a partir das relações lógicas entre a língua e o mundo 
externo ao falante.
Assim, em um primeiro momento, você vai verificar como o signifi-
cado é tratado pela semântica formal. Em seguida, você vai conhecer o 
princípio da composicionalidade. Por fim, você vai entrar em contato com 
os principais elementos da recursividade voltados à semântica formal.
1 A semântica formal e o estudo do significado
Originada a partir dos estudos sobre lógica desenvolvidos pelo fi lósofo Richard 
Montague em meados do século XX, a semântica formal é uma vertente da 
semântica. Ela estuda o signifi cado com base na perspectiva da referenciali-
dade, ou seja, a partir da noção de que as línguas estabelecem uma referência 
aos objetos do mundo (CANÇADO, 2005).
Assim, o conceito de referencialidade é fundamental para essa vertente da 
semântica. A referencialidade está ligada ao “[...] fato de que as línguas naturais 
são utilizadas para falar sobre objetos, indivíduos, fatos, eventos, propriedades 
[...] descritos como externos à própria língua [...]” (MÜLLER; VIOTTI, 2016, 
p. 2), articulando tanto o conhecimento do falante sobre o seu idioma quanto 
o conhecimento que ele tem do mundo à sua volta. Para compreender melhor 
como funciona a referencialidade, observe a Figura 1, a seguir.
Figura 1. A referencialidade.
Fonte: Adaptada de Snake22/Shutterstock.com.
O significado e a condição de verdade
Como você viu, a referencialidade é uma característica básica da semântica 
formal. A partir dela, outra singularidade emerge. Tal singularidade é descrita 
por Müller e Viotti (2016, p. 138):
Por esta razão, na Semântica Formal, o significado é entendido como uma 
relação entre a linguagem por um lado, e, por outro, aquilo sobre o qual a 
linguagem fala. Este “mundo” sobre o qual falamos quando usamos a lin-
guagem pode ser tomado como o mundo real, parte dele, ou mesmo outros 
mundos ficcionais ou hipotéticos.
Nesse contexto, para essa vertente da semântica, “[...] dar o significado de 
uma sentença é dizer em que condições essa sentença seria verdadeira [...]” 
(CANÇADO, 2005, p. 140). Assim, o significado está diretamente associado 
ao conceito de condição de verdade, que você vai conhecer melhor a seguir. 
Considere esta sentença como exemplo:
Um homem pulou o muro.
Agora veja o que Cançado (2005, p. 140) afirma sobre ela: “Se tentarmos 
explicar o significado da sentença [...], diríamos que ela significa que uma 
pessoa, com as qualidades normalmente atribuídas a homem (sexo masculino, 
Semântica formal: diferentes abordagens2
adulto...) fez um movimento para ultrapassar um obstáculo, chamado muro 
[...]”. Se você precisasse definir em que condições essa sentença seria aceita 
como verdadeira, teria a seguinte resposta: a sentença “Um homem pulou o 
muro” será verdadeira quando
(a) existir no mundo a que se faz referência um ser com 
características masculinas e que seja adulto;
(b) e esse ser fizer uma ação de transpor um obstáculo fruto 
de uma construção vertical de alvenaria.
Logo, para que essa sentença tenha condições de verdade, um conjunto de 
circunstâncias deve ser atendido. Um homem não pode pular um muro se só houver 
uma mulher trocando o pneu de um carro, pois essa condição de verdade não é 
compatível com a sentença anterior. É por isso que a base da semântica formal, 
bem como a sua maneira de investigar o significado, é referencial, e não mentalista 
ou enunciativa. Caso não se estabeleça a referencialidade entre uma língua natural 
e o mundoao qual essa língua faz referência, o significado não é estabelecido.
Aliás, outra questão importante — que você não pode confundir com a 
anterior — é se a sentença é verdadeira ou não. Isso é completamente diferente 
do conceito de condição de verdade. Considere novamente o exemplo anterior. 
Se um homem realmente pulou, a sentença é verdadeira. Seguindo a mesma 
lógica, se um homem realmente não pulou, a sentença é falsa. Porém, antes de 
se afirmar que a sentença é verdadeira ou falsa, é imprescindível que exista 
um ser humano do sexo masculino, adulto, praticando a ação de transpor um 
muro, ou seja, a condição de verdade da sentença é essencial.
A fim de arrematar isso, Cançado (2005, p. 140–141) comenta que é possível 
saber quais são as condições em que uma sentença é verdadeira sem saber 
se ela é verdadeira ou não: “[...] o que precisa ficar claro é que o significado 
da sentença está associado às condições de verdade da sentença, e não à sua 
verdade ou falsidade [...]”.
2 Princípio da composicionalidade
Você já viu como a semântica formal estuda o signifi cado, principalmente por 
meio da perspectiva da referencialidade. Você também conheceu o conceito 
de condição de verdade. Agora, você vai estudar outro conceito importante 
para essa vertente da semântica, o princípio da composicionalidade.
3Semântica formal: diferentes abordagens
Como pontua Cançado (2005), o princípio da composicionalidade afirma 
que o significado de uma sentença é fruto do significado dos seus itens lexicais 
mais a combinação sintática deles. Considere o seguinte:
Se soubermos o significado das partes da sentença e soubermos as regras que 
explicitam como combinar essas partes, então podemos deduzir o significado 
da sentença, ou seja, se soubermos o significado das unidades e regras para 
montá-las em unidades mais complexas, então poderemos construir e inter-
pretar uma infinidade de sentenças novas, assim como explicar por que certas 
interpretações não são possíveis (CANÇADO, 2005, p. 141).
Aliás, Müller e Viotti (2016) elaboram um comentário pertinente no que 
diz respeito à produtividade que as línguas naturais possuem em função de 
tal princípio. Veja:
As línguas naturais nos permitem produzir e compreender constantemente 
significados novos. E isto não só pela sua flexibilidade na criação de palavras 
novas, mas principalmente porque elas nos permitem produzir e compreender 
sentenças completamente novas. Isso é possível porque a partir do significado 
dos itens lexicais e da maneira com estes se compõem derivamos o significado 
das unidades complexas. Ou seja, cada parte de uma sentença contribui de uma 
forma sistemática para seu significado (MÜLLER; VIOTTI, 2016, p. 139).
Esse comentário é bastante pertinente. Imagine que os idiomas são organis-
mos humanos e que as palavras são as células, unidades menores e mais simples. 
Essas unidades permitem construir unidades maiores e mais complexas.
Quando você pensar no princípio da composicionalidade, relacione-o à composição, 
isto é, ao produto da união de partes menores.
Aplicação do princípio da composicionalidade
Como você viu, a semântica formal estuda o signifi cado a partir da perspectiva 
da referencialidade. Assim, para que o signifi cado se estabeleça, deve haver 
um conjunto de circunstâncias básicas, ou seja, a condição de verdade. Depois 
que isso estiver consolidado, o falante de uma língua pode compreender o 
Semântica formal: diferentes abordagens4
sentido de um enunciado por meio do princípio da composicionalidade. Tal 
princípio, como você já sabe, afi rma que o signifi cado de um enunciado está 
ligado ao signifi cado dos seus itens lexicais, bem como à maneira pela qual 
esses itens estão dispostos sintaticamente (CANÇADO, 2005).
Considere como exemplo a sentença a seguir:
(1) João abraça Maria.
Na sentença (1), existem três itens lexicais:
  “João”, nome de uma pessoa do gênero masculino;
  “abraça”, ação de dar um abraço em alguém;
  “Maria”, nome de uma pessoa do gênero feminino.
Agora considere a disposição sintática desses itens da sentença (1). Ob-
serve que a sentença (S) é constituída de um sintagma nominal (SN) e de um 
sintagma verbal (SV). O SN é formado por um núcleo (N), no caso, “João”. 
Por sua vez, o SV é formado por um verbo (V), “abraça”, e um SN, “Maria”. 
Isso que você acabou de ler pode ser representado pela Figura 2.
Figura 2. Diagrama de árvore da sentença (1).
5Semântica formal: diferentes abordagens
A partir da disposição sintática da sentença, mais os significados par-
ticulares de cada item lexical, tem-se a seguinte situação: para entender o 
significado de S, é preciso entender o significado de SN e SV. Para entender 
o SN, é preciso entender o significado de N. Para entender o significado de 
SV, é necessário entender o significado de V e de SN.
Logo, conhecendo a composição dos itens lexicais e de seus respectivos 
significados, é possível compreender o significado total da sentença. É em 
virtude disso que o princípio da composicionalidade tem esse nome. Por meio 
da composição de unidades menores e simples, pode-se entender as unidades 
maiores e complexas.
3 Recursividade na semântica formal
Agora você vai ver como categorizar os elementos de recursividade da se-
mântica formal. Como você viu antes, o princípio da composicionalidade 
afi rma que “[...] o signifi cado de uma sentença não é determinado apenas pelo 
signifi cado de suas palavras, mas também por sua estrutura gramatical [...]” 
(MÜLLER; VIOTTI, 2016, p. 141).
Por sua vez, Oliveira (2001, p. 143) pontua que, considerando os pressupostos 
da semântica formal, “Um falante, quando interpreta uma sentença qualquer, 
atribui referências aos nomes que utiliza, relacionando, de algum modo, a 
cadeia sonora a objetos no mundo [...]”. Para Oliveira (2001), dependendo do 
modo como o falante relaciona a língua com o mundo, sobretudo por meio de 
sentenças, há determinada construção de significados.
É nesse contexto que os elementos recursivos de acarretamento, pressu-
posição, paráfrase, contradição e ambiguidade se inserem. A seguir, você vai 
conhecer a definição desses elementos e ver alguns exemplos práticos, com 
o intuito de categorizá-los.
Acarretamento
O acarretamento, segundo Cançado (2005), ocorre a partir da seguinte lógica: 
a verdade de uma sentença consequentemente leva à verdade de outra, e, por 
sua vez, o conteúdo expresso na segunda está contido na primeira. A fi m de 
compreender melhor, observe as sentenças a seguir:
(2) Carlos continua doente.
(3) Carlos adoeceu na infância.
Semântica formal: diferentes abordagens6
Note que, se (2) é verdadeiro, consequentemente (3) também será. Além 
disso, a informação de (3) está contida em (2); logo, a sentença (2) acarreta a 
sentença (3). Outro detalhe frisado por Cançado (2005) em relação ao acarre-
tamento é relativo à assimetria. Você pode perceber isso tomando novamente 
como exemplo as sentenças (2) e (3). Como (2) acarreta (3), não pode haver o 
caminho inverso, isto é, (3) acarretando (2).
Müller e Viotti (2016, p. 145) também comentam sobre o acarretamento:
Acarretamento é uma relação de sentido fundamental entre sentenças e de-
termina alguns de nossos padrões de inferência. Por exemplo, se (a) e (b) são 
verdadeiras, nós sabemos que (c) é verdadeira. Podemos dizer que (a) e (b) 
juntas acarretam (c) porque a situação descrita por (a) e (b) juntas é suficiente 
para descrever a situação em (c).
Você pode ver isso no exemplo a seguir.
(4) Jupará é mamífero.
(5) Jupará é notívago.
(6) Jupará é mamífero e notívago.
Note que as sentenças (4) e (5) acarretam (6), porque as duas primeiras 
juntas descrevem a última. Caso isso esteja em um texto, o acarretamento 
pode se mostrar um aliado relevante na interpretação textual.
Pressuposição
A pressuposição, como afi rma Cançado (2005), é uma espécie de acarreta-
mento, porém ocorre de forma mais implícita. Ou seja, a pressuposição não 
está totalmente explícita no material linguístico. Nessesentido, a pressuposição 
implica uma afi rmação antecipada. Para entender isso melhor, veja o exemplo 
apresentado por Müller e Viotti (2016):
(7) A Maria parou de fumar.
Quando você lê essa sentença, pode fazer a afirmação antecipada de (7):
(8) A Maria fumava.
7Semântica formal: diferentes abordagens
Note que, antes de parar de fumar, necessariamente deve haver a ação de 
fumar. Logo, a sentença (8) traz uma suposição anterior à apresentada em 
(7), isto é, uma pressuposição. Complementando a fala das autoras, Cançado 
(2005, p. 33) indica que a pressuposição “[...] é derivada a partir da estrutura 
linguística da própria sentença; são determinadas construções, expressões 
linguísticas, que desencadeiam essa pressuposição [...]”. De fato, no sintagma 
verbal de (7), existe o verbo “parou” e também há o sintagma preposicional 
“de fumar”, que só poderia existir devido ao verbo “fumava” de (8).
Paráfrase
Segundo Cançado (2005, p. 28), “Quando temos uma relação simétrica, ou 
seja, a sentença (a) acarreta a sentença (b) e a sentença (b) também acarreta a 
sentença (a), temos a relação de paráfrase [...]”. Diferentemente do que ocorre 
no acarretamento, em que as sentenças são assimétricas — ou seja, uma 
sentença está contida na outra, fazendo com que uma acarrete a outra, e não 
o contrário —, na paráfrase o acarretamento é mútuo.
Para entender isso com mais clareza, veja estes exemplos de acarretamento:
(9) Carlos continua doente.
(10) Carlos adoeceu na infância.
Agora veja estes exemplos de paráfrase:
(11) Governo Federal atrasa os salários dos servidores.
(12) Governo Federal não paga o ordenado dos funcionários 
públicos na data prevista.
A informação de (10) está contida em (9), sendo que (9) acarreta (10), 
isto é, o conteúdo expresso na segunda sentença consequentemente levou à 
primeira, portanto há uma relação assimétrica. No entanto, isso não ocorre 
em (11) e (12). Nessas duas últimas sentenças, a relação é assimétrica, 
sendo que o significado ocorre tanto em (11) quanto em (12). Assim, a 
paráfrase pode ser formada tanto por itens lexicais sinônimos como por 
estruturas sintáticas distintas, mas que mantenham a mesma relação entre 
os objetos descritos.
Semântica formal: diferentes abordagens8
Em relação à paráfrase, há um dado importante. Segundo a ABNT NBR 10520:2002, da 
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), é por meio da paráfrase que ocorre 
a citação indireta em textos acadêmicos.
Contradição
A contradição, como afi rma Cançado (2005, p. 47), ocorre quando “[...] dois 
fatos descritos pela sentença não podem se realizar ao mesmo tempo e nem 
nas mesmas circunstâncias no mundo [...]”. Veja o exemplo a seguir:
(13) Esta mesa é quadrada.
(14) Esta mesa é redonda.
Tanto (13) quanto (14) fazem referência a um mesmo objeto no mundo. Todavia, 
não é possível que tal objeto tenha formatos espaciais de quadrado e redondo ao 
mesmo tempo. Ainda no que tange à contradição, Müller e Viotti (2016) fazem 
uma ressalva pertinente: recorrentemente, itens lexicais com significados opostos 
estão presentes em contradições, mas algumas vezes isso não quer dizer que 
necessariamente sejam contraditórios. Para compreender isso, veja o caso a seguir:
(15) Carlos nasceu na Bahia.
(16) Carlos morreu na Bahia.
Embora (15) e (16) contenham itens lexicais com significados opostos, eles 
não envolvem contradição. Nesse caso, são “momentos extremos do processo 
de viver”. Isto é, como os verbos estão no pretérito, é possível uma pessoa, em 
um momento da vida, nascer e, em outro momento, morrer na Bahia.
Ambiguidade
Para Cançado (2005), a ambiguidade diz respeito a uma imprecisão de signifi ca-
dos em uma sentença. Um exemplo clássico disso são as palavras homônimas, 
isto é, aquelas que possuem a mesma escrita, mas têm signifi cados diferentes. 
Veja um exemplo:
9Semântica formal: diferentes abordagens
(17) Ele estava irado.
Em (17), o item lexical “irado” pode tanto significar algo muito bom quanto 
um comportamento colérico, raivoso. Müller e Viotti (2016) pontuam que a 
ambiguidade também pode ocorrer por meio de uma construção sintática 
específica, como no exemplo a seguir:
(18) Os alunos e os professores inteligentes participaram do 
simpósio.
Essa construção sintática pode remeter a dois significados:
(18a) [[Os alunos e os professores] inteligentes] participaram 
do simpósio.
ou ainda
(18b) [[Os alunos] e [os professores inteligentes]] participaram 
do simpósio.
CANÇADO, M. Manual de semântica: noções básicas e exercícios. 2. ed. Belo Horizonte: 
UFMG, 2005.
MÜLLER, A. L. P.; VIOTTI, E. C. Semântica formal. In: FIORIN, J. L. (org.). Introdução à lin-
guística II: princípios de análise. São Paulo: Contexto, 2016. p. 137–159.
OLIVEIRA, R. P. Semântica formal: uma breve introdução. Campinas: Mercado das Letras, 
2001.
Leitura recomendada
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10520:2002. Informação e 
documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
Semântica formal: diferentes abordagens10
DICA DO PROFESSOR
Na semântica formal, a investigação da paráfrase é instigante, 
uma vez que, por ser um acarretamento especial, apresenta características próprias e 
singularidades, as quais influenciam diretamente na constituição do significado de sentenças, 
bem 
como impactam diretamente na compreensão textual.
Nesta Dica do Professor, veja uma forma de utilizar o conceito 
de paráfrase como uma ferramenta de interpretação de questões objetivas do ENEM. 
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
 
EXERCÍCIOS
1) A semântica, na qualidade de área dos estudos linguísticos, também apresenta 
algumas vertentes, e uma delas é a semântica formal.
Diante disso, marque a opção que expressa adequadamente a perspectiva 
fundamental de abordagem da semântica formal em relação ao estudo do significado.
A) Perspectiva da mente.
B) Perspectiva da enunciação.
C) Perspectiva da referencialidade.
D) Perspectiva da argumentação.
E) Perspectiva da cognição.
2) Considerando os pressupostos básicos da semântica formal, veja as asserções:
I - De acordo com o princípio da composicionalidade, para investigar o significado de 
um enunciado, é importante entender as suas partes.
PORQUE
II - A partir do significado dos itens lexicais e o modo como eles estão dispostos, é 
possível compreender o significado do enunciado no qual aquelas partes estão 
inseridas.
A) I e II são falsas.
B) I é verdadeira e II é verdadeira, sendo que a segunda é a justificativa da primeira.
C) I é falsa e II é verdadeira.
D) I é verdadeira e II é verdadeira, sendo que a segunda não é a justificativa da primeira.
E) I é falsa e II é verdadeira, sendo que a segunda explica a primeira.
3) Na semântica formal, o conceito de "condição de verdade" é essencial, uma vez que 
ele fundamenta a referencialidade entre a linguagem e o mundo. A partir de tal 
conceito, observe a sentença:
"Chove em Paris."
Assim, marque a opção que representa adequadamente o conceito de verdade de 
acordo com a sentença apresentada.
A) Não está chovendo na capital francesa.
B) É falso que está chovendo na capital da França.
C) Chove constantemente em Toulouse.
D) É verdadeiro que está chovendo na cidade de Paris.
E) É necessário existir uma precipitação e a cidade de Paris.
4) O princípio da composicionalidade é um conceito fundamental na semântica formal. 
Considerando isso, observe a sentença:
"As engenheiras projetaram o prédio."
Em relação à sentença, observe as asserções:
I - Apenas o significado dos itens lexicais do sintagma verbal são fundamentais para 
compreender o significado da sentença.
II - Se essa sentença passar para a voz passiva analítica, e o sintagma nominal 
"prédio" se tornar sujeito paciente, o significado será o mesmo.
III - Na sentença, para se compreender o significado do sintagma nominal "as 
engenheiras", é necessário saber o significado de cada item, bem como a disposição 
sintáticade ambos.
De acordo com tais asserções, marque a opção a seguir que contém a resposta certa.
A) II é verdadeira.
B) I e III são verdadeiras.
C) III é verdadeira.
D) I e II são verdadeiras.
E) I é verdadeira.
5) A pressuposição é muito estudada pelos teóricos da semântica formal. Como exemplo 
disso, existe o trabalho de Trindade (2000), o qual analisa o emprego da 
pressuposição em algumas manchetes de jornal. Assim, a partir dos seus 
conhecimentos sobre pressuposição, leia o seguinte trecho extraído de Trindade 
(2000, p. 95):
"Combustíveis sobem de novo amanhã."
Referências
TRINDADE, Mônica Mano. O contexto no discurso jornalístico. In: Working papers 
em Linguística, UFSC, n. 4, 2000.
Agora, leia as asserções:
I - Vai ter alta de combustíveis.
II - O preço dos combustíveis aumentou pelo menos uma vez antes.
III - O novo preço dos combustíveis é dez vezes maior do que o anterior.
Marque a opção que contém informações adequadas sobre as asserções anteriores:
A) Somente I e II são pressuposições.
B) Somente I e III são pressuposições.
C) Somente III é uma pressuposição.
D) Somente I é uma pressuposição.
E) Somente II é uma pressuposição.
NA PRÁTICA
Embora pareça ter carga teórica intensa, a semântica formal tem uma face muito prática, uma 
vez que, a todo momento, os falantes buscam estabelecer significados nos mais variados 
contextos, como é o caso 
do escolar. 
Neste Na Prática, você vai estudar um caso relacionado à ambiguidade, fenômeno muito 
estudado na semântica formal, observando a maneira como ela pode ser abordada e solucionada 
em uma situação prática envolvendo a produção textual na Educação Básica.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Richard Montague e a história da semântica
Neste artigo científico, você verá um panorama da história da semântica, principalmente a partir 
das contribuições do teórico Richard Montague, Pai da Semântica Formal.
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Significatividade e verdade
Caso queira saber mais sobre o conceito de condição de verdade, confira o link a seguir.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
O princípio de composicionalidade: divide et impera
Neste texto, a linguista Helena Valentim problematiza esse conceito relevante para a semântica 
formal.
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Paráfrase de advérbios terminados em –mente em português
Neste artigo, você compreenderá mais sobre a paráfrase, tendo em vista a semântica formal, 
sobretudo como recurso de interpretação textual.
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