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USP UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ISBN: 85-86087-55-6 FFLCH FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E cIÊNCIAS HUMANAS Reitor Vice-Reitor Diretor Vice-Diretor Prof. Or. JacquesMarcovitch Prof. Dr. Adolpho José Melfi Prof. Dr. FrancisHenrik Aubert Prof. Dr. RenatodaSilva Queiroz PROJETO DE ESTUDO DA NORMA LINGüíSTICA URBANA CULTA DE SÃO PAULO (PROJETO NURC/SP-NÚCLEO USP) CONSELHO EDITORIAL ASSESSOR DA HUMANITAS Presidente Membros Prof. Dr. Milton Meira do Nascimento(Filosofia) Prol". Dt".LourdesSola (CiênciasSociais) Prof.Or. CarlosAlbertoRibeiro deMoura (Filosofia) Prol".N. Sueli Angelo Furlan (Geografia) Prof. Or. Elias ThoméSaliba(História) Prol".N.BethBrait (Letras) ÂngeiaC S.Rodrigues- BeIhBmit-DionaL R deBarros- DinoPreti- HudinilsonUrlxuw- IedaM. Alves- ]. GNonHilgm-Leonorúpes FávmJ-qgilCD.Moraes- PauJode T. Galembeck PROJETO DE ESTUDO DA NORMA LINGüíSTICA URBANA CULTA DE SÃO PAULO (PROJETO NURC/SP •NÚCLEO USP) Endereçoparacorrespondência Comissão Editorial PROJETONtlRdSP - NÚCLEOUSP FFLCHlUSP Área de FiloJogia c Língua Portuguesa Av. Prof. Luciano Gualberto,403 sala205 - Cidade Universitária 05508-900- São Paulo - SP - Brasil Tel: (011) 818-4864 c-mail: nurc@cdu.usp.br Compras e10uassinaturas HUMANITAS LIVRARIA - FFLCHlUSP Rua do Lago, 717 - Cid. Universitária 05508-900- São Paulo - SP - Brasil Tel/Fax: 818-4589 c-mail: pub.och@edu.usp.br http://www.usp.br/ff1chlff1ch.hUllI SERVIÇO DE DIVULGAÇÃO E INFORMAÇÃO Tel.: 818-4612- e-mail: di@edu.usp.br ~ ANALISE DE TEXTOS ORAIS Dino Preti (Org.) ~a.edição SBD-FFLCH-USP 1111111111111111111111111111111111111111 325969 [[§JJ \-\WN'••.:~ pueuCAÇOES """"~c•..•/u.s"'" HumanitasPublicações- FFLCHIUSP - junho 1999 A FFLCH \l~,.~ PUBLlCAÇ6ES FFLCI-VU,SP 1999 p v' tf (i Copyright1999daHumanitasFFLCHlUSP É proibidaareproduçãoparcialou integral, semautorizaçãopréviadosdetentoresdo copyright SériePROJETOS PARALELOS Vol. 1 ANÁLISE DE TEXTOS ORAIS VoI. 2 O DISCURSO ORAL CULTO Vol. 3 EsTUDOS DE LlNOVA FALADA ServiçodeBibliotecae DocumentaçãodaFFLCHlUSP Fichacatalográfica:Márcia Elisa GarciadeGrandiCRB 3608 A532 AnálisedetextosoraisI Dino Preti (organizador).4. ed. - São Paulo: HumanitasPublicaçõesFFLCHlUSP, 1999- (PROJETOS PARALELOS: V. 1) Acima do título: Projeto de Estudo da Norma Lingüística UrbanaCultadeSãoPaulo(ProjetoNURCISP - NúcleoUSP). 237p· ISBN: 85-86.087-55-6 1.Análisedaconversação2.Línguaescrita3.Língua oral4. Linguagem culta 5. Português - São Paulo (cidade) 6. SociolingüísticaI. Preti,Dino, org.lI. ProjetodeEstudodaNorma LingüísticaUrbanaCulta deSãoPaulom.Série CDD (20.ed.) 469.798611 SUMÁRIO Apresentação 7 Normasparatranscriçãodosexemplos 1 1.Línguafaladaelínguaescrita Ângela Cecília SouzaRodrigues 13 2.O tópicodiscursivo 33 LeonorLopesFávero 3.O turnoconversacional 55 Paulo de TarsoGalembeek 4.Marcadoresconversacionais 81 HudinilsonUrbano 5.Procedimentosdereformulação:aparáfrase 103 José GastonHilgert 6.Procedimentosdereformulação:acorreção 129 Diana Luz PessoadeBarros 7.O léxiconalínguafalada 157 Ieda Maria Alves HUMANITAS PUBLICAÇÕES FFLCH/USP e-mail:editflch@edu.usp.br Te!':818-4593 Editor Responsável Prof. Dr. Milton Meira do Nascimento Coordenaçãoeditoriale Diagramaçãoe Capa M. HelenaG. Rodrigues Revisão dosautores Montagem CharlesdeOliveira I MarceloDomingues 1".edição1993 2".edição1995 3".edição1997 DEDALUS - Acervo - FFLCH 11111111111111 20900091099 8.A sintaxenalínguafalada 169 Lygia CorrêaDias deMoraes 9.O processointeracional 189 BethBrait 10.A línguafaladaeodiálogoliterário 215 Dino Preti Glossário 229 APRESENTAÇÃO Dino Preti Desde a publicaçãodo volumeda série A linguagemfalada culta na cidadede São Paulo - Estudos,em 1990,os pesquisadoresque com- põema equipedo Projeto NURC/SP vêmcontinuandoa realizarcstudos sobreo materialgravado(316horas),emespecialsobreumaparterepre- scntativado corpus (18he 22min) queabrangetodasasvariáveisprevis- tasno Projeto. Esse materialselecionadofoi todo transcritoe publicado nostrêsprimeirosvolumesda sérieacimareferida. Esta obra,publicadapelaFaculdadede Filosofia, Letrase Ciências Humanas da Universidadede São Paulo é o resultadodessetrabalho, realizadoao longodosanosde91e92,e temobjetivosbemdefinidos. O Projeto de estudoda normalingüísticaurbanacuILa,conhecido como Projeto NURC, temâmbitonacional,e gravaçõesforamrealizadas em cinco capitaisbrasileiras:São Paulo (Projeto NURC/SP), Rio de Ja- neiro, Porto Alegre, Recife e Salvador.Cada umadessascidadesgravou aproximadamente300horascomfalantescultos(entendidoscomo talos de formaçãouniversitáriacompleta);brasileiros;nascidosna cidade em que as gravaçõesforam realizadas;filhos de luso-falantes;distribuídos em três faixasetárias(25-35,36-55,56anosem diante);de sexomasculi- no ou feminino;que deixaramseutestemunhooral da fala urbanae dos três tipos de inquéritorealizados:elocuçõesformais,diálogose entrevis- tas. Conforme sabemos,o estudoda modalidadeoral da língua am- pliou-seconsideravelmentenasdécadasde 80e 90e a aplicaçãodasteo- rias daAnálise daConversação(ornoupossívelo estudodo fenômenoda oralidade, fora dos métodostradicionalmenteusadospara a análiseda língua escrita.Problemasnovos,como o do turno (a macrounidadeda línguafalada)esuasestratégiasdegestão;dasleisde simetriana conver- saçãonatural;da estruturaçãodos tópicosou temas;dos procedimentos de reformulação;do empregode sinais característicosda língua oral (marcadoresconversacionais);da sobreposiçãode vozes;do fluxo con- versacional;da densidadeinformativa;etc.vierammostrarque a língua faladatemsuasregraspróprias. 7 Análisedetextosoraisprocuratratardessese deoutrosassuntos ligadosà línguaoral,inclusivesuacomparaçãocomaescritae atémes- mosuapresençanodiálogoliterário. Os pesquisadoresdaequipeNURC/SP preocuparam-seemescre- verumaobradeiniciaçãoàanálisedalínguaoral,empregandoumestilo acessívelaestudantesuniversitários(ouatépré-universitários),aprofes- soressecundárioseusandoapenasa nomenclaturatécnicaessencial.E, principalmente,partindodetextosfaladosreais,retiradosdocorpusdo ProjetoNURC/SP, usando,àsvezes,textosescritosparacomparaçãodas teoriasdesenvolvidas. Se percorrermososváriosensaiosaquireunidos,poderemosver queestaobrapretendeoferecerumavisãogeral,abrangente,quepoderá servircomopontodepartidaparaanalisartextosoraisouparacompará- loscomosescritos. Assim,noprimeiroartigo,ÂngelaC. S.Rodrigues,daáreadeLín- guaPortuguesa,naUniversidadedeSãoPaulo,apresentaalgumasrefle- xõessobrea línguafaladaeescrita,desdeo problemadatranscriçãoaté outrosimportantes,comoo docontextoconversacional,doplanejamen- to,doenvolvimentodosinterlocutoresnaconversação.Emseguida,par- tindodeumtextoliteráriodeCarlosDrummonddeAndrade,observaos mesmosproblemasnalínguaescrita,paraconcluirque,emborao siste- malingüísticosejao mesmo,"asregrasdesuaefetivação,bemcomoos meiosempregadossãodiversoseespecíficos",nasuarealização. Em "Otópicodiscursivo",LeonorLopesFávero,professoradeLin- güística,naUniversidadedeSãoPaulo,procuramostrarcomosecons- trói o conteúdoda interação,ligando-oa uma série de fatores contextuais,comoascircunstânciasemqueocorre,o conhecimentode queosinterlocutorespartilham,aspressuposiçõesetc.Paraestudaressa construçãocolaborativado discurso,a A. passapor temascomoo da centração,daorganicidade,dasegmentaçãoedadigressão. No terceiroensaio,PaulodeTarsoGalembeck,professordeLín- guaPortuguesa,naUniversidadeEstadualPaulista- campusdeArara- quara- propõe-se,segundosuasprópriaspalavras,"aefetuarumestudo dasformasdeparticipaçãodecadainterlocutor(turnos)e dosprocedi- mentospelosquaisocorrea trocadefalantes".Seupontodepartidaéo "examedasduasmodalidadesbásicasdainteração,quaissejam,assitua- çõesdesimetriaeassimetrianaparticipaçãodosinterlocutores".HudinilsonUrbano,daáreadeLínguaPortuguesa,naUniversida- dedeSãoPaulo,aotratardosmarcadoresconversacionais,umdoste- 8 masmaisdiscutidosdaAnálisedaConversação,propõe-seaanalisares- sessinais,sobo aspectoformal,semântico,sintáticoetambémquantoàs suasfunçõescomunicativo-interacionais. José GastonHilgert,da áreadeLingüística,na Universidadede PassoFundo(RS), e DianaLuz Pessoade Barrosda mesmaárea,na UniversidadedeSãoPaulo,tratamdos"Procedimentosdereformulação" nalinguagemfalada.O primeiro,especificamentedaparáfrase;asegun- da,dacorreção.O prof.Hilgertintroduzo quintotextodaobra,falando sobrea construçãodotcxto,suaformaçãoe planejamentoe,depois,es- tudao fluxodaformulação(descontinuidadeeproblemas).A seguir,en- tra nas atividadeslingüísticasde reformulaçãoe na paráfrase propriamentedita,queconstituio temacentraldeseuartigo.DianaLuz PessoadeBarroscentraseuensaio(osextodolivro)nacorreção,carac- terizando-ae classificando-aem reparaçãoe correçãopropriamente dita.A A. passapelasmuitasvariaçõesqueessesfenômenosapresentam nalínguaoral.Por último,refere-seaosmarcadorese padrõeslingüísti- cosdecorreçãoeàsfunçõesqueacorreçãorepresentanoatoconversa- cional. No sétimoartigo,IedaMariaAlves,lexicógrafadaáreadeLíngua Portuguesa,naUniversidadedeSãoPaulo,escrevea propósitodasca- racterísticasapresentadaspeloléxicodalínguafalada.Partindodotexto deumaelocuçãoformal(aulauniversitária),discuteo problemadadefi- niçãodosvocábuloscientíficosetécnicos,levandoemcontaoaspeCtodi- dáticodo textolexicográficoe do textodo professor.Por meio de comparaçõesdeexemplos,aA. estabeleceasequivalênciasentredefini- çãosinonímicaeparáfraseporvariaçãolexical;entredefiniçãoporsínte- sec paráfraseexplicativo-definidora;e entredefiniçãopor denotaçãoe paráfraseexemplificadora. LygiaCorrêaDiasde Moraes,daáreadeLínguaPortuguesa,na UniversidadedeSãoPaulo,estuda"A sintaxenalínguafalada".Em seu Iextopreocupa-seaA. emesclarecerpreviamenteasdefiniçõesdafrase, oraçãoe período,para,emseguida,fazera comparaçãoentreo que ocorrenalínguafaladae naescrita.Utilizando-sesempredeexemplos dodiálogoqueabreseutexto,estudaasintaxeintraturno(abordandoo problemadaestruturasintáticadasfrases,a organizaçãodo períodoe doselementosinternosdaoração)easintaxeinterturnos(estudando,en- Ire outrosproblemas,apresençadasconjunçõesee mase suasfunções naorganizaçãodosturnos).Naconclusãodeseuensaio,afirmaque,em- horasepossadizerque"tudooqueseencontranalínguaescritaseacha tambémnafalada,o certoéquearecíprocanãoéverdadeira:nemtudo 9 )CORRÊNCIAS SINAISEXEMPLlFICAÇÁO* ncompreensãodepalavras ( )donívelderenda...( ) lU segmentos nívelderendanominal... Iipótesedoqueseouviu (hipótese)(estou)meiopreocupado (como gravador)-- 1----------------- ---f--- rruncamento(havendo IOmografia,usa-seacentondicativodatônicae/ouimbre) Iecoméle reinicia :ntonaçãoenfática maiúsculaporqueaspessoasreTêM moeda---------------- rolongamentodevogalemsoante(comos,r) ::podendoaumentarpara::::oumais aoemprestaremos...éh:::...o dinheiro ilabação -pormotivotran-sa-ção llerrogação ?eo Banco...Central... certo? lualquerpausa ...sãotrêsmotivos...outrês razões...quefazemcomqueseretenhamoeda...existeuma...retenção -"-.- omentáriosdescritivosdo anscritor ~~minúscula))«tossiu)) -- NORMAS PARA TRANSCRIÇÃO s Estetrabalhofoi realizadosobacoordenaçãodoprofessorDinoPreti (USP-NURC/SP-NúcleoUSP)epublicadocomo apoiofinanceirodaFa- culdadedeFilosofia,Letrase CiênciasHumanasdaUniversidadedeSão Paulo,daCAPES(TaxasAcadêmicas)eCNPq(TaxasdeBancada). o quehánalínguafaladaestátambémnaescrita"c asrazõesdissosãoas condiçõesdeproduçãodasduasmodalidadesdelíngua. Em "O processointeracional",BethBrait,daáreadeLingüística, naUniversidadedeSãoPaulo,escrevesobreasestratégiasutilizadaspor falantesemcontextosdeinteraçãoverbal.Examina,entreoutrosproble- mas,o dascondiçõesdepoderreveladasnaconversaçãoe procura,se- gundo suas própriaspalavras"caracterizara interaçãocomo um fenômenoqueincluiaspectossociais,culturais,discursivose lingüísti- cos",demonstrandoa inlluênciadetaiscaracterísticasnosentidodotex- to. No últimoensaiodestaobra,DinoPreti,professordeLínguaPor- tuguesa,naUniversidadedeSãoPaulo,estudaa elaboraçãodo diálogo literárionumfragmentodecontodeRubemFonseca,procurandofazer umlevantamentodasmarcasdaoralidadenoprocessoescritoliterário. Encerrandoo livro,inclui-seum"Glossário",elaboradopelaspro- fessorasMarli QuadrosLeitec RosaneMalusáGonçalvesPeruchi,do CursodePós-Graduação(doutorado)daUniversidadedeSãoPaulo. SeaAnálisedetextosorais,porumlado,continuaalinhadepubli- caçõesda equipedo ProjetoNURC/SP, poroutro,inauguraumasérie novae maisabrangente- a de"PROJETOS PARALELOS" - queéde- corrêncianaturalda primeira.Foi a experiênciatrazidapelotrabalho comumcorpllS transcrito(e publicadopelaprimeiraveznoBrasil)que permitiua realizaçãodeprojetosparalelos(comoo daLinguagemdos idosos,deDino Preti)c quepossibilitouampliaraslinhasdeanálisedo atoconversacional,comoestaobraestádemonstrando,comalgunsestu- dossobreasmodalidadesoraleescritadalíngua.I Em breve,novaspublicaçõesdeverãosurgir,nestasérie,visandoa trazeraoslingüistas,aosprofessoresdelínguase aoleitoruniversitário emgeralo frutodotrabalhodeumaequipeque,aolongodeumadéca- da,vempesquisandoosmateriaisgravadosdoProjetoNURClSP (o pri- meirovolumedeA linguagemfaladacultanacidadedeSãoPaulosurgiu em1986,comoresultadodeumprojetoiniciadoem1984)e o fez,por- tanto,muitoantesdeosestudosdelínguaoralseteremconsolidadona LingüísticadoBrasil.A procuradosquatroprimeirosvolumes(trêsdos quaisjá esgotados)constituio testemunhodessaatividadeedarepercus- sãoquemereceudosváriossetoresdaLingüística,emnossopaísenoex- terior. (I) OinoPreti- A linguagemdosidosos.SãoPaulo,Contexto,1991. • ExemplosretiradosdosinquéritosNURC/SPnº338EF e33102. lO 11 I.Consideraçõesintrodutórias ÁngelaC. SouzaRodrigues l.l--tNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA As reflexõesa seremdesenvolvidas,nestecapítulo,a respeito de língua falada e língua escrita, terão, como ponto de partida, algumas questõessugeridaspelo Diálogo entreDois Informantes(02)do Projeto NURC/SP abaixotranscrito. dizem~p.-vocêvê--dentrodaprofissãodovendedor ...acoisamaisdifícilévocêmanterrealmenteo indivíduo'" éhOito horasemcontatodiretocomos clientes...umacoisa::...realmentedifícil...entãoa genteinclusive::...pedeparaqueo indivíduonãoperca temponesseshorárioscerto?...e procurealmoçar...no seuterritóriodetrabalho...poralimesmoemvezdeter quesedeslocardeumterritóriodetrabalho parasuaca::sa... I, " paraasuaresidência paravoltar::...issoacarreta muitaperdadetempo masacoisamaisdifícildentro daprofissãodovendedorvocêrealmente...éconseguir manteroitohorasnaqueleterritóriodetrabalhoSEM sairdelá...eMAIS umavezeu...euvejoainfluência doclimaetudomais...seéumclimachuvosotaltalvez atémeajude...nessesentidoeupossoficar...enemter vontadededesairdelá.paramedeslocarparaalgum outrolocalporquenãodátambém...perderiamuito tempo...diadechuva...coriformeo::...o diarealmente prejudicanesseaspecto eu::euJheperguntariaaídentrodesseproblema...você não...possuiuma...umcontrole--digamosassim--em cimadevocê!~ocêdeveproduzirtantonumdia!..ou... ouexisteissooudigamos/umdiadechuvaestáumdia horrívelparatrabalharumdiaquevocêestáindisposto vocêpoderiapegarvoltarparasuacasaentrarnum cinemadistrairumpoucoentende?...que(quevocê) LI LI 245 NO 2.15 l50 1.2 l55 OCORRÊNCIAS SINAISEXEMPLIFICAÇÁO Comentáriosquequebrama seqüênciatemáticadaexposição;desviotemático .... _ .....ademandademoeda- - vamosdaressanotação- -demandademoedapormotivo Superposição,simultaneidade devozes [ligandoaslinhas A. na [casadasuairmãH. sexta-feira? A. fizeram[lá ... H. cozinharamlá? Indicaçãodequeafalafoi tomadaouinterrompidaemdeterminadoponto.Nãonoseuinício,porexemplo. (...)(...) nósvimosque existem... Citaçõesliteraisouleituras detextos,duranteagravação "" PedroLima...ahescrevenaocasião...·0 cinemafaladoem línguaestrangeiranãoprecisadenenhumabaRREIraentrenós·... OBSERVAÇÕES: 1. Iniciais maiúsculas: só para nomes próprios ou para siglas (USP etc.) 2.Fáticos: ah, éh,ahn, ehn,uhn,tá (nãopor está: tá? você estábrava?) 3.Nomesdeobrasou nomescomunsestrangeirossãogrifados. 4. Números:porextenso. 5.Não seindicao pontodeexclamação(fraseexclamativa) 6. Não seanotao cadenciamentodafrase. 7. Pooem-secombinarsinais. Por exemplo:oh::::...(alongamentoepausa). 8.Não seutilizamsinaisdepausa,típicosdalínguaescrita,comoponto-e- vírgula,pontofinal,doispontos,vírgula.As reticênciasmarcamqualquer tipodepausa. 12 13 285 L2 LI L2290 LI L2LI 295 L2 LI L2 LII)') L2 LI L2LIIW L2LI 11111 L2 LI111') L2 LIL2\lI) LI 260 265 270 275 280 LI L2 LI L2 LI L2 LI L2 LI L2 LI (vocêpoderia fazer iSso?) não ...podeperfeitamenteeu achoque::essa::essa::.,. essaresponsabilidade...ela nosé atribuída ... inclusive:: dentro daprofissão devendaso que:: interessaé:: .,. faturar ...entende?...paraelespouco importa::àsvezesa:: o tempode de trabalho né? comovocê utilizao seu tempode trabalho ...ele tem queser ...bem utilizadoparavocêefetuarsuasvendas ... umavezquevocêutiliza ... ( masexisteum limite em quevocêdevaum mínimo leI levarnestetal de faturamento? ( não não existe...não existe...nãoexiste... vocêtem umavantagemsobrea genteentende?o dia que vocêestiverchateadoo dia estivermuito bonito você pode pegarseucarro e::dar umadeslocada para o litoral e tal ( é masseria difícil né? quevocêque para a subsistênciavocê I umdia chuvoso vocêprecisatrabalharbastante precisa... um dia um dia dechuvavocêentra numcinema distrai umpouquinho ... não isso realmentenão existenão há problema nenhum se o indivíduo que estiverbastantechateadoqualquer coisaassim...V ... inclusivequeo:: que o:: ...que o próprio a própria condutadelenaqueledia não está rendendo.., nãoé produtiva ... não é produtiva elepode procurar umaumaoutra forma qualquerde ...espairecer... não deixade ser um privilégioné'!.., nósali dentro ficamosali fechadosvocêé obrigadoa cumprir ...as oito horasdeterminadase ... vocêvê quevocêganha... I você( ) fica fechadoali masvocêfica ali vocêjá pensouaqueleTÉdio que negócioCHAto . vocêvêque vocêganhaé emé em funçãoda sua produção...nós estamosmudandoum pouco para ... profissão podejá ( ) aí ... vocêvêque vôlnósganhamosmesmoem em função 14 mesmoda nossaprodução...então.., o motivopelo qual éh::maisumavezeu euchamoo aspectoda da responsabilidade...a gentetemque ter porque eu dependodaquilo certo ... seeu não fizer direito asminhasvisitasou se eu passar trêsquatro dias interrompendomeuserviço porque estoucansado.., evidentemente [ ganharámenos vou faturarmenosvou ganharmenos lógico e elesbaseadosem :: ...em estatísticasem previsões eles podemmaisou menossabercomoo indivíduo estásecomportando... ( entãoelestêm umcerto controlesobrevocêcerto'!'" é um controleexiste... elestêmuma.., o quantonormalmentevocêdeveria produzir ...se trabalhasse... ahsim aqueletempo baseadoevidentementeemestatísticasem::casos anteriores... certo ... e tudo maisnão existeaquelaaquelarigiDEZ aquele controledi! diÁrio Trata-sedo inquéritonº62,diálogoentredoisjovensde26anos, ambosdosexomasculino,solteiros,filhosdepaispaulistanos.O primei- 10,deagoraemdianteLI, éeconomista,exercendoatividadesdevende- dor,e o segundo,L2, é estatístico.Eles conversamsobre"instituições", "ensino","profissões"e "tempocronológico".Nestetrecho,o assuntoda nlnversaé a profissãodevendedor:LI fazcomentáriossobreasvanta- ",ensepercalçosdesuaprofissão,aoresponderàsperguntasdeL2 sobre a práticadevenda;este,por suavez,emitesuasopiniõesa respeitodo Iilmodetrabalhodovendedor.Trata-sedeumdiálogobastanteequili- hradoentre"iguaislingüísticos",umaconversasimétrica(Cf.capo9),cujo rit moédadopelosprópriosinteriocutores,queparticipamcomesponta- neidadedoeventodefalae semostramàvontadepara,a qualquermo- mento,informar,perguntar,avaliar,enfim,ter a palavra(HILGHERT, I ()90 ) . Notrechosobanálise,L2 dividecomo documentadoratarefade 15 entrevistador,pois é ele quem,de fato,faz perguntasa LI; o documeta- dor, por suavez,atuacomoterceiroparticipantedo diálogo. Uma questãoaté certo ponto ingênuapoderia ser feitapelo leitor leigo,não familiarizadocomquestõesde língua:o textosobanálisecons- titui exemplode línguafaladaou de línguaescrita? Pelo menos,algunssinaisgráficosqueo falantealfabetizadoutiliza quando escreveali estão facilmenteidentificáveis.É o caso de letras maiúsculase minúsculasem: (I) manteroito horasnaqueleterritório SEM sair de lá...e mais umavezeu...euvejo a influência (linhas243-4) Instala-sea dúvida:a simplesfixaçãodosinquéritosno planoescri- 111 seriasuficienteparadar-Iheso estatutode línguaescrita?O usode si- lI;lisgráficosque representamelementosfonológicose prosódicosseria ·.lIfieientepara transformarum textooral/faladoem textoescrito? Em Ll,O negativo,que outros traçosdistinguiriamo oral/falado(Cf. capo4) do escrito?Enfim, quaisseriamasdiferençasentrelínguafaladae língua ,':,erita? Buscar-se-árespondera algumasdessasquestõesno decorrer do I)ITsentetrabalho. 2. I Jngua falada LI estáconscientede não fugir do assunto,digamos,principal, ao '"IIi"alízar"... e MAIS umavezeu...eu vejo a inl1uênciado clima",ênfase ("I"Tsentada graficamentepelas letras maiúsculas.É L2 que "muda a dirc,ão da conversa"ao optarpeloabandonodo assunto"clima"e manter o 1<'Jpico"profissões",o queelefazao perguntarsobreo possívelcontrole '111,' se exerceriasobrea produtividadedos vendedores.Mas, não deixa di"retomaro assunto,comoseobservana suafalada linha270a 278.Os Como vimos,no trechoem estudo,os inter1ocutoresdialogamso- !lI(' a profissãode vendcdor.Eles já sabiam,no início da gravação,que 1111Idosassuntosemtoroo dosquaisgirariaa conversaseria"profissões"; ,'pesardisso, tal assuntopassoua ser temado diálogosomenteno mo- IIIl'nto em que LI o introduziu,como parte das considcraçõesque vi- IIham fazendo,desdeo início do inquérito,a respeitodo clima de São 1'.l\Ilo.Esse trechoda eonversanão se deseneadeousob o estímulode IIl11aperguntado documentador,o queeomumenteseverificanosDiálo- ",I)S entre Dois Informantes(02) principalmentequando se iniciam; a trlleade idéiassobrea profissãode L1 resultouda associaçãoque ele fez ,'.\lre as condiçõesclimáticasde São Paulo e a possibilidade,ou necessi- ,Lllk, de permanecerno escritórioemdiaschuvosos.Confira: ou dos diacríticoscomo os acentosagudosemterritório, difícil, horário, mínimo e circunl1exo,emYlli:ê.,vê. inl1uência,e o til para indicar nasali- zaçãoemnfu1,profissão,produção,alémdossinaisde pontuaçãocomo o ponto de interrogaçãoe as reticências.Além disso,separam-sepor um espaçoembrancoosvocábulosformais,istoé,asunidadeslingüísticasde naturezasemântica. Por outro lado, outrossinaisgráficosque não os convencionaisda língua escrita tambémsão utilizadosno texto (CASTILHO e PRETI, 1986:[ indica simultaneidadede vozes,-- -- indicamdesviotemático,:: significamprolongamentode vogale consoante,/ indica truncamentode palavra,( ) correspondemàhipótesesobreo queseouviu.Mais que isso, os próprios sinaisda línguaescritautilizadosno textonão têmo mesmo valor com queconvencionalmenteo alfabetizadoos emprega:as reticên- cias indicam qualquerpausa,que,aliás,ele normalmenterepresentana escrita por vírgula,ponto e vírgulaou ponto final; as letrasmaiúsculas, por suavez,nãoindicamo início dafrase,masentoaçãoenfática. Nosso leitor, porém, sabeque os textosque constituemobjeto de análisedos estudosdo presentevolume,fazempartedo corpus de língua falada do Projeto NURC/SP; uma pequenaamostradestematerial foi publicadacomo objetivode facilitaro acessode estudiososa partedesse arquivosonoro,fIXadograficamentenoplanoescrito.O quefoi realizado inicialmenteno plano da oralidade,"materializou-se"aosolhos do leitor sob o aspectográfico, que evocaa fala. Ou seja, algunsinquéritos do NURC/SP foramfIXadosemdoismomentosdiferentes,e de duasmanei- ras diversas:inicialmenteforamgravadosem fitas,que podemser ouvi- das na sededo Projeto em São Paulo (USP) e Campinas(UNICAMP); emsegundolugar,foramtranscritos. (/l J,I'-. muitaperdade tempo...masa coisamaisdifícil dentro daprofissãodo vendedorvocêrealmente...é conseguir manteroito horasnaqueleterritório de trabalho SEM sair de lá ...e MAIS umavezeu '"'euvejo a influência do climae tudo mais...se é umclimachuvosotal talvez (linhas241-45) 16 J7 dois interlocutorcs mostram-seinteiramenteenvolvidos,não só pelo' assuntodo diálogo,mastambémpela própria interação,na medida em quetrocamidéiassobreo temacomdesenvoltura. A análisedestetrecho do inquérito nos sugerealgumasreflexões sobreascaracterísticasda línguafalada. Os interlocutoresmostram-senãosó perfeitamenteconscientesde '(IICo diálogoestásendogravado,mastambémse preocupam,pelo me- '"),~no início do inquérito,com a presençado gravador.A conversasó v,li tornar-semaisdescontraídaquandoeles se esquecemdo aparelho. N('slemesmotrechohá referênciaa vozesdistantes,outrodado de situa- (;ao, L!.Planejamentoenão-planejamento Outras vezesfaz-sealusãoà atmosferadescontraídaem que se de- ',('IlVolvea conversapelareferênciaa reaçõesdos interlocutores,comori- ',')s,Cf. trechodo inquéritosobanálise: Vimos que,no inquéritoe!" estudo,os interlocutoressabiam que 11111dosassuntosda conversaseria"profissões",maso textonãonossuge- I(' que elesdeveriamseguirumdeterminadoplano de exposição,mesmo p"rque elesse mostramà vontadepara,espontaneamente,mudarde as- ',111110, ou retomaro temainicial da conversa.Tal consideraçãoremeteà '(III'stiíodo planejamentodiscursivo. Em gerala conversação,comoa que estamosanalisando,inicia-se ,,,11I o tópico quemotivoua interação,ou encontro,isto é, ela seestabe- (1'('(' c se mantémna medidaem que existaalgo sobre o que conversar (Mi\RCUSCHI, 1986),e disponibilidadedosinterlocutoresparao diálo- Assim, aindaque o analistapossadispor de algunsdadosde situa- '.,H) passíveisde seremfIXadosnasgravações,elas nos privamde outras IIIl'mmaçõessobreo processoda interação,que podemser surpreendi- ,I,I,', na expressãoracial,nosgestos,nosolhares,nosmovimentosdo cor- (") dos interlocutores,istoé, nosdadosparalingüísticos(MARCUSCHI, I 'lS()), que,combinadoscomos dadosverbalizados,completamo quadro doi interação.Todos esseselementosnosdão contada atmosferaem que ',I'dcsenrolaa conversa.Na ausênciadeles,os dadosde línguasãopistas IlIlIdamentaispara a montagemdo contextosituaeionalda conversação, ,.h'1I1 dos dados relativosaos informantes,como idade,sexo,procedên- I í,l. nívelde escolaridade. (linhas30- 32) agenteficaatémaisalegre..,vocênãoacha?maisalegre«risose vozes»...o diaquefazasquatroestaçõesnomesmodiadia::..é horrívelné? L!(I) (linhas8 - 11) 2.1.Contextoconversacional (3) L! - - vocêviuseestágravandoaí?- - Doe.estáestáeu já deixonoautomático.,. L! - - aho automáticonãoindicavelô/",- - Doe. não".«vozesdistantes)) LI c L2 estãoexercendo,numdadomomentoe numdado espaço, uma atividade característicae privativa do ser humano: a atividade verbal.Na situaçãode diálogo,os interlocutoresalternamseuspapéisde falantee ouvinte,e dessaatividade"a quatro mãos",ou "a duasvozes", resultao textoconversacional,elaboradonumadeterminadasituaçãode comunicação.Dizemos, então,que todo eventode fala acontecenum contexto situacional específico, aqui entendido como o ambiente extralingüístico:a situaçãoimediata,o momentoe as circunstânciasem que tal eventoacontece,envolvendo,inclusive,os próprios participantes comsuascaracterísticasindividuaisepossíveislaçosqueosunam. A conversaçãoé um eventode fala especial:correspondea uma interaçãoverbal centrada,que se desenvolveduranteo tempo em que dois ou maisinterlocutoresvoltamsuaatençãopara umatarefacomum, queé a de trocaridéiassobredeterminadoassunto.Conversaçãonatural, que ocorre espontaneamenteno dia-a-dia,dá-sefacea face,presentesos dois falantes, ao mesmo tempo, num mesmo espaço. É o caso da conversaqueestamosanalisando.De fato,apenasa identidadetemporal é necessária,e nãoa identidadeespacial,ou seja,a interaçãoface a face não é condição necessáriapara que haja uma conversação,razão pela qual as conversas telefônicas também constituem exemplos de conversação.No casodos diálogosdo NURC/SP, muitopoucaou quase nenhumainformaçãopossui o analistaa respeitoda situaçãoespecífica em que foi feitacadaumadasgravações.Sabe-seque,emgeral,ficavaa cargodos informantesa escolhado local e da hora maisadequadospara a conversacom o documentador.Uma ou outra referênciaa dados do contextosituacionalé feita no decorrerda própria gravação,o que se ilustranapassagem,abaixotranscrita,do D2 343(CASTILHO e PRETI, 1987). 18 19 go. otópico, entendidocomoaquiloa respeitodo quese fala,é, e deve ser,desenvolvidopelosinterlocutores.Associandoa idéiade tópico à de planejamentodiscursivo,podemosdizer que umaprimeiradimensãodo processodo planejamentodo discursoé a do planejamentotemátieo:no casopresente,osdois interlocutoresconversamsobreumtemaestabele- cido apriori pelo documentador.Mas, independentementede scr o tcma estabelecido"defora paradentro",e nãopelosinterlocutores,a conversa sempregira em torno de um assuntoou tema,condição indispensável paraa coerênciado produtodaconversação,istoé,do textoconversacio- na!. Por outro lado,se,naconversaçãoespontânea,o temapodesugerir algumgrau de planejamento,dificilmentese pode falar em formulação verbalplanejada(URBANO, 1990). A questãodo planejamentodiscur- sivoé discutidapor OCHS (1979),que fala de quatro níveisde planeja- mento no discurso de falantescultos de inglês: falado não planejado, faladoplanejado,escritonãoplanejadoe escritoplanejado. O textosob análiseapontaparaum discursofaladonão planejado. Em termosmaisgerais,a línguafaladaapresentaumatendênciapara o nãoplanejado,ou,ainda,combasenasidéiasde OCHS, a línguafaladaé planejadalocalmente,isto é, constituiumaatividadeadministradapasso a passo. Como já dissemos,o textoé resultadode um trabalhocooperativo dos dois interlocutores,que o vãocompondoà medidaquea conversase realiza.Assim, planejamentoc realizaçãodo discursocoincidemno eixo temporal,ou sãopraticamenteconcomitantes.Conseqüentemente,"cada turno pode colocar uma reorientação,mudançaou quebrado ponto de vistaemcurso"(MARCUSCHI, 1976),e marcasdo processode planeja- mento,ou de replanejamento,podemser detectadasno textofalado.Tal fatoseconfirmanafalade L2 em: Com essaperguntaele quer dizer:Você pretendecontinuartraba- lhandocomo vendedor?Assim, a conversase organizaà medidaque se vaifalando. Podemosassociara idéiade nãoplanejamento,ou de atividadead- lIIinistradapassoa passo,a umaoutracaracterísticada línguafaladasu- ,'.nida por CHAFE (1979),que é a sua chamadafragmentação.Esta IIlH,ãosó podeserentendidacomopartedasexplicaçõesqueCHAFE dá ,10 processamentoda fala. Ele esclareceque observaçõesa respeitoda hnl'.uafaladaespontânea,feitasnão só por ele, mastambémpor outros IIlvestigadores,conduziramà descobertade que ela é produzida aosja- I()S, aos borbotões,que são unidadesde idéia,ou significativas,com um (ontorno entonacionaltípico,e limitadaspor pausas.A passagemde uma IInidadeparaoutraé feitamuitorapidamente,o que tornao processode I.lbr hemmaisaceleradodo queo de escrever.Na fala,produzimosape- II.I,Slima idéia por vez;alémdisso,cadaunidadede idéia tendea ser, na l.t1a,menoslongae menoscomplexado quenaescrita. A fala de L1 ilustra com propriedadeas idéiasde CHAFE. Ela é ,nlrl'llleada de muitaspausase alongamentos,fenômenostípicos da Iín- 1'.11.'falada,que lhevãodandotempoparaorganizarseutexto.Este, por ',1\.1vez,mostra-sefragmentadoemtermossintáticos,pois frasessãocor-I.I!!;IS,ou asidéiassãoretomadasemfrasesestruturadasde umamaneira dik:ente daquelacomque seanunciava.Percebe-serupturada eonstru- '.,10(anacoluto)na medidaemquea frasese desviade suatrajetória,to- 11I.llldooutradireçãosintática.Verifiqueo exemploquesegue: (5) L2 eu::eulheperguntariaaí dentrodesseproblema (linha251) (grifo nosso) li·) ( I) '(111 L2 LI certocerto...cvocêpretendecontinuarcomisso? (linha324) não...podeperfeitamenteeuachoque::essa::essa::... essaresponsabilidade...elanoséatribuída...inclusive:: dentrodaprofissãodevendaso que::interessaé::... Diante da possibilidadedeL1 retomaro tópico "tempoclimáticoe cronológico",eleavisaao seuinterlocutorquepretendecontinuara falar sobre "profissões"ao usar a expressãoanafóricaaí dentro desseproble- ma, que remeteao assuntoreferidoanteriormente,ou seja,a questãoda flexibilidadede horáriode trabalhodosvendedores.É L2 quevai mudar de novo a direção da conversa,desencadeandonovo tópico, no trecho subseqüentedo inquérito,queseiniciacoma questão: 20 ( '1: (Il) (linhas259-261) Além de ruptufas,sãofreqüentesas repetiçõesde palavrase frases. 1.1 nãonãoexiste...nãoexiste...nãoexiste... (linha269) 21 2.3.Envolvimentoe distanciamento (linhas244-247) não ..o podeperfeitamenteeu achoque::essa::essa::"o essa responsabilidade..o ela nos é atribuída 0.0 inclusive:: (linhas259-260) sair de lá o •• e MAIS umavezeu ...euvejo a influência do clima e tudo mais o •• seéum climachuvosotal talvezaté me ajude o •• nesse sentidoeu posso ficar ..o e nemter vontadede de sair de lá para me deslocarparaalgum dizemné? ••vocêvê -- dentro daprofissão do vendedor '0'a coisamaisdifícil é vocêmanIerrealmenteo indivíduo ..o éh OIto horasemcontatodireto comos clientes..o umacoisa::0'0 realmentedifícil 0.0 entãoa genteinclusive::..o pedeparaqueo indivíduo nãoperca LI LI LI ~J!.) 'IIH'acc'itaa colaboraçãode seuinter1ocutore a incorporaà suafala, re- I,dllldo-ao Ocorrênciasdessetipo exemplificamumadasfacetasdo fenômeno 01" ('lIvolvimento(CHAFE, 1985),característicoda línguafalada.Trata- ',(dot:nvolvimentodos inter1ocutorescomo assuntoda conversa,o que '~plicao próprio processodeelaboraçãodo textoconversacional,que,já oIl'.:.el11os,é o resultadode um trabalhocooperativo,ou "a duasvozes". ( '011I0os falantesseencontramemsituaçãode interaçãofacea facecom ',"li:'inter1ocutores,podemosfalar emmaisdois outrostipos de envolvi- IIWlIlo,aindanaesteirade CHAFE ( 1985):o do falanteconsigomesmo "'11ego-envolvimento,e o do falantecomo ouvinte,relacionadocoma di- '''lIllica da interaçãocomoutrapessoa. No textosob análise,são diversasas marcasde envolvimentodos mlnlocutores.Considerem-seosexemplosabaixo: II I) li,!) (linhas283-286) (...) que sedeslocarde um território de trabalho parasuaca::sa... I para a sua residência...paravoltar::..o issoacarreta (linhas 238-40) (9) LI LI (10) LI 1.2LI que o próprio a própria condutadele naqueledia não estárendendo... não é produtiva ... não é produtiva ele podeprocurar umaumaoutra forma Já nos referimosao envolvimentodos inter1ocutoresdo inquérito sob análisecom o assuntoda convcrsa,ao compromentimentotácito de cada um delescomo tópico convcrsacionaJ.Eles mostramteremaceita- do o assuntosugeridopclo documentador, ou estaremperfeitamentede acordocomo tema,e a conversaquesedesenrolasugerealgunsprocedi- mentosqueconfirmam a contínuasintoniados inter1ocutorescomo con- teúdodo diálogooConsiderem-seostrechosabaixotranscritos: Em síntese,na línguafaladaas frasesseapresentammaisindepen- dentesumas com relação às outras,e sua identificaçãoe classificação funcionalmuitasvezesconstituiproblemade difícil solução. Observa-se,portanto,queascaracterísticasformaisdo textofalado aqui referidasestãorelacionadascomo processode planejamentoda lín- guafalada. É evidenteque cadaumdos falantesestá"seguindoo pensamento" de seu inter1ocutor.Em (9) e (11), L2 praticamentecompletaa fala de LI, sobrepondosuavoz à de LI. No segmento(10),a expressão"nãoestá rendendo"de LI é substituídapelo sinônimo"não é produtiva"de L2, (linhas306-308) ( 1.2 ganharámenos LI vali faturar menosvou ganharmenos (11) LI porque estoucansado"O evidentemente (linhas231-235) Em (12), temos um caso de ego-envolvimentoexplicitado pelos prollomesda Ia pessoado singulareu e me:LI, o vendedor,refere-sea ,.1 IIIcsmoe àssuasopiniõessobrea própriaatividade.Em (13) e (14),ele "t· apresentacomopartedo grupodevendedores,dondesuapreferência pOl'IIOS, pronomeda 1ª pessoado plural,e a gente,substitutode nós. OS I.l'S casosconstituemexemplosde envolvimentodo locutorconsigomes- 1lI0o Consideremosoutrasocorrências: 22 23 Os exemplosacimanosremetemà questãodo envolvimentodo ou- vinte com o seu interlocutor.Tal envolvimentose torna nítido, em pri- meiro lugar, no uso de pronomespessoaisde 2ª pessoalhe e vocêem (15).Em (16),a expressãovocêvê,e nãoexclusivamenteo pronomevocê, denotao envolvimentodo falantecomo ouvinte:elesugerea seuinterlo- cutor que acompanheseu raciocínio a respeitoda profissãode vendas. Mais que isso,em(17),pelo usodo marcadorné,L2 pedea Li que con- firmeseinterpretoucorretamentea fala. Por outro lado, perguntase respostastambémconstit']emmarcas de envolvimentodos falantes,ou, maisque isso,constituemmecanismos típicosde construçãodo textoconversacional.Em (15),L2 nãoquestiona diretamenteLI dizendo"eulhe pergunto"algumacoisa;atenuao possí- vel impactodo pedidode informação,sugerindo,inclusive,a possibilida- de de o ouvinte não lhe respondera questãoformulada, pelo uso da formaverbalde futurodo pretéritoperguntaria,e maisainda,peloverbo poder na sua forma poderia. O uso dessesprocedimentosatenuadores nãodeixamde sermarcasdo envolvimentodo falantecomseuouvinte. No decorrer do diálogo,os falantesestãosempremostrandoque compreendema falade seuinterlocutor,assinalandoque ele podeconti- nuar falandocomoatéentãovinhafazendoporqueo ouvintesesenteem sintoniacom o que estáouvindo.São sinaisde entendimentoexpressões como:certo (linhas303e 321);lógico.(linha309);ah sim (linha317),co- nhecidoscomomarcadoresconversacionais(Cf. Capo4) . (15) (16) (17) 1,2 LI L2 eu::eu lhe perguntariaaí dentro desseproblema ...você não 000 possuiuma...um controle -- digamosassim-- em cimadevocêvocêdeveproduzir tantonum dia ...ou ... ou existeissoou digamosumdia dechuvaestáum dia horrível para trabalharum dia quevocêestáindisposto vocêpoderia pegarvoltar parasuacasaentrar num cinemadistrair um poucoentende?...que (que você) vocêpoderia fazer isso? (linhas251-258) dizem né? -- vocêvê-- dentro da profissãodo vendedor (linha231) o tempode trabalhoné? Estasconstataçõesconfirmamsero envolvimentoumacaracterísti- ca da línguafalada. 3. Língua escrita As questõesdiseutidasa respeitoda línguafaladaserãoagorareto- madastendoemvistaascaracterísticasda línguaescrita.O pontode par- tida para tais reflexõesseráo textode Carlos Drummond de Andrade quesegue. A FALSA ETERNIDADE O VERBO PRORROGAR entrou em pleno vigor, e não só se prorrogaramos mandatoscomoO vencimentodasdívidase dos compro- missosde todasorte.Tudo passoua existiralémdo tempoestabelecido. Em eonseqüência,nãohaviamaistempo. Então suprimiram-se os relógios,as agendase os calendários.Foi eliminadoo ensinode História. Para que História? Se tudo era a mesma coisasemperspectivade mudança. A duraçãonormaldavidatambémfoi prorrogadae, porquea mor- te deixassede existir,proclamou-seque tudo entravano regimede eter- nidade.Aí começoua chover,e a eternidadese mostrouencharcadae lúgubre.E o seriaparasempre,masnãofoi. Um mecânicoque seemen- tediavaemdemasiacom a eternidadeaquátiea,inventouum dispositivo paranãosemolhar.Causoua maioradmiraçãoe começoua receberinú- meraseneomendas.A chuvafoi neutralizadae,por faltade objetivo,ces- sou. Todas as outras formas deduração infinita foram eessando igualmente. Certa manhã, tornou-seirrefutávelque a vida voltaraao signodo provisório e do contingente.Eram observadosoutravez prazos, limites. Tudo refioresceu.O filósofoconcluiuquenãosedeveplagiara eternida- de. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis.Rio, José OlympioEditará, 1985.) O autornosfalade umfatoqueteriaacontecidoemalgummomen- to, numplausívelmundodoshumanos,quandodeixoude existiro tempo e, conseqüentemente,a perspectivade mudança.Tudo setornou eterno, 24 25 · inclusiveachuva.Masalguémdescobriuumdispositivoparaseuproble- maimediatodenãosemolhare foi admiradoporisso.Gradativamente, tudofoideixandodesereterno,comoaconteceraàchuva,eo provisório daexistênciavoltouaseinstalar.E avidavoltouaseroquesemprefora: passageira,provisória,contingente. Comoalguémquetivesseassistidoà distânciaao desenrolardos acontecimentos,o autornarraahistóriadomecânicoqueconseguiumu-. daro rumodaHistória,paraqualquerleitorque,eventualmente,venhaa lerseuconto;independentememtedeserlidoounão,ocontoexistepara ele,o autor,mesmoquenãoseinstaleumaponteentreo autoreo even- tualleitor,viaprocessodeleitura.Ou seja,a mensagemdo autornãoé transmitidadeimediatoaoleitore,porisso,o escritornãorecebeumre- tornoimediatoparao queescreveu,respostaqueseráconstruídanoato da leiturapeloreceptorda mensagem.Alémdisso,emissore receptor nãoseconstituememprotagonistasdosacontecimentosnarradose,mui- tomenos,co-autoresdotexto,poisapenasoescritoro cria,nãodeixando sinaisdo processode elaboração.Drummondnosapresentaum texto acabado,semmarcasdeprodução,umtextocoeso,dotadodeseqüencia- çãotemporal,namedidaemqueosfatosnarradossesucedemcronologi- camente. Ninguémtitubeariaemrotulardelínguaescritaa quefoiutilizada peloartistaemseuconto.Alémdeteremsidousadosossinaisgráficos convencionaisdaescrita,comoletrase diacríticos,e deo textoseapre- sentardistribuídoemparágrafos,a leiturado textoescritofazemergir umaoralidadequenãoéaquelatípicadalínguafalada,masconfecciona- daa partirdoescrito,caracterizadaporumjogoentonacionale depau- sas,deumamusicalidadetodaprópria,característicosdalínguaescrita. Estestraçosprosódicossãoindicadospelossinaisdepontuaçãoconven- cionais,comfunçõesdefinidasnoscompêndiosdegramáticanormativa. Conseqüentemente,o textosobanálisenãoconstituitranscriçãode um textofalado,mas"nasceu"escrito,segundointençãodoseuautor. 3.1.Contextoescrito A leituradocontodeDrummondlevaaumaobservaçãoinicialso- brea situaçãodoescritorcomrelaçãoà doleitorenquantoreceptorda mensagemescrita:elesnãoocupamaomesmotempoo mesmoespaço. Um lapsodetempomaioroumenorobrigatoriamentepõedistânciaen- treo atodeelaboraçãodotextopeloescritore o atodeleiturapelolei- 26 tor.Aliás,oescritornemmesmosabequem,eventualmente,leráseutex- to escrito,nemsepodcafirmarqueelesepreocupacomtalproblema; eleconstróisozinhoo seutexto.O isolamentodoescritorcomrelaçãoao leitorfazcomqueesteleitorsópossadispordeinformaçõespassadasno epelotexto,já quenãodispõededadosdocontextosituacional.A língua escritatemdecompensaraausênciadasituaçãofornecendo,lingüistica- mente,informaçãoaelaequivalente,ou,emtese,precisahaverarecupe- raçãolingüísticadocomponentesituacional(HALLIDA Y, 1974). Alémdisso,escritore leitornãoalternamseuspapéisnodecorrer daelaboraçãodotextoescrito,semprea cargodeumúnicosujeito,seu autor.Ele semostrasemprepreocupadoemproduziralgoconvincente paradiferentesleitores,emdiferentesmomentos,emdiferenteslugares (CHAFE,1985). No textoliteráriodeDrummond,muitodesuabelezaresultadas sugestõesarespeitodomundofictício,emquealguémpretendeuplagiar a eternidade,um mundosemnome,atemporal,em que,de repente, "tudopassouaexistiralémdotempoestabelecido".Tudosefazplausível nocontextocriadopeloartista.No textoescrito,principalmentenolite- rário,atotalidadedasituaçãoéfornecidapeloprópriocontextodaobra. O fatodeescritore leitornãoestabeleceremumainteraçãofacea facelevao escritora nãosepreocuparporprendera atençãodo leitor nomomentoemqueescreve:o escritortemmaistempoparapensarso- breo queescrevee comoescreve,domesmomodoqueo leitorvaidis- pordemaistempoparaentenderoescrito.O escritor,livredaspressões dotempo,temcondiçõesdeseabastecerdemuitasinformaçõessobreo assuntoquepretendedesenvolver,assimcomoparasededicaraumaor- ganizaçãomaiscuidadosadosprocedimentoslingüísticosquevaiadotar noseutextoescrito.Desseprocessodeelaboraçãoresultaa línguaescri- tacomsuasespecificidades. 3.2.Planejamentoenãoplanejamento O textoA FalsaEternidadeevidenciao escritoremsintoniacomo seumomento.Dificilmenteo leitorbrasileirodeixadepercebero Brasil demeadosdadécadade80,o Brasildasprorrogaçõesdemandatoedo adiamentodecompromissos,comoo pagamentodadívidaexterna.Mas, comoartista,Drummondtranscendeo imediatoe criaummundosem tempo,comoresultadodesuasreflexõessobreoprovisóriodavida.E foi 27 esteo temadesenvolvidopeloartistananarrativaqueelaborou.Pode- mosfalar,então,numplanejamentotemátieoeomocaracterísticado es- crito:qualquerumquese proponhaa escrever,em princípio,sabeo temaquepretendedesenvolver,escolhaunilateralquenãolevaemconta interessesepredileçõesdoeventualleitor.A pardoplanejamentotemá- tico,ocorreo planejamentolingüístico,ou seja,a formulaçãoverbalé tambémplanejada(URBANO, 1990).Assim,alémde serplanejada,a línguaescritaé tambémplanejável(AKINNASO, 1982),poispressupõe articulaçãotantodeidéiascomodedadoslingüísticosestabelecidosan- tes(oudurante?)doatodeescrever. Em termosdeOCHS (1979),o textosobanáliseapontaparaum discursoescritoplanejado,planejamentoquesetornaevidentenaestru- turanarrativa.Trata-sedeumtextocoeso,dotadodeseqüenciaçãotem- poral, termo usadono sentidoestritode tempodo "mundoreal" (FÁVERO, 1991).Algumasexpressõesassinalama ordenaçãodasse- qüênciastemporais,como:então(linha4),aí (linha9),certamanhã(li- nha14). DiantedotextoacabadodeDrummond,nadapodemosdizerares- peitodepossíveisrevisóese formulaçõesquetenhafeitonodecorrerde suaelaboração.Estaéoutracaracterísticadaescrita:nãofornecerpistas, marcasaparentesa respeitodo processodecriação.Geralmenteelaes- condetais processosdo leitor e mostraapenaso produtoacabado (CHAFE, 1985). Comovimos,em2.2,CHAFE (1985)propõea noçãodeunidade deidéiacomopontodepartidaparacaracterizaçãodalínguafaladaeda línguaescrita.Umaunidadedeidéiaexpressaatotalidadedeinformação a queumapessoapodeprestaratençãoequepodeverbalizarconforta- velmente.No textoescrito,taisunidadesseevidenciamcomclarezano usodesinaisdepontuaçãoparaindicaçãodeseuslimitesouparasugerir umjogoentonacionaltípico.A leituradotextoemvozaltafazemergir taisunidadesdeidéia.Na línguaescrita,asunidadesdeidéiatendema sermaislongasemaiscomplexasdoquenalínguafalada.O escritortem maistempoe artifíciosparaaumentaro tamanhoe a complexidadede umaunidadede idéia.O contodeDrummondapresentaalgunsdesses artifíciossugeridosporCHAFE (1982): 1.Nominalizações- Nominalizaçãoéo processopeloqualverbose adjetivossetransformamemnomesquepodemsersujeitoouobjetode outrosverbosouobjetosdepreposições.É o casode:o vencimento(das dívidas)(linha02);o ensino(de História)(linha05);(perspectivade) mudança(linha05,06);aduração(normaldavida)(linha07);(causoua 28 maior)admiração(linha11);(receberinúmeras)encomendas.A nomi- nalizaçãopermitequeumanoção,queé verbalnaorigem,sejainserida numaunidadedeidéiacomosefosseumnome. 2.Frasescoordenadas- A possibilidadedeseapresentaremcoor- denadosentresisintagmasverbais,deumlado,esintagmasnominaisde outro,constituioutroartifíciopeloqualmaiorquantidadedeinformação podeserconcentradanumaunidadedeidéia.Sejamosexemplosabaixo: (18) enãosóseprorrogaramosmandatoscomoovencimentodasdívidasedos compromissosdetodasorte.(linhas1-2) (19) Entãosuprimiram-seosrelógios,asagendaseoscalendários.(linha4) (21) eaeternidadesemostrouencharcadae lúgubre.(linha9) (21) A chuvafoi neutralizadae,porfaltadeobjetivo,cessou.(linha12) (22) avidavoltaraaosignodoprovisórioedocontingente.(linhas14-15) Seo autoroptassepelodesdobramentodossintagmascoordenadosemorações,o resultadoseria,porexemplo,nafrase(19),umperíodoas- sim organizado:"Entãosuprimiram-seos relógios,suprimiram-seas agendas,suprimiram-seos calendários",períodopesado,saturado pela repetiçãodoverbosuprimir.Nestecaso,a coordenaçãoconstituiumar- tifícioquetornamaiscomplexaumaunidadedeidéia. (23) proclamou-seque tudoestavanoregimedeeternidade(linha8) (24) tornou-seirrefutávelqueavidavoltaraaosignodoprovisórioedocontingente. (linhas15-16) (25) O filósofoconcluiuquenãosedeveplagiaraeternidade.(linhas16-17) 3. Frasesouoraçõesdependentes- Estesartifíciosdetectadosno contodeDrummondlevamaconfirmarasidéiasdeCHAFE (1985),se- gundoo qualo maiortempodequedispõeo escritorparaescreverlhe dácondiçõesparaelaborarfrasesmaisdensasemtermosdesignificadoe maiscomplexasdo pontodevistasintático,resultandoa integraçãode unidadesdeidéiasemconstruçõesmaiscomplexas. 3.3.Envolvimentoedistanciamento Comovimos,escritore leitornãoocupam,ao mesmotempo,o mesmoespaçonomomentoemquedesempenhamsuatarefasrespecti- 29 vasde elaborare descodificara mensagemescrita.Por isso,o escritorse mostramenospreocupadoconsigomesmo,ou com qualquer interação direta com seu eventualleitor. De fato,elese preocupacom o processo de elaboraçãode umtextoconsistenteedefensávelsegundopadrõesque elemesmoestabelece.Nessecaso,é possívelfalarmosnumdistanciamen- to do escritor correspondentea um distanciamentoda língua escrita (CHAFE, 1985).O escritorusaalgunsartifíciosIingüísticospara obten- ção desseefeito de distanciamento,dos quais Drummond tambémfaz uso. O primeiro é o empregode nomesabstratos:o vencimento,o ensi- no, a mudança,a duração,aeternidade. Outro é o usodavoz passiva,de queDrummond fazusode manei- ra expressiva.Considerem-seosexemplosabaixo: (26) e nãosóseprorrogaramosmandatos(linha1) (27) Então suprimiram-seos relógios,as agendase oscalendários. (linha4) (28) Foi eliminadoo ensinodeIlistória.(linhas4-5) (29) A duraçãonormaldavidatambémfoiprorrogada.(linha29) (30) Proclamou-sequetudoentravanoregimedeeternidade.(linha30) (31) A chuvafoineutralizada.(linha12) (32) Eramobservadosoutravezprazos,limites.(linha15) Os dois tipos de construçõespassivasem portuguêssão utilizadas por Drummond, quer com auxiliarser, quer com pronomeapassivador se.Em nenhumdoscasoseleexplicitao agenteda passiva,o quepoderia ser feito nasfrasescomverboser,aindaquetal procedimentosejararo e artificial,muitodo gostodo estilotécnico-científico.Assim,alémde con- seguirumefeitode distanciamentodo queaconteceno seumundoplau- sível,torna claro que nessecontextode passividadetotal,o único a agir, ou a reagir,é o mecânico,quemudaa direçãoda História. 4.Conclusões A análisedos dois textos,um de línguafalada,outro de línguaes- crita, dá-nos oportunidadede apresentar,maissistematicamente,algu- mas diferenças entre as duas faces da língua, ou as suas duas manifestações,a faladae a escrita. 30 Evidentemente,elas não se diferenciamapenasquantoà substân- cia, ou à matériaprimada língua,substânciafônicapercebidapelaaudi- ção, a da língua falada, substânciagráfica ou visual da língua escrita. Afinal, a línguaescritanãoconstituipura transcriçãoda falada.Ao mes- mo tempo,não bastaquea línguasejarealizadaoralmente,constituindo produtoperceptívelpelaaudição,paraserconsideradafalada.A oralida- de é umacaracterísticaessencialda línguafalada,masnão suficiente,o que faz comquenotíciastransmitidaspor rádioc televisão,por exemplo, secaracterizempelaoralidade,masnão pelocaráterfalado(HILGERT, 1991).São,de fato,textosescritosrealizadosoralmente. Assim, as diferençasentrelínguafaladae línguaescritasão de ou- tra natureza,como se sugeriuno decorrerdo trabalho;elasresultamde diferençasentreos processosde falar e de esçrc_,,-er,ou entrecondições de produçãodo textofaladoe do escrito. Num primeiro momento,chamamosa atençãodo leitor paraos di- ferentescontextosde realizaçáoda fala e da escrita.A língua falada constituiumaatividadenumcontextoespecífico,resultadoda tarefacoo- perativade dois inter1ocutoresnummesmomomentoe num mesmoes- paço.Em outrostermos,é a dialogicidadeinstauradapelasituaçãofacea face(HILGERT, 1991)quecaracterizaa línguafalada. Ao contrário,o ato de escreverconstituialgo solitário:o escritor náo interagecom seuleitor,eleelaboraseutextosozinho,sema colabo- raçãodo eventuallcitor,e astarefasde planejare elaboraro textosãode suainteiraresponsabilidade. Num segundomomento,mostramosque duasoutrascaracterísti- casda línguafaladaem oposiçãoà línguaescritaresultamda diferença básicaentreascondiçõesde produçãode umae outra:tendênciaparao não planejamentoe envolvimentoda línguafaladae planejamentoc dis- tanciamento(ou não envolvimento)da língua escrita. O texto falado apresentamarcaslingüísticasevidentesdeseuplanejamentopassoa pas- so,enquantotextoconstruídopeloslocutoresenvolvidosna conversação, de queresultamfrasesmaisfragmentadasdo pontodevistasintático. O textoescritonãodeixamarcasdo processode planejamento:ele se apresentacomo um todo coeso,acabado,com frasesmais densase sintaticamente-maiscomplexas. Por outro lado,o envolvimentoconstituicaracterísticada línguafa- lada, entendidonão só comoenvolvimentodos inter1ocutorescom o as- sunto da conversa,mastambémentre elesmesmos.O texto falado sob 31 análiseapresentoudadoslingüístieosqueconfirmaramtal envolvimento. Ao contrário,o distaneiamentoconfirmou-seno planoda línguaescrita. Em síntese,aindaque,tantonaproduçãofaladacomonaescrita,o sistemalingüístieosejao mesmo,as regrasde sua efetivaçãobem como os meiosempregadossãodiversosc específicos,o queacabapor eviden- ciar produtosdiferenciados(RATH, 1979,apudMARCUSCHI, 1986). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AKINNASO, F. N. Sobreasdiferençasentrea linguagemescritac a fala- da. On the differeneesbetweenspokenand wriUen language.In: Languageand Speech,25,1982,97-125. CASTILHO, A T. c PRETI, D. (org.)A linguagemfaladacultana cida- de de São Paulo. São Paulo, T. A Queiroz, 1986,v. I: Eloeuções Formais. ____ o A linguagemfalada culta na cidadede São Paulo. São Paulo, T. A Queiroz, 1986,v.11:DiálogosentreDois Informantes. CHAFE, W. L. Integrationand Involvementin Speaking,Writing, and Oral Literature.In: TANNEN, D. (ed.)Oral andwrittendiscourse. Norwood, N. J., 1982. CHAFE, W. L. Linguistic differeneesprodueedby differencesbetween speakingand writing. In: D. R. Olson; N. Torrance; A Hildyard (eds.). Literacy, Language,and Learning. The Nature and Conse- quencesof ReadingandWriting.Cambridge,Cambridge,Universi- tyPress,1985,p. 105-123. FÁ VER O, Leonor Lopes.Coesãoecoerênciatextuais.SãoPaulo, Átiea, 199I. HALLIDA Y, M. A K.; MclNTOSH, A; STREVENS, P. As ciências lingüísticaseo ensinodelínguas.Petrápolis,Vozes, 1974. MARCUSCHI, L. A Análiseda Conversação.São Paulo,Ática, 1986. OCHS, E. Plannedand unplanneddiscourse.In: GIVélN, T. (ed.) Dis- courseand syntax.New York, Aeademic,1979. URBANO, H. Do oral para o escrito.Anais do XXXVII Seminário do GEL. Hauru,1990,p. 633-41. I t 2.O TÓPICO DISCURSIVO LeoIlor Lopes Ifávero(*) Os textossobanáliseforamextraídosdo inquéritonº360,dotipoD2 (diálogo entre dois informantes),pertencenteao arquivo do Projeto NURCjSP epublicadoemA LinguagemFalada Culta na Cidade deSão Paulo deA. T. de Castilhoe D. Preti,vaI. II, São Paulo,T. A. Queiroz- FAPESP,1987. TEXTO 1(D2 360- linhas1-99) LI ...(uma)deno::ve...ea outradeseis... Doe. a senhora... procuroudarespaçodetempoentreume OUtro... L2 aconteceramouforam [ 5 Doe. aconte/... L2 programados Doe. (isso)... faz favor( ) [ LI a p/ a p/ é... a programação... haviasidoplanejada...masnãodeucerto...«risos» 10 L2 filhosdapílula não?«risos» LI não...«risos» L2 nemd1tabela?«risos» LI nãojustamenteporqueatabelanão::nãodeucertoé que::«risos»vieramaoacaso 15 L2 ahnahn LI e::nóshavíamosprogramadoNOve ou dezfilhos... nãoé? [ L2 (nossaquechique) [ LI então... 32 (")Estec.1pítulocontoucom a colaboraçãoda professoraMaria Lúcia da Cunha Victório de OliveiraAndrade 33 (Jf) LI L2 LI L265 80 LI L2 85 LIL2')0 20 L2a sua faml1iaégrande? L! nós somos::seisfilhos L2 e a do marido? [L! e a do marido...eramdozeagorasãoonze... L2 ahn ahn [25 LIquer dizer somosde faml1iasGRANdes e::...entãoach/ achoque::...dadoessefator nosacostumamosa:: muitagenteL2 ahn ahn L! e" 30 L2e daí o entusiasmopara NOve filhos... L! exatamentenoveou dez... [L2 ( ) L! ée::mas...depoisdiantedasdificuldadesde conseguir quem meajudasse...nó::sparamosno sextofilho...35 L2ahn ahn L! não é?...e ...estamosmuito contentese... L2 e dão muito trabalho temessesessesproblemasde juventudeessesnegócios()(não estámuito na idadené'!)[40 LInão por enquantonão porque...estãoentrandona as maisvelhasestãoentrandoagoranaadolescênciae...[L2 () L! massão muito acomodadas...aindanãocomeçaram assim...aquelafase...chamadade...mais45 difícil de crítica [L2 (chamadamaisdifícil) L! né? L2 ahn ahn L! ainda não... felizmente(aindanão)começaram 50 L2() L! agora...eu achoque::...eu...esperonão::ter problema comelasporque...nós mantemosassimumdiálogo bemabertosabe'!L2 uhn uhn 55 L!com ascrianças...então...esperamosquenão :: haja maioresproblemasL2 ahn ahn L! com o avançardos anos...enfim...o futuro [L2 () 34 70 75 ')5 LI L2 pertence... ah a Deus c não ... a nós ( )rcalmentedeveser umadelícia ter umafamília gran/bemgrandecom bastantegente eu sou filha única...ah tenhoum irmão de trezeanos mas gostariadeMAIS de ter tido...mais irmãos...porque quando::...com meuirmão eujá:: já tinhacurso universitáriojá já tinhasaídoda faculdadequer dizer entãonão temquasequevantagemnenhumanão é'! eu queria entãoumafamíliagrandetínhamospensa::do . numa fan1l1iamaior masdepoisdo segundo...já deve estartodo mundotão desesperadoque nós«risos» estamospensando... I () é (pensamos)seriamenteem parar...depoisdissoainda ti/tive problemasde...saúdeproblemasde tiróide não sei quê::entãoo médicoestáaconselhandoa não ter mais... então nósestamospensando...estamospensandonão ofic/oficialmentenãoestáencerrado...masde fato está porque::...o endocrinologistaproibiu terminantemente que eu tenhamaisfilhos... I () inclusive...seeu tiver...ele dissequevai ser necessário.. um aborto... entãoestamosnaquelenegócioeh...como fazer::...se façooperação::so o marido fa::zmasele achaque::...dejeito nenhum::«risos» precisaconvencê-Ionãoé'! é precisarealmente.:estarconvencidodisso e ele é umacoisaque nãovai ser fácil convencerentão desistimos...e~pelo menosdesistinão setocamaisno assunto...masrealmenteentãoestáencerradomas gostaríamosdemaisde maisfilhos...emboraeu fique quasebiruta...«risos»porque é MUlto a gentevivede motoristao dia inTEIRO maso dia inTEiro ...uma corrida BÁRbara e levana escola( )e vai buscar... os dois estãonaescolade manhã-- porque eu trabalhode manhã-- entãoeuos levopara a escola...e vou trabalhar depoissaio na hora de buscá-Ios aí depois temnataçãosegundaquartae sexta...os dois dasduas 35 TEXTO 2 (D2360-linhas 1511-1600) Doe. L2 1515 1520 Doe. L2 1525 1530 LI L2LI L21535 LI L2LI1540 L2 LI L2 1545 LI L2 equandovocêsquiseram...escolherumacarreira... queaslevouescolhera carreira? a minhaeuacho...eunãotenhocertezaparajulgar maseuacho'luefui incutida...meupai... foi o um::... eramilitar::masa vocaçãodeleeralersido...advogado entãoelevivia dizendoisso...e eutenhoa impressãoeu nãopossodizerporqueédifícil... paraagentedizer porquedejeito nenhumelefalou"vocêvai fazerisso"... nunca...maseuachoqueelefalavatanlotantolanto e euo admiravamuito...eutenhoa impressãoquefoi... porcausadisloemboraminhametafosseItamarati eusempre... Diplomacia penseiemfazerDiplomaciasempresempresempre... mas::...deIX)is...por umasériedecircunst:incias ... nãofoi possível...mas::entãoaa minhametateria sidodiplomacia...maseuachoqueDireito particularmentefoi incutidoporele...principalmentefoi porqueeledizia quedelX)iseu teriacondiçõeseunão... querdizera pessoateriaelesempre:: (você)( ) I erasempreimpessoal...o negócioné? uhn a pessoateriacondições...porquenaquelealtura... aescolhaerasempre...ah Direilo EngenhariaMedicina... exalamente sóeraumadastrêsnãoexistia::todaessagama queexisteagora...nãoé? tantaabertura (erauma) né? eraumadastrêsenlãoeledizl eleadiavaqueessaa que teriamaispossibilida::dededil dediversificação depois... equandoasmllraseramm:lisespecíficas... né? certo ummédicoerasómédicoo engenheiroerasóengenheiro 36 1550 1555 15ú1i 15(,5 1570 1575 1580 1585 LI L2 LI L2 LI ...pclo menosnaquelaaltura...e entrlo::euacho que fui incutidapor ele...e:: e e não e nüo ri!.o resto por minha causa...aí... foi... foram circunstãnciasque nüo favoreceram... foi circunsl<lnciasquenüo favoreceramqueeu não::.. nüo consegui no Itamarat; ... () nüo 11.:10 consegui 11(10 ... nemchegueia tentar...acrescidodo fatoque queaí depois soubeque paramulherera muito difícil que elesquasenão adimitiameradifiCllimoetceteraet cetera...e aí faltou ãnimo paratcntar paravaler...eu achoque aí sc cu tivesse tentadotcria conscguidomasrcalmcntc faltou ãnimo faltou intercsse...«risos» '" intcresscscomeçam...a se:: I () divcrsificar tambémné'!c a gcntcacabadesistindo e a genteacabadcsistindo...e vocêpor quc quevocêfcl.'! porque...eu fiz o cursonormal...porque eu haviaperdido o meupai fazia::ah no no primeiro colcgial...c:: eu precisava... ter umaah optar por umacarreiraprol-- meu relógio cstáalapalhandoa nossa--...por uma carreira profissionalizante...eu achciquc ascoisasdali para frcntc seriammaisdifíceis cu comeccio colcgial... pensando...cm Medicina..e pensandoemcontarcom° mcu pai...para...o custeiodo estudomasdcsdco momentoem quc cu...o pcrdi cu:: prefcri umacarreira profissionalizantc...umcolegialprofissionalizantepara quc eu tivcssecham'ede j,í trabalharassim...que formar nüoé')e::daí mcempolgueipelo magistérioIccionci algumtcmpo...e::aoterminaro normal cu logo optei pela Pcdagogiaquc cra um cursoassimquedá uma cultura...gcral BOa não é'!...ah o nossocursofoi... bcm dado c tudo maisc eu gostei...e não fiz outra:: outrasespccializaçõesdentro outrascspecializaçõcsnão... outra::: não sc'guioutrascarreirasal1::...quc o curso de Pedagogiadaria possibilidadccomoo casoda Orientação Educacional...quc:: no quartoano cu poderia ter feito...c a PsicologiaClínica quc:: cu poderia ter feito no quarto ano como opção...cntre a liccnciatura...ou ou a liccnciaturaem Pedagogiaou a Psicologia Clínica semvestibularnaqucic tcmpoera... possívcl...e:: eu não fiz por faltade tempoporqueeu mecaseino:: tercei/no no terceiro ano de faculdade c daí logo vieramasgêmease eu não:: não fiz... 37 1.O tópicodiscursivo 1590 1595 1600 Doc. a Orientaçãono quartoanoporqueacargahor:íriacra muitogrande... sabe?entãoen preferiterminara Pedagogiae fiz a Iicenciatura maséhecomo::...ah:: formadoemPedagogiaeunãofalo comopedagoga porque::eunão::meconsidero... comoformadaem Pedagogia...eunãouseio meudiplomaporqueeun:io lecioneinosecundáriosabe?..entãodaío motivodeeu ler escolhidoPe(bgogia egostomuito...da:: psicologia(hlcriança do adolescentea psicologiaem geralmecativasabe? então...aí estáo motivopelo qual...euescolhíessecurso a senhoraesl:ícomhorário? Verifica-sequc grandeparll; do cspaçoconvcrsacionalé usadoem trocas nasquais falantcc ouvinteprocuramestahelecerum tópico dis- cursivo c há, além disso, pré-rcquisitosmínimospara que cles possam dclectara prescnçade umtópico. Assim, o falanteprecisagarantira atençãodo ouvinte,articulandobem sua fala c construindoseusenunciadosde modo tal que o ouvinte identifiqueos elementosdo tópicoe estaheleçardaçôes que colahorem nainstauraçãodo mesmo. O ouvinte,por suavez,precisaprestaratençãono queo falantediz, descodificaros e1cmentos(ohjetos,idéias,indivíduos,dc.) que têmfun- ção no dcsenvolvimentodo tópicoe identilicarasrelaçôesque sedão en- tre os referentesdo mesmo. Nemscmpre,porém,a identilicaçãodo tópicoé claraporquepode ocorrer um tópico implícito que provémdo conhecimentopartilhado. Veja-seo exemploabaixo: No texto1, a Documentadora(Doc.) inicia o Diálogo perguntando pelosfilhos da Locutora(LI), seelesforamprogramadosou sevieramao acaso,istoé, ela introduzumtópicodiscursivoquepodeserdenominado de "PlanejamentoFamiliar" 1. Tomado no sentidogeralde assunto,o tópicopodeser entendido como "aquiloacercado quesc cstá falando"(BROWN e YULE, 1983; 73).Ele é antcsdetudoumaqucstãodeconteúdo,cstandonadependência de um processo colaborativo que envolve os participantesJõ ato interacional. O sentidoé construídoduranteessainteraçãoe estáassentadonuma sériede fatorescontextuaiscomo;conhecimentode mundo,conhecimento partilhado,circunst<lnciasem que ocorrea conversação,pressuposições,etc. Observe-se que, às linhas 8 e 9, LI tenta responder à Documentadora,poréma Locutora2 (L2) interrompecom umpedidode esclarecimento("filhosdapílula não'!");LI respondecomumanegativa,o quenãosatisfaza suainterloculoraqueim;istecomumpedidode maiores esclarecimentos("nemdatabela'!").colaborandoparao estabelecimentodo tópicoquescconstróideacordocomasnecessidadeslocais. (1) Seráutilizada,neslecapítulo,a segmentaçãodo inquériton"360feitapor Koch, Fávero,Ju- bran,Marcuschi,Risso,Santos,Souzae Silva, Travaglia,Urbano,Andradee A'luino ln: Orga- nização Tópica da Conversação- In: Gramática do POl'lugués Falado.vo/. /J _ Níveis de Análise -organizado IX)fRodol!'oI1ari.Editorada lJNIC'AMP, 1992,p. 357-439.Estespesqui- sadoresobtiveramumlotalde71segmentos. 38 (3) A- Márcia,já terminouo quecu te pedi? B- A rcuniãoaindanãofoi marcada. A- Mas o clicntc tcmccrtaurgência. Com o auxiliodo conll;xto,conscgue-seestabeleccra coerênciado Icxto c pcrceherque os dois locutores,por possuíremunlçonhccimento partilhado,sabempcrfeitamentoqual o tópicodiscursivoem andamento e interagemperfeitamentc. Não é só quantoao eonteúdoque a interaçãointerferena estrutu- ração do tópico, mastambémquantoà formautilizada:à linha 17(tex- to 1), há um marcador de assentimento,isto é, de aprovaçãonão é, introduzidopor LI provavelmcntepara certilicar-sede que sua interlo- eutoraestáatcntae de que pode dar continuidadeao desenvolvimento de seutópico. O tópico é, assim,umaatividadeconstruídacoopcrativamente,isto é, há umacorrespondência- pelo menosparcial- de ohjetivosentreos interloeutores. A noçãode tópico é de fundamentalimportânciapara o entendi- mentoda organizaçãoconversacionale é consensoentre os estudiosos que os usuários~lalínguatêmnoçãode quandoestãodiscorrendosohre o mesmotópico,de quandomudam,cortam,criamdigressôes,retomam, etc. 39 2.1.CentraçflO 2. Propriedadesdo t6picodisclll'sivo Considcrc-seo trechodaslinhas20a 36: 21) L2 1.I L2 a sua fan1l1iaé grande'! n,íssomos::seis filhos e a do marido" Paraqueo conceitodeccntraçãopossasermelhorcompreendido,ve- jam-semaisdoisexemplos.No texto2, LI vinharalandosobreseuabando- no davida profissionalporcausadosfilhose dastendênciasprofissionais deseusfilhos,quandoit linha1511umaperguntadaDocumentadorainicia um novotópicoque,emboratenhasuaorigemno anterior,centra-senas "Razõesda OpçiioProfissionaldasLoc({{oras"e bifurca-seem dois seg- mentos:daslinhas1511a 1561"Opçãoprofissionalde L2", e daslinhas 1561-1599"OpçãoprofissionaldeLI". Buscandoesclarecerum poucomais,observe-senovamenteo seg- mentoquevaidaslinhas1511a 1561: () tópicoquesevemdesenvolvendoestácentradono "Planejamen- to familiar dc LI" (linhas I a F)); o quese desenvolveagoraé o do "Ta- manhoda família de origemde L 1"que,cmborase tenhaoriginado no tópico anterior,temoutracentração;aspausase hesitaçõesindicamque LI estáterminandoo tópicoe permitcma L2 intervir,fazendoa pergun- ta- "edão muitotrabalhotemessesproblemasdejuventude..." (linha 37) - quesinalizama introduçãode umnovotópico. Celltraçãoé o falar-seacercade algumacoisa,implicandoa utiliza- ção de referentesexplícitosou inferívcis.() tópico temlimitesbem defi- nidos e pode ser distribuído em segmentossucessivos,que serão explieitadosmaisadiante. A centraçãonorteiao tópieode tal formaque,quandosetemuma novacentração,tem-seumnovotópico. I.l c a do marido...eramdozeagorasãoonze... 1.2 ahn ahn 25 )1) )5 1.I L2 LI L2 1.I L2 LI L2 LI quer dizer somosde famíliasCiRi\:'\des e::...ent<ioachl achoque::...dado essefator nosacostumamosa:: muita gente ahn ahn e:: e daí o entusiasmorara )\;()vefilhos... exatamentenoveou de/... I ( ) é e:: mas...derois diantedasdificuldadesde conseguir quemmeajudasse...nó::s raramos no sextofilho... ahn ahn n<ioé" ... e ...esiamosmuito coll1entese... Doe. L2 1515 1520 Doe. L2 1525 1530 Ll L2 Ll L21535 Ll L2 Ll1540 L2 Ll equandovocêsquiseram...escolherumaearreira... o queas levouescolheracarreira? a minhaeuacho...eun<iotenhocertezararajulgar maseuachoquefui incutida...meupai... foi o um::... eramilitar::masavocaçãodeleeratersido...advogado entãoelevivia dizendoisso...eeu tenhoa impressãoeu nãopossodizerporqueédifícil... paraagentedizer porquedejeito nenhumelefalou"vocêvai fazerisso"... nunca...maseuachoqucelefalavatantotantotanto e euo admiravamuito...eutenhoa impressãoquefoi... porcausadistoemboraminhametafosseItamarati eusempre... Diplomacia penseiemfazerDiplomaciasempresempresempre... mas::...depois...porumasériedecircunstâncias ... nãofoi possível...mas::entãoaa minhameiateria sidodiplomacia... maseuachoqueDireito particularmentefoi incutidoporele...principalmentefoi porqueelediziaquedepoiseu teriacondiçõeseunão... querdizera pessoateriaelesempre:: (você)( ) [ erasempreimpessoal...o negócioné? [ uhn a pessoateriacondições...porquenaquelealtura... aescolhaerasempre...ah DireitoEngenhariaMedicina... exatamente [ sóeraumadastrêsnãoexistia::todaessagama queexisteagora...nãoé? lan.taabertura [ (erauma) né? 40 41 2.2.Orgallicidade No lexto 1, temos um supertópicoFAMiLlA e dois tópicos co- Çonslituinles:"Tamanhoda Família" e "Papelda Mlllhel' Casada".Cada osegmentoquevai das linhas 1511a 1548 (até ele) estáeentrado no tópico "Influênciado pai na opçãoprofissionalde L2 por advocacia". As proposiçõesqueo integramcstãoassociadaspor Uín conjuntode ele- mentosque tratamda influênciado pai.Esseconjuntosedestacaem re- lação a outros que podemser eonsidcradossecundáriose tambémem relaçãoa outros conjuntoscircunvizinhos,nessemomentoda conversa. .Já o segmentoimediatamenteposlLrior - linhas 1548 (a partir de ~ não) a 1561(atédesisilindo)- centra-seno tópico"Circunstânciasadver- sasa opçãoprofissionalde L2 por advocacia",porqueagorahá umoutro conjunto de elementosque se relacionampor tratarda opçãoprofissio- nal que se sobressai nesteoulro momentodo diálogo.Como já foi dito anteriormente,essesdois segmentosou subtópicosformamo tópico "Ra- zôesda OpçãoProfissionaldasLom/oras"(Op\~ãode L2). - "PlanejamentofamiliardeL2" -linhas 75a 92(segmento5): é(pensamos)seriamenteemparar...depoisdissoainda ti/tiveproblemasde...saúdeproblemasde tiróidenãosei quê::entãoo médicoest.'Íaconselhandoa nãotermais... ent~onósestamospensando...estamospensandonão ofie/oficialmentenãoest.'Íencerrado...masdefatoest.'Í porque::...o endocrinologistaproibiuterminantemente programados (isso)... faz favor( ) [ a p/ a p/é...a programação... haviasidoplanejada...masnãodeueerto...((risos» filhos dapílula não?«risos» não...«risos» nemdatabela?((risos»nãojustamenteporqueatabelanão::nãodeucertoé que::«risos»vieramaoacaso ahnahn e::nóshavíamosprogramadoNOve ou dezfilhos... nãoé? L2 Li [ L2 (nossaquechique) [ Li ent.'ío... L2 Li L2 Li Doe. L2 L2 Li Doe. Doe. a senhora... procuroudarespaçodetempoentreume OUtro... L2 aconteceramou foram [ aconte/... 10 umdessestópicosco-com;tituintesde FAMÍLIA é formadoporsubtópi- coso O tópico"Tamanhoda Família" contémdois subtópicos:"Planeja- mentoFamiliar" e "Tamanhoda Família de Origem",Essessubtópicos, porsuavez,sãoformadosporsegmentosmenoresouporçõestópicas.Para quese possaobservara linearidadeda fala,essessegmentossãoaquinu- meradosdeacordocoma ordememqueocorremnotexto,a saber: a- "PlanejamentoFamiliar": - "PlanejamentofamiliardeL1" -linhas 2 a 19(segmento1): 15 75 80 5 era umadas trêsentãoele di;j eleachavaque essaa que teria maispossibilida::dede di! dediversificação depois...e quandoasoutraserammaisespecíficas...né? certo um médicoera só médicoo engenheiroera só engenheiro ...pelo menosnaquelaallura...e ent,io::eu acho que fui incutidapor ele...e::c e nãoe não fiz o resto por minhacausa...aí... foi... foram circunstânciasque não favoreceram... foi circunstânciasque não favoreceramque eu não:: . não conseguino Itamarati... ( )não nãoconseguinão . nemchegueia tentar...acrescidodo fatoque que aí depois soubeque para mulherera muitodifícil que elesquasenão adimitiamera difiCllimo et cetcraet celera...e aí fallou tinimopara tentarparavaler.. Cuachoque aí se eu tivesse tentadoteriaconseguidomasrealmentefaltou ânimo faltou interesse...((risos» os inleressescomeçam...a se:: I () diversificartambémné? e a genteacabadesistindo e a genteacabadesistindo...e vocêpor que que vocêfez? 1545 LI L2 L2 1550 LI L2 1555 LI 15(,0 L2 42 43 b- "TamanhodaFamília deOrigem": - "TamanhodafamíliadeorigemdeLI" - linhas20a36(segmento2): Quantoaotópico"PapeldaMulher Casada",verifica-seque,segun- do o trechoaquirecortadoparaanálise,eleapresentaum subtópico: "Trabalhocom os Filhos". Estesubtópicoéformadopelosegmento"Au- sênciadeproblemascomos filhosadolescentesdeLI", linhas37a 62, numeradocomosegmento3: 85 90 LI L2 LI L2 queeutenhamaisfilhos... I () inclusive...seeutiver...eledissequevaisernecessário.. umaborto...entãoestamosnaquelenegócioeh...como fazer::...sefaçooperação::soo maridofa::zmasele achaque::...dejeitonenhum::«risos)) precisaconvencê-Ionãoé? [ éprecisarealmenteestarconvencidodisso eeleéumacoisaquenãovaiserfácilconvencerentão desistimos...eupelomenosdesistinãosetocamaisno assunto...masrealmenteentãoestáencerradomas gostaríamosdemaisdemaisfilhos...emboraeufique 70 75 LI L2 gostariadeMAISdetertido...maisirmãos...porque quando::...commeuirmãoeujá::já tinhacurso universitáriojájá tinhasaídodafaculdadequerdizer entãonãotemquasequevantagemnenhumanãoé? eu queriaentãoumafamlliagrandetínhamospensa::do. numafamI1iamaiormasdepoisdosegundo...já deve estartodomundotãodesesperadoquenós«risos)) estamospensando... I () é(pensamos)seriamenteemparar... - "TamanhodafamíliadeorigemdeL2"- linhas63a75(segmento4): edãomuitotrabalhotemessesessesproblemasde juventudeessesnegócios( ) (nãoestámuitonaidadené'!) [ nãoporenquantonãoporque...estãoentrandonaas maisvelhasestãoentrandoagoranaadolescênciae... [ () massãomuitoacomodadas...aindanãocomeçaram assim...aquelafase...chamadade...mais difícildecrítica ( (chamadamaisdifícil) né? ahnahn aindanão...felizmente(aindanão)começaram () . agora...euachoque::...eu...esperonão::terproblema comelasporque...nósmantemOliassimumdiálogobem abertosabe? uhnuhn comascrianças...então...esperamosquenão::haja maioresproblemas ahnahn como avançardosanos...enfim...o futuro [ () L2 40 LI L2 LI 45 L2 LIL2LI50 L2 LI L2 55 LI L2 LI L2 asuafamíliaégrande? nóssomos::seisfilhos eadomarido? e" edaío entusiasmoparaNOvefilhos... exatamentenoveoudez... I () ée::mas...depoisdiantedasdificuldadesdeconseguir quemmeajudasse...nó::sparamosnosextofilho... ahnahn nãoé?...e ...estamosmuitocontentese... [ ( ) realmentedeveserumadelíciater umafamlliagranlbemgrandecombastantegente eu soufilhaúnica...ahtenhoumirmãodetrezeanos mas L2 LI L2 I LI eadomarido...eramdozeagorasãoonze... L2 ahnahn I querdizersomosdefamlliasGRANdese::...e\Jtãoachl achoque::...dadoessefatornosacostumamosa::muita gente ahnahn LI L2 LI L2 LI L2 LI L2 LI L2 20 30 25 35 65 44 45 A noçãodeverticalidaderefere-seàsrelaçõesdeinterdependência queseestabelecementreos tópicosdeacordocoma maiorou menor abrangênciadoassuntoepermitemdizerquehá níveisnaestruturação dostópicos,indodesdeumconstituintemínimo- subtópico(SbT) até porçõesmaiores- tópicos(T) ou supertópicos(ST), constituindoum QuadroTópico,comoilustraoesquema: - a descontinuidade- decorredeuma~erturbaçãona se- qüencialidade:umtópicoéintroduzi- do, na linha discursiva,antesde se teresgotadoo precedentequepode ou nãoretomar.Se nãohá retorno, tem-seumcortec sehá,têm-seasin- serçõesou as digressõesque serão tratadasnoitem4destetrabalho. - a continuidade- decorredeumaorganizaçãoseqüencial dostópicos,demodoqueaaberturade umsedáapóso fechamentodo prece- dente.Deve-sedizerqueo tópicocom- preende mecanismos de início, desenvolvimentoesaídadetectáveispor elementosverbaisou por traçossupra- segmentais. [j] Trabalhocomos Filhos [jJb PlanejamentoIFamiliarJ [jJbJ FAMÍLIA ~------- . __ .~ ----~ TamanhóÔaFamília PapeldaMu TerCasada T7/ '" I SbTj llti!J No texto2,o supertópicoé PROFISSÃO e asLocutorasfalamso- breas."RazõesdesuasOpçõesProfissionais"comosseguintessubtópicos: b-"OpçãodeLI": - "Necessidadede carreiraprofissionalizantede LI": linhas1561a 1564(segmento3) - "PreocupaçãodeL1 comohorário":linha1565(segmento4) QUADROTÓPICO Transpondo-seesteesquemaparao texto1, obtém-se: a-"OpçãodeL2": - "Influênciado pai na opçãodeL2 por advocacia":linhas 1511a 1548(segmento1) - "CircunstânciasadversasàopçãoprofissionaldeL2 pordiplomacia": linhas1548a1561(segmento2) pertence... ah a Deusenão...anós LI L2 LI A relaçãoqueseestabeleceentreo supertópicoe osdoistópicos co-constituintesé denominadaorganicidade.Esta relaçãosemanifesta pelainterdependênciaqueseinstaura,concomitantemente,emdoispla- nos:linearevertical. A noçãode linearidaderefere-seàsarticulaçõesentreos tópicos emtermosdeproximidadenalinhadiscursivaeestáligadaàintrodução deinformaçõesnovas.É atravésdelaquesepodecompreendermelhor doisfenômenosbásicosqueacompõemaorganicidade: 60 46 47 O segmento4 - "Preocupaçãode LI com o horário"constituiuma digressão. Esquematizando,tem-se: - "Necessidadede carreiraprofissionalizantede LI": linhas1565 a 1574 (segmento5) - "Opçãode LI por pedagogia":linha1574a 1599(segmento6) PROFISSÃO i-----------L-------l I Razõesda OpçãoProfissionaldasLocutoras L- __ ----------- OpçãoêÍc~~2 //~. Q] [~] -~----- ---------------~ OpÇãô~eLI / ..../<:' "~-""'" Q] U] ~ A\ As marcasnemsempreconstituemumcritérioabsolutoparaa seg- mentação,já quesão: facultativas- nemsempreo início e o filU têmumarealiza- ção marcada.Podem, por vezes,ser detecta- dos no momentoem que uma determinada centraçãose distinguede umacentraçãoan- terior, motivada,por exemplo,por uma mu- dançadereferentes. multifuncionais- os elementosque delimitam os tópicos não exercemsemprea mesmaJunção. O marcadorentão,quemuitasvezesfêdia o tópico (segmentos1- Texto 1; e segmen- to 6 - Texto2), podeaparecer exercendo outrasfunções.É o que mostraAndrade (1990:219), a propósito de então acho quedaslinhas25e26: 3. Segmentação 25 Li ...entãoach! achoque::...dadoessefatornosaeostumamosa:: muitagente Para descrevera