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TESES 1 E 2 -É legítima a cobrança do Imposto Predial Territorial Urbano

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1) É legítima a cobrança do Imposto Predial Territorial Urbano – IPTU sobre imóveis situados em área de expansão urbana, ainda que não dotada dos melhoramentos previstos no art. 32, § 1º, do CTN.
O IPTU é tributo de competência dos Municípios. Está previsto pela CF/88 no seu art. 156. Conforme art. 32 do Código Tributário Nacional, a regra do IPTU tem por critério material “ser proprietário, ter o domínio útil ou ser possuidor de bem imóvel”. 
	Para a cobrança do IPTU é necessário saber o que é “zona urbana do Município”, tendo em vista que, conforme a sua localização, o imóvel estará sujeito ou ao IPTU ou ao ITR. Somente os imóveis que se localizam na zona urbana de um município podem ser tributados pelo IPTU. Aqueles que se localizam em área rural serão tributados pelo ITR — Imposto Territorial Rural, de competência da União.
O conceito de zona urbana pode ser retirado do próprio art. 32 do CTN, que deve vir prevista em lei ordinária municipal e conter pelo menos dois tipos de melhoramentos previstos na lei, que podem ser: meio-fio ou calçamento com canalização de águas pluviais; abastecimento de água, sistema de esgotos sanitários; rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. 
Muitos contribuintes questionam que o IPTU somente pode ser cobrado se houver os melhoramentos previstos no Código Tributário Nacional. Entretanto, os Ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) têm entendimento de que se lei municipal torna uma área urbanizável, ou de expansão urbana, a cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) é válida.
Conforme art. 32 do Código Tributário Nacional, a regra do IPTU tem por critério material “ser proprietário, ter o domínio útil ou ser possuidor de bem imóvel”.
	Segundo Sabbag (2017, p 1454), a propriedade é “instituto jurídico que indica o gozo jurídico pleno de uso, fruição e disposição do bem imóvel”. Proprietário é, portanto, titular do domínio pleno do imóvel.
O domínio útil é o direito de fruir, dispor, utilizar e alienar o bem e decorre do regime de enfiteuse. Conforme o Código Civil de 1916, dá-se a enfiteuse "quando por ato entre vivos, ou de última vontade, o proprietário atribui a outrem o domínio útil do imóvel, pagando a pessoa, que o adquire, e assim se constitui enfiteuta, ao senhorio direto uma pensão, ou foro, anual, certo e invariável". Este instituto não está mais presente no atual Código Civil.
A posse está prevista no art.1196 do Código Civil. Segundo este artigo, “considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”. 
Para o critério material do IPTU, considera quem tem a posse aquele que tem o ânimo de ser proprietário. 
De acordo com a tese analisada, a existência de lei municipal que torne a área urbanizável ou de expansão urbana, não precisa passar por melhoramentos básicos. Com esta decisão, os ministros consideram que a própria mudança na legislação municipal já indica que o poder público está agindo; os melhoramentos podem acontecer em momento futuro. 
Conforme este entendimento, o STJ editou, em 09/01/2019, a Súmula nº 626 com a seguinte redação: “A incidência do IPTU sobre imóvel situado em área considerada pela lei local como urbanizável ou de expansão urbana não está condicionada à existência dos melhoramentos elencados no art. 32, § 1º, do CTN”.
2) O cessionário de direito de uso de imóvel público não é contribuinte do IPTU, pois detém a posse mediante relação de natureza pessoal, sem animus domini.
A cessão de uso ocorre quando uma entidade ou órgão transfere, gratuitamente, a posse de um bem público a outra entidade ou órgão. O cessionário deverá utilizá-lo de acordo com as condições estabelecidas no termo. É um ato de colaboração entre as repartições públicas, quando bens desnecessários aos seus serviços são cedidos para aquelas que precisam deles.
A cessão é sempre feita por prazo determinado, quando houver necessidade de auxílio ou colaboração. Não opera a transferência de propriedade. 
Também pode haver a concessão de direito real de uso de bem público a particulares, pelo qual o Poder Público atribui a utilização exclusiva de um bem de seu domínio a particular, que deverá explorá-lo de acordo com a sua destinação específica.
A concessão de uso não modifica o domínio do bem. Conforme a lei nº 8.666/93, em seu art. 17 § 2º, quando a concessão for destinada a outro órgão ou entidade da Administração, há a possibilidade de dispensa de licitação. Para os outros casos exige-se o processo licitatório. 
A tese analisada remete à jurisprudência majoritária do STJ, de que o cessionário do direito de uso de bem público não é o contribuinte do IPTU, pois não existe o animo de dono.
 Segue trecho da decisão abarcando tal postura: 
“...O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que a posse apta a gerar a obrigação tributária é aquela qualificada pelo animus domini, ou seja, a que efetivamente esteja em vias de ser transformada em propriedade, seja por meio da promessa de compra e venda, seja pela posse ad usucapionem. 2. O cessionário do direito de uso não é contribuinte do IPTU, haja vista que é possuidor por relação de direito pessoal, não exercendo animus domini, sendo possuidor do imóvel como simples detentor de coisa alheia. Precedentes [...] (AgRg no AREsp 691946 RJ 2015/0083642-2).
REFERÊNCIAS
https://direitorio.fgv.br/sites/direitorio.fgv.br/files/u100/tributos_em_especie_2014-1.pdf acesso em: 18/08/2020.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm acesso em 23/08/2020
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/186849220/agravo-em-recurso-especial-aresp-691946-rj-2015-0083642-2 acesso em: 23/08/2020.

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