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Semana 8, 28/09 Protozoários intestinais: Flagelados e ciliados Flagelados intestinais: Giardia duodenalis | Dientamoeba fragilis | Chilomastix mesnili | Trichomonas hominis ▪ Cavidade bucal: Trichomonas tenax ▪ Trato genitourinário: Trichomonas vaginalis Ciliado intestinal: Balantidium coli ↪ Os estágios usuais de diagnóstico dos protozoários intestinais são os trofozoítos e cistos. Flagelados Protozoários com forma regular piriforme, elipsóide ou oval, geralmente com fibrilas citoplasmáticas visíveis e núcleo próximo a uma das extremidades (identificação via número, presença ou ausência nuclear e distribuição da cromatina periférica). Flagelos com número e disposição variantes entre as espécies, mas morfologicamente característicos. Giardíase Giardia duodenalis (sinonímias: G. lamblia e G. intestinalis) Pode causar quadros gastrointestinais agudos e crônicos, de intensidade variável, podendo chegar à produção de uma síndrome de má absorção. Cisto: 8 x 12 um; oval ou elipsoide; 2 ou 4 núcleos, um número variável de fibrilas, axonemas de flagelos e os corpos escuros em forma de meia-lua. Trofozoíto: 10 x 20 um; perinha com simetria bilateral, dorso convexo e ventral côncavo com disco suctorial, corpos medianos, um axóstilo central e dois núcleos; 4 pares de flagelos. Transmissão: ingestão de cistos em água ou alimentos contaminados e via fecal-oral. Local: intestino delgado. Ciclo biológico: monoxênico. Patogenia: pode ser desde assintomático até causar diarreia grave e má absorção. ▪ Giardíase aguda: desenvolvimento após um período de incubação de 1 a 14 dias e geralmente dura de 1 a 3 semanas. Os sintomas incluem: diarreia, dor abdominal, distensão abdominal, náuseas e vômitos. ▪ Giardíase crônica: sintomas recorrentes, mais suscetível a má absorção e debilitação. Diagnóstico: laboratorial para pesquisa de trofozoítos ou cistos nas fezes e trofozoítos no fluido duodenal. Tratamento: metronidazol, tinidazol, secnidazol, nitazoxanida, furazolidona (inibe a capacidade de adesão da G. duodenalis), paromomicina ou quinacrina. Não-patogênicos Chilomastix mesnili Flagelado não patogênico frequentemente descrito como um organismo comensal no trato gastrointestinal humano. Cisto: 5 x 8 um; limãozinho com um núcleo grande. Trofozoíto: 11 um; limãozinho com caule = flagelos na extremidade oposta ao núcleo. Transmissão: ingestão de cistos em água ou alimentos contaminados e via fecal-oral. Local: intestino grosso e possivelmente delgado. Ciclo biológico: monoxênico. Patogenia: não patogênico, mas pode ser um indicador de contaminação fecal de um alimento ou de água. Diagnóstico: pesquisa de trofozoítos e cistos nas fezes. Tratamento: não patogênico. Ciliados Balantidium coli como maior dos protozoários parasitas humano e o único ciliado patogênico encontrado no cólon. Os trofozoítos vivos possuem um movimento rotatório geralmente rápido e direcional, com superfície revestida por cílios, citoplasma com um núcleo ou macronúcleo, grande e reniforme (parecendo um feijãozinho) + segundo núcleo ou micronúcleo na região deprimida do macronúcleo. Balantidiose Balantidium coli Infecção humana pouco frequente – ulcerações que perfuram a parede intestinal. Cisto: 50 a 70 um; grande e arredondado; com 2 núcleos, sendo um macro e outro micro . Trofozoíto: 40 a 200 um; superfície revestida por cílios, citoplasma com um macronúcleo = feijãozinho e micronúcleo na região deprimida do macronúcleo; parece ter um ânuszinho. Transmissão: ingestão de cistos em água ou alimentos contaminados. Local: intestino grosso (cólon) e apêndice. Ciclo biológico: monoxênico. Patogenia: pode ser desde assintomático, agudo ou crônico com sintomas abdominais. Complicações de diarreia ou disenteria associadas podem ocorrer em infecções prolongadas. Os sintomas podem ser graves ou fatais em imunocomprometidos. Diagnóstico: laboratorial para pesquisa de trofozoítos ou cistos nas fezes ou tecido intestinal. Tratamento: metronidazol e tetraciclina. Protozoários Urogenitais: Flagelados Flagelados do sistema urogenital: Trichomonas vaginalis Os Trichomonas apresentam membrana ondulante característica, mas há certa variedade de espécies de acordo com o local da infecção. tricomoníase Trichomonas vaginalis Cisto: não tem forma cística. Trofozoíto: 7 x 9 um; elipsoide, piriforme ou oval, com 4 flagelos anteriores = Cebolinha com agulha, um grande núcleo, um axóstilo e uma membrana ondulante que se estende ao longo da metade do corpo. Transmissão: infecção sexualmente transmissível. Local: trato genital feminino e uretra e próstata masculinas - produz a infecção e não sobrevive fora do sistema urogenital. Ciclo biológico: monoxênico. Patogenia: desenvolvimento após um período de incubação de 4 a 28 dias, com sintomas surgindo em uma média de 4 a 8 dias. ▪ Vagina: vaginite com secreção purulenta (estado de severa inflamação) é o sintoma proeminente e pode ser acompanhada por lesões vulvar e cervical, dor abdominal, disúria e dispareunia. Presença de corrimento vaginal de cor amarelo-esverdeado, bolhoso, com odor característico e mais frequente no período pós-menstrual; ▪ Uretra e próstata: assintomática; ocasionalmente podem ocorrer uretrite, epididimite e prostatite. Há leve sensação de prurido na uretra e fluxo leitoso ou purulento no meato uretral. Diferente da mulher, o homem pode ter somente uma infecção auto-limitada. Papel crítico na amplificação da transmissão do HIV, sendo um importante cofator na propagação do vírus: causa pontos hemorrágicos na mucosa, permitindo o acesso do vírus para a corrente sanguínea Diagnóstico: laboratorial para pesquisa de trofozoítos na urina, secreções vaginal ou uretral ou esperma. Tratamento: preservativo como medida profilática. Metronidazol, tinidazol, ornidazol, nimarazol, carnidazol e secnidazol. O tratamento deve ser realizado pelos parceiros sexuais. Semana 8, 30/09 Diagnóstico de Trichomonas vaginalis O diagnóstico laboratorial é feito pela visualização direta a fresco de trofozoítos em amostra de secreção vaginal, uretral e prostática. Entretanto, o isolamento e cultivo do protozoário é o método mais sensível para o diagnóstico da tricomoníase. Além desses, a imunodetecção por coloração de anticorpos imunofluorescentes diretos, ainda que tecnicamente mais complexa, também é utilizada. I. Coleta da Amostra Orientação ao paciente | Amostra | Colheita da amostra → primeira micção matinal; • Em mulheres, também é coletado material na vagina com swab de algodão não absorvente ou de poliéster, com o auxílio de um espéculo não lubrificado; não devem ter realizado higiene vaginal por no mínimo 18 horas; • Em homens, também é colhido material uretral com uma alça de platina ou com swab e uma amostra fresca obtida pela masturbação em um recipiente limpo e estéril; secreção prostática e material subprepucial são coletados com um swab molhado em solução salina isotônica. II. Preservação da amostra • Temporária: líquidos de transporte (solução salina isotônica ou solução salina isotônica glicosada a 0,2%) | meios de transporte (meio de Stuart ou meio de Amies; • Permanente: fixador de Schaudinn, fixador Álcool-Polivinílico (APV) ou vapores de ósmio. III. Exame Microscópico • Exame direto a fresco ; Coradas: corante “Vaginal Identification Pathogens” (VIP) | solução de iodo de D’ Antoni; Não coradas: secreções diluídas em solução salina isotônica. • Microscopia de campo escuro; • Microscopia de contraste de fase; • Preparações fixadas e coradas: principalmente Giemsa. IV. Exame Cultural Técnicas de amplificação de ácidos nucleicos Semana 9, 05/10 Coccídios intestinais Cryptosporidium spp. (C. parvum e C. hominis) | Cyclospora cayetanensis | Cystoisospora belli Parasitos intracelulares obrigatórios que habitam a mucosa do intestino delgado do homem; A grande importância atual da criptosporidiose é o reconhecimento de surtos epidêmicos de diarréia → parasitoses emergentes e oportunistas. Criptosporidiose Cryptosporidium spp.(C. parvum e C. hominis) Oocisto: 4 a 6 um; oocisto esporulado nas fezes; forma arredondada com 4 esporozoítas; Transmissão: ingestão e possivelmente inalação de oocistos esporulados em água ou alimentos contaminados (leite cru) e contato com animais/pessoas infectadas. Local: células epiteliais do TGI. Ciclo biológico: zoonose. Patogenia: gastroenterite transitória em pacientes imunocompetentes (5-10 evacuações/dia durante 2 semanas) e manifestações persistentes, com diarréia aquosa e severa, podendo levar à morte nos pacientes imunodeprimidos. Diagnóstico: laboratorial por técnicas de concentração (Sheather ou Ritchie modificada) - exame direto a fresco com caráter de triagem, diagnóstico mesmo é por imunofluorescência indireta (detecção de oocistos), enzimaimunoensaio (detecção de antígenos) ou colorações permanentes (Ziehl-Neelsen ou safranina). Importante realizar a morfometria para diferenciar os oocistos de Cryptosporidium spp. e de Cyclospora cayetanensis. Tratamento: nitazoxanida para efeitos da diarreia e desidratação. Ciclosporose Cyclospora cayetanensis Oocisto: 8 a 10 um; oocisto não esporulado nas fezes (esporulação após dias ou semanas em temperatura entre 22° a 32°C); forma arredondada com parede com aparência rugosa ou ondulada; com 2 esporocistos com 4 esporozoítas cada. Transmissão: ingestão de oocistos esporulados em água e produtos frescos. Local: células epiteliais do TGI. Ciclo biológico: nenhum reservatório animal para C. cayetanensis foi identificado. Patogenia: podem ser assintomática em regiões endêmicas ou sintomáticas, com manifestação diarreica aquosa de gravidade variável. Há um período médio de incubação de 1 semana, as infecções sintomáticas geralmente se manifestam como diarreia aquosa de gravidade variável. As infecções não tratadas geralmente duram de 10 a 12 semanas e podem seguir um curso recorrente. A duração dos sintomas e a perda de peso associada são maiores em indivíduos com HIV ou possivelmente outras condições imunossupressoras. Diagnóstico: laboratorial por técnicas de concentração (Sheather ou Ritchie modificada) - exame direto a fresco com caráter de triagem, diagnóstico mesmo é por imunofluorescência indireta, epifluorescência (autofluorescência; luz UV), PCR ou colorações permanentes pelos métodos derivados de Ziehl-Neelsen. Desvantagem em função da variabilidade de coloração nos oocistos de C. cayetanensis. Tratamento: sulfametoxazol-trimetoprim (TMP-SMX). Cistoisoporose Cystoisospora belli Oocisto: 25 a 30 um; oocisto com esporoblasto que amadurece após a excreção ( esporoblasto único se divide em dois esporoblastos); forma elipsoidal típica. Transmissão: ingestão de oocistos contendo esporocistos. Local: células epiteliais do intestino delgado. Ciclo biológico: Patogenia: infecção causa diarreia aguda sem sangramento com cólicas abdominais, que pode durar semanas e resultar em má absorção e perda de peso em imunocompetentes. Em pacientes imunodeprimidos e em crianças, a diarreia pode ser grave. Eosinofilia pode estar presente (diferentemente de outras infecções por protozoários). Diagnóstico: exame direto a fresco com esfregaços sem coloração, epifluorescência (UV), colorações permanentes (Ziehl-Neelsen e safranina) e microscopia de fluorescência para detecção de oocistos. Tratamento: sulfametoxazol-trimetoprim (TMP-SMX), metronidazol, sulfadiazina-pirimetamina e sulfadoxina-pirimetamina. Semana 10, 19/10 Protozoários sanguíneos: Malária Plasmodium falciparum | Plasmodium vivax | Plasmodium malariae | Plasmodium ovale | Plasmodium knowlesi Índice epidemiológico: em 2019, no mundo, 228 milhões de casos foram registrados, sendo 93% deles na África; no Brasil, +157 mil notificações, sendo 89,3% Plasmodium vivax e 10,7% Plasmodium falciparum e malária mista; no RS, 2020/1 teve 1 caso autóctone. Malária Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax e Plasmodium malariae Trofozoíto jovem: ● Plasmodium falciparum: ⅕ do diâmetro da hemácia; forma de anel fino e delicado = anelzinho de noivado; podem possuir 1 ou 2 pontos de cromatina; ● Plasmodium vivax: forma de anel grande com citoplasma espesso = anelão de casamento; com 1 único ponto grande de cromatina; aumento de eritrócitos infectados; ● Plasmodium malariae: forma irregular, podem aparecer formas "olho-de-pássaro"; 1 ou 2 pontos de cromatina. Trofozoíto maduro: ● Plasmodium falciparum: não tem; ● Plasmodium vivax: forma de ameba, com pseudópodos brandos e vacúolos grandes; pontos de Schüffner visíveis com coloração adequada; ● Plasmodium malariae: cromatina arredondada ou listrada e com citoplasma geralmente compacto, sem vacúolo; linha no meio da hemácia = eritrócito parecendo bola de tênis. Esquizonte: ● Plasmodium falciparum: raramente vistos no sangue periférico. ● Plasmodium vivax: grande, redondo e com vários núcleos (até de 12 núcleos (cromatinas) quando ainda for um esquizonte recém formado; 12 a 24 merozoítos (cromatinas maiores), irregularmente arranjados, quando esquizonte maduro); com grânulos de pigmento fino, escuro e difuso pelo citoplasma = amorinha; ● Plasmodium malariae: 6 a 12 merozoítos, geralmente dispostos em uma roseta ou aglomerado irregular. Gametócito: ● Plasmodium falciparum: forma de lua crescente/oval = bananinha; ● Plasmodium vivax: redondo-ovalado preenchendo a célula hospedeira; citoplasma é geralmente de um azul mais escuro e contém pigmento marrom fino por toda parte; ● Plasmodium malariae: compacto e também preenchido; citoplasma fica corado de azul e a cromatina de rosa a vermelho. Transmissão: picada da fêmea do mosquito Anopheles infectada. Local: células do fígado e hemácias (estádio sanguíneo responsável pelas manifestações clínicas da doença). Patogenia: sintomas inespecíficos, com diagnóstico que pode ser perdido se os profissionais de saúde não estiverem alertas para a possibilidade desta doença. Manifestações clínicas dependentes da espécie, nível de parasitemia e do estado imunológico. ● Plasmodium falciparum: mais provável de progredir para formas graves e potencialmente fatais com envolvimento do sistema nervoso central, insuficiência renal aguda, anemia grave ou síndrome do desconforto respiratório agudo; ● Plasmodium vivax: pode causar esplenomegalia com, raramente, ruptura esplênica; ● Plasmodium malariae: síndrome nefrótica. Diagnóstico: laboratorial sanguíneo por esfregaço estirado sanguíneo e gota espessa (padrão ouro; + avaliação quali e quanti) seguida de coloração de Giemsa; Testes moleculares e imunológicos podem ser feitos, mas não substituem nem dispensam o diagnóstico da malária pelo exame da gota espessa. Tratamento: cloroquina, artemeter + lumefantrina e primaquina. Semana 11, 26/10 Protozoários teciduais Toxoplasma gondii | Leishmania spp. | Trypanosoma cruzi Toxoplasmose Toxoplasma gondii Zoonose de distribuição universal, capaz de infectar diferentes espécies de vertebrados; gato como hospedeiro definitivo. Oocisto imaturo: eliminado apenas nas fezes de felinos; não esporulado. Oocisto maduro: eliminado apenas nas fezes de felinos; 10-12 um de diâmetro e com dois esporocistos. Taquizoíto: 4-8 um de comprimento por 2-3 um de largura; extremidade anterior afilada e um grande núcleo. Bradizoíto: 5 a 50 um de diâmetro e podem ser encontrados em vários locais, mas são mais comuns no cérebro e nos músculos esqueléticos e cardíacos; forma ovalada massuda. Transmissão: ingestão de solo, água ou material vegetal contaminado com oocisto. Local: tecido neural e muscular. Ciclo biológico: heteroxênico. Patogenia: Infecção adquirida com Toxoplasmaem pessoas imunocompetentes é geralmente uma infecção assintomática. No entanto, 10% a 20% dos pacientes com infecção aguda podem desenvolver linfadenopatia cervical e / ou doença semelhante à gripe. O curso clínico geralmente é benigno e autolimitado; os sintomas geralmente desaparecem dentro de algumas semanas a meses. Em casos raros, pode ocorrer infecção ocular com perda de visão. A toxoplasmose congênita resulta deuma infecção primária aguda adquirida pela mãe durante a gravidez. A incidência e gravidade da toxoplasmose congênita variam com o trimestre durante o qual a infecção foi adquirida. Os pacientes costumam ser assintomáticos até a segunda ou terceira década de vida, quando as lesões se desenvolvem no olho. Diagnóstico: pesquisa parasitológica em amostras biológicas, PCR e testes imunológicos. Tratamento: espiramicina, sulfadiazina e pirimetamina. Oocisto: Transmissão: Local: Ciclo biológico: Patogenia: Diagnóstico: Tratamento: Oocisto: Transmissão: Local: Ciclo biológico: Patogenia: Diagnóstico: Tratamento: