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INTRODUÇÃO À PARASITOLOGIA TERMOS Parasitismo: associação entre seres vivos de espécies diferentes (relação interespecífica), em que existe unilateralidade de benefícios, sendo um dos associados prejudicado pela associação. Relação íntima, duradoura e certo grau de dependência metabólica. Agente infeccioso: parasito, sobretudo microparasitos (bactérias, fungos, protozoários, vírus, etc), inclusive helmintos, capaz de produzir infecção ou doença infecciosa. Suscetível: indivíduo que não possui resistência a um agente infeccioso. Doença: possui etiologia conhecida; fisiopatologia específica; conjunto característico de sinais e sintomas; alterações anatômicas e/ou funcionais consistentes e tratamento específico. CLASSIFICAÇÃO DOS PARASITOS Ectoparasitas: vivem externamente ao corpo do hospedeiro (superfície corporal) Endoparasitas: vivem dentro do corpo do hospedeiro (interior de órgãos) CLASSIFICAÇÃO DOS HOSPEDEIROS Hospedeiro definitivo: é o que apresenta o parasito em fase de maturidade ou em fase de atividade sexual. Geralmente é um vertebrado. Hospedeiro intermediário: é aquele que apresenta o parasito em fase larvária ou assexuada. Geralmente é um invertebrado. Hospedeiro paratênico ou transportador: é o hospedeiro intermediário no qual o parasito não sofre desenvolvimento, mas permanece encistado até que o hospedeiro definitivo o ingira. Hospedeiro acidental: indivíduo que não faz parte do ciclo vital do parasito. Vetor: artrópode, molusco ou outro veículo que transmite o parasito entre dois hospedeiros. Vetor biológico: quando o parasito se multiplica ou se desenvolve no vetor. Vetor mecânico: quando o parasito não se multiplica nem se desenvolve no vetor, este simplesmente serve de transporte. Ciclo vital ou biológico: passagem de um hospedeiro a outro, de transporte ou deslocamento até o novo hospedeiro, identificação deste hospedeiro, mecanismo de invasão, migração no interior do hospedeiro. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO NÚMERO DE HOSPEDEIROS Monoxeno: um hospedeiro para completar seu ciclo vital (possui apenas hospedeiro definitivo) Heteroxeno: mais que um hospedeiro para completar seu ciclo vital (possui hospedeiro definitivo e intermediário) CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ESPECIFICIDADE PARASITÁRIA Estenoxeno: parasitam apenas uma ou poucas espécies muito próximas Eurixeno: parasitam uma ampla variedade de hospedeiros CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TEMPO DE PERMANÊNCIA Periódico: permanece no indivíduo e se alimenta esporadicamente (ex: pulga) Temporário: procura o hospedeiro apenas para se alimentar Permanente ou obrigatório: incapaz de viver fora do hospedeiro SOBREVIVÊNCIA E PERMANÊNCIA DO PARASITO Infectividade: capacidade do agente em invadir e se desenvolver no hospedeiro Patogenicidade: capacidade de um agente provocar lesões / causar doenças com manifestações clínicas Resistência: capacidade do agente em resistir a condições ambientais diante de uma substância química Persistência: capacidade de um agente em sobreviver na ausência do hospedeiro Tropismo: capacidade do agente em se deslocar para seu órgão preferencial INTERAÇÕES PARASITA-HOSPEDEIRO Infecção: invasão e colonização do organismo hospedeiro por parasitos internos, como helmintos e protozoários Infestação: ataque ao organismo hospedeiro por parasitos externos, como os artrópodes ECTOPARASITOSES MIÍASES Infestação de vertebrados vivos por larvas de dípteros que, pelo menos por certo período, se alimentam dos tecidos vivos ou mortos do hospedeiro, de suas substâncias corporais líquidas ou do alimento por ele ingerido. Podem ser traumáticas (abertas) ou furunculares (nódulos) CLASSIFICAÇÃO DA RELAÇÃO PARASITA/HOSPEDEIRO Obrigatórias (primárias): larvas biontófagas Facultativas (secundárias): larvas necrobiontófagas • Causada por larvas de dípteros que, em geral, desenvolvem-se em matéria orgânica em decomposição (vida livre), mas eventual e oportunamente podem atingir tecidos necrosados de um hospedeiro vivo COCHLIOMYIA HOMINIVORAX (MOSCA-VAREJEIRA) • Causadora da bicheira ou miíase verdadeira • Larvas biontófagas • Ciclo de 21 dias / 40 - 60 dias de longevidade / 200-300 ovos / único acasalamento: 5-10 dias ovipõem • Feridas, excreções, ferimentos o Acidentais, cirúrgicas (ex: traqueostomia) • Cavidades e orifícios naturais: ocular, anal, vaginal, auricular, fossas nasais, alvéolo dentário na erupção dos dentes • As larvas permanecem com a extremidade anterior (parte oral) mergulhada nos tecidos, enquanto a parte posterior (espiráculos respiratórios) fica em contato com o ambiente DERMATOBIA HOMINIS (MOSCA-BERNEIRA) • Causadora da dermatobiose ou berne • Larvas biontófagas • Vetor forético ou transportador: vetor de tamanho menor ou igual da mosca, diurno, com velocidade mediana ou maior que da mosca • Espiráculos respiratórios voltados para fora e parte oral voltada para dentro • Larvas L3 abandonam o animal através do orifício respiratório (saídas noturnas ou no início da manhã). Larvas ao solo se enterram e de 1-2 dias transformam-se em pupas. 21-35 dias de evolução da pupa. 120 dias: ciclo completo. • Miíase furunculosa: nódulos, infecções secundárias, abcessos profundos e dolorosos, irritação PEDICULOSE (PIOLHOS) Ordem Phthiraptera Espécie-específicos Altamente especializados nas áreas do corpo Permanentemente ectoparasitas Pediculus humanus corporis (corpo) Pediculus humanus capitis (cabeça) Pthirus pubis (região genital, “chato”) • Morfologia: 0,3 - 11mm / coloração: amarelo- castanho • Pernas e garras / ápteros (sem asas) / hematófagos • Transmissão: contato direto entre duas cabeças, uso compartilhado de bonés, escovas, pentes etc • Abandonam os hospedeiros por estímulos como temperatura, umidade e odor. • Doenças transmitidas pelo parasita: tifo exantemático, febre das trincheiras e febre recorrente TUNGÍASE • Pulga - família Tungidae - espécie Tunga penetrans • Conhecida como “bicho-de-pé”, “bicho do porco” e “pulga da areia” • Tamanho: 1mm (adulto) / Ctnídeos / Alimentação: sangue (fêmeas) • Ambos os sexos são hematófagos obrigatórios, entretanto somente fêmeas possuem capacidade parasitária • Transmissão: contato direto com solo contaminado • A fêmea grávida penetra na pele do porco ou homem, deixando apenas a extremidade Mosca capta vetor → deposita ovos sobre o seu abdome → seis dias depois larvas de desenvolvem → estímulo do calor humano faz a larva sair e alcançar a pele do hospedeiro → em dez minutos penetra na pele sã ou lesada posterior em contato com a atmosfera para respirar. • Após a penetração, ocorre uma hipertrofia da pulga fêmea, que alcança o tamanho de até 1cm e elimina os ovos no ambiente. • Pode ocorrer infecção secundária após saída do adulto por Clostridium tetani (tétano), Clostridium perfringens e outras espécies (gangrena gasosa) ou fungos (Paracoccidioides brasiliensis). ESCABIOSE (SARNA) • Sarcoptes scabiei var. hominis – homem • Sarcoptes scabiei var. suis – suínos • Sarcoptes scabiei var. bovis – bovinos • Sarcoptes scabiei var. ovis – ovinos • Transmissão: contato direto, por meio de fômites ou contato com animais contaminados • Após fecundação, o ácaro (fêmea) penetra na epiderme íntegra do hospedeiro e forma túneis, iniciando a postura dos ovos. • Dois ou três ovos são liberados por dia, durante 2 ou três meses. Três dias após, os ovos eclodem. • A maioria dos pacientes com escabiose possui intenso prurido local CARRAPATOS • Amblyomma cajennense (estágios imaturos conhecidos como “micuins” e fase adulta como “carrapato-estrela”) • Picadas causam eritema, edema e prurido intenso, podendo acarretar ferimentos • Principal vetor da febre maculosa brasileira, causada pela bactériaRickettsia rickettsii HELMINTOS TREMATÓDEOS (CLASSE TREMATODA) FAMÍLIA SCHISTOSOMATIDAE Schistosoma haematobium, schistosoma japonicum e schistosoma mansoni SCHISTOSOMA HAEMATOBIUM Encontrado em grande parte da África (principalmente Egito) • Sistema porta → vasos sanguíneos da bexiga • Ovos (com espinho terminal) eliminados pela urina SCHISTOSOMA JAPONICUM Encontrado na China, Japão, Ilhas Filipinas e Sudeste Asiático • Sistema porta → veias mesentéricas • Ovos (com rudimento de espinho lateral) eliminados pelas fezes SCHISTOSOMA MANSONI As espécies do gênero Schistosoma chegaram às Américas durante o tráfico de escravos e com os imigrantes orientais e asiáticos. Entretanto, apenas o S. mansoni se fixou, pelo encontro de bons hospedeiros intermediários e pelas condições ambientais semelhantes às da região de origem. • Sistema porta → veias mesentéricas • Ovos (com espinho lateral) eliminados pelas fezes • Agente da esquistossomose, “xistose”, “barriga-d’água” ou “mal do caramujo” • Apesar de serem platelmintos, não são achatados • Dióicos (apresentam dimorfismo sexual) • Alimentação: sangue MACHO (ADULTO) • Mede cerca de 1cm e possui cor esbranquiçada • Corpo dividido em porção anterior e posterior • Porção anterior: ventosa oral e ventosa ventral (acetábulo) • Porção posterior: se inicia logo após a ventosa ventral. É onde se encontra o canal ginecóforo; que são dobras laterais do corpo no sentido Helmintos Filo Platelminto (achatados) Filo Nematelminto (cilíndricos) Classe nematoda Classe trematoda (folha) Classe cestoda (fita) longitudinal para albergar a fêmea e fecundá- la • Não possui órgão copulador, a cópula é feita no momento em que a fêmea se abriga no canal ginecóforo, recebendo um “banho” de gametas FÊMEA (ADULTA) • Mede cerca de 1,5 cm e possui cor mais escura devido ao ceco com sangue semidigerido OVO • Oval, na parte mais larga apresenta um espículo voltado para trás • O que caracteriza o ovo maduro é a presença de um miracídio formado MIRACÍDIO • Apresenta células epidérmicas, onde se implantam os cílios, os quais permitem movimento em meio aquático • Um único miracídio pode gerar até cerca de 300 mil cercárias e cada miracídio já leva definido o sexo das cercárias que serão produzidas CERCÁRIA • Apresenta cauda bifurcada (se perde no processo de penetração) CICLO BIOLÓGICO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Cercária: dermatite cercariana (sensação de comichão, erupção urticariforme. Após 24 horas, eritema, edema, pequenas pápulas e dor) Esquistossômulos: sistema porta (linfadenopatia, febre, aumento volumétrico do baço e sintomas pulmonares) Vermes adultos: veia mesentérica inferior (vermes mortos podem provocar lesões) Veias mesentéricas → reprodução sexuada → ovos (eliminados com as fezes) → miracídio → caramujo Biomphalaria (hospedeiro intermediário) → esporocistos primários → esporocistos secundários → esporocistos terciários → cercárias → penetram pele e mucosas do homem (hospedeiro definitivo), frequentemente pés e perna → esquistossômulos → circulação sanguínea → sistema porta → formas adultas → veias mesentéricas ESQUISTOSSOMOSE AGUDA Fase pré-postural: pode ser sem sintomas ou apresentar mal-estar, febre, tosse, dores musculares, desconforto abdominal e até mesmo hepatite aguda (causada pelos produtos de destruição dos esquistossômulos) Fase aguda: disseminação de ovos, formação de granulomas, que podem apresentar sintomas como febre alta, diarreias, hepatoesplenomegalia discreta e alterações das funções hepáticas ESQUISTOSSOMOSE CRÔNICA Intestino: dores abdominais intermitentes, fases de diarréia mucossanguinolenta, e outras de constipação, intercaladas de longos períodos normais Fígado: alterações surgem a partir do início da oviposição → ovos em direção ao fígado e retidos no sistema porta → formação de numerosos granulomas → fibrose periportal → obstáculo para circulação hepática e hipertensão da veia porta → superfície do fígado se torna irregular. ○ Circulação colateral: podem surgir varizes no abdome e esôfago (risco de hemorragia) Ascite (barriga d’água): o aumento da pressão hidrostática no sistema porta, associado a uma queda da pressão osmótica no sangue portal, ocasiona o surgimento de ascite em vários graus. • Pode haver neuroesquistossomose DIAGNÓSTICO • Exame de fezes - métodos de sedimentação e método de Kato-Katz • Biópsia ou raspagem da mucosa retal • Ultrassonografia • Métodos imunológicos (antígenos do parasito) EPIDEMIOLOGIA As áreas consideradas endêmicas estão no nordeste brasileiro, sobretudo nos estados de Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia e Maranhão, e também no norte de Minas Gerais. Há, no entanto, focos de transmissão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. FATORES LIGADOS À EXPANSÃO DA ESQUISTOSSOMOSE • Falta de saneamento básico (fezes contaminadas podem contaminar a água) • Clima tropical (variedade de ambientes aquáticos) • Presença de caramujos do gênero Biomphalaria, que são hospedeiros intermediários do parasito Tratamento • Praziquantel, oxamniquina PROFILAXIA • Tratamento da população • Saneamento básico • Combate aos caramujos transmissores CESTÓDEOS (CLASSE CESTODA) TENÍASE • Os cestódeos mais frequentemente encontrados parasitando os humanos pertencem à família Taenidae, na qual são destacados Taenia solium e Taenia saginata. • Essas espécies popularmente conhecidas como solitárias, são responsáveis pelo complexo teníase-cisticercose, que pode ser definido como um conjunto de alterações patológicas causadas pelas formas adultas e larvares nos hospedeiros. • Além disso, existe a Taenia asiatica, presente nas vísceras de animais silvestres, cujo cisticerco é o Cysticercus viscerotropica MORFOLOGIA DO VERME ADULTO • A T. saginata e a T. solium apresentam corpo achatado em forma de fita, dividido em escólex (cabeça), colo (pescoço) e estróbilo (corpo), que é formado por diversas proglotes (órgãos reprodutores masculino e feminino) • Função das ventosas: são formadas por tecido muscular e facilitam a fixação à mucosa do intestino delgado (localização de ambas espécies na fase adulta). • As proglotes são subdivididas em jovens, maduras e grávidas. As que estão situadas mais próximas do escólex são as mais jovens TAENIA SOLIUM • Adultos medem 2 a 8 metros de comprimento • Escólex globoso e 4 ventosas arredondadas • O escólex possui um rostelo com duas fileiras concêntricas de ganchos • O colo é curto e delgado, o estróbilo possui 700 a 1.000 proglotes, as papilas genitais dispõem- se de forma alternada • O útero do segmento grávido possui 7 a 12 ramos laterais e cada proglote tem cerca de 30.000 a 40.000 ovos • Proglotes saem passivamente com as fezes • Hospedeiros intermediários: porco TAENIA SAGINATA • Adultos medem de 5 a 15 m de comprimento • Escólex quadrangular e 4 ventosas arredondadas • Não possuem ganchos e rostelo • O estróbilo possui de 1200 a 2000 proglotes • Útero da proglote grávida tem 15 a 30 ramos laterais e cada proglote grávida contém 80.000 a 250.000 ovos. • Proglotes saem ativamente no intervalo das defecações • Hospedeiros intermediários: boi OVOS DA TAENIA SAGINATA E SOLIUM Ambos esféricos e morfologicamente indistinguíveis CISTICERCOS T. solium (Cysticercus cellulosae): vesícula translúcida com líquido claro, contendo invaginado no seu interior um escólex com quatro ventosas, rostelo e colo. Encontrado nos tecidos subcutâneo, muscular (masseter, língua), cardíaco, cerebral e nos olhos. • Cysticercus racemosus: é consideradacomo a forma inviável do cisticerco da T. solium. Não possui escólex, multilobulada, vesículas intercomunicantes e com ramificações T. saginata (Cysticercus bovis): mesma morfologia, diferindo apenas pela ausência de rostelo. OBS: As tênias não se alimentam de sangue CICLO BIOLÓGICO • Sinais clínicos da teníase: podem surgir sintomas como dor abdominal, náuseas, fraqueza, perda de peso, aumento de apetite, cefaléia, constipação, diarreia e prurido anal. CISTICERCOSE HUMANA Ocorre quando o homem ingere os ovos ou proglotes grávidas da Taenia solium. Assim, ele irá funcionar como hospedeiro intermediário. No homem, esse embrião penetra no duodeno, cai na circulação e se aloja em músculos, cérebro, globo ocular, coração e tecido celular subcutâneo. Existem casos de auto-infecção infecção externa (ocorre em portadores quando eliminam proglotes e ovos de sua própria tênia levando-os à boca pelas mãos contaminadas) e a auto-infecção interna (quando proglotes grávidas atingem o estômago através de movimentos retroperistálticos ou vômitos intensos) ASPECTOS IMUNOLÓGICOS DA CISTICERCOSE • Fase de vesícula ou cisto (cisticerco sem alterações) • Fase coloidal (cápsula do tec. conjuntivo do hospedeiro envolvendo o cisto, líquido vesicular e escólex) • Fase nodular (escólex envolto por reação inflamatória e infiltração de cálcio) • Fase nodular calcificada (reduzido e calcificado) • Cisticercose muscular ou subcutânea: Em geral é uma forma assintomática. Quando inúmeros cisticercos se alojam podem provocar dor, fadiga e cãibras. No tecido subcutâneo, o cisticerco é palpável, em geral indolor. • Cisticercose cardíaca: palpitações, ruídos anormais e dispnéia. • Cisticercose oftálmica/ocular: o cisticerco alcança o bulbo ocular através dos vasos da coróide, instalando-se na retina. Consequências: reações inflamatórias exsudativas que promoverão opacificação do humor vítreo • Neurocisticercose: formas convulsivas, formas hipertensivas (no sistema ventricular) e formas psíquicas • Cisticercose raquidiana: sinais da compressão da medula como paresias DIAGNÓSTICO • Exame clínico • Identificação e extração • Tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética • Exame do líquor (aspecto e pressão) • Exame citológico TRATAMENTO • Niclosamida e praziquantel • Corticosteróides (Dexametazona) • Cirurgia (excisão de cisticercos) PROFILAXIA • Impedir o acesso do suíno e do bovino às fezes humanas; • Melhoramento do sistema de serviços de água, esgoto ou fossa; • Tratamento dos casos humanos; • Orientar a população a não comer carne crua ou malcozida; • Estimular a melhoria do sistema de criação de animais; • Inspeção rigorosa da carne e fiscalização dos matadouros HIDATIDOSE Agente etiológico: Echinococcus granulosus MORFOLOGIA • 4 a 6 mm de comprimento • Escólex globoso ou piriforme com quatro ventosas e rostelo • Colo curto • Estróbilo constituído de 3 a 4 proglotes • Cada segmento com um orifício genital • Útero com 400 a 800 ovos Ovos • São constituídos por uma membrana externa espessa, denominada embrióforo, contendo no seu interior a oncosfera ou embrião hexacanto, com seis ganchos Intestino delgado → reprodução sexuada → proglotes grávidas e ovos (eliminados com as fezes) → contaminação de alimentos e água → ingestão por boi ou porco (hospedeiro intermediário) → liberação de embrião hexacanto ou oncosfera no trato digestivo → penetram na mucosa → circulação sanguínea → alojamento nos tecidos → cisticerco → homem (hospedeiro definitivo) ingere carne crua ou malcozida de porco ou boi → adultos se desenvolvem no intestino delgado Cisto hidático ou hidátide • Em infecções recentes mede cerca de 1 mm, porém, meses depois, pode medir vários centímetros • O cisto encontra-se envolvido por uma camada espessa de tecido fibroso, resultante de uma reação do hospedeiro à presença da larva • Vesículas-filhas ou cistos secundários podem se formar por brotamento externo podendo atingir outras partes do organismo do hospedeiro HABITAT • Hospedeiro definitivo: o parasito adulto localiza-se junto à mucosa do intestino delgado de cães domésticos e canídeos silvestres • Hospedeiros intermediários: o cisto hidático é encontrado principalmente no fígado e nos pulmões de ovinos, bovinos, suínos, caprinos e cervídeos. o OBS: no Echinococcus vogeli o hospedeiro definitivo é cachorro- vinagre e o intermediário, a paca • Hospedeiro acidental: em humanos, as localizações preferenciais dos cistos são fígado, pulmões, além de outros órgãos, como cérebro, ossos, baço, músculos, rins, olhos etc CICLO BIOLÓGICO OBS: O parasito adulto vive aproximadamente 4 meses no cão. Desse modo, se não houver reinfecção, o cão ficará curado. PATOGENIA • Depende dos órgãos atingidos, locais, tamanho e número de cistos • Hepática: distúrbios hepatogástricos, sensação de plenitude pós-prandial e em casos mais graves, pode ocorrer congestão porta e estase biliar (parada do fluxo), com icterícia e ascite. • Pulmonar: cansaço ao esforço físico, dispneia e tosse com expectoração • Podem ser observadas reações alérgicas devido ao extravasamento de pequenas quantidades de líquido hidático para os tecidos. Cão ingere vísceras com cistos hidáticos → vermes adultos se desenvolvem no intestino delgado → reprodução sexuada → ovos (eliminados com as fezes) → contaminação de água, alimentos ou até mesmo as mãos → ingestão pelo ser humano (hospedeiro acidental) → embrião hexacanto liberado no trato digestivo penetra a mucosa intestinal → circulação → fígado e pulmões → formação de cisto hidático • No caso de ruptura do cisto, o líquido hidático ao cair na cavidade abdominal e/ou peritoneal, pode desencadear choque anafilático, muitas vezes fatal. EPIDEMIOLOGIA Endemicidade alta em áreas rurais do Chile, Argentina, Uruguai e extremo sul do Brasil PROFILAXIA • Não alimentar cães com vísceras cruas de animais como ovinos, bovinos e suínos • Tratar periodicamente os cães com anti- helmínticos • Lavar as mãos após o contato com cães • Impedir o acesso de cães em hortas e reservatórios de água • Lavar frutas e verduras com água tratada NEMATÓDEOS (CLASSE NEMATODA) ANCILOSTOMOSE (AMARELÃO) Família Ancylostomatidae • Ancylostoma duodenale • Necator americanus • Ancylostoma ceylanicum Alimentação: sangue (hematófagos) Localização: intestino delgado CARACTERÍSTICAS GERAIS • Cavidade bucal desenvolvida, com um a três pares de dentes, e duas lancetas triangulares. • Extremidade anterior curvada dorsalmente: forma de gancho • Bolsa copuladora, possui um testículo e com dois espículos filiformes iguais e um gubernáculo: cópula forma de T • Fêmea: cauda afilada / macho: cauda ramificada CICLO BIOLÓGICO Ciclo biológico sem necessidade de hospedeiros intermediários. Presença do ciclo de Loss Fezes liberadas no ambiente → ovos → L1 → L2 → L3 → penetração na pele (forma percutânea) → circulação → coração → pulmões (L4) → brônquios → traqueia → laringe → faringe → esôfago → estômago → intestino delgado (L5)→ formas adultas jovens → vermes adultos sexualmente → reprodução sexuada → ovos depositados na luz intestinal e liberados ao exterior junto com as fezes. A infecção pode ocorrer por via oral, por meio da ingestão de L3 em alimentos ou água contaminada. Ingestão (L3) → estômago → Intestino delgado (L4- L5) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Períodode invasão cutânea • Prurido • Erupções pápulo-eritematosas • Edemas • Dermatite alérgica Período migratório • Síndrome de Loeffler: febre, tosse, eosinofilia, bronquite, estertores, pneumonia o Síndrome de Loeffler é uma doença caracterizada pelo acúmulo de eosinófilos no pulmão, em resposta a uma infecção por parasita Período de parasitismo intestinal • Lesões da mucosa intestinal: dilaceração e maceração, ulceração, espoliação sanguínea: substâncias anticoagulantes e hemorragias. • Perda crônica de sangue = anemia por deficiência de ferro e hipoalbuminemia • Alguns indivíduos podem desenvolver a alotriofagia que consiste em um apetite compulsivo por substâncias não alimentares como solo, argila, tijolos ou areia PROFILAXIA Educação em saúde: defecar em locais apropriados, lavar mãos antes das refeições e do manuseio de alimentos, lavar alimentos crus, beber água filtrada ou fervida, uso de calçados. LARVA MIGRANS CUTÂNEA • Derrmatite serpiginosa, dermatite pruriginosa • Larvas infectantes de Ancylostoma braziliense e Ancylostoma caninum, parasitos do intestino delgado de cães e gatos. • Ovos eliminados com as fezes de cães e gatos → L1 → L2 → L3 → cães e gatos podem se infectar pela via cutânea, oral e transplacentária. As L3 sofrem duas mudas, chegam no intestino delgado e alcançam a maturidade • Infecção em humanos: As L3 penetram ativamente a pele e migram através do tecido subcutâneo (entre epiderme e derme) durante semanas ou meses e então morrem o À medida que progridem, deixam atrás de si um rastro sinuoso conhecido como “bicho geográfico” o Área eritematosa ou pápula com prurido. Túneis com trajetos irregulares e infecções bacterianas • Profilaxia: não levar cães para praias / tomar cuidado com caixas de areia ESTRONGILOIDÍASE Agente etiológico: Strongyloides stercoralis MORFOLOGIAS • Fêmea partenogenética • Fêmea de vida livre • Macho de vida livre • Ovos • Larvas rabditoides • Larvas filarioides Localização: as fêmeas partenogenéticas se localizam no intestino delgado, mergulhadas nas criptas da mucosa duodenal. Nas formas graves, são encontradas da porção pilórica do estômago até o intestino grosso. SOMENTE AS FÊMEAS SÃO PARASITAS CICLO BIOLÓGICO Apresenta complexa biologia, com dois ciclos de vida distintos: • Ciclo direto, ou partenogenético • Ciclo indireto, sexuado ou de vida livre Ambos os ciclos são monoxênicos, ou sejam, necessitam de apenas um hospedeiro para completar seu ciclo vital As fêmeas parasitos podem produzir três tipos de ovos, dando origem a três tipos de larvas rabditoides: 1. Larvas rabditoides que se diferenciam em larvas filarioides infectantes, completando o ciclo direto 2. Larvas rabditoides que originam as fêmeas de vida livre, completando ciclo indireto 3. Larvas rabditoides que evoluem para macho de vida livre, completando ciclo indireto CICLO DIRETO CICLO INDIRETO Ovos larvados ou larvas rabditoides L1 → evoluem para larvas filarioides infectantes (L2-L3 em 24 a 28 horas) Ovos larvados ou larvas rabditoides L1→ originam machos e fêmeas de vida livre que produzem as larvas filarioides infectantes (L3) CICLO COMUM FORMAS DE TRANSMISSÃO • Heteroinfecção: percutânea ou oral • Auto-infecção externa: larvas rabditoides presentes na região anal e perianal transformam-se em filarioides e penetram essas áreas • Auto-infecção interna: larvas rabditoides, ainda na luz intestinal de indivíduos infectados, transformam-se em larvas filarioides que penetram a mucosa intestinal MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Lesões cutâneas: pontos eritematosos, prurido, edema, pápulas hemorrágicas • Lesões pulmonares: hemorragias petequiais, síndrome de Loeffler, pneumonia, tosse, expectoração, febre, mal estar • Lesões intestinais: pontos hemorrágicos, ulceração, duodenojejunite catarral, peristaltismo aumentado, diarreia, náuseas e vômitos ASCARIDÍASE Agente etiológico: Ascaris lumbricoides (conhecida como lombriga) Localização: intestino delgado MORFOLOGIA • Geral: as formas adultas são longas, robustas, cilíndricas e apresentam as extremidades afiladas. Cápsula bucal trilabiada (3 lábios) • Machos: medem cerca de 20 a 30 cm de comprimento. • Fêmeas: medem cerca de 30 a 40 cm de comprimento • Ovos: ovais e com cápsula espessa, em razão da membrana externa mamilonada. Essa membrana facilita a aderência dos ovos a superfícies proporcionando sua disseminação. (C ic lo d e Lo ss ) L3 → penetração cutânea (principalmente) ou ingestão → sistema venoso → coração → pulmões (L4) → brônquios → traqueia → laringe → faringe → deglutição → intestino delgado (L5) → fêmea adulta→ ovos depositados na luz intestinal (partenogênese) → larvas rabditoides excretadas nas fezes CICLO BIOLÓGICO O ciclo é do tipo monoxênico, isto é, possuem um único hospedeiro. Presença do ciclo de Loss. Cada fêmea fecundada é capaz de colocar por dia cerca de 200.000 ovos não embrionados, que chegam ao ambiente juntamente com as fezes. TRANSMISSÃO • Ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo a larva L3. • Aves e insetos (moscas e baratas) são capazes de veicular mecanicamente ovos de A. lumbricoides. • Os ovos possuem grande capacidade de aderência a superfícies, o que representa um fator importante na transmissão da parasitose. O uso de substâncias que tenham capacidade de inviabilizar o desenvolvimento de ovos em ambientes e alimentos é de grande importância para o controle da transmissão. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Fase de invasão larvária • Lesões traumáticas em parênquima hepático (focos hemorrágicos e necrose) • Nos pulmões podem ocorrer pontos hemorrágicos na passagem das larvas para os alvéolos • Síndrome de Loeffler Infecção intestinal (acima de 30 parasitos) • Ação espoliadora: os vermes consomem grande quantidade de nutrientes, levando à subnutrição • Ação tóxica: processos alérgicos, edema, convulsões • Ação mecânica: obstrução • Localização ectópica: no caso de pacientes com altas cargas parasitárias, o helminto desloca-se de seu habitat normal. Ex: apêndice cecal causando apendicite aguda; eliminação do verme pela boca e pelas narinas; ducto pancreático, causando pancreatite aguda LARVA MIGRANS VISCERAL Síndrome determinada por migrações prolongadas de larvas que estão condenadas a morrer depois de longa permanência nas vísceras, sem poder chegar ao estágio adulto. Quando as larvas desses parasitos migram para o globo ocular, ocorre a síndrome denominada larva migrans ocular. Principais espécies: Toxocara canis e Toxocara cati Ovos tornam-se embrionados em 15 dias → L1 → L2 → L3 → ingestão de ovos contendo L3 → estômago → intestino delgado (larvas eclodem) → atravessam a mucosa intestinal → circulação → fígado → coração → pulmões → L4 → traqueia → faringe → deglutição → estômago → intestino delgado (L5) → se fixam, transformam-se em adultos → reprodução sexuada → ovos → eliminados com as fezes Os humanos geralmente se infectam ingerindo água ou alimentos contaminados com ovos contendo L3 No intestino delgado, ocorre a eclosão e as L3 penetram a parede intestinal, alcançam a circulação e distribuem- se por todo o organismo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Formação de granulomas • Infiltrados pulmonares acompanhados de tosse e dispneia • Meningoencefalites e poliomielites • Endoftalmia crônica, geralmente envolvendo coróide, retina e vítreo TRICURÍASE Agente etiológico: Trichuris trichiura Localização: intestino grosso MORFOLOGIA • Adultos medem de 3 a 5cm de comprimento, sendo os machos menores queas fêmeas. • A boca é uma abertura simples e sem lábios onde pode ser observado um pequeno estilete • No macho, a extremidade posterior apresenta um espículo protegido por uma bainha • Porção delgada: esôfago • Porção alargada: sistema reprodutor simples e intestino • Os ovos apresentam formato elíptico característico e opérculos nas extremidades. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Alterações de motilidade intestinal (aumento) • Diminuição na absorção de líquidos • Hipersensibilidade aos produtos metabólicos do helminto • Diarreia, dor abdominal, tenesmo e perda de peso CICLO BIOLÓGICO (MONOXÊNICO) Transmissão • Os ovos são eliminadas com as fezes do hospedeiro e podem contaminar os alimentos e água, após período de amadurecimento no solo. Os ovos também podem ser transportados por moscas. OXIURÍASE/ENTEROBÍASE Agente etiológico: Enterobius vermicularis Localização: intestino grosso MORFOLOGIA Fêmea mede cerca de 1cm de comprimento e macho entre 0,3 e 0,5 cm de comprimento TRANSMISSÃO • Heteroinfecção: quando ovos presentes em alimentos ou outros fômites alcançam o hospedeiro • Indireta: quando ovos presentes em alimentos ou outros fômites alcançam o mesmo hospedeiro que os eliminou • Auto-infecção externa ou direta: o próprio indivíduo parasitado, após coçar a região perianal, leva os ovos infectantes até a boca • Autoinfecção interna: as larvas eclodem ainda dentro do reto e depois migram até o ceco, transformando-se em vermes adultos (processo excepcional) • Retroinfecção: as larvas eclodidas na região perianal do hospedeiro readentram o sistema digestivo até chegar ao ceco, onde se transformam em vermes adultos PATOGENIA • A patogenicidade é usualmente baixa • O deslocamento das fêmeas grávidas pode gerar prurido local, sobretudo noturno, podendo associar-se à insônia e alterações neurocomportamentais secundárias, especialmente irritabilidade EXAMES COMPLEMENTARES Método da fita adesiva ou de Graham: corta-se um pedaço de fita adesiva transparente; com a parte adesiva para fora, a fita é colada sobre um tubo de ensaio; apõe-se várias vezes a fita na região perianal; cola-se o fragmento da fita sobre uma lâmina de vidro; examina-se ao microscópio PROFILAXIA • Manejo adequado de vestes e roupas íntimas e de cama usadas pelo indivíduo infectado • Corte rente das unhas e lavagem frequente das mãos, sobretudo após o uso do banheiro e antes das refeições • Desestímulo ao ato de coçar a região perianal • Tratamento de todas as pessoas parasitadas da família ou outra coletividade CICLO BIOLÓGICO (MONOXÊNICO) Depois da cópula, os machos são eliminados com as fezes do hospedeiro e morrem → fêmeas desprendem-se do ceco, passam por todo o intestino grosso, pelo esfíncter anal e alcançam o ambiente externo → ovos → ambiente → ingestão de ovos por outro hospedeiro → larvas eclodem no intestino delgado → passam pelo jejuno e íleo e alcançam o ceco → vermes adultos FILARIOSE LINFÁTICA Agente etiológico: Wuchereria bancrofti Localização: vasos linfáticos (adulto) → pernas, escrotos, braços e mamas / vasos sanguíneos periféricos (microfilárias) Inseto transmissor: Culex quinquefasciatus (fêmea) MORFOLOGIA • Verme adulto macho: 3,5 a 4 cm de comprimento • Verme adulto fêmea: 7 a 10 cm de comprimento • Microfilária (também chamada de embrião): possui uma delicada membrana de revestimento que funciona como uma “bainha flexível” • Larvas: são encontradas no inseto vetor PERIODICIDADE Uma característica desse parasito é a periodicidade noturna de suas microfilárias no sangue periférico dos hospedeiro humano Durante o dia, localizam-se nos capilares profundos, principalmente nos pulmões, e durante a noite, aparecem no sangue periférico, com pico da microfilaremia em torno da meia-noite, decrescendo novamente até o final da madrugada. CICLO BIOLÓGICO (HETEROXÊNO) TRANSMISSÃO Unicamente pela picada do inseto vetor infectado (fêmea do Culex quinquefasciatus) e deposição das larvas infectantes na pele lesada do hospedeiro Aparentemente, o estímulo que provoca a saída das larvas da probóscida do mosquito é o calor emanado do corpo humano MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Doença subclínica ou assintomática • Microfilárias no sangue e sem sintomatologia aparente • Podem apresentar danos em vasos linfáticos ou no sistema renal Fêmea do Culex quinquefasciatus ingere microfilárias ao sugar o sangue de pessoas parasitadas → estômago do mosquito → microfilária perde bainha e atravessa a parede do estômago → músculos torácicos (L2) → hemolinfa (L3) → probóscida (aparelho bucal) → durante hematofagia as larvas L3 escapam do lábio e penetram pela solução de continuidade na pele do hospedeiro (não são inoculadas pelo mosquito) → L3 migra para os vasos linfáticos → vermes adultos → fêmeas grávidas fecundadas produzem microfilárias que migram para o sangue Formas agudas • Ação mecânica (adultos em vasos linfáticos): dilatação dos vasos linfáticos, derramamento linfático – edema linfático (pernas, ascite linfática, linfocele) • Ação irritativa (adultos com produtos inflamatórios): linfangite (inflamação dos vasos), linfadenite (inflamação dos gânglios), fenômenos alérgicos (eosinofilia pulmonar tropical) Formas crônicas (acima de 10 anos de parasitismo) • Elefantíase (associada à inflamação e fibrose crônica do órgão atingido), esclerose da derme e hipertrofia da epiderme PROFILAXIA • Tratamento de todas as pessoas parasitadas • Combate ao inseto (inseticidas e larvicidas, uso de repelentes, telar janelas e portas das residências etc) • Educação em saúde e saneamento: fatores importantes para redução de criadouros e do número de mosquitos, como também de várias parasitoses nas áreas urbanas PROTOZOÁRIOS TOXOPLASMOSE Agente etiológico: Toxoplasma gondii Protozoário intracelular obrigatório (não é encontrado em hemácias) capaz de infectar diferentes espécies de animais homeotérmicos, inclusive o homem • Oocistos: são produzidos nas células intestinais de felídeos e eliminados imaturos junto com as fezes. São esféricos e após esporulação no meio ambiente contêm dois esporocistos, com quatro esporozoítos cada. • Taquizoíta: forma encontrada durante a fase aguda da infecção, sendo também denominada forma proliferativa. Apresenta-se com a forma de banana ou meia- lua, com uma das extremidades mais afilada e a outra arredondada. Forma móvel, de multiplicação rápida • Bradizoíta: é a forma encontrada em células permanentes em vários tecidos (nervoso, retina, musculares, esqueléticas e cardíacas), geralmente durante a fase crônica da infecção. Se multiplicam lentamente. CICLO BIOLÓGICO FASE ASSEXUADA OBS: o ciclo não é interrompido se os taquizoítas penetrarem a mucosa oral É possível a passagem de taquizoítas por via transplacentária. É necessário que a gestante esteja na fase aguda da doença, ou mais raramente, tenha havido uma reativação da infecção durante a gravidez associada à imunodepressão FASE SEXUADA (FASE COCCIDIANA) Ocorre somente nas células epiteliais do intestino delgado de gatos e outros felídeos não imunes. • O gato pode se infectar ingerindo oocistos na água ou em seu alimento, cistos com bradizoítos presentes em carnes ou por meio de taquizoítas presente no leite • Durante o desenvolvimento desse ciclo ocorre uma fase assexuada (merogonia) e outra sexuada (gametogonia) do parasito. Por esse motivo, esses animais são considerados hospedeirosdefinitivos • Os bradizoítos ou taquizoítos ao penetrarem nas células do epitélio intestinal do gato sofrerão um processo de multiplicação, dando Gato (hospedeiro definitivo) → intestino delgado → reprodução sexuada → oocistos não esporulados (fezes) → meio ambiente (2-3 dias) → oocistos esporulados contendo 2 esporocistos e 4 esporozoítos em cada esporocisto → contaminação de alimentos e água → ingestão pelo homem (hospedeiro intermediário) de oocistos → trato digestivo → diferenciação em taquizoítas → multiplicação intracelular → circulação → resposta imunológica do hospedeiro intermediário → diferenciação em bradizoítas e formação de cistos Ingestão pelo homem de cistos encontrados na carne crua → liberação de bradizoítas Ingestão pelo homem de taquizoítas → destruição no estômago pelo suco gástrico → interrupção do ciclo Ou seja, as formas de transmissão são fecal-oral, carnivorismo e congênita. origem a vários merozoítos (conjunto de merozoítos = esquizonte) • O rompimento da célula parasitada libera os merozoítos que penetrarão em novas células epiteliais e se transformarão nas formas sexuadas masculinas ou femininas: os gamontes, que após um processo de maturação formarão os gametas masculinos móveis (microgametas com dois flagelos) e femininos imóveis (macrogametas) • O macrogameta permanecerá dentro de uma célula epitelial, enquanto os microgametas móveis sairão de sua célula e irão fecundar o macrogameta, formando o zigoto. Este evoluirá dentro do epitélio, dando origem ao oocisto imaturo. Esta forma alcançará o meio exterior com as fezes PATOGENIA • Está ligada a alguns fatores importantes, como cepa do parasito, resistência da pessoa e o modo pelo qual ela se infecta • A grande maioria das infecções causadas por T. gondii são assintomáticas • Em pessoas imunocompetentes, as formas clínicas mais comuns são constituídas pela toxoplasmose adquirida aguda benigna (forma ganglionar, causando o aumento dos gânglios linfáticos e febre) e pela toxoplasmose ocular (retinocoroidite) • A toxoplasmose congênita tem características peculiares em virtude da imaturidade do sistema imunológico do feto e do recém- nascido. • Em imunodeprimidos, particularmente em indivíduos com AIDS, a reativação da infecção latente pode causar doença grave, cuja forma clínica mais comum é a encefalite • A toxoplasmose congênita é uma das formas mais graves da doença, podendo provocar sintomas variados, como retinocoroidite, calcificações cerebrais, hidrocefalia e microcefalia, perdas auditivas e retardamento psicomotor • As alterações ou lesões fetais mais comuns causadas por toxoplasmose na gravidez variam conforme o período da gestação: o Primeiro trimestre de gestação – 17%: aborto espontâneo o Segundo trimestre de gestação – 25%: aborto ou doença grave o Terceiro trimestre de gestação - 65%: doença subclínica DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • IgG - e IgM - : suscetível • IgG + e IgM -: imune • IgG +/- e IgM +: infecção antiga ou recente CONTROLE Eliminação do T. gondii em carnes Vacina para animais de interesse econômico RECOMENDAÇÕES GERAIS • Não comer carne crua ou mal cozida (> 67 ºC / -12 ºC) • Beber apenas água filtrada e/ou fervida • Lavar as mãos e a superfície de preparação, após manusear carnes cruas • Lavar bem as frutas e vegetais • Usar luvas quando praticar jardinagem • Proteger as caixas de areia em áreas de recreação infantil • Limpar diariamente as caixas sanitárias dos gatos; mulheres grávidas e indivíduos imunocomprometidos não devem realizar esta tarefa • Controlar vetores mecânicos e roedores • Não alimentar gatos com carne crua ou mal cozida e, na medida do possível, impedi-los de caçar • Realizar exames sorológicos em mulheres gestantes • Tratamento de grávidas em fase aguda DOENÇA DE CHAGAS Agente etiológico: Trypanosoma cruzi No vertebrado, encontra-se sob a forma tripomastigota (circulação) e sob a forma amastigota (interior de células do tecido muscular, sistema retículo-endotelial, sistema linfático, entre outros). No vetor, além dessas duas formas, também pode apresentar-se como epimastigota. VETORES (BARBEIRO) • Gênero Panstrongylus - tubérculos anteníferos bem juntos aos olhos • Gênero Triatoma - tubérculos anteníferos centralizados • Gênero Rhodnius - tubérculos anteníferos na extremidade CICLO BIOLÓGICO Não há reprodução sexuada. Barbeiro → ingere tripomastigota presentes na corrente sanguínea durante hematofagismo → intestino → epimastigota → reprodução por divisão binária → no reto, os epimastigotas se diferenciam em tripomastigotas metacíclicos → fezes com tripomastigota metacíclico → contaminação pelo orifício da picada do inseto ou pela escarificação causada pelo próprio indivíduo ao coçar-se → invasão do sistema mononuclear fagocítico da pele ou mucosas → a forma tripomastigota se converte a amastigota e se multiplica por divisão binária dentro da célula → rompimento da célula parasitada causa a liberação de tripomastigotas sanguíneas → a forma tripomastigota no sangue circulante pode penetrar em outra célula ou ser ingerida pelo barbeiro A interação entre o parasito e a célula hospedeira ocorre em três fases sucessivas: • Adesão celular: ambos se reconhecem e o contato membrana-membrana ocorre • Interiorização: o parasito penetra por invaginação da membrana plasmática com posterior fusão de lisossomos que passam a fazer parte da membrana do vacúolo parasitário • Fenômenos intracelulares: as formas epimastigotas são destruídas dentro do vacúolo parasitário e os tripomastigotas sobrevivem resistindo as ações das enzimas lisossômicas e desenvolvendo-se livremente no citoplasma da célula, onde se transformam em amastigotas Outras formas de transmissão: transfusão de sangue, doação de órgãos, via digestiva (cana de açúcar e açaí contaminados), aleitamento materno. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Forma aguda • Quando o T. cruzi penetra na conjuntiva ocorre o sinal de Romanã e quando é através da pele, ocorre o chagoma de inoculação. Estas lesões aparecem em 50% dos casos agudos. Outras manifestações são febre, edema, poliadenia, hepatomegalia e esplenomegalia. Forma crônica assintomática (indeterminada) • Positividade de exames sorológicos, ausência de sinais e sintomas da doença, eletrocardiograma normal e coração, esôfago e cólon radiologicamente normais. Forma crônica sintomática • Formas cardíaca: insuficiência cardíaca congestiva (ICC), fenômenos tromboembólicos • Forma digestiva: megacólon, megaesôfago PROFILAXIA • Melhoria das habitações rurais • Combate ao barbeiro • Controle do doador de sangue • Vacinação (ainda em fase de estudos) LEISHMANIOSE Gênero Leishmania • Forma amastigota: encontrada no interior de células de defesa dos hospedeiros vertebrados. Oval, esférica ou fusiforme. Núcleo grande e arredondado, ocupando às vezes um terço do corpo do parasito. • Forma paramastigota: pequenas e arredondadas ou ovais. São caracterizadas por se encontrarem aderidas ao trato digestivo do vetor. • Forma promastigota: encontradas livres ou aderidas ao trato digestivo dos hospedeiros invertebrados. São alongadas, com um flagelo livre emergindo do corpo do parasito na sua porção anterior. Núcleo arredondado ou oval, situado na região mediana. HOSPEDEIROS INVERTEBRADOS Flebótomos do gênero Lutzomyia (mosquito-palha) Subgênero Viannia Leishmaniose tegumentar americana Espécies complexo Leishmania braziliensis Leishmania (Viannia) braziliensis– Úlcera de bauru Leishmania (Viannia) guyanensis Leishmania (Viannia) panamensis Leishmania (Viannia) peruviana • Produzem lesões simples ou múltiplas da pele e metástases nas mucosas nasais e orofaringianas, mas não invadem as vísceras. Subgênero Leishmania Espécies complexo Leishmania mexicana Leishmania (Leishmania) mexicana Leishmania (Leishmania) pifanoi Leishmania (Leishmania) amazonensis Leishmania (Leishmania) venezuelensis Leishmania (Leishmania) garnhami • Os parasitos desse grupo produzem lesões benignas da pele e não dão metástases nas mucosas Leishmaniose visceral americana Espécies complexo Leishmania donovani Leishmania (Leishmania) donovani - adultos Leishmania (Leishmania) infantum chagasi - calazar infantil LEISHMANIOSE CUTÂNEA • Caracterizada pela formação de úlceras únicas ou múltiplas confinadas na derme, com a epiderme ulcerada. • Nas lesões não-ulceradas, há hipertrofia do epitélio e um crescimento tecidual que pode ser de tipo verrucoso ou papilomatoso. LEISHMANIOSE CUTÂNEA DIFUSA • Caracteriza-se pela formação de lesões difusas não ulceradas por toda a pele, contendo grande número de amastigotas. LEISHMANIOSE CUTÂNEOMUCOSA • Ocorrem em 15 a 20% dos casos de leishmaniose por Leishmania braziliensis • Conhecida como espundia e nariz de tapir ou de anta • As regiões mais comumente afetadas pela disseminação metastática são o nariz, a faringe, a boca e a laringe LEISHMANIOSE VISCERAL OU CALAZAR • Sob a forma de amastigotas, os parasitos crescem sobretudo nas células de Kupffer do fígado e nas do sistema fagocítico mononuclear do baço, da medula óssea e dos linfonodos. • Hipertrofia e hiperplasia do sistema fagocitário TRANSMISSÃO Ocorre pela picada de insetos hematófagos pertencentes ao gênero Lutzomyia, conhecidos como mosquito-palha. Ao exercer o hematofagismo, a fêmea do flebotomíneo corta com as suas mandíbulas o tecido subcutâneo logo abaixo da epiderme, formando sob esta um afluxo de sangue, onde são depositadas as promastigotas metacíclicas provenientes da região anterior do trato digestório do inseto. CICLO BIOLÓGICO DIAGNÓSTICO Leishmaniose cutânea • Esfregaço de raspado de borda • Imprint de biópsia • Histopatologia • Isolamento em cultura • Método sorológico: reação de imunofluorescência indireta (RIFI) Leishmaniose visceral • Punção de vísceras (baço, medula óssea e linfonodos) • Pesquisa de leishmanias no sangue • Pesquisa de leishmanias na pele • Isolamento em meio de cultura NNN • Métodos sorológicos: ELISA, RIFI, teste de aglutinação direta, reação intradérmica de Montenegro TRATAMENTO Primeira linha de medicamentos: • Antimoniais pentavalentes – antimoniato de meglumine ou glucantime, IM, 70% de cura Segunda linha de medicamentos: • Anfotericina B – administração lenta IV • Isotiocianato de pentamidina – menos eficaz e mais tóxica, IM • Azitromicina – oral, sem efeitos colaterais e 85% de cura Quase todos os pacientes apresentam reações colaterais com tais medicamentos, como cefaléia, artralgias, mialgias e, em alguns casos, depressão da medula óssea; exceto no tratamento com a azitromicina. GIARDÍASE O gênero Giardia inclui protozoários flagelados parasitos do intestino delgado de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. MORFOLOGIA Trofozoíto: formato de pera, simetria bilateral e quatro pares de flagelos. Apresenta estrutura semelhante a uma ventosa, conhecida como disco ventral ou suctorial. Abaixo do disco, é observada a presença de uma ou duas formações paralelas, em forma de vírgula, conhecidas como corpos medianos. Cisto: a parede cística torna os cistos resistentes a certas variações de temperatura e umidade e também à ação de produtos químicos empregados como desinfetantes. Internamente, podem ser visualizados dois ou quatro núcleos. TRANSMISSÃO • Via fecal-oral. Ingestão de cistos presentes na água e nos alimentos • Transmissão direta: de pessoa a pessoa por meio de mãos contaminadas, contato oral-anal CICLO BIOLÓGICO (MONOXÊNICO) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Diarreia aguda e autolimitante ou diarreia persistente • Má-absorção intestinal de gorduras e nutrientes → esteatorreia, perda de peso • Deficiências nutricionais de vitaminas lipossolúveis, ferro e lactose raramente produzem danos sérios nos adultos, contudo, na infância, podem ter efeitos graves e comprometer o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças Ingestão de cistos → processo de desencistamento no meio ácido do estômago → processo completa- se no duodeno e no jejuno → trofozoítos multiplicam-se por divisão binária e se colonizam → permanecem aderidos à mucosa intestinal por meio do disco adesivo → encistamento do parasito e eliminação para o meio exterior juntamente com as fezes do hospedeiro DIFERENÇAS ENTRE ANOPHELES, CULEX E AEDES Oviposição • Anopheles: isolados sobre a água • Culex: unidos, formando uma “jangada”/”balsa” sobre a água • Aedes: isolados e fora d’água, na parede do recipiente Larvas • Anopheles: paralelas à superfície da água (para respirar) • Culex e Aedes: larvas apresentam sifão respiratório e se mantêm oblíquas à superfície da água Posição de pouso • Anopheles: oblíquo à superfície • Culex e Aedes: corpo paralelo à superfície e a cabeça em ângulo reto