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Monografia Harpagophytum procumbens (garra do diabo)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE FARMÁCIA
DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA
GUILHERME SECANHO DO PRADO
LUIZA SANTOS MACHADO
VANESSA GOMES RAMOS
REVISÃO DA LITERATURA DA ESPÉCIE Harpagophytum procumbens DC.
(“GARRA-DO-DIABO”)
PORTO ALEGRE
2021
1
GUILHERME SECANHO DO PRADO
LUIZA SANTOS MACHADO
VANESSA GOMES RAMOS
REVISÃO DA LITERATURA DA ESPÉCIE Harpagophytum procumbens DC.
(“GARRA-DO-DIABO”)
Monografia desenvolvida para a disciplina
Farmacognosia (FAR 01013) da Faculdade de
Farmácia da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul como pré-requisito para a
aprovação na disciplina.
Orientadores: Prof. Dr. José Ângelo Zuanazzi, Profª. Dra. Amélia Teresinha Henriques, Prof.
Dr. Eduardo L. Konrath, Profª. Dra. Gilsane Von Poser e Profª. Dra. Miriam A. Apel.
PORTO ALEGRE
2021
2
RESUMO
Desde o início da civilização há registros da utilização de raízes, caules, flores e folhas para
os mais variados fins. Dentre as possibilidades de aplicações das plantas está o emprego de
plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos como alternativa para o tratamento de
diversas doenças. Harpagophytum procumbens DC. ex Meisn, popularmente conhecida como
garra-do-diabo, é uma herbácea nativa da África que tem como principal substância o
harpagosídeo, um iridoide glicosilado pertencente à classe dos monoterpenos, eficaz para o
tratamento de condições como artrite reumatoide, osteoartrite e artrite gotosa. Este trabalho
tem como objetivo explorar uma coletânea de informações relevantes sobre a planta H.
procumbens DC. a partir da literatura nacional e internacional, abordando propriedades
inerentes à espécie vegetal e suas aplicações como fitoterápico.
Palavras-chave: Harpagophytum procumbens; Garra-do-diabo; Fitoterápico.
3
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 5
OBJETIVOS 5
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5
3.1. Identificação 6
3.1.1 Nomenclatura científica 6
3.1.3 Família 7
3.1.4 Informações gerais botânicas 7
3.1.5 Nomenclatura popular 8
3.1.6 Distribuição geográfica 8
3.2. Informações farmacológicas 9
3.2.1 Medicina popular 9
3.2.2 Composição química 9
3.2.3 Atividades farmacológicas 11
3.3. Informações de produção e controle de qualidade 11
3.3.1 Métodos de extração e análise 11
3.3.2 Conteúdo farmacopeico 12
3.3.2.1 Farmacopeia Brasileira 12
3.3.2.2 Farmacopeia OMS 12
3.4.1 Legislação brasileira 12
3.4.2 Fitoterápicos registrados na ANVISA 13
3.4.3 Patenteação da espécie 13
CONSIDERAÇÕES FINAIS 14
4
1. INTRODUÇÃO
Harpagophytum procumbens DC. ex Meisn., popularmente conhecida como
garra-do-diabo, é uma planta tradicionalmente utilizada como fitoterápico para o tratamento
de uma gama de condições, tais como doenças reumáticas, distúrbios gastrointestinais e dores
no geral que requerem ação anti-inflamatória e analgésica (Mills & Bone, 2000; Foster &
Tyler, 1999).
O uso medicinal da H. procumbens DC., uma planta herbácea perene originária da
parte sul do continente africano, era proeminente entre povos indígenas da região, como os
povos San e Khoi. Seu uso era realizado a partir das raízes secas, pois, embora o nome da
planta tenha sido derivado da aparência de seus frutos, as substâncias com propriedades
medicinais se encontram nas raízes. Ainda que haja poucos registros históricos etnobotânicos
da H. procumbens, sabe-se que era utilizada por esses povos no tratamento de febre, diabetes,
diarreia e doenças circulatórias como hipertensão (Miraldi, Biagi & Giachetti, 2008; Grant et
al.., 2009).
A descrição científica da planta só foi feita em meados de 1820 por cientistas
europeus, porém seu uso medicinal só se popularizou na Europa e, posteriormente em outros
locais, no início do século XX (Nontobeko et al., 2012). Atualmente, estudos recentes
mostram que a H. procumbens DC. pode ser utilizada no tratamento de diversas patologias e
condições clínicas, especialmente doenças articulares degenerativas, alívio de cólicas
menstruais e dor pós-parto, febre e úlceras (Ministério da Saúde, 2015).
2. OBJETIVOS
Esta monografia tem como objetivo principal explorar as informações conhecidas
sobre Harpagophytum procumbens. São contemplados dados como características físicas,
utilização na medicina popular, propriedades e estudos farmacológicos e conteúdo
farmacopeico, com o intuito de reunir dados amplos da literatura sobre a espécie vegetal de
interesse.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Identificação
3.1.1 Nomenclatura científica
O nome científico da garra-do-diabo é Harpagophytum procumbens DC. ex Meisn. O
gênero Harpagophytum provém do grego "harpago", que se traduz como "gancho de luta",
enquanto a espécie procumbens deriva do latim “procumbere” e tem como significado
5
“descanso”, insinuando o comportamento da planta de crescer em direção ao chão (Mills &
Bone, 2000; Kuete, V., 2013).
3.1.2 Sinonímias
O gênero Harpagophytum foi descrito pela primeira vez como Uncaria Burch. por
Burchell, porém Uncaria já havia sido utilizado em um gênero da família Rubiaceae que
também apresenta aspecto de ganchos ou garras. Meisner, diante do equívoco, nomeou a
espécie como Harpagophytum procumbens DC. (IPNI, 2021; GBIF, 2021). Apesar desse
acontecimento, não há registros de sinonímias científicas para a espécie. Harpagophytum
procumbens subsp. procumbens DC. ex Meisn e Harpagophytum procumbens subsp.
transvaalensis Ihlenf. & H. Hartmann são tidas como duas subespécies.
3.1.3 Família
Família Pedaliaceae.
3.1.4 Informações gerais botânicas
A espécie vegetal H. procumbens é uma planta perene que constrói uma esteira
prostrada sobre o chão de até um metro e meio (figura 1, a). Suas flores pentâmeras
rosa-avermelhadas, com crescimento solo, crescem a partir da região axilar das finas folhas,
atingindo cerca de 7 centímetros de comprimento (figura 1, b). Os frutos da garra-do-diabo,
responsáveis por essa nomenclatura popular, são caracteristicamente grandes e em forma de
garra (figura 1, c). Com estrutura achatada, as bordas do fruto apresentam duas fileiras de
braços de até 8 centímetros com aparência lenhosa e espinhos recurvados (The Plant List,
2010; NAPRALERT, 2020).
Apesar da aparência diretamente visível dar o nome à espécie, a parte vegetal de
interesse são as raízes secundárias (figura 1, d). Amarronzadas e irregularmente grossas, as
raízes secundárias têm de 6 até 20 centímetros de comprimento, com diâmetro de 6
centímetros e até 500 gramas. São encontradas em uma profundidade de até 2 metros no solo
e com espalhamento de até um metro e meio para os lados.
6
Figura 1. (a) Estrutura geral da Harpagophytum procumbens, (b) suas flores, (c)
frutos e (d) raízes secundárias - parte utilizada para fins medicinais. Fonte: adaptado de The
Plant List, 2010.
3.1.5 Nomenclatura popular
A Harpagophytum procumbens é popularmente conhecida no Brasil como
garra-do-diabo ou harpagofito. Em países de língua inglesa é chamada de “devil's claw”,
“wood spider” e “grapple plant”, fazendo alusão à sua aparência de garras lenhosas. A
população de língua espanhola, além de fazer referência ao aspecto físico com “garra del
diablo”, também se refere como “raíz de Windhoek” considerando a parte vegetal utilizada
para fins medicinais. A raíz da espécie é comumente comercializada sob o nome farmacêutico
de Radix Harpagophyti.
3.1.6 Distribuição geográfica
Harpagophytum procumbens é originária de regiões desérticas do sul e sudeste do
continente africano, especificamente do deserto de Kalahari. É naturalmente encontrada em
países como Namíbia, África do Sul, Botswana, Zimbabwe, Zâmbia, Angola e Moçambique
(figura 2). Tal distribuição favorece a colheita comercial da garra-do-diabo, onde a maior
parte do suprimento mundial vem da Namíbia, com quantidades menores da África do Sul e
de Botswana (Stewart & Cole, 2005). Para um crescimento efetivo, tal planta requer áreas de
baixa precipitação anual, abertas e desgastadas, de modo que não compete bem com
gramíneas e tem uma distribuição agregada (Stewart & Cole, 2005).
7
Figura 2.Mapa da distribuição geográfica natural da H. procumbens.
3.2. Informações farmacológicas
3.2.1 Medicina popular
O uso tradicional da garra-do-diabo é normalmente feito através de chá ou infusões
para a extração dos metabólitos ativos ou então pela extração com etanol, ambos utilizando as
raízes da planta (Miraldi, Biagi & Giachetti, 2008). A utilização medicinal tem várias
finalidades terapêuticas, sendo frequentemente empregada no tratamento contínuo para fins
anti-inflamatórios e analgésicos em doenças articulares, como artrite reumatoide, osteoporose
e tendinite. O uso contínuo pode também ser feito para prisão de ventre, já que a planta
apresenta um leve efeito laxante (Nontobeko et al., 2012).
Outros usos populares incluem inflamação renal, doença cardíaca, dispepsia,
modulação de apetite. alívio sintomático gastrintestinal e dores musculoesqueléticas quando
administrado de forma oral, e feridas e úlceras, em preparações tópicas da planta (Frum &
Vilojoen, 2006; Park, 2016).
Há também relatos do uso para o tratamento de cólicas menstruais e dor pós-parto em
doses baixas, já em doses mais altas, é utilizado para o auxílio da expulsão de placenta retida
(Van Wyk, Van Oudtshoorn & Gericke, 2002; Nontobeko et al., 2012).
3.2.2 Composição química
Os metabólitos secundários mais abundantes na garra-do-diabo são os iridoides, que,
segundo da Rocha et al. (2020), “são metabólitos secundários derivados da via do mevalonato
8
(monoterpênicos), caracterizados por um grupo amplo de princípios amargos, estes compostos
são constituídos por um núcleo (ciclopentano) ligado à alfa-pirona que possui átomos de
oxigênio”. Dentre eles estão o harpagídeo, 8-cumaril harpagídeo e harpagosídeo, sendo essa a
substância com maior potencial farmacológico (figura 4). Também são encontrados
componentes como ácidos terpênicos, quinonas, fitoesterois, flavonoides e ácidos fenólicos
(da Rocha et al., 2020; Schaffer, 2013).
Amaral et al. (2013) relata que “os iridoides possuem uma grande variedade estrutural,
decorrente dos processos de glicosilação, epoxidação, hidroxilação e esterificação com
introdução de grupos metila ou derivados do ácido chiquímico”. O harpagosídeo, além da
porção iridoide, apresenta ácido cinâmico e glicose em sua composição, portanto é
classificado como iridoide glicosilado. Tal substância é considerada um marcador químico
para H. procumbens, uma vez que é o componente majoritário das raízes da espécie e pode ser
encontrada em aproximadamente 3% de todos os constituintes da planta (Schaffer, 2013).
Figura 4. Estrutura de alguns compostos iridoides de H. procumbens: a) Harpagídeo;
b) 8-p-cumaril harpagídeo; c) Harpagosídeo. Fonte: PubChem, 2021.
9
3.2.3 Atividades farmacológicas
As ações farmacológicas mais pesquisadas em estudos clínicos e pré-clínicos da H.
procumbens são as anti-inflamatória e analgésica, tendo se mostrado seguro e eficaz para
ambas (Ministério da Saúde, 2015).
A ação anti-inflamatória já foi estudada em cultura de células, nas quais o extrato da
planta foi eficaz na diminuição de citocinas pró-inflamatórias, entre elas TNF-𝑎, IL-6 e IL-1b,
além de mediadores inflamatórios, como PGE2 (Fiebich et al., 2001). Ele também diminui a
expressão de mRNA de COX-2 e iNOS, além de inibir a via de NF-kB (Na et al., 2004). O
mecanismo de ação analgésica, no entanto, ainda não é completamente compreendido, porém
há indícios de que está relacionado ao sistema opioide (Grant et al., 2007).
Em roedores, o extrato da raiz de H. procumbens em etanol apresentou atividade
antioxidante de forma dose-dependente, bem como diminuiu a produção de nitrato em cultura
de macrófagos tratada com LPS (Kaszin et al., 2004; Grant et al., 2009).
A planta apresenta também atividade anticâncer tendo efeito na expressão de COX-2,
enzima oncogênica, em células MCF10A (Na et al., 2004), e ação antimicrobiana, sendo
eficaz na inibição de crescimento de bactéria aeróbicas e anaeróbicas, como Fusobacterium
nucleatum e Porphyromonas gingivalis (Weckesser et al., 2007).
3.3. Informações de produção e controle de qualidade
3.3.1 Métodos de extração e análise
A planta recebe o nome popular por seus frutos característicos, mas a parte a ser
utilizada para a extração de seus princípios ativos é a raiz. As raízes secundárias devem ser
cortadas em seções e passar por um processo de secagem antes de iniciar quaisquer métodos
subsequentes.
A raiz seca e cortada é, então, submetida a diversas análises para verificar a pureza,
por meio da quantificação de partes estranhas da planta ou materiais estranhos não
relacionados originalmente à planta, este não podendo ultrapassar o limite de 2% (m/m).
Dentre as impurezas, destaca-se as cinzas vindas da própria. Também são realizados testes
para verificar a umidade, com limite máximo de 12% após a amostra passar por uma estufa e
ter a massa obtida comparada com a massa pesada antes do processo. Testes de contaminantes
químicos e biológicos, testes de granulometria, prospecção fitoquímica, de identificação e
contaminação também são realizados seguindo protocolos e medidas limites descritas na
monografia da Organização Mundial da Saúde, OMS (WHO, 2011).
10
3.3.2 Conteúdo farmacopeico
3.3.2.1 Farmacopeia Brasileira
Na Farmacopeia Brasileira são descritas 14 fórmulas para o preparo de H. procumbens
e a extração de harpagosídeos. A raiz pode ser preparada de diversos modos, como a partir de
secagem e trituração, para que se obtenha uma rasura própria para realizar infusão; a partir
dessa mesma rasura para se obter uma tintura ou extrato fluido; ou a partir da raiz seca e
pulverizada, a depender da concentração de álcool etílico utilizado, possibilitando que a
mesma seja encapsulada ou então utilizada para preparar uma solução com o derivado para
encapsulamento. A descrição completa de outros processos é encontrada na 6ª edição da
Farmacopeia Brasileira.
3.3.2.2 Farmacopeia OMS
Encontram-se detalhadamente descritas na Farmacopeia da OMS diversas etapas de
análise e controle de qualidade da extração de Harpagophytum procumbens e de diversas
outras espécies de plantas. Essa Farmacopeia possui grande importância em virtude de estar
na lista das possíveis substituições em caso de conteúdo ausente ou desatualizado na
Farmacopeia nacional.
3.4. Informações diversas
3.4.1 Legislação brasileira
Em fevereiro de 2021 foi publicada a Resolução da Diretoria Colegiada nº 463 (RDC
463/2021) que dispõe sobre a aprovação da segunda edição do Formulário de Fitoterápicos da
Farmacopeia Brasileira. Foram incluídas novas formas farmacêuticas nas considerações sobre
manipulação e dispensação de fitoterápicos, incluindo preparação extemporânea, tintura,
extrato fluido e cápsulas para H. procumbens (Ministério da Saúde, 2021). Apesar disso, dos
produtos registrados na ANVISA que contém H. procumbens DC. como componente ativo, a
maioria continua sendo encontrada na forma farmacêutica de cápsulas.
A Instrução Normativa nº 02, de 13 de maio de 2014 (IN 02/2014), que dispõe a lista
de medicamentos fitoterápicos de registro simplificado e a lista de produtos tradicionais
fitoterápicos de registro simplificado, inclui H. procumbens DC. como produto tradicional
fitoterápico de registro simplificado (Ministério da Saúde, 2014).
11
3.4.2 Fitoterápicos registrados na ANVISA
Os fitoterápicos oriundos da H. procumbens DC. são descritos em três grupos pela
ANVISA, sendo eles:
I. Extrato da raiz de Harpagophytum procumbens;
II. Harpagophytum procumbens (Burch.) DC. ex Meisn.; e
III. Harpagophytum procumbens DC. ex Meisn.
Em cada grupo há diferentes registros e situações de validação. O grupo I não
apresenta nenhuma concessão ativa, há dois medicamentos que constam como cancelados. No
grupo II há apenas um medicamento em situação ativa, sendo esse o Reumaliv (validade:
2028). O grupo III, em consoante, conta com uma maior variedade de fitoterápicos com
registro ativo na ANVISA, sendo eles Arpadol, Arpafito, Arpatabs,Arpynflan, Artroflan,
Bioflan, Garra Do Diabo Herbarium, Permear, Reumaliv e Tismo. Todos esses com
vencimento de registro apenas após 2027.
3.4.3 Patenteação da espécie
Ao consultar a base de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI)
sobre patentes da espécie vegetal no Brasil, foi encontrada apenas uma solicitação de patente
para H. procumbens (figura 5). O pedido de depósito de patente foi solicitado em 2005, porém
ainda não consta como concedido. Em associação com outras espécies, o depósito argumenta
sobre uma composição fitoquímica para o tratamento de doenças articulares, particularmente
artrite reumatoide e osteoartrite (Ministério da Economia, 2021).
Figura 5. Depósito de patente para a espécie H. procumbens no INPI em Outubro de 2021.
12
A nível mundial, de acordo com a base Espacenet para busca de patentes, foram
encontrados mais de 300 registros envolvendo H. procumbens (figura 6). A primeira
publicação ocorreu em 1987 e a mais recente é do ano de 2021. Dentre os depósitos constam,
por exemplo, métodos de extração, preparações farmacêuticas com mucoadesividade,
aplicações da espécie para tratamento de endometriose e composição cosmética para
hidratação da pele (Espacenet, 2021).
Figura 6. Primeira página da busca por depósitos de patentes da espécie H. procumbens na
Espacenet em Novembro de 2021.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta revisão apresenta um repertório de informações pertinentes quanto a
Harpagophytum procumbens, suas propriedades e aplicações medicinais com fins
terapêuticos. Ainda que o seu uso seja eficiente para o tratamento de diversos males, com
efeitos anti-inflamatórios e analgésicos bem elucidados, é imprescindível a atenção quanto ao
consumo em excesso, seja na forma de infusão direta ou após extração e formulação de outras
formas farmacêuticas, de modo a evitar efeitos adversos indesejáveis, como o laxativo.
Apesar de ser um medicamento fitoterápico amplamente comercializado, tendo mais
de 10 marcas circulantes no mercado farmacêutico brasileiro, além da manipulação em
farmácias próprias para este fim, e, portanto, apresentar uma variedade de estudos já
13
concluídos, o conhecimento técnico-científico deve ser constantemente atualizado, de modo a
ser uma ferramenta a favor da saúde atribuindo informação de qualidade, com segurança e
eficácia curativa moderna relacionada com o uso de plantas medicinais já tradicionalmente
aplicadas.
14
REFERÊNCIAS
Agência Nacional De Vigilância Sanitária (2019). ANVISA. Farmacopeia Brasileira:
Volume 2, Plantas Medicinais. 6ª Edição. Brasília, 2019. Disponível em:
<https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/farmacopeia/farmacopeia-brasileira/arquivos/7989j
son-file-1>. Acesso em: 19 de out. de 2021.
Agência Nacional De Vigilância Sanitária (2021). ANVISA. Consultas. Disponível
em: <https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/?substancia=18937>. Acesso em: 19 de
out. de 2021.
Amaral, Ana Claudia Fernandes et al (2013). A General Description of Apocynaceae
Iridoids Chromatography. in: MARTIN, Dean; MARTIN, Barbara. Column Chromatography.
London: IntechOpen, 2013. p. 150-182. DOI:10.5772/55784
Da Rocha, CBF et al. (2020). Prospecção tecnológica e a avaliação da associação de
Harpagophytum procumbens (garra-do-diabo) e seu efeito anti-inflamatório. Revista
Humanidades e Inovação v.7, n.4.
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