Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: César Augusto Jungblut CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Prof.ª Tathyane Lucas Simão Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa Prof. Ivan Tesck Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2017 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 146.3 J95h Jungblut, César Augusto História e organização do ensino superior no Brasil / César Augusto Jungblut. Indaial : UNIASSELVI, 2017. 116 p. : il. ISBN 978-85-69910-58-9 1.História Social. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Cesar Augusto Jungblut Graduado (Licenciado e Bacharel) em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Especialista em Gestão e Tutoria em EAD pela UNIASSELVI, com mestrado em História Latino- Americana. Tem experiência em escolas públicas e particulares no ensino básico, bem como em diversas universidades de Santa Catarina, como UDESC, UFSC, UNIASSELVI e FUCAP. Atualmente é professor em cursos de Pós-Graduação. Dedica-se também às questões de Metodologia de Ensino (Superior, História e Geografi a), na área de formação de professores, em Políticas Públicas Educacionais e na Gestão e Legislação Educacional, entre outros. Tem vários trabalhos publicados na área de EAD, tanto na área de História como de Educação. Sumário APRESENTAÇÃO ..................................................................... 7 CAPÍTULO 1 Panorama da História, da Educação e do Ensino Superior no Brasil ................................................................ 9 CAPÍTULO 2 Os Modelos Contemporâneos de Educação: Liberal e Neoliberal ............................................................................ 37 CAPÍTULO 3 Panorama Geral do Ensino Superior em Outros Países, Instituições Públicas e Privadas, a Situação Atual do Ensino Superior no Brasil .................................................. 53 CAPÍTULO 4 Legislação Educacional e a Coordenação do Ensino Superior no Brasil ............................................................... 87 APRESENTAÇÃO Olá! É uma grande satisfação ter você por aqui, que foi quem nos motivou a escrever este material de estudo! Esperamos ter a oportunidade de dividir com você as conquistas que tivemos sobre o conteúdo que vamos tratar. Para tanto, convido você a começar os estudos de mais esta disciplina que faz parte da matriz curricular do seu curso. Uma disciplina de suma importância quanto todas as outras estudadas até aqui, assim como as próximas que virão para a sua especialização enquanto profissional. Desejamos que o assunto aqui introduzido e debatido traga caminhos possíveis de serem trilhados na busca de seu aperfeiçoamento e entendimento sobre questões acerca da História e Organização do Ensino Superior no Brasil. Para um melhor entendimento, dividimos este material em quatro capítulos. No primeiro capítulo faremos uma retrospectiva do ensino superior no Brasil, desde a colônia até a república, analisando a evolução do ensino no Brasil e suas principais características. Visto que conhecer o ensino superior brasileiro e sua organização requer um exercício histórico, ou seja, retroceder e ver lá no início do processo de colonização como se organizava o ensino em nosso país. Já no segundo capítulo abordaremos as principais caraterísticas do liberalismo e sua relação com a educação; o neoliberalismo e sua aplicabilidade na educação e também os pontos comuns entre liberalismo e neoliberalismo. Anotando que, num primeiro momento, faremos uma conceituação do tema, para em seguida situar também o neoliberalismo e relacioná-lo com a educação. No terceiro capítulo veremos sobre a trajetória do ensino superior em outros países; identificando também a diferença entre instituições públicas e privadas de ensino superior no Brasil e suas funções; e por fim, qual é a situação atual do ensino superior no Brasil. No quarto e último capítulo abordaremos temas como a organização e as leis do sistema educacional do ensino superior brasileiro; as organizações de coordenação da educação superior; e um pouco das atuais políticas públicas para o ensino superior do Brasil. Aqui uma palavra de incentivo. É fundamental que para seu aprendizado você faça a leitura atenta e também resolva as atividades propostas. Além disso, procure sempre completar seus estudos com as leituras sugeridas e referenciadas ao longo do caderno. Se for o caso, procure também outras fontes para o seu aprendizado. Bons estudos! O autor. CAPÍTULO 1 Panorama da História, da Educação e do Ensino Superior no Brasil A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer a retrospectiva do ensino superior no Brasil, desde a colônia até a república. Analisar a evolução do ensino no Brasil e suas principais características. 10 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil 11 PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL Capítulo 1 ConteXtualiZação “A história é o exercício da memória realizada para compreender o presente e para nele ler as possibilidades do futuro, mesmo que seja de um futuro a construir, a escolher, a tornar possível”. Francisco Cambi Conhecer o ensino superior brasileiro e sua organização requer um exercício histórico, ou seja, retroceder e ver lá no início do processo de colonização como se organizava o ensino em nosso país. Notadamente, não podemos falar que nos primeiros séculos do período colonial havia ensino superior no Brasil, porque estudos mais aprofundados e em nível superior existiam somente na metrópole portuguesa e em outros países europeus, pois a oferta dessa modalidade de ensino era proibida nas colônias por motivos óbvios que estavam atrelados à exploração das terras e dos nativos. Tratavam-se de ações convenientes ao controle e exploração dos espaços territoriais conquistados. Desse modo, a ação educativa fi cou a cargo dos religiosos jesuítas, que ofereceram na época colonial a formação para o sacerdócio, que não era uma formação superior, devido ao seu caráter confessional e específi co. Outras formas de ensino foram criadas e aplicadas pelos padres jesuítas nos três primeiros séculos da nossa história, as quais serão abordadas adiante. É importante frisar que o ensino superior no Brasil só veio a ter um sentido universitário nos anos de 1930. Isso contrastou com o restante da América espanhola, que criaram ainda no período colonial suas primeiras universidades, como a do Peru e México. Em nosso país, o ensino superior só foi possível com a chegada da família real portuguesa em 1808. O Modelo Educacional Jesuítico e Sua InFluÊncia na Educação Brasileira Vindos para a América somente com o intuito de explorar a terra e lucrar ao máximo, a colonização brasileira foi decorrência da vontade de expansão de Portugal que buscava maneiras de superar as difi culdades econômicas existentes na Europa no fi nal da Idade Média. Após conhecer as terras que seriam a futura colônia na América, os portugueses se dedicaram exclusivamente a explorar as riquezas aqui existentes nos trinta primeiros anos, não se preocupando com um projeto de povoamento.12 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil Esse desinteresse em povoar as terras descobertas não duraria muito tempo. Notando que sua colônia na América corria o risco de ser tomada, devido às investidas de corsários e até de embarcações ofi ciais de países europeus, os portugueses decidiram tomar providências e povoar de forma efetiva a colônia. Para isso foram criadas as capitanias hereditárias em 1532. Todavia, havendo difi culdades de sua implementação, em 1549 a coroa portuguesa criou o governo geral, que foi a primeira forma de poder público no Brasil, e teve como objetivo auxiliar as capitanias hereditárias. É importante frisar que junto com o estabelecimento do governo geral vieram os padres jesuítas. Para compreender o papel dos jesuítas na educação do Brasil, antes de tudo é preciso se localizar no tempo e no espaço e entender o cenário daquela época. A educação jesuítica esteve diretamente relacionada às ideias do Renascimento europeu, também conhecido como Renascença ou Período das Luzes, compreendido entre os séculos XV e XVI. No fi nal da Idade Média para a Idade Moderna, a luta entre católicos e protestantes não fi cou só no terreno religioso/espiritual, também foi muito acirrada no campo educacional. Para tentar barrar a reforma, os católicos organizaram a companhia de Jesus. Você já ouviu falar dela? Conhece um pouco da história dos jesuítas no Brasil e no mundo? Edifi cada pelo padre espanhol Inácio de Loyola em 1534, e reconhecida em 1540, a companhia de Jesus nasceu como instrumento de combate à reforma, fundamentando-se na perspectiva de que tudo deveria ser feito para a máxima maior glória de Deus. Enfi m, pode-se afi rmar que a contrarreforma católica foi a tentativa de resgate da perdida hegemonia católica, contra qualquer inovação política, ideológica e cultural, e os jesuítas colaboraram nessa empreitada (CARVALHO, 2008). Aqui temos a presença dos jesuítas, que chegaram em 1549 nas terras brasileiras trazendo a expansão da fé católica e do reino, reunindo colonizadores e evangelizadores sob o mesmo empreendimento. Com uma missão catequista, edifi caram igrejas e escolas em várias regiões da colônia da América. Construíram um sistema educacional, desenvolvendo uma pedagogia que atingia especialmente as crianças, usando o teatro, a música e a dança para cumprir seus objetivos. Com a chegada ao Brasil do padre Manuel da Nóbrega, no ano de 1549, teve início de fato a tarefa de catequização. Com uma dupla tarefa de converter os povos indígenas ao catolicismo e, com isso, expandir a fé católica, a companhia A educação jesuítica esteve diretamente relacionada às ideias do Renascimento europeu, também conhecido como Renascença ou Período das Luzes, compreendido entre os séculos XV e XVI. 13 PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL Capítulo 1 de Jesus, que nada mais era do que um pelotão de soldados de Cristo, também teve a missão de fazer retroceder o crescimento protestante que avançava mundo afora. Sobre a ação dos jesuítas no período inicial da colonização brasileira, acesse o seguinte endereço eletrônico: <http://www.ufjf.br/ lahes/fi les/2010/03/c1-a7.pdf>. Você deve estar se perguntando: como era a educação das populações indígenas do território brasileiro antes da chegada dos jesuítas e europeus? Não havia escolas, as crianças participavam espontaneamente de atividades com os mais velhos, recebendo informações dos papéis que iriam desempenhar quando adultas. Assim, a atuação dos jesuítas se volta para as crianças e jovens, pois com os adultos encontravam maior difi culdade na conversão. Desembarcados em 1549, na Vila de Pereira, depois Vila Velha, quatro padres e dois irmãos da companhia de Jesus se juntaram aos propósitos do governo de Portugal. Assim, como já foi dito, a chegada da companhia de Jesus no Brasil colônia esteve diretamente vinculada com a missão de facilitar a implantação e a manutenção de um modelo econômico colonial e também a divulgação da fé católica, ambos ameaçados pela reforma na Europa. Foi esta determinação, de um governo preocupado com a manutenção da ordem, disciplina, domesticação para o serviço escravo e imposição da fé cristã, que marcou o início da formação da identidade brasileira. Os padres jesuítas ocuparam papel central neste modelo de formação educacional, característica do ideal de pessoa e sociedade que se pretendia formar aqui no Brasil. A educação jesuítica do Brasil colonial esteve relacionada com todo o movimento de emergência da escolarização no mundo. Os jesuítas tiveram grande infl uência na organização da sociedade brasileira e coube a eles orientar a população, desde os fi lhos dos senhores de engenho, colonos, escravos e índios, na fé cristã, na disciplina do corpo e do silêncio, nos valores morais, nas artes eruditas e nos costumes europeus. Aos índios coube, em especial, a catequese, a leitura e escrita e o idioma de Portugal. (CARVALHO, 2008, p. 8). Desde o início, a coroa portuguesa acreditava que a catequese era a forma mais efi ciente para o domínio dos povos indígenas da colônia brasileira. 14 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil Consequentemente, a catequese passou a ser um ato fundamental para Deus e para o rei. Quando chegaram ao Brasil, os colonizadores portugueses puseram o índio a serviço de três interesses: o reino ambicionava integrá-lo ao processo colonizador; os jesuítas aspiravam convertê-lo ao catolicismo; e os colonos esperavam usá-lo como trabalho escravo. Foram considerados, na época, como seres sem alma, animais, criados para serem instruídos e domesticados com violência e exploração. As práticas educacionais em muitos casos reforçavam isso, recusando sua diversidade. Nos primeiros tempos da colonização, os jesuítas frequentavam as aldeias e ensinavam às crianças a leitura, a escrita e a doutrina cristã. No entanto, como o trabalho de adaptação do indígena para a lavoura exigia sua presença para um adestramento diário e ininterrupto, começaram a organizar aldeias para reunir os indígenas da região. Essas aldeias fi caram conhecidas por quase todo o período colonial como missões. Também organizaram escolas elementares e, acima de tudo, difundiram um projeto pedagógico bastante uniforme, tão bem esquematizado que até nos dias de hoje é possível perceber seus refl exos. Você sabe o que eram as escolas elementares? Durando aproximadamente um ano, o curso elementar continha em seu currículo o princípio católico e as primeiras letras, ou seja, o que conhecemos hoje por alfabetização, mas com conteúdo doutrinário. Muita disciplina, atenção e perseverança eram as três características de estudos a serem apreendidas pelos alunos, elementos que facilitariam o próprio aprendizado e o desenvolvimento do caráter ao futuro sacerdote e ao cristão leigo (ROCHA, 2005). Aqui cabe uma observação importante! Os jesuítas não fi caram somente focados na obra da catequese e no ensino das primeiras letras aos “gentis”. Aos poucos, acabaram se dedicando à educação da elite colonial. Ainda que a principal missão deles fosse a conversão dos índios, o estabelecimento de colégios acabou por assumir, senão a prioridade, importância comparada à outra. Assim, a educação jesuítica acabou dando atenção à formação da elite letrada da colônia, ou seja, dos padres e senhores de engenho. Formou-se “[...] uma concepção que acabou por assumir contornos elitistas, almejada por todos que procuravam status, como símbolo de classe e de distinção, que demarcou as raízes fundantes da organização do ensino nacional” (CARVALHO, 2008, p. 9). É importante assinalar que a partir de 1564 foi inventado um imposto para a sustentação dos colégios jesuítas, chamado de “padrão A coroa portuguesa acreditava que a catequese era a forma mais efi ciente para o domínio dos povos indígenas da colôniabrasileira. A partir de 1564 foi inventado um imposto para a sustentação dos colégios jesuítas, chamado de “padrão de redízima”, 15 PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL Capítulo 1 de redízima”, compreendendo 10% de todas as arrecadações dos impostos. Machado (2002, p. 27) lembra que “[...] com o passar do tempo, os jesuítas acabaram se tornando ricos e poderosos frente à coroa portuguesa, sendo este um dos motivos para serem expulsos pelo Marquês de Pombal”, conforme você verá mais adiante. Os jesuítas fi caram conhecidos como soldados de Cristo, com a missão cristã e civilizatória de acabar com as “crendices” indígenas, impondo assim uma nova forma de ver e conceber o mundo. Assim, a educação brasileira, nesse período, estava estreitamente vinculada à política colonizadora portuguesa. A metrópole desejava que a educação dos índios servisse para formar súditos do rei em terras tropicais, ou seja, através da uniformização da fé buscava-se uma unidade política, facilitando a dominação do povo que se encontrava na colônia (MACHADO, 2002, p. 26). A educação jesuítica teve dois momentos de destaque no Brasil colônia. O primeiro teve início em 1549, com a chegada dos padres jesuítas, e durou até 1570, quando morreu o padre Manoel da Nóbrega. Machado (2002) informa que na fase inicial do projeto educacional instituído pelo padre Manoel da Nóbrega no Brasil, a intenção era instruir e catequizar os indígenas e também os fi lhos dos colonos, haja visto que os jesuítas constituíam os únicos mestres ofi ciais da colônia. Para tanto, “[...] foram instituídos os ‘recolhimentos’, sendo que através deles se processaria a educação dos mestiços, dos órfãos e dos fi lhos dos caciques, além dos fi lhos dos colonos, em regime de externato” (MACHADO, 2002, p. 31). Esse plano de estudos foi elaborado para atender a objetivos muito diversos. Iniciava pelo aprendizado do português, que incluía o ensino da doutrina cristã e a escola de ler e escrever. Depois continuava, em caráter opcional, o ensino de canto orfeônico (coral) e de música instrumental. A partir daí, havia uma bifurcação: podia-se seguir pelo aprendizado profi ssional e agrícola, ou pelas aulas de gramática seguidas de viagem à Europa, é claro, para a elite. De início, não havia a intenção de oferecer um ensino diferenciado aos indígenas e aos fi lhos dos colonos, mas diante da falta de “adequação” do índio e de acordo com as características da colônia (latifúndio, escravidão e monocultura), aos índios foi reservada a aprendizagem agrícola e aos fi lhos dos colonos, o ensino da gramática, seguido de viagem à Europa. A partir da publicação das “Constituições da Companhia de Jesus” em 1556, o plano do Padre Manuel da Nóbrega deixou de vigorar, excluindo- se das etapas iniciais de estudo o aprendizado de canto, música instrumental, profi ssional e agrícola. Esse processo 16 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil culminará com a instituição da Ratio Studiorum em 1599, que trouxe grandes mudanças à prática pedagógica dos jesuítas (MACHADO, 2002, p. 31). A partir da criação do ratio studiorum, inicia-se o segundo momento de destaque da educação jesuítica no Brasil colônia. O plano de catequizar e instruir os índios sofreu modifi cações. Os educados foram os fi lhos dos colonos e aos índios restou apenas a catequização. Aqui se juntava a vontade da coroa portuguesa e da igreja católica (coroa colonizadora) de tornar o índio mais submisso para ser aproveitado como mão de obra escrava. Já para os padres jesuítas, o de converter o maior número de nativos ao catolicismo, estremecido pela reforma protestante. Segundo Carvalho (2008), essa segunda fase chamada de ratio studiorum, que durou de 1570 até 1759, teve como concepção uma pedagogia tradicional com uma visão assistencialista de homem, compreendendo que esse mesmo homem era constituído por uma essência universal e imutável, e que eles já estavam prontos e determinados. Nessa fase, para atender à educação da elite, a criação de colégios assumiu uma importância maior que a ação missionária. À educação caberia apenas acomodar os alunos, segundo a essência universal. Dando ênfase a essa concepção, veja: Entre 1554 e 1570 os jesuítas fundam cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, Espírito Santo, São Vicente e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). O currículo dividia-se em duas seções ou classes distintas. Nas classes inferiores, com duração de seis anos, ensinava-se retórica, humanidades, gramática portuguesa, latim e grego. Nas classes superiores, com três anos, os alunos aprendiam matemática, física, fi losofi a, que incluía lógica, moral e metafísica, além de gramática, latim e grego (CARVALHO, 2008, p. 12). Rocha (2005) ressalta que a mais signifi cativa diferença entre a primeira (1549-1570) e a segunda fase (1570-1759), foi pelo tipo de dependência econômica entre religiosos e indígenas. “Se a primeira fase foi de penúria, ela teve o aspecto positivo de obrigar os jesuítas, desprovidos de recursos, a conquistar a simpatia popular, mostrando- se identifi cados com seus problemas, necessidades e anseios” (ROCHA, 2005, p. 3). Desse modo, num primeiro momento, a tarefa dos jesuítas foi a de poder aproximar essas culturas e integrá-las numa nova e coesa realidade social. Já na segunda fase, sem se preocupar com a ausência de recursos, os soldados de Cristo teriam se voltado para um passado clássico e medieval, evitando a realidade imediata e recusando qualquer mudança social e ideológica. “A cultura deixou “Se a primeira fase foi de penúria, ela teve o aspecto positivo de obrigar os jesuítas, desprovidos de recursos, a conquistar a simpatia popular, mostrando-se identifi cados com seus problemas, necessidades e anseios” (ROCHA, 2005, p. 3). 17 PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL Capítulo 1 de ser posta a serviço da sociedade para se colocar à margem da vida, dedicada à conservação dos esquemas mentais clássicos e das convenções sociais estabelecidas” (ROCHA, 2005, p. 3). Machado (2002) nota que a educação ofertada pela companhia de Jesus possuía características rígidas na maneira de pensar. A formação dos professores ganhava uma precaução no que tange à leitura e ao treinamento. Era apenas com mais de trinta anos que o professor iniciava seu trabalho educativo. “Havia um controle rigoroso para manter a tradição: em casos de alguns professores se aproximarem das novidades ou ter um de espírito demasiado livre, devem ser afastados sem hesitação do serviço docente” (MACHADO, 2002, p. 32). Era uma pedagogia altamente autoritária, que servia tanto ao governo português e aos interesses da Igreja, que via na fé e na autoridade da religião, um ótimo aparelho de dominação política (ROCHA, 2005). Você acha que essa rigidez ainda é válida para os dias de hoje? Vamos nos deter um pouco mais no método ratio studiorum. Ele é fundamental para compreender a educação jesuítica da época e até mesmo posterior! Conhecido de forma abreviada como ratio studiorum, era o método pedagógico dos jesuítas, também chamado de plano de estudos. Publicado no ano de 1599, esse plano de estudos foi estabelecido a partir das vivências pedagógicas que tiveram início no colégio italiano de Messina. A partir dessa primeira experiência italiana, houve uma disputa entre o modus italicus e o modus parisiensis de ensino, predominando o segundo, o modelo da Universidade de Paris, onde estudaram muitos jesuítas, até mesmo o próprio Loyola. Composto de regras que abarcavam da organização escolar, orientações pedagógicas, até a aplicação rigorosa da doutrina católica, esse plano de ensino propunha uma pedagogia tradicional que remetia abertamente à escolástica medieval, onde a educaçãoera sinônimo de catequese e evangelização. A formação proposta pelo ratio studiorum almejava o desenvolvimento de um homem perfeito, do bom cristão e era direcionada para a elite colonial. Veja o que Shigunov Neto e Maciel (2008, p. 180-181) dizem sobre o tema: Conhecido de forma abreviada como ratio studiorum, era o método pedagógico dos jesuítas, também chamado de plano de estudos. 18 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil O Ratio Atque Institutio Studiorum Societatis Jesu, mais conhecido pela denominação de Ratio Studiorum, foi o método de ensino que estabelecia o currículo, a orientação e a administração do sistema educacional a ser seguido, instituído por Inácio de Loyola para direcionar todas as ações educacionais dos padres jesuítas, tanto na colônia quanto na metrópole, ou seja, em qualquer localidade onde os jesuítas desempenhassem suas atividades. O Ratio Studiorum não era um tratado sistematizado de pedagogia, mas sim uma coletânea de regras e prescrições práticas e minuciosas a serem seguidas pelos padres jesuítas em suas aulas. Portanto, era um manual prático e sistematizado que apresentava ao professor a metodologia de ensino a ser utilizada em suas aulas. O método divulgado originariamente em 1599 era centralizador e autoritário em sua concepção, tendo também um aspecto universalista, humanista e literário. O ratio studiorum proporcionava três alternativas de cursos: o curso secundário e dois cursos superiores, de fi losofi a e teologia. Assim, sua proposta curricular dividia-se em duas partes distintas: os “estudos inferiores”, conhecidos por ensino secundário; e os “estudos superiores”. Os cursos secundários com duração de cinco anos, que na maioria das vezes prorrogavam-se por seis anos, destinavam-se à formação eminentemente literária e humanista. Portanto, o objetivo do curso de humanidades era a arte acabada da composição, oral e escrita. O aluno deve desenvolver todas as suas faculdades, postas em exercício pelo homem que se exprime e adquirir a arte de vazar esta manifestação de si mesmo nos moldes de uma expressão perfeita. As classes de gramática asseguravam-lhe uma expressão clara e exata, a de humanidades, uma expressão rica e elegante, a de retórica mestria perfeita na expressão poderosa e convincente “ad perfectam aloquentiam informat”. Esse curso de humanidades foi o que mais se propagou e difundiu na colônia, podendo ser considerado o alicerce da estrutura educacional jesuítica. Já os cursos superiores eram integrados pelos cursos de fi losofi a e ciências, também denominado de curso de “artes”. Tinham duração de três anos e eram direcionados para a formação do fi lósofo, pois as disciplinas que compunham os estudos eram a lógica, a metafísica, a matemática, a ética e as ciências físicas e naturais (SHIGUNOV NETO; MACIEL, 2008, p. 180-181). Os estudos superiores instituídos pelo ratio studiorum visavam à formação profi ssional do homem, enquanto que os cursos secundários tinham a fi nalidade de formar o humanista, o homem para viver em sociedade. 19 PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL Capítulo 1 Atividades de Estudos: 1) A companhia de Jesus no Brasil colônia teve como missão facilitar a implantação e a manutenção de um modelo econômico colonial e também a divulgação da fé católica. Descreva de que forma isso ocorreu. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) O modelo educacional jesuíta teve dois momentos de destaque no Brasil. O primeiro iniciado em 1549, com a chegada dos padres jesuítas, e que durou até 1570, e o segundo foi a partir da criação do ratio studiorum. Escreva um pequeno texto diferenciando esses dois momentos. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Sobre o legado e a infl uência dos jesuítas na educação colonial brasileira, leia a seguinte obra: SHIGUNOV NETO, A.; MACIEL, L. S. B. O ensino jesuítico no período colonial. Curitiba: Editora UFPR, 2008. O que parecia durar para sempre, não durou! Em 1759 o Marquês de Pombal expulsa os jesuítas de Portugal e consequentemente das terras brasileiras, 20 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil acabando completamente com a organização educacional por eles aqui praticada desde o século XVI. Conhecido como Marquês de Pombal, Sebastião de Carvalho e Melo conduziu a política e economia portuguesa por 27 anos. Nomeado por D. José I (1750-1777), como primeiro ministro de Portugal, Pombal foi responsável por mudanças drásticas na reorganização do Estado. Você deve estar se perguntando: por que expulsar os padres jesuítas da colônia brasileira? Portugal tinha motivos para isso? Quais seriam esses motivos? Em termos gerais, a vontade de expulsar os jesuítas era antiga e, especialmente, por dois fatores: a miséria intelectual e econômica do reino, pela qual eram culpados; o privilégio exclusivo do ensino por eles exercido desde o ano de 1549. Sem sombra de dúvida, a companhia de Jesus se desviou dos seus objetivos missionários e educacionais na América. Não foram aquilo que eram na Ásia: somente ação missionária. Aqui, os jesuítas também foram “colonizadores”, atuando em diversas áreas e contrariando, em muitos casos, interesses econômicos e políticos portugueses. A questão não era simples e exigia avaliação. Os jesuítas procuraram catequizar também os negros, combatendo o culto dos deuses africanos. Mas não lhes foi permitido oferecer aos escravos qualquer educação mais formal e, assim, a educação deles foi limitada aos sermões que os exortavam à prática da moral e fé cristãs. Os jesuítas eram acusados de educar os índios a serviço da ordem religiosa e não dos interesses da metrópole e de não conhecerem outro soberano que não fosse o geral da companhia e outra nação que não fosse a sua própria sociedade. Pombal propôs-se a solucionar o problema do ensino não mais como tarefa das ordens religiosas, mas como atribuição própria, sem ser exclusiva do poder real. Mas, quando a coroa começou a impor a reforma pombalina (alvará de 28/06/1759) e o processo de secularização do ensino, determinando o fechamento das escolas jesuíticas, a colonização já estava consolidada e a língua portuguesa e a religião cristã já estavam divulgadas entre indígenas e escravos (ROCHA, 2005, p. 9). Pombal sabia da importância política e econômica da colônia e por isso reformulou muita coisa por aqui. Criou as companhias de comércio que tinham privilégios de taxar produtos na compra e venda, aumentou os impostos na região de mineração, criando as famosas casas de fundição, e fi xou quotas anuais de produção de ouro. Reforçando um pouco mais sobre as causas da expulsão dos jesuítas do Brasil, lembramos que elas foram variadas, desde questões políticas até ideológicas. Tornando-se uma barreira aos interesses do Estado moderno Os jesuítas também foram “colonizadores”, atuando em diversas áreas e contrariando, em muitos casos, interesses econômicos e políticos portugueses. 21 PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL Capítulo 1 português, a companhia de Jesus possuía um amplo poder econômico desejado pela coroa portuguesa. Esse novo Estado português, infl uenciado pelas ideias iluministas então vigentes na Europa, também almejava a formação de um novo homem, ou seja,o homem burguês, o negociante, e não mais somente o cristão. Shigunov Neto e Maciel (2008) observam que para analisar a expulsão da companhia de Jesus deve ser levado em conta a compreensão de um processo amplo, que abrange questões políticas, ideológicas e econômicas. Para os citados autores, a expulsão dos padres jesuítas e por consequência o fi m da companhia de Jesus, culminando com o desmoronamento do sistema de educação criado por eles, ocorreu por dois motivos: Político – os jesuítas representavam um empecilho aos interesses do Estado moderno, além de serem detentores de grande poder econômico, cobiçado pelo Estado. Educacional – a necessidade de a educação formar um novo homem – o comerciante e o homem burguês, e não mais o homem cristão – pois os princípios liberais e o movimento iluminista trazem consigo novos ideais e uma nova fi losofi a de vida (SHIGUNOV NETO; MACIEL, 2008, p. 180). As missões, que eram muitas, passaram a ser controladas por funcionários do governo. “As capelas tornaram-se paróquias, com vigários nomeados pelo rei; os indígenas deveriam deixar de ter “nomes bárbaros”, passando a ter nomes portugueses” (CARVALHO, 2008, p. 14). As línguas nativas faladas foram proibidas, tornando-se obrigatória a língua portuguesa. “Os caciques viraram capitães e juízes, e as lideranças passaram a ser os vereadores municipais. Todos os indígenas, a partir daquele momento, se tornariam cidadãos portugueses” (CARVALHO, 2008, p. 14). Provocando um retrocesso no sistema educativo da colônia, a expulsão dos jesuítas comprometeu menos a educação dos pobres que a educação das elites. O sistema educacional edifi cado por eles, aos poucos se transformou num sistema cada vez mais voltado às elites, refl etindo o que recomendava a companhia de Jesus e o ratio studiorum. Em 1759, ano da expulsão, eles tinham, além das escolas de ler e escrever, inúmeros seminários e cerca de 24 colégios, sem contar a grande quantidade de missões. Grande parte das características do padrão pedagógico do ensino jesuítico, que foi praticado no Brasil por mais de dois séculos, ainda permanece viva em muitas instituições escolares brasileiras, sejam elas públicas ou privadas. Isso é notório quando vemos muitas escolas preocupadas com a formação de valores religiosos, impondo uma disciplina corporal, preservando hierarquias e utilizando estratégias Grande parte das características do padrão pedagógico do ensino jesuítico, que foi praticado no Brasil por mais de dois séculos, ainda permanece viva em muitas instituições escolares brasileiras, sejam elas públicas ou privadas. 22 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil didáticas como: o aluno “líder” da sala, o estudioso que deve ser exemplo a ser seguido, e principalmente a memorização, o silêncio e até a competição. E a pergunta mais uma vez é necessária: o que foi feito em termos educacionais após a expulsão dos jesuítas das terras brasileiras? Machado (2002) assinala que com o banimento dos jesuítas da colônia brasileira pelo Marquês de Pombal, a coroa portuguesa tentou implantar um sistema educacional para ocupar seu lugar. O mesmo autor diz que foi criado um sistema de aulas régias que era mantido pelo imposto chamado de subsídio literário, no entanto, essa nova tentativa não deu conta de prover a educação da colônia, pois não havia recursos e nem profi ssionais qualifi cados para tanto. Vejamos o que Rocha (2005, p. 10) ensina sobre o assunto: Infelizmente, Pombal esperou treze anos para tentar substituir os dois séculos de tra balho jesuítico e, mesmo assim, a Ordenação de 10 de novembro de 1772, que instituiu o “subsídio literário”, imposto cobrado sobre o consumo da carne e produção de aguardente, criado especialmente para a manutenção das aulas de ler e escrever e de humanidades, não foi capaz de arrecadar os recursos necessários. A instituição do regime das “aulas régias”, ou seja, aulas de disciplinas isoladas, não apresentava a coerência necessária, dada a ausência de um plano sistemático de estudos e a falta de motivação discente. Uma das razões para as escolas régias não serem frequentadas é a de que eram constantemente visitadas por soldados incumbidos de recrutar rapazes com mais de treze anos. Certamente, outros motivos mais sérios provocavam essa debandada das aulas, ministradas por professores leigos, ignorantes e sem nenhum senso pedagógico. O legado desse período (1759-1808) foi de pura ilusão. A identidade da ação pedagógica de um nível para outro, e até os cursos superiores, foram trocados pelas difusas aulas régias, enfraquecendo a organização de um novo sistema. A distância entre a diretoria geral de estudos e os mestres não congregados em colégios, mas dispersos, sem órgãos intermediários permanentes, nem pedia qualquer inspeção efi caz, nem criava um ambiente favorável às iniciativas de vulto. Tudo, até os detalhes de programas e a escolha de livros, tinha que vir de cima e de longe, do poder supremo do reino, como se este tivesse sido organizado para instalar a rotina, paralisar as iniciativas individuais e estimular, em vez de absorver, os organismos parasitários que costumam desenvolver-se à sombra de governos distantes, naturalmente lentos na sua intervenção. Essa foi uma das razões pelas quais a ação reconstrutora de Pombal não atingiu, senão de raspão, a vida escolar da colônia. 23 PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL Capítulo 1 Para Portugal, quando implantou esse sistema, seria o fi m do "atraso" da educação no Brasil. No entanto, a educação, que era quase de responsabilidade total dos jesuítas, teve um grande retrocesso. Vinte anos após a expulsão da companhia de Jesus, o número de escolas em toda a colônia era bem pequeno se comparado à época dos padres. Muitas escolas foram fechadas e as bibliotecas dos mosteiros foram abandonadas ou destruídas. Mais uma vez, Machado (2002, p. 34) ensina: Como você pode perceber, os jesuítas tornaram-se instrumentos na formação da elite colonial, já que foram os educadores durante 210 anos. O modelo de educação implantado era adequado à política colonial portuguesa, pois se privilegiava o trabalho intelectual, deixando de lado o trabalho manual. Desta forma, os alunos fi cavam distantes da realidade em que viviam. A maioria da população era iletrada - pobres, negros e mulheres - o que fazia a elite colonial acreditar que o mundo civilizado estava lá fora, sendo a metrópole, o modelo ideal. De forma não muito consensual, alguns historiadores defendem a ação dos jesuítas no Brasil durante 210 anos, outros, porém, criticam de forma veemente esse trabalho educativo. O modelo educacional jesuítico teve infl uência em todo período colonial, alcançando até o império e, porque não dizer, o período republicano. Essa educação criou uma cultura importada, com infl uência notadamente europeia. No entanto, não podemos esquecer de que os padres jesuítas foram os orientadores sociais e intelectuais da colônia por mais de dois séculos e que, seguramente, sem eles teria sido impossível ao conquistador português conservar a coesão de sua cultura e de sua civilização. Isso era coerente com a ação educacional jesuítica, pois procedia com seus objetivos principais na colônia, a conversão do gentio à fé cristã. A obra jesuítica também apresentou papel fundamental e acabou contribuindo de forma determinante para que o governo de Portugal alcançasse seus objetivos na colonização e povoamento da colônia brasileira na América. A ação educacional jesuítica na colônia pode ser compreendida a partir de duas fases: uma delas corresponde ao primeiro período, o de adaptação e construção do trabalho de catequese e, por conseguinte, a conversão do nativo aos costumes europeus; num segundo momento, que iniciou no segundo século de sua atuação, ocorreu um tempo de amplo aumento do sistema educacional disseminadono primeiro período, ou seja, foi a fase de solidifi cação do projeto educacional, dedicando-se também à catequização do gentio à fé católica e ao ensino dos fi lhos dos colonos e demais membros da colônia, principalmente, os fi lhos dos donos de engenho e funcionários reais. 24 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil Existiram, e ainda existem, críticas realizadas ao método pedagógico aplicado pelos jesuítas na colônia brasileira. De forma geral, critica-se o monopólio da educação da juventude portuguesa e colonial, que tinha uma orientação para a uniformidade intelectual; acusavam seus ensinos de dogmático e abstrato; de usar em seus métodos autoritarismo, retórica e conservadorismo, não havendo lugar para os debates inovadores da época. Em meio a essas críticas, apesar das difi culdades e com as dimensões geográfi cas do Brasil: Os números da obra jesuítica impressionam pela grandeza, pois foram fundadas 36 missões; escolas de ler e escrever em quase todas as povoações e aldeias; 25 residências dos jesuítas; 18 estabelecimentos de ensino secundário, entre colégios e seminários, nos principais pontos do Brasil, entre eles: Bahia, São Vicente, Rio de Janeiro, Olinda, Espírito Santo, São Luís, Ilhéus, Recife, Santos, Porto Seguro, Paranaguá, Alcântara, Vigia, Pará, Colônia do Sacramento, Florianópolis e Paraíba (SHIGUNOV NETO; MACIEL, 2008, p. 183). A questão que se deve assinalar aqui, é a de peculiaridade após a expulsão dos jesuítas: o que foi colocado no lugar da educação jesuítica não deu conta nem de longe de educar tanto a elite como os demais moradores da colônia portuguesa na América. A destruição e substituição das antigas propostas pelas novas, só melhorou um pouco com a vinda da família real em 1808. Por fi m, a grande perspectiva que devemos pensar é a do educador comprometido, aquele que lê as entrelinhas da história da nossa educação, para entender que tipo de educação tínhamos e qual, eventualmente, podemos construir hoje para o futuro. O que foi colocado no lugar da educação jesuítica não deu conta nem de longe de educar tanto a elite como os demais moradores da colônia portuguesa na América. O Surgimento do Ensino Superior Brasileiro Tardou, mas aconteceu! O aparecimento do ensino superior no Brasil ocorreu mais de três séculos depois do seu “descobrimento”. A implantação de cursos superiores em terras brasileiras ocorreu por dois motivos: a chegada da família real portuguesa ao Brasil e a necessidade em atender aos jovens nobres que foram impedidos de cursar universidades europeias após o bloqueio continental de Napoleão sobre a Europa. Para a metrópole portuguesa, a aventura em terras brasileiras, na colônia, se assemelhava ao investimento de uma empresa, unicamente voltada para a exploração e a esse fi m se manteve fi el. Dessa maneira, a coroa não se preocupava com a criação de instituições de ensino superior, ainda mais de universidades. Até as ações dos 25 PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL Capítulo 1 padres jesuítas de fundar seminários para a formação de um clero brasileiro cessaram na reforma efetuada pelo Marquês de Pombal, quando expulsou a companhia de Jesus no fi nal do século XVIII. Assim, as primeiras instituições de ensino superior foram criadas apenas em 1808 e as primeiras universidades são ainda mais recentes, datando da década de 1920/1930 (SANTOS, 2009). Arrastando por alguns anos essa situação vexatória da educação em terras brasileiras, com a expulsão dos jesuítas, ela só começou a mudar no momento em que a família real portuguesa se mudou para o Brasil em 1808. Fugindo da invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão Bonaparte, a corte se transfere para sua colônia mais importante, fi xando-se na cidade do Rio de Janeiro. Nesse momento, o Brasil é elevado à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves e ocorre a abertura dos portos às nações unidas. Isso signifi cou que todas as mercadorias importadas e exportadas pelo Brasil, que antes eram comercializadas somente com Portugal, agora são comercializadas diretamente com os países interessados. O principal parceiro comercial na época era a Inglaterra. De forma esclarecedora, Rocha (2005, p. 12) lembra: A transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro (1807-1808) mudou de maneira radical as relações entre a metrópole e sua colônia mais próspera, o Brasil. Do ponto de vista da educação, novas orientações foram, forçosamente, introduzidas, ampliando-se o processo de secularização do ensino iniciado com Pombal. Motivada por preocupações de utilidade prática e imediata, a obra escolar de D. João VI marcou uma ruptura com o programa escolástico e literário até então em vigor. Muito havia a ser feito para atender à demanda educacional da aristocracia portuguesa, preparando, inclusive, novos quadros para as ocupações técnico-burocráticas. Também é fato que o ensino superior foi a maior preocupação, fi cando os demais níveis relegados à própria sorte, mas, com essa obra teve início o processo de autonomia que iria resultar na independência política. Sobre a família real portuguesa, sugere-se a leitura da seguinte obra: LAURENTINO, Gomes. Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007. 26 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil A obra intitulada “Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil”, está disponível no seguinte endereço eletrônico: <http://goo.gl/nffLtj>. Nessa ocasião, o Brasil se constituiria em capital do reino português, tornando-se assim essencial atenuar as carências do sistema de ensino brasileiro, suscitando uma estrutura educacional nova e que pudesse formar servidores preparados para esta realidade política. O primeiro passo foi multiplicar o número de cadeiras de ensino e criar cursos superiores e instituições culturais. Para tanto, foram criadas a Academia Real da Marinha (1808) e a Academia Real Militar (1810), destinadas a preparar ofi ciais e engenheiros para a defesa militar da colônia. Também foram criados os cursos de cirurgia, anatomia e medicina (1808- 1809). Por fi m, foram criados cursos voltados para a formação de técnicos para os campos da economia, indústria e agricultura (MACHADO, 2002). Conforme Machado (2002, p. 34): Para incrementar a vida cultural e social do Rio de Janeiro, foram criados o Jardim Botânico (1810), a Biblioteca Nacional (1810) e o Museu Real, posteriormente Museu Nacional (1818). Foram incentivadas a vinda de missões estrangeiras compostas por pintores, músicos, cientistas, entre outros estudiosos. Em 1808, também foi liberada a imprensa e a criação de indústrias no país. A imprensa era proibida devido ao medo da metrópole de que, através dos jornais e dos livros, se difundissem ideias que levassem a independência. Também por causa disso, a entrada de livros na colônia era controlada. É importante assinalar que muitos historiadores consideram a criação desses cursos superiores o verdadeiro início do ensino superior em nosso país. Pois, como assinala Sampaio (1991), a vinda da corte portuguesa marcou de fato o início da construção do ensino superior no Brasil, cujo padrão de ampliação teve, como particularidades principais, sua orientação para formação profi ssional e a infraestrutura necessária para modernizar a colônia. Existia, para tanto, um modelo de formação profi ssional no qual: A vinda da corte portuguesa marcou de fato o início da construção do ensino superior no Brasil. 27 PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL Capítulo 1 As escolas de medicina, engenharia e, mais tarde, de direito, se constituíram naespinha dorsal do sistema, e ainda hoje estão entre as profi ssões de maior prestígio e demanda. Durante esse primeiro período, de 1808 a 1889, o sistema de ensino superior se desenvolve lentamente, em compasso com as rasas transformações sociais e econômicas da sociedade brasileira. Tratava-se de um sistema voltado para o ensino, que assegurava um diploma profi ssional, o qual dava direito a ocupar posições privilegiadas no restrito mercado de trabalho existente e a assegurar prestígio social (SAMPAIO, 1991, p. 6). No Brasil, a criação de instituições de ensino superior seguiu esse modelo, buscando formar grupos profi ssionais para a administração dos negócios do Estado, para a construção de obras públicas e também para encontrar novas riquezas, rejeitando também o papel educacional da igreja católica, exceto o ensino das primeiras letras. A independência política, ocorrida em 1822, não signifi cou grandes mudanças no ensino superior do Brasil, menos ainda a ampliação ou diversifi cação do sistema. Os novos dirigentes não vislumbraram qualquer vantagem na criação de universidades, prevalecendo o modelo de formação para profi ssões em faculdades isoladas. De fato, o processo de independência não foi além de uma continuidade protocolar de poder (SAMPAIO, 1991, p. 7). Atividades de Estudos: 1) Com a expulsão dos jesuítas das terras brasileiras, o que aconteceu com a educação da colônia portuguesa na América? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, ocorreram mudanças signifi cativas na educação do Brasil, principalmente no ensino superior. Quais foram essas mudanças? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 28 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil A Universidade: Uma Instituição Tardia no Brasil Cabe salientar que, proclamada a República, outras tentativas são feitas. A situação do ensino superior permaneceu praticamente inalterada, desde a independência em 1822 até a Proclamação da República, em 1889. O que mudou com a República foram as alterações na legislação do ensino, com um ideário positivista, pois o discurso passou a afi rmar que todos os cidadãos deveriam ter as mesmas oportunidades educacionais. Fávero (2006) lembra que, na Constituição Republicana de 1891, o ensino superior deveria ser amparado pelo poder central, haja visto que do ano de 1889 até 1930 (período conhecido como República Velha), o ensino superior no país sofreu inúmeras alterações decorrentes da publicação de diferentes dispositivos legais sobre o assunto. Apesar da demora no surgimento da universidade, o regime de desofi cialização do ensino acabou por gerar condições para o surgimento das universidades, com tendência para se deslocar provisoriamente da órbita do Governo Federal para a dos Estados. Nessa conjuntura, surgiu em 1909 a Universidade de Manaus, em 1911 é constituída a Universidade de São Paulo e, em 1912 a Universidade do Paraná, todas como instituições livres. Como resultado disso, em setembro de 1920 o Presidente Epitácio Pessoa, mediante o Decreto nº 14.343, organizou a Universidade do Rio de Janeiro. Criada a partir de três unidades de caráter profi ssional, foi-lhe garantida autonomia didática e administrativa. Dessa maneira, a primeira universidade ofi cial foi criada, resultando da reunião formal de três escolas tradicionais já existentes, sem uma maior conexão entre elas e cada uma conservando suas características. Fávero (2006) lembra que apesar das ressalvas feitas à criação dessa instituição de ensino, cabe assinalar que na história da educação superior brasileira, a Universidade do Rio de Janeiro é a primeira instituição de ensino superior criada legalmente pelo Governo Federal. Aos poucos o panorama começou a mudar. Em 1931, ainda no governo provisório de Getúlio Vargas, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, tendo Francisco Campos como o primeiro ocupante da pasta. Através de uma série de decretos, organizou a “famosa” Reforma Francisco Campos. Dentre esses decretos, o nº 19.851 de 1931, instituiu o estatuto das universidades brasileiras, que ao tratar sobre a disposição do ensino superior, instituiu o regime universitário, elevando para o nível superior a formação de professores secundários. A Universidade do Rio de Janeiro é a primeira instituição de ensino superior criada legalmente pelo Governo Federal. 29 PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL Capítulo 1 No que tange à organização do ensino superior, essa reforma previu duas modalidades: o sistema universitário (ofi cial, mantido pelos governos federal e estaduais ou particulares) e o instituto isolado. A direção central da universidade cabia ao reitor e ao conselho universitário, sendo o reitor escolhido a partir de uma lista tríplice, prática que vigora até hoje nas universidades federais e em algumas públicas estaduais. Essa reforma também dispunha sobre a composição do corpo docente, catedráticos e auxiliares de ensino, que deveriam ser escolhidos por concursos de títulos e provas, entre outras medidas. Outro fator importante relativo à universidade nas primeiras décadas do século XX, dizia respeito à necessidade da pesquisa. A pesquisa que deveria ser realizada pelas universidades, sempre promovendo a formação do pesquisador, realizava-se até então nas escolas profi ssionais, muitas impróprias para esse fi m. “A pesquisa precisava de um espaço mais distanciado de resultados práticos, e com mais liberdade de experimentação e pensamento” (SAMPAIO, 1991). Nesse quesito, a criação de uma universidade no Brasil ressurgiu com uma nova expectativa, qual seja, a de romper com a argumentação resumidamente política que prevaleceu ao longo de todo o século XIX e início do século XX. Atribuía-se à universidade um novo papel: desenvolver a ciência, as humanidades/ artes e a pesquisa. Para essa nova fi nalidade, a Academia Brasileira de Ciência (ABC) e a Associação Brasileira de Educação exerceram um papel de suma importância. “Elas colocaram em pauta um projeto de reformulação completa do sistema educacional brasileiro, desde o nível primário com o projeto da Escola Nova, até o superior com o projeto da Universidade Brasileira, que seria seu coroamento” (SAMPAIO, 1991, p. 8). A criação da Associação Brasileira de Educação em 16 de outubro de 1924, foi um acontecimento de importância fundamental para o direcionamento das mudanças que ocorreram no sistema educacional escolar na segunda metade da década de 1920 e, principalmente, na primeira metade da década seguinte. Até aquela data, o debate sobre as questões educacionais se restringia, quase que exclusivamente, ao interior do Estado. Depois dela, passou a existir um espaço na sociedade civil onde se discutiam as políticas educacionais elaboradas pelo Estado e as sugestões. Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/eaBexD>. Acesso em: 16 fev. 2016. 30 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil De acordo com Sampaio (1991, p. 8), essa universidade moderna deveria ser organizada: [...] a) de maneira que se integrem num sistema único, mas sob direção autônoma, as faculdades profi ssionais (medicina, engenharia, direito), institutos técnicos especializados (farmácia, odontologia), e instituições de altos estudos (faculdades de fi losofi a e letras, de ciências matemáticas, físicas naturais, de ciências econômicas e sociais, de educação etc.); b) e de maneiraque, sem perder o seu caráter de universalidade, se possa desenvolver, como uma instituição orgânica e viva, posta pelo seu espírito científi co, pelo nível dos estudos, pela natureza e efi cácia de sua ação, a serviço da formação e desenvolvimento da cultura nacional. A despeito de todas as tentativas, a Reforma Francisco Campos não conseguiu pôr em prática o ideal de universidade que tinha movimentado educadores e intelectuais em 1920, apesar de não ter mantido o ensino superior nos moldes tradicionais anteriores. Desse modo, a Reforma Francisco Campos além de não modifi car solidamente a universidade imaginada pelos educadores nos anos 20, também não refl etiu na política do Governo Vargas ao longo do seu primeiro mandato (1930-1945). “Esse período assistiria à criação de dois projetos universitários que teriam continuidade, o da Universidade de São Paulo e da Universidade do Brasil, e o projeto frustrado da Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro” (SAMPAIO, 1991, p. 11). Em suma, a concepção da universidade em nosso país signifi cou um processo de sobreposição de modelos, do que efetivamente de substituição, isto é, reuniu em muitos casos faculdades já existentes. A universidade, com forte tendência à pesquisa, foi parcialmente instituída com a fundação da USP em 1934, no restante foi preservado o antigo modelo de formação para profi ssões, o que mudaria de certa forma com a Reforma Universitária de 1968, nosso próximo assunto. A ReForma Universitária de 1968 Após o fi nal da ditadura Vargas, teve início a redemocratização no Brasil, confi rmada com a promulgação de uma nova Constituição em 1946, que se distinguiu por ter caráter liberal em suas premissas. Já nesse período, fi nal dos anos de 1940 e começo dos anos 1950, surge nas universidades a vontade de mudanças, principalmente por uma autonomia universitária, tanto interna como externa. Eram os ventos das mudanças. Final dos anos de 1940 e começo dos anos 1950, surge nas universidades a vontade de mudanças, principalmente por uma autonomia universitária, tanto interna como externa. 31 PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL Capítulo 1 A partir dos anos de 1960, a União Nacional dos Estudantes (UNE) buscava em seus seminários exigir uma reforma universitária, vinculada, é claro, com mudanças estruturais e políticas do país. No entanto, entre abril de 1964 até 1967, as discussões no movimento estudantil foram centralizadas especialmente em dois pontos: “[...] a) revogação dos acordos MEC/USAID; b) revogação da Lei Suplicy (Lei nº 4.464, de 9.11.1964), pela qual a UNE foi substituída pelo Diretório Nacional de Estudantes” (FÁVERO, 2006, p. 20). Ramos (2011) lembra que nesse período, um pouco antes do golpe militar que ocorreu em 1964, a comunidade acadêmica tinha iniciado a discussão em torno da necessidade da reforma universitária, envolvendo a criação de institutos de pesquisa, a modifi cação da estrutura da carreira docente, o reajuste salarial dos professores e a assistência aos estudantes, através de bolsas, alimentação, alojamento etc. No começo do ano de 1968, uma intensa mobilização de estudantes, avivada por intensos debates nas universidades, exigiu do governo medidas que solucionassem os problemas educacionais mais graves, principalmente a falta de vagas. A resposta do governo militar ocorreu com o Decreto n. 62.937, de 02.07.1968, que criou um Grupo de Trabalho (GT) encarregado de estudar, em caráter de urgência, as medidas que deveriam ser tomadas para resolver a crise da universidade. Veja: No relatório fi nal desse grupo aparece registrado que essa crise sensibilizou diferentes setores da sociedade, não podendo deixar de exigir do governo uma ação efi caz que enfrentasse de imediato o problema da reforma universitária, convertida numa das urgências nacionais. Entre as questões levantadas, o relatório chama a atenção para o fato de a universidade brasileira estar organizada à base de faculdades tradicionais que, apesar de certos progressos, em substância, ainda se revelam inadequadas para atender às necessidades do processo de desenvolvimento, que se intensifi cou na década de 1950, e se conserva inadaptada às mudanças dele decorrentes. A universidade se expandiu, mas, em seu cerne, permanece a mesma estrutura anacrônica a entravar o processo de desenvolvimento e os germes da inovação (FÁVERO, 2006, p. 18). Dentre as medidas da reforma que tiveram por objetivo a produtividade e a efi ciência da universidade, principalmente as públicas, destacam-se: “[...] o sistema departamental, o vestibular unifi cado, o ciclo básico, o sistema de créditos e a matrícula por disciplina, bem como a carreira do magistério e a pós-graduação” (FÁVERO, 2006, p. 18). Muitas dessas mudanças permanecem até os dias atuais, mas o que se discute hoje em relação ao ensino superior, não é tanto sua organização, mas sim seu alcance social e econômico para o país, assunto que será discutido nos próximos capítulos! 32 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil Para conhecer um pouco mais sobre a reforma universitária de 1968, leia com atenção o seguinte texto: LIRA. A. T. N. As bases da reforma universitária da ditadura militar no Brasil. Disponível em: <http://goo.gl/BkulTo>. Acesso em: 16 fev. 2016. Atividades de Estudos: 1) Em que ano e em que contexto a primeira universidade brasileira ofi cial foi criada? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Durante o Período Vargas, uma importante reforma foi implementada na educação. Quais foram os principais aspectos dessa reforma para o setor? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Descreva o que foi a reforma universitária de 1968 e o que ela modifi cou no modelo de ensino superior do Brasil. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 33 PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL Capítulo 1 Algumas Considerações Caro pós-graduando! Chegamos ao fi nal do primeiro capítulo. Esperamos que a leitura deste material tenha despertado não só o conhecimento sobre a educação superior brasileira, mas também, a vontade de conhecer mais. Faça isso, leia as indicações sugeridas no próprio texto do livro de estudos! Algumas considerações são necessárias para encerrar este capítulo! De forma não muito consensual, alguns historiadores defendem a ação dos jesuítas no Brasil durante 210 anos, outros porém, criticam veemente esse trabalho educativo. A educação praticada pelos jesuítas perpassou toda a época colonial, chegando a infl uenciar práticas desde o Império até a República. Essa educação criou uma cultura importada, com infl uência notadamente europeia. No entanto, não podemos esquecer que os padres jesuítas foram os orientadores sociais e intelectuais da colônia por mais de dois séculos e que, seguramente, sem eles teria sido impossível ao conquistador português conservar a coesão da sua cultura e da sua civilização. Isso era coerente com a ação educacional jesuítica, pois procedia com seus objetivos principais na colônia, a conversão do gentio à fé cristã.A obra jesuítica também apresentou papel fundamental e acabou contribuindo de forma determinante para que o governo de Portugal alcançasse seus objetivos na colonização e no povoamento da colônia brasileira na América. Todavia, os primeiros ensaios do ensino superior no Brasil somente aconteceriam muito após a vinda dos primeiros colonizadores, ou seja, apenas com a chegada da família real portuguesa em terras brasileiras em 1808. Nesse momento surgiu, de fato, o ensino superior no Brasil, com uma preocupação basicamente profi ssionalizante. As universidades demoraram para serem criadas em nosso país, pois somente na década de 1920 e 1930 surgiram universidades com estatuto próprio. Por fi m, a ditadura militar empreendeu uma reforma universitária caracterizada pela racionalização e com forte teor político ideológico. ReFerÊncias CARVALHO, C. et al. Educação jesuítica: contexto, surgimento e desdobramentos. Revista Eletrônica de Ciências da Educação, Campo Largo, v. 7, n. 2, nov. 2008. FÁVERO, M. L. A. A universidade no Brasil: das origens à reforma universitária de 1968. Curitiba: Educar, 2006. 34 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil MACHADO, A. História da educação. 3. ed. Florianópolis: UDESC, 2002. RAMOS, F. P. História e política do ensino superior no Brasil: algumas considerações sobre o fomento, normas e legislação. 2011. Disponível em: <http://goo.gl/iVZMVD>. Acesso em: 16 fev. 2016. ROCHA, M. A. S. A educação pública antes da independência. 2005. Disponível em: <http://goo.gl/0XDQbV>. Acesso em: 16 fev. 2016. SAMPAIO, H. Evolução do ensino superior brasileiro, 1808–1990. 1991. Disponível em: <http://nupps.usp.br/downloads/docs/dt9108.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2016. SANTOS, A. P. Ensino superior: trajetória histórica e políticas recentes. 2009. Disponível em: <https://goo.gl/uI5eYN>. Acesso em: 14 fev. 2016. SHIGUNOV NETO, A.; MACIEL, L. S. B. O ensino jesuítico no período colonial. Curitiba: Editora UFPR, 2008. CAPÍTULO 2 Os Modelos Contemporâneos de Educação: Liberal e Neoliberal A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Defi nir as principais caraterísticas do liberalismo e sua relação com a educação. Conhecer o neoliberalismo e sua aplicabilidade na educação. Analisar os pontos comuns entre liberalismo e neoliberalismo. 36 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil 37 OS MODELOS CONTEMPORÂNEOS DE EDUCAÇÃO: LIBERAL E NEOLIBERALLIBERAL E NEOLIBERAL Capítulo 2 ConteXtualiZação “É possível renascer das cinzas, é possível e necessário lutar por um mundo mais justo e igualitário. Simplesmente porque a história ainda não terminou”. Frigotto O conceito de neoliberalismo pode ser sobreposto aos países que têm optado por ampliarem uma política de intervenção mínima. Adotando um discurso de maior autonomia e liberdade, tal política segue práticas muitas vezes centralizadoras, implantando, inclusive, uma política de mercado privativista sobre os direitos sociais básicos, como por exemplo, educação e saúde. No momento de crise muitos Estados são reorganizados, tanto nas esferas econômica, política como social. Nessas reorganizações, surge o pensamento liberal carregado de propostas, que têm como defesa o arranjo das sociedades em função dos interesses privados, empresariais e principalmente, do livre mercado. Conhecer um pouco sobre as modifi cações que vivemos hoje num mundo globalizado, é importante para que não sejamos tragados pela nova ordem mundial da atualidade. Dessa forma, vamos buscar elementos para entender essa “ideologia” vigente (não tão nova assim) que rege a economia e a política mundial. No segundo capítulo serão conhecidos, de forma concisa, os caminhos navegados por essa ideologia, tentando compreender seus pressupostos gerais e sua infl uência na educação. Caro pós-graduando, vamos conhecer um pouco sobre o liberalismo, deixando claro que o propósito não é abordar toda a história e os tipos de pensamento liberal, visto que o tema é vasto e amplo na sua forma de apresentar. O enfoque aqui vai ser, num primeiro momento, fazer uma conceituação do tema, para em seguida situar também o neoliberalismo e relacioná-lo com a educação. O Modelo Liberal na Educação O vocábulo liberal é originário do latim “liber” e signifi ca livre. Numa defi nição vulgar, liberal diz respeito a um pensamento político que aposta no limite do poder para proteger e lutar pelos direitos individuais. Essas ideias apareceram a partir dos pensadores iluministas do século XVIII (Montesquieu e John Locke), que defendiam a limitação do poder político ao afi rmarem “[...] que existiam direitos naturais e leis fundamentais de governo que nem os reis poderiam ultrapassar sob o risco de se transformarem em tiranos” (LAGE, 2016, p. 1). O vocábulo liberal é originário do latim “liber” e signifi ca livre. 38 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil Tais ideias também concordavam com o conceito de que a liberdade comercial deveria ser adequada a todos, defendendo de certa maneira o capitalismo em seu desígnio. Esse era o lado econômico do liberalismo, que proclamava a não intervenção do Estado na economia (produção e distribuição de riquezas), a não existência de medidas protecionistas e, principalmente, a livre concorrência comercial. Pensadores como David Ricardo, Adam Smith e Malthus defenderam essas ideias. Assim, o liberalismo não pode ser percebido como um amontoado de ideias desarticuladas da realidade, mas uma ideologia, uma forma de pensar da sociedade burguesa, resultado do avanço do capitalismo do século XVIII e XIX. A classe burguesa usou as ideias liberais para fundamentar o modo de produção capitalista, abolindo os resquícios da ordem medieval. Agora vamos conhecer um pouco mais sobre ele! O termo liberalismo pode ser entendido como um conjunto de ideias que tem como intenção garantir a liberdade individual e igualmente a propriedade privada. Nesse caso, o estado liberal seria concebido como garantidor dos direitos naturais e intangíveis do indivíduo. Porém, o pensamento liberal, assim como outras tantas formulações ideológicas, não ocorreu abstratamente num vazio histórico. Vejamos: Assim como o marxismo, o keynesianismo, o fascismo, entre outras doutrinas, o liberalismo é historicamente datado. Apesar de o temo “liberal” ser utilizado desde o século XIV, os primórdios do liberalismo enquanto corrente de pensamento estruturada advêm das revoluções inglesas do século XVII, tendo se expandido pelo continente europeu principalmente a partir da revolução francesa no fi nal do século XVIII. Tal doutrina obteve grande relevância no que diz respeito à luta contra o absolutismo monárquico e também no pensamento iluminista. Um dos maiores expoentes do pensamento liberal, sem dúvidas, foi o inglês John Locke, que desenvolveu suas ideias na passagem do século XVII para o XVIII. Segundo Marcelo Lira Silva, Locke contribuiu para a formação de uma concepção de Estado que rompia com os paradigmas absolutistas e que infl uenciou posteriormente, outros pensadores ligados ao liberalismo (LEIBÃO, 2015, p. 224). Para Heywood (2010), o liberalismo só se concretizou como um princípio político propriamente dito no século XIX. Como qualquer outra forma de pensamento político, social ou econômico, o liberalismo não pode ser visto de maneira alguma como se fosse um modo de pensamento homogêneo. Ao longo da história, dentro do pensamento liberal, desenvolveram-se uma série de divergências no que diz respeito à economia, política, cultura e também educação. O termo liberalismo pode ser entendido como um conjunto de ideias que tem como intenção garantir a liberdade individual e igualmente a propriedade privada. 39 OS MODELOS CONTEMPORÂNEOS DE EDUCAÇÃO: LIBERAL E NEOLIBERALLIBERAL E NEOLIBERAL Capítulo 2 Aqui, caropós-graduando, é importante apresentar dois conceitos-chave para entender o liberalismo, ou seja, o de indivíduo e o de liberdade. Vamos conhecê-los? Por que os liberais defendem a primazia do indivíduo? Essa defesa não ocorreu a partir de uma mera abstração, contudo foi desenvolvida a partir de um contexto histórico bastante específi co. Veja: Tratava-se da formação da sociedade industrial capitalista, resultante do crescimento econômico e político da burguesia europeia. Diferentemente do modo de produção que havia precedido a industrialização e o capitalismo (o feudalismo), com o advento da revolução industrial na segunda metade do século XVIII e a crescente urbanização da sociedade europeia nos séculos que a seguiram, a individualidade do ser humano, segundo este autor, adquiriu um valor que muitas vezes é negligenciado pelos estudiosos do assunto. No período feudal, por exemplo, o indivíduo não era visto como a célula mais importante de uma sociedade, mas sim as famílias, os povoados, as comunidades locais e os estamentos. Isso signifi ca dizer que as relações sociais, alianças políticas e até as alianças matrimoniais aconteciam em decorrência dos interesses familiares, coletivos ou estamentais e não em função das motivações individuais dos seres humanos. Esta mudança político-cultural não ocorreu por acaso, mas sim devido a um processo de elevação da burguesia enquanto classe dominante. Processo este que não ocorreu naturalmente, tampouco sem confl itos na passagem do antigo regime para a ascensão político-econômica da burguesia (LEIBÃO, 2015, p. 224). Como visto anteriormente, a ideia de indivíduo deu origem também ao termo individualismo, que pode ser entendido como um tipo de sociedade que dá uma importância excessiva ao indivíduo em prejuízo do corpo social e coletivo. Por conseguinte, o indivíduo permaneceria no centro de toda a teoria social e política para a explicação dos fenômenos sociais. Esse princípio geral fez com que os liberais criassem uma série de entendimentos sobre diversos fenômenos sociais. Tal fato construiu uma visão comportamental do ser humano, na qual ele é naturalmente egoísta e interesseiro (HEYWOOD, 2010). E o papel do Estado nessa questão? Para um dos grandes estudiosos do tema, Norberto Bobbio, o liberalismo tem a característica de se aproximar das ideias democráticas, pois tanto o pensamento liberal quanto o democrático, partem do mesmo ponto de vista: o indivíduo. Isso só pode acontecer porque o liberalismo entende o O liberalismo tem a característica de se aproximar das ideias democráticas, pois tanto o pensamento liberal quanto o democrático, partem do mesmo ponto de vista: o indivíduo. 40 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil Estado como indivíduos que atuam politicamente e que estabelecem o mundo a partir das relações constituídas uns com os outros (BOBBIO, 2000). Para a maioria dos pensadores liberais, o Estado existe para assegurar a liberdade dos indivíduos. Geralmente os liberais acreditam que os indivíduos precisam de um mecanismo que permita exercer as suas liberdades e, para esse mecanismo, dão nome de Estado. Além disso, em linhas gerais, “[...] podemos dizer que, para o pensamento liberal, o Estado deve ter como uma das suas principais funções garantir as liberdades individuais dos seres humanos” (LEIBÃO, 2015, p. 225). Já que cabe ao Estado ser a garantia da liberdade dos indivíduos em uma determinada sociedade, assegurando que um não intervenha na liberdade do outro, torna-se imprescindível conhecer o segundo conceito importante do liberalismo: a noção de liberdade proposta por esse pensamento. Tal questão é de suma importância, porque a liberdade, de forma unânime, é defendida por praticamente todos os pensadores liberais do passado e da atualidade. Afi nal, o que é liberdade para os liberais? Vejamos o que diz Heywood (2010, p. 46) sobre o assunto: A defesa da liberdade é um princípio unifi cador para a ideologia liberal, sendo ela algo sem a qual a humanidade não poderia atingir a plena felicidade. A liberdade, no liberalismo defende que os indivíduos têm o direito de fazer suas próprias escolhas, como por exemplo, para onde ir, qual profi ssão seguir, onde morar, do que se alimentar, como se expressar, entre outros fatores. Ainda segundo este autor, ao destacar John Stuart Mill – um dos expoentes do pensamento liberal clássico – ele afi rma que este pensador possui uma postura libertária, uma vez que só defende a imposição de limites à liberdade do indivíduo quando esta põe em risco a liberdade de outros indivíduos. No entanto, um fator primordial para se entender o conceito de liberdade no liberalismo é a sua relação com a propriedade. Historicamente, o conceito de liberdade esteve atrelado ao direito de propriedade privada no pensamento dos liberais, principalmente por se tratar de uma ideologia que se volta especialmente para a burguesia (mas não somente para ela, é importante dizer). Em consonância com as ideias liberais praticadas no restante do mundo, também no Brasil desde o início do século XIX até boa parte do século XX, o liberalismo constituiu a ideologia predominante. Assim, o refl exo do pensamento liberal, adaptado às necessidades das elites políticas brasileiras, teve força política sufi ciente para se perpetuar. E mesmo que ainda no século XXI muitos educadores lutem visando o fortalecimento da escola pública, somente pelo fato dela existir e até hoje ser gratuita, pode ser considerado uma vitória, pois o Estado brasileiro 41 OS MODELOS CONTEMPORÂNEOS DE EDUCAÇÃO: LIBERAL E NEOLIBERALLIBERAL E NEOLIBERAL Capítulo 2 ao longo da sua história fez questão de garantir a educação, principalmente para uma elite econômica e bem situada fi nanceiramente, esquecendo até bem pouco tempo da maioria da população trabalhadora (LEIBÃO, 2015). Atividades de Estudos: 1) Elabore uma síntese sobre o que é liberalismo. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Qual é o papel do Estado para o liberalismo? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Caro pós-graduando, a partir desse quadro geral sobre do liberalismo é possível relacioná-lo com a educação? Como a educação é concebida por esse ideário de pensamento? Ora, para o liberalismo a educação é idealizada como uma ação apropriada para mudar a realidade social, econômica e política onde está inserida e, também, contribuir para a emancipação humana (individualidade e liberdade) que é o princípio basilar do próprio liberalismo. Você acha que a partir do ideário liberal a educação pode emancipar o homem e mudar a realidade individual e social de uma determinada sociedade? 42 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil O Modelo Neoliberal na Educação Após adentrarmos em discussões tão densas e que, certamente, não se esgotam nestas breves páginas, agora é importante conhecer um pouco sobre o neoliberalismo e suas conexões com a educação! De maneira rápida, o neoliberalismo se defi ne como uma doutrina ou ideologia que na atualidade vem ganhando força, apoio e atração dos governos em âmbito local, nacional e internacional, constituindo, por isso, os modelos de política econômica de muitos países no mundo. Pelo próprio nome não é difícil saber que o neoliberalismo (novo liberalismo) reivindica à cena as ideias socioeconômicas conhecidas como liberalismo.
Compartilhar