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E-Book 2 Yara Garbelotto Ética, Sustentabilidade e Responsabilidade Social NESTE E-BOOK: Introdução ���������������������������3 normas e certIfIcações aBnt �������� 4 Normas Técnicas ��������������������������5 Certificações ������������������������������9 IndIcadores ethos para negócIos sustentáveIs e responsáveIs ������������������������� 11 Balanço socIal ����������������������14 Modelo IBASE de balanço social ��������� 15 gloBal reportIng InItIatIve ����������� 17 agenda 2030 e os oBjetIvos de desenvolvImento sustentável �������� 20 pacto gloBal (gloBal compact) ����� 23 consIderações fInaIs ���������������� 26 síntese ����������������������������� 27 Introdução De acordo com Ashley (2005), o conceito de responsabilidade social corporativa vem amadu- recendo quanto à capacidade de sua operaciona- lização e mensuração. Essa afirmação pode ser comprovada quando observamos a quantidade e a qualidade dos diversos instrumentos que foram desenvolvidos nesses quase 30 anos de evolução do conceito de gestão empresarial responsável, de indicadores a modelos de rela- tórios, de acordos voluntários a certificações. Para Félix e Borda (2009), esses são caminhos concretos e delimitados que podem ser percor- ridos pelas empresas, e todos os documentos possuem pontos convergentes com o tripé da gestão responsável (ética, responsabilidade social e sustentabilidade). Vamos apresentar a você alguns dos instrumentos mais difundidos, lembrando que este campo do conhecimento encontra-se em constante aper- feiçoamento e a busca por novos instrumentos deve ser permanente em sua jornada profissional! 3 normas e certIfIcações aBnt A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma entidade privada sem fins lucra- tivos responsável pela elaboração das normas brasileiras que, desde 1950, atua também na avaliação da conformidade e dispõe de progra- mas para certificação de produtos, sistemas e rotulagem ambiental (ABNT, 2019). A ABNT é membro fundador da International Organization for Standardization (ISO) e de ou- tras associações e comissões internacionais de normalização. A ISO é uma organização não governamental estabelecida em 1947, integrada por organismos nacionais de normalização. Ao promover o desenvolvimento da normalização no mundo, busca facilitar o intercâmbio comer- cial e a prestação de serviços entre os países (ABNT, 2019). A área de atuação, tanto da ABNT quanto da ISO, é muito ampla, englobando de produtos a serviços. Apresentaremos aqui somente os documentos de interesse da disciplina, porém recomendamos uma visita ao site da ABNT para você conhecer outras normas, sistemas de gestão e certificações. Disponível em: http://www.abnt.org.br. Acesso em: 02 fev. 2019. SAIBA MAIS 4 Normas Técnicas De acordo com a ABNT (2019), denomina-se norma o documento estabelecido por consen- so e aprovado por um organismo reconhecido que fornece regras, diretrizes ou características mínimas para atividades ou para seus resulta- dos, visando a obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto. As normas são, por princípio, de uso voluntário (ou seja, não são obrigatórias por lei), mas geral- mente são adotadas pelas empresas, uma vez que representam o consenso sobre o estado da arte de determinado assunto, obtido entre especialistas das partes interessadas. Alguns países adotam a obrigatoriedade de segui- -las, ao menos em áreas ou produtos específicos. No Brasil, o Código de Defesa do Consumidor determina esse aspecto. Considerando-se que as normas asseguram as características desejáveis de produtos e servi- ços (como qualidade, segurança e eficiência, por exemplo), fornecer um produto ou serviço que não siga a norma aplicável implica esfor- ços adicionais para introduzi-lo no mercado, que incluem a necessidade de demonstrar-se de forma convincente que o produto atende às necessidades do cliente. ABNT NBR ISO 14001:2015 | Sistemas de gestão ambiental – requisitos com orientações para uso 5 Especifica os requisitos para um sistema de gestão ambiental que uma organização pode usar para aumentar seu desempenho ambiental. É destinada a organizações que buscam sistema- tizar o gerenciamento de suas responsabilidades ambientais. ABNT NBR ISO 14004:2018 | Sistema de gestão ambiental – diretrizes gerais para a implementação Orienta a organização para o estabelecimento, a implementação, a manutenção e a melhoria de um sistema de gestão ambiental robusto, crível e confiável. ABNT NBR ISO 14050:2012 | Gestão Ambiental – vocabulário Esta norma define os termos de conceitos fun- damentais relacionados à gestão ambiental, publicados na série de normas ABNT NBR ISO 14000. ABNT NBR ISO 14063:2009 | Gestão Ambiental – Comunicação Ambiental – diretrizes e exemplos Fornece as diretrizes sobre princípios gerais, política, estratégia e atividades relacionadas à comunicação ambiental, tanto interna quanto externa. Esta norma usa abordagens compro- vadas e reconhecidas para a comunicação, adaptadas às condições específicas existentes na comunicação ambiental. Ela se aplica a todas 6 as organizações que, independentemente de seu porte, tipo, localização, estrutura, atividades, produtos e serviços, tenham ou não um sistema de gestão ambiental implementado. Para complementar seu conhecimento sobre comunicação ambiental, ouça o podcast 1. PODCAST 1 ABNT NBR 16001:2012 | Responsabilidade social – sistemas de gestão – requisitos Estabelece os requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão da responsabilidade social, per- mitindo que a organização formule e implemente uma política e objetivos que levem em conta seus compromissos com: 1) a responsabilização; 2) a transparência; 3) o comportamento ético; 4) o respeito pelos interesses das partes; 5) o atendi- mento aos requisitos legais e outros requisitos subscritos pela organização; 6) o respeito às normas internacionais de comportamento; 7) o respeito aos direitos humanos e 8) a promoção do desenvolvimento sustentável. ABNT NBR ISO 20400:2017 | Compras Susten- táveis – Diretrizes Este documento fornece orientação para as organizações, independentemente de sua ativi- dade ou tamanho, integrarem a sustentabilidade às compras, como descrito na ABNT NBR ISO 7 https://famonline.instructure.com/files/68171/download?download_frd=1 26000. Destina-se às partes interessadas envol- vidas ou impactadas por processos e decisões de compras. ABNT NBR ISO 26000:2010 | Diretrizes sobre responsabilidade social Fornece orientações para todos os tipos de organizações, independentemente do porte ou localização, sobre conceitos, termos e definições referentes à responsabilidade social; histórico, tendências e características da responsabilidade social; princípios e práticas relativas à respon- sabilidade social; temas centrais e questões referentes à responsabilidade social; integração, implementação e promoção de comportamento socialmente responsável em toda a organização, por meio de suas políticas e práticas dentro de sua esfera de influência; identificação e enga- jamento de partes interessadas e comunicação de compromissos, desempenho e outras infor- mações referentes à responsabilidade social. ABNT NBR ISO 37001:2017 | Sistemas de ges- tão antissuborno – requisitos com orientações para uso Esta norma especifica requisitos e fornece orien- tações para o estabelecimento, a implementação, a manutenção, a análise crítica e a melhoria de um sistema de gestão antissuborno. O sistema pode ser independente ou integrado a um sistema de gestão global. 8 Certificações Certificação é um processo no qual uma entidade independente (3ª parte) avalia se determinado produto ou serviço atende às normas técnicas. O resultado satisfatório dessas atividades leva à concessão da certificação e ao direito de uso da marca de conformidade da empresa certifi- cadora (ABNT, 2019). É reconhecido, atualmente, que a obtenção de uma certificaçãoagrega valor à empresa e facilita a introdução de seus produtos ou serviços no mercado. Para a ABNT, a certificação garante a conformidade, a qualidade e a segurança, ele- vando o nível de produtos e serviços, reduzindo perdas e melhorando a gestão do processo produtivo. Existem diversas certificações e empresas cer- tificadoras no mundo todo. Apresentaremos aqui as três certificações emitidas pela ABNT que estão alinhadas à gestão responsável de modo geral: Sistema de Gestão Ambiental ABNT NBR ISO 14001 A conformidade do sistema de gestão da empresa com a norma ABNT NBR ISO 14001 envolve a revisão do processo produtivo visando a melhoria contínua do desempenho ambiental, controlando insumos e matérias-primas que representem desperdícios de recursos naturais. Certificar um 9 sistema de gestão ambiental significa comprovar junto ao mercado e à sociedade que a organiza- ção adota um conjunto de práticas destinadas a minimizar impactos que imponham riscos à preservação da biodiversidade. Responsabilidade Social ABNT NBR 16001 Para serem realmente eficientes, os procedimen- tos da organização precisam ser conduzidos dentro de um sistema de gestão estruturado. A partir daí, a certificação do sistema de gestão de responsabilidade social demonstrará ao mercado que a organização não existe apenas para ex- plorar os recursos econômicos e humanos, mas também para contribuir com o desenvolvimento social, por meio da realização profissional de seus colaboradores e da promoção de benefícios ao meio ambiente e às partes interessadas. Sistema de Gestão Antissuborno ABNT NBR ISO 37001 A norma ABNT NBR ISO 37001 especifica a implementação de políticas, procedimentos e controles que sejam razoáveis e proporcio- nais, de acordo com os riscos de suborno que a organização enfrenta. Cabe ressaltar-se que a conformidade com a norma não garante a eliminação dos riscos de suborno. O Procedimento Específico de Certificação de Sistemas de Gestão Antissuborno (PE-397) esta- belece o processo para concessão, manutenção e renovação da certificação para as empresas. 10 IndIcadores ethos para negócIos sustentáveIs e responsáveIs O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) criada em 1998, por um grupo de empresários e executivos, cuja missão é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente res- ponsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável (ETHOS, 2019). Desenvolve indicadores há bastante tempo, como forma de colaborar com as empresas interessa- das em se alinhar aos propósitos do instituto. O conjunto atual de indicadores foi elaborado de maneira convergente com a norma ABNT NBR ISO 26000 e as diretrizes do Global Reporting Initiative (GRI) versão G4, que será abordado à frente, entre outras iniciativas. Os indicadores são uma ferramenta de gestão que visa apoiar as empresas na incorporação da sustentabilidade e da responsabilidade social empresarial em suas estratégias de negócio, de modo que esse venha a ser sustentável e responsável. A ferramenta é composta por um 11 questionário que permite o autodiagnóstico da gestão da empresa, e um sistema de preenchi- mento on-line que possibilita a obtenção de relatórios, por meio dos quais é possível fazer o planejamento e a gestão de metas. O questionário é agrupado em 4 dimensões que se desdobram em 47 temas e subtemas e, posteriormente, em indicadores. Visão e Estratégia Temas: estratégias para a sustentabilidade; proposta de valor; modelos de negócios. Governança e Gestão Temas: código de conduta; engajamento das partes interessadas; comunicação com responsabilidade social e práticas anticorrupção, entre outros (16 no total). Social Temas: monitoramento de impactos do negócio nos direitos humanos; trabalho infantil na cadeia de suprimentos; promoção da diversidade e equidade e estratégia de comunicação responsável e educação para o consumo consciente, entre outros (17 ao todo). Ambiental Temas: adaptação às mudanças climáticas; prevenção da poluição; uso sustentável de recursos materiais e logística reversa, entre outros (11 no total). FIG 1 Figura 1: Categorias do questionário. A empresa seleciona quais temas e indicadores quer preencher no sistema on-line, de acordo com o porte de sua empresa, e um relatório- -diagnóstico é gerado automaticamente. 12 https://indicadoresethos.ethos.org.br/Login.aspx?ReturnUrl=%2f https://indicadoresethos.ethos.org.br/Login.aspx?ReturnUrl=%2f O Instituto Ethos desenvolveu 3 videoaulas para apresentar de maneira didática seus indi- cadores e o sistema on-line de preenchimento de informações. Vale a pena conhecer melhor esta ferramenta para negócios sustentáveis e responsáveis: Episódio 1. Disponível em: https://www.you- tube.com/watch?v=VGLOEZhr7ds Episódio 2. Disponível em: https://www.you- tube.com/watch?v=QMa65oPUia8 Episódio 3. Disponível em: https://www.you- tube.com/watch?v=4Ajza1qB1m8 Acesso em: 02 fev. 2019. SAIBA MAIS 13 https://www.youtube.com/watch?v=VGLOEZhr7ds https://www.youtube.com/watch?v=VGLOEZhr7ds https://www.youtube.com/watch?v=QMa65oPUia8 https://www.youtube.com/watch?v=QMa65oPUia8 https://www.youtube.com/watch?v=4Ajza1qB1m8 https://www.youtube.com/watch?v=4Ajza1qB1m8 Balanço socIal O balanço social é um instrumento de gestão e de informação que busca demonstrar quantitativa e qualitativamente o papel desempenhado pelas empresas no plano social, tanto internamente quanto na comunidade (FÉLIX; BORDA, 2009; TINOCO, 2010). O balanço social deve ser publicado anualmen- te pelas empresas que o adotam, permitindo seu acesso aos acionistas, empregados e comunidade. Para Tinoco (2010), o balanço social deve tratar de cinco aspectos básicos: balanço de pes- soas (recursos humanos); demonstração de valor adicionado (DVA); indicadores ambientais; responsabilidade social e pública e atividades exercidas pela entidade. A DVA é um termo da contabilidade que denuncia a origem desta proposta, baseada no balanço financeiro que todas as empresas elaboram anualmente. Conheça um pouco mais em nosso podcast 2. PODCAST 2 14 https://famonline.instructure.com/files/68172/download?download_frd=1 Modelo IBASE de balanço social O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econô- micas (IBASE) é uma organização de cidadania ativa, sem fins lucrativos, fundada em 1981 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. O instituto elaborou seu primeiro modelo de ba- lanço social em 1997, o qual passou por diversas modificações e atualizações desde então. O modelo do IBASE para o balanço social apre- senta dados e informações de dois exercícios anuais por meio de uma tabela bastante simples e direta, que deve ser publicada e amplamente divulgada (IBASE, 2019). No modelo sugerido, a sociedade e o mercado são os grandes auditores do processo e dos resultados alcançados (TINOCO, 2010). A estrutura base do relatório contém 43 indica- dores quantitativos e 8 indicadores qualitativos, organizados em 7 categorias: 15 FIG 2 Base de cálculo são as três informações financeiras que servem de base de cálculo percentual para grande parte das informações apresentadas: receita líquida, resultado operacional e folha de pagamento bruta. Indicadores sociais internos deve conter todos os investimentos internos, obrigatórios e voluntários, que a empresa realiza para seu corpo funcional. Por exemplo: previdência privada, encargos sociais compulsórios, capacitação profissional, auxílio-creche etc. Indicadores sociais externos apresenta os investimentos voluntários da empresa direcionados à sociedade em geral ou a alguma comunidade externa relacionada aos objetivos ou interesses da organização, tais como projetos nas áreas de saúde, educação ou cultura. Indicadores ambientais contém os investimentos realizados para mitigar ou compensar os impactos ambientais geradose também os investimentos com vistas a melhorar a qualidade ambiental do processo produtivo da empresa. Indicadores do corpo funcional devem ser apresentadas as informações que demonstram o relacionamento da empresa com seu público interno, tais como criação de postos de trabalho, quantidade de estagiários, uso de trabalho terceirizado e valorização da diversidade (étnica, de gênero, de faixa etária, pessoas com deficiência). Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial nesta categoria devem estar as informações das ações relacionadas aos públicos que interagem com a organização. Em sua maioria, são indicadores qualitativos que mostram como está a participação interna e a distribuição dos benefícios. Outras informações espaço reservado e amplamente utilizado para a divulgação de informações consideradas relevantes para a compreensão de suas práticas sociais e ambientais. Figura 2: Categorias de indicadores qualitativos O IBASE possui modelos específicos para micro e pequenas empresas, para cooperativas, para instituições de ensino, fundações e organizações sociais (IBASE, 2019). 16 gloBal reportIng InItIatIve O Global Reporting Initiativa (GRI) é um modelo pioneiro para a elaboração de balanços sociais ou relatórios, desenvolvido em 1997 pela Coaliton for Environmentally Responsible Economies. Em 2003 a GRI tornou-se uma organização internacional independente que promove o padrão GRI para relatórios de sustentabilidade e revisa periodi- camente suas diretrizes por meio de consulta a organizações de todo o mundo (FÉLIX; BORDA, 2009; GRI, 2019). A versão atualmente em vigor denomina-se GRI Standards (Padrão GRI). Foi elaborada em 2016 e iniciou sua vigência oficial em 1º de julho de 2018. Por ser bastante recente, é importante você ficar atento a qual versão do GRI a literatura consultada se debruça para análise. As pu- blicações de Laasch e Conaway (2015) e de Félix e Borda (2009), por exemplo, referem-se à versão G3, lançada em 2006. Os Indicado- res do Instituto Ethos utilizam a versão G4, lançada em 2013. De maneira geral, o modelo GRI foi desenvol- vido para aprimorar a comparabilidade global e a qualidade das informações sobre os im- pactos econômicos, sociais e ambientais das FIQUE ATENTO 17 organizações, possibilitando maior transparência e responsabilidade sobre os impactos gerados e seu gerenciamento (GRI, 2019). De acordo com Laasch e Conaway (2015), as diretrizes da GRI fornecem o modelo de relató- rio mais utilizado no mundo corporativo e sua relevância pode ser atribuída à criação de uma linguagem comum para organizações e partes interessadas, com a qual os impactos econô- micos, ambientais e sociais das organizações podem ser comunicados e compreendidos. Os autores ilustram os princípios básicos envol- vidos na elaboração do relatório GRI (Tabela 1), os quais podem ser divididos em dois grupos: o primeiro grupo subdivide-se entre os princípios que ajudam a definir o conteúdo e os princípios que asseguram a qualidade do relatório; o se- gundo grupo de princípios estabelece os limites do relatório. Em outras palavras, há princípios estabelecidos para o relatório em si (seleção de conteúdo e qualidade das informações) e há prin- cípios estabelecidos para pensar sobre o impacto do relatório junto a suas partes interessadas. Ainda de acordo com Laasch e Conaway (2015), a transparência representa o valor que está por trás de todos os aspectos dos relatórios GRI. Ela abrange a divulgação completa de processos, procedimentos e pressupostos na preparação do relatório. 18 Para saber mais sobre o assunto, ouça o pod- cast 3. PODCAST 3 PRINCÍPIOS ORIENTADORES Conteúdo do relatório Qualidade do relatório Limites do relatório Materialidade Exatidão Significância dos impactos Inclusão dos interessados Equilibrio Controle do poder Contexto da sustentabilidade Comparabilidade Influência Integralidade Clareza Desafios Periodicidade Confiabilidade Tabela 1: Princípios orientadores da elaboração de relatório GRI. Fonte: adaptado de Laasch; Conaway (2015, p. 455). 19 https://famonline.instructure.com/files/68173/download?download_frd=1 agenda 2030 e os oBjetIvos de desenvolvImento sustentável No ano 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou uma iniciativa ousada: os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, uma agenda voltada à erradicação da pobreza e estímulo ao desenvolvimento, a qual orientou diversas ações da ONU entre 2000 e 2015. Esse programa evidenciou que estabelecer-se objetivos globais é um eficiente mecanismo para se alcançar melhores resultados de desenvol- vimento, de modo que em setembro de 2015 a ONU convocou a Cúpula do Desenvolvimento Sustentável, com o objetivo de propor uma nova agenda de desenvolvimento para o período de 2015 a 2030 (ONU BRASIL, 2019). Essa nova agenda estabelece 17 grandes objetivos e 169 metas, e todos os países signatários – Bra- sil incluso – comprometeram-se a empreender esforços para alcançá-los. 20 erradicação da pobreza fome zero e agricultura sustentável saúde e bem-estar educação de qualidade igualdade de gênero água potavel e saneamento trabalho decente e crescimento econômico indústria, inovação e infraestrutura redução das desigualdades cidades e comunidades sustentáveis consumo e produção responsáveis ação contra a mudança global no clima vida na água vida terrestre paz, justiça e instruções eficazes parcerias e meios de im- plementação energia limpa e acessível Objetivos de desenvolvimento sustentável 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 FIG 3 Figura 3: Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Fonte: Organização das Nações Unidas. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015. Acesso em 04 fev. 2019 21 Cabe aos governos nacionais adequar as metas e indicadores para sua realidade e incentivar que todo o conjunto da sociedade se envolva no cumprimento deste desafio global. Para conhecer um pouco mais sobre cada um dos 17 objetivos ouça o podcast 4. PODCAST 4 As empresas possuem um papel estratégico nesse programa, não apenas apoiando políticas públicas e acompanhando os resultados, mas, principalmente, incorporando em sua estrutura uma gestão responsável que valorize o equilíbrio entre crescimento econômico, inclusão social e proteção ao meio ambiente (ONU BRASIL, 2019). A Agenda 2030 não é legalmente vinculante, ou seja, não tem peso de lei internacional. Po- rém, espera-se que os países se apropriem da agenda e estabeleçam um arcabouço nacional que permita alcançar-se os objetivos no prazo proposto (ONU BRASIL, 2019). O vídeo institucional de lançamento da Agenda 2030 fornece um panorama da importância desta agenda, que conta com apoio mundial de autoridades civis e religiosas. Disponível em: https://youtu.be/u2K0Ff6bzZ4 Acesso em: 01 fev. 2019. SAIBA MAIS 22 https://famonline.instructure.com/files/68174/download?download_frd=1 https://youtu.be/u2K0Ff6bzZ4 pacto gloBal O Pacto Global (Global Compact) nasceu da von- tade de mobilizar-se a comunidade empresarial do mundo para a adoção de valores fundamentais e internacionalmente aceitos em suas práticas de negócios. Foi viabilizado por meio da união de esforços do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento; do Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente, da Organização Internacional do Trabalho e da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (FÉLIX; BORDA, 2009; PACTO GLOBAL, 2019). Lançado no ano 2000, não é um instrumento regulatório, nem um código de conduta obriga- tório, mas uma iniciativa voluntária que fornece diretrizes para a promoção do crescimento sus- tentável e da cidadania, por meio de lideranças corporativas comprometidas e inovadoras (PACTO GLOBAL, 2019). De acordo com a iniciativa, atualmente são quase 13 mil signatários articulados em mais de 160 países. Fazem parte pequenas, médias e grandesempresas, além de organizações da sociedade relacionadas ao setor privado. O Pacto Global estabelece 10 princípios a serem observados, envolvendo quatro áreas: Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Combate à Corrupção. 23 Direitos Humanos 1. As empresas devem apoiar e respeitar a proteção de direitos humanos reconhecidos internacionalmente; 2. Assegurar-se de sua não participação em violações destes direitos. Trabalho 3. As empresas devem apoiar a liberdade de associação e o reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva; 4. A eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório; 5. A abolição efetiva do trabalho infantil; 6. Eliminar a discriminação no emprego. Meio Ambiente 7. As empresas devem apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais; 8. Desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidade ambiental; 9. Incentivar o desenvolvimento e difusão de tecnologias ambientalmente amigáveis. Anticorrupção 10. As empresas devem combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina. 24 Ao aderir ao Pacto Global, a organização assume o compromisso de implementar os 10 princípios em suas estratégias de negócio e operações diárias e, para tornar esse compromisso público e transparente, deve publicar relatórios periódicos sobre os progressos realizados. Há duas modalidades de relatórios: A Comuni- cação de Progresso (COP), relatório específico para empresas, que deve ser enviado anualmente, e a Comunicação de Engajamento (COE), para participantes sem atividades empresariais, que deve ser enviado a cada dois anos. O relatório deve ser enviado por meio do site do Pacto Global Nova York, havendo possibilidade de exclusão das organizações que não cumprirem os prazos estabelecidos. Você sabia que o Brasil possui uma rede de em- presas engajadas no Pacto Global? Saiba mais ouvindo o podcast 5. PODCAST 5 25 https://famonline.instructure.com/files/68175/download?download_frd=1 consIderações fInaIs Ao conhecermos e analisarmos os diversos instrumentos disponíveis para a operacionali- zação de uma gestão empresarial responsável, constatamos que os pilares da ética, da respon- sabilidade social e da sustentabilidade ambiental estão consolidados na sociedade deste início de século 21. São esses três pilares que dão sustentação às normas, indicadores e relatórios que vêm sendo desenvolvidos e aprimorados nos últimos 30 anos, e todos convergem para o consenso de que as empresas devem desenvolver um novo olhar sobre os ganhos econômicos, não os ignorando, obviamente, mas ampliando o entendimento do que é o ganho de uma empresa para além do retorno financeiro. Em uma sociedade cada vez mais complexa, falar de ética é mais do que escrever um código de conduta para ser fixado na parede do refei- tório; tratar de responsabilidade social é mais do que doar cestas básicas para as comunida- des carentes do entorno da empresa; cuidar da sustentabilidade ambiental é muito mais do que plantar árvores com os funcionários no Dia do Meio Ambiente. A gestão responsável de uma organização é o compromisso com a adoção, operacionalização e difusão de: [...] valores, condutas e procedimentos que induzam e estimulem o contínuo aperfeiçoa- mento dos processos empresariais, para que também resultem em preservação e melhoria da qualidade de vida da sociedade do ponto de vista ético, social e ambiental (TACHIZA- WA, 2015, p.68). 26 • Normas e certificações ABNT Ferramentas e sistemas de gestão responsável Principais ferramentas para operacionalização da gestão responsável • Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Resnponsáveis • Balanço Social • Global Reporting Initiative • Agenda 2030 e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável • Pacto Global síntese referêncIas ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Disponível em: https://www.abnt.org. br. Acesso em: 02 fev. 2019. ASHLEY, P. A. (Coord.). Ética e responsabilidade social nos negócios. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. ETHOS – INSTITUTO ETHOS. Disponível em: htt- ps://www.ethos.org.br. Acesso em: 02 fev. 2019. FÉLIX, J. D. B.; BORDA, G. Z. (Org.). Gestão da Comunicação e Responsabilidade Socioam- biental. São Paulo: Atlas, 2009. GRI – GLOBAL REPORTING INITIATIVE. Disponí- vel em: https://www.globalreporting.org. Acesso em: 01 fev. 2019. IBASE – INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E ECONÔMICAS. Disponível em: http:// ibase.br/pt/balanco-social. Acesso em: 02 fev. 2019. LAASCH, O.; CONAWAY, R. N. Fundamentos da gestão responsável: sustentabilidade, responsa- bilidade e ética. São Paulo: Cengage Learning, 2015. OIT – ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Disponível em: https://www.ilo. org/brasilia/lang-pt/index.htm. Acesso em: 30 jan. 2019. ONU BRASIL. Disponível em: https://nacoesuni- das.org/pos2015. Acesso em: 01 fev. 2019. PACTO GLOBAL. Disponível em: http://pactoglo- bal.org.br. Acesso em: 01 fev. 2019. TACHIZAWA, T. Gestão Ambiental e Respon- sabilidade Social Corporativa: estratégias de negócios focadas na realidade brasileira. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2015. TINOCO, J. E. P. Balanço social e o relatório da sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2010. _30j0zll _7nzq956q7soh _GoBack _y49m4p870s0p _g6lfpzgnbo5c _iydcrvhj5m6i _9o1buc127fvn _j85jfo3w267v _liww7vmg3tze _vqztuy262dqx _e9fthueyktrz _q8k62mu8f2p8 _qg7vvxxshz74 _bhfrypjsgotq _1fob9te _4xt6xigy4q0y _gizn1jgw1b40 _9qii269i7pu3 _vsviyh20ixix _vh0fv7q2rcv1 _lfjdgr3ae9er _lzgx134fwm8t _nykwr3wsqd89 _q8uggifamip9 _6pwfb13iokzh _vdxwfdr09qoo _nmzfh75x0iza _uk9asjz2fj8h _rpc4o3g1jljj Introdução Normas e certificações ABNT Normas Técnicas Certificações Indicadores Ethos para negócios sustentáveis e responsáveis Balanço social Modelo IBASE de balanço social Global Reporting Initiative Agenda 2030 e os objetivos de desenvolvimento sustentável Pacto Global (Global Compact) Considerações finais Síntese bt_fwd: Page 1: bt_fwd 6: bt_fwd 5: bt_fwd 3: Page 28: Page 29:
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