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Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA 
LÍQUIDOS CORPORAIS 
LÍQUIDO PLEURAL: 
 O espaço entre os folhetos pleurais é preenchido 
por um ultrafiltrado de plasma, denominado 
líquido pleural, cuja função principal é a 
lubrificação da superfície pleural, facilitando os 
movimentos respiratórios. 
O volume desse fluido é pequeno, em torno de 1 
a 20 mL e apresenta baixa concentração de 
proteínas e células. As principais proteínas 
encontradas são: 
 Albumina; 
 Globulinas; 
 Fibrinogênio. 
Os principais tipos celulares são: 
 Monócitos; 
 Linfócitos; 
 Células Mesoteliais. 
 Uma quantidade excessiva de líquido pleural 
pode descompensar a ventilação por limitar a 
expansão dos pulmões durante a inalação, 
levando a uma insuficiência respiratória 
restritiva, que se manifesta por meio de dispneia. 
 
 
 
DERRAME PLEURAL- Aumento do volume desse fluido 
na cavidade, como resultado de um aumento da produção 
que excede a taxa de reabsorção. 
São classificados em: 
 LÍQUIDOS: 
 Etiologia: tuberculose, pneumonia e 
neoplasia. 
 Aspecto: serofibrinoso, hemático ou 
hemorrágico, purulento e quiliforme. 
 Localização: grande cavidade, interlobar 
e mediastínico. 
 GASOSOS: Ocorrem nos casos de pneumotórax 
(acúmulo de gases na cavidade pleural). 
 MISTOS: São observados nos caso de 
hidropneumotórax, hemopneumotórax e 
piopneumotórax. 
Entretanto, tradicionalmente ocorre uma 
simplificação na classificação, sobretudo para 
promover uma aproximação diagnóstica, na qual se 
classifica o derrame de acordo com a composição 
citológica e bioquímica, dividindo o derrame em 
transudatos e exsudatos. 
TRANSUDATOS: São derrames, de origem não 
inflamatória, que ocorrem como um aumento da 
formação do ultrafiltrado de plasma pela membrana 
pleural resultante de um desequilíbrio da pressão 
hidrostática ou osmótica. A maioria dos transudatos 
ocorre em condições clinicamente aparentes, como 
insuficiência cardíaca congestiva, cirrose com ascite e 
nefrose, e a presença desse transudato usualmente 
permite aos clínicos tratar a condição subjacente e 
observar a resolução do derrame. 
 
EXSUDATOS: Se desenvolvem como consequência de 
uma doença infecciosa, inflamatória ou neoplásica, como 
pneumonia, tuberculose e câncer, as quais aumentam a 
permeabilidade capilar e permitem que moléculas de alto 
peso molecular entrem na cavidade pleural. 
A contagem global de células é uma etapa muito 
importante para fazer a diferenciação da amostra entre 
transudato e exsudato. É realizada comumente em 
câmara de Neubauer. No entanto, pode ser realizada em 
qualquer retículo de contagem. 
 Contagem de leucócitos < 1000/ μL 
 Razão de proteínas líquido/soro < 
0,5 Proteínas totais < 3 g/dL 
 Razão de glicose líquido/soro < 0,5 
 Glicose > 60 mg/dL 
 Razão LDH líquido/soro < 0,6 
 Colesterol < 60 mg/dL pH = 7,6 
 Albumina soro – albumina líquido = 
1,6 ± 0,5 g/dL 
 Aparência = transparente (amarelo-
claro e límpido) 
 Amilase = de 0 a 130 UI/L 
 Densidade < 1,015 LDH < 200 UI/L 
 Coagulação espontânea = ausente 
 BD = 0,1-0,5 mg/dL 
 BT = 0,2-1,5 mg/dL 
 Triglicerídeos < 200 mg/dL 
 Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA 
 
COLETA DA AMOSTRA: 
TORACOCENTESE: (punção pleural, ou ainda punção 
torácica). É uma técnica, considerada pouco invasiva, que 
apresenta baixa morbidade, baixo custo e fornece grande 
eficiência diagnóstica. Para acessar a cavidade pleural 
com segurança, é necessário que haja uma quantidade 
mínima de líquido no espaço pleural, devendo ser 
analisada por uma radiografia com o paciente em 
decúbito lateral. 
A complicação mais frequente do procedimento é o 
pneumotórax, cuja incidência é de 3% a 19%. 
As amostras devem ser coletadas em três tubos para as 
análises microbiológicas, citológicas e bioquímicas: o tubo 
destinado à análise citológica deve conter EDTA ou 
heparina (1-2 gotas em 5 mL) e o tubo destinado para 
bioquímica não deve conter anticoagulante. Caso a 
amostra seja coletada em apenas um tubo, ela deve ser 
destinada primeiramente para análises microbiológicas, 
em seguida para análises citológicas e, após, para análises 
bioquímicas. 
TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO: 
É recomendado que a análise citológica seja iniciada 
imediatamente após a coleta, no entanto, caso não seja 
possível, a amostra pode ser refrigerada entre 2 °C e 8 °C 
durante 24 horas. Amostras coaguladas, envelhecidas ou 
sem correta identificação devem ser rejeitadas. 
PREPARO DA AMOSTRA: 
Na realização da contagem global de células, o setor de 
citologia deve utilizar a amostra de líquido pleural fresca, 
não centrifugada e devidamente homogeneizada (18), 
enquanto para a contagem diferencial de leucócitos deve-
se utilizar o sedimento obtido por centrifugação em baixa 
rotação seguido de ressuspensão em solução salina. Esse 
procedimento melhora sensivelmente a aderência das 
células na lâmina e a qualidade da preparação. Uma 
alíquota do líquido pleural deve ser identificada e 
armazenada em geladeira durante 30 dias para eventual 
realização de outras dosagens. 
EXAME FISICO: 
A visualização de cor e aspecto deve ser realizada antes e 
após a centrifugação da amostra, pois essas 
características auxiliam na identificação da etiologia do 
derrame. 
 
 
 
Coloração pré- 
centrifugação 
Coloração pós-
centrifugação 
Etiologia 
Amarelo-claro Amarelo-claro Transudato 
Róseo-vermelho Xantocrômico Parapneumônico 
Empiema 
Neoplasia 
Tuberculose 
Turvo Branco leitoso Quilotórax 
Linfoma Câncer 
Trauma 
Amarelo 
esbranquiçado 
Branco leitoso Pseudoquilotórax 
Doenças crônicas 
Artrite 
Reumatóide 
Tuberculose 
Resumo do Artigo: ANÁLISE CITOLÓGICA DO LÍQUIDO PLEURAL NO 
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ 
(UFPR). 
LÍQUIDO 
PERICARDICO: 
Normalmente apenas uma pequena quantidade (10 a 
50mL) de fluido é encontrada entre as membranas 
serosas do pericárdico. 
 
 Contagem de leucócitos > 1000/ μL 
 Razão de proteínas líquido/soro > 
0,5 Proteínas totais > 3 g/dL 
 Razão de glicose líquido/soro > 0,5 
 Glicose < 60 mg/dL 
 Razão LDH líquido/soro > 0,6 
 Colesterol > 60 mg/dL pH < 7,6 
 Albumina soro – albumina líquido = 
0,6 ± 0,4 g/dL 
 Aparência = opaca, turva 
 Densidade > 1,015 
 LDH > 200 UI/L 
 Coagulação espontânea = possível 
 Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA 
EFUSÕES PERICÁRDICAS: São, pincipalmente, o 
resultado de alterações na permeabilidade das 
membranas em razão de infecção (pericardite), neoplasia 
e trauma e produtor de exsudatos. 
Distúrbios metabólicos, como uremia, hipotireoidismo e 
doenças autoimunes são as principais causas de 
transudatos. 
A ocorrência de um derrame é suspeitada quando a 
compressão cardíaca (tamponamento) é observada 
durante o exame medico. 
Teste Signficado 
Aspecto: 
 
Claro, amarelo pálido. 
 
Laivos de sangue 
 
Microscopicamente 
sanguinolenta 
 
Leitoso 
 
 
Normal, transudato 
 
Infecção, neoplasia 
 
Punção cardíaca, 
medicação anticoagulante. 
 
Material quiloso e 
pseudoquiloso. 
Diferencial: 
 
Neutrófilos aumentados 
 
Células neoplásicas 
 
Antígeno 
carcinoembrionário 
 
Bacterioscópico e cultura 
 
Coloração para bacilos 
álcool acido resistentes 
 
Adenosina deaminase 
 
 
Endocardite bacterina 
 
Carcinoma metastático 
 
Carcinoma metastático 
 
 
Endocardite bacteriana 
 
Efusão tuberculosa 
 
 
Efusão tuberculosa 
TESTES LABORATORIAIS: 
 São principalmente dirigidos pra determinar se o 
fluido é exsudato ou transudato e incluem as 
relações de proteínas e de desidrogenase láctea 
entre fluido e soro. 
 As contagens de GBs são de pouco valor clínico, 
embora a contagem superior a 1000 GBs/uL, com 
uma elevada porcentagem de neutrófilos, pode 
ser indicativa de endocardite bacteriana. 
 O exame citológico do exsudato pericárdico para 
presença de células neoplásicas é uma parte 
importante da analise do fluido. As células mais 
frequentemente encontradas sãoresultantes de 
carcinoma de pulmão ou de mama metastático e 
se assemelham às encontradas no liquido 
pleural. 
 Culturas bacterianas e coloração de Gram são 
realizadas em fluidos concentrados quando se 
suspeita de endocardite. As infecções são em 
geral, causadas por infecções respiratórias 
prévias, incluindo Haemophilus, Streptococcus, 
Staphylococcus, adenovírus e coxsackievirus. 
 Colorações para bacilos álcool acido resistentes e 
teste de adenosina deaminase são 
frequentemente solicitados em efusões 
pericárdicas. 
LÍQUIDO PERITONEAL: 
 O líquido peritoneal ou ascítico se apresenta 
como uma ultrafiltração do plasma contido na 
cavidade peritoneal. Sua principal função é a 
proteção da cavidade abdominal, banhando-a e 
lubrificando-a, reduzindo, assim, o atrito entre os 
órgãos o que permite melhor mobilidade destes. 
 
DERRAME PERITONEAL: Acumulo de líquido na 
cavidade abdominal, seja por aumento da produção e/ou 
deficiência de remoção. O acúmulo de fluido dentro da 
cavidade peritoneal constitui uma efusão peritoneal, a 
qual assinala que o paciente possui ascite. Esta, por sua 
vez, pode ser classificada de acordo com o grau de 
severidade e resposta terapêutica, em ascite 
descomplicada, complicada e ascite refratária. 
A fim de se obter a confirmação etiológica da ascite, 
realiza-se um procedimento cirúrgico chamado 
paracentese, que consiste na remoção de líquido ascítico 
da cavidade peritoneal. 
Com a diferenciação do fluido em transudato ou 
exsudato, a determinação da diferença entre a 
concentração de albumina no soro e no líquido ascítico é 
de fundamental importância para o fornecimento de 
subsídios para uma posterior abordagem clínica e 
laboratorial. 
 Níveis maiores ou iguais a 1 g/dL associados a 
graus de proteínas inferiores a 3,0 g/dL sugerem 
 Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA 
o diagnóstico de cirrose. Naqueles casos em que 
a relação for menor ou igual a 1,1 g/dL, 
acompanhado da presença de níveis proteicos 
elevados, deveria se pensar em doença 
peritoneal e, quando ambos os parâmetros 
estivessem acima dos níveis críticos propostos, a 
hipótese seria de hipertensão portal pós-
sinusoidal. 
 Doenças crônicas do fígado, como a cirrose, 
associadas à hipertensão portal são as causas 
mais frequentes de ascite. Outras etiologias 
menos comuns, porém não menos importantes, 
incluem neoplasia maligna principalmente de 
ovário e mama, insuficiência cardíaca, 
nefropatia, tuberculose, doenças pancreáticas e 
peritonite bacteriana espontânea. Pacientes com 
grande derramamento de líquido ascítico podem 
desenvolver hérnias inguinais, umbilicais e 
incisionais. 
O diagnóstico precoce da ascite é extremamente 
importante, considerando que algumas formas são 
benignas e possuem bons prognósticos. No entanto, 
outras podem se expressar como forma de patologias 
muito agressivas, potencialmente letais, que, se não 
descobertas a tempo, podem apresentar poucas 
chances de cura. 
COLETA: 
Pacientes com sintomas e suspeita de ascite têm seu 
diagnóstico confirmado pela ultrassonografia, que detecta 
volumes variados de fluido e auxilia tanto no diagnóstico 
quanto na escolha do melhor local para a realização da 
paracentese. 
 Em geral, esse procedimento é seguro, mas os 
riscos iatrogênicos não são isentos. As principais 
complicações são relacionadas à perfuração de 
órgãos abdominais, desvio da agulha do local 
indicado, deposição de fragmentos do catéter no 
local da incisão e eventuais sangramentos. A 
técnica é contraindicada nos casos de paciente 
inconsciente não colaborativo com o 
procedimento, infecções na pele, gravidez e 
distensão intestinal. 
 Uma paracentese bem sucedida deve satisfazer 
aos seguintes critérios: 
 Quantidade suficiente de fluido na 
primeira coleta- (mínimo de 30 mL, se 
possível, pelo menos 100 mL) 
 Ausência de complicações 
 Mínimo de desconforto ao paciente 
durante o procedimento 
 O paciente é colocado em uma posição supina, 
com uma inclinação de 30° a 45° para a retirada 
de grandes volumes ou em decúbito lateral para 
a retirada de pequenos volumes. 
 A agulha utilizada possui calibre 22 e é anexada a 
uma seringa que pode variar de 20 a 50 mL. 
As amostras devem ser coletadas em três tubos 
identificados com nome, número de registro do 
paciente e data da coleta. O primeiro deve conter 
EDTA ou heparina (1 a 2 gotas para 5 mL) para a 
contagem global e diferencial. O segundo, sem 
anticoagulante, é utilizado para as análises 
bioquímicas, e o terceiro se destina à microbiologia e 
deve ser estéril. 
TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO: 
 A amostra deve ser analisada o mais rápido 
possível, no entanto, caso o exame citológico não 
possa ser realizado imediatamente após a coleta, 
a amostra deve ser refrigerada entre 2° e 8 °C 
para que suas características morfológicas sejam 
mantidas por até 48h. 
EXAME FÍSICO: 
O aspecto visual do derrame (citrino, hemorrágico, 
purulento, etc.) é o critério inicial para agrupar diversas 
hipóteses diagnósticas e direcionar para exames 
específicos de análise laboratorial, além de permitir 
adotar medidas terapêuticas imediatas, como a drenagem 
no caso de empiema. 
O aspecto e a coloração devem ser anotados antes e após 
a centrifugação. 
 Fisiologicamente, o líquido peritoneal ou ascítico 
é transparente, amarelo claro, estéril e viscoso. 
 Apresenta turbidez em virtude das infecções 
bacterianas. 
 Coloração esverdeada em perfurações do trato 
gastrointestinal, pancreatite e colecistite. 
 Aspecto leitoso que não clareia após a 
centrifugação em efusão quilosa ou 
pseudoquilosa. 
 Um líquido macroscopicamente hemorrágico 
deve ser diferenciado de punção traumática, 
evitando, assim, erros de diagnóstico. 
 Na punção traumática, o clareamento 
do fluido ascítico é observado no 
decorrer da paracentese. 
 N ascite hemorrágica, pequenas 
quantidades de sangue colorem 
aproximadamente um litro de líquido 
peritoneal de vermelho vivo e opaco, de 
modo que as impressões não podem ser 
lidas a partir do tubo de lavagem. Isso 
 Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA 
corresponde a uma contagem 
eritrocitária de 100.000/µL 
A contagem global de células é uma etapa muito 
importante para fazer a diferenciação da amostra entre 
transudato e exsudato. Os tipos celulares que podem ser 
encontrados no líquido peritoneal são os eritrócitos e as 
células nucleadas, que incluem leucócitos e células 
mesoteliais. A contagem global dessas células é realizada 
comumente em câmara de Neubauer. No entanto pode 
ser realizada em qualquer retículo de contagem. 
Resumo do Artigo: ANÁLISE CITOLÓGICA DO LÍQUIDO PERITONEAL. 
LIQUIDO 
CEFALORRAQUIDIANO: 
O líquido cefalorraquidiano (LCR) é um fluido aquoso que 
circula pelo espaço intracraniano, preenchendo o sistema 
ventricular, o canal central da medula e os espaços 
subaracnoides craniano e raquiano, representando a 
maior parte do fluido extracelular do sistema nervoso 
central (SNC). 
 
 Esse líquido apresenta diversas funções, entre 
elas, o fornecimento de nutrientes essenciais ao 
cérebro, a remoção de produtos da atividade 
neuronal do SNC e a proteção mecânica das 
células cerebrais. Estudos demonstram que um 
mecanismo homeostático eficiente do LCR é 
essencial para a atividade neuronal 
 A formação do líquor ocorre em duas etapas: 
 A primeira consta de uma filtração 
passiva do sangue pelo endotélio capilar 
coroidal, a qual é proporcional ao 
gradiente da pressão hidrostática entre 
o sangue e o fluido intersticial coroide. 
 A segunda consta de uma secreção ativa 
pelo epitélio monoestratificado, 
envolvendo bombas, cotransportadores 
e antiportadores, canais iônicos e 
aquaporinas, sendo esse um processo 
submetido à modulação neuroendócrina 
e hormonal. 
 Outra pequena parcela de LCR é 
produzida por células ependimais, as 
quais se localizamna região ventricular. 
O fluxo do LCR é pulsátil. Tanto a produção quanto a 
composição do LCR podem ser afetadas pela presença de 
tumores, infecções, traumas, isquemias e hidrocefalias. 
Alterações severas no fluxo liquórico podem causar 
distúrbios cognitivos e de função motora. 
 A meningite é uma das patologias que provoca 
alterações liquóricas e consiste em um processo 
infeccioso ou não das meninges, a qual pode ter 
evolução aguda ou crônica. 
COLETA: 
Como o procedimento diagnóstico é invasivo, o exame de 
LCR só pode ser realizado após assinatura do Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), pelo paciente 
ou por seu representante legal, de acordo com a 
Resolução n. 196 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), 
de 10 de outubro de 1996. 
 Um manômero é colocado antes da remoção do 
LCR, para indicar a pressão de abertura. A 
pressão de abertura normal, na posição decúbito 
lateral, sendo ligeiramente mais elevada em 
pacientes sentados ou obesos. Em casos de 
pressão de abertura normal, podem ser 
removidos, normalmente, até 20 ml de LCR. 
 O LCR deve ser coletado sem anticoagulante, em 
três tubos ou frascos seguramente estéreis e 
devidamente identificados com os números 1, 2 
e 3, na ordem em que são obtidos. 
 A amostra do primeiro tubo deverá ser 
usada para a realização das análises 
bioquímicas e sorológicas. 
 O segundo será utilizado para os exames 
microbiológicos. 
 O terceiro destina-se às contagens 
celulares, em virtude da menor 
probabilidade de conter material, 
particularmente células sanguíneas, 
introduzidas acidentalmente no 
momento da punção. 
 Caso a amostra tenha sido coletada 
apenas em um único frasco, ele deve ser 
enviado, primeiramente, à seção de 
bacteriologia; em seguida, à seção de 
 Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA 
hematologia e, posteriormente, à seção 
de imunoquímica. 
 Amostras coletadas com qualquer tipo 
de anticoagulante e sem identificação 
ou envelhecidas devem ser rejeitadas 
É de extrema importância que o local da amostragem 
esteja registrado nos tubos, uma vez que os parâmetros 
citológicos e bioquímicos variam de acordo com o local da 
punção. 
TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO: 
A amostra coletada deve chegar ao laboratório o mais 
rápido possível, no máximo em 2 horas, pois, após esse 
tempo, pode ocorrer degradação e/ou alterações 
morfológicas de hemácias, leucócitos e outros tipos 
celulares, diminuição da glicose, aumento de 
concentração das proteínas e de bactérias. 
Se isso não for possível, pode-se realizar a fixação da 
amostra com formalina (1:1); entretanto, esse método 
não deve ser rotineiramente executado. 
 A temperatura de armazenamento do líquor 
nativo deve estar entre 5 °C e 12 °C, para 
minimizar danos às células. 
Temperaturas muito baixas podem conduzir a lise pelo 
frio, e temperaturas mais altas aceleram mecanismos 
catabólicos, degenerando as células. 
Após realizadas as análises, uma pequena porção do LCR 
centrifugado deve ser devidamente identificada e 
armazenada na geladeira, durante 30 dias, para eventual 
necessidade de se realizar outras dosagens. 
EXAME FÍSICO: 
O líquor, em condições normais, é incolor. 
A coloração deve ser registrada antes e depois do 
processo de centrifugação. 
 A amostra é considerada xantocrômica quando, 
após centrifugação, tem tonalidade que varia 
entre rosa, amarelo ou laranja, o que ocorre pela 
presença de hemoglobina (hemólise) ou pelas 
concentrações elevadas de proteínas ou 
bilirrubina. A possibilidade de existência de 
outras substâncias, como iodo, caroteno ou 
melanina, deve ser considerada. 
 Em recém-nascidos, principalmente os 
prematuros, é comum observar xantocromia, em 
virtude da imaturidade da função hepática. A 
intensidade da xantocromia pode ser obtida por 
métodos espectrofotométricos, porém, na 
rotina, utiliza-se o método visual, cuja 
sensibilidade é de 47,3%, o qual é feito pela 
comparação da cor da amostra com padrões de 
coloração de bicromato de potássio, em solução 
de diversas concentrações. 
No momento da punção, podem ocorrer traumas que 
provocam sangramento, que, se não for analisado 
cuidadosamente, pode provocar um erro de diagnóstico, 
pois a amostra torna-se semelhante a uma amostra com 
hemorragia subaracnoide. Entre os procedimentos 
utilizados para distinguir um acidente de punção de uma 
hemorragia subaracnoide, estão o método dos três tubos, 
o da pressão inicial e a inspeção visual da amostra após 
centrifugação, que, nesse caso, torna-se límpida. 
 O aspecto da amostra deve ser observado em 
local com boa iluminação e pode ser definido 
como límpido, em casos de LCR normal ou com 
celularidade de até 200 leucócitos/µl ou 400 
hemácias/µl, ou como levemente turvo, turvo ou 
turvo -leitoso, em virtude da presença de células 
sanguíneas, microrganismos ou taxas elevadas de 
proteínas ou lipídeos. 
 A formação de coágulo também deve ser 
registrada e é observada em amostras de 
pacientes com acidente de punção, bloqueio 
espinhal completo (síndrome de Froin) e 
meningite tuberculosa e supurativa. Esse coágulo 
formado pode interferir na exatidão das 
contagens de células, por capturarem células 
inflamatórias 
A contagem global de leucócitos e hemácias da amostra 
pode ser realizada em qualquer tipo de câmara de 
contagem, porém, rotineiramente, utiliza-se a câmara de 
Fuchs-Rosenthal. 
 
Predomínio celular Significado clínico 
Linfócitos Meningite viral, 
tuberculosa e fúngica. 
Ocasionalmente, em 
meningite bacteriana. 
Esclerose múltipla. 
Neutrófilos Meningite bacteriana, fase 
inicial de meningite viral, 
tuberculosa e fúngica. 
Hemorragia 
subaracnóidea, injeções 
intratecais, tumores 
meningeais 
Reação celular mista 
(linfócitos, neutrófilos e 
monócitos) 
Meningite bacteriana 
parcialmente tratada, 
meningite bacteriana 
crônica, abscesso cerebral, 
meningite tuberculosa, 
meningite fúngica e 
meningite amebiana. 
Eosinófilos Infecções parasitárias, 
reações alérgicas, 
derivação ventricular. 
Macrófagos Meningite crônica, 
meningite bacteriana 
tratada, injeções 
 Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA 
intratecais e hemorragia 
subaracnóidea. 
Macrófago eritrófago 
(contendo hemácias) 
Hemorragia subaracnóidea 
(12 horas a 1 semana). 
Macrófago siderófago 
(contendo hemossiderina) 
Hemorragia subaracnóidea 
(2 dias a 2 meses). 
Macrófago 
hematoidinófago 
(contendo cristais de 
hematoidina) 
Hemorragia subaracnóidea 
(2 a 4 semanas). 
Macrófago lipófago 
(contendo gordura) 
Necrose cerebral, infarto, 
anoxia e traumatismo 
craniano. 
Plasmócitos Células linfóides malignas. 
Células linfoides malignas Linfoma, leucemia 
Blastos Linfoma, leucemia 
Outras células malignas Tumor cerebral primário, 
tumor metastático. 
Células ependimais e do 
plexo coroide 
Trauma, cirurgia, derivação 
ventricular, recém-
nascidos e injeções 
intratecais. 
Condrocitos Punção traumática 
Células da medula óssea Punção traumática 
Agrupamento de células 
imaturas, semelhantes a 
blastos. 
Hemorragia subaracnóidea 
em prematuros e recém-
nascidos, possivelmente 
originadas da matriz 
germinal. 
A detecção de células malignas por meio da análise 
citológica do LCR é uma ferramenta muito importante no 
diagnóstico de tumores cerebrais. Acredita-se que a taxa 
de detecção de células malignas por análise citológica é 
influenciada por alguns fatores, incluindo o volume de 
LCR obtido, o local da amostragem, a frequência da 
retirada do LCR e a rapidez com que as amostras chegam 
ao laboratório. O volume insuficiente é uma possível 
explicação para análises citológicas falso-negativas. 
 
As células malignas são vertidas no LCR periodicamente. 
Consequentemente, uma única amostragem pode não 
detectar a malignidade. 
LIQUIDO SINOVIAL: 
O líquido sinovial é um ultrafiltrado do plasma, 
enriquecido com moléculas de alto peso molecular, ricas 
em sacarídeos,sendo a mais importante, o hialuronato, 
produzido pelas células sinoviais. 
 
 Cor-Incolor 
 Aspecto-Límpido 
 Proteínas totais 
Adultos: 15 - 45 mg/dl 
Adultos > 60 anos: 15 - 60 mg/dl 
Neonatos: 15 - 100 mg/dl 
 Albumina 10 - 30 mg/dl 
 Glicose 50 - 80 mg/dl 
 Ácido lático 9,0 - 26,0 mg/dl; 1,13 - 
3,23 mmol/l 
 Cloretos 115 - 130 mmol/l 
 LDH 0 - 25 U/l 
LDH 1 > LDH 2 > LDH 3 > LDH 4> 
LDH 5 
 Glutamina 15 - 20 mg/dl 
 Leucócitos 
< 1 ano: 0 - 30 /μl 
1 a 4 anos: < 20 /μl 
5 anos até puberdade: < 10 /μl 
Adultos: 0 - 5 /μl 
 Citologia diferencial 
Adultos Linfócitos: 60% ± 20% 
Monócitos: 30% ± 15% 
Neutrófilos: 2% ± 4% 
Neonatos 
Linfócitos: 20% ± 15% Monócitos: 
70% ± 20% Neutrófilos: 4% ± 4% 
 Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA 
O líquido sinovial pode ser obtido por aspiração da 
articulação com agulha acoplada à seringa (artrocentese) 
ou cirurgia aberta e/ou artroscópica. A maior parte das 
amostras são obtidas da articulação do joelho, das mais 
atingidas nas artrites, e também, a mais fácil de aspirar. 
 Os riscos de uma artrocentese são: 
 Introdução de infecção na pele, tecido 
subcutâneo ou intra-articular. 
 Reações alérgicas à povidona e 
anestésicos. 
 Desconforto para o doente durante o 
procedimento. 
A maior indicação para realizar uma artrocentese é 
despistar uma possível infecção. 
Um teste de Gram positivo pode direccionar a terapia 
dentro de minutos; uma cultura positiva dá um 
diagnóstico definitivo e oferece a oportunidade de testar 
antibióticos diferentes para o microorganismo 
identificado. A cultura do líquido sinovial é o teste mais 
sensível e específico para o diagnóstico de uma artrite 
séptica 
 A análise do líquido sinovial permite caracterizar 
o processo patológico articular como 
inflamatório e não inflamatório, baseado na 
inspecção e na contagem celular (leucócitos) do 
líquido. Uma contagem acima de 2.000 células 
por mm3 indica inflamação. 
De acordo com a contagem, associada às características 
físicas, classifica-se o líquido sinovial patológico em três 
grupos: 
 Uma contagem leucocitária no líquido sinovial 
superior a 50.000 por mm3 sugere uma artrite de 
origem bacteriana, mas pode também ser 
encontrada na Artrite Reumatóide, Artrite 
induzida por cristais e Artrite Reactiva. 
TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO: 
Sempre que possível, a análise do líquido sinovial deve ser 
realizada logo após a artrocentese. Para evitar problemas 
da baixa contagem de leucócitos e o risco de má 
interpretação de um líquido inflamatório, pois os 
leucócitos podem-se agregar e/ ou desintegrar após duas 
horas. 
COLETA: 
O volume normal de líquido sinovial presente no joelho é 
inferior a 3,5 ml. Deve-se, portanto, anotar o volume de 
líquido aspirado de cada articulação ou estrutura 
periarticular 
A amostra recolhida na seringa deve ser distribuída em 
frascos de plástico e estéreis. Para avaliar as 
características físicas pela inspecção, deve-se utilizar um 
frasco de vidro 
 Não deve se utilizar EDTA que facilita a quelação 
de íons de cálcio e podem dissolver-se cristais 
EXAME FÍSICO: 
ASPECTO: Límpido, opalescente, turvo e purulento. 
COLORAÇÃ: Varia do amarelo-palha (devido a presença 
de bilirrubina), a cor natural de um líquido sinovial 
normal, ao amarelo claro, nos processos inflamatórios. 
 O líquido séptico pode ser amarelo, amarelo-
esverdeado ou castanho. 
 A presença de colesterol pode dar uma coloração 
dourada. O líquido branco ou amarelo-cremoso 
(aspecto de dentifrício) deve-se à presença de 
uratos ou cristais de apatita. 
 O xantocrómico, vermelho ou hemorrágico, de 
acordo com a presença de eritrócitos por 
artrocentese traumática ou outras causas de 
hemartroses. 
 Líquidos turvos com partículas acastanhadas 
sugerem Ocronose 
 Coloração cinza ou preta, presença de partículas 
plásticas ou de metal proveniente das próteses 
articulares. 
Na história de traumatismo articular, o líquido dever ser 
centrifugado, pois uma camada de gordura, se presente e 
levada ao microscópio, pode conter espículas de medula 
óssea com células lipídicas. 
VISCOSIDADE: É avaliada ao observar a sua consistência 
na passagem da seringa para os tubos de vidro. 
Viscosidade diminuída sugere inflamação e, o contrário, 
ocorre no Hipotiroidismo, Acromegália e nos líquidos 
obtidos dos ganglions ou quistos sinoviais na 
Osteoartrose. 
 
A contagem é realizada numa câmara vítrea específica 
para contagem de leucócitos, a câmara de Neubauer. 
	lÍQUIDOS CORPORAIS
	Coleta da amostra:
	TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO:
	PREPARO DA AMOSTRA:
	EXAME FISICO:
	Testes Laboratoriais:
	COLETA:
	Transporte e armazenamento:
	Exame físico:
	Coleta:
	Transporte e armazenamento: (1)
	Exame físico: (1)
	Transporte e Armazenamento:
	Coleta: (1)
	Exame físico: (2)

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