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Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA LÍQUIDOS CORPORAIS LÍQUIDO PLEURAL: O espaço entre os folhetos pleurais é preenchido por um ultrafiltrado de plasma, denominado líquido pleural, cuja função principal é a lubrificação da superfície pleural, facilitando os movimentos respiratórios. O volume desse fluido é pequeno, em torno de 1 a 20 mL e apresenta baixa concentração de proteínas e células. As principais proteínas encontradas são: Albumina; Globulinas; Fibrinogênio. Os principais tipos celulares são: Monócitos; Linfócitos; Células Mesoteliais. Uma quantidade excessiva de líquido pleural pode descompensar a ventilação por limitar a expansão dos pulmões durante a inalação, levando a uma insuficiência respiratória restritiva, que se manifesta por meio de dispneia. DERRAME PLEURAL- Aumento do volume desse fluido na cavidade, como resultado de um aumento da produção que excede a taxa de reabsorção. São classificados em: LÍQUIDOS: Etiologia: tuberculose, pneumonia e neoplasia. Aspecto: serofibrinoso, hemático ou hemorrágico, purulento e quiliforme. Localização: grande cavidade, interlobar e mediastínico. GASOSOS: Ocorrem nos casos de pneumotórax (acúmulo de gases na cavidade pleural). MISTOS: São observados nos caso de hidropneumotórax, hemopneumotórax e piopneumotórax. Entretanto, tradicionalmente ocorre uma simplificação na classificação, sobretudo para promover uma aproximação diagnóstica, na qual se classifica o derrame de acordo com a composição citológica e bioquímica, dividindo o derrame em transudatos e exsudatos. TRANSUDATOS: São derrames, de origem não inflamatória, que ocorrem como um aumento da formação do ultrafiltrado de plasma pela membrana pleural resultante de um desequilíbrio da pressão hidrostática ou osmótica. A maioria dos transudatos ocorre em condições clinicamente aparentes, como insuficiência cardíaca congestiva, cirrose com ascite e nefrose, e a presença desse transudato usualmente permite aos clínicos tratar a condição subjacente e observar a resolução do derrame. EXSUDATOS: Se desenvolvem como consequência de uma doença infecciosa, inflamatória ou neoplásica, como pneumonia, tuberculose e câncer, as quais aumentam a permeabilidade capilar e permitem que moléculas de alto peso molecular entrem na cavidade pleural. A contagem global de células é uma etapa muito importante para fazer a diferenciação da amostra entre transudato e exsudato. É realizada comumente em câmara de Neubauer. No entanto, pode ser realizada em qualquer retículo de contagem. Contagem de leucócitos < 1000/ μL Razão de proteínas líquido/soro < 0,5 Proteínas totais < 3 g/dL Razão de glicose líquido/soro < 0,5 Glicose > 60 mg/dL Razão LDH líquido/soro < 0,6 Colesterol < 60 mg/dL pH = 7,6 Albumina soro – albumina líquido = 1,6 ± 0,5 g/dL Aparência = transparente (amarelo- claro e límpido) Amilase = de 0 a 130 UI/L Densidade < 1,015 LDH < 200 UI/L Coagulação espontânea = ausente BD = 0,1-0,5 mg/dL BT = 0,2-1,5 mg/dL Triglicerídeos < 200 mg/dL Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA COLETA DA AMOSTRA: TORACOCENTESE: (punção pleural, ou ainda punção torácica). É uma técnica, considerada pouco invasiva, que apresenta baixa morbidade, baixo custo e fornece grande eficiência diagnóstica. Para acessar a cavidade pleural com segurança, é necessário que haja uma quantidade mínima de líquido no espaço pleural, devendo ser analisada por uma radiografia com o paciente em decúbito lateral. A complicação mais frequente do procedimento é o pneumotórax, cuja incidência é de 3% a 19%. As amostras devem ser coletadas em três tubos para as análises microbiológicas, citológicas e bioquímicas: o tubo destinado à análise citológica deve conter EDTA ou heparina (1-2 gotas em 5 mL) e o tubo destinado para bioquímica não deve conter anticoagulante. Caso a amostra seja coletada em apenas um tubo, ela deve ser destinada primeiramente para análises microbiológicas, em seguida para análises citológicas e, após, para análises bioquímicas. TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO: É recomendado que a análise citológica seja iniciada imediatamente após a coleta, no entanto, caso não seja possível, a amostra pode ser refrigerada entre 2 °C e 8 °C durante 24 horas. Amostras coaguladas, envelhecidas ou sem correta identificação devem ser rejeitadas. PREPARO DA AMOSTRA: Na realização da contagem global de células, o setor de citologia deve utilizar a amostra de líquido pleural fresca, não centrifugada e devidamente homogeneizada (18), enquanto para a contagem diferencial de leucócitos deve- se utilizar o sedimento obtido por centrifugação em baixa rotação seguido de ressuspensão em solução salina. Esse procedimento melhora sensivelmente a aderência das células na lâmina e a qualidade da preparação. Uma alíquota do líquido pleural deve ser identificada e armazenada em geladeira durante 30 dias para eventual realização de outras dosagens. EXAME FISICO: A visualização de cor e aspecto deve ser realizada antes e após a centrifugação da amostra, pois essas características auxiliam na identificação da etiologia do derrame. Coloração pré- centrifugação Coloração pós- centrifugação Etiologia Amarelo-claro Amarelo-claro Transudato Róseo-vermelho Xantocrômico Parapneumônico Empiema Neoplasia Tuberculose Turvo Branco leitoso Quilotórax Linfoma Câncer Trauma Amarelo esbranquiçado Branco leitoso Pseudoquilotórax Doenças crônicas Artrite Reumatóide Tuberculose Resumo do Artigo: ANÁLISE CITOLÓGICA DO LÍQUIDO PLEURAL NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR). LÍQUIDO PERICARDICO: Normalmente apenas uma pequena quantidade (10 a 50mL) de fluido é encontrada entre as membranas serosas do pericárdico. Contagem de leucócitos > 1000/ μL Razão de proteínas líquido/soro > 0,5 Proteínas totais > 3 g/dL Razão de glicose líquido/soro > 0,5 Glicose < 60 mg/dL Razão LDH líquido/soro > 0,6 Colesterol > 60 mg/dL pH < 7,6 Albumina soro – albumina líquido = 0,6 ± 0,4 g/dL Aparência = opaca, turva Densidade > 1,015 LDH > 200 UI/L Coagulação espontânea = possível Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA EFUSÕES PERICÁRDICAS: São, pincipalmente, o resultado de alterações na permeabilidade das membranas em razão de infecção (pericardite), neoplasia e trauma e produtor de exsudatos. Distúrbios metabólicos, como uremia, hipotireoidismo e doenças autoimunes são as principais causas de transudatos. A ocorrência de um derrame é suspeitada quando a compressão cardíaca (tamponamento) é observada durante o exame medico. Teste Signficado Aspecto: Claro, amarelo pálido. Laivos de sangue Microscopicamente sanguinolenta Leitoso Normal, transudato Infecção, neoplasia Punção cardíaca, medicação anticoagulante. Material quiloso e pseudoquiloso. Diferencial: Neutrófilos aumentados Células neoplásicas Antígeno carcinoembrionário Bacterioscópico e cultura Coloração para bacilos álcool acido resistentes Adenosina deaminase Endocardite bacterina Carcinoma metastático Carcinoma metastático Endocardite bacteriana Efusão tuberculosa Efusão tuberculosa TESTES LABORATORIAIS: São principalmente dirigidos pra determinar se o fluido é exsudato ou transudato e incluem as relações de proteínas e de desidrogenase láctea entre fluido e soro. As contagens de GBs são de pouco valor clínico, embora a contagem superior a 1000 GBs/uL, com uma elevada porcentagem de neutrófilos, pode ser indicativa de endocardite bacteriana. O exame citológico do exsudato pericárdico para presença de células neoplásicas é uma parte importante da analise do fluido. As células mais frequentemente encontradas sãoresultantes de carcinoma de pulmão ou de mama metastático e se assemelham às encontradas no liquido pleural. Culturas bacterianas e coloração de Gram são realizadas em fluidos concentrados quando se suspeita de endocardite. As infecções são em geral, causadas por infecções respiratórias prévias, incluindo Haemophilus, Streptococcus, Staphylococcus, adenovírus e coxsackievirus. Colorações para bacilos álcool acido resistentes e teste de adenosina deaminase são frequentemente solicitados em efusões pericárdicas. LÍQUIDO PERITONEAL: O líquido peritoneal ou ascítico se apresenta como uma ultrafiltração do plasma contido na cavidade peritoneal. Sua principal função é a proteção da cavidade abdominal, banhando-a e lubrificando-a, reduzindo, assim, o atrito entre os órgãos o que permite melhor mobilidade destes. DERRAME PERITONEAL: Acumulo de líquido na cavidade abdominal, seja por aumento da produção e/ou deficiência de remoção. O acúmulo de fluido dentro da cavidade peritoneal constitui uma efusão peritoneal, a qual assinala que o paciente possui ascite. Esta, por sua vez, pode ser classificada de acordo com o grau de severidade e resposta terapêutica, em ascite descomplicada, complicada e ascite refratária. A fim de se obter a confirmação etiológica da ascite, realiza-se um procedimento cirúrgico chamado paracentese, que consiste na remoção de líquido ascítico da cavidade peritoneal. Com a diferenciação do fluido em transudato ou exsudato, a determinação da diferença entre a concentração de albumina no soro e no líquido ascítico é de fundamental importância para o fornecimento de subsídios para uma posterior abordagem clínica e laboratorial. Níveis maiores ou iguais a 1 g/dL associados a graus de proteínas inferiores a 3,0 g/dL sugerem Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA o diagnóstico de cirrose. Naqueles casos em que a relação for menor ou igual a 1,1 g/dL, acompanhado da presença de níveis proteicos elevados, deveria se pensar em doença peritoneal e, quando ambos os parâmetros estivessem acima dos níveis críticos propostos, a hipótese seria de hipertensão portal pós- sinusoidal. Doenças crônicas do fígado, como a cirrose, associadas à hipertensão portal são as causas mais frequentes de ascite. Outras etiologias menos comuns, porém não menos importantes, incluem neoplasia maligna principalmente de ovário e mama, insuficiência cardíaca, nefropatia, tuberculose, doenças pancreáticas e peritonite bacteriana espontânea. Pacientes com grande derramamento de líquido ascítico podem desenvolver hérnias inguinais, umbilicais e incisionais. O diagnóstico precoce da ascite é extremamente importante, considerando que algumas formas são benignas e possuem bons prognósticos. No entanto, outras podem se expressar como forma de patologias muito agressivas, potencialmente letais, que, se não descobertas a tempo, podem apresentar poucas chances de cura. COLETA: Pacientes com sintomas e suspeita de ascite têm seu diagnóstico confirmado pela ultrassonografia, que detecta volumes variados de fluido e auxilia tanto no diagnóstico quanto na escolha do melhor local para a realização da paracentese. Em geral, esse procedimento é seguro, mas os riscos iatrogênicos não são isentos. As principais complicações são relacionadas à perfuração de órgãos abdominais, desvio da agulha do local indicado, deposição de fragmentos do catéter no local da incisão e eventuais sangramentos. A técnica é contraindicada nos casos de paciente inconsciente não colaborativo com o procedimento, infecções na pele, gravidez e distensão intestinal. Uma paracentese bem sucedida deve satisfazer aos seguintes critérios: Quantidade suficiente de fluido na primeira coleta- (mínimo de 30 mL, se possível, pelo menos 100 mL) Ausência de complicações Mínimo de desconforto ao paciente durante o procedimento O paciente é colocado em uma posição supina, com uma inclinação de 30° a 45° para a retirada de grandes volumes ou em decúbito lateral para a retirada de pequenos volumes. A agulha utilizada possui calibre 22 e é anexada a uma seringa que pode variar de 20 a 50 mL. As amostras devem ser coletadas em três tubos identificados com nome, número de registro do paciente e data da coleta. O primeiro deve conter EDTA ou heparina (1 a 2 gotas para 5 mL) para a contagem global e diferencial. O segundo, sem anticoagulante, é utilizado para as análises bioquímicas, e o terceiro se destina à microbiologia e deve ser estéril. TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO: A amostra deve ser analisada o mais rápido possível, no entanto, caso o exame citológico não possa ser realizado imediatamente após a coleta, a amostra deve ser refrigerada entre 2° e 8 °C para que suas características morfológicas sejam mantidas por até 48h. EXAME FÍSICO: O aspecto visual do derrame (citrino, hemorrágico, purulento, etc.) é o critério inicial para agrupar diversas hipóteses diagnósticas e direcionar para exames específicos de análise laboratorial, além de permitir adotar medidas terapêuticas imediatas, como a drenagem no caso de empiema. O aspecto e a coloração devem ser anotados antes e após a centrifugação. Fisiologicamente, o líquido peritoneal ou ascítico é transparente, amarelo claro, estéril e viscoso. Apresenta turbidez em virtude das infecções bacterianas. Coloração esverdeada em perfurações do trato gastrointestinal, pancreatite e colecistite. Aspecto leitoso que não clareia após a centrifugação em efusão quilosa ou pseudoquilosa. Um líquido macroscopicamente hemorrágico deve ser diferenciado de punção traumática, evitando, assim, erros de diagnóstico. Na punção traumática, o clareamento do fluido ascítico é observado no decorrer da paracentese. N ascite hemorrágica, pequenas quantidades de sangue colorem aproximadamente um litro de líquido peritoneal de vermelho vivo e opaco, de modo que as impressões não podem ser lidas a partir do tubo de lavagem. Isso Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA corresponde a uma contagem eritrocitária de 100.000/µL A contagem global de células é uma etapa muito importante para fazer a diferenciação da amostra entre transudato e exsudato. Os tipos celulares que podem ser encontrados no líquido peritoneal são os eritrócitos e as células nucleadas, que incluem leucócitos e células mesoteliais. A contagem global dessas células é realizada comumente em câmara de Neubauer. No entanto pode ser realizada em qualquer retículo de contagem. Resumo do Artigo: ANÁLISE CITOLÓGICA DO LÍQUIDO PERITONEAL. LIQUIDO CEFALORRAQUIDIANO: O líquido cefalorraquidiano (LCR) é um fluido aquoso que circula pelo espaço intracraniano, preenchendo o sistema ventricular, o canal central da medula e os espaços subaracnoides craniano e raquiano, representando a maior parte do fluido extracelular do sistema nervoso central (SNC). Esse líquido apresenta diversas funções, entre elas, o fornecimento de nutrientes essenciais ao cérebro, a remoção de produtos da atividade neuronal do SNC e a proteção mecânica das células cerebrais. Estudos demonstram que um mecanismo homeostático eficiente do LCR é essencial para a atividade neuronal A formação do líquor ocorre em duas etapas: A primeira consta de uma filtração passiva do sangue pelo endotélio capilar coroidal, a qual é proporcional ao gradiente da pressão hidrostática entre o sangue e o fluido intersticial coroide. A segunda consta de uma secreção ativa pelo epitélio monoestratificado, envolvendo bombas, cotransportadores e antiportadores, canais iônicos e aquaporinas, sendo esse um processo submetido à modulação neuroendócrina e hormonal. Outra pequena parcela de LCR é produzida por células ependimais, as quais se localizamna região ventricular. O fluxo do LCR é pulsátil. Tanto a produção quanto a composição do LCR podem ser afetadas pela presença de tumores, infecções, traumas, isquemias e hidrocefalias. Alterações severas no fluxo liquórico podem causar distúrbios cognitivos e de função motora. A meningite é uma das patologias que provoca alterações liquóricas e consiste em um processo infeccioso ou não das meninges, a qual pode ter evolução aguda ou crônica. COLETA: Como o procedimento diagnóstico é invasivo, o exame de LCR só pode ser realizado após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), pelo paciente ou por seu representante legal, de acordo com a Resolução n. 196 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), de 10 de outubro de 1996. Um manômero é colocado antes da remoção do LCR, para indicar a pressão de abertura. A pressão de abertura normal, na posição decúbito lateral, sendo ligeiramente mais elevada em pacientes sentados ou obesos. Em casos de pressão de abertura normal, podem ser removidos, normalmente, até 20 ml de LCR. O LCR deve ser coletado sem anticoagulante, em três tubos ou frascos seguramente estéreis e devidamente identificados com os números 1, 2 e 3, na ordem em que são obtidos. A amostra do primeiro tubo deverá ser usada para a realização das análises bioquímicas e sorológicas. O segundo será utilizado para os exames microbiológicos. O terceiro destina-se às contagens celulares, em virtude da menor probabilidade de conter material, particularmente células sanguíneas, introduzidas acidentalmente no momento da punção. Caso a amostra tenha sido coletada apenas em um único frasco, ele deve ser enviado, primeiramente, à seção de bacteriologia; em seguida, à seção de Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA hematologia e, posteriormente, à seção de imunoquímica. Amostras coletadas com qualquer tipo de anticoagulante e sem identificação ou envelhecidas devem ser rejeitadas É de extrema importância que o local da amostragem esteja registrado nos tubos, uma vez que os parâmetros citológicos e bioquímicos variam de acordo com o local da punção. TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO: A amostra coletada deve chegar ao laboratório o mais rápido possível, no máximo em 2 horas, pois, após esse tempo, pode ocorrer degradação e/ou alterações morfológicas de hemácias, leucócitos e outros tipos celulares, diminuição da glicose, aumento de concentração das proteínas e de bactérias. Se isso não for possível, pode-se realizar a fixação da amostra com formalina (1:1); entretanto, esse método não deve ser rotineiramente executado. A temperatura de armazenamento do líquor nativo deve estar entre 5 °C e 12 °C, para minimizar danos às células. Temperaturas muito baixas podem conduzir a lise pelo frio, e temperaturas mais altas aceleram mecanismos catabólicos, degenerando as células. Após realizadas as análises, uma pequena porção do LCR centrifugado deve ser devidamente identificada e armazenada na geladeira, durante 30 dias, para eventual necessidade de se realizar outras dosagens. EXAME FÍSICO: O líquor, em condições normais, é incolor. A coloração deve ser registrada antes e depois do processo de centrifugação. A amostra é considerada xantocrômica quando, após centrifugação, tem tonalidade que varia entre rosa, amarelo ou laranja, o que ocorre pela presença de hemoglobina (hemólise) ou pelas concentrações elevadas de proteínas ou bilirrubina. A possibilidade de existência de outras substâncias, como iodo, caroteno ou melanina, deve ser considerada. Em recém-nascidos, principalmente os prematuros, é comum observar xantocromia, em virtude da imaturidade da função hepática. A intensidade da xantocromia pode ser obtida por métodos espectrofotométricos, porém, na rotina, utiliza-se o método visual, cuja sensibilidade é de 47,3%, o qual é feito pela comparação da cor da amostra com padrões de coloração de bicromato de potássio, em solução de diversas concentrações. No momento da punção, podem ocorrer traumas que provocam sangramento, que, se não for analisado cuidadosamente, pode provocar um erro de diagnóstico, pois a amostra torna-se semelhante a uma amostra com hemorragia subaracnoide. Entre os procedimentos utilizados para distinguir um acidente de punção de uma hemorragia subaracnoide, estão o método dos três tubos, o da pressão inicial e a inspeção visual da amostra após centrifugação, que, nesse caso, torna-se límpida. O aspecto da amostra deve ser observado em local com boa iluminação e pode ser definido como límpido, em casos de LCR normal ou com celularidade de até 200 leucócitos/µl ou 400 hemácias/µl, ou como levemente turvo, turvo ou turvo -leitoso, em virtude da presença de células sanguíneas, microrganismos ou taxas elevadas de proteínas ou lipídeos. A formação de coágulo também deve ser registrada e é observada em amostras de pacientes com acidente de punção, bloqueio espinhal completo (síndrome de Froin) e meningite tuberculosa e supurativa. Esse coágulo formado pode interferir na exatidão das contagens de células, por capturarem células inflamatórias A contagem global de leucócitos e hemácias da amostra pode ser realizada em qualquer tipo de câmara de contagem, porém, rotineiramente, utiliza-se a câmara de Fuchs-Rosenthal. Predomínio celular Significado clínico Linfócitos Meningite viral, tuberculosa e fúngica. Ocasionalmente, em meningite bacteriana. Esclerose múltipla. Neutrófilos Meningite bacteriana, fase inicial de meningite viral, tuberculosa e fúngica. Hemorragia subaracnóidea, injeções intratecais, tumores meningeais Reação celular mista (linfócitos, neutrófilos e monócitos) Meningite bacteriana parcialmente tratada, meningite bacteriana crônica, abscesso cerebral, meningite tuberculosa, meningite fúngica e meningite amebiana. Eosinófilos Infecções parasitárias, reações alérgicas, derivação ventricular. Macrófagos Meningite crônica, meningite bacteriana tratada, injeções Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA intratecais e hemorragia subaracnóidea. Macrófago eritrófago (contendo hemácias) Hemorragia subaracnóidea (12 horas a 1 semana). Macrófago siderófago (contendo hemossiderina) Hemorragia subaracnóidea (2 dias a 2 meses). Macrófago hematoidinófago (contendo cristais de hematoidina) Hemorragia subaracnóidea (2 a 4 semanas). Macrófago lipófago (contendo gordura) Necrose cerebral, infarto, anoxia e traumatismo craniano. Plasmócitos Células linfóides malignas. Células linfoides malignas Linfoma, leucemia Blastos Linfoma, leucemia Outras células malignas Tumor cerebral primário, tumor metastático. Células ependimais e do plexo coroide Trauma, cirurgia, derivação ventricular, recém- nascidos e injeções intratecais. Condrocitos Punção traumática Células da medula óssea Punção traumática Agrupamento de células imaturas, semelhantes a blastos. Hemorragia subaracnóidea em prematuros e recém- nascidos, possivelmente originadas da matriz germinal. A detecção de células malignas por meio da análise citológica do LCR é uma ferramenta muito importante no diagnóstico de tumores cerebrais. Acredita-se que a taxa de detecção de células malignas por análise citológica é influenciada por alguns fatores, incluindo o volume de LCR obtido, o local da amostragem, a frequência da retirada do LCR e a rapidez com que as amostras chegam ao laboratório. O volume insuficiente é uma possível explicação para análises citológicas falso-negativas. As células malignas são vertidas no LCR periodicamente. Consequentemente, uma única amostragem pode não detectar a malignidade. LIQUIDO SINOVIAL: O líquido sinovial é um ultrafiltrado do plasma, enriquecido com moléculas de alto peso molecular, ricas em sacarídeos,sendo a mais importante, o hialuronato, produzido pelas células sinoviais. Cor-Incolor Aspecto-Límpido Proteínas totais Adultos: 15 - 45 mg/dl Adultos > 60 anos: 15 - 60 mg/dl Neonatos: 15 - 100 mg/dl Albumina 10 - 30 mg/dl Glicose 50 - 80 mg/dl Ácido lático 9,0 - 26,0 mg/dl; 1,13 - 3,23 mmol/l Cloretos 115 - 130 mmol/l LDH 0 - 25 U/l LDH 1 > LDH 2 > LDH 3 > LDH 4> LDH 5 Glutamina 15 - 20 mg/dl Leucócitos < 1 ano: 0 - 30 /μl 1 a 4 anos: < 20 /μl 5 anos até puberdade: < 10 /μl Adultos: 0 - 5 /μl Citologia diferencial Adultos Linfócitos: 60% ± 20% Monócitos: 30% ± 15% Neutrófilos: 2% ± 4% Neonatos Linfócitos: 20% ± 15% Monócitos: 70% ± 20% Neutrófilos: 4% ± 4% Ana Luiza Rabelo – CITOPATOLOGIA O líquido sinovial pode ser obtido por aspiração da articulação com agulha acoplada à seringa (artrocentese) ou cirurgia aberta e/ou artroscópica. A maior parte das amostras são obtidas da articulação do joelho, das mais atingidas nas artrites, e também, a mais fácil de aspirar. Os riscos de uma artrocentese são: Introdução de infecção na pele, tecido subcutâneo ou intra-articular. Reações alérgicas à povidona e anestésicos. Desconforto para o doente durante o procedimento. A maior indicação para realizar uma artrocentese é despistar uma possível infecção. Um teste de Gram positivo pode direccionar a terapia dentro de minutos; uma cultura positiva dá um diagnóstico definitivo e oferece a oportunidade de testar antibióticos diferentes para o microorganismo identificado. A cultura do líquido sinovial é o teste mais sensível e específico para o diagnóstico de uma artrite séptica A análise do líquido sinovial permite caracterizar o processo patológico articular como inflamatório e não inflamatório, baseado na inspecção e na contagem celular (leucócitos) do líquido. Uma contagem acima de 2.000 células por mm3 indica inflamação. De acordo com a contagem, associada às características físicas, classifica-se o líquido sinovial patológico em três grupos: Uma contagem leucocitária no líquido sinovial superior a 50.000 por mm3 sugere uma artrite de origem bacteriana, mas pode também ser encontrada na Artrite Reumatóide, Artrite induzida por cristais e Artrite Reactiva. TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO: Sempre que possível, a análise do líquido sinovial deve ser realizada logo após a artrocentese. Para evitar problemas da baixa contagem de leucócitos e o risco de má interpretação de um líquido inflamatório, pois os leucócitos podem-se agregar e/ ou desintegrar após duas horas. COLETA: O volume normal de líquido sinovial presente no joelho é inferior a 3,5 ml. Deve-se, portanto, anotar o volume de líquido aspirado de cada articulação ou estrutura periarticular A amostra recolhida na seringa deve ser distribuída em frascos de plástico e estéreis. Para avaliar as características físicas pela inspecção, deve-se utilizar um frasco de vidro Não deve se utilizar EDTA que facilita a quelação de íons de cálcio e podem dissolver-se cristais EXAME FÍSICO: ASPECTO: Límpido, opalescente, turvo e purulento. COLORAÇÃ: Varia do amarelo-palha (devido a presença de bilirrubina), a cor natural de um líquido sinovial normal, ao amarelo claro, nos processos inflamatórios. O líquido séptico pode ser amarelo, amarelo- esverdeado ou castanho. A presença de colesterol pode dar uma coloração dourada. O líquido branco ou amarelo-cremoso (aspecto de dentifrício) deve-se à presença de uratos ou cristais de apatita. O xantocrómico, vermelho ou hemorrágico, de acordo com a presença de eritrócitos por artrocentese traumática ou outras causas de hemartroses. Líquidos turvos com partículas acastanhadas sugerem Ocronose Coloração cinza ou preta, presença de partículas plásticas ou de metal proveniente das próteses articulares. Na história de traumatismo articular, o líquido dever ser centrifugado, pois uma camada de gordura, se presente e levada ao microscópio, pode conter espículas de medula óssea com células lipídicas. VISCOSIDADE: É avaliada ao observar a sua consistência na passagem da seringa para os tubos de vidro. Viscosidade diminuída sugere inflamação e, o contrário, ocorre no Hipotiroidismo, Acromegália e nos líquidos obtidos dos ganglions ou quistos sinoviais na Osteoartrose. A contagem é realizada numa câmara vítrea específica para contagem de leucócitos, a câmara de Neubauer. lÍQUIDOS CORPORAIS Coleta da amostra: TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO: PREPARO DA AMOSTRA: EXAME FISICO: Testes Laboratoriais: COLETA: Transporte e armazenamento: Exame físico: Coleta: Transporte e armazenamento: (1) Exame físico: (1) Transporte e Armazenamento: Coleta: (1) Exame físico: (2)
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