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32 1.13 Psicomotricidade Relacional A Psicomotricidade aplicada como ciência, re- conhecida por sua eficácia terapêutica, tem como objetivo estudar o perfil psicomotor e cognitivo do ser em terapia e, de forma multimodal, verificar e prescrever baterias de exercícios funcionais acom- panhados de conteúdos simbólicos por meio da motricidade. Na sequência, usa-se o brincar como elemento que desencadeia, de forma simples, aju- dando a criança motivando-a a verbalizar e exteriori- zar conceitos psicoafetivos, cognitivos e motores em conjunto com atividades que envolvam o corpo e o movimento para análise em terapia. 1.14 Fatores diferenciais na Psico- motricidade Veremos neste momento as principais diferen- ças entre as vertentes da Psicomotricidade: A criança imita o modelo do professor: a crian- ça não escolhe o fazer; a criança é dependente; rara- mente ocorre contato corporal entre as crianças; o enfoque é dualista (ênfase nos aspectos motrizes); o paradigma é racionalista; o psicomotricista dirige as atividades; o psicomotricista atua sozinho; o psi- comotricista adota uma postura de comando; as ati- vidades são pré-programadas pelo psicomotricista; 33 as atividades são dirigidas; a criança tem vários mo- delos; a criança pode brincar livremente; a criança é mais independente; ocorre contrato corporal do psi- comotricista com as crianças e entre elas; a criança é vista como uma totalidade; o paradigma é naturalis- ta (prazer do movimento); o psicomotricista ajuda, compreende, interage, sugere, propõe e estimula a prática psicomotriz; o psicomotricista pode atuar com a professora da classe; o psicomotricista adota uma postura de escuta; a criança decide o que fazer; as atividades são livres; a verbalização é uma das ân- coras do processo pedagógico; a formação pessoal do adulto é requisito para a competência relacional com a criança. Fonte: NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil – Psicomotricidade: alter- nativas pedagógicas. Porto Alegre: Ed. Prodil, 1995 34 Exercícios Propostos 1) Qual deve ser a postura do psicomotricista no ambiente clínico ou pedagógico, para que este possa ter grande sucesso em suas intervenções com o indivíduo? 2) Com relação à prática da Psicomotricidade e seu campo de atuação, aonde a Psicomotricidade pode ser trabalhada, além da clínica pedagógica? 3) A Psicomotricidade pode ser aprendida inte- lectualmente nos livros? Justifique sua resposta. 4) A terapia em Psicomotricidade prepara a criança para qual finalidade no setting terapêutico? 5) Qual o propósito da Psicomotricidade no ambiente escolar? 35 Unidade II A Psicomotricidade Com Foco Nos Limites e as Diversas Possibilidades Nesta unidade veremos a Psicomotricidade com um pouco mais de prática, seguindo dicas es- senciais para quem quer ser ou se tornar um psico- motricista, ou apenas pesquisar sobre a área para atividades futuras. Vamos fazer uma ligação entre a prática e vida escolar perpassando pela metodologia clínica. Devagar e sempre vamos clareando o assun- to em sua mente. Sigam-me! 2.1 Limites E Possibilidades Na Clínica Infantil E Infanto-Juvenil. A Psicomotricidade Clínica Infantil e Infanto-Ju- venil em Psicomotricidade Relacional compreende e trabalha em diferentes níveis de terapia psicomotora. As desordens neurológicas e relativas ao desenvolvi- mento cerebral, psicofisiológico e motor da criança e no campo da afetividade e reconhecimento. Neste sentido, prioriza-se a utilização de uma didática permanente e metodologia sistemática, para que no processo de atividades o psicomotricista ve- nha a ter total organização sobre o quadro que está enfrentando com o ser a sua frente. Vale, ainda, lem- 36 brar que o jogo simbólico, não verbal, num ambiente calmo e com liberdade e criatividade e sem restrições ajudará a criança em seu processo de evolução. Na Psicomotricidade, o terapeuta precisa fazer com que a criança tenha prazer em estar ali para vi- venciar o jogo psicomotor simbólico que a condi- cionará a expor suas fraquezas e limitações que são, sem dúvida, emoções carregadas de significados. A Psicomotricidade Relacional oferece-lhe um espaço onde é possível alinhar todos os sentidos psicológi- cos do ser em desenvolvimento, dentro deste con- texto, você se tornará um pesquisador da Psicomo- tricidade, que ainda é uma obra inacabada e carente de escritores que compartilhem suas experiências com a classe científica. Na clínica psicomotora relacional o terapeuta auxilia a criança e o adolescente a colocarem, sem medo, para fora tudo o que as deixe sentir-se impo- tentes, receosas ou indecisas e, então, o psicomotri- cista, em conjunto com o indivíduo, elabora e traça uma meta de como lidar com seus conflitos inter- nos e externos. Na sequência de várias sessões, en- coraja-os para que se expressem, imaginando tudo aquilo que lhes dá medo, tirando do inconsciente, verbalizando e interpretando com o terapeuta tudo o que foi visualizado. O terapeuta relacional é o profissional que usa com seus pacientes a visualização dos medos, dese- 37 jos, ansiedades e necessidades, transformando a in- terpretação em superação e, no caso da criança, o jogo simbólico é essencial. 2.1 As habilidades motoras no contexto escolar O desenvolvimento cognitivo e motor da crian- ça se dão, basicamente, através da influência do meio e das demais experiências que a influenciam emocio- nal e motoramente durante toda a sua vida. Porém, de maneira triste, nem sempre este desenvolvimento ocorre de forma correta. Transtornos como TDAH e o autismo, por exemplo, são casos mais complica- dos para a Psicomotricidade, pois profissionais que querem se especializar nestes temas precisam fazer mais pesquisas com outros profissionais e trabalhar sob a sua supervisão. Geralmente, quando a criança apresenta determinadas condições, a escola e família já fi- zeram algum tipo de solicitação de observação. Este olhar atento, de quem sabe que é através do movimento que a criança estabelece relações afe- tivas, sociais e cognitivas, muitas vezes, confronta com o olhar de quem não se dá conta da impor- tância de encaminhar para um profissional que desenvolva um programa de Psicomotricidade exclusivo e adequado. 38 O protocolo de avaliação cientificamente com- provado que é usado com ajuda de um psicólogo é o teste do WISC-III e o teste de Bender, além de pe- diatras, psiquiatras e neuropediatras para auxiliar no diagnóstico da criança, dando orientações de como prosseguir mediante as intercorrências medicamen- tosas que, por ora, podem atrapalhar os processos de terapia que forem propostos. Então, só para lembrar, nem todo caso de te- rapia em Psicomotricidade será simples. Em muitos casos, você, que quer atuar como psicomotricista, deverá pedir ajuda e supervisão de uma equipe mul- tidisciplinar e, acima de tudo, caminhar com todos em consonância, pois, como já vimos no capítulo anterior, o foco da Psicomotricidade é a criança. Preste bem atenção nestas regras semiológicas em Psicomo- tricidade. 2.2. A quem é destinada a Psico- motricidade Funcional? O trabalho do psicomotor funcional é desti- nado a indivíduos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, com dificuldades relacionadas à aprendizagem escolar, à socialização, à afetividade e à autoestima, com déficit de atenção e hiperatividade. Geralmente, a terapia é feita ou com educador físico com especialização em Psicomotricidade Funcional