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MASTITES Alunos: Dharma Maria Mendes Coelho Marina Mendes de Carvalho Alencar Universidade Federal do Piauí - UFPI Centro de Ciências Agrárias – CCA Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária – DCCV Disciplina: Doenças Infecciosas dos Animais Domésticos Medicina Veterinária Prof. MSC. José Luciano Freitas Henriques Acioli Lins Definição O processo infectocontagioso Inflamatório agudo ou crônico da glândula mamária Ocorre em todas as espécies Maior importância econômica nas vacas leiteiras Etiologia Mastite contagiosa: causada pelos gêneros Streptococcus (S. agalactiae, S. dysgalactiae e S. uberis), Staphylococcus (S.aureus, S. intermedius e S. hyicus); Mastite ambiental: coliformes (Escherichia coli, Enterobacter sp., Klebsiella sp., Citrobacter sp., Proteus sp. e Serratia sp.) Mastites descendentes/secundárias: fungos (Candida sp. e Cryptococcus neoformans), rickettsias, vírus; Streptococcus agalactiae Epidemiologia Cosmopolita Distribuída em todas as regiões; Condições do ambiente: acúmulo de lama e umidade; Clima, estresse térmico, alimentação, sistema de manejo adotado; Traumas no úbere, úbere pendular; Má higienização de equipamentos de ordenha; Idade da vaca, período de lactação; Patogenia Trauma O agente da mastite presente no úbere penetra pelo óstio mamário, e altera o ambiente celular pela ação enzimática Fermenta lactose e acidifica o ambiente mamário A inflamação se instala com o aumento da exsudação de líquido tissular e o pH torna-se alcalino Neutrófilos e linfócitos deslocam-se para o local da infecção Patogenia Mastite ascendente Invasão do patógeno que está presente no meio ambiente Infecção Inflamação Mastite descendente: Animal com doença sistêmica Microrganismo se instala na glândula mamária por via hematógena Fatores Predisponentes Higiene precária na ordenha Falhas na ordenhadeira Manejo deficiente da ordenha Lesões nas tetas Ferimentos nas tetas Populações ambientais de patógenos Classificação 4 tipos clínicos: 1. superaguda – Inchaço, calor, dor, secreção anormal na glândula, febre, depressão acentuada, pulso rápido e fraco, afundamento dos olhos, fraqueza, anorexia completa; 2. aguda – Alterações semelhantes às anteriores, mas a febre, a anorexia e a depressão leves a moderadas; 3. subaguda – Não há alterações sistêmicas e as alterações na glândula e na sua secreção são menos acentuadas; 1. superaguda – o inchaço, o calor, a dor e a secreção anormal na glândula são acompanhados de febre e outros sinais de um distúrbio sistêmico, tais como uma depressão acentuada, um pulso rápido e fraco, um afundamento dos olhos, fraqueza e anorexia completa; 2. aguda – as alterações na glândula são semelhantes às anteriores, mas a febre, a anorexia e a depressão são leves a moderadas; 3. subaguda – não há alterações sistêmicas e as alterações na glândula e na sua secreção são menos acentuadas; e 4. subclínica – a reaçãoinflamatória só é detectável por meio de testes, tais como o Teste de Mastite da Califórnia (ver a seguir), o Teste de Mastite do Wisconsin, o teste de Nagase ou outros testes e a contagem eletrônica de células, que são utilizados em intervalos para detectar um teor persistentemente alto de leucócitos no leite. 8 Classificação 4. subclínica – Reação inflamatória só é detectável por meio de testes, como: Teste de Mastite da Califórnia Teste de Mastite do Wisconsin Teste de Nagase Contagem eletrônica de células Teste de Mastite da Califórnia 9 Alterações Mais Comuns no Leite Alterações podem variar de: aquosidade ligeira com alguns flocos aquosa ou serosa com grandes coágulos amarelados aquosa e amarronzada com flocos farináceos finos No caso da mastite crônica severa, a glândula afetada perde gradualmente a sua capacidade produtiva atrofia abscessos nodulares firmes massas semelhantes a granulomas no interior do parênquima Patógenos mais comuns: Staphylococcus aureus Streptococcus uberis Str. Agalactiae Str. Dysgalactiae outros estreptococos Coliformes leveduras Corynebacterium pyogenes Pseudomonas aeruginosa Nocardia asteroides Clostridium perfringens Mycobacterium spp Mycoplasma spp Pasteurella spp Prototheca spp. Tipos de mastites: Mastite estreptocócica: Streptococcus agalactiae, S. dysgalactiae, S. uberis. S. zooepidemicus e S. (D,G,L e N) de Lancefield. Saprófitos ou patógenos potenciais Entra na glândula através do óstio do teto Localiza-se no leite e superfície dos canais lácticos Não penetra no tecido Leva à obstrução dutal com células e restos celulares Fibrose de tecido interalveolar e involução dos acinos Perda de função secretória. Streptococcus dysgalactiae Tipos de mastites Mastite estafilocócica: Staphylococcus aureus Crônica e/ou aguda Respondem fracamente ao tratamento Facilmente transmitidas no momento da ordenha ≥ 50% das vacas podem apresentar infecções subclínicas crônicas Mastite clinica superaguda, gangrenosa ou não Mastite subclínica aguda, subaguda e crônica (refratário). Staphylococcus aureus Tipos de mastites: Mastite coliforme: Escherichia coli , Enterobacter aerogenes e Klebsiella spp. Baixa contagem de células Multiplicam rapidamente Reação inflamatória destrói a população coliforme. Liberação de endotoxina Toxemia produz os sinais locais e sistêmicos Pode ocorrer morte E.coli Enterobacter aerogenes Tipos de mastites Mastite coliforme : Temperatura na mastite aguda ou superaguda 39 a 42°C Secreção de leite cessa mesmo com apenas uma única glândula afetada Anorexia Depressão Desidratação Diarreia Rápida perda de peso. Secreção do quarto afetado amarronzada e aquosa. Na recuperação o tecido do úbere geralmente retorna ao normal sem fibrose Tipos de mastites Mastite por Pseudomonas aeruginosa: P. aeruginosa Mastite superaguda severa com toxemia e alta mortalidade. Persiste em uma glândula por até 5 lactações Infecção persistente caracterizada por irritações agudas ou subagudas intermitentes Encontrado em ambientes de solo–água Exposição extensa a água de lavagem, teteiras contaminadas ou tratamentos intramamários administrados pelos ordenhadores Tipos de mastites Mastite por Corynebacterium pyogenes: Patógeno comum em processos supurativos de bovinos e suínos Mastite característica nas novilhas e nas vacas secas Ocasionalmente em úbere lactante Caracterizada pela formação de exsudato purulento, profuso e de odor fétido Forma epidêmica entre as vacas secas Odor fétido não ocasionado por C. pyogenes, mas pelo micrococo anaeróbico comumente associado, Peptococcus indolicus 17 Tipos de mastites: Formas incomuns de mastite. Mycoplasma sp Mycoplasma bovis, M. californicum , M. canadense e M. bovigenitalium forma severa de mastite que pode ser espalhada rapidamente Início rápido. Alguns ou todos os quartos do úbere Perda de produção dramática Exsudato seroso ou purulento Sedimento floculento ou granular fino característico Geralmente não manifestam sinais de envolvimento sistêmico. Pode persistir durante o período seco Tipos de mastites Nocardia asteroides Mastite destrutiva caracterizada por início agudo associada a falha na assepsia no tratamento intramamário das formas comuns de mastite. Alta temperatura Anorexia Rápida emaciação Inchaço acentuado do úbere Resposta no úbere de inflamação granulomatosa Extensa fibrose Formação de nódulos palpáveis Nocardia asteroides Diagnóstico Clínico Histórico Sinais clínicos Alterações no leite Teste de Mastite California Laboratorial Coletar amostras de leite Cultura e o teste de sensibilidade antibiótica Diagnóstico Teste de mastite da Califórnia (estima contagem de células somáticas) kit que consiste de: Pá plástica Reagentes necessários Misturar quantidades iguais (2mL) dos reagentes e do leite Amostras negativas não formam gel e as Amostras positivas apresentam formação de gel vários graus Negativo + - + ++ Tratamento da mastite Infecções estafilocócicas Pode não ser eliminada durante a lactação. Vacas secas taxa um poucomelhor. Penicilina é a droga de escolha para a mastite estreptocócica não resistentes Coliformes variam largamente quanto à sua sensibilidade antibiótica. hidroiodeto de penetamato e eritromicina alcançam níveis muito mais altos no leite do que no plasma após uma administração sistêmica Deve-se observar os períodos de repouso e carência recomendados para cada antibioticoterapia. podem ser úteis nos casos agudos e superagudos devidos a microrganismos suscetíveis. 23 Tratamento da mastite Mastite estreptocócica Infusão antibiótica intramamaria Clortetraciclina, Oxitetraciclina, Cefalosporina ou Cloxacilina Sódica Neomicina tem resultados variaveis vaca seca Cloxacilina Benzatina, Penicilina-novobiocina, Cefalosporina ou Penicilina de longa ação Cloxacilina Benzatínica podem ser úteis nos casos agudos e superagudos devidos a microrganismos suscetíveis. 24 Tratamento da mastite Mastite estafilocócica Vacas com infecções subclínicas em lactação não obtém tanto sucesso a vaca seca Devem ser tratadas no período seco com infusão de longa ação penicilina-estreptomicina, cefalosporina, novobiocina ou cloxacilina benzatina tratamento sistêmico em fases aguda e superaguda eritromicina, estreptomicina, oxitetraciclina ou clortetraciclina terapia intramamária, Cloxacilina, eritromicina, lincomicina, penicilina-estreptomicina, clortetraciclina ou neomicina podem ser úteis nos casos agudos e superagudos devidos a microrganismos suscetíveis. 25 Tratamento da mastite Mastite coliforme Tratamento sistêmico Sulfametazina, penicilina-estreptomicina, oxitetraciclina, ampicilina, sulfato de diidrostreptomicina, clortetraciclina e neomicina Conjunto com infusão de mesmo antibiótico no quarto afetado após a ordenha da noite a cada 24h por 3 a 4 dias Terapia de suporte Injeções únicas ou repetidas flunixina meglumina, anti-histamínicos e IV de corticosteróide com soluções eletrolíticas balanceadas e isotônicas lavagem frequente da teta podem ser úteis nos casos agudos e superagudos devidos a microrganismos suscetíveis. 26 Tratamento da mastite Mastite por Pseudomonas aeruginosa Ainda não se desenvolveu um tratamento satisfatório Sensível à estreptomicina, neomicina e carbenicilina in vitro, Resultados variáveis quando se infundem essas drogas no úbere Carbenicilina é a droga de eleição podem ser úteis nos casos agudos e superagudos devidos a microrganismos suscetíveis. 27 Tratamento da mastite Mastite por Corynebacterium pyogenes Áreas endêmicas Tratamento profilático Penicilinas de longa ação Tratar vacas na secagem novamente em 4 a 6 semanas Terapia raramente obtém sucesso Quarto afetado se perde para produção podem ser úteis nos casos agudos e superagudos devidos a microrganismos suscetíveis. 28 Tratamento da mastite Mastites incomuns Mycoplasma spp: não existe tratamento satisfatório Segregar as vacas para a lactação Medidas estritamente sanitárias Abate Nocardia asteroides: abate para os casos clínicos óbvios Infusões intramamárias de furaltadona-penicilina podem remover com sucesso as infecções latentes e subclínicas podem ser úteis nos casos agudos e superagudos devidos a microrganismos suscetíveis. 29 Controle e profilaxia Controle das formas contagiosas de mastite por meio da adesão um programa específico para cada patógeno. Monitorar o rebanho para detectar reintrodução da infecção Manter todas as vacas infectadas em grupo separado até cura completa dos sintomas ou descarte Sempre ordenhar grupos infectados por último Tratar casos clínicos de S. aureus mas não considerá-los curados mesmo com cultura negativa ordenhar grupos infectados por último para deter a transferência da infecção na ordenha. 30 Controle e profilaxia 8 pontos de controle 1. Checar a função da ordenhadeira e os procedimentos de ordenha 2. Observar e corrigir a higiene da ordenha 3. Detectar as vacas infectadas por meio de TMC repetidos ou de culturas e contagens de células 4. Tratar as infecções clínicas à medida que elas ocorrem e as infecções subclínicas na secagem Corrigir quando necessário reserva inadequada de vácuo ou a uma manipulação errônea das teteiras Os níveis de vácuo entre 5 – 33 cmHg Os tubos de leite com calibre estreito Velocidade e pulsação da teteira Comprimento muito curto de um tubo efetivo Remoção inadequada do conjunto (liberar primeiro o vácuo e remover depois) Estímulo inadequado antes da aplicação do conjunto de teteiras 2. Um sistema de higiene recomendado consiste em: Ordenhar completa e inicialmente 1 a 2 jatos de leite. Lavar as tetas em água corrente limpa ou higienizada e secá-las com toalhas de papel descartáveis. Banhar as tetas em imersão no final da ordenha em uma solução de hipocloreto ou solução de clorexidina a 0,5% Ordenhadores devem usar luvas de borracha e desinfetar suas mãos quando passarem de vaca para vaca, especialmente em situações de surto. 3. Cultivar todos os casos clínicos. Isolar as vacas infectadas e ordenhá-las por último. Ordenhar primeiro as novilhas limpas, depois as vacas recentemente tratadas e finalmente as vacas infectadas. 4. Tratar todos os quartos na secagem com uma infusão antibiótica de longa ação apropriada. 31 Controle e profilaxia 5. Descartar vacas com 3 - 5 recidivas (incluindo a terapia da vaca seca) ou apresentarem contagens de células somáticas persistentemente altas. 6. Examinar todas as introduções ao rebanho por meio da palpação do úbere, da cultura e do TMC da secreção de todos os quartos. 7. Controlar as rachaduras e as fissuras das tetas 8. Manter o interesse e a consciência do proprietário quanto ao problema da mastite 7. Já que elas podem predispor a uma alta incidência de mastite 8. por meio de discussões regulares dos resultados da cultura e da contagem de células (ou do TMC) de amostras mensais do tanque de volume 32 Referencias FRAZER, C.M. Manual Merck de Medicina Veterinária. SP: Roca, 1991. 1803 p. Dürr. J. W. Como produzir leite de qualidade. 4. ed. Brasília: SENAR, 2012. QUINN, P.J; MARKEY, B.K.; CARTER, M.E.; DONNELLY, W.J.C.; LEONARD, F.C. Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas. Artmed, Porto Alegre, 2005. Muito obrigado!
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