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Carta de amor ao ofício de professor

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Universidade do Vale do Taquari - Univates 
Componente: Artesania e O Fazer Pedagógico 
Professor: Fabiane Olegário 
Acadêmica: Luana Sucolotti 
 
Carta de amor ao mundo e ao Ofício. 
 
Amigo (a), 
Eu me lembro... Sim, eu me lembro de uma menina, de uma infância, juventude 
tão atraente e encantadora. Repleta de aprendizagens, desafios, conhecimentos, 
ensinamentos. Está tão deslumbrante ao ponto de não nos darmos conta do verdadeiro 
sentido da vida. Vivi, chorei e brinquei. Tudo ao extremo, tudo tão tudo. Tão tudo, que 
ao lembrar eu me emociono e sinto tanta saudade. Saudade esta que aperta e acalma 
nosso coração por saber que sim, eu aproveitei o mundo que puseram em minhas mãos. 
É tão encantador olhar as crianças hoje em dia e me lembrar dos momentos que tive 
durante pequena. Você deve estar se perguntando aonde quero chegar com essas 
palavras. Na verdade, é um início. Início de um futuro, de uma profissão e de uma 
reflexão de como cheguei até aqui. Muitos se deparam com situações desconfortáveis 
onde não consegue escolher o que quer para a sua vida. Eu por sorte, não passei por 
isso. Não sei se posso dizer se foi um chamado, até acredito que não, ou até inspirações 
por parte da família, por ter muitas professoras em atuação, ou por me identificar na 
área. 
 Pra começo, estava sentada próximo ao meu computador nesta tarde, 
preparando-me para escrever esta carta. Entretanto, as ideias não me vinham a mente... 
Comecei então a pensar sobre a escolha profissional que havia feito para a minha vida: 
ser professor. Isso mesmo, exatamente isso que você leu. Os olhos eram sempre 
atentos ao movimento do lápis, do giz que se despedaçava no quadro negro, da fala, 
dos gestos e das maneiras. Uma criança em alerta a mobilidade da vida e de seu 
Docente. Admirava meus professores, igual uma criança admirando seu pirulito. Era tão 
fantástico para mim ir até a escola. Naquela época eu morava no interior e minha escola 
era dentro de uma capela, dividindo duas salas por uma parede de madeira. Não sei 
como descrever em palavras o meu sentimento por gostar tanto daquela escola. Era 
lindo. O caminho percorrido em estrada de chão até a escola, era cheio de 
aprendizagens, quem sabe, na época não dava tanta atenção como dou agora, mas, os 
simples trajetos que fazemos durante nossa vida, são repletos de ensinamentos. O 
mundo em si nos ensina e por vezes não nos damos conta disso. A falta de atenção 
pelo mesmo, pela vida é tão grande, que quando nos damos conta já aconteceu e 
infelizmente não podemos reviver da mesma forma. Assim como a atenção que damos 
aos nossos Docentes. Será mesmo que agora, no mundo atual, somos atentos como 
éramos quando criança? 
 “Quero ser uma professora igual à minha Profe, Mãe!”. “Minha Profe é querida, 
ela dá os trabalhinhos dela para nós brincar, Mãe! Ela tem uma letra muito linda, e seus 
cadernos são muito caprichosos!”. Essas frases vindas de mim aos 5,7 anos de idade, 
não me lembro certa esta questão de idade, mas me recordo destas palavras simples e 
singelas saindo de uma criança que não sabia o que era o mundo de verdade dentro de 
uma vida adulta, dentro de uma faculdade de Pedagogia. Mas eu era adulta, e além do 
mais, Professor, diante dos meus seis ursinhos alunos, na qual eu exercia a minha 
vocação, Professora. Eu tinha minha própria sala de aula dentro do meu quarto, onde 
passava horas sendo uma profissional... Bom, até um quadro negro eu tinha. Sim, mas 
ele era de 1x1, (Meu pai me fez decorar a tabuada nele.) E tudo começa aí. O gosto de 
dar aula, de ser uma professora, tudo desde cedo. O incentivo, este, surgiu de dentro 
de mim mesma. Por admiração. Mas porquê? Porquê, esta profissão diante de milhares 
outras e quem sabe com salário mais dignou uma categoria que é mais valorizada, mais 
respeitada. A questão é, que não se trata de salário, nem uma vida mais “acomodada”, 
nem por tantas outras críticas que recebemos, mas sim de amor… Amor pelo fazer, pelo 
ser, pelo exercer. Amor ao ofício. E o ofício de professor tem a ver com o amor. Com o 
amor ao mundo e com o amor à infância. Eu achava tão linda a ideia de me pôr na 
frente de uma sala com alunos de todos os tipos e gostos, assim como admirei isso nas 
minhas professoras que passaram e ainda passam pela minha vida. O professor tenta 
transmitir duas coisas, uma matéria e o amor a essa matéria. Contudo, o professor não 
só ama a matéria que ensina, ama a escola. E ama, assim estar na escola, fazer escola, 
fazer na escola, fazer (com seu trabalho) que a escola seja a escola. 
Se você ainda não parou para olhar seu professor, está fazendo errado. Preste 
atenção nos seus gestos. Fique atento ao ofício, que ele carrega consigo. São pequenos 
detalhes, que por vezes fazem muita diferença, só o problema é que não nos damos 
conta nas coisas simples da vida. Reparamos tanto nos defeitos dos outros que não 
admiramos seu fazer. A falta de valorização dos profissionais e a falta de ampliação da 
visão do mundo, é grande. 
 A verdade é que não se trata somente de vocação, mas sim de gostar daquilo 
que faz. A competência para uma determinada função é construída no dia a dia. Os 
espaços a nossa volta, são espaços de construção do conhecimento, que deve ser 
coletivo e, sobretudo prático. São tantas ideias, ideais... Muitos irão ler este desabafo e 
irão dizer que se trata de utopia e que a realidade é muito diferente. Busco com essas 
palavras, trazer algo que aprendi, que fez e está fazendo diferença na minha vida 
pessoal e profissional. Não sou perfeito. Estou muito distante ainda do que disse. Estou 
em busca de algo novo na minha jornada. Estou me redescobrindo como educador. 
Revendo o meu papel. Refletindo... Os verbos no gerúndio revelam que ainda é um 
processo em andamento, de redefinição diária, e que espero que assim continue por 
toda a minha vida.

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