Buscar

Aula_06_Prof_Georges Abboud_Leandro Castanheira Leao_27_11_2018_pre_aula

Prévia do material em texto

PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
MÓDULO RECURSOS E OUTROS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO 
DOS ATOS JUDICIAIS 
 
Professores: Georges Abboud e Leandro Castanheira Leão 
 
1. Material pré-aula 
 
a. Tema 
 
- Ação Rescisória 
- Da ordem dos processos no tribunal, incluindo a sanabilidade 
dos vícios e a técnica de julgamento por maioria (que substitui 
os antigos embargos infringentes). 
 
 b. Noções Gerais 
 
Ação Rescisória 
 
Segundo a definição de Humberto Theodoro Júnior: “Chama-se 
rescisória a ação por meio da qual se pede a desconstituição de 
sentença transitada em julgado, com eventual rejulgamento, a 
seguir, da matéria nela julgada”.1 
 
A ação rescisória é a ação autônoma de impugnação, que tem 
por objetivos a desconstituição de decisão judicial transitada 
em julgado e, eventualmente, o rejulgamento da causa. Ela 
não é recurso, exatamente porque dá origem a um novo 
processo para impugnar a decisão judicial. A ação rescisória 
pressupõe a coisa julgada, contrariamente ao recurso, que 
impede o trânsito em julgado e mantém o estado de 
litispendência ou de pendência do processo.2 
 
A ação rescisória foi criada com o principal objetivo de 
desconstituir a coisa julgada. A autoridade da res iudicata, 
frente a sua possível rescindibilidade, não representa para o 
mundo jurídico, um valor absoluto, mesmo tendo em vista que 
																																																								
1 THEODORO JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol III. Forense, 47º ed. 2016. 
2 DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol 3, 13º ed. Ed. Juspodivm. p.421 
	 	
 
nossa constituição presa pelo respeito a coisa julgada (art. 5º, 
XXXVI), tratando-a como um direito e garantia fundamental, 
porém a mesma carta magna, em seu art.102,I,j, faz expressa 
referência a ação rescisória, como instrumento adequado de 
nosso ordenamento jurídico, para o ataque das questões que 
esgotaram as vias recursais, ou por inércia, já foram 
devidamente transitada em julgado. 
 
Com o esgotamento dos recursos opera-se a coisa julgada, em 
razão da qual a relação jurídica torna-se imutável e indiscutível 
(art. 502 do CPC). 
 
Tratando-se de decisão definitiva (art. 487 do CPC) que 
compõe o litígio, após a fase de interposição dos recursos, o 
ato judicial irradia qualidade que torna imutável e indiscutível a 
relação de direito material. 
 
Se tivermos uma decisão terminativa, a coisa julgada (formal) 
produz a imutabilidade da extinção da relação processual, mas 
se tivermos uma decisão definitiva, a coisa julgada (material) 
conduz à imutabilidade da extinção da relação processual e do 
regulamento estabelecido para o caso concreto. 
 
De outra parte, se a imutabilidade decorrente da coisa julgada 
fosse absoluta, o interessado poderia ter graves prejuízos se 
após o trânsito em julgado da decisão fosse constatado um 
vício. 
 
Assim, por intermédio da ação rescisória a decisão de mérito 
que encerra um vício pode ser anulada. 
 
Conforme Jorge Amaury Maia Nunes e Guilherme Pupe da 
Nóbrega: 
Logo em seu artigo 966, o Código de Processo Civil de 
2015 inova ao substituir o vocábulo “sentença”, constante do 
antigo artigo 485 do CPC/73, por decisão, alcançando 
sentença, decisão interlocutória, acórdão e decisão 
monocrática. A mudança consagra evolução do sistema, que 
prestigiou a teoria dos capítulos das decisões — como 
ilustram os artigos 356, § 3º, 1.009, § 3º, e 1.013, § 5º, do 
	 	
 
CPC/15 —, culminando na previsão expressa de cabimento de 
rescisória apenas contra a parcela do julgado, a teor do § 3º 
do artigo 966, como, aliás, já admitia a jurisprudência sobre 
o tema.3 
 
Os vícios ou defeitos que tornam a decisão anulável são 
elencados no art. 966 do CPC. 
 
Dispõe o referido artigo que a decisão de mérito já transitada 
em julgada poderá ser rescindida nas hipóteses previstas, 
quais sejam: (i) se verificar que foi proferida por força de 
prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; (ii) for proferida 
por juiz impedido ou por juiz absolutamente incompetente; (iii) 
resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento 
da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as 
partes, a fim de fraudar a lei; (iv) ofender a coisa julgada; (v) 
violar manifestamente norma jurídica; (vi) for fundada em 
prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal 
ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; (vii) 
obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova 
nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, 
capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; 
(viii) for fundada em erro de fato verificável do exame dos 
autos. 
 
Para Jorge Amaury Maia Nunes e Guilherme Pupe da 
Nóbrega: 
No que tange às hipóteses autorizadoras da rescisão de 
julgado, iniciamos nosso exame pelo inciso I do artigo 966, 
que traz a hipótese de decisão proferida por força de 
prevaricação, concussão ou corrupção do juiz, merecendo 
registro que não se exige, para que exsurja o cabimento, 
prévia sentença penal condenatória e nem, mesmo, 
investigação criminal, eis que a comprovação dos elementos 
ensejadores da rescisão poderá ser feita no bojo da própria 
																																																								
3 NUNES, Jorge Amaury Maia e NÓBREGA, Guilherme Pope Da. Ação Rescisória. In Migalhas. 
2016. 
http://www.migalhas.com.br/ProcessoeProcedimento/106,MI244484,91041-Acao+rescisoria. Acesso em 
20/11/2018. 
	 	
 
rescisória, o mesmo raciocínio se aplicando ao inciso III, 
abordado mais adiante.4 
 
Continua ainda Jorge Amaury Maia Nunes e Guilherme Pupe 
da Nóbrega: 
O inciso II, de sua vez, prevê a possibilidade de 
desconstituição da decisão proferida por juiz impedido ou 
absolutamente incompetente. No caso da incompetência 
absoluta, particularmente, a análise do dispositivo merece ser 
feita à luz da regra inserta no artigo 64, § 4º4, o que quer 
dizer que virtual decisão de desconstituição com fulcro no 
mencionado inciso II haverá de ser, por prudência, expressa 
a respeito da interrupção dos efeitos do julgado rescindendo, 
quando não incursionar, de pronto, em novo julgamento de 
mérito, a teor dos artigos 968, I, e 974. No inciso III, cumpre 
ressaltar que a inserção da coação e da simulação 
representaram novidade importante em relação ao Código 
anterior. 
 
Já conforme José Miguel Garcia Medina : 
O inciso IV prevê a rescisória contra decisão ofensiva a coisa 
julgada previamente produzida. Na doutrina, há o 
entendimento de que uma segunda decisão em ação com 
identidade de elementos em relação a outro feito 
anteriormente julgado definitivamente, a vulnerar a coisa 
julgada, seria, por conseguinte, e a rigor, juridicamente 
inexistente, premissa essa que redundaria na desnecessidade 
de aviamento de rescisória, eis que a inexistência do segundo 
julgado seria passível de ser suscitada por qualquer via e a 
qualquer tempo. Não se olvida a controvérsia sobre o tema. 
Sem embargo, aderida a posição supra, e observado o prazo 
decadencial de dois anos, a ação rescisória surgiria como 
instrumento adicional para invocação do ponto.5 
 
O inciso V do artigo 966 destoa bastante do antecedente 
inciso V do artigo 485 do CPC/73. No Código anterior, a 
previsão era no sentido de ser cabível a rescisória contra 
																																																								
4 Ibidem 
5 MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil Comentado. 4ª ed. São Paulo: RT, 
2017, p. 1.380. 
	 	
 
sentença que violasse “literal disposição de lei”; no Código 
atual, lado outro, há a menção a decisão “que violar 
manifestamente norma jurídica”. 
 
Fernando da Fonseca Gajardoni aponta que: 
A novidade no que toca às hipóteses de rescindibilidade fica 
por conta da regra do art. 966, V, do CPC/2015, que fala em 
violação manifesta de norma jurídica em vez de violação literal 
de disposição de lei, como constava no art. 485, V, do CPC/73. 
Compreendida a norma jurídica como fruto da interpretaçãodo 
texto legal, abre-se espaço para a admissão do cabimento da 
rescisória – de modo absolutamente diverso do que se 
entendia no regime revogado -, quando a decisão transitada 
em julgado contrariar, de modo manifesto (como impõe a lei), 
precedente judicial (especialmente os enumerados no art. 927 
do CPC/2015), visto este como norma jurídica.6 
 
Conforme Denarcy Souza e Silva Jr o art. 966 parágrafo 1º do 
CPC ao conceituar o que é erro de fato e elencar os 
pressupostos legais para a sua caracterização, não deixou 
brecha para se imaginar uma nova hipótese de rescindibilidade 
(reexame da prova). Para a correta propositura de ação 
rescisória fundamentada em erro de fato, não pode ter havido 
pronunciamento judicial sobre o fato da sentença rescindenda, 
o que se extrai, sem muito esforço, da parte final do referido 
dispositivo (o fato não represente ponto controvertido sobre o 
qual o juiz deveria ter se pronunciado.) 7 
 
Vê-se que o atual sistema processual não apresentou grandes 
mudanças com relação a ação rescisória que tenha por 
fundamento erro de fato, pois os pressupostos necessários 
para a propositura permanecem os mesmos, com a 
																																																								
6 GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Ação Rescisória no novo CPC e uma potencial inconstitucionalidade. 
2016. https://jota.info/colunas/novo-cpc/acao-rescisoria-no-novo-cpc-e-uma-potencial-
inconstitucionalidade-05092016 
 
7 SILVA JÚNIOR, DENARC Souza e. Ação Rescisória com fundamento em erro de fato e o caç. 2015 
Impossibilidade de pronunciamento judicial sobre o fato na decisão rescindenda. n Empório do Direito. 
2017.http://emporiododireito.com.br/leitura/acao-rescisoria-com-fundamento-em-erro-de-fato-e-o-cpc-
15-impossibilidade-de-pronunciamento-judicial-sobre-o-fato-na-decisao-rescindenda 
 
 
	 	
 
manutenção da impossibilidade do fato havido em erro ter sido 
decidido expressamente na decisão rescindenda. 
 
Cumpre ressaltar, que o CPC em seu art. 966, parágrafo 2º, I 
admite ação rescisória para desconstituir provimento que, 
embora não seja de mérito, impeça a propositura de nova 
demanda. 
 
Além disso, o nosso CPC também permite a rescindibilidade de 
decisão que impeça a admissibilidade de recurso 
correspondente, conforme previsão no art. 966, parágrafo 2º, 
II. Assim, vedar a propositura de ação rescisória contra decisão 
que inadmite o recurso correspondente seria afrontar o próprio 
direito de ação, que engloba o direito de recorrer e os 
princípios da inafastabilidade e do duplo grau de jurisdição. 
 
A ação rescisória tem natureza constitutiva, pois modifica 
relação jurídica anteriormente regulada. Terá eficácia positiva 
se julgar de novo o caso concreto. 
 
A sentença rescindível não é nula, mas apenas anulável e 
produz efeitos, porquanto não transitado em julgado o acórdão 
que decreta a sua desconstituição. 
 
Legitimidade 
 
O art. 967 I a IV aponta a legitimidade para propor ação 
rescisória. 
 
A legitimidade para propor a ação rescisória é de quem foi 
parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou 
singular, bem como o terceiro juridicamente interessado, o 
Ministério Público e aquele que não foi ouvido no processo em 
que lhe era obrigatória a intervenção. 
 
Inciso I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título 
universal ou singular: Só terá interesse quem ficou vencido, 
total ou parcialmente, no julgamento que transitou em julgado. 
Também o seu sucessor, podendo ser inter vivos ou causa 
mortis. 
	 	
 
 
Inciso II - terceiro juridicamente interessado: Aquele que por 
manter uma relação jurídica com o vencido, suportou os efeitos 
da coisa julgada material. Exemplos: o adquirente ou 
cessionário de coisa litigiosa. 
 
Inciso III - o Ministério Público (art. 967, III, a, b e c): Nas 
duas primeiras hipóteses, o autor e réu da demanda originária 
integrarão o pólo passivo da rescisória, como litisconsortes 
necessários. A legitimidade do MP para o ajuizamento da 
rescisória na hipótese da alínea “b” não é exclusiva, podendo a 
ação ser proposta pelo terceiro prejudicado e pelo litisconsorte 
que não tenha participado do conluio. 
 
Inciso IV- aquele que não foi ouvido no processo em que lhe 
era obrigatória a intervenção: É o caso de litisconsorte que 
deixou de atuar no feito principal. A sua posição não seria de 
assistente, mas de verdadeira parte, vinculada ao polo ativo ou 
passivo por titularidade da relação jurídica material. 
 
Prazo 
 
O prazo para a propositura da ação rescisória é de 2 anos 
contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no 
processo. (art. 975 do CPC) 
 
Esse prazo tem natureza decadencial, uma vez que a ação 
rescisória trata de tutela constitutiva negativa fundada no 
direito potestativo de desconstituir decisão de mérito 
transitada em julgado, com prazo estabelecido em lei. 
 
O novo CPC estabelece que, se o termo final do prazo para 
ajuizamento da ação rescisória recair durante as férias 
forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver 
expediente forense, ele deverá ser prorrogado para o primeiro 
dia útil subsequente. (art. 975, parágrafo 1º do CPC). 
 
Procedimento da ação rescisória 
 
A propositura da ação rescisória se dá por meio da petição 
	 	
 
elaborada com os requisitos do art. 319, no qual o autor deve 
arguir uma ou mais das causas de rescindibilidade no art. 966. 
 
Além do pedido de rescisão do julgado, a petição deve conter o 
novo julgamento, se for o caso (art. 968, I do CPC). 
 
Na afronta a coisa julgada, limitará o tribunal a rescindir a 
última sentença com trânsito em julgado ao passo que, no caso 
de suborno, impedimento e de incompetência, om processo 
será anulado, devendo o pedido ser renovado no juízo de 
primeiro grau. 
 
Nas demais hipóteses é possível que o tribunal, ao rescindir a 
sentença, já promova novo julgamento da lide. 
 
É requisito cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de 
novo julgamento do processo, bem como depositar a 
importância de 5% sobre o valor da causa, que se converterá 
em multa caso a ação seja, por unanimidade de votos, 
declarada inadmissível ou improcedente. (art. 968, II do CPC). 
 
O não depósito acarretará o indeferimento da petição inicial. 
Esse depósito só será dispensado no caso de gratuidade da 
justiça, ou com relação à União, Estados, Distrito Federal, 
Municípios, suas respectivas autarquias e fundações de direito 
público, ao Ministério Público e à Defensoria Pública. 
 
O valor da causa deve corresponder ao benefício econômico a 
ser auferido pelo autor com a demanda. Predomina na doutrina 
e na jurisprudência o entendimento de que, em regra, o valor 
da causa nas ações rescisórias corresponde ao valor da 
demanda originária, monetariamente corrigido. 
 
Proposta a ação rescisória o relator ordenará a citação do réu, 
designando-se prazo para apresentar resposta, ao fim do qual 
observar-se-á o procedimento comum (art. 970 do CPC). 
 
A competência para o julgamento da rescisória é do tribunal 
competente para conhecer do recurso contra a sentença 
	 	
 
rescindenda ou que tenha editado o acórdão cuja rescisão se 
pretende. 
 
Julgado procedente o pedido, o tribunal desconstituirá a 
sentença proferido, se for o caso, novo julgamento, 
determinando a restituição do depósito prévio. Se o pedido for 
julgado improcedente, o depósito será convertido em multa a 
favor do réu, mesmo se a parte autora estiver ampara pela 
assistência judiciária. 
 
Da ordem dos processos no tribunal, incluindo a técnica de 
julgamento por maioria (que substitui os antigos embargos 
infringentes) 
 
Conforme o art. 93, XV da CF, a distribuição de processos 
deverá ser imediata em todos os graus de jurisdição. Nos 
Tribunais Superiores também deve haver distribuição imediata 
após a remessa dos autos ou o protocolo do recurso. 
 
Assim, os autos serão registrados no protocolo do tribunal no 
dia de sua entrada, cabendo à secretaria ordená-los, com a 
imediata distribuição, sendo que o primeirorecurso 
protocolado no tribunal tornará prevento o relator para 
eventual recurso subsequente interposto no mesmo processo 
ou em processo conexo. 
 
Os arts. 284 a 290 também são aplicáveis à distribuição dos 
processos no âmbito dos tribunais. 
 
O CPC, nos arts. 929 à 946, trata da ordem dos processos no 
tribunal. 
 
Conforme Fredie Didier: Em geral, o procedimento no tribunal 
tem duas fases distintas: uma perante o relator, a quem se 
atribui a função de praticar todos os atos até a sessão de 
julgamento, e a outra, perante o colegiado, que tem por 
finalidade o debate e o julgamento do caso.8 
 
																																																								
8 DIDIER JÚNIOR,Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol 3, 13º ed. Ed. Juspodivm, p. 33. 
	 	
 
Nos termos do art. 929 do CPC, "os autos serão registrados no 
protocolo do tribunal no dia de sua entrada, cabendo à 
secretaria ordená-los, com imediata distribuição". 
 
Segundo Araken de Assis: 
O protocolo é livro oficial; todo tribunal tem um livro oficial de 
protocolos, que pode ser eletrônico ou não. Sua principal 
função é a de autenticar a data de apresentação dos autos ou 
petições, sendo permitida, a partir de então, a obtenção de 
certidões ou, se for o caso, de recibo da entrega dos autos ou 
da petição.9 
 
A distribuição, segundo o art. 930 do CPC, há de ser feita de 
acordo com o regimento interno do tribunal, observando-se a 
alternatividade, o sorteio eletrônico e a publicidade. 
 
A distribuição deve ser alternada entre os membros do 
tribunal, obedecendo-se rigorosa igualdade (art. 285, CPC), 
para que haja a distribuição adequada. 
 
Daniel Amorim Assumpção Neves explica: 
Os julgamentos, nos tribunais, devem, em princípio, ser 
realizados de forma colegiada. Os órgãos julgadores são, 
essencialmente, colegiados. Na sessão de julgamento, cada 
membro profere seu voto. O voto consiste na manifestação 
dada pelo julgador do órgão colegiado.10 
 
A reunião dos votos acarreta o julgamento pelo tribunal. O 
julgamento colegiado consiste na conjunção dos votos 
proferidos pelos membros do órgão julgador. 
 
Após a distribuição, os autos serão imediatamente conclusos a 
relator, que, em 30 dias, depois de elaborar o voto, restituirá 
os autos à secretaria, com o relatório. 
 
O CPC extinguiu a figura do revisor no procedimento recursal, 
visando dar maior celeridade processual. . Nos termos do art. 
																																																								
9 ASSIS, Araken de. Manual dos recursos. São Paulo 8º ed, RT, 2016, p. 264. 
10 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo CPC - inovações, alterações e supressões comentadas. Rio 
de Janeiro: Método, 2015, p. 470. 
	 	
 
932 do CPC incumbe ao relator: (i) dirigir e ordenar o processo 
no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem 
como, quando for o caso, homologar autocomposição das 
partes; (ii) apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos 
e nos processos de competência originária do tribunal; (iii) não 
conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não 
tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão 
recorrida; (iv) negar provimento a recurso que for contrário a: 
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal 
de Justiça ou do próprio tribunal, b) acórdão proferido pelo 
Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça 
em julgamento de recursos repetitivos, c) entendimento 
firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou 
de assunção de competência; (v) depois de facultada a 
apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a 
decisão recorrida for contrária a : a) súmula do Supremo 
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio 
tribunal, b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal 
ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de 
recursos repetitivos, c) entendimento firmado em incidente de 
resolução de demandas repetitivas ou de assunção de 
competência; (v) depois de facultada a apresentação de 
contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão 
recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal 
Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal, 
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo 
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos 
repetitivos, c) entendimento firmado em incidente de resolução 
de demandas repetitivas ou de assunção de competência; (vi) 
decidir o incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o 
tribunal; (vii) determinar a intimação do Ministério Público, 
quando for o caso; (viii) exercer outras atribuições 
estabelecidas no regimento interno do tribunal. 
 
Todos esses atos constituirão decisão monocrática impugnável 
por agravo interno, nos termos do art.1.021 do CPC. 
	 	
 
 
Entretanto, antes de considerar inadmissível o recurso, o 
relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para 
que seja sanado vício ou complementada a documentação 
exigível. 
 
Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à 
decisão recorrida ou a existência de questão apreciável de 
ofício ainda não examinada que devam ser considerados no 
julgamento do recurso, intimará as partes para que se 
manifestem no prazo de 5 (cinco) dias, mesmo quando a 
constatação ocorrer durante a sessão de julgamento, ou 
durante vistas dos autos. 
 
Após, o presidente designará dia para julgamento, sendo que 
entre a data de publicação da pauta e a da sessão de 
julgamento decorrerá, pelo menos, o prazo de 5 (cinco) dias, 
incluindo-se em nova pauta os processos que não tenham sido 
julgados, salvo aqueles cujo julgamento tiver sido 
expressamente adiado para a primeira sessão seguinte. 
 
Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo 
relator, o presidente dará a palavra, sucessivamente, ao 
recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao 
membro do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15 
(quinze) minutos para cada um, a fim de sustentarem suas 
razões, nas hipóteses de recurso de apelação, recurso 
ordinário, recurso especial, recurso extraordinário, embargos 
de divergência, ação rescisória, mandado de segurança, 
reclamação, agravo de instrumento interposto contra decisão 
interlocutória que verse sobre tutela provisória, no incidente de 
resolução de demandas repetitivas (que observará o art. 984), 
entre outras hipóteses previstas em lei ou no regimento 
interno do tribunal. 
 
Serão proferidos os votos e o presidente anunciará o resultado 
do julgamento, designando o relator para redigir o voto, ou, se 
ele for vencido, o autor do primeiro voto vencedor. 
 
	 	
 
O art. 942 do CPC introduziu uma nova técnica de 
julgamento. 
 
Segundo Jorge Amaury Maia Nunes e Guilherme Pupe da 
Nóbrega: 
Por essa técnica, no julgamento da apelação, do agravo de 
instrumento ou da ação rescisória, se não se obtiver 
unanimidade, será ele suspenso, e prosseguirá apenas com a 
presença de outros julgadores, em número suficiente para 
garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, até 
então obtido antes da suspensão.11 
 
Cuida-se de técnica que objetiva fazer valer o voto 
minoritário, de modo a garantir que esse voto não seja 
apenas uma dissidência, mas uma efetiva posição que 
mereça uma análise por um maior número de julgadores. 
 
No caso da apelação, se o resultado não for unânime, o 
julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada 
com a presente de outros julgadores, em número suficiente 
para a garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial. 
Esse julgamento poderá ocorrer na mesma sessão ou em outra 
a ser designada. 
 
Essa técnica de julgamento será também aplicada ao 
julgamento não unânime proferido em: ação rescisória (quando 
o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, 
seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição 
previsto no regimento interno) e agravo de instrumento 
(quando houver reforma da decisãoque julgar parcialmente o 
mérito). 
 
A nova técnica de julgamento é assim aplicada de ofício, 
imperativamente, pois não há margem para que a parte 
renuncie ao direito de ver o voto minoritário prevalecer. 
 
																																																								
11 NUNES, Jorge Amaury Maia e NÓBREGA, Guilherme Pupe da. O fim dos embargos infringentes e 
a nova técnica de julgamento do art. 942 do CPC. In Migalhas. 
2015.http://www.migalhas.com.br/ProcessoeProcedimento/106,MI224193,101048+fim+dos+embargos
+infringentes+e+a+nova+tecnica+de+julgamento+do 
 
	 	
 
O artigo 942 do CPC poderá, também, ensejar problemas de 
alocação de desembargadores, ante a insuficiência, em vários 
tribunais, de juízes em número suficiente para desempatar o 
julgamento. 
A nova técnica, tende a gerar, pelo contrário, ainda mais 
morosidade na prestação judicial, porquanto apenas estende 
as hipóteses de incidência do embargos e, para piorar, torna a 
reapreciação da matéria obrigatória. 
 
Finalmente, quanto à baixa utilização dos embargos 
infringentes, o motivo, ao invés de justificar a manutenção de 
sua essência, foi razão determinante justamente para sua 
extinção. A técnica de julgamento, ademais, aparenta trazer 
ganho mínimo em termos de celeridade (não haverá, apenas, 
o prazo recursal dos embargos infringentes e nem prazo para 
contrarrazões), sabido que, de fato, o que consome o tempo 
do processo é o prazo até que se julgue o recurso com 
ampliação do colegiado. 
 
Por todas essas razões, o sentimento que fica é que a técnica 
de julgamento prevista no artigo 942 do CPC/15 foi solução 
política que desvirtuou instituto jurídico, desvirtuação essa 
que tende a trazer novo problema em momento em que a 
novel legislação se prestaria a resolver problemas antigos.12 
 
c. Legislação 
 
Código de Processo Civil – Lei nº. 13.105/2015 (926 à 947 e 
966 a 975) 
 
d. Julgados/Informativos 
 
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NA AÇÃO 
RESCISÓRIA. ERRO DE FATO. SUPOSTO DEFEITO NA 
DIGITALIZAÇÃO DE PROVAS QUANDO DA REMESSA DO 
PROCESSO PARA ESTA CORTE SUPERIOR. ACÓRDÃO 
RESCINDENDO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 7 DO STJ. 
																																																								
12 Ibidem 
	 	
 
1. A ação rescisória está assentada exclusivamente em 
suposto erro de fato (art. 966, VIII, do CPC/2015) cometido 
quando da remessa do processo para o STJ, consubstanciado 
na ausência de digitalização de documentos essenciais à 
caracterização da filiação/paternidade socioafetiva. 
2. No presente caso, o que inviabilizou o exame do tema de 
mérito - 
existência de filiação/paternidade socioafetiva - no acórdão 
rescindendo foi a aplicação do óbice contido na Súmula n. 7 do 
STJ, 
não a suposta falha na digitalização do processo. A eventual 
ausência de determinadas provas nos autos quando de sua 
remessa ao STJ, portanto, não pesou no julgamento da 
TERCEIRA TURMA, sendo irrelevante o apontado erro de fato. 
3. Quanto ao requerido afastamento da Súmula n. 7 do STJ, 
deduzido 
neste agravo interno, destaco que a agravante não enquadra 
tal pretensão em nenhuma das hipóteses do art. 966 do 
CPC/2015. Em tal contexto, inafastada a aplicação do referido 
óbice, não há como 
permitir o simples reexame de provas na instância especial. 
4. Agravo interno desprovido. 
(STJ, AgInt na AR 6275 / RS, Ministro ANTONIO CARLOS 
FERREIRA, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, 08/11/2018) 
 
AGRAVO INTERNO NA AÇÃO RESCISÓRIA. ACÓRDÃO 
RESCINDENDO. ARREMATAÇÃO. AUSÊNCIA DE LAVRATURA DO 
AUTO. MERA IRREGULARIDADE. PRAZO PARA OS EMBARGOS. 
TERMO INICIAL: A PRÓPRIA ARREMATAÇÃO. ERRO DE FATO. 
DESCARACTERIZAÇÃO. VIOLAÇÃO A LITERAL DISPOSIÇÃO DE 
LEI. AUSÊNCIA. 
IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO RESCISÓRIA. AGRAVO 
DESPROVIDO. 
1. A ação rescisória fundada em erro de fato pressupõe que o 
acórdão rescindendo tenha admitido um fato inexistente, ou 
considerado inexistente um fato efetivamente ocorrido, sendo 
indispensável, em ambos os casos, que não tenha havido 
controvérsia nem pronunciamento judicial a esse respeito. 
2. No caso dos autos, a inexistência da lavratura do auto de 
arrematação foi expressamente alegada, analisada e decidida. 
	 	
 
3. O acolhimento da ação rescisória fundada no art. 485, V, 
do CPC 
exige que a interpretação dada pelo decisum rescindendo seja 
de tal 
modo discrepante que viole o dispositivo legal em sua 
literalidade,porque, se a decisão rescindenda elege uma dentre 
as interpretações cabíveis, a ação rescisória não merece 
prosperar. 
4. Na hipótese, o aresto rescindendo afirma que o fato de o 
auto de arrematação não ter sido lavrado não tolhe a faculdade 
de a parte manejar os recursos cabíveis, porque, para tanto, o 
interessado é intimado da própria arrematação, e não da 
assinatura da completa formalização. 
5. O termo inicial do prazo recursal é a intimação da própria 
arrematação, e não da lavratura do respectivo auto de 
arrematação. 
6. Agravo regimental a que se nega provimento. 
(STJ, AgInt na AR 4510 / SP, Ministro RAUL ARAÚJO, S2 - 
SEGUNDA SEÇÃO, 08/11/2018) 
 
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. AUSÊNCIA DE 
INDICAÇÃO PRECISA DOS DISPOSITIVOS LEGAIS VIOLADOS 
PELA DECISÃO RESCINDENDA. ERRO DE FATO NO 
JULGAMENTO NÃO INDIVIDUALIZADO. INÉPCIA DA 
PETIÇÃO INICIAL. DECISÃO RESCINDENDA QUE INDEFERIU 
LIMINARMENTE MANDADO DE SEGURANÇA POR 
ILEGITIMIDADE PASSIVA E POR IMPOSSIBILIDADE DE 
INSTRUÇÃO. AUSÊNCIA DE EXAME DO MÉRITO DA 
CONTROVÉRSIA. INADEQUAÇÃO DA AÇÃO RESCISÓRIA. 
AÇÃO RESCISÓRIA NÃO PROVIDA. 
1. De acordo com a jurisprudência do STJ, não é possível 
declarar a 
inépcia da petição inicial quando a narração dos fatos 
denota 
razoável compreensão da causa de pedir e do pedido. 
2. Contudo, a narração dos fatos não conduz à ocorrência dos 
vícios 
rescisórios porque não indica - precisamente - como os 
dispositivos 
	 	
 
legais indicados foram violados e nem como a decisão 
rescindenda foi 
consubstanciada em erro de fato. Tendo em vista a inépcia 
da ação 
rescisória, impõe-se a sua extinção sem resolução de 
mérito. Nesse sentido: (AgRg na AR 5.604/MS, Rel. Ministro 
MOURA RIBEIRO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 09/09/2015, 
DJe 16/09/2015). 
3. Ademais, a decisão monocrática do Min. Benedito 
Gonçalves 
indeferiu liminarmente a petição de Mandado de Segurança 
tanto pela impossibilidade de atividade instrutória quanto pela 
ilegitimidade da autoridade coatora. Em outras, palavras, a 
decisão rescindenda não realizou nenhum exame do mérito 
da demanda apresentada no mandado de segurança. Logo, 
a presente ação rescisória deve ser considerada 
inadmissível. Nesse sentido: AgInt na AR 5.774/PB, Rel. 
Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado 
em 22/03/2017, DJe 27/03/2017; AgInt na AR 5.613/RJ, 
Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 
23/08/2017, DJe 15/09/2017; AR 4.210/SP, Rel. Ministro 
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 
10/10/2012, DJe 14/05/2013. 
4. Ação rescisória improcedente. 
(STJ, AR 6008 / RJ, Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, 
Ministro BENEDITO GONÇALVES, S1 - PRIMEIRA SEÇÃO, 
10/10/2018) 
 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL. 
RECONSIDERAÇÃO DA DECISÃO QUE RECONHECEU A 
DECADÊNCIA. PREJUDICIAL DE MÉRITO. AÇÃO RESCISÓRIA. 
PRAZO. CONTAGEM. INÍCIO. ESGOTAMENTO DO PRAZO PARA 
O ÚLTIMO RECURSO CABÍVEL. CONTRADIÇÃO. NÃO 
OCORRÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. 
1. No que tange ao início do prazo para o ajuizamento de 
ação 
rescisória, a orientação contida no enunciado da Súmula n. 
401 do STJ - que deve ser compreendida como impossibilidade 
de interposição de recurso por ter escoado in albis o prazo 
recursal - é mitigada nos casos em que há má-fé do 
	 	
 
recorrente ou o intuito deliberado de protrair o termo inicial 
para o ajuizamento da demanda rescisória. A hipótese dos 
autos, contudo, não se situa nessa situação de 
excepcionalidade que justifique a mitigação do referido 
entendimento jurisprudencial sumulado.2. Inexiste contradição no acórdão que reconheceu ser, em 
tese, 
cabível os embargos de divergência, de tal sorte que o prazo 
para o 
ajuizamento da ação rescisória deveria iniciar-se com 
escoamento do prazo deste recurso e não do prazo destinado 
a eventual embargos de declaração. 
3. Embargos de declaração rejeitados. 
(STJ, EDcl no AgRg no AgRg na AR 4298 / RJ, Ministro 
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, S3 - TERCEIRA SEÇÃO, 
24/10/2018) 
 
 
 
 
 
 
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL 
PÚBLICA. LICITAÇÃO. PROGRAMA MINHA CASA MINHA 
VIDA. ACÓRDÃO NÃO UNÂNIME. JULGAMENTO CONCLUÍDO 
NA VIGÊNCIA DO CPC/2015. REGRA TÉCNICA DO ART. 942 
DO CPC/15. DESCABIMENTO. ENUNCIADO N. 2/STJ. 
PRECEDENTES. PROGRAMA COM NÍTIDO CARÁTER SOCIAL. 
FRACIONAMENTO DO OBJETO. LIMITES DE ORDEM TÉCNICA 
E ECONÔMICA. EQUIPAMENTOS PÚBLICOS. RECURSOS 
FINANCEIROS DO DISTRITO FEDERAL. VENDA DAS 
UNIDADES. LEGISLAÇÃO PRÓPRIA. RIGORISMO DA LEI DE 
LICITAÇÕES AFASTADO. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO 
PÚBLICA PRESERVADOS. 
I - A sentença foi proferida e o respectivo recurso de 
apelação do Distrito Federal interposto na vigência do Código 
de Processo Civil de 1973, momento também no qual foi 
iniciado seu julgamento. O fato de a conclusão do 
julgamento desse recurso, por maioria de votos, ter-se 
dado já na vigência do Código de Processo Civil de 2015 não 
	 	
 
implica necessidade da adoção da técnica processual de 
ampliação do quórum prevista no seu art. 942. 
Aplicação do Enunciado Administrativo n. 2 do Superior 
Tribunal de Justiça. Precedentes: AgInt no AREsp 
1.126.475/ES, Rel. Min. Assussete Magalhães, Segunda Turma, 
julgado em 6/3/2018, DJe 12/3/2018 e AgInt no EDcl no REsp 
n. 1.685.043/SP, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, 
DJe de 13/9/2017. 
II - De acordo com a Lei n. 11.977/2009, o Programa Minha 
Casa Minha Vida se constitui na principal política 
habitacional do país que objetiva o desenvolvimento urbano e o 
acesso à moradia para famílias de baixa renda, a fim de 
reduzir o enorme déficit habitacional brasileiro e também os 
impactos ambientais e sociais decorrentes das ocupações 
irregulares e das habitações precárias. 
III - O interesse social desse Programa é inegável, 
principalmente na perspectiva da efetivação do direito 
fundamental à moradia digna, 
da inserção desse direito entre as necessidades básicas 
dos brasileiros e da competência da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios para promover programas 
de construção de moradias e melhorias das condições 
habitacionais, nos termos dos arts. 1º, III, 7º, IV, e 23, IX, 
todos da Constituição Federal. IV - 
Para o julgamento do recurso especial não é 
necessário o 
revolvimento da matéria fático-probatória produzida no 
curso da 
demanda, porque é possível, no caso, a eventual revaloração 
jurídica 
do quadro fático delineado no acórdão recorrido para se 
concluir 
pela reforma ou não do resultado do julgamento 
realizado pela 
primeira e confirmado pela segunda instância. Afasta-se, por 
isso, a 
incidência do óbice descrito na Súmula 7 do Superior 
Tribunal de 
Justiça. Precedentes: AgInt no REsp 1.453.412/SC, Rel. 
Min. Og 
	 	
 
Fernandes, Segunda Turma, julgado em 2/5/2017, DJe 
8/5/2017; AgInt no AResp 557.471/GO, Rel. Min. Sérgio 
Kukina, Primeira Turma, julgado em 28/11/2017, DJe 
5/12/2017. 
V - Em face da peculiaridade de sua natureza e do 
flagrante interesse social envolvido no Programa Minha Casa 
Minha Vida, por 
força do art. 4º, parágrafo único, da Lei n. 10.188/2001, as 
regras gerais previstas na Lei n. 8.666/1993 podem ser 
flexibilizadas, desde que se observem os princípios gerais da 
administração pública, 
isto é, aqueles previstos no art. 37 da Constituição Federal e 
que 
se consubstanciam em legalidade, impessoalidade, 
moralidade, 
publicidade e eficiência. 
VI - Os avisos de chamamento devem conter as principais 
informações acerca do certame e, principalmente, indicar 
os locais onde os interessados poderão obter informações 
completas e precisas. O acesso às informações específicas 
e exigências deve se fazer por meio do edital propriamente 
dito. Diante do interesse social envolvido no Programa 
Minha Casa Minha Vida e da flexibilização das regras gerais de 
licitação, a ausência de informação específica nos avisos 
acerca da inclusão da construção dos equipamentos públicos é 
incapaz de levar à nulidade dos respectivos editais, porque 
não chega sequer a macular o princípio da publicidade. 
VII - O fracionamento do objeto da licitação previsto no art. 
23, 
§1º, da Lei n. 8.666/1993 não encerra uma regra absoluta, 
porque 
deve respeitar limites de ordem técnica e econômica. No 
âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida, por não se 
tratar de contrato administrativo configurado unicamente 
pela Lei n. 8.666/1993, a ausência do fracionamento do 
objeto para licitação específica da construção dos 
equipamentos públicos não caracteriza ofensa aos princípios 
da administração pública, notadamente os da legalidade, 
moralidade e eficiência. 
	 	
 
VIII - Mesmo os poucos equipamentos públicos a serem 
construídos com recursos específicos do Distrito Federal estão 
inseridos no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida e, 
por isso, não se pode exigir todas as formalidades previstas 
na lei geral de licitações, principalmente na hipótese de os 
respectivos editais estabelecerem que, no preço máximo das 
unidades, os valores subsidiados também estão incluídos, o 
que é suficiente para demonstrar a origem dos recursos que 
irão custear a contrapartida do poder público. 
IX - A ausência de lesão aos princípios da administração 
pública, a 
inexistência de ato de improbidade e a não 
caracterização de 
qualquer dano ao erário impedem que se considerem nulos os 
editais de chamamento impugnados na petição inicial da ação 
civil. 
X - Recurso especial provido. 
(STJ, REsp 1687381 / DF, Ministro FRANCISCO FALCÃO, T2 - 
SEGUNDA TURMA, 17/04/2018) 
 
 
e. Leitura sugerida 
 
- ABBOUD, Georges. Processo Constitucional Brasileiro, 2º ed. 
Ed. RT, 2018. 
 
- ABBOUD, Georges. NERY, Rosa Maria de Andrade. Coleção 
Doutrina, Processos e Procedimento. Ed. RT, 2015. 
 
- ASSIS, Araken de. Manual dos recursos. São Paulo 8º ed, RT, 
2016 
 
- BUENO, Cassio Scarpinella. Novo código de processo 
civil anotado. São Paulo: 3º ed. Saraiva, 2017. 
 
- LENZA, Pedro. Direito Processual Civil Esquematizado. 8ª 
edição: São Paulo: Editora Saraiva, 2017. 
 
- MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil 
comentado. 5. ed. São Paulo: Ed. RT, 2017. 
	 	
 
 
- NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manuel de Direito 
Processual Civil. Editora Juspodivm, Brasil, 2016. 
 
- NETO, José de Andrade. Análise doutrinaria sobre o novo 
direito processual civil brasileiro, vol 3. 1ª ed. São Paulo: 
Contemplar, 2015. 
 
- SCARPINELLA BUENO, Cassio. Novo Código de Processo Civil 
Anotado. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 
 
- THEODORO JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 
Vol III. Forense, 47º ed. 2016. 
 
 
f. Leitura complementar 
 
- ARAUJO, José Henrique Mouta. Prazos diferenciados para a 
Ação Rescisória e seus regramentos processuais 
http://emporiododireito.com.br/leitura/prazos-diferenciados-
para-acao-rescisoria-e-seus-regramentos-processuais 
Acesso em 20/11/2018. 
 
- DESTEFENNI, Marcos. Fundamentos da Ação Rescisória no 
NCPC. In Estado de Direito. 
http://estadodedireito.com.br/os-fundamentos-da-acao-
rescisoria-no-ncpc/. Acesso em 20/11/2018. 
 
- FERNANDES, Caio Guimarães.Ação Rescisória no novo CPC. 
In Ambito Juridico. http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&
artigo_id=18166. Acesso em 20/11/2018. 
 
- GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Ação Rescisória no novoCPC e uma potencial inconstitucionalidade.2016. 
https://jota.info/colunas/novo-cpc/acao-rescisoria-no-novo-
cpc-e-uma-potencial-inconstitucionalidade-05092016. 
Acesso em 20/11/2018 
 
 
	 	
 
- LANDIM, Lais de Brito Paes. Ação rescisória e sua 
aplicabilidade no novo código de processo civil. 
https://www.lex.com.br/doutrina_27522168_ACAO_RESCISOR
IA_E_SUA_APLICABILIDADE_NO_NOVO_CODIGO_DE_PROCES
SO_CIVIL.aspx 
Acesso em 20/11/2018 
 
- NUNES, Jorge Amaury Maia e NÓBREGA, Guilherme Pupe da.
 Ação Rescisória. In Migalhas. 2016. 
http://www.migalhas.com.br/ProcessoeProcedimento/106,MI24
4484,91041-Acao+rescisoria. Acesso em 20/11/2018 
 
 
- NUNES, Jorge Amaury Maia e NÓBREGA, Guilherme Pupe da.
 O fim dos embargos infringentes e a nova técnica de 
julgamento do art. 942 do CPC. In Migalhas.2015. 
http://www.migalhas.com.br/ProcessoeProcedimento/106, 
MI224193, 
101048+fim+dos+embargos+infringentes+e+a+nova+tecnica
+de+julgamento+do 
Acesso em 20/11/2018 
 
- PEIXOTO, Ravi. Sobre a contagem do prazo da ação 
rescisória e o trânsito em julgado parcial. 
http://emporiododireito.com.br/leitura/sobre-a-contagem-do-
prazo-na-acao-rescisoria-e-o-transito-em-julgado-parcial-por-
ravi-peixoto 
Acesso em 20/11/2018 
 
 
- SILVA JÚNIOR, Denarcy Souza e. Ação Rescisória com 
fundamento em erro de fato e o cpc 2015. Impossibilidade de 
pronunciamento judicial sobre o fato na decisão rescindenda. 
In Emporio do Direito. 2017. 
http://emporiododireito.com.br/leitura/acao-rescisoria-com-
fundamento-em-erro-de-fato-e-o-cpc-15-impossibilidade-de-
pronunciamento-judicial-sobre-o-fato-na-decisao-rescindenda. 
Acesso em 20/11/2018 
 
- RAMOS, Carmem. Ação rescisória a luz do novo cpc. 
	 	
 
https://carmemrrk.jusbrasil.com.br/artigos/336567820/acao-
rescisoria-a-luz-do-novo-cpc 
Acesso em 20/11/2018 
 
- SILVA, Leonardo Soares. Estudo da ação rescisória acerca do 
novo Código de processo civil. 
https://jus.com.br/artigos/66422/estudo-da-acao-rescisoria-
acerca-do-novo-codigo-de-processo-civil 
Acesso em 20/11/2018

Continue navegando