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1 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 4 1. CONCEITO DE RECURSO .................................................................................................. 5 1.1 Classificação dos Recursos: .................................................................. 6 2 APELAÇÃO .......................................................................................................................... 7 2.1 Requisitos de admissibilidade da apelação ........................................... 7 2.2 Dos efeitos da apelação ........................................................................ 8 2.3 Processamento da Apelação ............................................................... 10 2.4 Julgamento da apelação ...................................................................... 12 2.5 Processamento da apelação em caso de indeferimento da inicial ...... 14 2.6 Processamento da apelação em caso de improcedência de plano (art. 285-A) .................................................................................................. 14 3 AGRAVO DE INSTRUMENTO ........................................................................................... 15 3.1 Requisitos formais intrínsecos do Agravo de Instrumento. .................. 16 3.2 Requisitos extrínsecos ......................................................................... 16 3.3 Agravo de instrumento eletrônico ........................................................ 17 3.4 Julgamento do agravo ......................................................................... 19 4 AGRAVO INTERNO............................................................................................................ 20 4.1 Requisitos e processamento ............................................................... 20 5 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ....................................................................................... 21 5.1 Requisitos formais e processamento dos embargos de declaração .... 21 5.2 Embargos com efeito de prequestionamento ...................................... 23 5.3 Efeitos dos embargos de declaração ................................................... 24 6 RECURSO ORDINÁRIO ..................................................................................................... 25 7 RECURSO ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO .................................................................. 25 7.1 Requisitos formais ............................................................................... 26 7.2 Processamento e juízo de admissibilidade .......................................... 28 7.3 Interposição Conjunta .......................................................................... 29 7.4 Fungibilidade ....................................................................................... 31 8 RECURSO ESPECIAL ....................................................................................................... 32 9 RECURSO EXTRAORDINÁRIO ......................................................................................... 32 9.1 Julgamento no recurso extraordinário ................................................. 35 10 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA ....................................................................................... 36 10.1 Prazo ................................................................................................... 39 10.2 Comprovação da divergência .............................................................. 40 10.3 Decisão de inadmissão do recurso ...................................................... 41 10.4 Procedimento no STJ e STF ............................................................... 42 10.5 Alguns problemas superados pelo novo CPC ..................................... 43 11. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 45 4 INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 1. CONCEITO DE RECURSO Recurso é o meio pelo qual a parte inconformada com a sentença dada pelo juiz de 1ª instância usa para recorrer da decisão do juízo a qual não lhe foi favorável. De acordo com o doutrinador Humberto Theodoro Júnior: Em linguagem jurídica a palavra recurso é usualmente empregada num sentido lato para denominar “todo meio empregado pela parte litigante a fim de defender o seu direito”, como, por exemplo, a ação, contestação, a reconvenção, as tutelas provisórias. Nesse sentido diz-se que a parte deve recorrer às vias ordinárias, ou deve recorrer às tutelas de urgência e da evidência, ou deve recorrer à ação reivindicatória etc. Mas, além do sentido lato, recurso em direito processual tem uma acepção técnica e restrita, podendo ser definido como o meio ou remédio impugnativo apto para provocar, dentro da relação processual ainda em curso, o reexame de decisão judicial, pela mesma autoridade judiciária, ou por outra hierarquicamente superior, visando a obter-lhe a reforma, invalidação, esclarecimento ou integração. (JÚNIOR, 2018. p. 1011) O recurso é um meio idôneo o qual o objetivo é facilitar o reexame da decisão dentro do mesmo processo em que foi proferida, antes da formação da coisa julgada. Além do recurso existem ações autônomas de impugnação. No sistema jurídico brasileiro, o que caracteriza o recurso é a sua inserção na própria relação jurídica processual onde o direito de ação está sendo exercido, enquanto as ações de impugnação, como a rescisória, o mandado de segurança, os embargos de terceiro etc., representam a instauração de uma nova relação jurídica processual. Os remédios impugnativos do segundo tipo às vezes são manejados até mesmo depois da extinção do processo em que se proferiu a decisão atacada, ou seja, depois de consumada a coisa julgada, como se dá com a ação rescisória. (JÚNIOR, 2018. p. 1012) O recurso objetiva a reforma da decisão impugnada, tentando obter em novo pronunciamento, do mesmo órgão judicial, ou de um tribunal superior, uma solução concreta distinta daquela contida no julgado anterior. 6 O recurso pode também ao invés de tentar modificar a decisão anterior apenas reforma-la, ou seja, aperfeiçoá-la, mediante eliminação de obscuridade, contradição e omissão. 1.1 Classificação dos Recursos: a) de reforma: quando se busca a modificação sentença de maneira a alcançar, no julgamento recursal, um pronunciamento mais favorável ao recorrente. b) de invalidação: quando não se busca um novo julgamento, dentro do recurso, mas, sim, a sua cassação pura e simples, onde a sentença contenha vícios que provocaram a anulação do primeiro julgamento. Ocorre esse tipo de recurso, geralmente, nas hipóteses de inobservância de requisitosde validade do julgamento, como a incompetência, o cerceamento de defesa, as decisões citra, extra e ultra petita, e, enfim, a ausência de qualquer pressuposto processual ou condição da ação; (JÚNIOR, 2018. p. 1013) c) de esclarecimento ou integração: os chamados embargos de declaração, onde o objetivo recursal não é o rejulgamento da matéria decidida nem tampouco a invalidação do ato impugnado. [...] tão somente, o seu aperfeiçoamento, o que se alcança eliminando a falta de clareza ou a contradição nele verificada, ou suprindo-lhe alguma omissão no tratamento das questões suscitadas no processo. Eventualmente, ter-se-á de introduzir alguma inovação no decisório embargado. Isto, porém, haverá de ser feito nos estritos limites da meta de eliminar a dúvida, a contradição ou suprir a omissão, e nunca com a dimensão de um amplo reexame e rejulgamento daquilo que já restara solucionado no ato judicial anterior. (JÚNIOR, 2018. p. 1013) 7 2 APELAÇÃO 2.1 Requisitos de admissibilidade da apelação Os Requisitos de admissibilidade da apelação estão condicionados ao preenchimento dos requisitos gerais de admissibilidade, onde o prazo para a interposição é de quinze dias, observado o disposto nos arts.180, do CPC/15: Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1º.§ 1º Findo o prazo para manifestação do Ministério Público sem o oferecimento de parecer, o juiz requisitará os autos e dará andamento ao processo. § 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o Ministério Público. (BRASIL, 2015) Deve-se observar ainda relativo aos prazos o art. 183, do CPC/15: Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal. § 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico. § 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente público. (BRASIL, 2015) Para finalizar o art. 229 do CPC/15: Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. § 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles. § 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos. (BRASIL, 2015) Ainda existem outros requisitos de admissibilidade os quais devem ser observados 8 O apelante deve recolher o preparo, observadas as disposições da Lei Estadual de Custas. Sob o aspecto formal, deverão ser observadas as exigências do art. 1.010: ser interposta no juízo a quo por petição, acompanhada das respectivas razões. A petição é endereçada ao juiz da causa, e não ao Tribunal. As razões, no entanto, são dirigidas ao Tribunal, pois competirá a ele examiná-las. O recurso deverá conter os nomes e a qualificação das partes. Na verdade, a qualificação só será necessária em caso de recurso de terceiro prejudicado, pois, nos demais, já deverá constar dos autos, sendo desnecessário repeti-la. Deverá ainda apresentar a exposição do fato e do direito e as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade, com o pedido de nova decisão. (GONÇALVES, 2016. p. 881, 882) Dos requisitos que deve conter a apelação versa o art. 1010: Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: I - os nomes e a qualificação das partes; II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; IV - o pedido de nova decisão. § 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias. § 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar contrarrazões. § 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade. (BRASIL, 2015) As razões de apelação devem acompanhar o recurso no ato de interposição, as quais não podendo ser apresentadas posteriormente, cabendo ao juízo o encaminhamento do recurso. 2.2 Dos efeitos da apelação Os efeitos da apelação podem ser: devolutivo; suspensivo; regressivo; translativo; expansivo. a) Efeito devolutivo: Como todos os demais recursos instituídos em nosso ordenamento Jurídico, a apelação é dotada de efeito devolutivo, do qual trata o art. 1.013, §1º e 3º: 9 Art. 1.013, A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. § 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I - reformar sentença fundada no art. 485; II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. (BRASIL, 2015) Artigo este que vai tratar do efeito devolutivo em todas as espécies de recursos, não apenas na apelação. b) Suspensivo: regra geral a apelação é dotada de efeito suspensivo. Mas conforme o art. 1.012, § 1°, do CPC, existem algumas exceções: Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. § 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: I - homologa divisão ou demarcação de terras; II - condena a pagar alimentos; III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; VI - decreta a interdição. (BRASIL, 2015) Nestes casos se houver reforma ou invalidação da sentença os mesmos serão revistos automaticamente. c) Regressivo: A apelação só será atribuída de efeito regressivo quando for interposta contra a sentença de extinção sem resolução de mérito conforme versa o art. 485, § 7°, do CPC: O juiz não resolverá o mérito quando: § 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. 10 Ou no caso de improcedência liminar conforme versa o art. 332, § 3°: Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: § 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. d) Translativo: A apelação irá dispor de efeito translativo, o que permite ao tribunal conhecer de ofício das matérias de ordem pública, ainda que não suscitadas. e) Efeito expansivo: A apelação terá efeito expansivo, nas condições examinadas no conteúdo da mesma relativo a esse efeito. Em regra, os efeitos da apelação são os supra- citados e não existe possibilidade de inovação apelação, conforme se observa no art. 1.013, § 1°, que limita o objeto da apreciação e julgamento pelo tribunal às questões suscitadas e discutidas. No entanto, o CPC de 2015 em seu art. 493 cita duas situações em que o tribunal pode examinar questões não apreciadas em primeiro grau. Caso em que ocorrer de depois da propositura da ação, fatoconstitutivo, modificativo ou extintivo do direito do autor influir no julgamento do mérito. Não cabendo mais tomá-lo em consideração e quando houver matéria de ordem pública que, embora não discutida anteriormente, poderá ser conhecida de ofício no exame do recurso. 2.3 Processamento da Apelação O Processamento da apelação pode ser ocorrer de duas formas: perante o órgão a quo, ou nos tribunais, deve ser interposta originariamente no juízo de origem que, o qual deverá remeter ao tribunal a remessa dos autos para que ocorra o exame dos recursos. 11 Processamento da apelação pode ocorrer também em primeira instância, onde no prazo quinze dias deverá ser interposta, e em seguida processada perante o juízo a quo. O juízo não fará nenhum juízo de admissibilidade. O processamento do recurso não poderá ser indeferido pelo juízo a quo, ainda que se verifique o não preenchimento de algum dos requisitos de admissibilidade. Como não cabe ao juiz receber ou indeferir a apelação, também não cabe a ele atribuir-lhe efeitos, já que eles decorrem de lei. Como regra, já foi visto, a apelação terá efeito suspensivo, salvo as hipóteses do art. 1.012, § 1°. Se a parte tentar promover o cumprimento provisório de sentença, pendente apelação provida de efeito suspensivo, o juiz o indeferirá. Apresentada a apelação, o juiz determinará a intimação do adversário para as contrarrazões, no prazo de 15 dias. Caso nas contrarrazões o apelado postule ao tribunal o reexame de alguma decisão interlocutória proferida no curso do processo, e que não se tornou preclusa, porque não suscetível de agravo de instrumento (art. 1.009, § 1°), o juízo intimará o apelante para sobre ela se manifestar, no prazo de 15 dias, ficando assim assegurada, em relação a ele, a observância do contraditório. (GONÇALVES, 2016. p. 884) Em seguida, os autos serão remetidos ao Tribunal, a quem caberá receber ou não o recurso, bem como verificar o preenchimento dos requisitos de admissibilidade. Quanto ao processamento da apelação no tribunal, Processamento da apelação no Tribunal, os autos serão registrados e distribuídos de acordo com o regimento interno, sendo encaminhados ao relator, o qual, em 30 dias, depois de haver elaborado o voto, os devolverá à Secretaria, com o relatório conforme versa o art. 931, do CPC/15, apontando os principais pontos controvertidos que são objeto do recurso. Será marcada data para o julgamento, no qual haverá a participação de três juízes. Qualquer um poderá, durante o julgamento, pedir vista dos autos, se ainda não se sentir habilitado a proferir imediatamente o seu voto, observando-se as regras e os prazos do art. 940 do CPC. Só será marcada data para o julgamento se o relator não tomar uma das providências do art. 932, III, IV e V, do CPC, não admitindo 12 recurso, negando-lhe provimento ou dando-lhe provimento, preenchidos os requisitos indicados na lei, em decisão monocrática. Se ele o fizer, da sua decisão caberá agravo interno, no prazo de 15 dias, nos termos do art. 1.021 e ss. O art. 938, § 1°, do CPC autoriza o tribunal, em caso de vício sanável, a determinar a realização ou renovação de ato processual, no próprio tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, intimando-se as partes; depois que a diligência for cumprida, o julgamento prosseguirá. O relator também poderá determinar a conversão do julgamento em diligência, para produção de prova considerada necessária. A prova será realizada no tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, decidindo-se o recurso após a conclusão da instrução (art. 938, § 2°). (GONÇALVES, 2016. p. 884) Depois de processado no tribunal, a apelação segue então para ser julgada. 2.4 Julgamento da apelação No momento do julgamento votarão três juízes, sendo o resultado colhido por maioria. Ainda devem ser observadas algumas coisas: As questões referentes à admissibilidade do recurso devem ser votadas em primeiro lugar. Se houver mais de uma questão, cada qual deve ser votada separadamente, sob pena de falseamento do resultado. Também cada um dos fundamentos do recurso deve ser votado separadamente. (GONÇALVES, 2016. p. 885) Após os julgadores proferirem os votos, será anunciado o resultado e redigido o acórdão, pelo relator ou, se ele for vencido, pelo juiz que proferiu o primeiro voto vencedor. O CPC de 2015 inovou extinguindo os embargos infringentes que reformavam a sentença de mérito contra acórdão não unânime. O art. 942 introduziu, no entanto, uma nova técnica de julgamento, aplicável aos acórdãos proferidos no julgamento de apelação, agravo de instrumento contra decisão de mérito, proferida nos casos de julgamento antecipado parcial, e em ação rescisória. Esse mecanismo, conquanto não tenha natureza recursal, faz lembrar os embargos infringentes. (GONÇALVES, 2016. p. 885) 13 Recurso este que lembra os embargos infringentes: Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores. § 1º Sendo possível, o prosseguimento do julgamento dar-se-á na mesma sessão, colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão colegiado. § 2º Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do prosseguimento do julgamento. § 3º A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica- se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido em: I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno; II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito. § 4º Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento: I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas; II - da remessa necessária; III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial. (BRASIL, 2015) Mas não se trata de recurso, no entanto, não depende de interposição, constituindo apenas uma fase do julgamento da apelação, do agravo de instrumento contra decisão de mérito e da ação rescisória, não unânime. Estabelece o CPC, art. 942, caput, que, quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, a serem convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores. De acordo ainda com o art. 942, § 3°, a mesma técnica de julgamento aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido em ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, e no agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito. Como não se está diante de um recurso, como eram os embargos infringentes, que dependiam de interposição pelo interessado, a nova técnica de julgamento deve ser aplicada sempre, independentemente de qualquer requerimento dos interessados, todas as vezes que estiverem presentes as circunstâncias acima indicadas. (GONÇALVES, 2016 p. 885) Devendo ser julgada a apelação por outros julgadores. 14 2.5 Processamento da apelação em caso de indeferimento da inicial O processamento da apelação contra a sentença que indefere a petição inicial possui algumas particularidades, especialmenteem primeira instância. Ela extingue o processo antes de determinar que o réu seja citado. Apresentado o recurso, o juiz terá o prazo de 5 dias para, querendo, retratar-se. Se o fizer, determinará que o réu seja citado, e o processo prosseguirá; se não, determinará a citação do réu, para que apresente contrarrazões e, em seguida, determinará a subida dos autos. A possibilidade de retratação existirá em todos os casos de extinção sem resolução de mérito (art. 485 do CPC). (GONÇALVES, 2016. p. 886) Somente no caso de indeferimento de Inicial é que o réu precisará ser citado para as contrarrazões, uma vez que nos demais casos ele já estará citado. 2.6 Processamento da apelação em caso de improcedência de plano (art. 285-A) Nos casos em que o juiz, antes de citar o réu, julga o pedido totalmente improcedente, nas hipóteses do art. 332, a apelação do autor terá algumas peculiaridades. Apresentado o recurso, o juiz terá o prazo de cinco dias para retratar- se. Se o fizer, a sentença ficará sem efeito, e o réu será citado para oferecer contestação. Se não, antes de determinar a subida do recurso, mandará que o réu seja citado, para apresentar as suas contrarrazões. (GONÇALVES, 2016. p. 886) Em seguida, será determinada a remessa dos autos ao Tribunal. 15 3 AGRAVO DE INSTRUMENTO O agravo de instrumento é o recurso usado para atacar decisões interlocutórias, a partir do Novo Código de Processo Civil, o agravo de instrumento recebeu uma nova formatação, onde passou a ser chamado pela doutrina de agravo de instrumento específico, uma vez que tão somente poderá ser meio de impugnação contra algumas decisões que estão elencadas no art. 1015 do CPC de 2015. Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I - tutelas provisórias; II - mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º; XII - (VETADO); XIII - outros casos expressamente referidos em lei. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário. (BRASIL, 2015) Caberá ainda, agravo de instrumento contra todas as decisões interlocutórias as quais forem proferidas na fase de liquidação e de cumprimento de sentença, nos casos onde haja processo de execução e de inventário. Uma ressalva de que as questões decididas interlocutoriamente as quais não estão representadas no art. 1015, não sofrem o efeito de preclusão, devendo ser impugnadas no recurso de apelação ou nas contrarrazões. 16 3.1 Requisitos formais intrínsecos do Agravo de Instrumento. O art. 1016 do NCPC/15 estabelece os requisitos formais intrínsecos do NCPC/15: Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio de petição com os seguintes requisitos: I - os nomes das partes; II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido; IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo. (BRASIL, 2015) Destaque-se que em regra o agravo de instrumento não possui efeito suspensivo. 3.2 Requisitos extrínsecos Os requisitos formais extrínsecos encontram-se elencados no art. 1017 do NCPC/15 Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída: I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal; III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis. § 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais. § 2º No prazo do recurso, o agravo será interposto por: I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para julgá-lo; II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias; III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento; IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei; V - outra forma prevista em lei. § 3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932, parágrafo único. § 4º Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo fac-símile ou similar, as peças devem ser juntadas no momento de protocolo da petição original. § 5º Sendo eletrônicos os 17 autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia. (BRASIL, 2015) No caso de agravo de instrumento extrínseco conforme explica Sales: Para essa modalidade de agravo, por ser dirigido diretamente a órgão diferente do que proferiu a decisão para ser apreciado de imediato, exige-se que se forme um instrumento com as peças necessárias para que o tribunal possa examinar a questão. Assim, o agravo deve ser acompanhado das cópias do processo principal, em especial da petição inicial, da contestação (se houver), da petição que deu azo à decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão (ou outro documento oficial) que comprove a tempestividade do agravo e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado, como peças obrigatórias (inc. I), e, facultativamente, com outras peças que considerar importantes para o entendimento do Tribunal (inc. III). Além disso, na ausência de qualquer uma das peças obrigatórias, o agravante deverá juntar ao agravo uma declaração de inexistência do documento, firmada pelo advogado (inc. II). (SALES, 2018. p. 554, 555) 3.3 Agravo de instrumento eletrônico A nova modalidade de processo eletrônico ainda é novidade e existem muitos processos físicos, de forma que como supra- citado o mencionado por Sales sobre as cópias só cabe para processos físicos. Quando se tratar de processo eletrônico, não existe necessidade de juntada das cópias dos documentos. O processamento do agravo de instrumento deve ser ajuizado diretamente no tribunal, uma vez distribuído reagirá de forma imediata. Após a distribuição do agravo, os autos serão imediatamente conclusos ao relator, o qual deverá verificar se é o caso de aplicar as hipóteses dispostas no art. 932 e seguintes. Art. 932. Incumbe ao relator: I - Dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção de prova, bem como, quando for o caso, homologar auto composição das partes; 18 II - Apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; IV - Negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal,do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal; VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso; VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do tribunal. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível. (BRASIL, 2015) Quanto a tutela recursal pretendida quando o relator entender, que estão presentes os pressupostos legais contidos no art. 300 do CPC/15, poderá antecipá-los. Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. § 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. § 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia. § 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão. (BRASIL, 2015) 19 Ainda quanto a necessidade de informar a interposição do agravo, o art. 1018 do CPC estabelece duas situações diferentes: uma quando se tratar de processo originariamente físico e outra quando se tratar de processo originariamente eletrônico. Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso. § 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o agravo de instrumento. § 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput, no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento. § 3º O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde que arguido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento. (BRASIL, 2015) O caput doa art. 1018 do CPC/15 versa sobre os processos originariamente eletrônicos, onde a comunicação será opcional, uma vez que a própria plataforma irá comunicar a interposição ao tribunal. Já o § 2º versa sobre os processos físicos, onde a comunicação é obrigatória, sob pena de não conhecimento do agravo. Neste caso o agravante deverá comunicar ao juiz de 1º grau a interposição do agravo, dentro do prazo de 3 (três) dias contados da data do ajuizamento. Uma vez que o juiz se tornar ciente da interposição, poderá rever ou até mesmo reformar a sua decisão, comunicando de forma imediata ao relator do recurso no tribunal, que o considerará prejudicado. 3.4 Julgamento do agravo O julgamento do agravo deverá correr no prazo de 1 (um) mês, a partir da intimação do agravado, deverá ser feito pelo colegiado, composto por 3 (três) desembargadores, o acórdão deverá ser lavrado pelo relator, porém se vencido, pelo desembargador que proferiu o primeiro voto vencedor, não se admitido sustentação oral no julgamento. 20 4 AGRAVO INTERNO O agravo interno é uma modalidade própria a qual é usada par atacar no âmbito dos tribunais, decisões monocráticas, proferidas pelo relator de um recurso. O processamento do agravo interno se dá de acordo com as normas do Regimento interno do respectivo tribunal. 4.1 Requisitos e processamento O agravo interno deve ser feito mediante petição escrita, no prazo de 15 dias, na qual o agravante deverá impugnar, de maneira específica, os fundamentos da decisão atacada. A petição deverá ser dirigida ao relator que proferiu a decisão, que determinará a intimação do agravado para oferecer resposta ao recurso, também no prazo de 15 dias. O relator poderá rever sua decisão, retratando-se. Se não o fizer, deverá levar o agravo para julgamento do órgão colegiado. (SALES, 2018. p. 557) Conforma institui o art. 1021, § 4º do CPC/15, quando o agravo for considerado manifestamente inadmissível ou improcedente, no caso de votação unânime, o órgão colegiado em uma votação fundamentada, condenará o agravante, a pagar uma multa ao agravado, no valor fixado entre 1% e 5% sobre o valor da causa atualizado. Entretanto, apenas ao agravo manifestamente improcedente deve ser aplicada a multa. Uma vez aplicada a multa, a interposição de qualquer outro recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, sob pena de não conhecimento do recurso. Havendo exceção relativo à Fazenda Pública e o do beneficiário da justiça gratuita, os quais poderão efetuar o pagamento ao final do processo. 21 5 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO O recurso denominado embargos de declaração é o recurso próprio para esclarecer a decisão atacada partindo do pressuposto de que a decisão precisa ser completa e clara. Os embargos de declaração objetivam no ato impugnado: esclarecer obscuridade; eliminação de contradição; bem como a supressão de omissão, servindo também para suprimir erros materiais, cometidos pelo juiz ou relator do processo. Os embargos de declaração não se prestam a reformar a decisão impugnada, mas tão somente integrá-la, sanado os vícios de obscuridade, contradição e omissão. Entretanto, em algumas situações, o acolhimento dos embargos, especialmente no caso de omissão, pode acarretar a modificação da decisão embargada. Admite-se assim, ainda que por via reflexa, o efeito modificativo dos embargos. (SALES, 2018. p. 558) Sales ainda menciona a Súmula nº 278 do STF que versa da seguinte forma: A natureza da omissão suprida pelo julgamento de embargos declaratórios pode ocasionar efeito modificativo no julgado. Quanto aos requisitos especiais dos embargos de declaração, em caso de omissão, o julgamento dos embargos irá supri-la, decidindo as questões onde houveram a omissão, já nos casos onde houveram contradição e/ou obscuridade, a decisão será extirpada, eliminando então defeito que nela houver. 5.1 Requisitos formais e processamento dos embargos de declaração Os requisitos formais intrínsecos e extrínsecos dos embargos de declaração se encontram elencados no art. 1023 do NCPC/15: 22 Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo. § 1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229. § 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada. (BRASIL, 2015) Em relação aos prazos para julgamento dos embargos de declaração versa o art. 1024 do NCPC/15: Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias. § 1º Nos tribunais, o relator apresentará os embargosem mesa na sessão subsequente, proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente. § 2º Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á monocraticamente. § 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º. § 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração. § 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação. (BRASIL, 2015) Observa-se então que contra decisão de primeiro grau, os embargos de declaração devem ser julgados no prazo de 5(cinco) dias, já nos embargos contra decisão do tribunal, devem ser encaminhados a mesa julgadora na sessão subsequente ao seu recebimento pelo relator, sendo por decisão monocrática, o julgamento dos embargos também deverá ocorrer por decisão monocrática. O § 3º do art. 1024 do NCPC/15 vai versar sobre o princípio da fungibilidade quanto a dúvida entre os embargos de declaração e o agravo interno. 23 É bastante comum ocorrer, contra a mesma decisão- por exemplo, um acórdão, -de uma parte oferecer embargos de declaração e a outra, um recurso extraordinário, ao mesmo tempo. Quando isto acontece, os embargos deverão ser julgados desde logo, deixando de lado, momentaneamente, o outro recurso. No julgamento dos embargos, duas situações são possíveis de ocorrer: a) acolher os embargos, com modificação da decisão; ou b) rejeitar os embargos, mantendo a decisão. [...] se o acolhimento dos embargos resultar na modificação da decisão, o embargado poderá complementar ou alterar suas razões recursais, nos limites da modificação, no prazo de 15 dias contados da intimação da decisão dos embargos. Caso os embargos sejam rejeitados, mantendo-se a íntegra decisão, o recurso interposto pelo embargado anteriormente será processado e julgado, independentemente de ratificação. (SALES, 2018. p. 559, 560) Assim conforme o §5º versa não há mais necessidade de ratificação do recurso interposto antes do julgamento dos embargos de declaração. 5.2 Embargos com efeito de prequestionamento O prequestionamento é o ato de questionar antes, significa dizer que já houve argumentação anteriormente, ou seja houve prévia apreciação por parte do poder judiciário sobre o tema em questão. O prequestionamento é então um requisito para interposição dos recursos aos Tribunais Superiores, requisito que decorre da própria natureza dos recursos excepcionais, de suas finalidades e seus limites. O instituto é a condição de abertura para alcançar os graus de jurisdição excepcionais, o recurso especial no STJ, a revista e os embargos no TST, ou mesmo do Recurso extraordinário no STF. A finalidade do prequestionamento é a de que os Tribunais Superiores possam manifestar-se sobre a matéria posta e apreciada no Tribunal Ordinário. Se não houve prequestionamento expresso da matéria, exige-se que se interponham embargos de declaração. (SALES, 2018. p. 560, 561) Cita-se algumas súmulas que tratam sobre o tema prequestionamento: 24 STF, Súm. n° 356: O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento. STJ, Súm. nº 211: Inadmissível recurso especial quanto À questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal aquo. TST, Súm. nº 297: (...) II_ Incumbe a parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob pena de preclusão.(...) III_ Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração. (SALES, 2018. p. 561) Destarte, o fato dos embargos interpostos, com o fim específico de prequestionar a matéria que vai ser objeto do recurso excepcional, ser rejeitado não impede o conhecimento das questões suscitadas pelo Tribunal Superior. 5.3 Efeitos dos embargos de declaração Conforme estabelece o art. 1026 do NCPC os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo, ou seja, não suspendem a eficácia da decisão embargada. Assim, os embargos de declaração interrompem o prazo para outros recursos, o que significa dizer que o prazo para de correr e, quando forem julgados os embargos, o prazo interrompido retomará a contagem do zero. Existem embargos que são considerados protelatórios, que são aqueles embargos sem fundamento, são os embargos que tem o objetivo de procrastinar o cumprimento da decisão judicial. São considerados protelatórios os embargos que não apontam, nas suas razões: erro, obscuridade, contradição ou omissão. Entendendo o magistrado que o objetivo dos embargos é protelatório, imporá ao embargante em decisão fundamentada, a condenação ao pagamento de multa, cujo valo não pode exceder o equivalente a 2% do valor da causa atualizado, podendo ser elevado até 10% do valor da causa atualizado no caso de acontecer reiteradamente, ficando condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao pagamento da multa. 25 6 RECURSO ORDINÁRIO O recurso ordinário é um recurso constitucional que deve ser interposto no prazo de 15 dias contados da intimação da decisão, a competência para julgar o recurso ordinário é do STF conforme o art 102, inciso II da CF/88, ou do STJ, art. 105, inciso II da CF/88. O recurso ordinário tem por finalidade permitir a apreciação de decisões prolatadas em ações de competência originária dos tribunais. Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário: I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os mandados de injunção decididos em única instância pelos tribunais superiores, quando denegatória a decisão; II - pelo Superior Tribunal de Justiça: a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País. § 1º Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias caberá agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses do art. 1.015. § 2º Aplica-se ao recurso ordinário o disposto nos arts. 1.013, § 3º, e 1.029, § 5º. (BRASIL, 2015) O recurso ordinário deve ser interposto por meio de petição escrita a qual deve ser dirigida ao Relator do acórdão recorrido. O qual será processado de acordo com o Regimento Interno do STF ou do STJ, conforme o caso. 7 RECURSO ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO De natureza constitucional, os recursos especial e extraordinário são recursos excepcionais, a função destes recursos é garantir a efetividade e a uniformidade de interpretação do direito objetivo em âmbito nacional. 26Conforme Sales, Não se prestam a reexaminar o desacerto da matéria fática, mas apenas questões de direito, consubstanciado na violação de norma constitucional, têm a função de garantir a efetividade e a uniformidade de interpretação do direito objetivo em âmbito nacional. Não se prestam a reexaminar o desacerto da matéria fática, mas apenas questões de direito, consubstanciado na violação de norma constitucional ou da legislação federal. Segundo Paulo Medina, “não se destinam a corrigir eventual injustiça da decisão, mas assegurar a correta aplicação, no caso em julgamento, da Constituição ou da Lei Federal”. Assim sendo, não se trata de um “terceiro grau” de jurisdição, eis que tais recursos não possibilitam o mero reexame da matéria já decidida. (SALES, 2018. p. 563, 564) Para que estes recursos sejam admitidos é necessário que se enquadre nas situações específicas previstas na Constituição Federal. 7.1 Requisitos formais Os recursos especial e extraordinário devem ser interpostos por petição escrita, a qual deve ser endereçada ao presidente do tribunal recorrido, devendo conter: a exposição do fato e do direito; demonstração do cabimento do recurso interposto; as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida. Devendo ser interposto no prazo de 15 dias conforme versa o § 5°, art. 1003 do CPC/15, contados da intimação do acórdão. Art. 1.031. Na hipótese de interposição conjunta de recurso extraordinário e recurso especial, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça. § 1º Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado. § 2º Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal. § 3º Na hipótese do § 2º, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, rejeitar a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do recurso especial. (BRASIL, 2015) 27 Ainda assim, conforme explica Sales, Os recursos excepcionais cabem contra acórdãos proferidos no julgamento de apelação e agravo de instrumento, em processos de conhecimento e de execução, de jurisdição contenciosa ou voluntária. Exige-se, para autorizar o conhecimento do recurso, que a matéria tenha sido prequestionada, ou seja, que sobre ela tenha havido discussão anterior no processo. A falta de prequestionamento da matéria alegada no recurso implica sua inadmissibilidade. Para suprir eventual ausência de prequestionamento, a parte deverá oferecer, antes, embargos de declaração. (SALES, 2018. p. 564) Em caso de dissídio jurisprudencial, é necessário que se use todos os meios de provas de forma fundamentada da divergência, com fonte referencial, quando se for interpor o recurso. Se o fundamento do recurso for o dissídio jurisprudencial, o recorrente deve fazer prova da divergência juntando certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com indicação da respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados. A divergência deve ser comprovada mediante meios idôneos. O recorrente deve atender a dois requisitos: a) juntar certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma (ambas conseguidas diretamente no processo onde proferida a decisão); ou b) citando a fonte oficial (Diário Oficial da União ou dos Estados) ou o repositório autorizado em que foi publicado (repositórios autorizados são publicações especializadas em decisões dos tribunais, oficiais ou privadas, reconhecidas como tal pelos tribunais superiores). (SALES, 2018. p. 565) O recorrente deve ainda transcrever a ementa ou trechos da decisão paradigmática, com o fim de demonstrar e apontar a divergência suscitada, sendo esse um requisito essencial desses recursos, onde a cópia do acórdão seja juntada ao recurso. STF, Súm. nº 291 No recurso extraordinário pela letra d do art. 101, número III, da Constituição, a prova do dissídio jurisprudencial, far-se- á por certidão, ou mediante indicação do “diário da justiça” ou de repertório de jurisprudência autorizado, com a transcrição do trecho que configure a divergência, mencionadas as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados. (SALES, 2018, p. 565) 28 Segundo o art. 995 do CPC/15 em regra os recursos excepcionais não possuem efeito suspensivo, entretanto em casos mais graves onde existe a possibilidade de lesão ou dano de difícil ou impossível reparação, o recorrente poderá formular pedido de efeito suspensivo. Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. (BRASIL, 2015) O pedido será feito: [...]ao tribunal superior para o qual o recurso é dirigido, se feito entre a publicação da decisão de admissão e a distribuição do recurso; b) ao Ministro relator, se o recurso já houver sido distribuído; e c) ao tribunal de origem, se feito no período entre a sua interposição e a decisão de admissibilidade, ou se o recurso foi sobrestado por conta de incidente de demandas repetitivas (art. 1037, do CPC). (SALES, 2018. p. 565) O recurso especial e extraordinário possui requisitos próprios de admissibilidade. 7.2 Processamento e juízo de admissibilidade Conforme supra- citado o recurso deve ser interposto perante o tribunal recorrido, onde após receber o recurso, o presidente do tribunal dará vista a parte contrária para apresentar contrarrazões. Depois disto será feito o juízo prévio de admissibilidade pelo Presidente e Vice-Presidente do tribunal, em decisão fundamentada, onde se for admitido, passará por um novo juízo de admissibilidade feito no tribunal superior para julgamento. 29 STJ, Súm. n° 123 A decisão que admite, ou não, o recurso especial, deve ser fundamentada, com o exame dos seus pressupostos gerais e constitucionais.(...) STF, Súm. nº 456 O Supremo Tribunal Federal, conhecendo o recurso extraordinário, julgará a causa, aplicando o direito à espécie. (...) STF, Súm. nº 292 Interposto o recurso extraordinário por mais de um dos fundamentos indicados no art. 101, III, da Constituição, a admissão apenas por um deles não prejudica o seu conhecimento por qualquer dos outros. (SALES, 2018. p. 566) Assim feito o juízo de admissibilidade o juízo encaminhará o recurso para ser julgado. 7.3 Interposição Conjunta Fonte:https://stock.adobe.com/pt/search? Quando ocorrer de o acórdão, ao mesmo tempo, conter requisitos para cabimento de recurso especial e de extraordinário, ambos os recursos deverão ser interpostos simultaneamente no prazo de 15 dias, conforme versa o art. 1.029 do CPC/ 15. Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão: I - a exposição do fato e do direito; II - a demonstração do cabimento do recurso interposto; III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida. § 1º Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova da divergência com a certidão,cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado disponível 30 na rede mundial de computadores, com indicação da respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados. § 2º Quando o recurso estiver fundado em dissídio jurisprudencial, é vedado ao tribunal inadmiti-lo com base em fundamento genérico de que as circunstâncias fáticas são diferentes, sem demonstrar a existência da distinção. § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) § 3º O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave. § 4º Quando, por ocasião do processamento do incidente de resolução de demandas repetitivas, o presidente do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça receber requerimento de suspensão de processos em que se discuta questão federal constitucional ou infraconstitucional, poderá, considerando razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, estender a suspensão a todo o território nacional, até ulterior decisão do recurso extraordinário ou do recurso especial a ser interposto. § 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido: I - ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a interposição do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo; I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) II - ao relator, se já distribuído o recurso; III - ao presidente ou vice-presidente do tribunal local, no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037. III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) (BRASIL, CPC/15) Uma vez remetidos simultaneamente, os autos serão remetidos, primeiramente ao STJ, para julgamento do recurso especial, após finalizado o julgamento, os autos serão remetidos para o STF, para julgamento do recurso extraordinário, uma vez que o segundo não seja prejudicado em razão do primeiro. 31 STJ, Súm. n° 326 É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário. (SALES, 2018. p. 566) O recurso pode ser prejudicado em razão do outro quando interpostos simultaneamente, o que for julgado primeiro, torna vazio o conteúdo do outro. Pode ocorrer ainda o inverso, ou seja, quando o julgamento do segundo prejudicar o julgamento do primeiro. Nessa hipótese, percebendo o relator do especial que isso pode acontecer, ele deverá sobrestar o julgamento deste- em decisão também irrecorrível- e determinar a remessa dos autos para o STF julgar o extraordinário. (SALES, 2018. p. 567) Assim, recebido os autos pelo relator do recurso extraordinário, poderá rejeitar a prejudicialidade em decisão também irrecorrível, devolvendo os autos ao STJ para julgar o recurso especial. 7.4 Fungibilidade Quanto à fungibilidade enunciadas nos arts. 1032 e 1033 do CPC/15 criam uma espécie de fungibilidade dos recursos excepcionais de que tratam os tribunais superiores do STJ para o STF e do STF para o STJ. Conforme institui o art. 1032 do CPC/15, uma vez que o relator do recurso especial perceba que a matéria do recurso é de natureza constitucional, ou seja de competência do STF, ele concederá o prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente possa demonstrar a repercussão geral, e também se manifestar sobre a questão constitucional, o chamado aditamento do recurso. Em seguida, os autos serão remetidos para o STF, o qual entendendo não ser o caso devolverá os autos para o STJ. Caso ocorra de o STF entender que a ofensa à Constituição alegada, no recurso extraordinário é apenas reflexa, deverá remeter o recurso para o STJ adotando o princípio da fungibilidade. 32 8 RECURSO ESPECIAL É o recurso próprio para o STJ conforme art. 105, III, CF/88, o qual tem por finalidade fazer o controle de constitucionalidade das decisões dos tribunais estaduais e da Justiça Federal, assim como promover a uniformidade da interpretação do direito. Cabe ao Superior Tribunal de Justiça: [...] julgar, em recurso especial. As causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida". (GONÇALVES, 2016. p. 908) O Recurso Especial pode ser interposto com fundamento na alínea a do art.105, Ill, da CF, tanto quando a decisão recorrida afronta ou deixa de aplicar dispositivo de lei federal ou tratado como quando dá a eles interpretação que é razoável, mas não é a melhor. Essa hipótese não traz nada de novo, já que, se a decisão der pela validade de ato de governo local contestado em face de lei federal, estará contrariando esta última, com o que se recai na hipótese anterior. O recurso especial só é cabível em caso de ato de governo local. Se a decisão der pela validade de lei local contestada em face de lei federal, o recurso cabível não será o especial, mas o extraordinário, na forma do art. 102, III, d, da CF. O "ato de governo local " que enseja o recurso especial é ato infra legal. (GONÇALVES, 2016. p. 909) 9 RECURSO EXTRAORDINÁRIO Os recursos extraordinários estão previstos na Constituição Federal, art. 102, alíneas a, b, c e d, onde o dispositivo constitucional, institui compete ao Supremo Tribunal Federal: "julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida". (GONÇALVES, 2016. p. 910) 33 A nova possibilidade do recurso extraordinário, ocorre quando o acórdão recorrido der ao dispositivo constitucional interpretação divergente, não melhor do que aquela que lhe haja dado outro tribunal. Isso ocorre quando no recurso especial, outro tribunal interpretar diferentemente a CF, e tal interpretação for melhor, então o acórdão recorrido a terá contrariado. As instâncias ordinárias podem reconhecer a inconstitucionalidade, no processo em que ela foi suscitada, abrindo ensejo ao recurso extraordinário. Mas somente se for reconhecida a inconstitucionalidade: se o acórdão recorrido der pela constitucionalidade da lei federal ou tratado, o recurso não será admitido. A declaração de inconstitucionalidade de lei local - estadual ou municipal - não enseja recurso extraordinário, nos termos da súmula 280 do STF: "Por ofensa ao direito local não cabe o recurso extraordinário". (GONÇALVES, 2016, p. 910) É por meio do recurso extraordinário que se pode declarar inconstitucionalidade de lei. "No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros". A finalidade é reduzir o número de recursos extraordinários, limitando-os àquelas situações em que haja questões relevantesdo ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que transcendam os interesses individuais dos litigantes no processo. O legislador faz uso de conceitos indeterminados (ou vagos), que devem ser integrados pelo STF, a quem competirá dizer, nos casos que lhe são submetidos, se estão ou não presentes. Além disso, haverá repercussão geral sempre que o acórdão recorrido for contrário à súmula ou jurisprudência dominante do STF, tiver sido proferido em julgamento de casos repetitivos ou tiver reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos da art. 97 da Constituição Federal. (GONÇALVES, 2016. p. 911) 34 O art. 1035 do NCPC que vai regulamentar a repercussão geral, onde, o procedimento para verificação da existência da repercussão geral vem previsto nos arts. 323 a 325 do Regimento Interno do STF. Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo. § 1º Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo. § 2º O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal. § 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que: I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal; II - tenha sido proferido em julgamento de casos repetitivos; II – (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal. § 4º O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. § 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional. § 6º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se sobre esse requerimento. § 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º caberá agravo, nos termos do art. 1.042. § 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º ou que aplicar entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos caberá agravo interno. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) § 8º Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria idêntica. § 9º O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais 35 feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus. § 10. Não ocorrendo o julgamento no prazo de 1 (um) ano a contar do reconhecimento da repercussão geral, cessa, em todo o território nacional, a suspensão dos processos, que retomarão seu curso normal. § 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) § 11. A súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no diário oficial e valerá como acórdão. (BRASIL, 2015) De acordo com a Constituição Federal, a inexistência de repercussão geral terá de ser reconhecida por, pelo menos, oito ministros, para que o RE não seja admitido. 9.1 Julgamento no recurso extraordinário O relator dos recursos afetados deverá se movimentar tomando algumas providências para o esclarecimento da matéria Ele poderá solicitar, antes do julgamento do recurso, informações aos tribunais estaduais ou federais a respeito da controvérsia. Como a decisão dos recursos paradigmas poderá ter grande impacto, já que resolverá a questão jurídica, com possível repercussão sobre os demais, o relator poderá admitir a manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na controvérsia, na condição de amicus curiae. Poderá, ainda, fixar data para, em audiência pública e ouvir depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento na matéria, com a finalidade de instruir o procedimento. Se houver intervenção do Ministério Público, o relator abrir-lhe-á vista, pelo prazo de quinze dias. O julgamento do recurso especial paradigma preferirá a qualquer outro, exceto os que envolvam habeas corpus ou réu preso. (GONÇALVES, 2016. p. 914) Após a publicação do acórdão no julgamento do recurso especial pela Seção ou pela Corte Especial, ocorrerá: * aos recursos suspensos na origem será negado seguimento pelo presidente ou vice-presidente do tribunal, quando o acórdão recorrido estiver em conformidade com o que foi decidido pelo STF ou STJ, nos recursos afetados; ou, se o acórdão recorrido, proferido no recurso anteriormente julgado, em remessa necessária ou ação de 36 competência originária, estiver em desconformidade com o paradigma, o tribunal de origem o reexaminará, podendo retratar-se, modificando- o, para ajustá-lo à nova orientação do STF ou STJ (art. 1.040, II).Caso seja mantido o acórdão divergente, o recurso especial ou extraordinário contra ele interposto será remetido ao tribunal superior. Caso haja retratação, será negado seguimento ao recurso; * caso se trate de recurso extraordinário afetado, será necessário que o tribunal superior aprecie primeiro a repercussão geral. Caso seja negada a sua existência, serão considerados automaticamente inadmitidos todos os recursos extraordinários sobrestados; * os processos e recursos ordinários ainda não julgados retomarão o seu andamento, devendo ser aplicada a tese jurídica formulada no recurso afetado, sob pena de reclamação (art. 988, IV); * se os recursos versarem sobre questão relativa a prestação de serviço público objeto de concessão, permissão ou autorização. O resultado do julgamento será comunicado ao órgão, ao ente ou à agência reguladora competente para fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada. (GONÇALVES, 2016. p. 914, 915) Sendo julgado o recurso extraordinário, seus efeitos afetam a todos, e as partes envolvidas que inconformadas podem entrar com o agravo especial em recurso extraordinário. 10 EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA Os embargos de divergência são um recurso cabível apenas nos tribunais superiores (STJ e STF), que por sua vez são divididos em turmas julgadoras, se faz importante a informação da divisão das turmas pois os embargos serão cabíveis quando houver divergências jurisprudenciais entre as turmas do mesmo tribunal. Vejamos a redação do artigo 1.043 do CPC: Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão fracionário que: I - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito; III - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia; § 1º Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos e de ações de competência originária. § 2º A divergência que autoriza a interposição de embargos de divergência pode verificar-se na aplicação do direito material ou do direito processual.§ 3º Cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da mesma turma que proferiu a decisão embargada, desde que sua composição tenha sofrido alteração em 37 mais da metade de seus membros. § 4º O recorrente provará a divergência com certidão, cópia ou citação de repositório oficial ou credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, onde foi publicado o acórdão divergente, ou com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, indicando a respectiva fonte, e mencionará as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados. (Revogado pela Lei nº 13.256, de 2016). (BRASIL, 2015) A norma aqui é apresentada com os incisos revogados para que melhor aproveitem a explicação de GONÇALVES: Esse recurso foi introduzido em nosso ordenamento jurídico pela Lei n. 8.950/94. Suas hipóteses de cabimento vêm previstas no art. 1.043 do CPC: “É embargável o acórdão de órgão fracionário que: I — em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito; (...) III — em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia”. As hipóteses dos incisos II e IV do art. 1.043 foram revogadas ainda na vacatio legis do novo CPC. Sua finalidade é evitar divergências, tanto de natureza material quanto processual, no âmbito do STF e do STJ, uniformizando a jurisprudência. Pressupõe, no âmbito do STF, que haja divergência de entendimento entre uma e outra Turma, ou entre uma Turma e o Plenário; e, no âmbito do STJ, divergência entre uma Turma e outra, ou entre Turma e Seção, ou ainda entre a Turma e o Órgão Especial. Não basta que ela se manifeste entre ministros da mesma Turma, a menos que a sua composição tenha sido alterada em mais da metade de seus membros (art. 1.043, § 3º). É preciso, normalmente, que se estabeleça entre dois órgãos fracionários distintos desses Tribunais, ou entre um deles e o plenário. Vale lembrar que o STF tem duas turmas, compostas por cinco Ministros, e o Plenário, com onze. O STJ tem seis turmas, com cinco ministros cada. Cada Seção é composta de duas turmas e há o Órgão Especial, denominado Corte Especial, que, nos termos do art. 2º, § 2º, do Regimento Interno do STJ, é integrada pelos quinze Ministros mais antigos e presidida pelo Presidente do Tribunal. É preciso que a divergência seja atual, não cabendo mais os embargos se a jurisprudência do Tribunal já se uniformizou em determinado sentido. É o que resulta da Súmula 168 do STJ: “Não cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência do Tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão embargado”. Havia controvérsia sobre a possibilidade de a divergência manifestar-se em acórdão proferido no julgamento do agravo interno, o que foi superado com a Súmula 316 38 do STJ: “Cabem embargos de divergência contra acórdão que, em agravo regimental, decide recurso especial”. (GONÇALVES, 2017. P. 1177) Vejamos também a explicação de THEODORO JÚNIOR acerca do cabimento dos embargos divergentes: Os embargos de divergência, já previstos no Código anterior (CPC/1973, art. 546), têm a função de uniformizar a jurisprudência interna das Cortes Superiores. Isto porque o seu cabimento se dá sempre que houver divergência de entendimento entre turmas ou outros órgãos fracionários do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça. O NCPC, por outro lado, não só manteve esses embargos como ampliou as hipóteses de seu cabimento (art. 1.043, I e III), numa forma de desestimular os recursos para o STJ ou STF. Com efeito, a existência de teses jurídicas divergentes num mesmo tribunal é campo fértil para instigar a interposição de recursos. Assim, quanto maior a uniformidade na jurisprudência interna das Cortes Superiores, maior é a tendência de reduzir o número de recursos interpostos. Cabem os embargos de divergência quando no STJ ou no STF um órgão fracionário decide a mesma questão anteriormente enfrentada por outro órgão do mesmo tribunal, dando- lhe solução diferente. Para estes embargos, é irrelevante a existência ou não de unanimidade nas decisões confrontadas. Nesse contexto, o art. 1.043, com o texto decorrente da Lei nº 13.256/2016, prevê os embargos divergentes contra acórdão de órgão fracionário do STF ou do STJ, nas seguintes hipóteses, sempre em relação a julgamentos de recurso extraordinário ou especial: quando a divergência se estabelecer entre acórdãos de mérito (inciso I); quando a divergência se manifestar entre um acórdão de mérito e outro que não conheceu do recurso, mas apreciou a controvérsia (inciso III). A previsão de embargos de divergência em relação a julgamentos de processos de competência originária dos tribunais superiores, que chegou a constar do texto original do art. 1.043, IV, do NCPC, não vingou diante da revogação do dispositivo pela Lei nº 13.256/2016. Há uma novidade do Código de 2015 que merece destaque: enquanto o estatuto anterior se limitava a autorizar os embargos de divergência apenas para enfrentar conflitos ocorridos entre julgamento de recurso extraordinário e entre julgamento de recurso especial, por órgãos diversos do mesmo tribunal (CPC, 1973, art. 546), o novo Código é explícito em permitir a interposição do recurso não só quando a divergência se instala entre julgamentos de mérito, mas também entre acórdão de mérito e outro que, embora sem conhecer do recurso, tenha apreciado a controvérsia (NCPC, art. 1.043, I e III). (THEODORO JÚNIOR, 2018. P. 1223-1224) 39 Introduzido sobre o tema e ainda com breves comentários doutrinários acerca do cabimento do recurso tratado, seguimos com nossos estudos. 10.1 Prazo Fonte: https://stock.adobe.com/pt/search? Com relação aos prazos THEODORO JÚNIOR é direto e objetivo: “O prazo para interposição dos embargos de divergência e para a prestação das contrarrazões é o geral, de quinze dias (art. 1.003, § 5º). ” (THEODORO JÚNIOR, 2018. P. 1224). GONÇALVES ainda expõe alguns detalhes acerca do processamento: É regulado pelos regimentos internos do STF e do STJ. O prazo para interposição é de quinze dias da publicação da decisão embargada. A petição de interposição deve vir acompanhada com a prova da divergência, sendo necessário que indique, de forma analítica, em que a divergência consiste. O relator poderá valer-se dos poderes que lhe atribui o art. 932 do CPC, não conhecendo, negando ou dando provimento ao recurso, em decisão monocrática. Contra essa decisão, caberá agravo interno para o órgão coletivo. O julgamento no STF será feito pelo Plenário. No STJ, se a divergência se der entre turmas da mesma Seção, o julgamento será feito pela Seção; se entre turmas de seções diferentes, ou entre uma Turma ou uma Seção com a Corte Especial, o julgamento será feito pela Corte Especial. (GONÇALVES, 2017. P. 1178) 40 Insta salientar sobre o efeito dos embargos de divergência interromper o prazo para interposição de recurso extraordinário. A oposição de embargos de divergência interrompe o prazo para interposição do recurso extraordinário contra o acórdão proferido pelo STJ (art. 1.044, § 1º). Entretanto, se a parte contrária interpuser o extraordinário antes do julgamento dos embargos, não será necessário ratificá-lo, caso os embargos sejam desprovidos ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior (art. 1.044, § 2º). A técnica é a mesma adotada para o recurso interposto antes de decididos os declaratórios (art. 1.024, § 5º). No entanto, havendo alteração das conclusões do julgamento anterior, motivada pela decisão dos embargos, “o recorrido que já tiver interposto