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Moisés Santos|@eumoisesantos Odontologia UFPE – Periodontia – 2021.1 Anatomia e histofisiologia do periodonto Entender a anatomia e os principais componentes presentes e que compõem o periodonto. Peri- redor // odonto – dente, as estruturas que compõem o periodonto são: gengiva, ligamento periodontal, osso alveolar e cemento radicular. Ele se divide em periodonto de proteção (composto pela gengiva) e o de sustentação (composto pelas demais estruturas). A principal função do periodonto é inserir o dente no tecido ósseo da mandíbula e da maxila, e manter a integridade da superfície da mucosa mastigatória da cavidade oral. OBS.: partindo da embriologia, o folículo dentário vai dar origem ao periodonto de sustentação. Gengiva É parte da mucosa mastigatória que recobre o processo alveolar e circunda a porção cervical dos dentes. OBS.: a mucosa oral é dividia em mastigatória (gengiva e revestimento do palato duro), especializada (dorso da língua) e de revestimento (todo o resto). OBS.: chamamos o tecido que circunda os implantes de mucosa peri-implantar. Segundo a anatomia macroscópica da gengiva, tem-se os limites dela como: coronário, que é a margem gengiva, e o limite apical, que é a junção mucogengival. A gengiva também é dividida em livre (vai da margem gengival até a junção amelocementária /cementoesmalte, sendo, esse ponto na gengiva, chamado de ranhura gengival livre), inserida (tem esse nome por conta da inserção das fibras, no cemento, conferindo a ela um aspecto de casca de laranja) e interdental (preenche as ameias dentais). OBS.: as fibras que se inserem na gengiva, não constituem o ligamento periodontal; as deste saem do osso alveolar e se ligam ao cemento. ➢ A gengiva inserida tem a função de proteger contra traumas (é um epitélio escamoso estratificado queratinizado) e auxilia na imobilidade da margem gengival (se o paciente não tiver gengiva inserida, com a movimentação da mucosa, a gengiva livre tente a se mover). ➢ A gengiva interdental tem o seu formato variado de acordo com: pontos ou superfície de contato, largura da superfície proximal, altura do ponto de contato à crista óssea (5mm) e anatomia da JCE. • Papila interdental A papila interdental, varia de acordo com o formato do ponto de contato, quando em dentes anteriores (incisivos), tem-se uma papila piramidal; quando em dentes posteriores (pré-molares e molares), tem-se um achatamento no sentido V-L, a área de COL é recoberta por epitélio delgado não queratinizado. • Sulco gengival Região localizada ao redor dos dentes delimitada pela superfície dental de um lado e Moisés Santos|@eumoisesantos Odontologia UFPE – Periodontia – 2021.1 pelo epitélio que reveste a gengiva marginal do outro, tendo como medida compatível com saúde periodontal até 3mm. • Anatomia microscópica Aqui, o epitélio se divide em três tipos: epitélio oral, oral do sulco (sulcular) e juncional. são um revestimento continuo de epitélio escamoso estratificado. OBS.: a presença das cristas epiteliais, favorecem a nutrição de todo o epitélio, através das papilas do tecido conjuntivo; quanto mais espesso o epitélio, ainda mais necessário as cristas. O epitélio gengival tem a função de proteção mecânica, química e antimicrobiana. Nele podemos observar a presença de células de Langerhans, de Merkel, melanócitos, e, em maior abundancia, queratinócitos. Ele está em constate renovação. A parte externa, é revestida pelo epitélio oral. A parte interna, até a JCE, é revestida pelo epitélio oral do sulco e epitélio juncional (região que é possível ser destacada com a sonda milimetrada). Essa região é a região de gengiva livre, que corresponde ao sulco clínico. OBS.: o epitélio oral do sulco é uma característica histológica, pois, diferente do epitélio juncional, ele está destacado da coroa do dente. O juncional está aderido ao esmalte. ➢ Epitélio oral: epitélio pavimentoso estratificado queratinizado, com as camadas: basal, espinhosa, granulosa e queratinizada. ➢ Epitélio oral do sulco (~0,69mm): epitélio pavimento estratificado não queratinizado, com as camadas: basal e espinhosa. Age como uma membrana semipermeável (subprodutos bacterianos). OBS.: a não queratinização se dá por uma irritação local, como a retenção constante de biofilme. ➢ Epitélio juncional (~0,97mm): epitélio pavimentoso não queratinizado, com as camadas: basal e suprabasais. Faz aderência epitelial, pelos hemidesmossos, ao esmalte dentário. OBS.: possui neutrófilos (PMNs) e monócitos nos espaços intercelulares. Permite o acesso ao fluido gengival das células inflamatórias e dos componentes do sistema imunológico de dessa do hospedeiro à gengiva marginal. Essas células são rapidamente renovadas, o que corrobora para o equilíbrio hospedeiro-parasita, e permite a rápida reparação de danos teciduais. ➢ Fluido gengival (crevicular): é representado como transudado ou exsudato, sendo um biomarcador de diagnóstico ou prognóstico do estado biológico do periodonto na saúde e na doença. É composto por: componentes dos tecidos conjuntivos e epitelial, células inflamatórias, soro e micro-organismos que habitam a margem gengival, sulco gengival ou bolsa periodontal. • Tecido conjuntivo É composto por fibras colágenas (60%), fibroblastos (5%) e vasos, nervos e matriz (35%); é conhecido como lâmina própria, e se divide em camada papilar (subjacente ao epitélio) e camada reticular (contígua com o periósteo do osso alveolar). É possível encontrar células inflamatórias, macrófagos, mastócitos, e, em maior abundância, os fibroblastos, constituído cerca de 65% da população celular; participa da produção de vários tipos de fibras encontradas no tecido conjuntivo e também atua na síntese da matriz do tecido conjuntivo. Moisés Santos|@eumoisesantos Odontologia UFPE – Periodontia – 2021.1 As fibras do tecido conjuntivo, constituem as fibras da gengiva inserida, que são, predominantemente, fibras colágenas, divididas em (1) dentogengivais, (2) transeptais, (3) dentoperiosteais e (4) circulares. Essas fibras estão inseridas a partir da JCE, sendo chamada de inserção conjuntiva (~1,07mm). OBS.: quando há a perda dessa inserção, há a caracterização da periodontite. Essa perda de inserção ocorre antes da perda óssea. OBS.: a junção do epitélio juncional e da inserção conjuntiva caracteriza o espaço biológico/tecidos inseridos supracrestais (~2,04mm). OBS.: se caso seja necessário fazer alguma restauração ou reabilitação que precise ultrapassar o epitélio do sulco, nós não podemos ir até o fim do sulco (3mm), temos apenas 0,5mm (espaço do epitélio sulcular) para fazer essa restauração, não invadindo o espaço biológico. OBS.: na condição de invasão do espaço biológico, o tecido reage ou com hiperplasia, ou, mais comumente, com uma recessão dos tecidos. OBS.: a cirurgia de aumento de coroa clínica, é indicada nessas condições; para fazer a readaptação do espaço biológico, para a restauração do órgão/elemento dentário. Ligamento periodontal Constitui o periodonto de sustentação, fornecendo nutrientes para o cemento, osso e gengiva por meio dos vasos sanguíneos. É abundantemente suprido por fibras nervosas sensoriais, capazes de transmitir sensações tatéis, de pressão e de dor através dos ramos do nervo trigêmeo. É formado por tecido conjuntivo frouxo, inervado, ricamente vascularizado e celular, que une o cemento radicular ao ossoalveolar propriamente dito, tendo a função de manter o dente inserido no osso e amortecer as forças oclusais. OBS.: o espaço do ligamento periodontal forma uma ampulheta, sendo mais estreito no nível do terço médio. O conjunto de fibras do ligamento periodontal pode ser dividida de acordo com o seu arranjo: Ainda, temos as fibras de Sharpey, que são as porções terminais do ligamento periodontal, que se projetam tanto para o cemento, como para o osso alveolar; são fibras extrínsecas, produzidas pelo fibroblasto. Cemento radicular É o tecido mineralizado, especializado, que recobre as superfícies radiculares dos dentes e, ocasionalmente, pequenas porções da coroa. Sua composição é de 65% do peso de hidroxiapatita. É um tecido que faz aposicionamento (não faz remodelamento), não contendo vasos, nervos e células (que não cementócitos e cementoblastos). OBS.: assim há uma dificuldade de recuperar o cemento, uma vez que foi perdido. Pois, diferente do tecido ósseo, não há remodelamento/reposição. Por isso os dados de uma periodontite são irreversíveis. Também é responsável para inserir as fibras do ligamento periodontal a raiz e participa do reparo quando há dano radicular. Na relação JCE, existe condições (5 a 10%) em que há um espaço entre o esmalte e o cemento, deixando exposto uma pequena área de dentina (isso pode resultar em sensibilidade constate do Moisés Santos|@eumoisesantos Odontologia UFPE – Periodontia – 2021.1 paciente), há também condições (30%) em que o esmalte e cemento estão em uma relação topo a topo, e, pode ser (em 60 a 65% das vezes) o cemento sobreponha o esmalte. O cemento se divide em 4 tipos: Osso alveolar Também chamado de osso fasciculado ou lâmina dura, é a parte da maxila e da mandíbula que forma o alvéolo dentário e da suporte aos dentes – placa cribiforme. Possui uma elevada taxa de renovação celular e inserção de fibras colágenas do ligamento periodontal (fibras de Sharpey). Difere do cemento por possuir irrigação, drenagem e inervação, e, também, pelo processo de remodelação tecidual. Tem a função de absorver e distribuir as forças geradas pela mastigação e de outros contatos dentários. Sua morfologia vai ser determinada pelo tamanho, forma, localização e função dos dentes. OBS.: composto por 2/3 de sub inorgânica: cálcio, fosfato e hidroxilas e 1/3 de sub orgânica: 90% do colágeno tipo 1 e proteínas não colágenas. O osso alveolar só existe enquanto o dente está em posição, após a remoção, ele é progressivamente reabsorvido. A formação de osso alveolar pode sofrer dois defeitos, que não necessariamente são patológicos, são a deiscência e a fenestração. • Deiscência óssea: o osso não recobre toda região, ficando um formato de U (FIG1). • Fenestração óssea: tem-se um efeito no recobrimento do dente no formato de uma janela (FIG2). OBS.: recomenda-se a tomografia para estudar esses casos antes de um procedimento cirúrgico que irá envolver a região do osso alveolar. Uma faixa inadequada de gengiva inserida, associada a uma lâmina óssea vestibular estreita, poderá desencadear uma recessão em presença de inflamação. A abrasão dentária pela escovação excessiva resulta em pequenas lacerações, predispondo a faixa estreita de gengiva inserida à recessão. Cemento Cemento acelular Afibrilar (AAC): presente na porção cervical do esmalte; De fibras extrissecas (AEFC): presente na porção coronal e média da raiz; contém, principalmente, as fibras de sharpey, é parte imporante dos tecidos de inserção e conecta o dente ao OAPD. Cemento celular Estratificado misto (CMSC): terço apical das raízes e nas áreas de ramificação; contém fibras extrínsecas e intrínsecas, e cementócitos; De fibras intrínsecas (CIFC): lacunas de reabsorção; contém fibras intrínsecas e cementócitos Moisés Santos|@eumoisesantos Odontologia UFPE – Periodontia – 2021.1 O osso alveolar possui duas camadas de tecido conjuntivo diferenciado que cobrem todas as superfícies ósseas. • Periósteo: TC que cobre a parte externa do osso; • Endósteo: TC que recobre as cavidades ósseas internas. Vascularização, drenagem e inervação do periodonto A microcirculação, os vasos sanguíneos e linfáticos desempenham um importante papel na drenagem do fluido tecidual e na disseminação de inflamação. Há 3 fontes de suprimento sanguíneo no periodonto, são: • Arteríolas supraperiosteais: que se dispõem ao longo das superfícies vestibular e lingual do osso alveolar e se estendem até o epitélio sulcular e entre as cristas epiteliais da região externa. OBS.: alguns ramos podem, ocasionalmente, passar através do osso alveolar e alcançar o ligamento periodontal ou percorrerem a crista do osso alveolar. • Vasos do ligamento periodontal: estes se estendem para a gengiva e se anastomosam com os capilares na área do sulco. • Arteríolas: emergem da crista do septo interdental, e se estendem paralelo a crista óssea e se anastomosam com vasos do ligamento periodontal, com capilares nas áreas creviculares gengivais e vasos que percorrem a crista alveolar. Abaixo do epitélio da superfície gengival externa, os capilares se estendem para o tecido conjuntivo papilar, entre as cristas epiteliais, em forma de alças terminais de grampos de cabelo. OBS.: as alças e capilares, por estarem unidas de maneira cruzada, servem como vasos reservas, quando a circulação é aumentada em resposta à irritação. Ao longo do epitélio sulcular, os capilares são organizados em um plexo achatado de anastomosa e se estende paralelamente ao esmalte. OBS.: a vasculatura da gengiva inflamada exibe um padrão irregular do plexo vascular, com os microvasos apresentando uma aparência anelada, dilatada e enrolada. O sistema linfático tem função de remoção dos excessos de fluidos, debris celulares e proteicos, micro-organismos e outros elementos; sendo importante no controle da difusão e na resolução do processo inflamatório. Os vasos linfáticos do tecido conjuntivo papilar são responsáveis por drenar a maior parte da região sendo drenados pelo grupo submandibular. Esses vasos linfáticos seguem desde o epitélio juncional até o ligamento periodontal acompanhando os vasos sanguíneos. A linfa dos tecidos periodontais é drenada para os linfonodos da cabeça e do pescoço. As gengivas vestibular e lingual da região dos incisivos inferiores drenam para os linfonodos submentuais. A gengiva palatina da maxila é drenada para os linfonodos cervicais profundos. A gengiva vestibular da maxila e as gengivas vestibular e lingual da região de pré-molares inferiores drenam para os linfonodos submandibulares. Os terceiros molares são drenados pelos linfonodos jugulodigástricos (jd), e os incisivos inferiores, pelos linfonodos submentuais. Os tecidos nervosos dessa região, possui fibras que, em sua maioria, são mielinizadas, e estão intimamente ligadas aos vasos sanguíneos. A inervação é proveniente dos nevos do ligamento periodontal, labial, bucal e palatino. Moisés Santos|@eumoisesantos Odontologia UFPE – Periodontia – 2021.1 OBS.: os bulbos terminais de Krause, que são receptores de temperatura estão ligados ao tecido conjuntivo. Referências: LINDHE J. Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. 5ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. NEWMAN MG, TAKEI HH, KLOKKEVOLD PR, CARRANZA Jr. FA,. Periodontia clínica. 11ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
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