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DIREITO CONSTITUCIONAL

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DIREITO CONSTITUCIONAL
· PODER LEGISLATIVO - Constituições estaduais podem prever a reeleição de membros das mesas diretoras das assembleias legislativas para mandatos consecutivos, mas essa recondução é limitada a uma única vez
Não é possível a recondução dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente, dentro da mesma legislatura. 
STF. Plenário. ADI 6524, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2020 (Info 1003).
O legislador constituinte federal vedou a recondução dos dirigentes das Mesas do Congresso Nacional na eleição imediatamente subsequente, mas essa proibição não precisa ser necessariamente transposta para as Assembleias Legislativas estaduais. Admitir que os Estados possam permitir a reeleição dos dirigentes do Poder Legislativo estadual não significa uma autorização para reconduções sucessivas ad aeternum. STF afirmou que essa recondução é limitada a uma única vez.
· PODER JUDICIÁRIO - É inconstitucional lei ordinária que fixa idades mínima e máxima para ingresso na magistratura.
Uma lei estadual (seja ordinária ou complementar) não pode inovar e prever norma de caráter restritivo ao ingresso na magistratura que não encontra previsão na Constituição Federal ou na LOMAN.
· SIGILO PROFISSIONAL - Em processo de execução, juiz não pode determinar que o advogado do executado junte aos autos contrato de prestação de serviços advocatícios para que se verifique o real endereço do devedor
Decisão judicial que determina a apresentação do contrato de serviços advocatícios, com a finalidade de verificação do endereço do cliente/executado, fere o direito à inviolabilidade e sigilo profissional da advocacia. 
Caso concreto: em um processo de execução (cumprimento de sentença), o juiz determinou que o advogado do devedor juntasse aos autos o contrato de serviços advocatícios para se verificar o real endereço do executado a fim de que pudesse ser expedido mandado de penhora contra o devedor. O STJ cassou a decisão afirmando que ela fere o direito à inviolabilidade e sigilo profissional da advocacia. 
STJ. 4ª Turma. RMS 67.105-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/09/2021 (Info 710).
O art. 7º, II, da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia), determina a inviolabilidade do escritório ou local de trabalho, bem como dos arquivos, dados, correspondências e comunicações, salvo hipótese de busca ou apreensão. 
Vale ressaltar que, mesmo se determinada por ordem judicial, a interceptação telefônica, prevista no art. 5º, XI, da CF/88, não pode, pelo menos em regra, violar direito à confidencialidade da comunicação entre advogado e cliente.
Vale ressaltar que o sigilo profissional recebe amparo também no Código Penal (art. 154) e no Código de Processo Penal (art. 207), de forma que, em qualquer investigação que viole o sigilo entre o advogado e o cliente, viola-se não somente a intimidade dos profissionais envolvidos, mas o próprio direito de defesa e, em última análise, a democracia.
É conveniente lembrar que, como qualquer outro direito ou garantia fundamental, a inviolabilidade e o sigilo profissional no âmbito do exercício da advocacia não são absolutos, havendo julgados nos quais são explicitadas hipóteses em que é possível flexibilizar seu alcance, a partir de uma ponderação de valores.
No caso, a determinação para apresentação do contrato de serviços advocatícios com a finalidade de localização do executado/cliente para expedição de mandado de penhora não configura justa causa para 
a suspensão das garantias constitucionalmente previstas. 
Assim, o contrato de prestação de serviços advocatícios, instrumento essencialmente produzido e referente à relação advogado/cliente, está sob a guarda do sigilo profissional, assim como se comunica a inviolabilidade da atividade advocatícia.
· COMPETÊNCIA LEGISLATIVA - Norma estadual não pode dispor sobre condições para o exercício de atividade profissional
É formalmente inconstitucional portaria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) que dispõe sobre condições para o exercício de atividade profissional. Caso concreto: o Detran/TO editou portaria regulamentando a profissão de despachante de trânsito. STF. Plenário. ADI 6754/TO, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 25/6/2021 (Info 1023).
O Relator assentou que, conforme jurisprudência do STF, os atos normativos que se revestem de conteúdo regulatório com abstração, generalidade e impessoalidade estão sujeitos ao controle de constitucionalidade abstrato. 
As normas regulamentares podem constituir-se como objeto das ações de controle, não apenas por sua natureza jurídica, mas, sobretudo, porque o agir administrativo pode oferecer direta violação ao texto constitucional.
 No caso em análise, a portaria impugnada apresenta suficiente abstração e generalidade, uma vez que regulamenta a profissão de despachante documentalista no Estado do Tocantins, o qual nem sequer conta 
com lei ordinária sobre o tema.
XVI, da Constituição Federal: 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
(...) 
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;
É inconstitucional lei estadual que regule a atividade de despachante perante os órgãos da Administração Pública estadual estabelecendo requisitos para o exercício dessa profissão. Trata-se de competência da União (art. 22, I, da CF/88). STF. Plenário. ADI 4387/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/9/2014 (Info 757).
· COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO - Governador não pode ser obrigado a depor em CPI instaurada no Congresso Nacional
Comissões Parlamentares de Inquérito 
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é uma... 
- comissão (conjunto de parlamentares) 
- temporária 
- constituída dentro de qualquer uma das Casas Legislativas existentes (Câmara dos Deputados, Senado Federal, Assembleia Legislativa, Câmara Municipal, Câmara Distrital. Se for criada conjuntamente pela 
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, será denominada de CPMI – Comissões Mistas Parlamentares de Inquérito) 
- com o objetivo de investigar um fato determinado 
- por um prazo certo 
- gozando, para isso, de poderes de investigação próprios das autoridades judiciais (além de outros previstos no Regimento Interno).
Observa-se que na CF/88 só há previsão expressa de criação das CPIs federais. A criação das CPIs estaduais, municipais e distritais é uma decorrência do equilíbrio do pacto federativo, da separação dos 
poderes e do princípio da simetria. 
Obs: nas CPIs municipais, as Câmaras Municipais não terão os mesmos poderes das CPIs federais, já que os Municípios não possuem Poder Judiciário para que sejam utilizados os poderes de investigação das autoridades judiciais. Por exemplo, no âmbito do julgado da ACO 730, o Plenário do STF decidiu que CPI estadual ou distrital pode decretar quebra de sigilo bancário, enquanto alguns Ministros manifestaram o entendimento paralelo (obter dictum) de que as CPIs municipais não teriam tal poder: 
(...) Poderes de CPI estadual: ainda que seja omissa a Lei Complementar 105/2001, podem essas comissões estaduais requerer quebra de sigilo de dados bancários, com base no art. 58, § 3º, da Constituição. (...) 
STF. Plenário. ACO 730, Rel. Joaquim Barbosa, julgado em 22/09/2004.
Poderes da CPI 
Nos termos do art. 58, §3º, da CF, as CPIs possuem poderes instrutórios próprios das autoridades judiciais, ou seja, os poderes que os juízes têm na fase de instrução processual, de instrução probatória. 
No exercício de suas atribuições, as Comissões Parlamentares de Inquérito poderão: 
• determinar diligências que reputarem necessárias; 
• requerer a convocação de Ministros de Estado, Secretários de Estado ou Secretários Municipais (de acordo com a esfera de atuação da CPI); 
• tomar o depoimento de quaisquer autoridades federais, estaduais ou municipais; 
• ouvir os investigados; 
• inquirir testemunhas sob compromisso; 
• requisitar da administração pública direta, indireta ou fundacional informações e documentos; e 
• transportar-seaos lugares onde se fizer mister a sua presença (“inspeção”); 
• efetuar prisões em flagrante em caso de crime praticado na presença dos membros da comissão; realizar buscas e apreensões genéricas (salvo em domicílio).
CPI pode determinar a “quebra” de sigilos? 
• CPI federal, estadual ou distrital (STF ACO 730): SIM. Pode determinar a quebra de sigilos fiscal, bancário e de dados telefônicos. 
• CPI municipal: prevalece que CPI municipal não pode. Isso porque os Municípios não possuem Poder Judiciário. Logo, não se pode dizer que a CPI municipal teria os poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. 
Importante alertar que não será possível que a CPI divulgue os dados obtidos a partir da quebra de sigilo. 
Apenas havendo justa causa, baseada no interesse social, é que poderá a CPI transmitir as informações ao MP ou a outros órgãos do Poder Público.
CPI pode determinar interceptação telefônica? 
NÃO. A interceptação telefônica, ou seja, a determinação para que as conversas telefônicas sejam gravadas, somente pode ser decretada pelo Poder Judiciário (art. 5º, XII, da CF/88). 
Não confundir: 
• Quebra do sigilo telefônico: ter acesso à relação dos números para os quais o investigado ligou ou recebeu ligações, as datas das chamadas e a duração das conversas. 
• Interceptação telefônica: significa gravar as conversas telefônicas. 
CPI pode decretar a indisponibilidade dos bens do investigado ou outras medidas cautelares como essa? 
NÃO. Tais medidas cautelares somente podem ser decretadas pelo Poder Judiciário. 
Vale ressaltar, contudo, que a CPI pode pedir ao Judiciário a concessão dessas medidas.
Intimação dos indiciados e testemunhas 
Os indiciados e as testemunhas deverão ser intimados de acordo com as regras estabelecidas no CPP e demais leis processuais penais. 
O depoente poderá fazer-se acompanhar de advogado, ainda que em reunião secreta.
Se a testemunha não comparecer: 
Em caso de não comparecimento da testemunha sem motivo justificado, a sua intimação será solicitada ao juiz criminal da localidade em que resida ou se encontre,
As Comissões Parlamentares de Inquérito possuem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, conforme previsão constitucional (art. 58, §3º, da CF/88). 
Na instrução criminal, dentre as provas passíveis de produção está a inquirição de pessoas que, de algum modo, possam contribuir para a elucidação dos fatos. A essas pessoas dá-se o nome de testemunhas, as quais, nos termos do art. 206 do CPP, não podem eximir-se da obrigação de depor. Ou seja, trata-se de um múnus público. 
Conforme precedentes deste Superior Tribunal de Justiça, bem como da Suprema Corte, o direito de não comparecer para prestar esclarecimentos relacionados a ilícitos restringe-se aos acusados, não podendo ser estendido às testemunhas. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 133.829/ES, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 09/03/2021.
Depoimentos prestados perante órgãos do Poder Judiciário, é assegurado o 
direito de o investigado não se incriminar perante CPI. 
Vale ressaltar que esse direito ao silêncio pode também ser aplicado às testemunhas no caso específico de ser feita uma determinada pergunta cuja resposta possa lhe incriminar. Assim, as testemunhas possuem, em regra, o dever de responder todas as perguntas, menos aquelas que possam lhe incriminar.
Todos os Ministros concordam que o investigado, se comparecer ao ato, 
tem assegurado: 
a) o direito ao silêncio, ou seja, a não responder perguntas a ele direcionadas; 
b) o direito à assistência por advogado durante o ato; 
c) o direito de não ser submetido ao compromisso de dizer a verdade ou de subscrever termos com esse conteúdo; e 
d) o direito de não sofrer constrangimentos físicos ou morais decorrentes do exercício dos direitos anteriores. 
A divergência estava no fato de que, para a primeira corrente, como o investigado tem direito ao silêncio, ele também tem direito de não comparecer ao ato, se assim desejar. 
Desse modo, tivemos dois votos favoráveis à tese de que o paciente não estava obrigado a comparecer à CPI e dois votos contrários. 
Em caso de empate, prevalece a decisão mais favorável ao paciente. 
Assim, a 2ª Turma do STF concedeu a ordem de habeas corpus para transformar a compulsoriedade de comparecimento em facultatividade e deixar a cargo do paciente a decisão de comparecer ou não à Câmara dos Deputados, perante a CPI, para ser ouvido na condição de investigado. 
STF. 2ª Turma. HC 171438/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado 28/5/2019 (Info 942).
Não é possível a convocação de Presidente da República, Vice-Presidente da República e Ministros do STF para depor em CPI. Isso porque são agentes políticos máximos do Executivo e do Judiciário, de modo que sua convocação seria uma afronta ao princípio da separação dos poderes.
CPI pode convocar indígena para prestar depoimento fora de habitat? 
NÃO. Comissão Parlamentar de Inquérito: intimação de indígena para prestar depoimento na condição de testemunha, fora do seu habitat: violação às normas constitucionais que conferem proteção específica aos povos indígenas (CF, arts. 215, 216 e 231). 
Limitações aos poderes da CPI 
Como acima mencionado, as CPIs possuem os poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. 
Todavia, há atos que não serão passíveis de determinação direta pelas Comissões Parlamentares de Inquérito, dependendo de requerimento e autorização judicial. 
A CPI não pode: 
• decretar o arresto, sequestro ou indisponibilidade de bens dos investigados; 
• decretar busca domiciliar; 
• decretar prisões preventivas (vimos acima que é possível a prisão em flagrante); 
• decretar interceptação telefônica; 
• investigar atos de conteúdo jurisdicional. 
Plenário do STF referendou a liminar concedida e, em juízo de delibação, afirmou que não é possível a convocação de Governadores de Estados-membros da Federação por Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pelo Senado Federal.
· DIREITO À SAÚDE - STF determinou que a União enviasse ao Estado-membro as vacinas necessárias para a aplicação 
da segunda dose dentro do prazo estipulado nas bulas dos fabricantes e autorizado pela Anvisa
A súbita modificação da sistemática de distribuição dos imunizantes contra Covid-19 pela União — com abrupta redução do número de doses — evidencia a possibilidade de frustração do planejamento sanitário estabelecido pelos entes federados. 
STF. Plenário. ACO 3518 MC-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 14/9/2021 (Info 1029).
· COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS - Norma estadual não pode tratar sobre depósito de lixo atômico e instalação de usinas nucleares
É inconstitucional norma de Constituição Estadual que disponha sobre o depósito de lixo atômico e a instalação de usinas nucleares. 
STF. Plenário. ADI 6895/PB, Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado em 14/9/2021 (Info 1029).
todas as atividades relacionadas ao setor nuclear desenvolvidas no território 
nacional se encontram, por força do texto constitucional, submetidas ao poder central da União.
· TRIBUNAL DE CONTAS - De quem é a legitimidade para a execução de crédito decorrente de multa aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente público municipal?
Os Estados não têm legitimidade ativa para a execução de multas aplicadas, por Tribunais de Contas estaduais, em face de agentes públicos municipais, que, por seus atos, tenham causado prejuízos a municípios. 
Tese fixada pelo STF: “O Município prejudicado é o legitimado para a execução de crédito decorrente de multa aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente público municipal, em razão de danos causados ao erário municipal”. 
STF. Plenário. RE 1003433/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 14/9/2021 (Repercussão Geral – Tema 642) (Info 1029).
Tribunal de Contas poderá aplicar multas ou determinar que o gestor faça o ressarcimento de valores ao erário. Esta decisão da Corte de Contas materializa-se por meio de um acórdão.
As decisões do Tribunal de Contas que determinem a imputação de débito(ressarcimento ao erário) ou apliquem multa terão eficácia de título executivo extrajudicial, nos termos do § 3º do art. 71 da CF/88. 
Logo, podem ser executadas por meio de uma ação de execução de título extrajudicial. Vale ressaltar que a decisão do Tribunal de Contas deverá declarar, de forma precisa, o agente responsável e o valor da condenação, a fim de que goze dos atributos da certeza e liquidez.
A finalidade de se inscrever o débito na dívida ativa é gerar uma certidão de dívida ativa (CDA), que é um título executivo indispensável para o ajuizamento da execução. Ocorre que o acórdão do Tribunal de Contas já é um título executivo extrajudicial por força do art. 71, § 3º da CF/88 c/c o art. 585, VIII do CPC. Desse modo, não há necessidade de esse débito ser inscrito em dívida ativa.
Não se aplica a Lei nº 6.830/80 à execução de decisão condenatória do Tribunal de Contas da União quando não houver inscrição em dívida ativa. Tais decisões já são títulos executivos extrajudiciais, de modo que prescindem da emissão de Certidão de Dívida Ativa – CDA, o que determina a adoção do rito do CPC quando o administrador discricionariamente opta pela não inscrição. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1390993/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/09/2013 (Info 530)
Tome-se o seguinte exemplo: O TCE/AM aplica uma multa ao prefeito de Manaus. Quem executa? 
• Posição do STJ: o Estado do Amazonas, por intermédio da PGE. A multa tem caráter punitivo e se reverte em favor do Estado. 
• Posição do STF: o Município de Manaus, por intermédio da PGM. O estado-membro não tem legitimidade para promover execução judicial para cobrança de multa imposta por Tribunal de Contas estadual à autoridade municipal, uma vez que a titularidade do crédito é do próprio ente público prejudicado, a quem 
compete a cobrança, por meio de seus representantes judiciais (no caso, o Município).
O Município prejudicado é o legitimado para a execução de crédito decorrente de multa aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente público municipal, em razão de danos causados ao erário municipal. 
STF. Plenário. RE 1003433/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 14/9/2021 (Repercussão Geral – Tema 642) (Info 1029)
Ministério Público possui legitimidade para ajuizar a execução para ressarcimento ao erário? 
NÃO. 
A legitimidade para a propositura da ação executiva é apenas do ente público beneficiário. 
O Ministério Público, atuante ou não junto às Cortes de Contas, seja federal, seja estadual, é parte ilegítima. 
STF. Plenário. ARE 823347 RG, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 02/10/2014 (Repercussão geral). 
STF. REsp 1257583/MG, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 08/11/2018. 
O próprio Tribunal de Contas poderá propor a execução de seu acórdão? 
NÃO. O art. 71, § 3º, da CF/88 não outorgou ao TCU legitimidade para executar suas decisões das quais resulte imputação de débito ou multa. A competência para isso é do titular do crédito constituído a partir da decisão, ou seja, o ente público prejudicado (AI 826676 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgado em 08/02/2011).
· PROCESSO LEGISLATIVO - É inconstitucional, formal e materialmente, norma estadual que permite a participação de 
trabalhadores inativos no sufrágio para a escolha de membros da diretoria de empresa pública
Caso concreto: no Rio Grande do Sul, a Lei estadual nº 11.446/2000, de iniciativa parlamentar, alterou a lei que trata sobre a Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE (empresa pública estadual) para dizer que os trabalhadores inativos também deveriam participar da votação para a escolha de membros da diretoria da Companhia. 
Sob o ponto de vista formal, a lei violou o art. 61, § 1º, II, “e”, da CF/88. 
Sob o ponto de vista material, a previsão, ao incluir os aposentados, afrontou o art. 7º, XI, da CF/88. STF. Plenário. ADI 2296/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1/10/2021 (Info 1032).
· SAÚDE - Se o hospital particular atender um paciente do SUS por força de decisão judicial ele deverá ser ressarcido com base não na tabela do SUS nem com base nos valores de mercado; o 
ressarcimento ocorrerá com base na tabela da ANS, aplicada por analogia
A tabela da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deve servir de parâmetro para o pagamento dos serviços de saúde prestados por hospital particular, em cumprimento de ordem judicial, em favor de paciente do SUS. 
Tese fixada pelo STF: 
“O ressarcimento de serviços de saúde prestados por unidade privada em favor de paciente do Sistema Único de Saúde, em cumprimento de ordem judicial, deve utilizar como critério o mesmo que é adotado para o ressarcimento do Sistema Único de Saúde por serviços prestados a beneficiários de planos de saúde”. 
STF. Plenário. RE 666094/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 30/09/2021 (Repercussão Geral 
– Tema 1033) (Info 1032).
A Constituição Federal admite duas modalidades de execução de serviços de saúde por agentes privados: a complementar e a suplementar. 
Na complementar, a entidade privada presta os serviços mediante convênio com o SUS, sujeitando-se às regras do sistema. 
A suplementar, por sua vez, abrange atividades de profissionais de saúde, clínicas, hospitais particulares e operadoras de planos de saúde sem relação negocial com o poder público, sujeitos, apenas, à regulação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). 
O ressarcimento pela requisição de serviços deve ser pautado por critérios que conciliem alguns interesses: 
• o dever social imposto às prestadoras privadas para promoção do direito à saúde; 
• a relevância pública da atividade; 
• a existência de livre iniciativa para assistência à saúde; e 
• a própria preservação da empresa. 
Nesse aspecto, a Lei nº 9.656/98 (Lei dos Planos de Saúde) e a Lei nº 9.961/2000 (Lei da ANS) atribuem à ANS o encargo de fixar valores de referência para o ressarcimento do SUS por serviços prestados em favor 
de beneficiários de planos de saúde e esse é um critério razoável para compensar o ente privado. 
Nada impede, no entanto, que o legislador estabeleça outros parâmetros para a apuração do valor indenizatório, que, em seu entendimento, devem observar a realidade do segmento, sem deixar de atender ao interesse público que permeia a atividade de prestação de serviços de saúde.
· DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS - Os órgãos do SISBIN somente podem fornecer informações à ABIN quando comprovado o interesse público e mediante decisão motivada para controle de legalidade pelo Poder Judiciário
Os órgãos componentes do Sistema Brasileiro de Inteligência somente podem fornecer dados e conhecimentos específicos à ABIN quando comprovado o interesse público da medida.
Toda e qualquer decisão de fornecimento desses dados deverá ser devida e formalmente motivada para eventual controle de legalidade pelo Poder Judiciário.
STF. Plenário. ADI 6529/DF, Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado em 8/10/2021 (Info 1033).
· COMPETÊNCIA LEGISLATIVA - Estado-membro possui competência para editar lei obrigando empresas de internet a apresentar na fatura da conta a velocidade efetivamente oferecida no mês
É constitucional lei estadual que obriga as empresas prestadoras de serviços de internet móvel e banda larga na modalidade pós-paga a apresentarem, na fatura mensal, gráficos sobreo registro médio diário de entrega da velocidade de recebimento e envio de dados pela rede mundial de computadores.
STF. Plenário. ADI 6893/ES, Rel. Min. Carmen Lúcia, julgado em 8/10/2021 (Info 1033)
· COMPETÊNCIA LEGISLATIVA - Os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios foram autorizados a fazer a vacinação dos adolescentes, mesmo havendo nota informativa do Ministério da Saúde em sentido contrário
A decisão de promover a imunização contra a Covid-19 em adolescentes acima de 12 anos, observadas as evidências científicas e análises estratégicas pertinentes, insere-se na competência dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
STF. Plenário. ADPF 756 TPI-oitava-Ref/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,julgado em 8/10/2021 (Info 1033).
Os entes federados possuem competência concorrente para adotar as providências normativas e administrativas necessárias ao combate à pandemia, em conformidade com as respectivas realidades locais.
O federalismo cooperativo exige que os entes federativos se apoiem mutuamente, de maneira a permitir que os entes regionais e locais participem efetivamente do combate à Covid-19.
· COMPETÊNCIA LEGISLATIVA - Lei de iniciativa parlamentar não pode conceder anistia a servidores públicos
É inconstitucional lei estadual de iniciativa parlamentar que disponha sobre a concessão de anistia a infrações administrativas praticadas por policiais civis, militares e bombeiros.
STF. Plenário. ADI 4928/AL, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/10/2021 (Info 1033).
Inconstitucionalidade formal
A Constituição Federal reserva ao chefe do Poder Executivo a iniciativa de leis que tratem do regime jurídico de servidores desse Poder ou que modifiquem a competência e o funcionamento de órgãos administrativos (art. 61, § 1º, II, “c” e “e”), no que se enquadra a legislação que concede anistia a infrações administrativas praticadas por servidores civis e militares de órgãos de segurança pública.
A concessão de anistia de responsabilidade administrativa de servidores públicos estaduais interfere diretamente no regime disciplinar de categorias funcionais sujeitas ao poder hierárquico do chefe do Poder Executivo.
Inconstitucionalidade material
Ademais, sob o ângulo material, a norma invade matéria reservada a órgãos administrativos, em contrariedade ao princípio da separação dos Poderes (art. 2º, CF/88).
Com esses entendimentos, o Plenário, por maioria, e em conclusão de julgamento, julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade da Lei nº 7.428/2012, do Estado de Alagoas. Vencido o ministro Marco Aurélio.

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