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Marilia Linhares Sousa PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL 1ª EDIÇÃO 2017 Sumário Palavra da Professora autora Sobre a autora Ambientação à disciplina Trocando ideias com os autores Problematizando UNIDADE I: REFLEXÃO SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES Conceituando comportamento organizacional Comportamento do Indivíduo na Organização O ser humano O homem e o trabalho Personalidade Valores e atitudes UNIDADE II: PERCEPÇÃO Conceituando a Percepção Fatores que influenciam na percepção Distorções da percepção Motivação Teorias motivacionais nas organizações Teoria da hierarquia de Maslow Teoria das necessidades adquiridas – McClelland Teoria X e Y – McGregor Teoria dos dois fatores de Herzberg Teoria da expectativa de Vroom Teoria da equidade de Stacy Adams Teoria do estabelecimento de objetivos de Edwin Locke Teoria do reforço UNIDADE III: COMPORTAMENTO MESO-ORGANIZACIONAL Comunicação Comunicação interpessoal Comunicação organizacional Funções da comunicação dentro de uma organização Importância do feedback nas relações interpessoais Trabalho em equipe Grupo ou equipe Fatores básicos para a existência de uma equipe Formação de grupos Formação dos grupos nas organizações Tipos de equipes de trabalho Critérios pra definição de uma equipe Estágios de desenvolvimento da equipe Papel emocional da equipe Condições externas impostas às equipes nas organizações Vantagens do trabalho em equipe Possíveis aspectos negativos do trabalho em equipe Causas do mau funcionamento da equipe A liderança e o trabalho em equipe UNIDADE IV: CONFLITOS E ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO Causas de conflitos Estresse Cultura organizacional e mudanças Algumas definições de cultura Funções da cultura Criação e identificação da cultura organizacional Desenvolvimento da cultura Manutenção da cultura Alguns elementos da cultura Papel da área de gestão de pessoas Mudança cultural Explicando melhor com a pesquisa Leitura Obrigatória Saiba mais Pesquisando com a Internet Vendo com os olhos de ver Revisando Autoavaliação Bibliografia Bibliografia Web Vídeos Palavra do Professor autor Prezados Alunos, A disciplina Psicologia Organizacional pretende mostrar a importância da compreensão do comportamento tanto dos indivíduos quanto dos grupos para as organizações. Serão abordados assuntos relativos ao universo das pessoas dentro das organizações. Valores Individuais como personalidade, habilidades pessoais e situações inerentes ao trabalho com mais indivíduos como trabalho em equipe, conflitos e estresse no trabalho, formação de grupos de trabalho e cultura organizacional. Além disso, adquirir conhecimentos através do curso à distância implica em organizar seu tempo e a necessidade do tempo que a disciplina necessita. Sendo assim procure ler os objetivos de cada unidade; Leia cuidadosamente o texto, atentando para os conceitos; Resolva os exercícios de fixação propostos e busque maiores informações complementares. Bons Estudos! Sobre a autora Marilia Linhares Sousa, Mestra em Ciências da Educação pela ISEL, Especialista em Administração de Marketing pela Universidade Estadual do Vale do Acaraú - CE, Especialista em Docência do Ensino Superior pela FAPED. Especializanda em Formação em Educação a Distância (UNIP), Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), Professora Universitária nos cursos de Graduação e Pós-Graduação. Ambientação da disciplina Caro estudante, Temos a convicção de que as pessoas têm uma importância vital nas organizações, uma vez que são as pessoas e não as máquinas que fazem as coisas acontecerem. E, para que as aconteçam, não basta o conhecimento técnico. De que adianta você ter um excelente domínio técnico se não souber se relacionar com as pessoas, se não for capaz de levar sua equipe ao alto desempenho? Em função da complexidade e das diferenças individuais, as organizações devem buscar referenciais que permitam analisar e contextualizar o impacto do indivíduo, a influência do mesmo nos grupos e destes sobre o comportamento organizacional. Portanto, o administrador precisa aprender formas de criar um ambiente em que as pessoas se sintam pertencentes e que atendam seus objetivos e os objetivos organizacionais. Esta disciplina tem como objetivos: Identificar e atuar sobre os aspectos que envolvem a relação do indivíduo com o trabalho; discriminar as diferentes formas de interação humana nas práticas organizacionais; compreender a importância das pessoas nas organizações, buscando identificar sua contribuição para o desenvolvimento e crescimento das empresas. É de nosso desejo que este estudo sirva para despertar o seu interesse pelo assunto e que o mesmo permita uma melhor compreensão não só do comportamento das outras pessoas dentro da organização, mas, e principalmente, a compreensão do seu próprio comportamento. Unidade I Trocando Ideias com os autores Sugerimos a leitura da obra: Comportamento Organizacional. Este livro, baseado em modernos conceitos, reúne exemplos, aplicações e pesquisas ao comportamento organizacional. Organizado em 5 partes e 18 capítulos, aborda assuntos importantes para a administração, como: o mundo das organizações; as organizações e sua administração; motivação e engajamento; qualidade de vida no trabalho; estresse, conflito e negociação; cultura organizacional; conhecimento corporativo etc. CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional. 3. ed. São Paulo: Manole, 2014. Propomos também a leitura da obra: Psicologia aplicada à Administração. Dividido em quatro unidades de trabalho, este texto reúne um conjunto de características diferenciais. Abordando um diálogo com estudante de administração; Focaliza o conceito de ciências; as teorias e sistemas utilizados pela psicologia aplicada à administração e apresenta um plano para o estudo da Psicologia na empresa. MINICUCCI, A. Psicologia aplicada à Administração. São Paulo: Atlas, 2010. Guia de Estudo: Analise os dois livros e faça uma síntese traçando um paralelo entre as duas obras, relacionando com o assunto abordado nessa disciplina. Problematizando NATURA: A FÁBRICA TRANSFORMADA EM COMUNIDADE Na nova fábrica da Natura em Cajamar, SP, os corredores externos envolvem e ligam o conjunto em um modelo de arquitetura que lembra um museu de arte moderna. No interior dos prédios, cerca de 3.000 pessoas trabalham em sincronia para colocar diariamente no mercado 800.000 itens de produtos com a marca da empresa. Máquinas, equipamentos e painéis eletrônicos – descendentes diretos do velho kaban japonês – estão por toda parte. Mesmo assim, a fábrica da Natura, uma das maiores produtoras de cosméticos do país, é silenciosa, limpa e arejada. Uma potente rede de cabos de fibra óptica percorre toda a construção. Por ela podem correr desde os comandos para a produção até fitas de cinema. O projeto modular faz com que a capacidade de produção possa ser duplicada em um fim de semana na busca de flexibilidade.Não há muros cercando a nova fábrica. Na busca de integração e transparência, suas estruturas translucidas e minimalistas permitem que os funcionários trabalhem em meio a uma paisagem formada por um pedaço preservado de Mata Atlântica, com árvores nativas, jabuticabeiras e uma ferrovia do início do século passado, desativada em 1938. A ideia é que uma pequena locomotiva circule de tempo em tempo trazendo levas de visitantes à fábrica. O Novo Espaço Natura – como a fábrica foi batizada – é uma revolução diante do que, em boa parte do século XX, foi chamado linha de produção. As diferenças de aspecto, embora impressionantes, formam o lado menos importante de um modelo para o outro. A arquitetura é apenas um reflexo de conceitos e de crenças corporativas que devem marcar o terceiro século da industrialização. Fábricas continuarão a existir e a dar empregos enquanto o mercado precisar de bens prosaicos, como roupas, sapatos, CDs, pipoca de micro-ondas, sabonetes e computadores pessoais. Mas elas farão tudo isso de forma diferente, com pessoas diferentes e, como consequência disso, exigirá um novo modelo de gestão e liderança. As pessoas querem sentir que são parte de algo maior. Elas têm necessidade de compartilhar ideias, problemas e objetivos, diz a prefeita do Espaço Natura. Ela é a gerente do Espaço Natura. Seu dia a dia consiste em cuidar para que os funcionários trabalhem em locais adequados, que as áreas de lazer funcionem e sejam conservadas, que as pessoas se encontrem e dividam experiências – quaisquer que sejam elas. A existência de uma prefeita na fábrica da Natura é um sinal da necessidade que as empresas hoje têm de se transformar em comunidades, com ritos próprios, autenticidade, valores em comum, intersecção entre trabalho e vida pessoal. Paixão, criatividade, compromisso: essas são as qualidades necessárias para as empresas que quiserem vencer no novo mundo dos negócios, diz o americano Jim Stuart, fundador do The Lidership Circle, um programa de desenvolvimento para presidentes de empresas. Essas são também as qualidades que estão mais em falta na maioria das corporações. As pessoas ainda se sentem parte dos meios de produção. Por quê? Por que os líderes as tratam dessa forma, diz Stuart. Os funcionários da Natura trabalham hoje numa espécie de minicidade, onde podem deixar a roupa para lavar e as crianças na creche, ir ao banco, consultar livros na biblioteca, ir com a família ao clube nos fins de semana. O espaço está preparado para receber cerca de 10.000 visitantes por ano – um grupo formado por estudantes, fornecedores e revendedores da marca. Consumidores são chamados a testar novos produtos em ambientes que reproduzem quartos de bebê e clínicas de beleza. Os funcionários dizem que as coisas estão sempre mudando, mas isso não significa pressão ou sacrifício. A coisa mais legal dessa empresa é que todo mundo procura fazer sempre o melhor para erguer o Espaço, a Natura investiu cerca de 200 milhões de reais. Uma fábrica convencional certamente custaria bem menos. Pomares, piscinas, auditórios, salas de treinamento e berçário significam custo extra. A razão do investimento foi criar um ambiente que revelasse – para o público interno e externo – seus valores básicos: qualidade, transparência, equilíbrio. Na fábrica do futuro, funcionários não serão encarados como meios de produção – recursos humanos – mas como membros de uma comunidade com valores, objetivos e rituais em comum. Guia de estudo: Como vocês descreveriam a filosofia da Natura em relação às pessoas? Que valores e crenças orientam o negocio? Descrevam os incentivos que a empresa oferece visando maior comprometimento dos colaboradores. Como vocês imaginam que este modelo de gestão influencia na motivação dos colaboradores e no Clima Organizacional da empresa? REFLEXÃO SOBRE O COMPORTAMENTO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES 1 CONHECIMENTOS Entender os conceitos iniciais sobre o comportamento humano nas organizações. HABILIDADES Identificar alguns desses conceitos do comportamento humano nas organizações em avaliação própria. ATITUDES Refletir de forma pessoal como venho me comportando dentro das organizações em paralelo ao conteúdo apresentado. Conceituando comportamento organizacional Sabemos que as organizações existem com objetivos econômicos, sociais e ambientais e que o diferencial competitivo reside nas pessoas. O comportamento das pessoas afetará positiva ou negativamente os resultados organizacionais. Sendo assim, é importante que as lideranças entendam sobre pessoas, para que possam obter os resultados desejados e um ambiente estimulante e de realizações pessoais e profissionais. Quando falamos em comportamento organizacional, estamos nos referindo ao comportamento das pessoas no ambiente de trabalho. Segundo Robbins (2004), comportamento organizacional refere-se ao estudo sistemático das ações e atitudes das pessoas dentro das organizações. Chiavenato (2005), o estudo do comportamento organizacional (CO), ao mesmo tempo em que investiga a influência das pessoas e dos grupos sobre a organização, estuda também o efeito da organização sobre o comportamento dos indivíduos e dos grupos que nela trabalham. Para uma melhor compreensão e entendimento das atitudes e ações das pessoas no ambiente organizacional, os estudiosos dessa área buscam conceitos e métodos das ciências comportamentais, tais como: sociologia, psicologia, antropologia, ciência política, dentre outras. O comportamento organizacional é estudado em três níveis. Todo indivíduo chega à organização com expectativas, necessidades, desejos, valores etc. (comportamento individual) e passa a pertencer a um grupo de trabalho (comportamento grupal) dentro da organização. Esses grupos se interagem e formam o todo (comportamento de toda a organização). O individuo entra na organização e traz consigo suas emoções, expectativas, seu temperamento, seu caráter. Comportamento micro-organizacional: o foco é o individuo e são estudadas as diferenças individuais, os processos de aprendizagem, a percepção e a motivação. Os processos de recursos humanos que incidem diretamente sobre os indivíduos são: seleção, avaliação de desempenho, atitudes no ambiente de trabalho (assuntos de administração de pessoas). Esse mesmo individuo vai pertencer a um grupo dentro da organização. Comportamento meso-organizacional (nível de grupos): estudo dos grupos trabalha em equipe, comunicação, liderança, conflitos e estresse. E os grupos, as diversas áreas, os departamentos vão interagir na organização. Comportamento macro-organizacional (nível do sistema): envolve a cultura organizacional, a estrutura, a mudança e os efeitos das políticas de gestão de pessoas. Os três níveis do comportamento humano nas organizações e os estudos referentes a cada nível: Individual: diferenças individuais; valores e atitudes; percepção, aprendizagem; personalidade; motivação. Grupo: liderança; comunicação; trabalho em equipe; conflito. Sistema: - planejamento de trabalho; estrutura; efeitos da política de RH; cultura organizacional; mudanças. Robbins (2004) coloca que os objetivos do estudo do comportamento organizacional são: explicar, prever e controlar o comportamento humano. Explicar ocorre após o acontecido, por isso, explicar está empregado no sentido de entender as causas que levam ou levaram a pessoa a se comportar daquela maneira. Prever está ligado a eventos futuros e, portanto, o estudo do comportamentopermite se antecipar ao tipo de comportamento que possa ser apresentado diante de uma mudança. Pode-se avaliar o tipo de reação que os colaboradores teriam a uma tomada de decisão. Controle é o objetivo mais controverso no emprego do conhecimento do comportamento humano, na medida em que esse controle não deve ser manipulativo ou ferir a liberdade individual. Deve-se utilizar o controle de forma ética e assim permitir que entendamos, podemos citar como exemplo: como fazer para levar as pessoas a se esforçarem mais em seu trabalho. Vecchio (2008) afirma que, os gerentes do século XXI se defrontam com diversos desafios na relação com os colaboradores. Ele inclui: 1. Diversidade da equipe de trabalho; 2. Aumento da contratação de temporários; 3. Expressão cada vez maior de emoções no ambiente de trabalho. Entendendo que as pessoas reagem e se comportam de maneiras diferentes e em situações diferentes, que como seres humanos somos extremamente complexos e, portanto, não se podem generalizar comportamentos, talvez o maior desafio esteja na compreensão dos fatores situacionais, no estudo sistemático das relações e principalmente, no entendimento de que o estudo do comportamento humano é científico e não um senso comum, como alguns pensam. O individuo influencia o grupo O grupo influenciará a organização Organização influenciará o individuo. O cenário atual nos impõe algumas questões, tais como: globalização, flexibilização, avanços tecnológicos, ética etc. Diante disso, responda: 1. Como esse cenário influencia o comportamento organizacional? 2. Qual o impacto desse cenário no nível individual? 3. Como conciliar e relacionar os três níveis de estudo do comportamento organizacional? Comportamento do indivíduo na organização Esse módulo tem como objetivo discutir sobre o indivíduo na organização, partindo da premissa de que, para entender o comportamento organizacional, precisamos compreender o indivíduo com as suas diferenças e como ele interfere no comportamento da organização. Cada pessoa se comporta de uma maneira nas organizações. Segundo Bergamini (1990), as variáveis individuais e ambientais estão entre as que afetam o comportamento dos indivíduos na organização. A infância, a adolescência e a fase adulta de cada um são as variáveis individuais, das ambientais fazem parte dos grupos sociais, cultura, fatores do ambiente físico etc. As diferenças de desempenho no trabalho resultam de dois fatores principais: das diferenças de uma pessoa para outra e das diferentes experiências de vida que cada um tem. De como as pessoas são e de como foram criadas resulta a personalidade. Estudaremos as diferenças individuais, da personalidade e da emoção. Ao final, você estará apto a: 1. Entender a complexidade do ser humano e as diferenças individuais; 2. Saber o que significam personalidade e atitude; 3. Descrever como a personalidade e as emoções afetam o desempenho do indivíduo na organização. O ser humano O homem é um produto histórico, um ser social e é o conjunto de suas relações sociais. Os traços herdados em contato com um ambiente determinado têm como resultado um ser específico, individual e particular. A natureza biológica não basta para garantir a vida em sociedade. O homem precisa adquirir várias aptidões e aprender formas de satisfazer as necessidades. Chanlat (1992) nos diz que o ser humano é uno, ou seja, único enquanto espécie, enquanto indivíduo. Um ser biopsicossocial, que aparece profundamente ligado à natureza e à cultura que o envolve e que ele transforma. Sendo assim, só uma concepção que procura apreender o ser humano na sua totalidade pode dele se aproximar sem, contudo, jamais o esgotar completamente. Esse mesmo homem é um ser genérico, pois pertence à espécie humana. Segundo o autor, o homem é um ser reflexivo e ativo. Reflexivo pela sua capacidade de pensar, e ativo em função de sua ação. A construção da realidade e as ações que pode empreender o ser humano não são concebidas sem se recorrer a uma forma qualquer de linguagem, portanto, o ser humano é um ser de palavra. Facilidade para expressar em palavras seu mundo interior e exterior. Esse mesmo homem é também um ser de desejo, um ser de pulsão, pois o universo humano é um mundo de signos, de imagens, de metáforas etc. Por meio das relações que mantém com o outro, ele vê seu desejo e sua existência reconhecidos ou não. O Ser humano é um ser espaço-temporal, na medida em que ele está inserido no tempo e em algum lugar no espaço. O homem não só muda o seu mundo externo como simultaneamente se transforma de maneira autoconsciente pelo seu trabalho. No nível individual, ao optar pela sobrevivência, opta pelo trabalho. No nível de espécie, o homem se fez homem ao transformar o mundo pelo seu trabalho. De acordo com Freitas (1999), o controle exterior passa para o próprio sujeito; ele é quem define suas metas e se compromete a atingi-las; o processo decisório se dá de maneira mais participativa. Essa é uma exigência da nova sociedade e das organizações em geral. Exigência de que o indivíduo tenha um papel participativo no caminho que pretende seguir, nas decisões que pretende assumir e nas consequências que estas acarretam o que confirma a necessidade de uma identidade maleável mais estável. Freitas (1999) acrescenta que se antes era a figura do superego, como instância da crítica e do medo do castigo, que compelia o indivíduo a trabalhar mais, agora é o ideal de ego, daquele que almeja realizar um projeto e receber os aplausos e as gratificações indispensáveis aos seus anseios narcísicos. A obediência passiva dá lugar ao ativo investimento amoroso, o corpo dócil dá lugar ao coração ativo e cativo. O medo de fracassar se alia ao desejo de ser reconhecido, e quanto mais o indivíduo acredita que ele e a empresa são partes do mesmo projeto nobre, mais essa aliança tende a se fortalecer. O indivíduo inventa, cria e recria a sua própria realidade no momento em que se percebe um ser social com o poder de transformar. Chanlat (1992) diz que em todo sistema social o ser humano dispõe de uma autonomia relativa. Marcado pelos seus desejos, pelas suas aspirações e suas possibilidades, o indivíduo dispõe de um grau de liberdade, sabe o que pode atingir e que preço estará disposto a pagar para consegui-lo no plano social. O homem e o trabalho Bakunin (apud TOLEDO, 2004, p.78) “o trabalho não se converte em trabalho propriamente humano a não ser quando começa a servir para a satisfação não só das necessidades físicas, e fatalmente circunscritas à vida animal, como também do ser social, que tende a conquistar e realizar plenamente a sua liberdade [...]”. De acordo com Zavattaro (1999), o trabalho é essencialmente uma ação própria do homem mediante a qual ele transforma e melhora os bens da natureza, com a qual vive historicamente em insubstituível relação. O primeiro fundamento do valor do trabalho é o próprio homem, seu sujeito – o trabalho está em função do homem, e não o homem em função do trabalho. O valor do trabalho não reside no fato de que se façam coisas, mas em que coisas são feitas pelo homem e, portanto, as fontes de dignidade do trabalho devem buscar-se, principalmente, não em sua dimensão objetiva, mas em sua dimensão subjetiva. A nova relação entre o homem e o trabalho determina que este homem possua uma identidade e que responde por esta, a qual o leva a almejare a responder às suas necessidades, principalmente em relação ao trabalho. O fato de o homem dedicar a maior parte do seu dia útil ao trabalho denota a força que essa relação apresenta. O trabalho chega a ser mais importante que a família, pois o fracasso no trabalho acarreta fracasso familiar. A identidade serve como um mediador que permite ao homem se ajustar a cada fase: trabalho, família – evidenciando as múltiplas identidades e a necessidade de saber usá-las, de saber renová-las e mantê-las. Segundo Freitas (1999) “a empresa moderna (...) precisa mobilizar todas as energias do sujeito – intelectuais, físicas, espirituais, afetivas, morais (...) no interior desse tipo organizacional é um estranho casamento de várias contradições, levando o indivíduo a uma procura incessante de um parco (baixo) equilíbrio psicológico”. Observe a importância e a dimensão que o trabalho passa a exercer sobre o homem; é necessário que o indivíduo mobilize todas as suas energias para que possa manter o vínculo com o trabalho, alcançar o equilíbrio, a estabilidade, viver a sua identidade, para que possa se ver como ele verdadeiramente é. O trabalho é um ponto de conexão entre o homem e sua identidade, entre o homem e o “Eu”. Segundo Bom Sucesso (2002, p.12), a história de vida, as características pessoais, os valores, os anseios e as expectativas configuram, no nível individual, uma forma de viver e de sentir, definindo fatores básicos para a satisfação. Mais que o trabalho em si, as expectativas individuais e as situações de vida específicas determina a percepção sobre o trabalho. Freitas (1999, p. 80) destaca, ainda, que a empregabilidade é a capacidade de se tornar necessário ou de possuir o conhecimento raro e reciclável de que as empresas hoje necessitam. Mais que a profissão, valoriza-se um elenco de repertórios variados que habilitem o indivíduo a lidar com esse mundo complexo e mutável. Esta é a relação entre a identidade e o homem no trabalho: a identidade dá ao indivíduo, ao homem, as armas para se impor, para se igualar, para se diferenciar e para assumir o seu papel no trabalho, na família, na sociedade, na vida. A identidade é o conjunto de predicados, de significados, que permite ao homem ver-se como homem e que permite que os outros também o vejam. A identidade é o diferencial que permite a ascensão ou a queda na vida do homem, seja no trabalho ou em qualquer outro aspecto. É o que permite ao homem mudar os compromissos, mudar suas características, renovar e buscar novas soluções, novas identidades para sobreviver a esta sociedade em constante evolução. Personalidade Existem muitas definições para personalidade. Personalidade vem do latim persona, que significa a “máscara do ator”. Na maioria das definições, encontramos em comum que a personalidade são traços e características individuais, relativamente estáveis, que distinguem uma pessoa das demais. Soto (2002) nos diz que podemos estudar o ser humano a partir de três pontos de vista: como indivíduo, como pessoa e como personalidade. Como indivíduo, é um complexo organismo vivo, com uma essência biológica e física. Como pessoa, é um ser dotado de inteligência, capaz de pensar, racional, o que o distingue dos demais seres vivos. Ao acrescentar a personalidade o diferenciamos de qualquer outro indivíduo dentro do grupo. Segundo Corbela (citado por SOTO, 2002): “a personalidade inclui aspectos intelectuais, afetivos, impulsivos, volitivos, fisiológicos e morfológicos; é uma forma de responder diante dos estímulos e as circunstâncias da vida com um selo peculiar e próprio e que dá como resultado o comportamento”. Existem divergências quanto às origens ou sobre o que determina a personalidade de alguém. Alguns teóricos argumentam que a personalidade é determinada por fatores genéticos, e outros defendem a ideia de que o ambiente pode moldar e modificar a personalidade de uma pessoa. Soto (2002) ainda nos diz que, historicamente, pesquisadores assinalaram como chaves determinantes da personalidade a hereditariedade e o ambiente e, posteriormente, foi introduzido um novo fator, a situação, como agente importante capaz de moldar a personalidade. Podemos verificar abaixo que tanto os fatores hereditários quanto os do ambiente atuam na formação da personalidade. Hereditariedade Personalidade Ambiente Características: Físico; Sexo. Fatores Culturais; Fatores Situacionais; Fatores Sociais. Segundo Schermerhorn (2008), a hereditariedade estabelece os limites de quanto às características da personalidade podem ser desenvolvidas; o ambiente determina o desenvolvimento dentro desses limites. Foram identificados diversos traços de personalidade que permitem diferenciar as pessoas. Pervin (apud GRIFFIN e MOORHEAD, 2006) define cinco grandes traços de personalidade fundamentais e relevantes para as organizações. São eles: Sociabilidade: capacidade de se relacionar bem com os outros. As pessoas muito sociáveis tendem a serem gentis, cooperativas, compreensíveis e estão mais propensas a manter melhores relações no ambiente de trabalho; Consciência/meticulosidade: refere-se à quantidade de objetivos em que cada um é capaz de se concentrar. Os que se concentram em poucos objetivos de cada vez tendem a serem mais organizados, cuidadosos, responsáveis e disciplinados no trabalho; Estabilidade emocional: diz respeito à variação de humor e à segurança. As pessoas com maior estabilidade emocional tendem a serem calmas, flexíveis e seguras; Extroversão: refere-se ao bem-estar sentido nos relacionamentos. Os extrovertidos são mais amistosos, falantes, assertivos e abertos a novos relacionamentos; Abertura: refere-se à maleabilidade das crenças e dos interesses de uma pessoa. As pessoas com alto grau de abertura estão mais dispostas a ouvir novas ideias e a mudar de opinião a partir de novas informações. O conhecimento desses traços permite aos líderes uma melhor compreensão do comportamento de seus colaboradores, mas devemos ter cuidado para não rotularmos as pessoas, uma vez que, por mais científicas que sejam ao se tratar de pessoas as rotulações podem conter imprecisões, e outros fatores também podem interferir no comportamento das pessoas. Outra abordagem para compreender a personalidade nas organizações é a proposta por Carl Jung, psicanalista europeu, que criou um modelo de estilos cognitivos. Ele identificou quatro dimensões do funcionamento psicológico: Extroversão x introversão: os extrovertidos são orientados para o mundo exterior, enquanto os introvertidos são orientados para o mundo interior e preferem o recolhimento. Pensamento x sentimento: as pessoas que têm o estilo pensamento tomam decisões de forma racional, lógica, enquanto o outro estilo baseia suas decisões em sentimentos e emoção. Sensação x intuição: os indivíduos voltados para a sensação preferem focar nos detalhes, ao passo que os intuitivos se concentram em temas mais amplos. Julgamento x percepção: as pessoas do tipo julgamento gostam de terminar tarefas, e as do tipo percepção gostam do processo de elaboração e buscam maior número de informações. Todas as pessoas têm um pouco de cada comportamento, embora se sintam mais à vontade e passem mais tempo em um modo de comportamento. A combinação dos polos produz temperamentos, estilos e tipos psicológicos. Exemplo: introversão-percepção – gostam mais de estudar e ficar no isolamento do que interagir com os outros. Jung considerouque os polos de cada uma das quatro dimensões indicam preferências e facilidade para realizar determinadas atividades, mas que existe o outro lado de que às vezes precisamos lançar mão, o que ele chamou de teoria da sombra. Teoria da sombra: a sombra é o potencial menor, que é preciso ativar e desenvolver quando os problemas exigem aptidões diferentes daquelas que as preferências escolheriam. Ao se combinar os diversos tipos, encontraram dezesseis tipos de personalidade. Muitas organizações utilizam do teste Indicador de Tipos Myers- Briggs, conhecido como MBTI, para identificar o tipo de personalidade, o estilo de comunicação e a preferência de interação. Alguns autores preferem fazer modelos baseados em combinações de apenas duas dimensões, como, por exemplo, no processo decisório, analisar as dimensões pensamento – sentimento; sensação – intuição; isso permitiria identificar quatro estilos: sensitivos – pensantes; sensitivos – sentimentais; intuitivos – pensantes e intuitivos – sentimentais. ATENÇÃO! “Em qualquer um dos modelos adotados, o que se busca é tentar explicar o comportamento humano. A teoria da sombra insiste em que as pessoas apresentam comportamentos dominantes, ou preferenciais, ao lado de comportamentos secundários”. Devemos pensar, portanto, nos tipos de Jung como ferramenta que auxilie no processo de autoconhecimento e de conhecimento das pessoas que fazem parte da organização. Valores e atitudes Outro aspecto importante a ser estudado são os valores, pois eles estabelecem a base para a compreensão das atitudes e da motivação e influenciam na nossa percepção. Segundo Robbins (2008), os valores representam convicções básicas que contêm um elemento de julgamento baseado naquilo que a pessoa acredita ser correto, bom ou desejável. Os valores possuem dois tipos de atributos: de conteúdo – determina que um modo de conduta seja importante; e de intensidade – determina o quanto é importante. Quando entramos em uma organização, trazemos nossos valores isso influenciará na forma de vermos e lidarmos com as situações. A cultura tem uma forte influência sobre nossos valores e é preciso entender que os valores variam de cultura para cultura. As nossas atitudes estão diretamente relacionadas aos nossos valores e, de acordo com Robbins (2008), as atitudes são afirmações avaliadoras favoráveis ou desfavoráveis e possuem três componentes: cognição, afeto e comportamento. Algumas de nossas atitudes são aprendidas por meio de nossas famílias, nossa cultura, mas, na grande maioria, elas são desenvolvidas por meio de experiências vividas e observações. Ainda segundo o mesmo autor, a convicção de que “discriminar é errado” é uma afirmação avaliadora. Essa opinião é o componente cognitivo de uma atitude, ou seja, a crença e o conhecimento sobre um estímulo e avaliação que faço do mesmo. O componente afetivo se refere ao sentimento e as emoções, e o sentimento podem provocar resultados no comportamento, ou seja, a tendência a se comportar de uma determinada maneira. Nossas atitudes são adquiridas por meio de diversos processos, entre eles: nossa experiência, nossos preconceitos, pela observação de situações ou pessoas. Se nossas atitudes não estiverem muito arraigadas em nós, será possível uma mudança de atitude por meio de treinamento, educação e comunicação. Importante ressaltar que, apesar da atitude levar a uma intenção de se comportar, pode ocorrer de uma atitude não passar da intenção, pois irá depender da situação ou circunstância. Robbins (2008) coloca que as pessoas buscam consistência em suas atitudes e seus comportamentos, de maneira que ambos pareçam racionais e coerentes. Quando surge uma inconsistência, desencadeiam-se forças que levam o indivíduo de volta ao estado de equilíbrio, para que as atitudes e o comportamento voltem a ser coerentes. A isso se dá o nome de dissonância cognitiva. Dissonância cognitiva – Festinger propôs a teoria da dissonância cognitiva. Dissonância é uma inconsistência e isso gera desconforto. De acordo com Robbins (2008), Festinger diz que o desejo de reduzir a dissonância é determinado pela importância dos elementos que a criam, pelo grau de influência que a pessoa acredita ter sobre esses elementos e pelas recompensas decorrentes. Exemplo de dissonância cognitiva: uma pessoa fuma e, embora tenha consciência de que o cigarro é prejudicial à saúde, ela pode tentar justificar racionalmente com argumentos (todo mundo vai morrer um dia, por exemplo) numa tentativa de redução de seu conflito interno ou para diminuir o seu desconforto. PERCEPÇÃO 2 CONHECIMENTOS Entender os conceitos sobre o comportamento micro-organizacional do ser humano no tocante a percepção e motivação. HABILIDADES Identificar os conceitos de percepção e motivação do comportamento humano nas organizações em avaliação própria. ATITUDES Refletir de forma pessoal como venho me comportando dentro das organizações em paralelo ao conteúdo apresentado. Conceituando Percepção Começaremos com a visão de Steinbeck (1962) “há muita coisa para ver, mas nossos olhos da manhã descrevem um mundo diferente do que os olhos da tarde contemplam, enquanto os olhos da noite, cansados, só podem registrar um mundo noturno cansado”. A percepção é algo individual e influi na forma como as pessoas se comportam na organização; é a base para o entendimento do comportamento humano nas organizações, se entendermos os fatores que levam a moldar ou distorcer a percepção. 15 COMPORTAMENTO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES Nós podemos perceber algumas coisas que outras pessoas não perceberam e vice-versa. • Cada pessoa compreende a realidade de forma diferente. • O fato de um perceber de uma determinada forma não exclui a percepção do outro (certo-errado). • A não percepção do ponto de vista do outro pode acarretar problemas nos níveis prático e relacional. • Percepções diferentes podem aprofundar relacionamentos. Segundo Robbins (2004), percepção é o processo em que as pessoas selecionam, organizam e interpretam informações existentes, por meio de suas impressões sensoriais (tato, olfato, paladar, audição e visão) com a finalidade de dar sentido ao ambiente ou ao modo como veem objetos e situação. A percepção é um processo pelo qual um indivíduo recebe um conjunto de estímulos por meio dos sentidos, selecionando-os, comparando-os e interpretando- os convenientemente. Segundo Kemp (1975, p. 13), percepção é “o processo pelo qual um indivíduo se apercebe do mundo que o rodeia”. “Os diferentes órgãos sensórias (olhos, ouvidos, mãos) são submetidos a uma multidão” de estímulos e produzem uma sensação no indivíduo. Essa sensação é uma resposta imediata dos órgãos sensoriais aos estímulos. A sensação é um fato fisiológico, já que se trata de uma resposta do organismo aos estímulos, diferentemente da percepção que constitui na tomada de consciência dessa reação. Mais que um simples fenômeno sensorial, a percepção é uma conduta psicológica complexa que corresponde a um quadro de referencia particular, elaborando segundo a nossa experiência pessoal e social. Pensamos de modo usual, criando padrão que se ajuste ao nosso padrão tradicional, ou àquilo que gostaríamos que nosso padrão fosse, e raramente tentamos a verdadeira interpretação de uma situação. A percepção reflete a realidade objetiva. Enxergamos o mundo da forma como fomos condicionados a vê-lo; na verdade, quando descrevemos o que vemos, estamos descrevendo a nós mesmos, nossas percepções e nossos paradigmas. Fatores que influenciam na percepção Existem vários fatores que interferem na nossa percepção, como a atenção, os fatores externos e internos. Fatores da situação • Momento • Ambiente de trabalho • Ambiente social Fatores do observador • Atitude; Motivação • Interesse; Experiência • Expectativa; Emoção • Valores Fatores do alvo • Novidade; Sons • Movimento; Tamanho • Proximidade; Tempo • Semelhança I Dentre os fatores que influenciam nossa percepção, temos os fatores internos, ou seja, os fatores ligados ao observador. A forma como observo e interpreto uma situação, objeto ou pessoa está intimamente ligado aos meus valores, crenças, experiências passadas, interesse, emoção e motivação. Por exemplo, você pode passar todos os dias pela mesma rua e nunca ter reparado um restaurante, mas se você estiver com fome, com certeza notará. Outro ponto importante a ser destacado é a respeito do conceito que cada um tem de si mesmo, ou seja, sua autopercepção, pois ela influenciará fortemente a forma como vemos os objetos e as pessoas. Ela pode variar de acordo com as relações que mantemos o trabalho que desenvolvemos e como lidamos com os nossos sucessos e fracassos. Os fatores externos, ou do alvo, também podem interferir na nossa percepção; o fato de estar mais próximo, como, por exemplo, a estratégia utilizada nos supermercados de se colocar o que se quer vender no campo de visão do consumidor. Podemos citar outros fatores do alvo, como o tamanho, o tempo, a semelhança etc. Como o alvo está sempre relacionado a uma situação, esses fatores também irão interferir. O nosso foco de estudo está em como percebemos os outros (heteropercepção), está ligado à impressão que tenho a respeito do outro, pelas suas ações, pela sua voz, pelos seus gestos, seu movimento, sua reação e pela experiência que tive com o outro. O comportamento (atitude, conduta) das pessoas é que nos leva a percebê- las e julgá-las. Segundo Soto (2002), a teoria da atribuição procura explicar como julgamos de maneiras diferentes as pessoas, diante do sentido que atribuímos a um dado comportamento. A teoria sugere que quando observamos o comportamento de alguém, tentamos identificar se o que motiva é interno ou externo. NAS ORGANIZAÇÕES Ainda segundo o mesmo autor, as causas internas estariam sob o controle do indivíduo, enquanto as causas externas estariam relacionadas a uma situação externa que ocasionou tal comportamento. Por exemplo, se um colaborador chega atrasado, posso atribuir que ele acordou tarde por ter ficado na “farra” ou atribuir ao trânsito. Aqui entram três fatores que irão interferir na atribuição: • Diferenciação: refere-se a comportamentos diferentes em situações diferentes. Se existe um comportamento que é habitual (chegar atrasado), a atribuição será a uma causa interna; caso contrário, se não é um comportamento habitual, o observador atribuirá a uma causa externa. • Consenso: quando todas as pessoas que enfrentam determinada situação respondem de maneira semelhante. Por exemplo, se todos os colegas do funcionário que chegou atrasado fazem o mesmo percurso, e também chegaram atrasados, a atribuição será a uma causa externa, se o consenso for alto. • Coerência: o observador sempre busca uma coerência nas ações das pessoas. Se o funcionário chega sempre atrasado, a atribuição será a uma causa interna. Quanto mais coerente o comportamento, mais a atribuição tenderá a ser interna. Soto (2002) nos diz que observamos e julgamos as ações segundo um contexto situacional. Há evidências de que, quando julgamos o comportamento das outras pessoas, tendemos a superestimar as causas internas, ou pessoais. Podemos, com isso, incidir no erro fundamental de atribuição. Ele dá como exemplo: uma gerente de vendas e atribui o fraco desempenho de seus vendedores à preguiça deles, e não ao lançamento de um produto concorrente. Existe também a tendência das pessoas de atribuírem o seu sucesso a fatores internos, e os fracassos, a fatores externos. I Considerando que o processo perceptivo é pessoal e sofre a influência de vários fatores, ele pode sofrer distorções. Distorções da percepção Distorção é o fenômeno pelo qual transformamos a realidade para que ela se adapte à nossa cultura, à nossa crença, aos nossos valores e até mesmo às impressões e intenções momentâneas. Abaixo, algumas distorções de percepção. Percepção seletiva: as pessoas selecionam o que veem, ouvem e falam, a partir de seus antecedentes, atitudes, experiências e interesses; Efeito de halo: impressão da pessoa a partir de uma só característica; Projeção: atribuição das características próprias à outra pessoa; Estereótipo: juízo formado a respeito da pessoa, segundo a percepção do grupo a qual pertence; Efeito de contraste: avaliação da pessoa a partir de comparação. As pessoas devem ter o cuidado ao julgar outras, pois podem cometer erros de julgamento em função das distorções apresentadas. Abaixo, são citados alguns processos que sofrem o impacto da nossa percepção e, por isso, devemos estar atentos às distorções, para que os mesmos sejam realizados com equidade: Entrevistas de emprego; Avaliação de desempenho; Tomada de decisão; Definição de estratégias; AS ORGANIZAÇÕES Lealdade do empregado; Esforço do empregado. Podemos adotar algumas medidas no sentido de minimizar as distorções de percepção e melhorar a nossa capacidade de perceber, como, por exemplo: • aumentar a frequência de observações e em situações diferenciadas; • coletar percepções de outras pessoas buscando o aumento de informações e confirmando ou não a sua percepção; • estar conscientes das distorções perceptivas; • estar conscientes da administração da impressão de si mesmo e dos outros; • ter consciência de que as relações interpessoais são influenciadas pela maneira como as pessoas se percebem e interpretam as suas percepções; • quanto melhor a compreensão de mim mesmo, maior a possibilidade de compreensão do outro. Motivação Motivação é um tema extremamente discutido, complexo e tem sido o calcanhar de Aquiles em termo de preocupação no mundo empresarial. Muitos são os pesquisadores que vêm buscando alternativas para as questões motivacionais. Vamos relembrar a letra da música Comida, dos Titãs. Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Britto Bebida é água! Comida é pasto! Você tem sede de quê? Você tem fome de quê?... A gente não quer só comida A gente quer comida Diversão e arte! A gente não quer só comida A gente quer saída Para qualquer parte... A gente não quer só comida A gente quer bebida Diversão, balé A gente não quer só comidaA gente quer a vida Como a vida quer... Bebida é água! Comida é pasto! Você tem sede de quê? Você tem fome de quê?... A gente não quer só comer A gente quer comer E quer fazer amor A gente não quer só comer A gente quer prazer Prá aliviar a dor... A gente não quer Só dinheiro A gente quer dinheiro E felicidade A gente não quer Só dinheiro A gente quer inteiro E não pela metade... Fazendo uma analogia entre a letra dessa música e o nosso tema, podemos refletir que as pessoas têm motivos ou motivações diferentes e podem surgir também questões: REFLEXÃO! A gente não quer só comida. A gente quer algo mais. O que motiva você? Você acredita que o salário seja motivador? Se considerarmos o dinheiro como motivador, pergunto: OBSERVAÇÃO! Por que então temos várias pessoas ganhando muito e sem nenhuma motivação? Veremos mais a frente que existem outros fatores motivadores, e que o salário não é considerado como tal. De acordo com Maximiano (2000), há dois grupos de motivos que influenciam o desempenho, que são: COMPORTAMENTO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES • Motivos internos: são aqueles que surgem das próprias pessoas, como aptidões, interesses, valores e habilidades da pessoa. São os impulsos interiores, de natureza fisiológica e psicológica, afetados por fatores sociológicos, como os grupos ou a comunidade da qual a pessoa faz parte. • Motivos externos: são aqueles criados pela situação ou ambiente em que a pessoa se encontra. São estímulos ou incentivos que o ambiente oferece ou objetivos que a pessoa persegue, porque satisfazem necessidades, despertam um sentimento de interesse ou representam a recompensa a ser alcançada. Podemos dizer que a motivação é intrínseca, mas as organizações podem fornecer estímulos ou incentivos, com o objetivo de despertar o interesse ou a necessidade das pessoas. Segundo Robbins (2004), a motivação consistiria na disposição para fazer alguma coisa e seria condicionada pela capacidade dessa ação satisfazer uma necessidade do indivíduo. Segundo Chiavenato (1997), podemos entender a motivação como: • Fatores que provocam, canalizam e sustentam o comportamento do indivíduo; • Forças internas do indivíduo que respondem pelo nível, rumo e pela persistência do esforço despendido no trabalho; • Estado interno que pode resultar de uma necessidade. É descrito como ativador ou despertador de comportamento geralmente dirigido para a satisfação da necessidade. Hersey e Blanchard (1986) nos dizem que o comportamento humano é orientado para a consecução do objetivo, ou pelo desejo de alcançar o objetivo. A unidade básica do comportamento é a atividade, e todo comportamento é composto de uma série de atividades. Como seres humanos, estamos sempre fazendo alguma coisa: comendo, andando, dormindo, trabalhando etc. Em muitos casos, realizamos mais de uma atividade simultaneamente – como, por exemplo, conversar e dirigir o automóvel. A qualquer momento, podemos decidir passar de uma atividade ou conjunto de atividades para outra. Isso leva a algumas questões interessantes. OBSERVAÇÃO! Por que as pessoas se envolvem em certas atividades e não em outras? Por que mudam de atividades? Para tanto, precisamos saber que motivos ou necessidades das pessoas originam determinada ação em dado momento. Para ampliar seus conhecimentos, podemos usar o exemplo: uma pessoa está com fome. Qual a sua necessidade? Comer, certo? Essa pessoa irá desenvolver todo um comportamento voltado à satisfação dessa necessidade. Ela poderá parar num restaurante, numa cantina etc. E atender a sua necessidade; dizemos que ela desenvolveu uma atividade com objetivo. Se, ao invés de parar e comer ela for ao supermercado, comprar alguma coisa, levar para casa e preparar, dizemos que ela desenvolveu uma atividade para o objetivo. A atividade no objetivo realiza rapidamente o mesmo, ao passo que a atividade para o objetivo inclui algumas etapas para atingi-lo. As organizações precisam estar atentas no estabelecimento de seus objetivos, pois, se os mesmos forem facilmente alcançáveis, não mobilizarão as pessoas e, por outro lado, o bloqueio ou impedimento de alcançar um objetivo faz com que a pessoa se frustre. Ao se frustrar, as pessoas apresentam alguns mecanismos de defesa, conforme apresentado abaixo. Formas de comportamento frustrado: mecanismos de defesa: • Agressão: a frustração pode crescer até o ponto em que a pessoa se torne agressiva por não ter conseguido atingir seus objetivos. • Racionalização: a pessoa não consegue atingir seu objetivo e inventa desculpas, responsabilizando outras pessoas por isso ou questionando a realidade do objetivo. • Regressão: adota comportamentos imaturos, não apropriados para sua idade. • Fixação: continua a apresentar o mesmo padrão de comportamento, embora as experiências tenham mostrado sua inutilidade. • Resignação: ocorre quando a pessoa perde a esperança de atingir o objetivo – apatia. Teorias motivacionais nas organizações Conforme já foi dito, existem muitas teorias motivacionais; concentraremo-nos nas teorias mais utilizadas nas organizações. As teorias de conteúdo enfatizam o que motiva as pessoas, as de processo, como as pessoas se mobilizam, e as de reforço, a manutenção da motivação. Teorias de conteúdo: concentram-se nas necessidades internas que motivam o comportamento, alterando o clima organizacional. • Maslow – Hierarquia das necessidades. • McClelland – Necessidades adquiridas. • McGregor – Teoria X e Y. • Herzberg – Teoria dos dois fatores. Teorias de processo: estudam os processos de pensamento por meio dos quais as pessoas decidem como agir. • Vroom, Porter e Lawler – Expectativa. • J. Stacy Adams – Equidade. • Edwin Locke – Estabelecimento de objetivos. Teoria do reforço: Skinner e outros se baseiam na “lei do efeito”, em que o comportamento é determinado por consequências ambientais. Teoria da Hierarquia de Maslow Maslow hierarquiza as necessidades humanas tendo como foco a intensidade dos motivos. Ele considera o ser humano na sua totalidade, ou seja, um ser biopsicossocial. Para ele, somente surgirão necessidades superiores na hierarquia à medida que as inferiores forem satisfeitas. Vejamos a disposição das necessidades de baixo para cima: Autorrealização; Estima Social Segurança Necessidades fisiológicas Necessidades fisiológicas Segundo Hersey e Blanchard (1986), as necessidades fisiológicas são consideradas básicas e se referem à sobrevivência do homem, ou seja, alimento, sono, sexo. Para Maslow, se essas necessidades não forem satisfeitas, as outras oferecerão pouca motivação, como, por exemplo, uma pessoa com fome ou sono não consegue produzir direito, aprender, porque a necessidade básica estará “falando” mais alto. Nas organizações, podemos atender a essas necessidades por meio de: salário, intervalos para descanso (DSR), férias, cafezinho etc. Necessidade de segurança Maslow nos diz que quando a necessidade fisiológica está atendida, surge à necessidade de segurança. Necessidade de estar livre do medo do perigo físico e da privação das necessidades básicas. Se essa necessidade não for satisfeita, não surgirão outras. Nas organizações, essas necessidades estão relacionadas à segurança dos colaboradores, tanto física quanto psicológica, tais como equipamentosde segurança, prevenção de acidentes e estabilidade no emprego. Necessidades sociais Uma vez satisfeitas às necessidades fisiológicas e de segurança, surgem às necessidades sociais, ou seja, tendo alimento, descanso, condições para suprir as necessidades básicas e segurança, a pessoa quer pertencer a um grupo ou a vários grupos. As organizações atendem a essas necessidades nos processos de integração, nos grêmios, nas confraternizações etc. Necessidade de estima A partir do momento em que a pessoa pertence a um grupo, ela deseja ser reconhecida por esse grupo, ou ser estimada. O atendimento dessa necessidade faz com que a pessoa se sinta confiante, útil, com poder e prestígio. Quando um colaborador recebe um elogio, é promovido ou reconhecido pelo seu trabalho, ele experimenta esses sentimentos. Necessidade de autorrealização Depois de satisfeita a necessidade de estima, surge à necessidade de autorrealização. Segundo Hersey e Blanchard (1986), Maslow afirmou que essa necessidade está ligada ao desejo que temos de nos tornarmos aquilo que somos capazes, quando ele diz que “O que um homem pode ser, deve sê-lo”. Para ele, essa é a necessidade mais difícil de ser suprida, uma vez que ela se manifesta de formas diferentes. A organização tenta atender a essas necessidades ao oferecer bolsas de estudo, incentivos aos colaboradores naquilo que eles são capazes Devemos entender a hierarquia das necessidades como algo cíclico, em que as necessidades se revezam continuamente, pois, na medida em que uma necessidade não está satisfeita, ela irá prevalecer em detrimento de outra. Teoria das Necessidades Adquiridas – McClelland Segundo Vecchio (2008), McClelland utilizou Testes de Apercepção Temática (TAT) que consistiam na narração de histórias, para revelar as próprias necessidades, as necessidades predominantes, e as encontrou em um conjunto de necessidades específicas: a necessidade de realização, a de associação e a de poder. Necessidade de realização: ainda segundo o mesmo autor, as pessoas com elevada necessidade de realização geralmente tendem a preferir situações que envolvem risco moderado e responsabilidade pessoal pelo sucesso; desejam ainda, feedback específico sobre o desempenho. Essa necessidade oferece uma explicação importante para o sucesso e o fracasso de uma pessoa. Necessidade de associação: as pessoas com esse tipo de necessidade tendem a ser acolhedoras e simpáticas em seus relacionamentos, valorizam a amizade e gostam do contato permanente com as pessoas. Sentem-se motivadas ao participarem de comemorações e reuniões informais. Se essa necessidade não estiver associada à de realização e poder, existe a possibilidade de serem vistas como ineficazes, em razão do receio da ruptura social ao atuar de modo direto e agressivo. Necessidade de poder: segundo Soto (2002), a motivação de poder é o desejo de um indivíduo de influenciar no controle e no ambiente social, e manifesta- se de duas maneiras: como poder pessoal e poder social. Poder pessoal: a influência e o controle têm como único propósito confirmar seu domínio sobre eles. Poder social: as pessoas fazem uso desse poder para resolver os problemas organizacionais. I Teoria X e Y – McGregor De acordo com Robbins (2004), Mc Grego, após observar a maneira como o executivo tratava seus funcionários, propôs duas visões distintas do ser humano; uma negativa, que chamou de teoria X e uma positiva, chamada de teoria Y. Na teoria X, as quatro premissas dos executivos são: O homem por natureza, não gosta de trabalhar, e sempre que puder, vai evitar o trabalho; Como não gosta de trabalhar, ele precisa ser coagido, controlado ou ameaçado com punições para que cumpra as metas; Os trabalhadores evitam as responsabilidades e buscam orientação formal sempre que possível; A maioria dos trabalhadores coloca a segurança acima de todos os fatores associados ao trabalho e mostram pouca ambição. A teoria Y apresenta também quatro premissas opostas à teoria X: Os trabalhadores podem considerar o trabalho tão natural quanto descansar ou se divertir; As pessoas demonstram auto-orientação e autocontrole se estiverem comprometidas com os objetivos; Na média, as pessoas podem aprender e aceitar e até buscar responsabilidades; A inovação e a criatividade estão distribuídas por toda a população. Ainda segundo Robbins (2004), McGregor considerava as premissas da teoria Y mais válidas do que as da teoria X, e propôs ideias como processo decisório participativo, tarefas desafiadoras etc. Não existem evidências de que a aceitação da teoria Y e a alteração do comportamento individual de acordo com ela resultem em um trabalhador mais motivado. Teoria dos dois fatores de Herzberg Segundo Robbins (2004), Herzberg partiu da ideia de que a relação de uma pessoa com o seu trabalho é básica e que essa atitude pode muito bem determinar o sucesso ou o fracasso, e investigou a seguinte questão: “O que as pessoas desejam do seu trabalho?”. Ele pediu para que as pessoas descrevessem com detalhes situações nas quais se sentiriam excepcionalmente bem ou mal a respeito de seu trabalho. Ainda segundo o autor, Herzberg identificou que algumas características tendiam a estar relacionadas com a satisfação do trabalho, e outras, com a insatisfação. A seguir, mostraremos os fatores intrínsecos, que parecem estar ligados com a satisfação, denominado de fatores motivacionais, e os fatores extrínsecos ligados à insatisfação, denominados fatores higiênicos. Fatores higiênicos Fatores motivacionais Afetam a insatisfação com o trabalho Afetam a satisfação com o trabalho Qualidade da supervisão Oportunidade de promoção Remuneração Oportunidade de crescimento Pessoal Reconhecimento Políticas da organização Condições físicas do trabalho Responsabilidade Realização Relacionamento com os colegas Segurança no emprego Alta Alta Insatisfação Satisfação Com base nos dados coletados, Herzberg nos diz que o oposto de satisfação não é a insatisfação. A eliminação de características de insatisfação não levaria necessariamente à satisfação. Observou que quando as pessoas se sentiam insatisfeitas com o seu trabalho, estavam preocupadas com o ambiente em que trabalhavam. Por outro lado, quando se sentiam bem no trabalho, tratava-se do trabalho em si. Os fatores que descrevem o ambiente (extrínsecos) Herzberg chamou de fatores de manutenção ou de higiene, por serem fatores primários, com a função de prevenir a insatisfação no trabalho, portanto, a presença desses fatores não leva à satisfação, mas a sua ausência leva à insatisfação; assim, a organização deve cuidar dos mesmos, mantendo o que está bom, para que não gere insatisfação. Os fatores motivacionais (intrínsecos) estão associados com o trabalho em si ou os resultados derivados dele. Herzberg propõe que as organizações trabalhem com uma estratégia que chamou de enriquecimento do cargo, ou seja, as organizações devem oferecer incentivos e tornar o trabalho mais desafiador, no qual a pessoa possa dar um sentido ao mesmo, mas, ao mesmo tempo, devem cuidar dos fatores higiênicos, para não gerarem insatisfação.Teoria da expectativa de Vroom Segundo Maximiano (2000), a teoria da expectativa procura explicar como as crenças e expectativas das pessoas combinam-se com os estímulos, para produzir algum tipo de força motivacional. A teoria estabelece que: o desempenho que se alcança é proporcional ao esforço que se faz; o esforço que se faz é proporcional ao valor que se dá à recompensa; se a recompensa for atraente, a motivação para o esforço será grande. Ainda segundo o autor, a teoria da expectativa procura explicar a cadeia de causas e efeitos que vai desde o esforço inicial até a recompensa final. Chiavenato (1997) nos diz que a motivação está diretamente ligada a três fatores: Expectativa: esse fator está relacionado aos objetivos individuais e à força do desejo de atingir tais objetivos, bem como à percepção de que poderá atingi-los, e isso dependerá das possibilidades individuais e das condições externas. Esses objetivos têm valoração diferente para as pessoas. Valência: refere-se ao grau de importância que tem o objetivo para o indivíduo. Instrumentalidade: possibilidade da ação de se atingir o objetivo venha ser recompensadora. Com objetivo de clarear os conceitos, podemos dizer que o indivíduo se pergunta: consigo atingir esse objetivo? Ao atingir, serei recompensado? A recompensa vale o esforço despendido? Se ele achar que é capaz e que a recompensa vale a pena, ele se mobilizará. Teoria da equidade de Stacy Adams De acordo com Robbins (2004), a teoria da equidade diz que os trabalhadores avaliam o esforço que dedicaram a uma atividade (entrada) e o que obtiveram com isso (resultado); então, comparam sua proporção de entrada e resultado com a proporção de outros funcionários que consideram relevantes. Ao fazer a comparação, se as proporções são iguais, diz-se que existe um estado de equidade, ou seja, a pessoa entende como justa a situação. Quando essas proporções são desiguais, tem-se a sensação de inequidade ou injustiça. Robbins (2004) ainda nos diz que o indivíduo pode se utilizar de três categorias para estabelecer o seu processo de comparação: o outro, o sistema e próprio. Na primeira categoria, o indivíduo se compara com outros indivíduos em empregos similares e estabelece a comparação entre a sua remuneração com a dos outros. Na segunda categoria, considera o sistema de remuneração da empresa e atribui se ela é justa ou não. Na terceira, é influenciado por critérios como experiências profissionais ou compromissos familiares. Podemos dizer que o indivíduo vai se comparar, e se ele considerar injusta a sua remuneração, seja porque ele considera que ele trabalha mais que outros e ganha menos, seja porque a política de remuneração da empresa não é justa, ou porque, ao assumir muitos compromissos financeiros, sua remuneração não é suficiente, ele poderá produzir menos, aumentar o absenteísmo, reduzir a qualidade etc. Teoria do estabelecimento de objetivos de Edwin Locke De acordo com Robbins (2004), as intenções expressas como metas podem ser fonte de motivação para o trabalho. Objetivos específicos aprimoram o desempenho, e objetivos difíceis, quando aceitos, acarretam melhor desempenho do que as metas mais fáceis de serem alcançadas. Nessa teoria, não podemos concluir que a participação dos funcionários no estabelecimento dos objetivos seja sempre desejável; ela será preferível quando articulada em termos de objetivos específicos e difíceis, tornando uma poderosa fonte motivacional. COMPORTAMENTO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES Teoria do reforço Abordagem comportamentalista em que o comportamento do indivíduo pode ser controlado por meio do reforço, ou seja, quando o indivíduo dá uma resposta adequada, essa resposta deve ser reforçada para que ela se repita. Embora não possa ser considerada uma teoria motivacional, Robbins (2004) nos diz que inúmeras pesquisas indicam que as pessoas empenham-se mais em tarefas que recebem reforços do que nas demais. COMPORTAMENTO MESO- ORGANIZACIONAL 3 Conhecimentos Entender os conceitos sobre o comportamento meso-organizacional do ser humano no tocante a comunicação de trabalho em equipe, conflito e estresse no ambiente organizacional e comportamento macro-organizacional com cultura e mudança. Habilidades Identificar a aplicação destes conceitos dentro das organizações (cultura e mudança) como em avaliação própria (estresse, conflito e trabalho em equipe). Atitudes Desenvolver reflexão pessoal acerca de comportamento das organizações em paralelo ao conteúdo apresentado Comunicação O homem é um homo loquens, ou seja, um homem da linguagem. Ele constrói o seu mundo, suas relações, seu espaço por meio da linguagem. “É um homem falante que encontramos no mundo, um homem que fala a outro homem, e a linguagem faz saber a definição mesma do homem” (BENVENISTE, 1988). As pessoas não vivem isoladas nem são autossuficientes. Elas se relacionam continuamente com outras pessoas ou com seus ambientes por meio da comunicação. Em um ambiente altamente competitivo, as habilidades de comunicação têm sido cada vez, mas valorizadas, tanto no que se referem às relações interpessoais quanto às relações estabelecidas com os clientes, fornecedores, sociedade e, portanto, podem representar a diferença entre o sucesso ou o fracasso no trabalho. Para falar da comunicação no ambiente de trabalho faz-se necessário a compreensão do processo de comunicação como um todo, saber o que se configura ou não como fenômeno comunicativo, quais são seus tipos e barreiras e, principalmente, aprender a criar climas positivos de comunicação e transformar os negativos. A cada dia investe-se mais em tecnologias de informação e encurtam-se distâncias. No entanto, continuamos com sérias dificuldades nos processos de comunicação. Partindo da crença de que os investimentos são feitos em “coisas” e não em pessoas, o processo de comunicação não é um processo linear e sim um processo transacional que necessariamente envolve indivíduos. Nessa unidade, sem a pretensão de esgotar o tema, visto que isso seria impossível, pretende-se abordar a pessoa como fator essencial em todo o processo de comunicação. A palavra “comunicação” vem do latim comunicare, que significa por em comum, “trocar experiência por meio de ideias, sentimentos e emoções”. O NAS ORGANIZAÇÕES Segundo Griffin e Moorhead (2006), a comunicação é um processo no qual duas ou mais partes trocam informações e compartilham significados. A comunicação é a representação da realidade por meio de “signo” e compreende o signo como significado do real. É por meio da linguagem que se constrói a existência pessoal; “as atividades da linguagem não servem apenas para comunicar a informação, mas também para exprimir aquele que fala” (GRIZE, 1990). Princípios da comunicação: Comunicação; Intencionalidade ou não; De forma irreversível; Não repetível. A comunicação é um instrumento de integração, troca mútua e desenvolvimento entre as pessoas em quaisquer atividades realizadas. Ela não ocorre de forma linear; quando você franze a testa, gesticula, escreve, fala etc., está se comunicando, portanto, quando estou emitindo uma mensagem, estou em contato com o meio e percebendo o que acontece. Exemplificando: quando estou em sala de aula falando sobre um conteúdo, estou também recebendo sinais. Um aluno franze a testa: isso pode ser um sinal de que não concordou ou não entendeu. Ao perguntar o que está acontecendo, tenho uma retroalimentaçãono processo. Em todo o sistema de comunicação, a fonte, comunicador ou emissor fornece sinais ou mensagens. Essas mensagens são codificadas, transformando-as em formas ao canal. O canal leva a mensagem. O receptor procura decodificar a mensagem. Não podemos dizer que houve comunicação só porque enviamos uma mensagem. Para que a comunicação seja eficaz, é preciso que haja a compreensão de seu significado. OBSERVAÇÃO! Percebeu? A comunicação é algo de mão dupla. No mesmo momento que estou me comunicando, também estou recebendo mensagens verbais ou não verbais. A escolha do canal de comunicação adequado é de extrema importância, pois os canais diferem em sua capacidade de transmitir informação. Alguns são ricos na capacidade de: • Administrar pistas múltiplas (gestos, postura, entonação, expressões); • Facilitar retorno rápido; • Ser muito pessoais. A escolha de um canal em detrimento do outro vai depender do tipo de mensagem (rotineira ou não). Riqueza de canal Tipo de mensagem Meio de informação A comunicação somente se efetiva quando o destinatário interpreta e compreende a mensagem. Isso significa que a comunicação é um processo de mão dupla e envolve necessariamente um processo de retroação. MP RTAMENTO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES Comunicação interpessoal Comunicação entre duas pessoas seja em situação face a face ou em grupo, em que as partes são tratadas como indivíduos e não como objetos. Podemos nos comunicar de forma oral, escrita e não verbal. Escrita Oral Não verbal Cartas Conversas informais Expressão facial Memorandos Trocas de relacionamento à tarefa Gestos Relatório Discussões em grupo Linguagem corporal Manuais; Formulários Discursos formais Tom de voz Comunicação organizacional Comunicação entre diversos indivíduos ou grupos. Comunicação A dois Pessoas Profissionais Em grupo Intragrupo Intergrupo A comunicação dentro da organização pode se dar a dois, estabelecendo contatos pessoais ou profissionais, e nos grupos de trabalho, seja dentro do próprio grupo (comunicação intragrupo) ou de grupos de trabalho com outros grupos de trabalho (intergrupos). Funções da comunicação dentro de uma organização Segundo Robbins (2004), dentro de um grupo ou organização, a comunicação cumpre quatro funções básicas: 1. Controle: controlar o comportamento dos membros. As orientações formais que devem ser seguidas pelos funcionários (normas, regulamentos etc.). 2. Motivação: quando esclarece o que deve ser feito, como o funcionário está se saindo e o que pode ser melhorado. 3. Expressão emocional: grupos de trabalho são fontes de interação social, e a comunicação que ocorre dentro do grupo permite a expressão de sentimentos; 4. Informação: a comunicação fornece informações, permitindo a tomada de decisão. Como o processo de comunicação funciona como um sistema aberto é comum ocorrer problemas. Quando ela se estabelece mal ou não se realiza entre pessoas que estão juntas, ou entre grupos, nós dizemos que há: Ruído: significa uma perturbação indesejável que tende a distorcer, desfigurar ou alterar de maneira imprevisível a mensagem transmitida. Podemos entender ruído como alguma perturbação interna do sistema, e interferência, como algo externo, vindo do ambiente. É o que acontece quando uma mensagem é distorcida ou mal- interpretada. Filtragem: quando a comunicação é recebida em parte, a comunicação existe, mas não é recebida por inteiro. Pode ser também que o emissor manipule as informações e só comunique aquilo que é visto como mais favorável. AS ORGANIZAÇÕES Bloqueio: quando a mensagem não é captada e a comunicação é interrompida. Barreiras no processo de comunicação Barreiras pessoais: decorrem das limitações, emoções e valores humanos de cada um. As mais comuns em situações de trabalho são motivações, interesses, deficiências no ouvir, efeito de halo, medo, preconceitos, diferença de status, percepção seletiva. Barreiras físicas: interferências que ocorrem no ambiente em que acontece o processo de comunicação. Um trabalho que possa distrair espaço físico (paredes que se antepõem entre a fonte e o destino), ruídos, distância. Barreiras semânticas: são as limitações decorrentes dos símbolos por meio dos quais a comunicação é feita. Palavras, símbolos, gestos. Segundo Robbins (2004), existe alguns obstáculos organizacionais à comunicação; dentre eles: Sobrecarga de informações: grande número de informações dirigidas a uma só pessoa. Pressões do tempo: quando informações precisam ser transmitidas em um curto espaço de tempo. A informação precisa chegar de forma precisa e completa em ocasião apropriada. Clima organizacional: é necessário um clima de confiança para que haja credibilidade na comunicação recebida. Tecnologia: a comunicação por fax, e-mail, Internet apresenta a possibilidade de ser menos transparente; pode causar a sensação de certo isolamento social e, muitas vezes, é utilizada para assuntos que deveriam ser tratados pessoalmente. Nos últimos anos, muito se tem investido nos meios de comunicação, mas, mesmo assim, continuamos com problemas nessa área. Temos que pensar que o processo de comunicação envolve mais do que meios, envolve pessoas, e talvez aí resida o grande desafio, por isso a importância do feedback, no sentido de retroalimentar e corrigir as possíveis deficiências do processo. Importância do feedback nas relações interpessoais Este item é baseado em informações de Rômulo de Souza Paixão. Feedback é um termo eletrônico que significa retroalimentação. “Qualquer procedimento em que parte do sinal de saída de um circuito é injetada no sinal de entrada para ampliá-lo, diminuí-lo, modificá-lo ou controlá-lo”. A expressão feedback pode ser usada em dois sentidos diferentes. No sentido positivo ou no sentido negativo. No processo de desenvolvimento da competência interpessoal, feedback é um processo de ajuda para a mudança de comportamento; é a comunicação verbal ou não verbal dirigida a uma pessoa ou grupo, no sentido de fornecer-lhes informações sobre como sua conduta está nos afetando. Feedback eficaz ajuda o indivíduo ou grupo a melhorar seu desempenho e assim alcançar seus objetivos. A forma mais simples para se usar este mecanismo corretivo é dizer o que está ocorrendo; assim, por exemplo, “parece-me que neste momento sua atuação é um tanto agressiva”. Para tornar-se realmente um processo útil, o feedback precisa ser, tanto quanto possível: 1. Descritivo, ao invés de avaliativo: quando não há julgamento, apenas o relato de um evento, reduz-se a necessidade de reagir defensivamente, e assim a pessoa pode ouvir e sentir-se à vontade para usar aquele dado como julgar conveniente. 2. Específico ao invés de geral: quando se diz a alguém que ele é “dominador”, isso tem menos significado do que indicar seu comportamento em uma determinada situação, ou seja, especificando o momento em que demonstra tal atitude. 3. Compatível com as necessidades (motivações) de ambos: comunicador e receptor – pode ser altamente destrutivo quando satisfaz somente as necessidades do comunicador sem levar em conta as necessidades do receptor. 4. Dirigido: para comportamentos que o receptor possa modificar, pois, caso contrário, a frustração será apenas incrementada, se o receptor reconhecer falhas naquilo que não está sob seu controle mudar. 5. Solicitado, ao
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