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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA DISCIPLINA: HISTÓRIA MODERNA II DOCENTE: VICTOR HUGO DISCENTE: DAIANA GOMES DE OLIVEIRA Esquema de Fichamento - Capítulo de Livro LADURIE, Emmanuel Le Roy. O ESTADO MONÁRQUICO: França, 1460-1610. 1º edição. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. p. 9-38. 1. Tema ou assunto. O Estado Monárquico: França (1460-1610): A obra retrata sobre a feitura de uma noção de monarquia clássica, no qual o autor Emmanuel Le Roy Ladurie assevera que a monarquia clássica “comanda o devir político dos países franceses entre 1450 e 1789: [e que ainda] ela corresponde a um Antigo regime. Trazendo então o recorte cronológico da sua obra, tomando como base o período em que a monarquia se estende, ou seja, “desde o fim das Guerras dos Cem Anos até o declínio do reinado de Luís XVI”. Já o seu recorte espacial está elucidado já mesmo no título da obra, como também no início de sua introdução, a França a princípio, mas também a Espanha, a Inglaterra, a Alemanha, a Áustria, a Prússia e a Baviera, estes últimos são utilizados para uma comparação e compreensão do que estava acontecendo tanto na França quanto a eles neste período trabalhado pelo autor. 2. Problemas ou questões. A questão concerne ao problema histórico, que como podemos ver se encontra na centralização fraca da monarquia clássica que deveria ser absoluta. Visto que o poder não se concentra ainda somente na figura do rei, pois como veremos, este tem que negociar com os seus governadores para legitimar seu reinado e ganhar prestígio político. Ainda o poder da intendência é respeitado, o que se diverge do poder real. Por isto, o autor nega que havia um absolutismo forte e capaz de não só tratar a imagem do rei como algo a ser cultuado, mas como também centralizar o poderio em suas mãos. 3. A argumentação. Emmanuel Le Roy Ladurie por meio da narração, nos apresenta o que seria a priori a Monarquia Clássica, conceituando-a como a que corresponde a um Antigo Regime. Além do mais exalta as cerimônias da sagração e o toque régio das escrófulas, como características do que seria o caráter sagrado de tal instituição. Que ainda é utilizado tanto pelo povo, como pelo rei. Vê-se então que a tradição francesa e europeia do século XV ao XVIII, dependeu da relação entre a nação e o soberano, contudo dentro desta cronologia, de formas diferentes, chegando por último num contrato entre o rei e o povo, sem esquecer-se de que há de levar em conta as instituições e os costumes do povo. Mas com o absolutismo que vai se abrindo, na França o Antigo Regime é uma sociedade de ordens ou de Estados, no qual o rei junto com a comunidade organizam o Estado. Além do mais, a monarquia de forma clássica está ligada a Corte que tem como foco o soberano, no qual se mostra de diversas formas em países diferentes, como o Japão e na França. Tais cortes são baseadas nas hierarquias, como em França, Espanha e Viena, e vão desde a família real até os duques e pares. O local das mulheres nestas sociedades da época, eram elevados a depender de seus esposos, pois através do casamento, estas poderiam elevar-se. A monarquia em sua forma clássica, é um sistema de administração centralizado. Que vai também se apresentar de forma distinta na Inglaterra e na França, por exemplo. No século XVI é a partir dos intendentes de generalidades ou comissários regionais, que a centralidade vai ser reafirmada (mesmo que nos seu início), e serão eles os responsáveis por organizar os negócios locais ou nacionais, sendo um dos organizadores das elites. Mas a monarquia vai permanecer descentralizada, se comparada com os futuros sistemas políticos. A demografia, para o autor, não se separa da concepção de monarquia clássica, visto que as guerras e doenças podem enfraquecer o reinado, com a sua diminuta população. As estruturas familiares se encaixam na ideia de demografia, está por sua vez dentro do castelo é formada pela família do rei e os seus agregados, como também os domésticos e cortesãos. Já nos lares da sociedade, essa estrutura patriarcal se difunde, mas de maneira mais modesta. O que se verá é que no Sul da França no século XVIII esse modelo permanece, já no Norte se modifica e se resume ao final, em pais, filhos e netos. A monarquia, por sua vez, traz a ideia de que o povo seria o lar estendido do soberano. O autor traz a comunidade camponesa ou de aldeia como partes fundamentais para a monarquia. Sendo ela formada antes da monarquia e se mantendo nela, fará parte do grupo que pagará impostos para manter esta última. Contudo, por falta de coletores nomeados pelo Estado, é ela quem o fará. Segundo o autor, há os “cargos, os arrendamentos e, enfim, o uso dos funcionários assalariados…”, sendo o primeiro a permissão de agir em defesa do monarca; o segundo por sua vez, ou seja, os arrendamentos, são as concessões de terra por tempo limitado, por meio do rei que o faz para evitar os impostos e explorações diretas, como também a confiança de cuidar dos impostos do rei. Mas tal sistema também tem suas falhas como o roubo por parte de alguns arrendatários. Os arrendatários, arrematantes de impostos e consultores, são os denominados, financistas. E o terceiro e último, os servidores da monarquia, que se dividem em, comissários e comissionados. As decisões na monarquia clássica se dá de duas maneiras, uma é por meio do alto Conselho, onde se escuta o coletivo. O outro é de forma mais restrita, que é por meio do exército, visto que serão tomadas decisões individuais e autoritárias. O que por consequência, sairá do campo militar e atingirá o poder civil. Ladurie, finda a sua introdução resumindo-a e asseverando que a monarquia, seria representada pelo poder e soberania, no qual são os nobres e o monarca partes fundamentais, sendo ainda interligada estritamente com as relações sociais. São três as técnicas que segundo autor estão ligadas às instituições: “em primeiro lugar, as armas de fogo, e inevitavelmente o exército permanente em seguida, as mídias: papel (antigo) e sobretudo imprensa (recente). Enfim, as importações de metal precioso, ouro e prata." O autor irá destrinchar o sentido usado em cada uma das três técnicas, sendo a da arma de fogo, a de matar e destruir, que terá papel importante em tomadas de territórios. As mídias, por sua vez, terão suma importância, visto que a partir da influência do papel e da imprensa, irá se disseminar escritos e produtores de arquivos, tendo seu florescimento em Paris. E por último, os metais preciosos, representados pelas moedas que passarão a circular em quantidades bem maiores por conta do comércio do século XIV, por exemplo. Ladurie ainda se baseia em autores para fazer somente uma fundamentação daquilo que os mesmos pensam, não para fazer um debate historiográfico. Logo, não apresenta dados empíricos, pois sempre se baseia nos trabalhos dos estudiosos e não em referências vividas. São trabalhados de maneira concisa em sequência: Maquiavel, Jean Bodin, Jean-Jacques Rousseau, Saint-Simon, Alexis de Tocqueville, Wrigley, Hayami, Richelieu, Roland Mousnier, Pierre Goubert, Pierre Chaunu e Max Weber. 4. Conclusões do autor. O autor não apresenta uma conclusão perante a sua introdução, como também não há uma descrição sintética que seria um tópico apresentando seletivamente as ideias do texto/autor. Há, porém, uma sintetização ao final da introdução, do que seria os três domínios que estavam interligados com as instituições monárquicas: armas de fogo e militarização de uma parte da sociedade, antigas e novas mídias e metais preciosos. Referências: LADURIE, Emmanuel Le Roy. O ESTADO MONÁRQUICO: França, 1460-1610. 1º edição. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. p. 9-38.