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Considerações acerca da Petição Inicial no âmbito do Processo Trabalhista A petição inicial é o instrumento oficial responsável por instaurar uma relação jurídica processual, ou seja, é através deste instrumento que uma demanda é exposta à apreciação do Judiciário. Ao longo da inicial, também denominada de exordial, o autor da ação expõe as suas razões de fato e de direito que sustentarão os pedidos realizados ao final. As legislações que cuidam do processo em cada ramo do Direito são responsáveis por estabelecer a forma, requisitos e os documentos que devem compor e acompanhar a petição. No âmbito do Processo Trabalhista, a petição inicial também tem a mesma função de apresentar seu conflito para ser dirimido pelos órgãos que compõem a Justiça do Trabalho - Juiz do trabalho, Tribunal Regional do Trabalho e Tribunal Superior do Trabalho e o Autor da ação é chamado de Reclamante e o Réu de Reclamado. A Reclamação trabalhista pode ser apresentada de forma oral, reduzida a termo pela Secretaria, ou escrita e não possui o mesmo rigor e formalismo exigidos na petição inicial da área cível. Quando escrita, a petição inicial deve respeitar as regras dispostas no art. 840 da CLT, aplicando-se, subsidiariamente, o art. 319 do CPC, nos termos do art. 769 da CLT. O art. 840 da CLT, por sua vez, apresenta os requisitos da petição inicial inicial trabalhista, quais sejam: o endereçamento - a inicial deve indicar o juízo a que está sendo destinada, o que neste caso, não difere substancialmente da inicial cível; as qualificações do réu e do reclamante; exposição dos fatos; exposição dos direitos; pedidos; data e assinatura. A ausência de qualquer dos requisitos pode ser motivo de impugnação da mesma. A lei 13.467/17 deu nova redação ao § 1º do artigo 840 da CLT e trouxe como uma das principais alterações a instituição das varas do trabalho como órgão da Justiça do Trabalho extinguindo a representação classista e por conseguinte as JCJs, já em relação ao pedido, acrescentou que ele deve ser certo, determinado e com indicação do seu valor, como ocorre no processo civil (art. 322 e 324 do CPC). A indeterminação do pedido, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico, pode culminar no indeferimento da petição inicial por inépcia e a consequente extinção do processo sem resolução do mérito (art. 331 c/c art. 485, inc. I do CPC). Quanto à possibilidade de emendas e aditamento, não há uma clara previsão na CLT, no entanto, existe um entendimento não uníssono de que é possível realizar o aditamento livremente até um pouco antes de o réu ser citado e após esse momento, apenas se assim a parte ré permitir. Portanto, de modo geral, aplica-se o entendimento de que a petição inicial trabalhista poderá ser aditada ou emendada até o recebimento da peça de contestação que ocorre após a frustração da tentativa de conciliação nos termos do art. 847 da CLT. EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DE TERESINA –PIAUÍ. JOSÉ DANTAS SOUSA, brasileiro, casado, auxiliar de serviços gerais, portador da cédula de identidade RG no 25.754.75, e do CPF no 123.456.789-00, residente e domiciliado na Rua das Flores, no 04, Bairro Jardim, CEP 64098-800, Teresina, Piauí, por seus procuradores infra-assinado, mandato anexo (doc.1), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor RECLAMAÇÃO TRABALHISTA Em face de T M Rosado - ME, pessoa jurídica de direito privado, cnpj n. 76500001677-35, sediada na Rua 5, no 00, Bairro Distrito Industrial, CEP 64796-500, Teresina, Piauí, pelos fatos e fundamentos que a seguir expõe: DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA Inicialmente, afirma que não possui condições de arcar com custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio bem como o de sua família, razão pela qual faz jus ao benefício da gratuidade da justiça, nos termos da Lei 1.060/50. DOS FATOS O Reclamante foi admitido pelo Reclamado em 23/01/2019, tendo sido demitido, sem justa causa, no dia 18/03/2021, quando exercia a função de auxiliar de serviços gerais, percebendo um salário referente a dois salários mínimos. Laborava de segunda a sexta-feira das 07:00 às 17:00, com um intervalo para refeição e descanso, como também, aos sábados, das 07:00 às 16:00 horas, com um intervalo para descanso. O Reclamante foi demitido sem justa causa, sem perceber nada a título de verbas rescisórias, de décimo terceiro salário e sem gozar de férias no referido período. Cumpre salientar que a empresa também não depositou na conta vinculada do trabalhador o FGTS do período contratual. DO AVISO PRÉVIO A Consolidação das Leis do Trabalho, de maneira inequívoca, determina a obrigação de pré avisar para qualquer espécie de contrato por prazo indeterminado, o seu rompimento. Contudo, o Reclamado não comunicou a extinção do contrato de trabalho ao Reclamante, sendo que o dispensou sem justa causa e qualquer aviso, deixando, assim, de cumprir o determinado pela Carta Magna, artigo 7º, inciso XXI, e artigo 487 da Consolidação das Leis do Trabalho que estabelece que a não concessão de aviso prévio pelo empregador dá direito ao pagamento dos salários do respectivo período, integrando-se ao seu tempo de serviço para todos os fins legais. Assim, o RECLAMANTE faz jus ao Aviso Prévio Indenizado que deverá ser calculado sobre a última remuneração devida pelo Reclamado. DAS VERBAS RESCISÓRIAS Por ocasião de sua dispensa, o Reclamante não recebeu as verbas rescisórias devidas quais sejam: Aviso Prévio, 13o salário, férias proporcionais acrescidas de 1/3, FGTS + 40%, verbas que deverão ser acrescidas de juros e correção monetária, tendo como base de cálculo a maior remuneração, que deve ser realizado perante este Juízo. DO 13º SALÁRIO A Constituição Federal determina em seu artigo 7º, inciso VIII, que é um dos direitos do trabalhador, 13º salário com base na remuneração integral, sendo que as horas extras laboradas em todo o pacto contratual, integram a gratificação natalina. O Reclamado, jamais recebeu durante o vínculo empregatício o 13º salário, assim, faz jus ao pagamento integral correspondente ao ano de 2020 e ao pagamento proporcional correspondente aos anos de 2019 e 2021. DAS FÉRIAS O reclamante nunca gozou das férias em descanso. Em conformidade com o artigo 143 da CLT, é facultado ao empregado converter em abono pecuniário apenas 1/3 (um terço) de sua férias e não conversão integral, o que acarretaria o direito do empregado em pleitear a dobra da mesma. Nossos Tribunais do Trabalho, tem entendido da mesma forma, senão vejamos: “férias não concedidas. Conversão em pecúnia. Ainda com a concordância do empregado, tem este direito à dobro (TST, RR 2.895/79, Orlando Coutinho, ac, 2a. T., 633/80)” “Por constituírem um direito indisponível do empregado, devem ser pagas em dobro, ainda que haja consentimento do obreiro em recebê-las e não goza-las (TRF-DF, RO 1.031/85, Fernando Damasceno, ac. 1a T., 3.197/86)”. Portanto, o reclamante requer, desde já, o pagamento das dobras das férias referentes aos períodos aquisitivos 2019/2020, devidamente acrescidas de 1/3 (um terço) Constitucional, corrigidas e acrescidas de juros na forma da Lei, conforme se apurar em regular execução de sentença. DO FGTS E DA INDENIZAÇÃO DE 40% Durante todo o pacto laboral, jamais houve pelo Reclamado o depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço em conta vinculada, sendo que a Lei nº 8.036/90 em seu artigo 15 e o Decreto-lei nº 99.684/90, em seu artigo 27 e artigos seguintes, tornam obrigatório por parte do empregador o depósito do FGTS, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8% (oito por cento) da remuneração paga ou devida no mês anterior, ao empregado, incluídas as parcelas de que dispõe os artigos 457 e 458 da Consolidação das Leis do Trabalho e a gratificação de natal. Assim, Reclama a juntada, já na primeira audiência, sob pena de confissão, do comprovante de recolhimento e depósito de FGTS mais 40% do vínculo,de acordo com o art. 818 da CLT cumulado com o art. 333, inciso II, do CPC. Requer a indenização com a devida liberação, acrescido da multa pelo atraso no recolhimento, juros e correção monetária, mais multa de 40%, inclusive para fins de cálculo e pagamento das diferenças de férias mais 1/3, 13o salário, parcelas rescisórias, e diferenças postuladas nesta ação. DOS PEDIDOS Por todo o exposto, pleiteia o Reclamante, todas as diferenças das verbas descritas em sua rescisão e as verbas aqui discriminadas, a saber: 1. Que Seja Deferido Benefício da assistência judiciária gratuita, devida à difícil situação econômica do autor, que não possui condições de custear o processo, sem prejuízo próprio. 2. A Notificação do RECLAMADO para comparecer em audiência a ser designada para querer apresentar defesa a presente reclamação e acompanhá-la em todos os seus termos, sob as penas da lei. 3. Décimo terceiro salário proporcional ano base de 2019 e 202. 4. Requer o pagamento do aviso prévio indenizado. 5. Férias Proporcionais. 6. FGTS+40%; 7. Décimo terceiro integral em dobro; 8. Reflexo nas demais Verbas Rescisórias. Devendo ainda, estas verbas serem devidamente compensadas com os devidos juros de mora e correção monetária. Ante o exposto, requer seja o Reclamado notificado, para que, querendo, respondam aos termos da presente ação, sob pena de não o fazendo, ser-lhe aplicada a pena de revelia, bem como os efeitos da confissão, e que, ao final, seja a demanda julgada procedente, condenando nos termos do pedido. O Reclamante protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, especialmente pelo depoimento pessoal do representante legal do Reclamado, oitiva de testemunhas, juntada de novos documentos e de todas as provas que se fizerem necessárias à instrução do feito. Dá-se a causa, o valor superior a 40 salários mínimos. Nestes termos, pede deferimento. Teresina, 23 de fevereiro de 2022. Angeline Feitosa de Carvalho OAB/PI nº 111.111 Dyêgo Carvalho Ferreira OAB/PI nº 222.222 Ítalo Franco Lustosa OAB/PI nº 333.333 PROCURAÇÃO “AD JUDICIA” JOSÉ DANTAS SOUSA, brasileiro, casado, auxiliar de serviços gerais, portador da cédula de identidade RG no 25.754.75, e do CPF no 123.456.789-00, residente e domiciliado na Rua das Flores, no 04, Bairro Jardim, CEP 64098-800, Teresina, Piauí, pelo presente instrumento de procuração nomeia e constitui seu bastante procurador os(as) advogados(as) Angeline Feitosa de Carvalho, brasileira, solteira, OAB/PI nº 111.111, Dyêgo Carvalho Ferreira, brasileiro, solteiro, OAB/PI nº 222.222 e Ítalo Franco Lustosa brasileiro, solteiro, OAB/PI nº 333.333, com endereço profissional na Av. Ininga, n° 111, Bairro Ininga, CEP 64089-450, Teresina – PI, telefone: (86) 2346-2356, a quem confere os poderes da cláusula ad judicia para o foro em geral, podendo os outorgados nos limites da lei e em defesa dos direitos postergados do(s) outorgante(s), propor ação judicial, contestar, impugnar, recorrer em qualquer Instância ou Tribunal, intervir em processo em curso em qualquer Instância ou Tribunal, desconstituir advogados, e os poderes especiais para prestar declaração de insuficiência econômico/financeira, pedir dispensa do pagamento de custas processuais na forma da Lei, renunciar ao montante que, porventura, ultrapasse o teto dos Juizados Especiais, transigir, fazer acordo, renunciar expressamente, firmar compromisso, desistir, e tudo o mais que se fizer necessário e em defesa dos interesses do(s) outorgante(s), atuando em conjunto ou separadamente, dando tudo por bom e valioso, para ajuizar Ações Judiciais, comprometendo-se, o(s) outorgante(s) a pagar aos outorgados o percentual de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação observando-se que os honorários pactuados serão devidos também em caso de acordo via administrativa, ficando inclusive os outorgados autorizados a custear as despesas do processo cuja quantia comprovada mediante exibição de documentos será reembolsada no final do processo, podendo ainda os outorgados substabelecer quando ou em que lhes convier, no todo ou em parte, na forma da Lei. Teresina, 23 de fevereiro de 2022. ___________________________________________ OUTORGANTE
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