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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA __ª VARA DO TRABALHO DE BARUERI/SP DORALICE ROCHA, brasileira, solteira, portadora da cédula de identidade n°. 2222, inscrito no CPF/MF sob o n°. 3333, residente e domiciliado na Rua Pedro III, 555 – Osasco/SP – CEP 10000-100, através de seus advogados ao final assinados, conforme procuração anexada, vem, perante V. Exa., ajuizar a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face de: 1ª RECLAMADA: BABY DRIVE MY CAR – SERVIÇOS DE RECREAÇÃO LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ XX.XXX.XXX/0001-XX, com endereço à Rua das Laranjeiras, nº 207, piso 2º, Barueri/SP, CEP 20000-200, (endereço eletrônico), representada legalmente neste ato por seus sócios, Sr. Juvenal Pavone, brasileiro, (estado civil), portador do RG nº xxxx e inscrito no CPF/MF sob o nº xxx.xxx.xxx-xx, e Sra. Irene Jerusalinsky, brasileira, (estado civil), portadora do RG nº xxxx e inscrita no CPF/MF sob o nº xxx.xxx.xxx-xx; 2ª RECLAMADA: BABY DRIVE MY CAR LOCAÇÕES EIRELI, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ XX.XXX.XXX/0001-XX, com (endereço comercial), (endereço eletrônico), representada legalmente neste ato por seu titular, Sr. Alfredo Tiellet Nunes, brasileiro, (estado civil), portador do RG nº xxxx e inscrito no CPF/MF sob o nº xxx.xxx.xxx-xx; e 3ª RECLAMADA: HIGH SOCIETY - SHOPPING CENTER S.A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ XX.XXX.XXX/0001-XX, com endereço à Rua das Laranjeiras, nº 207, Barueri/SP, CEP 20000-200, (endereço eletrônico). Com fulcro no artigo 840, § 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), bem como no artigo 319 do Código de Processo Civil (CPC), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos: 1. DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA Requer a Reclamante a concessão dos benefícios da justiça gratuita, nos termos do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, bem como nos termos do art. 790, § 3º, da CLT, uma vez comprovada a insuficiência de recursos para arcar com os custos aqui demandados. Pleita a Autora, ante o aqui esposado, portanto, que seja julgado procedente o pedido de Gratuidade da Justiça. 2. DA SÍNTESE DO CONTRATO DE TRABALHO Doralice foi contratada em 11/12/2015, para exercer função de folguista, sem assinatura da CTPS, no quiosque do “High Society - Shopping Center S.A.”, em Barueri/SP, situando na Rua das Laranjeiras, 207, piso 2º – Barueri – CEP 20000-200, para a empresa de aluguel de carrinhos de bebê e por controle remoto para crianças, “BABY DRIVE MY CAR LOCAÇÕES EIRELI”. A Autora trabalhava, a princípio, 03 (três) vezes por semana, das 16h às 23h, recebendo mensalmente o importe de R$ 400,00 (quatrocentos reais), sem qualquer descanso. Transcorrido quase um ano, em novembro de 2016, a Reclamante passou a trabalhar de maneira fixa, de segunda à domingo, executando as mesmas atividades, mas agora no cargo de principal atendente, recebendo o importe mensal de R$ 880,00 (oitocentos e oitenta reais), ainda sem qualquer intervalo, folgas em feriados, tampouco férias. Em 30/08/2019, o titular da “BABY DRIVE MY CAR LOCAÇÕES EIRELI”, ALFREDO TIELLET NUNES, alienou o referido quiosque para a recém-criada “BABY DRIVE MY CAR – SERVIÇOS DE RECREAÇÃO LTDA.”, cujos sócios são JUVENAL PAVONE e IRENE JERUSALINSKY. Em razão do trespasse, os novos proprietários do estabelecimento, na mesma data, 30/08/2019, dispensaram a Reclamante, sem qualquer pagamento de verbas rescisórias, sob o argumento de que, com a mudança de donos do quiosque, seu contrato estaria automaticamente rescindido, devendo ela procurar o proprietário anterior, o qual por sua vez, recusou-se a recebê-la. Em vista do exposto, aduz o que segue. 3. DA INEXISTÊNCIA DE PREJUDICIAL DE MÉRITO: NÃO INCIDÊNCIA DA PRESCRIÇÃO A CLT, em seu art. 403, determina que é proibido qualquer trabalho a menores de 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Por sua vez, o art. 402, da mesma consolidação, estabelece que o menor, para efeitos de trabalho, é aquele entre 14 e 18 anos de idade. Sabe-se, também, que o prazo prescricional para o menor de idade não é aplicado e o início do biênio, para ingressar com a reclamação trabalhista, somente tem o seu termo inicial a partir do momento em que o trabalhador completa 18 anos de idade. Essa regra está definida no art. 440 da CLT, que assim estabelece: “Art. 440 - Contra os menores de 18 (dezoito) anos não corre nenhum prazo de prescrição.” O dispositivo legal supramencionado é de uma clareza absurda, que dispensa qualquer comentário ou esclarecimento. Portanto, requer a Reclamante o direito de ingressar com a propositura de reclamação trabalhista, conforme aduz o que se segue. 4. DOS EFEITOS DE CONTRATO DE TRABALHO Conforme mencionado nos fatos, a Reclamante era, na época da incidência, menor de 16 anos, portando possuía idade inferior à previsão legal do Estado. Passando, portanto, à análise da relação de trabalho do menor, a primeira questão que surge é a da ordem pública. Os doutrinadores ressaltam-na como o grande pilar de sustentação de praticamente todos os direitos e medidas que visam a proteger o menor. O art. 10, do Pacto Internacional Relativo aos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, aprovado pela Assembleia Geral da ONU em 1966, determina a proteção às crianças e aos adolescentes contra a exploração econômica e social. A proteção em território nacional inicia-se na Constituição da República, na redação do inciso XXXIII do artigo 7º: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menor de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos (...)” A legislação civilista também tem desempenho pródigo em defender o menor desde o período em que foi concebido, conforme preconiza o art. 2º do CC: “Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.” Após seu nascimento, o menor ainda contará com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei nº 8.069/1990), composto por uma verdadeira estrutura de regras em sua defesa. Entre as disposições preliminares dessa legislação, consta o seguinte: “Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.” Assim sendo, pela lógica dos dispositivos supracitados, o trabalhador de menor idade não pode ser afastado do reconhecimento de direitos legítimos apenas por desempenhar tarefa considerada ilícita ou proibida, mas que apresenta todos os requisitos legais de uma relação de trabalho convencional. Se isso ocorre, estamos diante de uma contradição interpretativa. Pois se o ser humano, ainda na tenra formação, possui de nosso ordenamento toda uma forte estrutura destinada a torná-lo um cidadão, seria lógico que, sendo usado como mão de obra para o desempenho de tarefa proibida ou ilícita, tivesse garantido não apenas a contraprestação pelo trabalho, como o acesso a seus consectários. Retirá- lo dessa órbita de proteção seria premiar o empregador infrator, que gerencia o ilícito, uma vez que este estaria sujeito tão apenas às normas de natureza penal- administrativa, sem sofrer, no entanto, também os encargos que decorrem tipicamente de uma relação trabalhista. 5. DA SUCESSÃO TRABALHISTA Conforme citado nos fatos, em 30/08/2019, o titular da “BABY DRIVE MY CAR LOCAÇÕESEIRELI”, Alfredo Tiellet Nunes, alienou o referido quiosque para a recém-criada “BABY DRIVE MY CAR – SERVIÇOS DE RECREAÇÃO LTDA.”, cujos sócios são Juvenal Pavone e Irene Jerusalinsky. Sobre a sucessão trabalhista, dispõe a doutrina se tratar de instituto jurídico cujo um empregador ou grupo de empresas substitui outro, na relação de emprego, de modo que os contratos trabalhistas permanecem inalterados em face da alterabilidade da titularidade do empreendimento. Veja o que diz o art. 448, da CLT: “Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados.” Sendo assim, a sucessão trabalhista a transferência de titularidade da empresa sem que afete os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Neste mesmo sentido, não são afetados os direitos por eles adquiridos, conforme aduz o art. 10, do mesmo dispositivo legal: “Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados.” Caracterizada a sucessão empresarial, prevista nos arts. 10 e 448 da Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor, a saber: “Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor.” Assim, o legislador deixou evidente que, na sucessão de empregadores, o sucessor é quem deve responder pelas obrigações trabalhistas, inclusive aquelas anteriores à sua formalização. Sendo assim, responde pelas obrigações, aqui aduzidas, a 1ª Reclamada, “BABY DRIVE MY CAR – SERVIÇOS DE RECREAÇÃO LTDA.”, e, por conseguinte, seus sócios, Juvenal Pavone e Irene Jerusalinsky. 6. DO RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO – PERÍODO SEM REGISTRO Conforme os fatos supracitados, a Reclamante fora contratada pela 2ª Reclamada no início do mês de dezembro de 2015, tendo sida desligada, injustamente, do labor na data de 30/08/2019, mas nunca teve sua CTPS assinada, por nenhuma das 1ª e 2ª Reclamadas. O art. 3º da CLT traz o conceito de empregado, estabelecendo todos os requisitos necessários para que um indivíduo seja reconhecido como tal, a saber: “Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”. Sendo assim, para ser considerado empregado, é necessário que todos os requisitos trazidos pela legislação estejam preenchidos cumulativamente. Durante todo o período em que a Reclamante prestou serviços para as Reclamadas, estiveram presentes todas as características do vínculo de emprego, quais sejam a pessoalidade, onerosidade, subordinação e não eventualidade, posto que a Reclamante cumpria jornada de trabalho delimitada pelo empregador, trabalhava diariamente, com exclusividade para as Reclamadas e subordinada a essas, não podendo ser substituída, e mediante ânimo subjetivo de perceber uma contraprestação mensal. Dessa forma, requer-se, portanto, que seja reconhecido o vínculo empregatício, para que a 1ª Reclamada proceda à anotação da CTPS da Reclamante, desde dezembro de 2015, surtindo todos os efeitos legais, como o pagamento de todas as verbas rescisórias e indenizatórias, advindas da rescisão do contrato de trabalho sem justa causa, bem como a liberação das guias de seguro- desemprego ou pagamento de indenização correspondente. 7. DAS DIFERENÇAS DE SALÁRIO Durante todos os anos de labor prestados às Reclamadas, a Reclamante percebeu valor inferior ao salário-mínimo vigente à época, devendo a 1ª Reclamada ser condenada ao pagamento das diferenças salariais de todo o período trabalhado, conforme preconizam os arts. 7º, IV e VII, da CF, e 78 da CLT. 8. DAS VERBAS DO PERÍODO SEM REGISTRO Em virtude do pedido de reconhecimento do vínculo empregatício, requer a Reclamante o pagamento: dos 13º salários vencidos e proporcional; férias vencidas e proporcional, acrescidas de 1/3 constitucional; depósitos fundiários (FGTS) durante todo o período; contribuição previdenciária durante todo o período ou indenização pecuniária em substituição. 9. DO INTERVALO INTRAJORNADA Insta salientar que a Reclamante não dispunha de intervalo para refeição e descanso, durante a jornada de trabalho, indo de encontro ao que determina o artigo 71, § 4º, da CLT, a saber: “Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. § 4º A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.” Sendo assim, é de direito da Reclamante o recebimento de 01 (uma) hora extra, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho, referente aos 60 minutos destinados à alimentação e repouso, não desfrutados. 10. DO DESCANSO SEMANAL REMUNERADO (D. S. R) Conforme consta nos fatos, a Reclamante, em todo o período em que laborou para as Reclamadas, nunca teve sua CTPS assinada, ficando, dessa forma, prejudicada de gozar do recebimento dos devidos D.S.R.’s, uma vez que não tinha folga, tampouco remunerada, fazendo jus aos mesmos, posto que as Reclamadas, durante todo o tempo de labor, opou-se de pagar os reflexos das horas normais e extraordinárias nos D.S.R.s da Reclamante. Requer-se, portanto, que sejam os referidos consectários pagos na forma corrigida e atualizada até a data do efetivo pagamento, acrescidos de juros de mora e integrados nas verbas contratuais e rescisórias de todo o período. 11. DO ADICIONAL NOTURNO A Reclamante trabalhava, a princípio, três vezes por semana, das 16h às 23h. Transcorrido um ano, Doralice passou a trabalhar de segunda a domingo, ainda no mesmo horário, das 16h às 23h. De acordo com o artigo 73 e parágrafos da CLT, a jornada de trabalho desempenhada das 22 horas às 5 horas é considerada trabalho noturno, sendo a hora computada como de 52 minutos e 30 segundos e devendo ser paga com acréscimo de no mínimo 20% (vinte por cento). Assim, a reclamante realizava 1 (uma) hora, 7 (sete) minutos e 30 (trinta) segundos de trabalho noturno por dia. Entretanto, a Reclamada jamais efetuou o pagamento do adicional noturno devido. Portanto, requer seja a reclamada condenada ao pagamento do adicional noturno correspondente a XXX horas mensais, além de reflexos sobre férias, décimo terceiro salário, aviso prévio, DSR e FGTS. 11. DA PROTEÇÃO À GESTANTE O artigo 10, inciso II, letra “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, assegura estabilidade à empregada gestante desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto: "Art. 10 - Até que seja promulgada a Lei Complementar a que se refere o artigo 7º, I da Constituição: (...) II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: (...) b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto." Nesta hipótese, existe responsabilidade objetiva do empregador pela manutenção do emprego, ou seja, basta comprovar a gravidez no curso do contrato para que haja incidênciada regra que assegura a estabilidade provisória. O fundamento jurídico desta estabilidade é a proteção à maternidade e à infância, ou seja, proteger a gestante e o nascituro, assegurando a dignidade da pessoa humana. A confirmação da gravidez, expressão utilizada na Constituição, refere-se à afirmativa médica do estado gestacional da empregada e não exige que o empregador tenha ciência prévia da situação da gravidez, conforme se extrai da Súmula nº 244 do Tribunal Superior do Trabalho: “GESTANTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item III alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, "b" do ADCT). II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. III - A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado.” Na hipótese dos autos, a reclamante já estava com mais de dois meses de gestação quando ocorreu seu desligamento da empresa, como atestam os exames médicos anexos. Dessa forma, não resta à reclamante alternativa senão recorrer ao Poder Judiciário por meio da presente ação em busca de seus direitos. 12. DA RESCISÃO INDIRETA Insta ressaltar que o contrato de trabalho da Reclamante ainda é vigente, pois não há provas de sua rescisão, de modo que é devido à Autora o direito de pedido à rescisão indireta, segundo o que preconiza o art. 483, alíneas “c” e “d”, da CLT, a saber: “Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: (...) c) correr perigo manifesto de mal considerável; d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; (...)” É sabido, através dos fatos, que a Reclamante, durante todo o período de labor prestado às 1ª e 2ª Reclamadas, corria perigo manifesto de mal considerável, posto que era menor de idade, na época dos fatos, e trabalhava em espaço público. Sabe-se, também, que a Empregadora não cumpriu com as obrigações do contrato, deixando de respeitar inúmeros direitos devidos à Reclamada, como o descanso intrajornada, as folgas, as férias, os 13º salários, entre tantos outros aqui já supracitados. De todo modo, deve a LTDA realizar o pagamento de salários referentes aos meses subsequentes, de 30/08/2019 até a data do efetivo pagamento, na forma corrigida e atualizada, acrescidos de multa e integrados nas verbas contratuais e rescisórias de todo o período. 13. DAS VERBAS RESCISÓRIAS Importante ressaltar que, devido à falta de registro na CTPS, bem como do acerto rescisório, a Autora ficou prejudicada em relação ao pagamento das verbas rescisórias decorrentes do pacto laboral. Todavia, em razão do pedido de reconhecimento do vínculo empregatício, a Reclamante faz jus ao aviso prévio proporcional de 30 (trinta) dias e as demais verbas rescisórias, também, como os devidos depósitos a título de FGTS + a correspondente multa de 40% sobre o valor total a ser depositado. 14. DA MULTA DO ART. 477 DA CLT É sabido que a 1ª Reclamada não se atentou às dinâmicas relativas ao acerto rescisório, deixando de realizá-lo dentro do prazo de 10 (dez) dias após a data de desligamento de Doralice. Em razão disso, é devida a multa do art. 477, § 8º, da CLT, em valor equivalente ao último salário, requerendo a Reclamante seja a 1ª Reclamada condenada a pagar referida multa, no valor de uma remuneração, equivalente ao salário-mínimo vigente no ato do devido pagamento, à ex-empregada. 16. DA MULTA DO ART. 467 DA CLT A 1ª Reclamada deverá pagar a Reclamante, no ato da audiência, todas as verbas incontroversas, sob pena do acréscimo de 50%, conforme art. 467, CLT, a saber: “Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por cento". Sendo assim, protesta a Reclamante pelo pagamento de todas as parcelas incontroversas na primeira audiência. 17. DO DANO MORAL O dano moral ou extrapatrimonial, conforme conceito da doutrina de Henrique Correia, consiste na “lesão a direitos da personalidade, ou seja, a direitos extrapatrimoniais como violação da honra, intimidade, privacidade e outros direitos ligados à dignidade da pessoa humana” (CORREIA, 2018). Tem-se, portanto, que a Reclamante sofreu diversas violações em sua moral durante todo o contrato de trabalho, como bem ilustrado nos fatos aduzidos, sendo visível que as Reclamadas macularam o íntimo da Reclamante, fazendo-a passar por situações de sofrimento, de angústia, de constrangimento e de dificuldades cotidianas, sentindo-se impotente ante aos desmandos e desrespeitos dos patrões, resultantes da ofensa à honra e à moral do indivíduo. Necessário trazer que o instituto do dano moral/extrapatrimonial encontra previsão legal através dos arts. 223-A e ss. da CLT, o qual institui que causa dano extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação. Neste sentido, respondem todo o litisconsórcio passivo, aqui exposto, no qual abrangem “BABY DRIVE MY CAR – SERVIÇOS DE RECREAÇÃO LTDA.”, cujos sócios são Juvenal Pavone e Irene Jerusalinsky, “BABY DRIVE MY CAR LOCAÇÕES EIRELI”, representado por seu titular, Alfredo Tiellet Nunes, e o shopping “HIGH SOCIETY - SHOPPING CENTER S.A”. O primeiro, em razão da sucessão empresarial e todos os demais fatos aduzidos; Os segundo e terceiro, em razão da responsabilidade solidária, por se tratar de norma de ordem pública, posto que realizaram ações ou omissões que ofenderem à proteção ao menor de idade, fortemente defendida por uma potente estrutura formada pela Convenção de Proteção da Criança da ONU, ratificada pelo Brasil, assim como o texto da Carta Magna de 1988 (art . 7º, XXXIII, e art. 227, 3º), o Estatuto da Criança e do Adolescente (Arts. 60 a 69, e 149), da Consolidação das Leis do Trabalho (Arts. 402 a 438) e do Decreto Lei 6.481/2008, que regulamenta os artigos 3º, alínea “d”, e 4º, da Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Ademais, coloca também que não é necessária a comprovação da ofensa à moral da pessoa, mas sim os fatos que originaram o ato lesivo/ilícito, o que será comprovado através de prova documental e testemunhal. Necessário destacar que a indenização por danos morais, além de consistir numa compensação financeira cujo objetivo é a atenuação da dor sofrida pelo trabalhador, também possui caráter punitivo, para que o agente causador do dano não venha mais a causar danos similares aos demais funcionários, sendo imprescindível fixá-la em valor que atenda ambas as facetas. Dessa maneira, requer o pagamento de indenização por danos morais, no valor de XXX, pois acredita-se que esteja dentro do que preconiza o Princípio da Razoabilidade. 18. DA INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 791-A, § 4º, DA CLT Aduz a Reclamante que o disposto no art. 791-A, § 4º, da CLT, que autoriza a condenação do beneficiário da justiça gratuita no pagamento de honorários sucumbenciais, é inconstitucional, pois viola as garantias da assistência judiciária integral e gratuita, do acesso à justiça e daisonomia, todas previstas no art. 5º caput e incisos LXXIV e XXXV da CF. Não obstante a alegada inconstitucionalidade, a atribuição da responsabilidade pelo pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais ao beneficiário da justiça gratuita é contraditória ao disposto nos §§ 3º e 4º do art. 791 da CLT, mencionando-se neste sentido que o art. 98, VI, do CPC, é firme ao dispor que a gratuidade de justiça também compreende os honorários advocatícios. Assim, a concessão dos benefícios da justiça gratuita implica considerar que o beneficiário não possui recursos para arcar com as despesas do processo, incluindo-se, aqui, os honorários advocatícios, cf. art. 14, § 1º, da Lei nº. 5.584/1970. É certo que referida norma inviabiliza o trabalhador economicamente desfavorecido, como ocorre no caso telado, de assumir os riscos naturais da demanda trabalhista, violando tal dispositivo a Constituição Federal, além de afrontar também os princípios da proteção processual ao trabalhador e da isonomia entre as partes, dado que coloca o empregado em igualdade de condições para arcar com os honorários sucumbenciais. Imprescindível ressaltar que tal dispositivo viola, também, o princípio da dignidade humana, vez que a utilização de recursos de natureza alimentar obtidos judicialmente, para quitação de despesas processuais, priva o trabalhador do mínimo necessário à sua subsistência. Neste sentido entendem os tribunais: “EMENTA. RECURSO ORDINÁRIO OBREIRO. BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DA SUCUMBÊNCIA. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 791-A, § 4º, DA CLT. SENDO O RECLAMANTE BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA, NÃO DEVE ARCAR COM AS DESPESAS PROCESSUAIS NEM COM OS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DECORRENTES DA SUCUMBÊNCIA, HAJA VISTA A FLAGRANTE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 791-A, § 4º, DA CLT, DECLARADA EM RECENTE DECISÃO PELO PLENÁRIO DESTA CORTE (13/11/2018), NOS AUTOS DA ARGINC 0000206-34.2018.5.19.0000. RECURSO PROVIDO.” (TRT-19 – RO 00008583620185190005, 2ª Turma, Relator: Marcelo Vieira, Publicação: 02/05/2019) “RECLAMANTE BENEFICIÁRIA DA JUSTIÇA GRATUITA. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 791-A, § 4º, DA CLT. No julgamento da Arguic n. 0000147-84.2018.5.14.0000, este Regional, por maioria, declarou a inconstitucionalidade material da seguinte expressão contida no 4º do art. 791-A da CLT, com redação dada pela Lei n. 13.467/2017: “desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa”, porquanto atenta contra a previsão contida no art. 5º, incisos XXXV e LXXIV, da Constituição Federal. No caso concreto a sentença decidiu de acordo com o entendimento firmado pelo Pleno desta Corte.” (TRT-14 – RO 00000854220185140421, 2ª Turma, Relator: Carlos Augusto Gomes Lobo, Publicação: 25/04/2019) “ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos os autos. ACORDAM os Magistrados integrantes da 6ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso do autor para acolher a arguição de inconstitucionalidade da expressão “desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa”, constante do § 4º do art. 791-A da CLT, com redação da Lei 13.467 de 13.07.2017, e, na forma do disposto no art. 143 do Regimento Interno deste Tribunal, assim como dos arts. 948 e 949 do CPC, submeter a apreciação do Tribunal Pleno, restando sobrestado o julgamento dos demais itens do recurso. Intime-se.” (TRT – 4 – ROPS 0020024-05.2018.5.04.0124, 6ª Turma, Relator: Beatriz Renck, Julgamento: 22/08/2019) Dessarte, sendo latente a inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A da CLT, requer seja reconhecida a referida inconstitucionalidade, deixando de aplicá-lo ao caso telado. 17. DOS PEDIDOS Em vista do exposto, requer o Reclamante: a) A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita; b) A assinatura da CTPS, para que conste a data de 11/12/2015 como início do vínculo laboral tido com a Reclamada, sob pena de ser aplicada multa diária no valor de R$500,00 (quinhentos reais) pelo descumprimento da obrigação de fazer, cf. entendimento da SBDI-1 do TST, ou de ser efetuada pela Secretaria da Vara; c) Aviso prévio proporcional de 30 (trinta) dias com projeção e reflexos, bem como pagamento das diferenças das demais verbas rescisórias, quais sejam aviso prévio proporcional de 30 dias; 13º salário proporcional; férias proporcionais acrescidas de 1/3; FGTS e multa de 40%, totalizando a monta de R$ xxxxx; d) O pagamento das verbas decorrentes do período sem registro, quais sejam 13º salário proporcional; férias proporcionais acrescidas de 1/3; FGTS e multa de 40%, totalizando a monta de R$ xxxx; e) O pagamento do adicional noturno de 20% (vinte por cento) sobre o salário normativo do Reclamante, no valor de R$ xxxx, bem como reflexos em 13º salário; férias acrescidas de 1/3; FGTS e multa de 40%, totalizando a monta de R$ xxxx; f) o reconhecimento do vínculo empregatício de 11/12/2015 até a data do devido pagamento, já projetado o aviso prévio, tendo como consequência o pagamento dos depósitos do FGTS e devidas anotações na CTPS; g) a condenação da Reclamada ao recolhimento dos depósitos do INSS; h) o pagamento da parte incontroversa das verbas rescisórias em primeira audiência, sob pena de multa de 50%; i) o pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ xxxxx; j) Seja declarada a inconstitucionalidade do § 4º do art. 791-A da CLT; 18. DOS REQUERIMENTOS FINAIS a) A notificação da Reclamada para comparecer à audiência que for designada e, querendo, conteste a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, sob pena de revelia confissão; b) A PROCECÊNCIA de todos os pedidos formulados na presente reclamatória trabalhista, com a condenação da Reclamada ao pagamento do que ora se postula, com a devida correção monetária e acréscimo de juros de mora, bem como honorários advocatícios e demais cominações de estilo; c) Requer a compensação de todos os valores já pagos e a igual título requeridos; d) A condenação da Reclamada ao pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais, nos termos do art. 791-A da CLT; e) A produção de todos os meios de prova admitidos em direito, em especial depoimento da Reclamante, oitiva de testemunhas, bem como a juntada dos documentos que acompanham a presente peça vestibular; Declara o patrono do Reclamante que receberá as intimações em [endereço comercial], requerendo, ainda, para fins de publicação no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho, que consignado no rosto dos autos o nome do seguinte advogado: XXXXXXXX OAB/__ ___.___ Atribui à causa o valor de R$XXX, para fins de custas e alçada. Termos em que pede deferimento. Cidade/Estado, __ de _________ de 2021. ADVOGADO OAB/__ ___.___
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