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JULIA MINODA | INTERNATO PED GLOMERULOPATIAS NA INFÂNCIA Doenças que afetam inicialmente os glomérulos, podendo ter ou não doenças sistêmicas de base (lupus, DM, anemia falciforme…). Muitas delas evoluem de forma a necessitar de transplante ou hemodiálise Síndrome nefrítica - processo inflamatório, de modo que o glomérulo não consegue filtrar o sangue direito, formando menor quantidade de urina (oligúria <400-500mL/dia). ● O volume que não consegue ser filtrado fica represado dentro do sistema vascular >> reflete com hipertensão arterial volume dependente; o glomérulo inflamado altera as estruturas do filtro, permitindo passagens de substâncias que antes não passavam - hemácias e proteinúria (discreta). ● O edema discreto deriva da proteinúria discreta - a pressão oncótica é regulada por proteínas, que, ao serem perdidas na urina, abaixa sua quantidade no sangue, permitindo extravasamento de líquido. ● Edema - edema de MMII, pálpebra… edema tbm pode ser causado pela hipertensão. algumas glomerulopatias se manifestam com síndrome nefrítica Síndrome nefrótica - proteinúria maciça: perdendo muita proteína na urina, causando muita redução de proteína (principalmente uma importante albuminúria que leva a hipoalbuminemia). Faz com que muito líquido extravase para o interstício, causando anasarca - edema generalizado, podendo ter derrame pleural, ascite… ● Compensação hepática - Fígado passa a liberar mais proteínas p/ tentar compensar a perda, mas não produz exclusivamente a albumina necessária, aumentando lipoproteínas tbm. Isso faz com que haja uma hiperlipidemia, a qual também é perdida na urina - lipidúria ● Hipoalbuminemia - anasarca e desnutrição! ● O paciente pode apresentar urina espumosa - proteinúria ● Também perde muitas imunoglobulinas na urina, sendo este um paciente mais predisposto a infecções (complicações da síndrome nefrótica) ● Também pode perder proteínas anti-trombóticas - paciente mais predisposto a eventos tromboembólicos ● IRA - insuficiência súbita IRC - declínio contínuo; é diferente de DRC (é uma doença que evolui em 5 estágios, sendo o estágio 5 a IRC). CLASSIFICAÇÃO DAS GLOMERULOPATIAS Difusa ou focal ● difusa - mais de 50% de glomérulos no campo estão afetados pela glomerulopatia ● focal - menos de 50% afetados pela doença global ou segmentar Global ou segmentar ● global - todo o glomérulo está afetado pela doença ● segmentar - uma parte do glomérulo está afetada, mas as alças capilares glomerulares estão intactas Glomerulonefrites difusas costumam ser globais, as focais costumam ser segmentares. Algumas vezes inicia focal e segmentar e evolui para difusa e global. Não necessariamente JULIA MINODA | INTERNATO PED indicam um mau prognóstico se forem difusas e bom se focal. O padrão não se relaciona a um pior ou melhor prognóstico!!!!!! Fisiopatogenia da Glomerulonefrite - Depósito de imunocomplexos circulantes nos glomérulos ou formação desses imunocomplexos diretamente nos glomérulos → altera o filtro glomerular → ativação do sistema do complemento → libera mediadores da inflamação → aumenta permeabilidade vascular e faz com que neutrófilos migrem pros glomérulos → neutrófilos liberam proteases que lesam o glomérulo ↳ A partir do processo inflamatório, pode ter: - estímulo de proliferação celular pelas citocinas - produção de citocinas que estimulam a migração e ativação de fibroblastos → leva a fibrose dos glomérulos; indivíduo pode evoluir com DRC - ESPESSAMENTO DA PAREDE CAPILAR: decorre do espessamento da memb basal, pelo processo imune e pelas citocinas, estando estruturalmente alterada, o que altera a carga da membrana, permitindo a passagem de substâncias que antes não passavam - Imuno complexo: ag + ac. - Imunocomplexo circulante - formado no sangue, pode ser por doença autoimune, infecções... (lúpus, glomerulonefrite pós estreptocócica, endocardite) - Imunocomplexo formado in situ 1- antígeno intrínseco: Já está no glomérulo; por algum motivo, o organismo passa a reconhecer alguma estrutura glomerular, especialmente a membrana basal, como antígenos não próprios. O organismo passa a produzir Ac, ligando nos Ag da membrana basal. Forma então o imunocomplexo, que ativa o sistema complemento → resposta imune que lesa filtro → Doença autoimune 2- antígeno incorporado: Ag que estava na circulação (pedaço de bct, vírus…) → chega na alça capilar glomerular → Ag deposita em algum local do glomérulo → organismo produz Ac que se ligam a região onde o Ag depositou, formando imunocomplexo → ativa sist complemento → resposta imune → lesa filtro OBS: os mecanismos podem ser combinados, mas sempre predominando um deles. GLOMERULONEFRITE DIFUSA AGUDA (GNDA) ou PÓS-ESTREPTOCÓCICA……… …. Clínica: acomete majoritariamente crianças e adolescentes (pico 6-8 anos), de início súbito e após IVAS (faringite) ou piodermites por Streptococcus b-hemolítico tipo A. Cursa com hematúria glomerular, proteinúria, HAS, oliguria (formas mais graves), edema. ↳ relato comum dos pais: urina escura, edema bipalpebral >> SEMPRE PENSAR EM GNDA OBS: GNDA ocorre após a infecção, geralmente uma IVAS ou infecção de pele , e ocorre devido a certas cepas dos estrepto beta hemolítico tipo a → organismo, após um tempo (período de latência) forma o imunocomplexo (varia, se IVAS cerca de 7-21 (14) dias, se pele 14-28 dias(21)) com afinidade pelo glomérulo - o que determina a afinidade do imunocomplexo é a cepa da bactéria - cepas nefritogênicas - capacidade de formar imunocomplexos com afinidade pelo glomérulo Fisiopatologia: Ag anti estrepto está circulando → corpo faz Ac → forma imunocomplexo → imunocomplexo circula e acaba indo para a alça capilar glomerular → pode não acontecer nada (imunocomplexo é eliminado), mas em alguns casos o imunocomplexo pode ter afinidade por uma das estruturas do filtro → ele se deposita no glomérulo (depósito subendotelial, intramembranoso, subepitelial, nos mesângios - o local depende do tamanho ou carga do imunocomplexo) → ativa sistema complemento → ativa resposta imune no final da cascata → lesão do filtro JULIA MINODA | INTERNATO PED Exames complementares: mostram aumento sérico de antiestreptolisina - ASO - (indica infecção pelo estrepto) e proteínas do complemento baixa (pois está sendo consumido). Diagnóstico - principalmente clínico - Ex. complementar - dosagem complemento, antiestreptolisina, urina rotina (hemoglobinúria, leucocitúria, proteinúria, hemácias dismórficas), uréia, creat. - biópsia → APENAS SE PCT APRESENTAR ALGUM DADO QUE FUJA DA GNDA - ex: proteinúria elevada, sem melhora após tratamento, função renal em declínio, complemento baixo no sangue por > 8 semanas (GNDA é autolimitada) Características histológicas: Glomérulo hipercelular, por aumento das células do próprio glomérulo e por ↑de células inflamatórias. Tem padrão difuso e global - hump - elevação devido ao depósito de IC (apenas na microscopia) → pode ou não estar presente! - cilindro hemático - hemácia gruda nas proteínas tubulares, formando a estrutura Evolução - é uma doença autolimitada; geralmente cessa em cerca de 4 semanas. É uma doença de bom prognóstico (pior em adultos). Algumas alterações como proteinúria e hematúria podem levar meses para normalizar. Tratamento: suportivo, feito nas 2 primeiras semanas da doença. - Restrição hídrica, de sal, de potássio e proteína - Congestão: diuréticos de alça - HAS muito elevada: Bloqueador de canal de cálcio - Encefalopatia hipertensiva é a complicação mais temida - internar em UTI - Em caso de uremia ou hipercalemia maligna - diálise peritoneal - Penicilina para erradicar Streptococcus b-hemolítico do tipo A GLOMERULOPATIA POR LESÕES MÍNIMAS (SÍNDROME NEFRÓTICA) ……… …. - Principal glomerulopatia que causa síndrome nefrótica a se investigar em crianças ! JULIA MINODA | INTERNATO PED Fisiopatologia: Disfunção podocitária → ocorre por um mecanismo secundário de lesão glomerular, por alteração dos linfócitos T que produzem citocinas lesivas aos podócitos, tornando-os permeáveis a substâncias que não deveriamser filtradas >> proteinúria maciça, hipoproteinemia, edema, hiperlipidemia. - Tem proteinúria seletiva - perde apenas as proteínas pequenas! Quando se perde todo tipo de proteína, é proteinúria não seletiva. Por ser síndrome nefrótica, ocorre a perda de muitas proteínas pequenas >> PERDE MUITA ALBUMINA ALBUMINÚRIA =>HIPOALBUMINEMIA => DESNUTRIÇÃO + ANASARCA + COMPENSAÇÃO HEPÁTICA (HIPERLIPIDEMIA) Clínica ↳ EDEMA INTENSO - ANASARCA ↳ DERRAMES CAVITÁRIOS - derrame pleural, ascite, derrame pericárdico ↳ OLIGÚRIA - há importante redução de volume intravascular (fluidos migram pro interstício) Diagnóstico: clínico Exame laboratoriais Urina rotina: proteinúria maciça, hematúria microscópica, lipidúria, cilindrúria, glicosúria Sangue: hipoproteinemia, hiperlipidemia (TGL e colesterol ↑↑↑) Tratamento - Empírico - Corticóides sistêmicos - Pacientes com pronta resposta ao uso de corticoide (resposta muito positiva): pacientes corticosensíveis - Pacientes que precisam de corticoterapia continuada para remissão da doença: pacientes corticodependentes - Pacientes que não respondem com corticóides: pacientes corticoresistentes - Imunossupressores: tentar controlar a doença para pcts corticoresistentes ou tentar cessar corticoides para pacientes corticodependentes. O mais usado é a ciclofosfamida Complicações - Infecções - Hiperlipidemia: pode causar TROMBOEMBOLISMO - Hipovolemia
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