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Questão 1/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Leia o fragmento de texto: “A diegese, como sucessão de eventos, comportando um ‘antes’, um ‘agora’ e um depois, é inconcebível fora do fluxo do tempo. O discurso narrativo, que institui o universo diegético, existe também, como sequência mais ou menos extensa de enunciados, no plano da temporalidade (aliás, como qualquer texto literário). Estes dois tempos, o tempo da diegese [...] e o tempo do discurso narrativo, e as suas inter-relações constituem um dos problemas mais importantes do romance [...]”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: SILVA, Vitor Manuel de Aguiar e. Teoria da Literatura. Coimbra: Livraria Almedina, 1999. p. 745. Partindo do fragmento textual e dos conteúdos abordados no livro-base A prosa ficcional: teoria e análise de textos, sobre o “tempo” na narrativa, aponte a alternativa que apresenta corretamente o nome do filósofo cuja tese central é a da reciprocidade entre narratividade e temporalidade: Nota: 10.0 A Paul Ricoeur. Você acertou! Comentário: A alternativa correta é a letra (a), pois: “O filósofo francês Paul Ricoeur dedicou-se à reflexão sobre o tempo na narrativa, estendendo-se em alentados três volumes, sob o título Tempo e narrativa, cuja publicação data de 1983-1985, com tradução brasileira de 1994-1997. Sua tese central é a da reciprocidade entre narratividade e temporalidade, quer se trate da narrativa histórica, quer se trate da narrativa de ficção” (livro-base, p. 164,165). B Edward Forster. C Edwin Muir. D Jean Pouillon. E Adam Abrahan Mendilow. Questão 2/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Considere o soneto a seguir: “Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?”. Após esta avaliação, caso queira ler integralmente a coletânea em que se encontra o poema: CAMÕES, L. V. Obras completas. São Paulo: Nova Aguilar, 1963. v. 2. p. 202. Considerando a estrutura do soneto clássico camoniano, a temática apresentada no poema e os conteúdos do livro-base Análise de textos literários: poesia, assinale a alternativa correta quanto à figura de linguagem mais recorrente na composição desse poema: Nota: 10.0 A Hipérbole, tendo em vista os exageros poéticos da composição. B Metáfora, uma vez que o sentimento amoroso não é objetivo. C Eufemismo, uma vez que há sutileza na expressão do sentimento. D Antítese, tendo em vista as contradições da experiência amorosa. Você acertou! Letra d, pois todo o soneto é construído pelas oposições que o eu-lírico percebe no sentimento amoroso. “Ao tematizar o sentimento amoroso, Camões investe nas antíteses, ou seja, na contradição própria da experiência do amor” (livro-base, p. 31). E Ironia, uma vez que o eu-lírico ironiza o sentimento amoroso. Questão 3/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Considere a seguinte citação: “Lírica – Grego lyrikós, cantar ao som da lira. Lira (instrumento musical de corda). A conotação do vocábulo ‘lírica’ articula-se estreitamente à sua etimologia: no início, designava uma canção que se entoava ao som da lira. [...] O caráter emocional da poesia lírica explicaria o consórcio com a música: esta, porque fluida, meramente sonora, não vocativa, não significativa, parece traduzir de modo flagrante os contornos íntimos e difusos do poeta, infensos ao vocabulário comum”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em MOISÉS, Massaud. Dicionário de Termos Literários. São Paulo: Editora Cultrix, 1995, p. 305-310. Considerando essa definição de lírica apresentada na citação e também a conceituação do termo no livro-base Análise de textos literários: poesia, analise as alternativas a seguir e assinale a única correta: Nota: 10.0 A Contemporaneamente, o conceito de lírica afastou-se definitivamente da música, tendo em vista a objetividade do sujeito moderno. B A modernidade estabeleceu a associação entre o instrumento musical conhecido como Lira e o caráter emocional do exercício poético. C A Lira é um instrumento musical que, ao longo de milênios, acompanha a prática poética, sendo necessária em todas as suas manifestações. D O termo “lírica” pode ser compreendido como sinônimo de poesia no mundo contemporâneo, no sentido em que mantém a associação entre música e poesia. Você acertou! Segundo o livro-base, “com o passar dos séculos – e com o advento da escrita – a prática de composições líricas afastou-se significativamente da música e do acompanhamento por instrumento musical, mas manteve a estrutura de ritmo que diferencia um texto lírico de um texto de outra natureza” (livro-base, p. 21). E O exercício poético contemporâneo mantém as mesmas linhas de realização do mundo clássico, quando o termo “lírica” se formou. Questão 4/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Atente para a citação: “A importância assumida pelo tempo nas obras modernas mais significativas nem por isso facilita a missão do crítico, pois que a palavra tempo reveste significações diferentes consoante os quadros de referência que lhe damos”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: BOURNEUF, Roland; OUELLET, Réal. O universo do romance. Trad. de José Carlos Seabra Pereira. Coimbra: Almedina, 1976. p. 170. Em conformidade com a citação e com os conteúdos apresentados no livro-base A prosa ficcional: teoria e análise de textos, sobre “os problemas temporais da ficção”, o teórico inglês Adam Abraham Mendilow aponta três características do tempo. Analise as assertivas e indique aquela que menciona corretamente que características são essas: Nota: 10.0 A Passado, presente e futuro. B Brevidade, distância e velocidade. C Transitoriedade, sequência e irreversibilidade. Você acertou! Comentário: A alternativa (c) está certa, pois: Mendilow, “no capítulo intitulado ‘Os problemas temporais da ficção’, um trecho enfeixa os ditos problemas: ‘A linguagem, então, é um meio formado de unidades consecutivas que constituem uma forma de expressão linear, a qual progride, sujeita às três características do tempo – transitoriedade, sequência e irreversibilidade. Como pode o romancista trabalhando em tal meio veicular uma impressão de simultaneidade, de movimento para a frente e para trás, de imobilidade? Como pode comunicar imediação, e o senso do fluir da vida, e a duração em todos os seus modos? [...]” (livro-base, p. 170). D Fugacidade, transcendência e perpetuidade. E Perenidade, pausa e efemeridade. Questão 5/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Examine o trecho de texto: “ANTI-HERÓI – Designa o protagonista de romance que apresenta características opostas às do herói do teatro clássico ou da poesia épica. Seu aparecimento resultou da progressiva desmistificação do herói [...]: com o despontar do romance, no século XVIII, os representantes de todas as classes sociais entraram a substituir os seres de eleição, semidivinos, que antes povoavam as tragédias e epopeias”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix, 1974. p. 29. Tendo por referência o trecho de texto e os conteúdos abordados no livro-base A prosa ficcional: teoria e análise de textos, sobre a caracterização do anti-herói, examine as sentenças que seguem e marque a alternativa que corretamente aponta um exemplo dessa figura no Romantismo brasileiro: Nota: 10.0 A A personagem indígena Peri, em O guarani, de José deAlencar. B Augusto, o protagonista de A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. C Manecão, cuja noiva é “roubada” por Cirino em Inocência, de Alfredo de Taunay. D Leôncio, o grande vilão em A escrava Isaura, de Bernardo Guimarães. E Leonardo, em Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida. Você acertou! Comentário: Está correta a alternativa (e), pois: “Carlos Reis e Ana Cristina M. Lopes ensinam que a posição do ‘anti-herói na estrutura narrativa é, do ponto de vista funcional, idêntica à que é própria do herói: [...] cumpre um papel de protagonista e polariza em torno das suas ações as restantes personagens, os espaços em que se move e o tempo em que vive’ [...]. No mesmo estudo, destaca-se ainda o fato de que essa figura é mais frequente na literatura pós-romântica, ainda que a encontremos em obras anteriores, como é o caso de Dom Quixote, protagonista da narrativa que está na proto-história do romance moderno. Na literatura brasileira, Leonardo, o protagonista de Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, de 1853, já é caracterizado como anti-herói [...]” (livro-base, p. 83). Nas alternativas (a), (b) e (c), temos três exemplos de heróis românticos. Finalmente, na alternativa (d), encontramos um exemplo de antagonista, que é o opositor do herói – e não o anti-herói. Questão 6/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Considere o fragmento de texto a seguir: Consideramos como eu lírico a voz que fala no poema, isto é, o eu discursivo que assume a voz poética. É muito importante não confundir o eu lírico com o autor do poema, pois ele é uma criação do autor e não a expressão de sua própria individualidade. Nesse sentido, é possível que um autor crie um eu lírico para expressar sentimentos inventados e não, necessariamente, vividos por ele. Fonte: Texto elaborado pelo autor desta questão. Considerando essas informações e os conteúdos do livro-base Análise de textos literários: poesia sobre a definição de eu lírico, assinale a alternativa correta: Nota: 10.0 A O eu lírico é uma entidade empírica criada pelo autor para expressar sentimentos experimentados na realidade. B A figuração do eu lírico é uma estratégia discursiva exclusiva do texto narrativo em prosa. C O eu lírico é uma invenção do autor para configurar uma voz poética autônoma no poema. Você acertou! O eu lírico é a voz que fala no poema e não deve ser confundido com o autor do poema, que é uma pessoa real, existente na realidade. É importante compreender o eu-lírico como uma instância textual (livro-base, p. 52). D O eu lírico é sempre um alter ego do autor, na medida em que expressa seus sentimentos. E O autor e o eu-lírico podem ser considerados como duas fases da composição poética, que, muitas vezes, confundem-se. Questão 7/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Considere a citação: “[...] os teorizadores do novo romance acentuam a complementaridade tempo/espaço, resolvida no interior da narrativa a partir do ato da leitura, independentemente desse exterior assim neutralizado – neutralização que de certo modo traduz a negação de uma racionalidade reclamada sobretudo pela literatura realista”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: REIS, Carlos; LOPES, Ana Cristina M. Dicionário de narratologia. Coimbra: Livraria Almedina, 1990. p. 134. Tendo em conta a citação e os conteúdos do livro-base A prosa ficcional: teoria e análise de textos, sobre o conceito de “cronotopo” artístico-literário, sabe-se que ele se refere à interligação das relações temporais e espaciais. Sendo assim, verifique as seguintes opções e marque a alternativa que aponta corretamente o teórico que formulou tal conceito: Nota: 10.0 A Gaston Bachelard, em A poética do espaço. B Mikhail Bakhtin, no texto “Formas de tempo e de cronotopo no romance”, reunido em Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. Você acertou! Comentário: A alternativa (b) está correta, pois: “Mikhail Bakhtin, no texto ‘Formas de tempo e de cronotopo no romance’, produzido em 1937-1938 e publicado como um capítulo do volume Questões de literatura e de estética: a teoria do romance, [...] propõe chamar cronotopo ‘à interligação fundamental das relações temporais e espaciais, artisticamente assimiladas na literatura [...]; nele é importante a expressão da indissolubilidade de espaço e de tempo (tempo como a quarta dimensão do espaço)’ [...]” (livro-base, p. 193). C Michel Butor, no ensaio “O espaço no romance”, que integra o livro Repertório. D Antonio Dimas, em Espaço e romance. E Luis Alberto Brandão, em Teorias do espaço literário. Questão 8/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Leia o fragmento poético a seguir: “As estrelas em seus halos Brilham com brilhos sinistros... [...] Cítolas, cítaras, sistros, Soam suaves, sonolentos, Sonolentos e suaves, Em suaves, Suaves, lentos, lamentos De acentos Graves, Suaves... [...]”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: CASTRO, Eugênio de. Um sonho. In: MOISÉS, Massaud. A Literatura Portuguesa através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1997. p. 345. Considerando a leitura dos versos citados e os conteúdos do livro-base Análise de textos literários: poesia, é possível perceber a repetição de um determinado som em todos os versos destacados. Essa repetição contribui para a consolidação do ritmo do poema. Assinale a figura de sonoridade responsável pela criação desse efeito rítmico no poema: Nota: 10.0 A Assonância, a repetição de uma mesma vogal para a consolidação de um determinado ritmo. B Aliteração, a repetição de consoantes com o mesmo som para a consolidação de um determinado som. Você acertou! Letra b, pois, no fragmento citado, o som representado pelo fonema /s/ se repete mais de uma vez em todos os versos, como por exemplo: “Cítolas, cítaras, sistros”. “Aliteração é o processo de repetir a mesma consoante ao longo de um verso, de uma estrofe ou do poema todo” (livro-base, p. 116). Há outros exemplos de aliteração no livro-base (p. 116-120). C Onomatopeia, um som não articulado pela linguagem é figurado verbalmente para reforçar o ritmo. D Sinestesia, combinação de efeitos sensoriais no poema para a consolidação do ritmo. E Refrão, repetição do mesmo verso em todas as estrofes do poema para facilitar a memorização. Questão 9/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Atente para o poema a seguir: “Sete anos de pastor Jacob servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela, E a ela só por prêmio pretendia. Os dias, na esperança de um só dia, Passava, contentando-se com vê-la; Porém o pai, usando de cautela, Em lugar de Raquel lhe dava Lia. Vendo o triste pastor que com enganos Lhe fora assim negada a sua pastora, Como se a não tivera merecida; Começa de servir outros sete anos, Dizendo – Mais servira, se não fora Para tão longo amor tão curta a vida”. Após esta avaliação, caso queira ler integralmente a coletânea em que se encontra o poema, ela está disponível em: CAMÕES, L. V. Obras completas. São Paulo: Nova Aguilar, 1963. v. 2, p. 242 Considerando os conteúdos do livro-base Análise de textos literários: poesia sobre a estrutura do soneto clássico, assinale a alternativa correta quanto ao esquema métrico e de rimas do poema citado: Nota: 10.0 A Versos de sete sílabas poéticas (heptassílabos), rimas AABB nos quartetos e rimas CDE nos tercetos. B Versos de dez sílabas poéticas (decassílabos), rimas ABBA nos quartetos e rimas CDE nos tercetos. Você acertou! Em se tratando de um soneto de forma clássica, Camões obedece ao esquema tradicional de versos decassílabos e rimas ABBA nos quartetos e CDE nos tercetos (livro-base, p. 26). C Versos de cinco sílabas poéticas (pentassílabos), rimas ABBA nos quartetos e rimas CDC nos tercetos. D Versos de doze sílabas poéticas (alexandrinos), rimas AABB nos quartetose rimas CDE nos tercetos. E Versos de dez sílabas poéticas (decassílabos), rimas CDCD nos quartetos e rimas CDE nos tercetos. Questão 10/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Leia o seguinte excerto de um poema: “Elegia 1938 Trabalhas sem alegria para um mundo caduco, ? onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.? Praticas laboriosamente os gestos universais,? sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.? Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,? e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção [...]”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do Mundo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012/1940, p. 22. O poema em destaque se configura como uma elegia, o que é destacado já no título a ele atribuído, “Elegia 1938”. Considerando essa informação e os conteúdos do livro-base Análise de textos literários: poesia sobre modalidades poéticas, assinale a alternativa que corresponde à caracterização correta desse tipo de composição quanto ao seu conteúdo: Nota: 10.0 A Composição que se inicia com um “mote” – ou motivo/tema – que será desenvolvido ao longo do poema por meio de “voltas”/estrofes. B Composição poética curta, que busca expressar um sentimento de forma engenhosa ou original, com destaque para o sentido satírico ou festivo. C Texto poético de teor melancólico e triste, com conotação de lamento, que, em alguns casos, configura-se como uma composição fúnebre. Você acertou! “Elegia é um tipo de composição pensada e produzida para circunstâncias de luto ou de caráter fúnebre, com teor melancólico e triste” (livro-base, p. 23). O tema da Elegia em destaque é melancólico e triste, associa-se à falta de sentido do mundo ao redor e à impotência do sujeito diante das tragédias individuais e coletivas. D Composição destinada ao canto e baseada na repetição. A mesma ideia ou frase é repetida no final de cada estrofe, formando o que chamamos de refrão. E Texto poético que expressa galanteio ou confissão de amor. Em sua forma clássica, apresenta-se em uma estrofe só, composta por seis ou dez versos. Questão 1/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Observe a passagem de texto: “[...] enquanto a força do contar estórias se faz, permanecendo, necessária e vigorosa, através dos séculos, paralelamente uma outra história se monta: a que tenta explicar a história destas estórias, problematizando a questão desse modo de narrar – um modo de narrar caracterizado, em princípio, pela própria natureza desta narrativa: a de simplesmente contar estórias”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: GOTLIB, Nadia Battella. Teoria do conto. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1190. p. 7,8. De acordo com a passagem textual e com os conteúdos abordados no livro-base A prosa ficcional: teoria e análise de textos, sobre possíveis acepções da palavra “conto”, analise as afirmativas: Nota: 10.0 A O conto é, antes de tudo, a transformação da poesia em prosa. B O conto é o relato oral de um acontecimento ocorrido com o autor. C O conto de fadas, por sua gênese oral, pode dispensar a figura do narrador. D O conto é o relato de um acontecimento. Você acertou! Comentário: “Em Teoria do conto [...], Nádia Battela Gotlib faz interessante levantamento sobre a caracterização do conto ao longo do tempo e transcreve recomendações dirigidas a contistas, pronunciamentos de contistas renomados, como Mário de Andrade, Julio Cortázar e Horácio Quiroga. Seu ponto de partida lista três acepções da palavra conto, buscadas em Cortázar via Julio Casares: ‘1. relato de um acontecimento; 2. narração oral ou escrita de um acontecimento falso; 3. fábula que se conta às crianças para diverti-las’” (livro-base, p. 49). A afirmativa C está incorreta, uma vez que a figura do narrador é imprescindível ao conto, qualquer que seja o tipo, por se tratar de narrativa. E O conto é o texto produzido como forma de síntese de grandes romances, com objetivo de conquistar leitores. Questão 2/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Considere o extrato de texto: “[...] Doctor Faustus está ligado à ascensão do nazismo na Alemanha e à última guerra mundial. [...] o narrador do Doctor Faustus escreve: ‘Em certas passagens, o leitor talvez tenha subestimado o número de dias e de semanas que já tive de consagrar à biografia do meu amigo; de igual modo, talvez me creia aquém da época em que traço as presentes linhas. Com risco de vê-lo sorrir da minha pedanteria, julgo oportuno indicar que, desde o dia em que comecei estas notas, quase um ano se passou e que, enquanto escrevia os últimos capítulos, entrávamos em Abril de 1944. Naturalmente, entendo por esta data aquela em que a minha atividade se exerce, não aquela em que deixei a minha narrativa e que se situa no Outono de 1912, vinte meses antes do detonar outra guerra [...]”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: BOURNEUF, Roland; OUELLET, Réal. O universo do romance. Trad. de José Carlos Seabra Pereira. Coimbra: Almedina, 1976. p. 188,189. Levando em conta o extrato textual e os conteúdos do livro-base A prosa ficcional: teoria e análise de textos, sobre o “tempo do assunto do romance” e o “tempo do autor”, segundo Mendilow, analise as assertivas, assinale a alternativa correta: Nota: 10.0 A Na narrativa moderna há um compromisso com a continuidade, uma convenção derivada da épica. B Para Mendilow, existe apenas uma única modalidade de romance praticada atualmente. C Para o crítico, a distância entre o tempo da narração e o tempo narrado é sempre o mesmo nos romances modernos. D Para Mendilow, a narração pode focalizar o passado, como ocorre no romance histórico. Você acertou! Comentário: A alternativa está correta, pois “há a possibilidade de a narração focalizar o passado, caso do romance histórico, ou o futuro, que o autor qualifica como romance utópico, mas podemos pensar na ficção científica” (livro-base, p. 180). E A narração não pode focalizar o futuro, uma vez que é intangível para o autor. Questão 3/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Observe o extrato de texto: “[...] quer a narrativa sentimental, quer a narrativa realista, embora sem o nome de romance, tem origens muito remotas. Ocorre que esse tipo de ficção em prosa viveu por longo tempo ofuscado pelos gêneros literários clássicos e não recebeu a devida apreciação crítica: todas as teorias poéticas da época do classicismo se preocupavam apenas com os textos versificados”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: D’ONÓFRIO, Salvatore. Teoria do texto: prolegômenos e teoria da narrativa. São Paulo: Ática, 1995. p. 116,117. Levando em conta o extrato textual e os conteúdos do livro-base A prosa ficcional: teoria e análise de textos, sobre a narrativa de ficção, analise as assertivas, assinalando a alternativa correta: Nota: 10.0 A No que se refere à estrutura, o romance helenístico difere do romance moderno, este último que foi largamente propagado a partir do século XVIII. Você acertou! Comentário: A alternativa está correta, pois “Existe uma modalidade de romance na produção clássica, o chamado romance helenístico, cuja estrutura é diferente da do romance moderno, este último considerado como a forma ficcional intensamente praticada a partir do fim do século XVIII. Constatarmos que não há continuidade não significa negarmos qualquer efeito de eco. Certamente há alguns traços de identificação entre o romance grego e o contemporâneo” (livro-base, p. 43). B Não existem traços de identificação entre o romance helenístico e o romance contemporâneo, devido à distância e a lacuna temporal entre eles. C A obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri, provavelmente escrita no início do século XIV, é considerada o ponto de partida para o romance moderno. D Na IdadeMédia, a produção narrativa ficou circunscrita aos relatos históricos e bíblicos, por isso não há registros de narrativas ficcionais. E O romance moderno é a forma ficcional que intensamente praticada durante a Baixa Idade Média. Questão 4/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Considere a citação: “O anti-herói não se define como a personagem que carrega defeitos ou taras, ou comete delitos e crimes, mas a que possui debilidade ou indiferenciação de caráter, a ponto de assemelhar-se a toda a gente. [...] Na verdade, o herói identifica-se por atos de grandeza no bem ou no mal, enquanto o anti-herói não alcança emprestar altitude ao seu comportamento, seja positivo, seja negativo”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix, 1974. p. 29. Tendo em conta a citação e os conteúdos abordados no livro-base A prosa ficcional: teoria e análise de textos, sobre a personagem caracterizada como “anti-herói”, analise as assertivas e assinale a correta. Nota: 10.0 A O uso do termo herói indica que essa personagem será heroica no sentido épico. B O aparecimento do anti-herói resultou da progressiva desmitificação do herói romântico, ou seja, de sua crescente humanização. Você acertou! Comentário: A alternativa está correta, pois “a expressão anti-herói é usada para acentuar a condição do indivíduo oprimido pelas forças sociais ou ambientais, cujas reações são anuladas por outros poderes. Seu estatuto decorre da desmistificação do herói romântico” (livro-base, p. 83). C Na estrutura narrativa, a posição do anti-herói é, do ponto de vista funcional, totalmente diferente da posição do herói, pois o anti-herói atua como antagonista. D A personagem caracterizada como anti-herói foi marcante e frequente na produção anterior ao Renascimento; a partir daí, a figura do herói prevaleceu. E O herói romântico é marcado pela desqualificação, banalização, defeitos e limitações. Questão 5/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Examine o excerto textual: “Friedman sistematiza os principais problemas relativos ao assunto [ponto de vista], por meio das seguintes perguntas: 1) Quem fala ao leitor? 2) De que posição (ou ângulo) narra? 3) Que canais de informação usa o narrador para levar a história ao seu leitor? 4) A que distância coloca ele o leitor, em relação à história?”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: CARVALHO, Alfredo Leme Coelho de. Foco narrativo e fluxo da consciência: questões de teoria literária. São Paulo: Pioneira, 1981. p. 8,9. Tendo em vista o excerto de texto e os conteúdos do livro-base A prosa ficcional: teoria e análise de textos, sobre os estudos realizados por Norman Friedman no que diz respeito ao foco narrativo selecione a alternativa correta. Nota: 10.0 A Friedman discute a falta de técnica na elaboração de textos. Essa ausência de zelo na produção faz com que haja um desinteresse pelos textos narrativos. B Friedman descreve quatro tipos de foco narrativo, ou seja: autor onisciente intruso, narrador onisciente neutro, ‘eu’ como testemunha e narrador-protagonista. C Para Norman Friedman, autor e narrador não são termos equivalentes, cada um deles possui suas próprias especificidades. Você acertou! Comentário: “O texto traz introdução, expondo o problema, e primeira parte com detalhado histórico das abordagens da questão, enquanto na segunda descreve os oito tipos de foco narrativo que distingue [...] [autor onisciente intruso, narrador onisciente neutro, ‘eu’ como testemunha, narrador-protagonista, onisciência seletiva múltipla, onisciência seletiva, o modo dramático e a câmera] sempre com farta exemplificação extraída da literatura anglo-americana” (livro-base, p. 125). A explicação de cada um desses tipos pode ser encontrada no livro-base, p. 125-137. “Há ainda um último bloco em que se discute a adequação das escolhas dos escritores de criação, bem como as falhas decorrentes da inadequação entre propósitos e técnica adotada” (p. 123). “Note-se que aparecem os dois termos, narrador e autor, não como equivalentes, cada um guardando suas especificidades” (p. 126). Sobre o ‘narrador onisciente neutro’, “a diferença essencial entre o tipo anterior [autor onisciente intruso] e este é a ‘ausência de intromissões autorais diretas, [o que] não implica necessariamente, contudo, que o autor negue a si mesmo uma voz’ [...]. Ou seja, não há comentários pessoais do autor” (p. 130). D Segundo Friedman a diferença entre “autor onipresente intruso” e “narrador onipresente crítico” já que a narração linear apresenta a vida do autor. E A especificidade do texto narrativo, pode ser entendida, pela posição em que os personagens são apresentados e pelo modo como sua presença torna o narrador desnecessário. Questão 6/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Atente para a afirmação: “[...] o que chamamos romance histórico é um gênero narrativo híbrido, surgido de um processo de combinação entre história e ficção. [...]. E embora desperte mais interesse ao homem contemporâneo que quaisquer outras formas mais objetivas de linguagem, não se deve esquecer de que o substantivo nessa expressão é o romance. Assim, por mais que ele se sustente em fatos ou personagens históricos, trata-se de romance, ou seja, de ficção”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: ESTEVES, Antônio R. O romance histórico brasileiro contemporâneo (1975-2000). São Paulo: Ed. UNESP, 2010. p. 30,31. Considerando a afirmação e os conteúdos tratados no livro-base A prosa ficcional: teoria e análise de textos, sobre a constituição da personagem no romance histórico, assinale a alternativa correta: Nota: 10.0 A O discurso romanesco, que se apresenta como biografia, autobiografia ou memórias está se tornando cada vez menos frequente nas obras atuais. B No romance histórico tradicional, as personagens históricas ocupam posições de centralidade na narrativa: elas são tratadas como protagonistas das ações. C Ao produzir um romance histórico, o ficcionista não tem qualquer compromisso com a “verdade histórica”, podendo, ou não, subverter os discursos históricos oficiais. Você acertou! Comentário: A alternativa é verdadeira, pois: “[...] o ficcionista não tem nenhum compromisso com a chamada verdade histórica; ele pode subverter, ou não, os discursos biográficos e históricos correntes” (p. 87). Apropriada pela ficção, deverá guardar coerência em relação ao cenário narrativo para o qual foi transposta, independentemente de correspondência com a imagem construída pela História ou que a sociedade tem dela, o que não quer dizer que o espelhamento sem distorção também não possa ocorrer” (p. 88). D No romance histórico, a personagem que é apropriada pela ficção é a mesma personagem referencial da História, mas o conflito relacionado a ela pode mudar. E O espelhamento sem distorção da personagem histórica não tem lugar no romance histórico. Questão 7/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Leia o fragmento de texto: “Rejeitando qualquer dogmatismo reducionista que originaria uma classificação rígida e estática, os formalistas russos conceberam o gênero literário como uma entidade evolutiva, cujas transformações adquirem sentido no quadro geral do sistema literário e na correlação deste sistema com as mudanças operadas no sistema social, e por isso advogaram uma classificação historicamente descritiva dos gêneros”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: SILVA, Vitor Manuel de Aguiar e. Teoria da Literatura. Coimbra: Livraria Almedina, 1999. p. 371. Partindo do fragmento de texto e dos conteúdos abordados no livro-base A prosa ficcional: teoria e análise de textos, sobre a teoria dos gêneros e o fato de René Wellek e Austin Warren estabelecerem distinções entre a “teoria clássica” e a “teoriamoderna”, assinale a alternativa correta. Nota: 10.0 A A descrição é uma característica atribuída à teoria clássica dos gêneros. B As regras prescritas pela teoria clássica dos gêneros apresentam um acentuado autoritarismo. C A moderna teoria dos gêneros, contrariamente à teoria clássica, possui um caráter evidentemente descritivo. Você acertou! Comentário: “Uma das obras do século XX fundamentais para o estudo do campo que estamos examinando, Teoria da literatura [...], de René Wellek e Austin Warren, faz uma advertência que merece atenção: ‘Qualquer pessoa interessada pela teoria dos gêneros deve ter cuidado em não confundir as diferenças entre a teoria ‘clássica’ e a moderna. A teoria clássica é normativa e prescritiva, embora as suas ‘regras’ não contenham o ridículo autoritarismo que tantas vezes lhe é atribuído. [...]. A moderna teoria dos gêneros é claramente descritiva. Não limita o número das espécies possíveis e não prescreve regras aos autores. Admite que as espécies tradicionais possam ‘misturar-se’ e produzir uma espécie nova [...]. Reconhece que os gêneros podem ser construídos tanto numa base de englobamento ou ‘enriquecimento’ como de ‘pureza’. Em lugar de sublinhar a distinção entre as várias espécies interessa-se [...] em descobrir o denominador comum de uma espécie, os seus processos e objetivos literários’ [...]” (livro-base, p. 34). D A moderna teoria dos gêneros não admite a mistura entre os gêneros tradicionais, mas reconhece a existência de novas espécies de textos literários. E Para René Wellek e Austin Warren a teoria clássica evoluiu ao longo dos anos até se tornar equivalente à teoria moderna. Questão 8/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Leia o fragmento de texto a seguir: “Não têm sido poucas as tentativas de definir o que é poesia. Desde Platão e Aristóteles até os semânticos e concretistas modernos, insistem filósofos, críticos e mesmo os próprios poetas em dar uma definição da arte de se exprimir em versos, velha como a humanidade”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: MORAES, V. de. Sobre poesia. In: MORAES, V. de. Poesia completa e prosa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986, p. 96. Considerando essas informações e os conteúdos do livro-base Análise de textos literários: poesia sobre as diferenças entre “poesia” e “poema”, assinale a alternativa correta: Nota: 10.0 A “Poesia” é a expressão em verso dos sentidos percebidos pelo poeta no mundo, nas coisas e nos seres. B “Poesia” e “poema” são conceitos similares, portanto, podem ser usados como sinônimos. C “Poesia” é um conceito abstrato e “poema” também, por configurar-se como expressão. D “Poesia” é a materialização do “poema”, pois se realiza enquanto texto formalizado por meio da linguagem. E “Poesia” é o elemento abstrato que pode ser indicado como percepção e como experiência no mundo, nas coisas e nos seres Você acertou! Comentário: “A poesia como elemento abstrato faz parte da percepção que podemos ter do mundo ao nosso redor” (livro-base, p. 45). Questão 9/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Considere o excerto do poema abaixo, escrito pelo poeta simbolista Cruz e Souza: “Braços nervosos, brancas opulências brumais brancuras, fúlgidas brancuras, alvuras castas, virginais alvuras, latescências das raras latescências. [...]” Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: OLIVEIRA, Silvana. Análise do texto literário: poesia. Curitiba: Editora InterSaberes, 2017. p. 117. Considerando o fragmento e os conteúdos da Videoaula 4 – Figuras de Linguagem, é possível afirmar que a aliteração é uma figura de linguagem que se caracteriza: Nota: 10.0 A pela repetição do som consonantal. Você acertou! Comentário: De acordo com a Rota de Aprendizagem, Aula 4, Tema 1 (Figura de sonoridade: aliteração – 1’25” a 10’), a aliteração é uma figura de sonoridade caracterizada pela repetição de sons consonantais, buscando a criação de um ritmo para todo o poema. B pela repetição de palavras ao longo do poema. C pelo uso de ideias controversas ou contrárias. D pela criação de ritmo a partir de sons vocálicos. E pela inversão e contorção sintática. Questão 10/10 - Análise de Textos Literários: Prosa e Poesia Observe a passagem de texto: “Memórias póstumas de Brás Cubas, romance de Machado de Assis, inaugura tempos modernos. Sepulta em ironia a maneira antiga de ler e de escrever romances, satirizando as convenções românticas, às quais o próprio Machado pagara tributo em obras anteriores [...]. Temos agora, pela voz de Brás Cubas, a estreia de um romancista em plena maturidade, escrevendo para um público que, como ele, precisava aprender a desvestir-se de hábitos e valores provincianos”. Após esta avaliação, caso queira ler o texto integralmente, ele está disponível em: LAJOLO, Marisa. O romance que vem inaugurar os tempos modernos. In:ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas, São Paulo: FDT, 1991. p. 10. Considerando a passagem de texto e os conteúdos abordados no livro-base A prosa ficcional: teoria e análise de textos, sobre a fase “realista” de Machado de Assis, analise a alternativa correta. Nota: 10.0 A Na fase realista, as personagens machadianas são mais elaboradas, porém a técnica de composição ainda é antiga, estruturando a narrativa em capítulos longos. B Os romances machadianos da fase realista são cinco: Memórias póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, A mão e a luva e Iaiá Garcia. C Nos romances, Machado ataca a hipocrisia humana e desmascara o jogo das relações sociais, apresentando indivíduos falsos que têm intenções contraditórias. Você acertou! Comentário: “No que tange às obras, principalmente romances e contos da fase realista de Machado, segundo Alfredo Bosi [...], trata-se do ponto mais alto e equilibrado da prosa realista brasileira. É com a publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas (1981) que o autor muda o rumo de sua obra. Aparecem personagens mais elaboradas, bem como uma nova técnica de composição dos romances passa a vigorar na construção das narrativas, seja pelo contato do narrador com o leitor, seja pela estrutura organizada em capítulos e frases curtos. As obras dessa fase fogem à linearidade temporal, garantida pelo uso de digressões. Ainda, os temas ganham a profundidade da alma humana em sua beleza e em sua mesquinhez. É desnudando esse universo, por vezes não tão belo, que Machado revela com maestria as mazelas humanas. [...] Assim, são considerados romances do ciclo realista Memórias póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires. Além dos romances, a partir de 1869 Machado escreveu cerca de 200 contos, sendo ainda publicada, dentro do período romântico, a coletânea Contos fluminenses. Entre os mais variados contos de Machado, a crítica reverencia, principalmente, ‘O espelho’, ‘A cartomante’, ‘Missa do Galo’, ‘O alienista’, ‘A causa secreta’ e ‘Entre Santos’” (livro-base, p. 214, 215). A propósito os romances A mão e a luva e Iaiá Garcia pertencem à fase romântica do escritor. Lembra-se ainda que “Tanto nos romances quanto nos contos, a narrativa de Machado é marcada pela elegância e estilo na escrita, descrevendo o comportamento das personagens em pormenores, acentuando-lhes a dimensão humana, sem moralismos. A narrativa ganha um maior tom de verossimilhança, afastando-se da superficialidade que, geralmente, marcava a construção dos enredos e/ou episódios de obras românticas. Nos romances, cria um discurso ferino ao atacar a hipocrisia humana e desmascarar o jogo das relações sociais, sugerindo indivíduos falsos que têm intenções opostas às que aparentam. Ainda, ao desenvolver personagens femininas sedutoras, sensuais, astuciosas, ambíguas e com personalidade forte, Machado abre o álbum das mulheres símbolo dentro de sua escrita. Nos contos, identificam-se personagens femininas fortes, com força de interiorização. Sãomulheres racionais, ambíguas e calculistas, como é o caso de Conceição, de ‘Missa do galo’, ou de D. Paula, cujo conto leva seu nome “ (livro-base, p. 215,216). D Nos contos, Machado apresenta personagens femininas internamente frágeis. São mulheres irracionais, sentimentais. Assim é Aurélia, de Senhora. E A mão e a luva é um dos romances realistas de Machado de Assis que retrata o tráfico de escravos.
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