Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Rhyan Coelho TUTORIA 01 – DERRAME FACIAL Objetivo 01 – Revisar anatomia do nervo facial Objetivo 02 - Discutir sobre as possíveis causas para a paralisia facial Objetivo 03 - Identificar os achados clínicas que diferenciam a paralisia fácil central da periférica (paralisia de Bell) Objetivo 04 - Discutir a síndrome do túnel do carpo (tudo) Objetivo 05 - Compreender as neuropatias periféricas (ulnar, radial, ciático, femoral e fibular) OBJETIVO 01 O nervo facial, ou sétimo nervo craniano (NC VII), é um nervo predominantemente motor que supre os músculos da expressão facial e os músculos do couro cabeludo e da orelha, além do bucinador, plastima, estapédio (músculo da orelha média, que tem origem na parede do tímpano e se insere no colo do estribo), estilo-hióide e ventre posterior do digástrico. Conduz também fibras secretoras parassimpáticas para as glândulas salivares submandibulares e sublinguais, a glândula lacrimal e as mucosas da cavidade oral e nasal. Apresenta algumas funções sensoriais; a mais importante é mediar o paladar dos dois terços anteriores da língua. Também conduz a sensibilidade exteroceptiva do tímpano e do meato acústico externo, a sensibilidade proprioceptiva dos músculos que inerva e a sensibilidade visceral geral das glândulas salivares e da mucosa do nariz e da faringe. Anatomicamente, a divisão motora do nervo é separada das partes sensorial e parassimpática. No trajeto de sua saída da ponte até as arborizações terminais, dá origem a vários ramos importantes na seguinte ordem: nervo petroso maior (superficial), nervo para o músculo estapédio e corda do tímpano. Rhyan Coelho O nervo pode ser dividido em uma série de segmentos: um segmento do tronco intrabulbar (dos núcleos do tronco encefálico até o ponto de saída); um segmento desde o ponto da saída até a entrada do meato acústico interno (MAI) ou segmento da cisterna; um segmento do meato ou do canal (atravessa o MAI) até a entrada do canal do nervo facial; um segmento labiríntico (daí até o gânglio geniculado – gânglio sensitivo); um segmento horizontal curto (do gânglio geniculado até a eminência piramidal da parede posterior da cavidade timpânica); um segmento mastóideo (da eminência piramidal até o forame estilomastóideo); e um segmento extratemporal ou periférico (do forame estilomastóideo até o plexo intraparotídeo do nervo facial). ➔ Parte motora O componente motor somático do nervo facial origina-se no núcleo motor facial, situado no tegmento pontino caudal. As fibras eferentes projetam-se dorsomedialmente em direção ao assoalho do ventrículo, onde se enrolam ao redor do núcleo abducente (formando o joelho do nervo facial e o colículo facial), projetando-se ventrolateralmente para sair do tronco encefálico entre a ponte e o bulbo. Após deixarem o tronco encefálico, essas fibras entram no conduto auditivo interno, acompanhadas pelo nervo intermediário e pelo nervo vestibulococlear (não mostrado na figura). Eles continuam no canal facial e saem do crânio pelo forame estilomastóideo. Fora do crânio, as fibras penetram na glândula parótida, onde se distribuem perifericamente para suprir os músculos da expressão facial, o estilo-hióideo, os músculos digástricos posteriores e o plastima. Rhyan Coelho Explicação do Dejong: Os axônios do nervo facial originam-se da superfície dorsal do núcleo e seguem em sentido dorsomedial, em trajeto ascendente e circular para circundar o núcleo do nervo abducente e formar a parte interna do joelho do nervo facial. A laça interna de fibras do NC VII ao redor do núcleo do NC VI forma o colículo facial, uma saliência na fossa romboide do assoalho do quarto ventrículo, importante ponto de referência durante a operação dessa área. O nervo facial tem 2 componentes, a raiz motora, que constitui cerca de 70% das fibras, e a raiz sensorial, que representa 30% delas. A raiz sensorial forma o nervo intermédio (NI) de Wrisberg e contém fibras sensoriais e autônomas. O NC VII sai da ponte lateralmente na junção pontobulbar. Na entrada do MAI, a raiz motora do nervo facial situa-se em um sulco na superfície anterossuperior do nervo vestibulococlear, com o NI entre eles. Na base ou na extremidade lateral do MAI, o nervo perfura as meninges e entra no canal do nervo facial (aqueduto de Falópio). O nervo facial e o intermediário fundem-se ao entrarem no canal. Ao atravessar o canal do nevo facial, o nervo faz duas voltas tortuosas, com a criação de dois joelhos externos. No trajeto pelo osso petroso, desde a entrada do canal do nervo facial até a saída do forame estilomastóideo, o nervo tem 3 segmentos: labirítinco, horizontal ou timpânico e mastóideo ou vertical. • O segmento labiríntico está situado lateralmente entre a cóclea e o vestíbulo, segue em direção à parede medial da cavidade timpânica. O segmento labiríntico termina no primeiro joelho externo onde está o gânglio geniculado. Nesse ponto, o nervo faz uma volta abrupta e segue no plano horizontal (o segmento horizontal ou timpânico), depois volta-se para trás e descreve um arco descendente atrás da cavidade timpânica (segmento mastoideo ou vertical). O segmento mastóideo desce em direção ao forame estilomastóideo. Os limites rígidos do canal ósseo podem tornar o nervo mais vulnerável a lesão por inflamação e edema, o que pode ser importante em algumas neuropatias do NC VII. Em pacientes com paralisia de Bell, geralmente o lado acometido corresponde ao lado em que o canal do nervo facial é mais estreito. Logo após a saída do nervo facial, têm origem os ramos auricular posterior, digástrico e estilo-hióideo. O ramo auricular posterior inerva os músculos occipital, auricular posterior e transverso e oblíquo da orelha. Os ramos digástrico e estilo-hióideo inervam, respectivamente, o ventre posterior do músculo digástrico e o músculo estilo-hióideo. O nervo faz uma volta para frente e entra na glândula parótida. Na substância da parótida, se bifurca nas divisões temporofacial e cervicofacial no plexo intraparotídeo. O ramo temporofacial cruza o osso zigomático cerca de 1 cm anterior a orelha, onde é vulnerável a lesão. Rhyan Coelho Rhyan Coelho ➔ Nervo intermédio O NI é o componente sensorial e autônomo do nervo facial. No primeiro joelho externo, o NI funde-se ao gânglio geniculado. As células sensoriais localizadas no gânglio geniculado são aferentes somáticas gerais (ASG) e aferentes viscerais especiais (AVE). As fibras ASG conduzem impulsos exteroceptivos da região do meato acústico externo e da membrana timpânica. As fibras AVE conduzem o paladar dos dois terços anteriores da língua. ➔ Trajeto e ramos do nervo facial O primeiro ramo emitido do trajeto do nervo facial é o nervo petroso maior (superficial), que conduz fibras parassimpáticas pré-ganglionares. Essas fibras são conduzidas pelo NI até o gânglio geniculado. Elas atravessam o gânglio sem fazer sinapse até o nervo petroso maior, que segue para frente pelo hiato do canal do nervo facial e se une ao nervo petroso profundo do plexo simpático carótico para formar o nervo vidiano (nervo do canal pterigóideo), que segue até o gânglio pterigopalatino (esfenopalatino), de onde as fibras pós-ganglionares prosseguem até a glândula lacriminal. Distal ao gânglio geniculado, o nervo facial continua a descer. Como já mencionado, o nervo para o músculo estapédio origina-se da parte distal do segmento timpânico ou parte superior do segmento mastóideo e segue para frente por um pequeno canal até chegar ao músculo. Embora haja alguma variação, o corda do tímpano geralmente deixa o tronco principal um pouco acima do forame estilomastóideo; conduz fibras do paladar e aferentes viscerais gerais (AVG) além de fibras parassimpáticas pré-ganglionares. Segue para frente e paracima em um diminuto canal na parede mastóidea da cavidade timpânica, é revestido por mucosa, entra na orelha média e a atravessa. O corda do tímpano segue para baixo e para frente, sai do crânio e se une ao nervo lingual, um ramo da divisão mandibular do NC V, em sua margem posterior. A sensibilidade gustativa dos dois terços anteriores da língua é conduzida pelo nervo lingual até o corda do tímpano e daí para o gânglio geniculado. O NC VII também pode conduzir a sensibilidade gustativa da mucosa do palato mole pelo gânglio pterigopalatino. Rhyan Coelho OBJETIVO 02 Às vezes há alterações concomitantes da sensibilidade, sobretudo do paladar, e da função secretora, mas estas raramente, ou nunca, são a principal manifestação de doenças do NC VII. Alterações nessas funções ajudam a localizar a lesão ao longo do nervo, embora esse exercício tenha pequena utilidade prática. Os principais ramos em sequência são o nervo petroso maior, o nervo para o músculo estapédio e o corda do tímpano, depois disso o nervo continua até os músculos da face. Omnemônico “lágrimaouvido-gosto-face” (em inglês, tear-hear-taste-face) ajuda a recordar a sequência. Existem dois tipos de fraqueza neurogênica do nervo facial: periférica (do neurônio motor inferior) e central (do neurônio motor superior). A PFP pode ser causada por lesão em qualquer parte desde o núcleo do NC VII na ponte até os ramos terminais na face. A paralisia facial centra (PFC) é causada por lesão das vias supranucleares antes da sinapse no núcleo do nervo facial. A PFP é consequência da lesão ipsilateral, enquanto a PFC, com raras exceções, é consequência de lesão contralateral. Os seguintes sinais e sintomas de paralisia do nervo facial ajudam a localizar as lesões que as causam: • Paralisia facial unilateral isolada (componentes motores somáticos), que resulta de lesões distais ao forame estilomastóideo • Paralisia facial unilateral e perda do paladar nos dois terços anteriores da língua (corda do tímpano), que resultam de lesões no canal facial proximal à decolagem da corda do tímpano. • Paralisia facial unilateral, perda da sensação gustativa nos dois terços anteriores da língua, zumbido e surdez (nervo vestíbulococlear) e perda de lacrimejamento (nervo petroso maior), que resultam de lesões no meato auditivo interno. Paralisias Faciais Superiores e Inferiores É importante observar que as fibras corticobulbares que suprem a face fornecem inervação contralateral da face inferior, mas inervação bilateral da face superior. Em contraste, o nervo facial supre a face superior e inferior ipslateral. Assim, as paralisias supranucleares (interrupção do trato corticobular) resultam em paralisia facial inferior no lado oposto à lesão (central VII), enquanto as paralisias nucleares das infranucleares (interrupção dos núcleos faciais ou nervo) resultam em envolvimento ipsilateral tanto do lado superior quanto do a face inferior. Entidades clínicas comumente associadas a paralisias do nervo facial incluem fraturas do osso preto, infecções do ouvido médio, tumores do ângulo pontocerebelar (ACP) (por exemplo, o schwannoma vestibular) e inflamação da glândula parótida. Paralisia de Bell idiopática na lesão mais frequente do nervo facial. Rhyan Coelho Rhyan Coelho ➔ Outras causas de fraqueza facial periférica Processos comuns dos neurônios motores do núcleo do NC VII na ponte incluem doença do neurônio motor e síndrome de Möbius. O acometimento clínico dos músculos da face é mais provável na paralisia bulbar progressiva que na esclerose lateral amiotrófica (ELA) esporádica clássica. Na atrofia muscular espinobulbar (síndrome de Kennedy), as fasciculações faciais e a fraqueza facial costumam ser proeminentes. A paralisia do nervo facial, uni ou bilateral, pode ser congênita. A síndrome de Möbius (paralisia oculofacial congênita) é a associação de paralisia congênita do nervo facial e paralisia dos músculos extraoculares, sobretudo o reto lateral por hipoplasia ou aplasia dos núcleos do NC . Na síndrome de Ramsay Hunt (herpes-zóster ótico, síndrome de Hunt, herpes do gânglio geniculado), a PFP é causada por reativação do vírus varicela-zóster (VZV) com acometimento do gânglio geniculado. Por causa do acometimento muito proximal, a fraqueza facial é acompanhada de diminuição do paladar, hiperacusia e diminuição da secreção salivar e lacrimal. A dor dentro e atrás da orelha pode ser intensa. Pode haver vesículas na membrana timpânica, no meato acústico externo, na face lateral da orelha e na fenda entre a orelha e o processo mastoide. Às vezes, a erupção herpética também acomete o arco palatoglosso (pilar anterior das fauces) ou o pescoço. Hunt descreveu 2 tipos: otálgico, com dor na orelha, e prosopálgico, com dor profunda na face, principalmente na parte posterior da órbita, no palato e no nariz. Este último tipo pode ser consequência do acometimento de fibras sensoriais no nervo petroso maior. Rhyan Coelho Pacientes com diabetes melito têm risco 4 a 5 vezes maior de apresentar PFP aguda, e o diabetes está presente em cerca de 5 a 10% dos pacientes com PFP. O diabetes é mais provável em pacientes idosos e naqueles com PFP recorrente ou bilateral. A fraqueza facial lentamente progressiva pode ocorrer nas neoplasias da ponte ou periféricas do nervo facial. Por vezes, a neuropatia facial pode ser manifestação inicial tanto da infecção pelo HIV quanto da doença de Lyme. A doença de Lyme pode causar 10 a 25% dos casos de paralisia de Bell em áreas hiperendêmicas; pode não haver história de picada de carrapato ou eritema migratório, e alguns pacientes não são soropositivos inicialmente. O líquido cefalorraquidiano (LCR) muitas vezes, mas nem sempre, é normal. A PFP causada por doença de Lyme é particularmente propensa a ser bilateral. A síndrome de Melkersson (síndrome de Melkersson-Rosenthal) é caracterizada por crises recorrentes de paralisia facial, edema facial e labial sem cacifo, bem como sulcos e fissuras congênitos na língua (língua plicata, língua escrotal); às vezes é familiar e geralmente surge na infância. A causa é desconhecida. A paralisia facial bilateral (diplegia facial) é uma PFP bilateral; é muito menos comum, mas muito mais ameaçadora que a PFP unilateral. A fraqueza facial bilateral também pode ser causada por distúrbios neuromusculares, entre eles miastenia gravis, neuronopatia bulboespinal e doença muscular. A miastenia gravis pode causar fraqueza facial acentuada, com dificuldade para abrir e fechar os olhos. O padrão de acometimento muscular perioral é imprevisível. Em alguns pacientes, o sorriso assemelha-se a uma tentativa tímida, fraca, qualquer que seja a jocosidade da situação, e pode ser mais vertical que horizontal. O sorriso miastênico vertical pode assemelharse mais a um rosnado, o que tem consequências sociais (sorriso miastênico, rosnado miastênico). Rhyan Coelho OBJETIVO 03 ➔ Paralisia facial periférica A PFP causa fraqueza flácida de todos os músculos da expressão facial no lado acometido, tanto da parte superior quanto da parte inferior da face, e a paralisia geralmente é completa (prospoplegia). O lado afetado da face é liso; não há rugas na fronte; o olho permanece aberto; há queda da pálpebra inferior, achatamento da prega nasolabial e queda do ângulo da boca. O paciente não consegue levantar o supercílio, enrugar a fronte, franzir o cenho, fechar o olho, rir, sorrir, mostrar os dentes, inflar as bochechas, assobiar, franzir os lábios, retrair o ângulo da boca ou contrair os músculos do queixo ou o platisma no lado acometido. Ele fala e sorri com um lado da boca, e a tentativa de movimentocausa desvio da boca para o lado intacto. Há flacidez da bochecha e acúmulo de alimento entre os dentes e a bochecha paralisada; o paciente pode morder a bochecha ou o lábio ao mastigar. Alimentos, líquidos e saliva podem escorrer pelo canto da boca. A bochecha pode inflar durante a expiração por causa da fraqueza do músculo bunicador. A rima das pálpebras é maior que o normal e pode haver incapacidade de fechar o olho (lagoftalmia). A PFP muito leve pode causar apenas piscamento mais devagar ou menos completo no lado acometido. A tentativa de fechar o olho acometido causa a rotação superior reflexo do bulbo do olho (fenômeno de Bell). A íris pode desaparecer totalmente para cima. Essa é uma resposta normal, mas só é visível no paciente com fraqueza do orbicular dos olhos. Para provocar o sinal do levantador de Dutemps e Céstan, instrua o paciente a olhar para baixo e fechar os olhos devagar; como a função do levantador da pálpebra superior não é mais neutralizada pelo orbicular dos olhos, a pálpebra superior no lado paralisado move-se ligeiramente para cima. Semelhante ao fenômeno de Bell é o sinal de Negro, no qual o bulbo do olho no lado paralisado desvia-se para fora e eleva-se mais que o normal quando o paciente levanta os olhos. Um sinal sensível de fraqueza da parte superior da face é a perda das vibrações finas palpáveis quando se apoiam as pontas dos dedos levemente sobre as pálpebras enquanto o paciente tenta fechar os olhos com a maior força possível (sinal de Bergara-Wanterberg) Rhyan Coelho O sinal do platisma de Babinski é a contração assimétrica do platisma, menos acentuada no lado acometido, ao abrir a boca. Por causa da fraqueza do esfíncter da pálpebra inferior, lágrimas podem descer pela bochecha (epífora), sobretudo se houver irritação da córnea por proteção inadequada dos olhos. A ausência de lacrimejamento pode indicar acometimento muito proximal, acima da origem do nervo petroso maior. ➔ Paralisia de Bell A paralisia facial idiopática frequentemente sucede uma infecção viral ou uma imunização. “Nem todas essas paralisias são paralisias de Bell”. Dados recentes sugerem que o herpes simples tipo 1 possa ser responsável por muitos casos, embora a ausência de vários casos no mesmo domicílio e a ausência de tendência de infecções por herpres simples precederem a paralisia de Bell não respaldem a etiologia viral. A patologia do nervo facial na paralisia de Bell é compatível com uma causa inflamatória e possivelmente infecciosa; a aparência é semelhante à constatada no herpes-zóster, que provavelmente é a segunda infecção viral mais comum associada à PFP. Outros vírus implicados são citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, herpes-vírus humano 6 e Coxsackie. Do ponto de vista patológico, as anormalidades estão presentes em todo o trajeto ósseo do nervo, mas a lesão do nervo é concentrada na parte labiríntica estreita do canal do nervo facial, provavelmente por causa da compressão relacionada com o edema e do reduzido suprimento sanguíneo nesse segmento. Durante muito tempo se acreditou que a isquemia influenciasse o surgimento da paralisia de Bell. A tendência à fraqueza facial ao despertar foi citada como comprovação de que a perfusão reduzida durante o sono é patogênica e é mais provável que esta seja a causa da paralisia facial que a reativação do vírus. Rhyan Coelho A paralisia de Bell é mais prevalente em mulheres grávidas ou que deram à luz recentemente. Vários mecanismos potenciais foram propostos para explicar a patogênese da PB em gestantes. Alterações durante a gravidez têm sido postuladas para contribuir ou causar o aparecimento da PFP aguda, incluindo um estado de hipercoagubilidade, hipertensão ou eclâmpsia, aumento da água corporal total, mudanças nos níveis de progesterona e estrogênio, crescimento do nível de cortisol, imunossupressão e aumento da susceptibilidade às infecções virais, particularmente do Herpes Vírus Simples (HVS). É necessário atender alguns critérios para confirmar o diagnóstico de paralisia de Bell. É preciso que haja PFP difusa, início em 1 ou 2 dias, auge da paralisia dentro de 3 semanas e recuperação total ou parcial em 6 meses. Um curso progressivo e prolongado sugere tumor, assim como o acometimento distal de apenas alguns ramos ou a presença de massa parotídea. De modo geral, os sintomas começam com dor atrás da orelha, seguida por fraqueza facial em 1 ou 2 dias. Raramente, a dor pode preceder a paralisia em até 2 semanas. Há fraqueza facial periférica com acometimento superior e inferior da face. A paralisia é completa em cerca de 70% dos pacientes. Dependendo da relação da lesão com o gânglio geniculado, com a origem da corda do tímpano e com a origem do ramo para o músculo estapédio, os pacientes podem notar perda do paladar nos dois terços anteriores ipsilaterais da língua, ressecamento dos olhos ou hiperacusia para tons graves. Os sintomas mais comuns associados à paralisia de Bell são aumento do lacrimejamento, dor na orelha ou na região proximal e anormalidades do paladar. A disgeusia (alterações na percepção do paladar) ocorre em cerca de 60% dos pacientes e ageusia (perda da capacidade de sentir sabor) em cerca de 10%. Pode haver escoamento de saliva para fora da boca e dificuldade para falar decorrente da flacidez dos músculos faciais. Na maioria dos pacientes com paralisia de Bell, doença de Lyme e herpes do gânglio geniculado, há rea lce do nervo facial ao exame de RM com gadolínio. O pilar da terapia farmacológica para a paralisia de Bell é o tratamento oral precoce a curto prazo com glicocorticóides. Em casos agudos graves, a combinação de terapia antiviral com glicorticóides pode melhorar os resultados. • Recomenda-se um curso de curto prazo de glicocorticóides orais para todos os pacientes com paralisia de Bell de início novo. Idealmente, o tratamento deve começar dentro de 3 dias após o início dos sintomas. É sugerido o regime de prednisona (60 a 80 mg/dia) por uma semana. Os efeitos colaterais mais comuns são interrupção temporária do sono, alterações de humor e dispepsia. É necessário cuidado em pacientes com diabetes devido ao risco de hiperglicemia. • Ainda não se sabe se a terapia antiviral agrega benefício aos glicocorticóides em pacientes com paralisia de Bell, apesar de muitos ensaios e de uma boa lógica. É sugerido a administração concomitante de valaciclovir ou aciclovir juntamente com glicocorticóides para pacientes com paralisia facial grave, em uma dose de valaciclovir 1000mg 3x ao dia/1 semana e aciclovir 400 mg 5x ao dia/10 dias. Todos os pacientes com paralisia de Bell devem ser avaliados quanto à integridade do fechamento das pálpebras. Para aqueles com fechamento incompleto (ou seja, a esclera permanece visível quando o paciente é solicitado a fechar o olho), é necessário um cuidado meticuloso para evitar lesões na córnea. Além da exposição física devido à fraqueza das pálpebras, a córnea tem um risco aumentado de secura e abrasão devido à redução da produção de lágrimas da glândula lacrimal, que também é inervada pelo nervo facial . Rhyan Coelho O cuidado ocular inclui o seguinte: ●Horas de vigília - Os pacientes devem usar gotas artificiais (líquido ou gel) quatro vezes ao dia e até a hora, se necessário. As formulações em gel podem causar visão turva transitória quando aplicadas. As formulações com conservantes são seguras para uso quatro vezes ao dia, mas as formulações sem conservantes provavelmente são mais seguras para aplicações mais frequentes. Óculos ou óculos de proteção podem ser usados para proteger fisicamente os olhos de traumas externos. Alguns pacientes podem preferir colar a pálpebra fechada durante o dia para evitar a exposição, usando o mesmo procedimento descrito para dormir. Os adesivos geralmente não são recomendadosporque há uma tendência para o olho abrir sob o adesivo e expor a córnea. ●Durante o sono - Durante a noite e durante os cochilos, uma formulação de pomada de lágrimas artificiais deve ser aplicado para proteger ainda mais os olhos quando estiver mais vulnerável. Além disso, o olho pode ser cuidadosamente fechado usando um curativo ou fita transparente à prova d'água de qualidade médica ➔ Paralisia facial de origem central Na paralisia supranuclear do neurônio motor superior ou paralisia facial centra (PFC), há fraqueza da parte inferior da face, com relativa preservação da parte superior. A região superior da face tem inervação supranuclear contralateral e ipsilateral, e a inervação cortical do núcleo do nervo facial pode ser mais extensa na parte inferior que na parte superior da face. Raramente, a paresia é completa. A lesão das fibras corticobulbares em qualquer ponto antes da sinapse no núcleo do nervo facial causa PFC. As lesões são mais frequentes no córtex ou na cápsula interna. Às vezes uma lesão bastante caudal, como no bulbo, pode causar PFC em razão do acometimento do trato piramidal anômalo. Há considerável variação individual da inervação facial, e a extensão da fraqueza em uma PFC pode variar da metade inferior aos dois terços inferiores da face. Não há necessariamente preservação completa da região superior da face, mas seu acometimento é sempre menor que o da região inferior. Pode haver leve fraqueza do orbicular dos olhos, a rima das pálpebras pode ser umpouco maior no lado acometido e pode haver diminuição das vibrações palpebrais palpáveis. No entanto, o acometimento dos músculos corrugador do supercílio e frontal é incomum, e o paciente deve ser capaz de elevar o supercílio e enrugar a fronte sem que haja mais do que mínima assimetria. A incapacidade de piscar separadamente o olho acometido pode ser o único déficit demonstrável. Às vezes, o paciente com paralisia de Bell incompleta tem preservação relativa da parte superior da face, o que causa confusão com a PFC. Mesmo que haja algum grau de acometimento superior da face em uma PFC, o paciente sempre é capaz de fechar o olho, o fenômeno de Bell está ausente, o reflexo corneano está presente e o reflexo do orbicular dos olhos pode estar exagerado. Na PFC, há fraqueza da região inferior da face, a prega nasolabial é superficial e a mobilidade facial está diminuída. Entretanto, a fraqueza da região inferior da face nunca é tão intensa quanto na PFP, o que sugere que pode haver alguma inervação cortical direta da região inferior da face assim como da região superior. Raramente é difícil distinguir a PFC da PFP. Em geral, a PFC é parte de paralisia mais extensa por lesão das vias do neurônio motor superior. https://www.uptodate.com/contents/artificial-tears-ophthalmic-lubricants-solutions-gels-ointments-drug-information?search=paralisia+facial+perif%C3%A9rica&topicRef=5286&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/artificial-tears-ophthalmic-lubricants-solutions-gels-ointments-drug-information?search=paralisia+facial+perif%C3%A9rica&topicRef=5286&source=see_link Rhyan Coelho Há duas variações de PFC: (a) volitiva ou voluntária e (b) emocional ou mimética. Na maioria dos casos de PFC, a assimetria facial está presente quando o paciente é instruído a sorrir ou a mostrar os dentes e durante movimentos faciais espontâneos, como ao sorrir e rir. No entanto, os graus de fraqueza em movimentos espontâneos e em movimentos voluntários deliberados podem ser diferentes. Quando a assimetria é mais visível em um tipo de movimento que em outro, diz-se que a fraqueza facial é dissociada. A assimetria facial mais evidente na expressão espontânea, como ao rir, é denominada paralisia facial emocional (PFE), emotiva ou mimética; a fraqueza mais intensa durante a contração voluntária, quando o paciente é instruído a sorrir ou a mostrar os dentes, é denominada paralisia facial volitiva (PFV). Na PFV, pode haver não só preservação, como também às vezes exagero, dos movimentos espontâneos ou automáticos. A PFV pode ser consequência de lesão do centro cortical no terço inferior do giro pré-central que controla os movimentos faciais (trato corticobulbar). Não se conhece a explicação anatômica da PFE. A fraqueza facial observada apenas nos movimentos emocionais é, na maioria das vezes, consequência de lesões talâmicas ou estriadocapsulares, geralmente infarto, raras vezes com lesões do tronco encefálico. Foi descrita em lesões do lobo frontal anteriores ao giro pré-central que acometem a área motora suplementar. As fibras mediadoras da resposta emocional seguem por outras vias que não os tratos corticobulbares. OBJETIVO 04 O nervo mediado vai da parte distal do antebraço até a mão através do túnel do carpo. As paredes do assoalho do túnel são formadas pelos ossos carpais e o teto, pelo ligamento transverso do carpo (LTC). A passagem é mais estreita distalmente à sua origem, o que corresponde ao local habitual de compressão do nervo mediano. Junto com o nervo mediano no canal estão os oitos tendões dos músculos flexores profundos e superficiais dos dedos e o tendão do flexor longo do polegar circundado por uma bainha sinovial complexa. O ramo cutâneo palmar do nervo mediano deixa o tronco principal em posição 5 a 8 cm proximal à prega do punho. Atravessa a própria passagem separada no LTC e vai prover a sensibilidade da eminência tenar; não atravessa o túnel do carpo. A perda de sensibilidade sobre a eminência tenar não faz parte d STC e sugere lesão proximal ao carpo. ➔ Síndrome do túnel do carpo Com frequência, o encarceramento do nervo mediano sob o LTC é provocado ou exacerbado pelos movimentos excessivos da mão, do carpo e dos dedos; a combinação de flexão repetitiva do dedo e movimento do carpo parece ser o estresse ergonômico mais perigoso. Tanto atividades profissionais quanto de lazer podem causar ou agravar o distúrbio. Embora muitas vezes se acuse a digitação, a frequência de STC em usuários de computador é semelhante à observada na população em geral. Raras vezes, a STC é consequência de lesões expansivas que estreitam a passagem (p. ex., gânglio, osteófito, lipoma, aneurisma, músculo anômalo). Vários distúrbios sistêmicos predispõem à STC, entre eles artrite reumatoide, diabetes melito, insuficiência renal crônica e hemodiálise, hipotireoidismo, amiloidose, mieloma, acromegalia e gravidez. Com frequência, a constrição no túnel do carpo é causada por tenossinovite (inflamação no revestimento da bainha protetora que reveste os tendões) inespecífica dos tendões dos músculos flexores. A STC produz um quadro clínico característico de dor, dormência e parestesias na mão, geralmente mais intensas à noite. Os pacientes costumam descrever alívio ao agitarem ou balançarem a mão. Rhyan Coelho O motivo da exacerbação noturna dos sintomas ainda é desconhecido, mas deve-se continuar a suspeitar do diagnóstico mesmo quando não há essa característica. A dor na parte proximal do membro superior, geralmente no antebraço, mas às vezes até no ombro, é menos típica, mas não incomum. Muitos pacientes queixam-se de dormência em “toda a mão” e, raramente, por motivos desconhecidos, um paciente com STC pode queixar-se de parestesias com distribuição ulnar ou até mesmo radial. Os achados ao exame variam de acordo com a intensidade do distúrbio. Os pacientes com STC leve podem ter um exame físico normal ou perda sensorial irrelevante nas pontas dos dedos. A perda inicial da sensibilidade parece ocorrer sobre a extremidade volar do dedo médio. É mais fácil demonstrar a perda sensorial em pacientes com doença mais avançada, que, com frequência, apresentam fraqueza dos músculos tenares. Embora possa haver queixas sensoriais emdistribuições incomuns, os sinais sensoriais não se estendem além do território do nervo mediano, lembrando evidentemente que pode haver variações no território dos nervos cutâneos.Os pacientes com acometimento intenso apresentam fraqueza e atrofia tenar, com perda sensorial densa. O sinal de Tinel é a parestesia produzida por percussão sobre um nervo periférico que pode indicar doença focal do nervo. A pesquisa do sinal de Tinel pode ser útil, mas muitos pacientes normais apresentam esse sinal sobre todos os nervos; apenas a intensidade desproporcional do sinal de Tinel sobre o nervo clinicamente suspeito tem algum valor localizador. O teste de Phalen (flexão do carpo) é a dormência ou parestesia na distribuição do nervo mediano produzida por flexão forçada do carpo durante um minuto. O teste de Phalen invertido (posição de oração) é igual, porém há hiperextensão do carpo. Na manobra de compressão do carpo, o examinador aplica pressão firme com o polegar sobre o nervo mediano na prega do punho, tentando reproduzir sintomas de STC. Esses testes de provocação mostraram-se desapontadores, com alta proporção de resultados falsopositivos e falso-negativos. O sinal de agitação das mãos (flick), no qual os pacientes fazem movimentos rápidos do carpo ao demonstrarem o que fazem para “restaurar a circulação” à noite é mais útil, mas ainda imperfeito. O raro “sinal de Tinel invertido” com parestesia que se irradia retrogradamente até o antebraço pode ser mais específico de STC. O teste do torniquete (teste de compressão por braçadeira) tenta reproduzir a dor e a parestesia por compressão acima da pressão sistólica. O teste com estresse de elevação do braço (teste de Roos) foi apregoado como útil tanto na síndrome do desfiladeiro torácico quanto na STC, mas a incidência de resultados falsos positivos é alta nas duas. Rhyan Coelho O CTS é um diagnóstico clínico suspeito quando os sintomas e sinais característicos estão presentes. O mais importante deles é dor noturna ou parestesia na distribuição do nervo mediano. Estudos de condução nervosa (NCS) e eletromiografia (EMG) são úteis para apoiar o diagnóstico de CTS e descartar outras anormalidades. O eletrodiagnóstico do CTS repousa sobre a demonstração de condução mediana do nervo prejudicada através do túnel do carpo no contexto de condução normal em outros lugares. O EMG é usado para excluir outras condições, como polineuropatia, plexopatia e radiculopatia . Com compressão sustentada ou mais grave, também pode ocorrer perda de axônio, resultando em uma redução da amplitude potencial média do composto nervoso do nervo ou da ação do nervo sensorial. As fibras sensoriais parecem ser mais sensíveis à compressão do que as fibras motoras. Em geral, as injeções de glucocorticóides e glicocorticóides orais são úteis para o alívio dos sintomas da CTS, mas a cirurgia é o tratamento de escolha para pacientes com evidência de dano nervoso contínuo na ausência de etiologia reversível. Uma variedade de fatores do paciente, incluindo hereditariedade, tamanho do túnel do carpo, doenças locais e sistêmicas associadas, e hábitos podem contribuir para a etiologia do CTS. Avaliação e tratamento de possíveis condições predisponentes, incluindo obesidade, diabetes, artrite reumatóide, outr as doenças do tecido conjuntivo, e doença da tireóide, é justificado em pacientes com CTS, embora não haja provas de que o tratamento dessas condições melhore os sintomas ou o curso da CTS A carga dos sintomas da CTS pode ser classificada clinicamente como leve, moderada ou grave, de acordo com critérios clínicos e eletrodiagnósticos ●Classificação clínica da gravidade do CTS: •O CTS é considerado leve se houver dormência, formigamento ou desconforto na distribuição mediana do nervo, mas nenhuma perda ou fraqueza sensorial, nenhuma interrupção do sono e nenhuma dificuldade com a função da mão ou interferência nas atividades da vida diária (LDAs). •O CTS é considerado moderado se houver perda sensorial na distribuição mediana ou se os sintomas noturnos ocasionalmente atrapalharem o sono. Os sintomas (perda sensorial ou dor) podem interferir ligeiramente na função da mão, mas o paciente deve ser capaz de realizar todas as LDAs. •O CTS é considerado grave se houver fraqueza na distribuição mediana ou se os sintomas estiverem incapacitantes e impedir que o paciente realize uma ou mais LDAs, ou se os sintomas noturnos interromperem rotineiramente o sono. Rhyan Coelho •Classificação eletrodiagnóstica de CTS gravidade: •O CTS leve é caracterizado por latências sensoriais prolongadas (relativas ou absolutas) com estudos motores normais. Nenhuma evidência de perda de axônio. •O CTS moderado é caracterizado por latências sensoriais medianas anormais, conforme observado para o CTS leve, e prolongamento relativo ou absoluto da latência distal motora mediana. Nenhuma evidência de perda de axônio. •O CTS grave é caracterizado por evidência de perda de axônio, conforme definido por qualquer um dos seguintes: -Um potencial de ação do nervo sensorial ausente ou de baixa amplitude (SNAP) ou potencial de ação do nervo misto -Um potencial de ação muscular composto de baixa amplitude ou ausente (CMAP) -Eletromiografia de agulha (EMG) com potenciais de fibrilação ou alterações no potencia l da unidade motora (amplitude grande, potenciais de unidade motora de longa duração ou polifásicos excessivos) A descompressão cirúrgica é recomendada para a maioria dos pacientes com CTS que apresentam lesão mediana grave do nervo, caracterizada por degeneração axonal significativa em estudos de condução nervosa (NCS) ou denervação na agulha EMG (ou seja, unidades motoras reinervadas e potenciais de fibrilação), a menos que haja uma precipitação temporária clara fator como gravi dez. Aqueles que não têm evidência de perda ou desnervação axonal significativa podem ser tratados inicialmente com medidas não cirúrgicas. Pacientes sem as características eletrodiagnósticas da perda de axônio podem ser tratados inicialmente com medidas não cirúrgicas, mesmo na presença de sintomas clínicos graves. Embora a evidência seja limitada, o tratamento combinado que emprega tala com injeção (s) de glicocorticóides, glicocorticóides orais ou outras intervenções não cirúrgicas pode ser mais eficaz do que o uso de qualquer modalidade única. Para pacientes que escolhem a tala noturna inicial, mas permanecem sintomáticos em um mês, sugerimos a continuação da tala por mais um a dois meses, adicionando uma modalidade não cirúrgica diferente para o CTS, em vez de parar a tala. Sugerimos adicionar uma única injeção de metilprednisolona (20 a 40 mg) como a próxima opção terapêutica; para pacientes que recusam a terapia por injeção, sugerimos a adição de glicocorticóides orais (por exemplo, prednisona 20 mg por dia, durante 10 a 14 dias). O tratamento com glicocorticóide oral não deve se estender além de quatro semanas de duração devido aos efeitos colaterais deletérios da terapia prolongada com glicocorticóides. Para pacientes que recusam o tratamento com glicocorticóides, sugerimos a adição de tratamento com outras medidas, como técnicas de terapia física e ocupacional (por exemplo, mobilização óssea do carpo ou deslizamento do nervo) ou ioga, se disponível. No entanto, a evidência de benefício para essas opções de tratamento é limitada. Os preditores associados à falha da terapia conservadora / não cirúrgica incluem o seguinte: ●Longa duração dos sintomas (> 6 a 12 meses) ●Idade superior a 50 anos ●Parestesia constante ●Discriminação prejudicada de dois pontos (> 6 mm) ●Sinal positivo de Phalen <30 segundos ●Latências motoras e sensoriais prolongadas demonstradas por testes eletrodiagnósticos https://www.uptodate.com/contents/methylprednisolone-drug-information?search=s%C3%ADndrome+do+tunel+do+carpo&topicRef=5287&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/prednisone-drug-information?search=s%C3%ADndrome+do+tunel+do+carpo&topicRef=5287&source=see_link Rhyan Coelho OBJETIVO 05 As neuropatias periféricas (NP) são enfermidades decorrentesdo acometimento de qualquer estrutura localizada além da pia-máter da medula espinhal e do tronco encefálico, excluindo o nervo óptico, que é um prolongamento do SNC. Essa definição é relevante para distinguir NP de neuropatias, uma vez que estas são decorrentes de danos aos corpos celulares dos neurônios motores (doenças do neurônio motor) ou sensitivos (gangliopatias). De acordo com o padrão de comprometimento dos nervos periféricos, as NP podem ser classificadas em: • Radiculopatias: Variando com a localização, podem ser ventrais ou dorsais. As dorsais, bem mais frequentes, são devidas principalmente à hérnia do núcleo pulposo do disco intervertebral. Ocorrem mais frequentemente nos níveis cervical e lombar da medula espinhal. Nas raízes torácicas, uma determinante etiológica importante é a infecção pelo vírus herpes-zóster. • Plexopatias: Os plexos são formados por complexas redes de raízes, sensitivas e motoras. São estruturas do SNP muito sensíveis a lesões, principalmente as traumáticas. Na prática neurológica, são mais frequentes as lesões dos plexos braquial e lombar • Mononeuropatias: Uma mononeuropatia consiste no envolvimento de um único nervo periférico. Seus sintomas serão decorrentes das informações carreadas pelo nervo afetado (sensitivas e/ou motoras). Com frequência são decorrentes de traumatismos localizados, compressões externas ou tumores do SNP. • Mononeuropatias múltiplas: As mononeuropatias múltiplas resultam do acometimento de dois ou mais nervos periféricos. Suas etiologias são variadas e incluem processos inflamatórios infecciosos (hanseníase, síndrome da deficiência imunológica humana – AIDS); processos inflamatórios não infecciosos (sarcoidose); vasculites sistêmicas ou isoladas do SNP; depósito de material amiloide; doenças hereditárias (neuropatia hereditária por suscetibilidade à pressão – HNPP); doenças metabólicas (diabetes melito); neuropatia motora multifocal com bloqueio de condução; neuropatias inflamatórias desmielinizantes (síndrome de Lewis-Sumner); doença de Tangier • Polineuropatias (PN): As polineuropatias consistem no comprometimento simultâneo e simétrico dos nervos periféricos. Os sintomas e achados do exame neurológico ocorrem em ambos os dimídios. Uma avaliação minuciosa é fundamental, pois pequenas alterações podem apontar para um padrão assimétrico, questionando o diagnóstico de polineuropatia. A alteração sensitiva simétrica tí pica tem distribuição em luvas e meias. Outro ponto fundamental consiste no fato de que os membros inferiores são mais afetados do que os superiores, com algumas exceções, como nos casos de deficiência de vitamina B12, neuropatia associada à intoxicação pelo chumbo e porfiria. O comprometimento predomina nas regiões distais comparadas às proximais ➔ Neuropatia Ulnar O nervo ulnar ao sair do tórax, atravessa a axila e entra no braço, medialmente à artéria braquial, em uma bainha neurovascular comum com o nervo mediano e os nervos cutâneo medial do braço e cutâneo medial do antebraço. Aproximadamente na altura da inserção do músculo coracobraquial, o nervo ulnar sai do feixe neurovascular comum, perfura o septo intermuscular medial e chega ao compartimento posterior do braço; em seguida, desce em direção ao cotovelo em um sulco ao longo da cabeça medial do tríceps. Depois de perfurar o septo intermuscular medial, o nervo inclina-se em sentido distal e medial e, então, atravessa o sulco retroepicondilar (ulnar) entre o epicôndilo medial (EMed) e o olécrano (O). Em seguida, passa sob a arcada aponeurótica umeroulnar (AAU), uma aponeurose densa que une as cabeças umeral e ulnar de origem do músculo flexor ulnar do carpo (FUC). Depois de passar sob a AAU, o nervo atravessa o ventre do FUC, sai através da aponeurose do flexor profundo–pronador e segue em sentido distal em direção ao carpo. Na maioria das vezes, a neuropatia ulnar do cotovelo (NUC) é consequência da compressão no sulco retroepicondilar, mas pode ser causada por encarceramento sob a AAU; outros locais de encarceramento são raros. A NUC foi descrita originalmente em pacientes com deformidades do cotovelo por fratura e/ou Rhyan Coelho luxação antiga. A NUC ocorreu por compressão e estiramento crônicos, geralmente meses ou anos depois da lesão (paralisia ulnar tardia). Embora casos raros de NUC sejam causados por gânglios, tumores, bridas ou músculos acessórios, a maioria é causada por compressão externa, traumatismos repetidos ou flexão repetitiva do cotovelo. O traumatismo leve e a compressão de natureza crônica, que inclui o ato de se apoiar sobre o cotovelo, podem causar NUC no sulco. Também pode ocorrer em pacientes que sofrem compressão durante a anestesia ou o coma . Na maioria dos pacientes com NUC, os sintomas iniciais são dormência e formigamento intermitentes na distribuição do nervo ulnar, frequentemente associados à flexão do cotovelo. Às vezes, o problema inicial é uma disfunção motora, como a sensação de fraqueza dos movimentos de preensão e de pinça ou a perda da destreza. Às vezes os pacientes só procuram o médico quando se torna difícil ignorar a atrofia muscular intrínseca, que inicialmente é leve. Uma história de fratura ou luxação do cotovelo, traumatismo contundente agudo, traumatismo ocupacional crônico ou artrite pode ser importante. Quando não há história pertinente, deve-se considerar o encarceramento na AAU. Um sintoma motor precoce ocasional é a perda de controle do dedo mínimo, que pode fazer com que o dedo fique preso quando o paciente tenta pôr a mão no bolso, e o exame pode mostrar a postura abduzida do dedo mínimo (sinal de Wartenberg), ambos causados por fraqueza do terceiro músculo interósseo palmar Em geral, o exame revela fraqueza dos músculos intrínsecos da mão supridos pelo nervo ulnar. O grau de acometimento não é necessariamente igual em todos os músculos intrínsecos; o primeiro interósseo dorsal é afetado com maior frequência. A fraqueza do músculo adutor do polegar interfere na adução do polegar; frequentemente, avalia-se o comprometimento da adução pela pesquisa do sinal de Froment. O paciente é instruído a segurar um pedaço de papel entre a palma da mão e o polegar, e o examinador tenta retirá-lo. Em caso de fraqueza da adução do polegar, o paciente usa como substituto o flexor longo do polegar e flexiona a articulação interfalângica (IF) do polegar. A fraqueza do FUC e/ou do FPD para os dedos anular e mínimo é um indicador seguro de lesão do cotovelo Os músculos lumbricais fletem as articulações MCF e estendem as articulações interfalângicas (IF). Os músculos lumbricais para os dedos anular e mínimo normalmente são supridos pelo nervo ulnar e os músculos lumbricais para os dedos indicador e mínimo, pelo nervo mediano. Nas lesões ulnares, o tônus extensor sem oposição na quarta e quinta articulações MCF e o tônus flexor sem oposição nas articulações IF causam a deformidade da mão em garra ou da garra ulnar. A mão em garra varia e depende do grau de fraqueza muscular, da frouxidão das articulações MCF e do nível da lesão. Uma lesão ulnar “baixa” (distal) com função preservada do FPD produz uma garra mais acentuada do que uma lesão ulnar “alta” (proximal), na qual a fraqueza associada do FPD provoca menor tração do flexor sem oposição e deformação dos dedos anular e mínimo. O termo mão de bênção (mão de bênção Rhyan Coelho papal) às vezes é usado para fazer referência à garra ulnar com a mão em repouso, outras vezes é usado para designar uma neuropatia mediana alta quando o paciente tenta cerrar o punho. A postura da mão é um tanto semelhante porque os dedos anular e mínimo estão flexionados e os dedos indicador e médio, não. ➔ Neuropatia Radial Sai através da axila e desce ao longo da face medial do braço. Logo depois de passar o músculo redondo maior, entra no músculo tríceps. Aproximadamente no meio do braço, curva-se ao redor da parte média do úmero no sulco do nervoradial. O nervo perfura o septo intermuscular lateral e desce através da parte lateral do braço, emitindo um ramo para o músculo braquiorradial. Segue entre os músculos braquial, para o qual envia um ramo em muitas pessoas, e braquiorradial imediatamente anterior ao epicôndilo lateral e, em seguida, entra no antebraço no sulco entre o tendão do bíceps e o músculo braquiorradial. Emite ramos para inervar os músculos braquiorradial, extensor radial longo do carpo e extensor radial curto do carpo (ERCC); depois disso, o tronco principal divide-se em nervo interósseo posterior (NIP, ramo motor profundo) e nervo radial superficial. O nervo radial superficial desce ao longo da face lateral do antebraço; no entanto, não supre a pele nessa região, que é suprida pelo nervo cutâneo lateral do antebraço. O ramo radial superficial termina em fibras sensoriais que inervam a face radial do dorso da mão e os três dedos e meio radiais. O nervo radial pode ser lesado em qualquer ponto ao longo de seu trajeto. Na axila, o nervo pode ser traumatizado por muletas (tríade de neuropatia), luxação do ombro, fraturas do úmero ou traumatismos perfurantes. O movimento de arremesso tipo molinete (windmill) na competição de softbol pode causar lesão grave do nervo radial. O “encarceramento” do nervo radial no braço na cabeça lateral do músculo tríceps pode ocorrer após exercício repetitivo contínuo do braço com contração forçada súbita. A compressão aguda do nervo radial no sulco do nervo radial é consequência da compressão prolongada por várias horas durante o sono ou do torpor induzido por fármaco ou álcool (“paralisia de sábado à noite” ou “paralisia do recém-casado”). A neuropatia radial nesse nível também foi descrita em soldados em consequência da posição de tiro com o cotovelo apoiado no joelho. A fraqueza acomete todos os músculos distais ao tríceps. A queixa e o achado principal na neuropatia radial é a mão em gota. Há fraqueza da extensão do dedo nas articulações MCF Rhyan Coelho Se a lesão estiver acima do ramo para o músculo braquiorradial, há fraqueza da flexão do antebraço em semipronação. Em uma lesão ainda mais alta, também há acometimento do tríceps. A perda sensorial é variável e, com frequência, mínima em virtude da superposição de nervos cutâneos. Geralmente a área acometida é limitada ao dorso do polegar, embora possa acometer o dorso da metade ou dos dois terços radiais da mão, o primeiro espaço interósseo e o dedo indicador, além do dorso das falanges proximais adjacentes. As alterações tróficas são mínimas. Pode haver perda de reflexos tricipital e braquiorradial. ➔ Neuropatia femoral O nervo femoral é o maior ramo do plexo lombar. Ele se forma dentro do ventre do músculo psoas. Ao deixar a cobertura do psoas, segue entre os músculos psoas e ilíaco e sai da pelve sob o ligamento inguinal, em posição lateral aos vasos femorais. Os ramos motores inervam os músculos psoas, ilíaco, sartório, pectíneo e quadríceps. Seus ramos sensoriais, os nervos cutâneo femoral intermédio (anterior) e cutâneo femoral medial, inervam a pele da superfície anterior da coxa. O nervo femoral pode ser acometido em tumores pélvicos, abscessos ou hematomas do psoas, fraturas da pelve e da parte superior do fêmur, aneurismas da artéria femoral e feridas perfurantes; pode ser afetado na mononeuropatia diabética e lesado durante o trabalho de parto ou cirurgias abdominal ou pélvica (Figura 46.14). Um número considerável de paralisias do nervo femoral é iatrogênica, decorrente da posição de litotomia ou de traumatismo cirúrgico. As neuropatias femorais podem ser causadas por estiramento decorrente da hiperextensão do quadril. Rhyan Coelho A disfunção motora do nervo femoral sempre prejudica a extensão do joelho. O paciente temdificuldade de andar para a frente e subir escadas, embora consiga andar de costas com facilidade. O paciente pode andar mantendo o joelho rígido e cair se houver flexão do joelho. O acometimento na pelve ou no abdome também pode afetar a função do psoas maior, com fraqueza da flexão do quadril. As lesões do nervo femoral comprometem o reflexo patelar e causam perda da sensibilidade na face anterior e medial da coxa e na face medial da perna. ➔ Neuropatia fibular A principal raiz de origem do nervo fibular é L5, com contribuições menores de L4 e de S1. Depois de atravessar o PLS, o nervo fibular une-se ao tibial posterior e forma o nervo isquiático. No meio da coxa, a divisão fibular envia um ramo para a cabeça curta do bíceps femoral. Imediatamente distal à bifurcação isquiática, o nervo fibular comum emite seu ramo fibular comunicante e o nervo cutâneo sural lateral, responsável pela inervação sensorial da parte lateral inferior da perna. O nervo fibular comum espirala -se ao redor da cabeça da fíbula (CF), perfura o músculo fibular longo (o “túnel fibular”) e divide-se nos ramos superficial e profundo • O ramo superficial inerva os fibulares longo e curto e termina como ramo sensorial superficial, responsável pela sensibilidade no dorso do pé. • O ramo fibular profundo inerva os músculos tibial anterior, fibular terceiro, extensor longo dos dedos e extensor curto dos dedos e medeia a sensibilidade do espaço entre o primeiro e o segundo dedo do pé. O nervo fibular na CF é superficial, recoberto apenas por pele e tecido subcutâneo, o que o torna extremamente vulnerável à compressão externa. O nervo está fixado em seu ponto de passagematravés do músculo fibular longo, o que também o torna suscetível ao estiramento. O cruzamento habitual da perna é uma causa clássica de neuropatia fibular comum na cabeça da fíbula (NFCCF). Às vezes, uma depressão cutânea indica o local preciso da compressão. Esse tipo de NFCCF é mais frequente principalmente em pacientes magros ou deprimidos ou que tenham perdido peso há pouco tempo (paralisia do emagrecimento). Rhyan Coelho A permanência prolongada na posição de cócoras é outra causa comum de NFCCF, possivelmente por uma combinação de estiramento, compressão e acotovelamento – um risco específico em telhadores, colocadores de tapete, mulheres que ficam de cócoras durante o trabalho de parto (paralisia da expulsão) e fazendeiros (paralisia do colhedor de morangos). A flexão plantar ou inversão do tornozelo súbita e vigorosa pode estirar o nervo e causar lesão focal no ponto de fixação em sua passagem através do fibular longo. A NFCCF é muito comum em pacientes com lesões graves do tornozelo. ➔ Neuropatia Ciática A causa mais comum de compressão ou lesão no nervo ciático nessa região é o trauma, incluindo deslocamento do quadril, fratura ou substituição. Outras etiologias incluem injeções de nádegas rebeldes, compressão por fontes externas, como repouso prolongado no leito (por exemplo, coma) e qualquer massa profunda na pelve, incluindo hematomas. Além da dor, pacientes com lesão significativa no nervo ciático nessa região também se queixam de fraqueza que afeta a maior parte da musculatura da perna, incluindo os isquiotibiais. Flexão, extensão, seqüestro e adução do quadril e extensão do joelho são normais. A perda sensorial envolve todos os territórios fibulares (peroneais), tibiais e surais.
Compartilhar